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A DEMOCRACIA INTERROMPIDA

Celso Assis*

A geração atual não faz ideia de como é viver sob o olhar rigoroso do governo
e não poder expressar de forma legítima seu descontentamento. Curiosamente,
estamos passando por um momento crítico depois de exatos cinquenta anos do golpe
militar que iria interromper a democracia por vários anos no Brasil. Os movimentos
populares que temos visto nos jornais – principalmente os de junho de 2013 - são os
maiores desde as Diretas Já, que pediam a volta do direito de voto para presidente da
república. Busco analisar de um modo conciso como a democracia foi afetada durante
o regime civil-militar, termo este defendido pelo historiador Daniel Aarão Reis Filho.

A CRISE, A PARANOIA, O GOLPE

No ponto alto da Guerra Fria, os Estados Unidos e a União Soviética


corriam para lá e para cá procurando por seguidores. Fidel Castro e sua minúscula
Cuba foram além do que o vizinho poderoso gostaria para seus colegas de continente.
A América Latina já não era mais isolada e imune ao “veneno comunista” e estava na
mira dos soviéticos. Segundo Elio Gaspari, no primeiro volume de Ilusões Armadas,
Fidel Castro era “hostilizado pelo governo americano, temia ser derrubado por uma
invasão da ilha e acreditava que ‘os Estados Unidos não poderão nos atacar se o
resto da América Latina estiver em chama’ ” (2002, p.185).
Ao perceberem que João Goulart governava sob as rédeas da esquerda,
os conservadores brasileiros e o governo americano começaram a agir. Os opositores
de Jango eram em sua maioria civis: políticos, empresários e jornalistas inflamavam
o povo contra o presidente que queria derrubar o Congresso. Os militares nunca
gostaram muito do presidente, já que a rixa vinha desde a época de Getúlio Vargas,
quando ele era ministro do Trabalho. A paranoia bipolar que predominava na Guerra
Fria, intensificou o mal-estar entre o governo e as forças armadas.

* Aluno do curso de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, da


Matéria de Introdução às Teorias Políticas.
No fim de março de 1964, os militares assumiram o comando, deixando
Jango sem ação. Ao viajar de Brasília para Porto Alegre, o senador Auro de Moura
Andrade, presidente do Congresso Nacional, declarou vaga a cadeira de Presidente
do Brasil. O primeiro militar a sentar-se lá foi o general Humberto de Alencar Castello
Branco.

OS ATOS ANTI-DEMOCRÁTICOS

Mal sabiam Carlos Lacerda, Juscelino Kubistchek, a Rede Globo, a


Folha de São Paulo e quem mais que tenha apoiado o golpe militar, a que nível
chegaria o novo regime. A ideia era que “algumas pessoas fossem presas”, como
disse o Presidente americano Lyndon Johnson, em uma reunião fechada com seu
assessor ao debaterem sobre o golpe no Brasil. “Eu gostaria que tivessem prendido
alguns antes de eles tomarem Cuba”, continuou ele, indiferente à repressão que
começara no novo regime.

Para alguns militares, o que Castello Branco estava fazendo era pouco.
Queriam mais rigor ao buscar pelos comunistas. Então para preservar a democracia
que seria dispensada pelos comunistas, os militares acabaram destruindo-a. Os Atos
Inconstitucionais decretados ao longo do regime simbolizaram os dispositivos
democráticos prejudicados no Brasil. O AI 2, de 1965, tirou o direito do povo de eleger
seu presidente via eleição. O Congresso, as Assembleias Legislativas e as Câmaras
Municipais correram o risco de serem fechadas pelo presidente. Esse Ato também
permitiu ao presidente cassar os direitos políticos e investigar políticos e funcionários
públicos que pudessem ter envolvimento com o comunismo.

Quando Alain Touraine descreve a democracia como surgindo “do apelo


a princípios éticos – liberdade, justiça – em nome da maioria sem poder e contra os
interesses dominantes” e que “o Estado democrático deve reconhecer aos seus
cidadãos menos favorecidos o direito de agir, no quadro da lei, contra uma ordem
desigual de que o próprio Estado faz parte” (1996, p.37), certamente ele não poderia
usar o regime civil-militar brasileiro como exemplo. Os partidos políticos foram
dissolvidos. Os membros do Partido Comunista Brasileiro, do Partido Social-
Democrático, do Partido Trabalhista Brasileiro, do Partido da Representação Popular,
da União Democrática Nacional, do Partido Trabalhista Nacional, do Partido Socialista
Brasileiro e do Partido Social Progressista tiveram que decidir se entrariam na
clandestinidade (como muitos guerrilheiros fizeram) ou escolher entre os únicos dois
partidos durante a ditadura: a Aliança Libertadora Nacional (ARENA), de extrema
direita e que apoiava a ditadura, ou o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), único
partido de oposição permitido pós- AI 2, cuja única utilidade era fingir que ainda havia
algum traço democrático no regime.

O Ato Institucional 5, de 1968, intensificou o autoritarismo dos militares.


Segundo o especial sobre a ditadura militar da Folha de São Paulo,

Além de restabelecer os poderes que o governo desejava ter para cassar e


suspender direitos políticos, desta vez sem prazo de validade, o novo ato
institucional suspendeu a garantia do habeas corpus, impedindo que opositores
presos pelo regime recorressem à Justiça para obter a liberdade. Costa e Silva
fechou o Congresso Nacional no mesmo dia, por prazo indeterminado.

Citando João Ubaldo Ribeiro, os militares passaram a “mandar no povo, a agir como
se sua autoridade fosse original e não derivada de uma delegação, teoricamente
revogável, da soberania popular” (1998, p.62).

CONCLUSÃO

O Brasil que os militares devolveram ao povo em meados da década de 1980


era muito diferente do que aquele que eles assumiram em 1964. As gerações que
viveram (e que perderam a vida) durante o regime aprenderam a dura lição da falta
de democracia. Apesar dos meios que foram usados para tal fim, devemos lembrar
que a causa de tamanha crueldade contra o cidadão brasileiro era protegê-lo dos
perigos do comunismo, que havia devastado meio mundo no século 20. Fato é que o
Brasil perderia das duas formas, independentemente do regime que o tomaria. A
morte da democracia estaria decretada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

RIBEIRO, João Ubaldo. Política: quem manda, por que manda, como manda. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1998. 3ª edição.

TOURAINE, Alan. O que é a democracia? Tradução de Guilherme João de Freitas.


Petrópolis, RJ: Vozes, 1996. 2ª edição.

FABER, Marcos. História dos partidos políticos no Brasil. Disponível em


http://www.historialivre.com/brasil/partidos_politicos.pdf Acesso em 10 junho 2014

BALTHAZAR, Ricardo; FERRAZ, Lucas; FRAGA, Érica; FRANCO, Bernardo Mello;


MAISONNAVE, Fabiano; MENDONÇA, Ricardo. Tudo sobre a ditadura militar. Folha
de São Paulo. Disponível em: http://arte.folha.uol.com.br/especiais/2014/03/23/o-
golpe-e-a-ditadura-militar/index.html Acesso em 10 junho 2014

JORNAL OPÇÃO. É falso sugerir que ditadura foi uma criação apenas dos militares.
Edição 2022. Disponível em: http://www.jornalopcao.com.br/editorial/e-falso-sugerir-
que-ditadura-foi-uma-criacao-apenas-dos-militares-1248/ Acesso em 9 junho 2014

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