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EXPEDIENTE

VOX CONCORDIANA - SUPLEMENTO TEOLÓGICO

Revista teológica semestral publicada pela Congregação de Professores da


Escola Superior de Teologia do Instituto Concórdia de São Paulo.

Conselho Editorial: Paulo W. Buss, Editor


Paulo K. Jung
Luisivan Strelow

Diagramação: Paulo R. Teixeira


Jarbas Hoffimann

Congregação de Professores: Ari Lange


Cláudio L. Flor
Deomar Roos
Erní W. Seibert
Leonardo Neitzel
Paulo W. Buss
Raul Blum

Os artigos assinados são da responsabilidade dos seus autores, não refletindo


necessariamente a posição dos editores ou da Congregação de Professores
como um todo. Devem ser considerados mais como ensaios para reflexão do
que posicionamentos definitivos sobre os temas abordados.

Endereço para correspondência:

INSTITUTO CONCÓRDIA DE SÃO PAULO


Caixa Postal 60754 Fone: (011) 5511-5077
05786-990 São Paulo, SP Fax: (011) 5511-2379
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ACEITA-SE PERMUTA COM REVISTAS CONGÊNERES


ÍNDICE

Há 0l:
SchwartzerCL
PALA, VRA AO LEITOR 3
lanchthcT:. Dao 0_'" --

ENTRE "ANGST' E CONFIANÇA: MELANCHTON da atua)idaj~ i.L a" -


COMO UM HOMEM DO SÉCULO XVI.. 5 os Loci CO!li!ii1i'T~' -..,
Markus Wriedt Reforma da igre.:c ~ "
tinha no maiS a':= ..
o SOFRIMENTO DE CRISTO E DOS CRISTÃOS
intelectual. erj~ ~~- _ o" .:
NA TEOLOGIA DE LUTERO 33
Ele o fez na ~
Paulo R. Teixeira
comunhão o:s .:::==a.:.o -.".

MULHERES MISSI ONÁRIAS 51 mentos e sã'J saT-.=T~~':'"

Leonério Falla
Além de U'T.a '"e : .
Vox ConcordiuJi:i-~T,_'-
O CATECISMO 77
Gregory Klotz vida e doutrina .i"~
diagramação da ft·" ':::
o ESTUDO BÍBLICO 84 Cristo a nOS5: :::. - - e
Em! W. Seibert acometidos p:" 0_

de Deus.
SEPUL T A~IENTO CIUST ÃO 91
Justin A. Petersen A expansàc~" _
reconhecidas é o terT' T.

AUXÍLIOS LITÚRGICOS sionárias tem dadc \'


Ordem de Culto para o Período do Advento 112 dos sécuios da his!,'" -
lvonelde S. Teixeira
decisivos na forrn2co:
Repousa Tranqüilo 116
Raul Blum todos os níveis e e\ -.
do Senhor?
RECENSÕES
U!TI dos 2:ra:-:::: o

LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas, v. 6 118


luterana tem sido ,~ c,-,-e:
Paulo W. Buss
no contexto latÍn<:<,:--::
PRECHT, Fred L. Lutheran Worship;
bistory and practice " 121 biente evange!ísti,:~ .: - ~
Raul Blum substituir o termo • .::e~
propõe a encontrar "ç'::---
PALAVRA AO LEITOR

Há quinhentos anos, no dia 16 de fevereiro de 1497, nascia Filipe


................... 3 Schwartzerdt, mais conhecido pela versão grega de seu sobrenome, Me-
lanchthon. Das suas muitas obras, as mais conhecidas nos meios luteranos
.HTON da atualidade são a Confissão de Augsburgo e sua Apologia e, talvez ainda,
................. 5 os Loci communes theologicí. Melanchthon foi o braço direito de Lutero na
Reforma da igreja e, embora nem sempre concordassem em tudo, este o
tinha no mais alto conceito. Melanchthon colocou toda a sua capacidade
intelectual, erudição e genialidade a serviço da proclamação do Evangelho .
..... 33
Ele o fez na convicção de que a igreja não é uma estrutura externa mas "a
comunhão dos verdadeiramente crentes que têm o Evangelho e os sacra-
................. 51 mentos e são santificados pelo Espírito Santo."

Além de uma breve biografia de Melanchthon, o presente número de


Vox Concordiana-Suplemento Teológico se ocupa com várias facetas da
................... 77
vida e doutrina da igreja. Paulo Teixeira, além de traduzir artigos e fazer a
diagramação da revista, investiga como Lutero entende o sofrimento de
................... 84 Cristo a nosso favor e como os cristãos que seguem a Cristo também são
acometidos por sofrimentos mas, ao mesmo tempo, alvos do imenso consolo
de Deus .
., 91
A expansão da igreja por meio de agentes nem sempre lembradas e
reconhecidas é o tema de uma pesquisa de Leonério PalieI'. Mulheres mis-
sionárias tem dado valiosa contribuição na divulgação do Evangelho através
_ '. -cnto 112 dos séculos da história da igreja cristã. Pode a IELB envidar esforços mais
decisivos na formação de diaconisas, professoras de ensino religioso em
................ 116
todos os níveis e evangelistas e ampliar o espaço de atuação dessas servas
do Senhor?

Um dos grandes instrumentos para a instrução na fé cristã na tradição


\.6 .118
luterana tem sido o catecismo de Lutero. É o catecismo relevante ainda hoje
no contexto latino-americano? Pode ele ser usado com proveito num am-
11I

............... 121 biente evangelístico alheio à tradição luterana? Não seria talvez melhor
substituir o termo "catecismo" por outro mais adequado? Gregory Klotz se
propõe a encontrar respostas para esse tipo de indagações. Suas ponderações
3
1
• A
e conclusões podem contribuir para esclarecer dúvidas também existentes El\TRE '.-j ••
no contexto da IELB onde muitas vezes se indaga acerca da relevância e ((,~\trf \
atualidade do catecismo.

Como preparar um estudo bíblico? Devem ser observadas as mesmas


regras e orientações que se aplicam na elaboração de um sermão? E o que
dizer de seu conteúdo doutrinário? Erní Seibert, respaldado em sua expe-
riência e conhecimento acumulados ao longo de anos de prática pastoral e
de docência, fornece orientações breves e precisas numa área que vem des-
pertando renovado interesse.
"Si D;:::.;"
Uma análise de vários aspectos relacionados ao sepultamento cristão, contra nÓs"
uma ordem litúrgica para o advento, um arranjo de uma canção natalina, e Nos ataz:::~::,
duas recensões sobre obras recentemente publicadas completam esse núme-
ro da Vox. Ela vai ao encontro de seus leitores com a intenção de servir a remes ma,,:: :2
igreja de Cristo, favorecendo o anúncio claro e inequívoco da mensagem do
Evangelho.
* Dr. Markus IV!";"j.
a História Europi,cc;
PWB
traduzidos [para c "." .
MO. Este texto e!!:
é aqui reprodu:::id.

I O verso Sçr\~ : '


Melanchthon, feita :,,':
delado contra um e:n:" ': 2.
Philipp Melanchrhc,;. !:'.

dkarten ausgemi'L1hir :,
Landesbildstelle BQdcr. ~,~'
1995), p. 106.
2 O conceito "',';":3"',

que profundo sentirr:~r:-' :0 .~:


sabilidade. Veja He'-= 3: .
lanchthon lInd die
tuts fUI' Europaisch~ -
ansiedade ou nencs:'-'-
Scheible prossegue
ocupava-se grande~' ~" .~
forma como não ; _..~
mesmo quando nàc ,;," '""., ~~
pação de Melanch:~.:r: .. " :"::
joso."
4
'~ém existentes ENTRE "ANGST' E CONFIANÇA: MELANCHTHON
::1 relevância e COMO UM HOMEM DO SÉCULO XVI

Markus Wriedt*
"jas as mesmas
,~~mão? E o que Traduzido por Airton J Glitz, Gelson Bourckhardt,
__.:_ em sua expe- Paulo R. Teixeira e Paulo W. Buss

::~2tica pastoral e
Introdução
-~2 que vem des-
"Si Deus pro nobis, quis contra nos! - Se Deus é por nós, quem será
,2mento cristão, contra nós?"] O versículo de Rm 8.31 resume a vida de Filipe Melanchthon.
_.:-:ção natalina, e Nos afazeres da vida diária, sua confiança inabalável na misericórdia prote-
~:am esse núme- tora de Deus é sempre de novo confrontada com a "Angst" sentida de dife-
:'.::ão de servir a rentes maneiras. Havia a "Aflgst,,2 suportada para com aqueles confiados a

c:, mensagem do

* Dr. Markus Wriedt é um pn?fessor pesquisador e administrador do Instituto para


a História Européia, na MogÚncia, Alemanha. Tanto o texto como as notas foram
PWB traduzidas [para o Inglês) pelo Dr. Robert Rosin, Concordia Seminary, St. Louis,
MO. Este texto em InglêsfÓi publicado no COllcordia JiJumal23 (/997): 277-294 e
é aqui reproduzido com permissclO dos editores.

1 O verso serve como mote na página de título da primeira edição das obras de
Melanchthon, feita em 1562. A sentença está escrita ao redor de um medalhão mo-
delado contra um entalhe de Lucas Cranach, o Moço. A ilustração está colocada em
Philipp Melanchthon, Eine Gestalt der Reformationszeit. 50 Bilder und zwei Lan-
dkarten ausgenwdhlt und erloutert von Heinz Scheible. Herausgegeben von der
Landesbildstelle 8aden, Karlsruhe, und dem Melanchthonhaus Bretten (Karlsruhe,
1995), p. 106.
2 O conceito "Angst" é compreendido no que segue como sendo mais forte do
que profundo sentimento de responsabilidade ou um senso compreensível de respon-
sabilidade. Veja Heinz Scheible, "Luther und Melanchthon", in Scheible, ed., Me-
lonchthon und die Reformation. Forschungsbeitrdge, Verrõfentlichungen des Insti-
tuts fUr Europaische Gesch ichte, 8eiheft 4] (Mainz, 1996), p. ]44s. Scheible rejeita
ansiedade ou nervosismo [Angstlichkeit] como o epíteto típico de Melanchthon.
Scheible prossegue: "De modo algum Melanchthon foi ansioso, ao invés disso, pre-
ocupava-se grandemente com respeito ao futuro da igreja e do império da mesma
forma como não podemos fugir de pensamentos sobre uma possível guerra nuclear,
mesmo quando não estam os especialmente ansiosos com respeito a isto. A preocu-
pação de Melanchthon não era sem propósito ... Em sua vida pessoal, ele era cora-
joso."
5
seus cuidados no círculo da família, dos amigos e dos colegas. Além disso,
havia aquela "Angst" sentida com relação ao progresso da Reforma na escola
e na Universidade. E, finalmente, ele sofreu sua própria angÚstia e tribulação finalmente.: . .::
no nível pessoal. Nas páginas que se seguem, queremos rebuscar esta notória enfermidad~ " .: .
tensão na vida de Melanchthon quando ele se encontra "Entre Angst e Confi-
ança: Melanchthon como um homem do século XVI". Juntamente com co-
mentários biográficos, desejamos lançar um olhar especialmente sobre
aqueles elementos ou aspectos de vida [Lebensformen]3 que deixaram sua
marca neste estudioso desde a região de Kraichgau, afetando sua piedade e
penetrar n·.:;·
sua teologia. Primeiro, nos voltamos brevemente ao impacto de seu lar na
familiar que I'
infância, sua escola e Universidade, considerando alguns problemas típicos
sua aparência
daquela época e observando a vida familiar deste professor de Grego. As idéias e ath
amizades - especialmente com Martinho Lutero - são uma outra ênfase, e, râneas. A
compreensl\'eL _ .. .:.<"

3 Veja primeiro à guisa de panorama e para sugestões sobre uma outra literatu- poníveis. Desde c..::: :
ra, Paul Münch, "Lebensformen, Lebenswelten und Umgangserziehung", Handbllch príncipe e na asse", -:,,~ -
der delltschen Bildllngsgeschichte, v. 1: 15 bis 17 lahrhllndert. Von der Renaissance acerca das mesmas '" ~ .- ~
und der Reformation bis zum Ende der Glaubenskampfe, editado por Notker
servir como um exer:. ':" . J
Hammerstein com assistência de August Buck (Munique, 1996), p. 103-133. Como
centista e do que era se-, .~ .:
um esforço rumo a uma definição, lê-se o seguinte na p. 103: As Lebensformen
[experiências e estruturas de vida] abrangem a existência humana do nascimento à
morte. Elas governam a satisfação das necessidades vitais, comandam os hábitos
vitais globais individuais e coletivos e marcam orientações espirituais e religiosas.
Elas se desenvolvem a partir do jogo opaco das condições estruturais - já dadas e Melanchthon nas,::_
conectadas de diferentes maneiras - com os estados da personalidade. Condições
1497, na casa de seus::.' o::
externas são estabeleci das ou pela natureza ou através das instituições sociais, polí-
ticas e confessionais e sistemas de normas humanamente criados. Elas causam sen- Georg, veio de Heide]:e~;
timentos, vozes, expectativas, memórias e experiências, os quais são relevantes às armeiro de confiança e " j:
ações - individuais ou coletivas, conscientes ou inconscientes e mais ou menos de Reuchlin, Elizabeth. '"c"2..S
contínuas - que podem ser reduzidas às atitudes mentais. Lebensformen não são
famoso intelectual da '.. Z -~,
constantes antropológicas; ao invés disso, estão sujeitas a desenvolvimento históri-
co, mesmo quando uma mudança normalmente acontece apenas em passos perceptí- depois que seus pais :2:::...- .:..,

veis e em longos períodos. Como membros de um grupo social, político ou recebeu o nome em De:- ....: .:.:
confessional, pessoas em situações similares e com impressões mentais afins possu-
em interesse comum em um ambiente com mentalidades desenvolvidas através de Filipe cresceu c: '"c". ::=

um canal específico e marcado pelas Lebe115formen - um contexto no qual as antíte- tten, onde havia uma [, ,2
ses entre as estruturas coletivas e a experiência individual pode produzir uma mistu- avô e prefeito da ciei",'::::
ra indistinguível. Durante o início da Idade Moderna, no período confessional, as em Latim.
Lebensformen não governaram apenas a vida e a sobrevivência mas, muito mais que
isto, elas deram fonna ao cultivo geral tanto dos contatos sociais como da civili- Uma das e\.[:e- ~- :
zação. sete anos, foi a Guer:.:. :: ~
6
mercenários furi c se s .:.- : ~
~, :111disso,
. " na escola
.. tri bulação
cO
finalmente, concluímos com a maneira pela qual Melanchthon lidou com a
, çsta notória enfermidade e a morte.
. ·Z'[ e Confi-
Lidar com a vida e a obra de Melanchthon facilita vermos quanta dis-
Ç-ite com co-
tância nos separa dele. Quinhentos anos trouxeram desenvolvimentos, posi-
,ti ente sobre tivos e negativos, que as gerações passadas não poderiam imaginar.
:ç!xaram sua
Devemos guardar em mente as diferenças entre as épocas. Não é possível
: =a piedade e penetrar no passado tão rapidamente. Mesmo assim, Melanchthon nos é mais
:ç seu lar na
familiar que muitos outros de seu tempo e de outras épocas. Conhecemos
, çn1as típicos sua aparência a partir de muitos retratos feitos por distintos artistas. Suas
íç Grego. As
idéias e atividades tem sido transmitidas através de muitas fontes contempo-
t"a ênfase, e, râneas. A primeira fonte escrita relevante é sua abrangente correspondência
compreensível. Quase todos os seus escritos foram preservados e estão dis-
, ,,' ~ Jutra literatu- poníveis. Desde que suas atividades na Universidade e na escola, na corte do
,':", Handbuch príncipe e na assembléia imperial foram públicas, estam os bem informados
Renaissance acerca das mesmas por meio de fontes religiosas. Assim, Melanchthon pode
por Notker servir como um exemplo do que era viver no tempo do humanismo renas-
~-]33, Como
centista e do que era servir à Reforma.
~2bensformen
tascimento à
,~, os hábitos o Lar e a Infância
> e religiosas,
• - já dadas e Melanchthon nasceu como Filipe Schwartzerdt em 16 de fevereiro de
• i e Condições
1497, na casa de seus avós em Bretten, uma cidade no Palatinado. Seu pai,
:: •'JCiais, polí-
, _ :ausam sen- Georg, veio de Heidelberg, e por causa de suas habilidades superiores era o
'e':evantes às armeiro de confiança do eleitor. Sua mãe era parente distante da única irmã
c.: ou menos de Reuchlin, Elizabeth, mas um parentesco sanguíneo entre Melanchthon e o
':217 não são
famoso intelectual da vizinha Pforzheim não pode ser provado. Quatro anos
,. çnto históri-
depois que seus pais casaram, o famoso porta-estandarte da família nasceu e
. ::" .'s perceptí-
:.'olitico ou recebeu o nome em honra ao Eleitor Filipe.
: ::tms possu-
::: 3través de Filipe cresceu com seus quatro irmãos próximo ao mercado em Bre-
: _~, as antíte- tten, onde havia uma rota de negócios bem movimentada. lohann Reuter, seu
'::'\1a mistu- avô e prefeito da cidade, cuidou de sua educação completa, especial-mente
"ç,sional, as em Latim.
=: mais que
da civili- Uma das experiências memoráveis da infância, quando Filipe tinha
sete anos, foi a Guerra da Sucessão de Landshut, quando ele testemunhou
mercenários furiosos ameaçando a vida de seu avô e familiares enquanto

7
procuravam por um assassino. Seu pai estava longe, com a artilharia do
eleitor, defendendo a fronteira com Hesse. Não foi este o único episódio que
o afetou, mas certamente contribuiu para o espírito irênico de Melanchthon,
ESt2:S
que durante sua vida sempre buscou a conciliação. Isto não era um desinte-
como pCSI: j:'.:: ~ __ : ~
resse por indiferença, mas por detrás disto havia um desejo bem fundamen-
todasu3.;;~~=._=::=~c .=..
tado por paz e harmonia. Assim, por exemplo, Melanchthon deixava esgotar ,bem-esTar ~~.:~::<.-.:=
-
__
sua paciência primeiro para somente então explodir quando seus pupilos não
estivessem atentos [desperdiçando suas oportunidades educacionais]. Mas
sempre teve SL:~S'·
ele tinha consciência de sua falta de paciência e tentava controlá-Ia.
Evangelho de L-· 2 -
Na verdade, sua postura irênica mantinha posições radicais à distân- francamente ;;;:: ....
cia: ele achou o manuscrito de Justus Menius sobre o direito de auto-defesa
muito radical o o retrabalhou enquanto fugia das tropas imperiais durante a
Guerra de Esmalcalde. Com sua vida em perigo extremo e sua família amea-
creto, mas. alIe s. :;::-
çada, abrandou numerosas passagens e procurou espaço para a mansidão
criação origina! de De.s ::
cristã sem causar prejuízo ao direito de resistência. "Cada um deve perguntar
somente a primaZia :=.: - _ --o
à sua própria consciência: se bandidos viessem à sua casa e abusassem de
lima primaZIa que e:-:: '~ __ -
sua esposa e filhos, o que ele faria e o que ele pensaria que seria direito fazer
mas esta ordem criad:: :2- -o
para expulsá-Ios?" Melanchthon não pregava o quietismo a todo custo. E em
e mulheres, pais e "
tempo de guerra, ele via a si próprio e aos seus nas mãos de Deus. Ele reuniu
a "Angst" para sua situação pessoal com uma confiança admirável na graça O pai de \1",::::-::--
de Deus, preservando as atividades. Deus julgará, ele dizia. Ao mesmo tem- como lIm homem d: ~ . 5 _

po, ele também procurava analisar as causas da guerra. Deus fala e pune; relatou mais tarde sc'-"e . '--e

somente Ele conhece quando, como e porquê: muito pouco durante 5..:::

como os tempos pare:::2- ;;.


Eu sei que existe uma reclamação tremenda e miserável
contra a guerra e, tristemente, é verdade que existe nela
muita miséria. Mas isto é o mesmo que acontece com todas 4 Citado em Frank F.:_

as doenças: reclama-se muito da dor, todavia poucos evitam Wirkungen Philipp Me.7_
5 Veja a Declan;,~;.:.: _,
as causas das doenças. Os sábios são eles mesmos a raiz das
11, caL 1011-16. Crr,.::-::.· . .::
punições, pois eles são inimigos veementes da verdade. Seus lanchthon Deutsch. ej ','
assaltos contra ela são julgados no final como tendo fortale- Schule 1I11d Unin,,"c ... '
cido a idolatria e suprimido o ensino realmente necessário ... pp.3 J 3·20. [As refe~~": ::.:
chthon serão dora\ace : :::
Assim, os orgulhosos e sábios atraem o povo tolo para junto
6 CR 8:367: 1 :5:
de si, de forma que o erro e os muitos vícios são reenforça- che lInd kOl1lmennç"';,- ~:,
ttgart-Bad CannstaCT, . --
MBW. Os verbetes :: "". ::.
R 7:244 (7315) C's<:s
8
- ---
--_.~::;':;~'::::'-':""-_."-' •... :~-'--

. ---1
_ ... haria do I
".~ ;Ódio que
dos entre eles. Deus não vai ficar em silêncio
sobre o seu modo de ser.4
para sempre
I
::.Jl1chthol1,
Estas linhas mostram o que Melanchthon pensava. Ele vê a si próprio
I!
:~, desinte-
como posto por Deus em uma certa situação para proclamar o Evangelho em
o'undamen-
toda sua simplicidade e clareza. Isto é o que ele deseja fazer. Nada mais. Seu
II
..''.a esgotar ii
:upilos não
bem-estar pessoal não faz sentido e não é de importância para a expansão do
i
reino de Deus e para a batalha entra Cristo e seus adversários. Que ele nem
~:iais]. Mas
sempre teve sucesso nisto e que tinha suas dificuldades apresentando o
- _.1.
Evangelho de uma forma fácil de compreender, Melanchthon confessou
".oS à distân- francamente em numerosas cartas.
:: iuto-defesa
Melanchthon era profundamente contra a rebelião e agitação por qual-
"S durante a
quer motivo.5 Esta oposição começa para ele não no ato revolucionário con-
.inília amea-
creto, mas, antes, em cada pensamento e ato dirigido contra a ordem da
J mansidão
criação original de Deus já é rebelião. A ordem da criação determina não
_ e perguntar
somente a primazia do homem contra plantas e animais - para Melanchthon,
:usassem de
uma primazia que era reconhecível sem dúvida no dom da razão humana -
.J ireito fazer
mas esta ordem criada também determina a divisão dos papéis entre homens
~usto. E em
e mulheres, pais e filhos, bem como a hierarquia fixada.
o. Ele reuniu
:,-e\ na graça O pai de Melanchthon retomou da Guerra da Sucessão de Landshut
,,1esmo tem- como um homem doente e morreu quatro anos mais tarde. Melanchthon
. ..'Jla e pune; relatou mais tarde sobre o sepultamento de seu pai, a quem Filipe tinha visto
muitopouco durante sua vidajovem.6 Seu pai preocupava-se com a maneira
como os tempos pareciam estar se desenvolvendo e insistiu com o seu filho
o: 111 iserável
:: e\.iste nela
4 Citado em Frank Pauli, Philíppus. Ein lehrer jür Deutschland Spuren und
" "~ COI11 todas
Wirkungen Philipp Melanchthons (Berlin, 1996), P. 261 .
.iCOS cvitam
5 Veja a Declamation de ordine politico de 1522 em Corpus Reformatorum voi.
- 5 a raiz das 11, cal. 1011-16. Uma tradução alemã por Rainer Kõssling está disponível em Me-
::idadc. Seus lanchthon Deutsch, ed. Michael Beyer, Stefan Rhein e Günther Wartenberg, VoI. I:
":::-10 fortale- Schule und Universitdt. Philosophie, Geschichte und Politik (Leipzig, 1997),
pp.313-20. [As referências Corplls Reformatorum para as publicações de Melan-
;;c~ssário ...
chthon serão doravante citadas como CR 11: 1011-16.]
p1I"a .i unto 6 CR 8:367; 10:256. Philipp Melanchthon, lvielanchthons Brie.fwechsel. Kritis-
fc,,-'nforça- che lInd kommentierte Gesamtausgabe, Regesten, ed. Heinz Scheible, voI. 7 (Stu-
ttgart-Bad Cannstatt, 1977), p. 244 (carta 7315). [Daqui para frente citado como
MBW. Os verbetes da séria Regesten serão MBW-R; Assim, por exemplo, MBW-
R 7:244 (7315). Os verbetes da séria Texte serão M8W- T.]
9
para levar uma vida honesta e correta e, especialmente, para manter-se firme mento pai:: _:: ::
na fé cristã. humanisI2 '

Quatro semanas antes da morte de seu pai, o avô de Melanchthon, tão


importante nesta sua fase da vida, também morreu. Como a morte o golpeara
duas vezes, a infância de Melanchthon terminou. Anos mais tarde, ele ainda
lembrava: "Deixei meu lar em lágrimas". O garoto de onze anos de idade foi
levado à casa de parentes em Speyer e, dali para frente, viu Bretten somente
em raras visitas. mas e n:;,2e':'e~ 5'C_ -
10 de junho d~ . :
Devido à instrução excepcional recebida na casa de seu avô, sob a di- ano mais tarde
reção de Johannes Unger de Pforzheim, Filipe foi capaz de freqÜentar a es- de 1514 - CCT"

cola de Latim em seu novo lar em Pforzheim e sobressaiu-se sem seu Ivfestraclc, ..
dificuldades. Hospedou-se, junto com seu irmão mais jovem, George, e o parecido com
irmão mais jovem de sua mãe, com Elizabeth Reuchlin, a irmã do famoso com Hieronym LiS .;:< _
hebtaísta Johannes Reuchlin que estava vivendo em Stuttgart e também ser- forma como come +",~
via em TÜbingen como juiz. tinha o lema: "Dar'C's--' .:;
Filipe ofereceu alguns versos em Latim que arrancaram aplausos de guém, injustiça n2cc ~-::= :_~
Reuchlin, que envolveu-se intensivamente com este talento promissor e in- bio confiável para cõ , .
centivou-o com elogios e presentes.7 Em 15 de maio de 1509, Reuchlin deu- real para a vida. At~:: 'C

lhe o nome humanista de "Melan-chthon", a tradução grega de seu sobreno- livros Thomas Ansh'C' -. =

me Schwartz-Erdt ou "Terra-negra"g. Mas uma desavença desenvolveu-se empregado o jovem 'C"- =:::
com o patrono de Melanchthon quando Reuchlin foi, por um período, para chthon era Grego. e :. ;;
lngolstadt e quis que seu protegido se mudasse para lá, para a Universidade gramatlca de G reg: =_= --
,. 11

que servia a região da Bavária. Melanchthon recusou a oferta prestigiosa por notável professor de' ,.= ~'C';:
causa das obrigações e circunstâncias com as quais havia se comprometido Frederico III - F rede: = : .

com a Universidade de Wittenberg. Reuchlin reagiu com pronunciada ira, Universidade de seu :e':-:- : 'i
interrompendo a correspondência com Melanchthon9 e revisando seu testa- dida muitas vezes d;:o_'C 'C-'
ção ao recomendar se_ =

Grego em nenhum L.;_T .::


na qual, conforme Rt~._

7 Veja Scheble, "Reuchlin Eint1uss auf Melanchthon," em Scheible, ed., Afe-


lanchthon und die Reformation Forschungsbeitrâge, pp. 70-97.
8 Em dado momento, com trinta e poucos anos, Melanchthon começou a cortar
o "ch" e assinava seu nome como "Melanthon," Alguns historiadores suspeitam que 10 Karl Preísenj.::~.=
este professor de retórica assim o fez devido a um pequeno impedimento de pronÚn- chlins 1455-15::: Fc::i_-
cia que não permitiria que ele pronunciasse o Grego apropriadamente. zheim, n.d. [195.5J;.;:;: ::>.::
9 MBW-T 1:265ss. (130[4]). 11 MBW-T )6:-""
10

---~---------- __ !!!L.:-
__,~
_______._~_~~========c=-c==================:;;:;'l.

,"}nter-se firme mento para deserdar Melanchthon, que teria herdado a enorme biblioteca do
humanista suábio1o

.:" ianchthon, tão A Influência da Universidade


--~rte o golpeara
, ~.:(de, ele ainda
Com a idade de apenas 13 anos, Melanchthon foi, em 1510, para a
":5 de idade foi
Universidade de Heidelberg. Ele dominou o currículo prescrito sem proble-
=; retten somente
mas e recebeu seu primeiro título acadêmico, o Bacharelado em Artes, em
10 de junho de 1511, a primeira data possível, devido à sua juventude. Um
avô, sob a di- ano mais tarde, ele continuou seus estudos em Tübingen, e já a 25 de janeiro
"eqÜentar a es- de 1514 - com 17 anos incompletos - concluiu seus estudos básicos para o
"=ssalU-se sem seu Mestrado. Vivia em uma Burse, o alojamento tradicional dos estudantes,
. George, e o parecido com um claustro. Durante certo tempo, compartilhou um quarto
!lã do famoso com Hieronymus Schurff, que mais tarde foi muito importante para a Re-
e também ser- forma como conselheiro legal para os eleitores. A parede do dormitório deles
tinha o lema: "Dar esmolas não empobrece, ir à igreja não enclausura nin-
guém, injustiça não traz sucesso". Esta sentença não era somente um provér-
_,1 aplausos de
.. bio confiável para os jovens estudantes, mas também era um prospecto bem
.~ :0I111SS0r e 111-
real para a vida. Através de Reuchlin, Melanchthon conheceu o editor de
- _Reuchlin deu-
~e seu sobreno- livros Thomas Anshelm. Este havia deslocado sua oficina para Tübingen e
empregado o jovem estudante como revisor. O principal interesse de Melan-
~.;;senvolveu-se
chthon era Grego, e já em Tübingen ensinou muitos pupilos e escreveu uma
período, para
:. Universidade gramáticall de Grego que foi vendida com muito sucesso. Sua estatura como
notável professor de Grego finalmente levou-o a Wittenberg, onde o Eleitor
" ::restigiosa por
Frederico m - Frederico, o Sábio - estabelecera uma cadeira de Grego na
:0mprometido
- -"mmciada ira, Universidade de seu território, fundada em 1502, mas já reformada e expan-
,:.,jo seu testa- dida muitas vezes desde então. Reuchlin havia dado a mais elevada aprecia-
ção ao recomendar seu antigo discípulo de Tübingen. Não havia melhor em
Grego em nenhum lugar na Alemanha, e o mesmo valia para a língua latina
na qual, conforme Reuchlin, Melanchthon havia superado Erasmo.

_- :êie. ed., Me-

--=: c,u a cortar


10 Karl Preisendanz, "Oie Bibliothek Johannes Reuch!ins," em Johannes Reu-
--'~'eitam que
je pronÚn- r.:hlins 1455-1522 Festgabe seiner Vaterstadt Pforzheim, ed. Manfred Krebs (Pfor-
zheim, n.d. [1955]), pp. 35-82.
11 MBW-T 1:62-65 (16s); CR 20:3.
11
Neste ponto, paramos, interrompendo o esboço biográfico para nos Dogmática. 05 ;;-s:',.,
voltarmos à piedade de Melanchthon. Ela foi reforçada por seu encontro com professor da Li. _..2.:..2~
os teólogos de Wittenberg, marcada especialmente por Martinho Lutero12. chthon e pelo Se'_
pré-requisitc -,.".'
Melanchthon como Teólogo tarde, livre dç .:.~_:~ _,
do eleitcr. ~\i~.:~_-~---
Não podemos tratar em detalhes a questão de como deveríamos situar ologia. Ele ,:~:;:,
Melanchthon como teólogo13. Ao mesmo tempo, algumas coisas são dignas desnecessária
de nota. Em 19 de setembro de 1519, ele conseguiu o título de Bacharel em
Melanchth::-: -..".- -
Teologia Bíblica14, que o permitiu ensinar em teologia. Ele fez uso deste
da ctdade por caL"2:ê ., h
direito durante sua vida, ensinando freqüentemente nas áreas de Exegese15 e
dimento de prcn •.-,.", =:::
pregador na igrej .:':':: .. _;
12 120riginalmente uma subsecção estava planejada, aqui, sobre a piedade e
que o capítulo, sob.:. .
oração de Melanchthon. Em seu lugar veja o escrito "Ich rufe zu dir. Gebete des
Reformators Philipp Melanchthon zusammengestellt," trabalhado e anotado por tempo, ele dava au ;":5 .. : ê:

Martin H. Jung com a assistência de Gerhard Weng, editado por Klaus-Dieter Kaiser isto pensando espe'c:.:..--ç-';
em favor do Comitê Melanchthon para a Igreja Evangélica Alemã (Frankfurt, 1996); culto que não podiarn <
veja também a Habilitationsschrift por Martin H. Jung, Frommigkeit und Theologie tamente não pode ser .:::_,.::::
bei Philipp Melanchthon: Eine Untersuchung über das Gebet im Leben und in der
na igreja. O fato de o ::-.:ç çli
Lehre des Reformators (Tübingen, 1994/95; publicação planejada para 1997).
13 Veja Wilhelm Mamer, "Melanchthon aIs Laienchrist," em Maurer, ed., Me- na administração dos S, _' ",:-T
lanchthon-Studien, Schriften des Vereins fiir Reformationsgeschichte, nO 181 Pessoalmente, estou l:' ..
(GÜtersloh, 1964), pp.9-19; Bernhard Lohse, "Melanchthon aIs Theologe," Luther por razões teológicas":: : ç
31 (1960): 14-23; Scheible, "Luther und Melanchthon," em Scheible, ed., Melan-
do altar na igreja da: c =.: ~ :
chthon und die Reformation Forschungsbeitrage, pp. 146s.
14 Veja MBW-R 1: 69 (76); também Martin Luther, Dr. Martin Luther 's Werke
[batizando um infante . :~_: i
(Bohlau, 1883-), Briefwechsel, voI. 1, p.514, linhas 33ss. [Daqui para frente as tais atos da igreja19
referências à Edição Weimar das obras de Lutero serão referidas como WA. A
B:riefwechsel ou volumes de cartas serão WA-Br, assim, por exemplo, WA-Br 16 Wilhelm Mame,. :::.
1:514, 33s8. E Tischreden ou os volumes de "Conversas de Mesa" serão WA-Tr.] formation, voL 2: Der Te ç- - '-:
Esta última referência WA-Br em Latim também está disponível em tradução alemã 17 MBW-R 2:400: . .:.
por Christian Peters em Melanchthon deutsch, voi. 2: Theologie und Kirchpolitik, Universitat Wittenberz ? ':.i::
~. 9-11. Veja também Melanchthons Werke in Auswahl, ed. Robert Stupperich, 18 Maurer. Der ~
vol. 1 (GÜtersloh, 1951), pp. 23-25 [daqui para frente citada como MAS; assim 19 Erfi "rvlelanchIh.-'
MAS 1:23-25] para as teses de disputas teológicas, escritas em parte por Melan- Teólogo" no Instituto c ••
chthon, que são empolgantes para enfatizar o texto escrito da Escritura e criticar o
Albrecht Beutel, de; T.i::r ~::. =.
ensino escolástico da transubstanciação. padosnagravuradG3':;o~ _"
15 Veja Peter F. Barton, "Die exegetische Arbeit des jungen Melanchthan von são a Batismo, a (e;;o .: - ,
1518/19 bis 1528/29." Archiv für Reformationsgeschichte 54 (1963): 52-89; Ti- infante; Lutero esta Ci' _
mothy J. Wengert, Philipp Melanchthon 's Annotations in Johannes in Relation to its
da congregação, es:j ç,_ - .-: _ ..
Predecessors and Contemporaries, Travaux d'humanisme et Renaissance, vai. 220 chthon está incluído
(Geneva, 1987). tratá-Ia oficiando Lir:::3:,·' ~"
12
_________ =======-===============;;;~;;;~
~u~~~~-~~-o~= =~

para nos Dogmática. Os esforços de Lutero para ter Melanchtho!l chamado como um
2=:ntro com professor da Faculdade de Teologia foram frustrados pela recusa de Melan-
~ \2
_Jtero , chthon e pelo seu interesse em ensinar Filosofia, que ele insistia que era um
pré-requisito não negociável para um estudo teológico produtivol6. Mais
tarde, livre de algumas obrigações na faculdade de artes e com a permissão
do eleitor, Melanchthon pôde ensinar em ambas as Faculdades: Artes e Te-
~ }InOS situar ologia. Ele julgou o acordo tanto próprio quando importante, e ele tornou
_o são dignas desnecessária qualquer discussão posterior sobre o seu status17•
_:c 3 acharei em
Melanchthon não pregou. Ele recusou servir em tal função na igreja
--~Z uso deste
da cidade por causa de fraqueza física, uma voz suave e um pequeno impe-
_.c =--"gese15
ecAc e
dimento de pronúncia. Declinou formalmente do seu chamado para ser o
pregador na igreja da cidade enquanto Lutero estava fora, no Wartburg, por-
c piedade e
c.
que o capítulo, sob a liderança de Justus lonas, havia objetado18• Ao mesmo
_~~ Gebete des
tempo, ele dava aulas bíblicas em Latim antes dos cultos na igreja, fazendo
: anotado por
~Dieter Kaiser isto pensando especialmente naqueles alunos e participantes estrangeiros do
~kfurt, 1996); culto que não podiam acompanhar o sermão em alemão. Melanchthon cer-
.;;d Theologie tamente não pode ser acusado de ter interesse ou envolvimento insuficiente
Ci und in der
na igreja. O fato de o intelectual também ter estado eventualmente envolvido
'997).
crer, ed., A1e- na administração dos Sacramentos permanece um assunto de especulação.
:hte, nO 181 Pessoalmente, estou inclinado a pensar que ele declinou de fazê-Io, menos
;Jge," Luther por razões teológicas do que por razões poIítico-organizacionais. O tríptico
: .:. ed., Melan- do altar na igreja da cidade retrata Melanchthon como amigo das crianças
>:her's Werke [batizando um infante], mas não há garantia histórica da sua participação em
: ara frente as tais atos da igreja19,
::mo WA. A
- ::'1p10, W A-Br 16 Wilhelm Maurer, Der junge Melanchthon zwischen Humanismus und Re-
'"cão WA-Tr.] formation, voI. 2: Der Theologe (Gottingen, 1969» pp.419-428.
- 'redução alemã 17 MBW-R 2:400 s. (446); veja Walther Friedensburg, ed., Urkundenbuch der
,'·:irchpolitik, Universitat Wittenberg, Parte 1: 1502-1611 (Magdeburg, 1926), pp. 133-35.
:::1 Stupperich, 18 Maurer, Der junge Melanchthon, vol. 2, pp. 164-169.
\'lAS; assim 19 Em "Melanchthon as Scholar", feito para o colóquio "Melanchthon como
~-:" por Melan- Teólogo" no Instituto para a História Européia em 20-22 de rnarço de 1997, o Dr.
:; e criticar o Albrecnt Beute!, de Tübingen, examinou a apresentação dos três Sacramentos agm~
paàos na gravura do altar de Wittenberg. [Nota da tradução: Os "três Sacramentos"
~",2hthon von são o Batismo, a Ceia do Senhor e a Absolvição. Mela.'1chthon está batizarldo um
~2-89; Ti- infante; Lutero está com a Ceia do Senhor; Johannes Bugenhagen, o pastor regular
,~c-!clti()n to its
da congregação, está pronunciando a palavra de perdão.] É quase certo que Melan-
:':. vaI. 220 chthon está incluído junto com Lutem por razões iconográficas e não a fim de re-
tratá-Io oficiando um batismo que tenha realmente ocorrido.
13
car sua \Jela ;o

A Igreja como uma Escola - Cristo como o Mestre educação e55:::- ~-


nidade.
A piedade prática de Melanchthon está em íntima conexão com seus
esforços para reformar a educação tradicional.20 Ele já chegara a perceber
Cristo c ~--;e~-:-~:- _.
essa ligação em Tübingen.21 Dessa forma, a decisão de Melanchthon de se
aliar tão completamente a Lutero deve ser interpretada como um movimento
cola e igreja ~ ~~ __
baseado numa leitura e exposição da Escritura que já era completamente
enquadra nessa 2.'-a __ ~ -" ~-~
independente e auto-confiante. Melanchthon não veio a se tornar um Refor-
geraçao e suas c:'ió=~ =- ;:
mador só quando se encontrou com Lutero. Na verdade, como um desses
fina! a analogia er. :Te :c_,
verdadeiramente felizes acontecimentos da história, a amizade entre os dois
de sua estrutura i:- -:-
conduziu a uma proveitosa ligação de uma vigorosa interpretação de Paulo
na linha dos escritos antipelagianos de Agostinho, unida com as correntes MeIanchth:r ...
reformistas do humanismo suábio, especialmente do tipo de TÜbingen. Iso- palavras. Para ele. e ~': __
ladas, as duas posições dificilmente seriam tão efetivas como quando unidas, Quando e...
ele a"ra,,['-,","'" ·_- _-- .~
'.1' ......• -
permeando-se e complementando-se mutuamente. verdade se encontLlT2. - _
seria recebida por ins~ -: ~__
O conceito que Melanchthon fazia da igreja como uma academia ou
testemunhada na Sagr:o:.: :::<
escola intimamente associado com a imagem de Cristo como um mestre é
a exegese das Escrin:r.:o
ilustrada sucintamente no que segue. (Isto deixou sua marca na teologia de
deveriam receber êL.: - =
Melanchthon e teve grande significado para sua profunda piedade.) Acima
princípio nada era d'::::-
de tudo, Melanchthon compartilhava com a maioria de seus contemporâneos
gumas vezes colocadc, _
a idéia de que escolas e universidades foram estabe!ecidas por ordem de
aquilo que as Escritur "-5
Deus.22 Assim, de certa forma é o próprio Deus quem dirige e preserva a
ser afirmadas objet!'. :.::-:-
e
educação?3 Uma medida da obediência à ordem de Deus é vista então na
extensão em que a educação resulta em seu serviço. Isso já aponta para o
alvo da educação: conhecer a vontade de Deus e ser capaz de seguí-la, colo-
24Contim CR 1
2°Confira Marcus Wriedt, BDie theologische Begnmdung der Bildungsreform ribus auditorum de
bei Luther und Melanchthon," em Humanisrnus und Wittenberger Reformation. Praeceptor Gerlllcli;/>;-
Festgabe anlasslich des 500.Geburtstages des Praeceptor Germaniae Philipp Me- reimpressf'io: l.Jieu\\"k..:::=;
lanchthon am 16.Februar 1997. He!mar hnghans gewidmet, ed. Michael Beyer e 25\!eja Peteí Fr2.=:->~=
Günther Wartenberg com Hans-Peter Hasse (Leipzig, 1996), pp. 169-182. ment in lhe Theo!og:. _-_. _= -

21Yeja a preleção de Melanchthon em Tübingen em 1517, "De artibus liberali- vol. 46 (Genebra, 19'::_
bus, "CR 11:5-14;MSA 3:17-28. velho Melanchthon.::r,,:,,--
22"Praecipimus igitur omnibus, ut dogitent mandato Dei Scholasticos cOl1ventus chte des Proteste;; ....'"
institutos esse, et in eis Deo seíviendum esse." CR 10:995 (Leges Academiae Wi- danken- und Lehrc;_"7;_ <
tenbergensis de studiis et moribus auditorum de 1546). Biblizismus und 1r.1-:. ..
23CR 9:741 (Convite para a Promoção CeremoniaJ do Mestre Pau! Dumrich de 1908), pp. 322-335. e -_ -
Halle em 12 de fevereiro de ] 556); veja também 445. gie, vaI. 10 (Güters 'c~ -,
14
car sua vida e habilidades produtivas a serviço de Deus?4 Melanchthon vê a
educação essencialmente em termos de sua utilidade para a igreja e a comu-
nidade.
:::'.3.0 com seus
Meianchthon vê a igreja como um todo como uma escola, sendo
:;; :,'a a perceber
Cristo o mestre. Crer é um processo vitalício de aprendizagem. Ao conside-
:::,-~hthon de se
rar essa tese, deixe de lado por enquanto a semelhança institucional de es-
__'TI movimento
cola e igreja e se volte, ao invés disso, à questão da substância como ela se
~='mpletamente
enquadra nessa analogia, atentando para a transmissão da fé de geração a
_~1ar um Refor-
geração e suas conseqüências em termos de vida prática. Então somente no
:~10 um desses
final a analogia entre igreja e escola repousa sobre a concordância em termos
- _~:: entre os dois
de sua estrutura institucional e as legalidade que a definem?5
cclção de Paulo
'11 as correntes Melanchthon acreditava que uma pessoa pode colocar a verdade em
-c Tübingen. lso- palavras. Para ele, é esta a tarefa dos filósofos e teólogos de cada época.
~uando unidas, Quando ele argumentava como um teólogo bíblico, ele não acreditava que a
verdade se encontraria por meio de sua própria contemplação ou que ela
seria recebida por inspiração, mas sim apenas por meio da revelação de Deus
- _1 academia ou
testemunhada na Sagrada Escritura. A percepção disto vem em conexão com
- um mestre é
a exegese das Escrituras. Olhando para escritores, torna-se daro que alguns
__ Yl teologia de
deveriam receber autoridade especial por causa de suas exposições. Em
_-::dade.) Acima
princípio nada era aceito automaticamente sem ser criticado. O padrão (al-
- ~:-;temporâneos gumas vezes colocado literalmente desta maneira) é a proximidade para com
, DOi.' ordem de
aquilo que as Escrituras dizem. Para Melanchthon, as Escrituras deveriam
; ~ e preserva a ser afirmadas objetivamente.
istu então na
para o
- ,:cguí-ia, colo-
24Confira CR 10:992-1024 (Leges Academíae Witenbergensis de studiis et mo-
rihus auditorum de 1546) passim. Veja também Karl Hartfe!der, Melanchthon aIs
- :ldungsrefonn
PraeCci7tor (]er;naniae, lvlonulnenta Gennaniae pacdagogica, vaI. 7 (Berlinl, 1889;
J?e.fornlation.
reimpressão: Nieuwkoop, 1964), pp.437 e 478s,
_.~'Phílipp Me-
25Veja Peter Fiaenkel, Testimonia Patrum. The Function of the Patristic Argu-
chae! Beyer e
ment ill the Theology of Phiíipp lvfeIanchthon, Travaux d'humanisme et Renaissance,
'~us iiberali= vol. 46 (Genebra, 1961), p. 126. Digno de nota é esse aspecto da ec!esiologia do
velho Melanchthon, apresentado detalhadamente em Otto RitschI, Dogmengeschi-
;-:cs conventus chte des Protestantismus. Grundlagen und GrundzÜge der theologischen Ge-
: ;udemíae Wi- danken- und Lehrbildung in den protestantischen Kirchen, voI 1: Prolegomena.
Biblizismus und Traditiona/ismus in der altprotestantischen Theologie (Leipzig,
J 908), pp. 322-335, e Ulrich Kuhn, Kirche, em Handbuch Systematischer Theolo-
- __ uumrich de
gie, vol. 10 (Gütersloh, !980), pp. 50-52.
15
Melanchthon esperava poder eliminar disputas doutrinárias através de
uma conferência de teólogos cultos e equilibrados. Crucial para ele é aqui a
idéia de que a expressão da fé corre continuamente através de nosso tempo, e
o mesmo acontece com o acordo literal de formulações bíblicas com afirma- e ou\idc':
ções de fé baseadas nelas?6 O instrumento que garanteria que isto seria con- leiturJ5;,c:
tinuamente passado adiante seria o ensino academicamente fundamentado. A Johann S:,::',,- ç

Universidade, especialmente a Faculdade de Teologia, de fato assumiu o fazer hcrc::-::


ofício de ensino. acredita\3 q:.,;O':'- :::--~
Ao se falar sobre a continuidade de expressões e formas doutrinárias, são indicaçces ~: ::
Deus coml' si:'
a substância da educação retoma com mais ênfase para o foco da atenção. O
alvo geral da instrução é o conhecimento da revelação de Deus e seus man- especialmente:: :".: _
damentos de maneira que a vida possa ser orientada em direção a ele e vivi- parte, Deus n3.: ~ ,: - -_
da de acordo com sua vontade. A utilidade de toda educação é medida de regulares da C:i',',' :::,
.lar.
• 31 E m cone:'::,,:
- __,
acordo com este alvo. Todo o estudo acadêmico, do estudo das línguas a
questões das ciências naturais e filosofia, serve no reconhecimento da vonta- chthon entre _" ,_
de de Deus. Ao mesmo tempo, o preservar da terminologia ou das expres- continuamente a re'-ç'
sões da doutrina cristã ajuda na luta contra a heterodoxia e o erro. Quanto agouros. Por outro :2:-
mais as pessoas conhecem a Bíblia em suas palavras ou línguas originais e no Evangelho e S3t.';O,_:::" ::
dali chegam a uma clara interpretação das passagens mais obscuras,27 menos a salvação.
chance haverá de se desenvolverem noções espiritualistas e heréticas. Nesta
conexão não é completamente possível eliminar a idéia de que Melanchthon,
l;...J
,
•••
,
~,-

em seus esforços a favor da ortodoxia evangélica e na defesa contra movi-


mentos heréticos, de fato contribuiu para um intelectualizar e um "academi- A carga de tr:;):-;
zar" da piedade evangélica. Mas certamente há outras razões para tais do a Wittenberg e
desenvolvimentos, e dificilmente seria correto por este peso apenas sobre envolvido com os .•:.,:, _
Melanchthon.
28Yeja i'vlaurer.
29Por exem p 10,
2:516; i'vlBW-R 21;--
(1926):5.
30Sabre isso \ ~ c
I71Cltio!1szeit, Schri:':~-
pzig,1900),pp. 16-.:'.:'
26Para mais indicações disto veja Fraenkel, T~stilllol1ium Patrlllll, pp, ] 33s,
31CR 7:65255.: '
27Um estudo devotado a Melanchthon como um defensor da posição do sola
/ogiae de 1535 e::'.
scriptura slli ipsills interpres está faltando. Digno de nota é Maurer, Me/anchthol1,
Philipp Me/ancÍ/!h
vaI. 2,pp.138s.,309,335; Erling T. Teígen, "The Clarity af Scrípture and Hermeneu-
Maurer, Me/ane!;;,,'
tical Principies in the Lutheran Confessíons," COl1co/'dia The%gical QlIarterly 46
l,pp.137-139; Kb.:s \:.:::'
(1982): 147-66.
16 p.290,22-41. [Dor.:" . .:-': _
. 'o através de Astrologia e Superstição
': :;\c é aqui a
'"o tempo, e No lado mais obscuro da piedade de Melanchthon, há o que para olhos
,~c!m afirma- e ouvidos modernos parecem ser práticas supersticiosas e uma confiança em
<,~!sena con- leituras astrológicas.28 O conhecimento de astronomia que ele adquiriu de
_.lmentado. A Johann Stoftler enquanto estava em Tübingen tornou Melanchthon capaz de
assumIU o fazer horóscopos29 e de avaliar as constelações.3D Na verdade, Melanchthon
acreditava que as estrelas não tem poder sobre as pessoas mas sim que elas
são indicações da providência de Deus. Elas são colocadas lá pelo próprio
,,; doutrinárias,
Deus como sinais de advertência para que as pessoas se precavenham mas
.:a atenção. O
especialmente para chamar as pessoas ao arrependimento e à oração. Da sua
:.' e seus man-
parte, Deus não está preso a estes sinais e pode intervir nas leis ordenadas e
a ele e vivi-
regulares da causalidade na criação em qualquer momento em que o dese-
é medida de
jar.31 Em conexão com a astrologia, novamente vemos a postura de Melan-
.:as línguas a
chthon entre "Angst" e confiança. Por um lado, ele se preocupa
:Cito da vonta-
continuamente a respeito de acontecimentos naturais como sendo maus
•J das expres-
agouros. Por outro lado, confia firmemente nas palavras salvadoras de Deus
~rro. Quanto
no Evangelho e sabe que ele está abrigado dentro dos planos do Criador para
}S onglllals e
27 a salvação.
~mas, menos
'=réticas. Nesta
Problemas do Cotidiano
;; \lelanchthon,
: ::::ontra movi-
A carga de trabalho de Melanchthon era imensa. Ele mal tinha chega-
: .:1Yt "academi-
do a Wittenberg e já começou a lecionar lingua grega. Além disso ele estava
~ O,e5 para tais
envolvido com os clássicos gregos e também traduziu partes do Novo Tes-
"penas sobre

28Veja Mamer, Melanchthon, vol. !,pp.132-137,147-163,176; vo1.2, ppl16s.


29Por exemplo, ele elaborou horóscopos quando seus filhos nasceram. CR
2:516; MBW-R 2:] 177; veja também Zeilschrift fÜr Bayrische Kirchengeschichte I
(I926):5.
wSobre isso veja Ernst Kroker, Nativitâten und Konstellationen aus de RejÓr-
17Iatiollszeit, Schriften des Vereins fUr Reformationsgeschichte, no.6 (Lei-
",,))s. pzig,1900),pp. 16-22.
31CR 7:652ss.; 8:625., junto com o escrito de Melanchthon De dignitate astro-
~:', J

- : :çã.o do sola logiae de 1535 em CR 11:262. Veja mais em Karl Hartfelder, Der Aberglaube
"ic'lanchthon, f'hilipp Melanchlhons, Hist. Taschenbuch, no. 8 (Leipzig, 1889):233-269; Wilhelm
- -_ f lermeneu-
Maurer, il-felanchthon-Studien, pp.44-50; Maurer, Der junge Melanchthon vol.
__
i!idrlerly 46 1,pp.137-139; Klaus Matthaus, "Astrologie," Theologische Realencyclopedie, vol. 4,
p.290,22-41. [Doravante citado como TRE.]
17
tamento bem como algumas do Antigo. Após sua promoção ao grau de
B.Th., ele também dava preleções em teologia.'2 Ninguém que vinha a ele
com algum pedido era mandado embora; ele procurava atender a todos.33
Com tudo isto não surpreende que sua casa fosse um caos. Colegas e amigos ria registrar :;~~:; ~_-
de sentar a .~~~,.:.- -,
falavam com ele sobre sua aparência desalinhada e estavam cada vez mais
preocupados com sua saúde. Além de suas preocupações com ele pessoal-
mente, amigos e colegas ioga tinham outras razões para se preocupar que o
afamado letrado pudesse ser atraído e levado embora por uma oferta de al-
Lutero t3.=:-,~é~ ::c',_
gum outro lugar que oferecesse circunstâncias melhores. Não admira que o
inteiramente sern :.
próprio Lutero interviesse para obter um aumento salarial para seu amigo.34
com a saúde de F
Mas ainda vendo pouca melhora, os amigos ficaram atentos procurando ar-
. um casamento M· compensar as :;L=:::::õ:'
ranJar para .elanc I1thon.· 35
Deste modo. Luõ:-
Melanchthon passou boa pal1e de sua vida na estrada. Ele não apenas eminente merca.d.='=c
estava exposto a mau tempo, mas também ficava à mercê de salteadores, chthon. O erudito eLo ::.
bandidos, hospedarias miseráveis, porém caras e às vezes até mesmo tinha Katharina mais em::::,
que pagar a despesa do próprio bolso. Ele descreveu como isso o desgastava que seus interesses se, ...
numa carta ao seu amigo de Wittenberg, Paul Eber. Melanchthol1 tinha ido a dispendiosas disc uss' ç' c.'::
Bonn a convite do eleitor e arcebispo de Colônia Hermann von Wied a fim lanchthon via o casaTe.: ,.
de oferecer sugestões concretas sobre uma maneira de promover cautelosa- seus instintos. Gradué..:-'" 0'-::
mente uma reforma evangélica na diocese. Melanchthol1 certamente não pessoa. Depois de um
considerou Bonn um local romântico com seu charme singular de cidade o casal em matrimÓni
provinciana. Não, ele se queixou do fedor em seus aposentos próximo ao eclesiástica. Na manhâ _.
cais junto ao Rena, e ele também não suportava o vinho do Rena e a comida celebração com aml:?::,. ::0'

da Westfália, que não se adaptava ao seu gostO.l6 e Universidade.

Muitas vezes Melanchthon viajava a cavalo. Ele gostava disto apesar Embora a fam! .-
de tudo o que uma longa cavalgada acarreta. Acompanhado pelo ritmo das se preocupou em tC'IT::.:-oo'_.
patas do cavalo, ele podia orar, meditar, refletir, e desenvolver idéias. Lutero ~
iam! 'I·Ia de M' "
l elancmr.-
mesmo dinheiro sufI::e-
32As preleções tanto na faculdade de artes como na de teologia éram muito sis-
casa. Finalmente, no f:·::. __
temáticas, marcadas por êntàses reformistas e conectadas entre si. Veja Ekkehard
Mühlenberg, "Humanistisches Bildungsprogramm und reformatorische Lehre beim truiu uma casa grande -é .:0
jungen Melanchthon, "Zeitschrift für Theologie und Kirche 65 (1968):431-444. tornara o professor ma , - õ:--
33Robert Stupperich, "Melanchthon----der Mensch und sein Werk," Luther 31
(1960):4.
34WA_Br 2:130 (Carta no. 305; de Lutero a Espalatino em 25 de junho de 37 Acerca deste ICe:
1520). allein sei,' (011 2.18): L.' =
35Veja a seção sobre casamento e familia que segue abaixo. matiuns geschichte 8 j
36MBW_R 3:408(3275); CR 5: 142s.(2725). 38WA-Brl:514.~':' ::c-'_
18 19 MBW-R 2::2.1-'"
2:' grau de
. ;nha a ele às vezes achava graça do zelo pelo trabalho de seu colega mais jovem .
_:::' a todos.33 Quando Melanchthon chegava às suas acomodações, ele primeiramente que-
ria registrar seus pensamentos (que desenvolvera ao longo da estrada] antes
_:-2S e anugos
. . ' ~ ci vez mais de sentar à mesa para a refeição que já estava pronta .
",le pessoal-
Casamento e família37
:upar que o
feIta de al-
Lutero também persuadiu Melanchthon a casar-se, reconheça-se, não
::.:::11lraque o
. 34 inteiramente sem algum auto-interesse de sua parte. Ele estava preocupado
-_ seu amigo.
com a saúde de Filipe e em envolvê-Io na comunidade de Wittenberg para
-:- -:urando ar-
compensar as saudades que ele sentia de casa após ter deixado Bretten38.
Deste modo, Lutero voltou sua atenção para Katharina Krapp, filha de um
não apenas
'='c.: eminente mercador de Wittenberg, que aconteceu ser da idade de Melan-
~::-salteadores, chthon. O erudito era primeiramente muito reservado, mas quando conheceu
'lesma tinha Katharina mais e mais veio a ver os pontos fortes dela e, também, percebeu
desgastava que seus interesses sexuais tinham sido também duramente reprimidos nas
::1 tinha ido a dispendiosas discussões acadêmicas. Entretanto, seria engano dizer que Me-
Wied a fim lanchthon via o casamento simplesmente como um caminho para subordinar
eT cautelosa- seus instintos. Gradualmente, descobriu a dimensão da felicidade de uma
.:lamente não pessoa. Depois de um longo tempo de idas e reveses, Lutero finalmente uniu
.ar de cidade o casal em matrimônio no dia 26 de novembro de 1520, em uma cerimônia
próximo ao eclesiástica. Na manhã da terça-feira seguinte, a família fez uma modesta
- :0 e a comida celebração com amigos de outras cidades juntamente com notáveis da cidade
e Universidade.

i disto apesar Embora a família dos noivos fosse bem de posses, Melanchthon nunca
:';:[0 ritmo das se preocupou em tornar-se próspero. Assim, diferente do que aconteceria na
jéias. Lutero tàmília de Melanchthon, em seus primeiros quatro anos não havia nem
mesmo dinheiro suficiente para comprar um vestido novo para a dona da
__ muito sis-
:::":in1
casa. Finalmente, no final da década de 1530, o Eleitor João Frederico cons-
:::ja Ekkehard
~ :: Lehre bejm truiu uma casa grande e agradável para Melanchthon, que desde então se
4: 1-444. tornara o professor mais bem pago da Universidade39.
~-k." Luther 31

_ 5 de junho de 37 Acerca deste tópico, veja Inge Mager, "Es ist nicht gut, dass der Mensch
allein sei,' (Gn 2.18): Zum Familienleben Philipp Melanchthons", Archiv fiir Refor-
matiuns geschichte 81 (1990): 120-137.
38 WA-SI' 1:514,34; de modo semelhante 269, 33ss. Também WA 2:595,18-20.
39 MBW-R 2:244s5 (1718).
19
Muitas pessoas associadas à Universidade freqüentem ente vinham vi-
necessitacksc
sitar e reunir-se em confortáveis acomodações, alí naquela que Melanchthon
para o pcbr::;"-
afetivamente denominou "a cabana", um quarto' para estudiosos mantido
próximo aos quartos da família e àquele quarto de Johannes Koch, assistente
de Melanchthon40• Além disto, Melanchthon tomava jovens estudantes para mente, c
dentro de sua casa. Ele o fazia, acima de tudo, por razões financeiras - deles, ?\1elanch:"-. -~ : -_
não sua, pois Melanchthon e sua esposa eram completamente avessos a agir certo qL:e e.õ:::. _:
com vistas ao lucro e ao ganho material. E Melanchthon recebia os estudan-
tes por razões pedagógicas. Ele tinha a opinião que cada estudante deveria curso dos ares
ter um mentor pessoal. Em sua schola domestica, Melanchthon instruía os exemplo da n-~,;:.:
jovens especialmente no Grego e Latim, e ao lado da leitura compreensiva, vente passagC'~""."": :- - - --

ele os envolvia ativamente na prática da língua enquanto eles escreviam sacio, uma n: - -'
poesia. e encenavam come'd'Ias I'atmas 4] . descreve: "\jj~"-:, " -= -

levantava as cr 2 .• _. _.
Todas estas pessoas tinham de ser cuidadas. Embora as habilidades
palavras e enSl::2:·_
culinárias de Katharina tivessem seus limites, ela sempre estava pronta para
freqüentement::; rei: ':':'.
administrar a família que sempre crescia. Era conhecida por sua generosida-
devido a probieIL:s:
de e bom coração e deve ter visto que ao mesmo tempo esta delicadeza era
lhos em Frankfurt-s: :::-
colocada em bom uso. Realmente, ela compartilhou estas características com
poso, ela sofreu:: __;;: ,_-
seu esposo - por um lado, certamente esta foi uma das razões para o sucesso
sofreu grandemefl:e e-
do seu casamento e, por outro, para nunca apegarem-se à prosperidade.
fessar de Frankfur:' ~:
Quem quer que fosse a Melanchthon em necessidade ou aparecesse como
seu marido, enfra:;';; _
hóspede jamais era mandado embora por ele. A casa de Melanchthon tam-
sobre ele. juntam;;-r-:e :.-
bém servia em círculos escolares como um "refúgio geral para atribulados e
dito requeria uma: e-
tinha tambén:1 ITE: :.- - c

40 Koch veio de Ilsfeld e estudou em Wittenberg, começando em 30 de outubro


eu podena mCITe
de 1516. Em 22 de março de 1518, alcançou seu Bacharelado e foi recebido na casa "--' l~~.Jr· ,_.\~
"a ,,45 í'01l1
y. '1'"
de Melanchthon. Serviu alí por 34 anos. Em 1553, Melanchthon falou da morte de fraca e frágil. E -
Koch na Universidade com um fulúncio emocionado. Worms tomandc ~--
41 D r. M artm
. ~lreu, d e W'Jtten b'erg, sugenu-me que esta encenaçao
. -, ae com éd'Ias
rapidamente em
latinas na casa de Melanchthon não é historicamente certa. Sobre isto, veja Robert
Seidel, "Praeceptor comoedorum. Philipp Meianchthons Schultheaterpãdagogik im
42 CR 9:341, __
Spiegel seiner Prologgedichte zur Aufftihrung rêimischer Komõdien." Palestra dada
por ocasião de um simp6sio na Universidade de Leipzip: "Philipp Melanchthon adf1ictorum at e,,;;:-::.:- eu'-,
(1497-1560). Werk uu Rezeption in Universitat und Schuie bis ins 18. Jarühundert." 43 CR4:9S1,: ec- -_ ~

(Conferência realizada em 16-] 9 de janeiro de 1997.) Isto é semelhante àqueles Jo 16.21 afirman:::-: :-
13.19.
tipos de performances que não são feitas para o público e podem ser produzidas de
44 De Me]::r:'"
modo bem simples, não encenadas, porém realizadas mais à semelhança de aulas
dadas num tablado montado. 9:914; MBW-R 8:: S:
20 45 CR 1:855
-- .~._.~~=============';;;;;'--",".==~---~
....
~~:;:;!,

: - vinham vi-

necessitados, suas mãos ofertavam à maneira de uma despensa inesgotável
~ \ íe1anchthon
para o po bre. ,,42
_<30S mantido
~:h, assistente Não se sabe como Katharina cresceu nestes relacionamentos. Certa-
; :".dantes para mente, o início foi verdadeiramente difícil para ambos os recém-casados.
:-.:eiras - deles, Melanchthon chamou o dia de seu casamento de o "dia do ai.,,43Contudo, é
': :"essos a agIr certo que esta queixa - Melanchthon também denominou seu casamento de
: .: _ .2. os estudan- "nova servidão" - não foi resuitado da sua parceria incomum. De fato, no
:: . _:lante deveria curso dos anos, Filipe aprendeu a amar Katharina de maneira terna. Um
.-:n instruía os exemplo da mágoa que ele sofreu depois da morte dela está em uma como-
::·mpreensiva, vente passagem escrita dois anos mais tarde, em 1559. Olhando para o pas-
.ç s escreviam sado, uma mistura de tristeza e amor atravessa Melanchthon, como ele
descreve: "Minha esposa se enfada ... preocupa-se com toda a família; ela
levantava as crianças, cuidava dos doentes, aliviava minha dor com suas
,,3 habilidades
palavras e ensinava os pequenos a orar.,,44 Embora as coisas de sua saúde
- _'} pronta para
freqÜentem ente não fossem bem para ela desde meados dos seus 30 anos
." generosida-
devido a problemas com seu fígado, ela emprestava sua ajuda para seus fi-
__ 2li cadeza era
lhos em FrankfUli-sobre-o-Oder, Wittenberg ou Torgau. Junto com seu es-
_~2risticas com
poso, ela sofreu imensamente a sorte de sua filha mais velha, Ana [que
:ara o sucesso
sofreu grandemente em um casamento infeliz com Georg Sabinus, um pro-
: prosperidade.
fessor de Frankfurt). Katharina também dedicou amoroso cuidado para com
,,~2cesse como
seu marido, enfraquecido por todo o trabalho e responsabilidades colocadas
- :':1:hthon tam-
sobre ele. Juntamente com o cuidado normal, o problema estomacal do eru-
-' atribulados e
dito requeria uma dieta cuidadosa. Ao mesmo tempo, ele ocasionalmente
tinha também muito de uma boa coisa: "Ela [Katharina) sempre pensava que
.'-- 3G de outubro
eu poderia nlorrer de fOlTie se eu não estivesse recheado con10 Ulua lingui-
::bido na casa ça.' ·,45 (~>-,on1o ,
avanç.o aa . J cl
lG3Cle7P
Katharlna nao temIa na d a rnaiS
•• -'.' . ao
1 que ticar
-

da morte de fraca e frágil. E ehl Dl0rn;,q COIDO desejara. Enquanto Filipe estava eiTI
Worrns tornando parte ern sua Úhirna grande discussão religiosa, eia faleceu
de comédias
rapidamente em 11 de outubro de 1557, sem demorar-se em seu estado aca-
veja Robert
_' ~1dagogik im
42 CR 9:341, nota de 12 de outubro de 1557: Fuit enim dOillliS eius commune
Palestra dada
- \;elanchthon adt1ictorum at egentium profigium, manus eius inhastum pauperum proptuarium.
J :.hrhundert." 43 CR 4:951; o editor de MSA 7/1, p. 96, no. 3, conecta esta referência escrita a
ê'nte àqueles
Jo 16.21 afirmando-a como pano-de-fundo e reporta-se novamente à queixa de Mc
13.19.
:- ::~cduzidas de
44 De Melanchthon para Johannes Dolzig em 11 de setembro de 1559; CR
_ - :-nça de aulas
9:914; MBW-R 8:383 (9054).
45 CR 1:855 (431); MBW-R 1,237 (523).
21
mado. Um velho amigo de Melanchthon, Joaquim Camerarius, entregou a sua fanii'.::; _
notícia a ele em 27 de outubro, vindo para Heidelberg, que tinha honrado o
Jenaporc _,O~ --,=."
estimado o velho cavalheiro. Melanchthon recebeu a notícia com serenidade.
\1;:::·· .. :· , ._
Apenas após dez semanas depois do sepultamento dela, ele foi capaz de des-
eITI seu ,.: __ --
pedir-se dela junto à sepultura, e logo depois disso, ele logo seguiria sua
esposa.
gicos da é:<::
Cuidados e preocupações acompanharam Melanchthon todo o tempo bato com·:'· .lfT ;:'- - •.
com uma porção de coisas que estavam sobre ele - responsabilidade por
misogenia, e:;c: ..:"::. .:;:-
várias outras pessoas, como novo cabeça da casa, como esposo e como parte lanchthon ,ia .:oCo -.

de um enfraquecido círculo de trabalho e troca acadêmicos. Nesta situação, quanto os hcT' e": e _-
.
ele foi sustentado diretamente pela infissuráveI confiança no cuidado e na siderasse a m:::e-
misericórdia de Deus, misericórdia esta que, cria ele, experimentara quando Buía o vaior e ... :
a mesma foi mediada também através de sua família.
parte da mara-- ....: _
Desta forma, Melanchthon lentamente cresceu em seu papel como pai para a família p~r r.:-~ __
e marido. Uma experiência importante e serena para este homem que certa- ele apelava para_~,_~
mente amava crianças foram os nascimentos de seus próprios quatro reben- para com o sexo
tos. As crianças desenvolveram uma crescente saudade do pai, que no daquele tempc .:.
freqüentem ente estava longe. Katharina deu à luz dois meninos e duas meni- mento como um Tt
nas; cada vez que concebia sua vida ficava por um fio. Houve Ana (nascida uma imagem do 2fT : :
em 24 de agosto de 1522), Filipe (nascido em 21 de fevereiro de 1525)46, mulheres é conced ..:., ,~-;:
Jorge (nascido em 25 de novembro de 1527)47, que morreu já aos dois anos relacionamento m:::r -- - ..
de idade, e Madalena (nascida em 26 de julho de 1531). Em numerosas car- incontáveis trisreZ::5. ::
tas, a preocupação de Melanchthon pelo bem-estar de seus filhos, bem como nos que sua prO;:T} :: _ -
a gratidão pela graciosa proteção dada a eles corre como um cantus jirmus estimulado por esta .:e: :er·;
através de seus pensamentos. Juntamente com os estudantes de sua schola plano para montar U:.: : :
domestica, as crianças eram as mais queridas em sua famíiia. Melanchthon das e que mantinI12r--'ô :-
não somente carregou-as em seus braços e balançou-as no berço lendo novos
livros, mas ele também adiaria uma viagem porque estava preocupado com o
uma criança febril. O progresso e o crescimeto das crianças também preocu-
pava o casa! cada vez mais, ano a ano. Foi típico o profundo sentimento de
saudade de Melanchthon com reiação à sua família durante a longa e tensa
estadia em Augsburgo em 153048. Em 1536, ele considerou a separação de
49 De Melancn:r: - : :r:
46CR 1:72653. (321): MBW-R 1: 184 (379).
MBW-R 2:238 (i -C:
50 De Melanch:'-:::-. : :-: F
47CR 1:91835. (486): MBW-R 1:283 (634).
MBW-R 1:184 (38C
48 De Melanchthon para Camerariu3, em 13 de agosto de 1530; CR 2:275; 51 CR3.1172
MBW-R 1:424 (1023).
22
52 CR 3.1 i':'~
_m ... ._.~

'. entregou a sua família com similar angústia quando a Universidade foi mudada para
--:,a honrado o
Jena por causa da praga epidêmica na Saxônia49.
", serenidade.
Melanchthon deixou suas próprias experiências pessoais ingressarem
:apaz de des-
em seu lado profissional - em várias opiniões escritas sobre casamento, em
segUIna sua
conselhos dados para a cura d'almas e em outras coisas sobre aspectos teoló-
gicos da ética matrimonial. Ele compartilhou com Lutero a rejeição do celi-
. todo o tempo bato como um estilo de vida obrigatório e ele disvinculou-se da tendência à
:;abilidade por misogenia, encontrada em alguns autores do Renascimento humanista. Me-
, : e como parte lanchthon via as mulheres como uma criação divina, valorizadas tanto
"< esta situação,
quanto os homens e igualmente herdeiras da salvação50. Ainda que ele con-
-:uidado e na
siderasse a maternidade como a principal obra das mulheres, ele não dimi-
.. entara quando nuía o valor e autoridade das mesmas. Ele acentuava a maternidade como
parte da maravilha divina da criação e requeria proteção para o casamento e
:-2pel como pai para a família por parte das instituições governamentais. Ao mesmo tempo,
-- em que certa- ele apelava para que os homens da época exercessem respeito e preocupação
, J,uatro reben- para com o sexo frágil e, deste modo, destoava claramente do ideal masculi-
e do paI, que no daquele temp05l. Ainda assim, apesar de todo o discurso sobre o casa-
õ· e duas meni- mento como um meio divino para a manutenção da ordem criada e como
e ,-'\na (nascida uma imagem do amor de Cristo por sua Igreja, realmente a nem todas as
e -,' de 1525)46, mulheres é concedido serem cuidadas e amavelmente protegidas. Antes, o
}OS dois anos relacionamento matrimonial poderia ser o lugar de humilhante amargura e
'o merosas car- incontáveis tristezas, como Melanchthon experienciou a partir de nada me-
:3. bem como nos que Slla própria observação da sorte de sua própria filha Anna. Bem
_,mtus firmus estimulado por esta percepção, ele esteve atarefado em seus 40 anos com um
2e sua schola plano para montar uma coleção de exemplos de mulheres que eram destemi-
\ [elanchthon das e que mantinham-se em pé diante do desespero52.
lendo novos
Dado com o
_""o,' em preocu-
:::"cimento de
. -nga e tensa
c:;,paração de
49 De Melanchthon para Jakob Milichius, em 19 de fevereiro de 1536; CR 3 :44;
MBW"R 2:238 (1703).
50 De Melanchthon para Philipp Eberbach, em 6 de março de 1525; CR 1:591;
MBW-R 1:184 (380).
CR 2:275; 51 CR3.1172.

52 CR 3.1173.

23
Amizade
cujo reLi'::,'" eu ~
o ideal humanista de amizade se distingue fundamentalmente do ideal Contro\é~;:
que prevaleceu mais tarde, acima de tudo de relacionamentos entre pessoas crger ( i'.; .--- ••
dominados pelo romantismo e fortemente emotivos. Pensadores humanistas lfder.2;'. ,
destacavam acima de tudo representações clássicas como em Aristóteles e Witten,~c;~~
Cícero: apenas aquilo que é estabelecido com base no bem ou com base na rY-1iguel \
virtude é permanente e merece ser chamado "amizade.,,53 Ambos os amigos tàmilia um es: ":c
querem este relacionamento e se tomam iguais nele. A interação básica ou de Esmakakie
fundamental é estabelecida de acordo com a lei áurea: amigos deveriam se
Ali
conduzir em relação a amigos assim como eles por sua vez gostariam de ser
brincadeira .
tratados. Para uns poucos autores humanistas, "amizade" é uma expressão de
malS Jovem .. ::::
humanitas ou "humanidade," através da qual brilha a imagem de Deus dada
ao homem. Mas quando o assunto são os laços de amizade, por mais que as
educaçãc'! ern f
Lutem. Ele 1'e8'::
diferenças sociais, de relações de sangue, e de gerações possam ser ignora-
ção inicial sobre 3. ... '
das, uma atitude hostil em relação a mulheres, casamento e família frequen-
tara 21 anos: "\ L:--
temente ainda está ligada a este ideal54•
nos declaramos J.f
Melanchthon é parcialmente influenciado por esse alto ideal de ami- em sua pessoa.
zade. Mas ele não compartilha as noções auto-redentoras e divinizadoras tamos todos mara'.
sugeridas em escritos renascentistas. É verdade, no entanto, que ele aprecia- da teologia escola;:T:'
va o ideal de amizade da igreja antiga e dava valor a contatos sociais refina- brilha que tenha r:-,:s "
dos com pessoas educadas e com cujas idéias ele se identificava, embora o Quem quer que (' j,;o;'
relacionamento com sua esposa e filhos fosse sacrificado por causa disso. Deus."
Por quanto mais tempo e quanto mais estas amizades eram atacadas por pre-
Em principi,."
ocupação, dificuldade, e "Angst", tanto mais elas também se caracterizavam
pe Melanchthon "lTe
por confiança na graça e misericórdia de Deus, particularmente por suas
Em outro lugar lei
ações que sustinham os amigos e colegas ocasionalmente ausentes. O círculo
comentário de Rcy
de amigos, que compartilhava com Melanchthon tanto os tempos perturba-
como também a C
dos por "Angst" como os tempos de confiança, incluía Joaquim Camerarius
(1500-74) no topo da lista. A correspondência com ele oferece numerosos 55 Por causa di S-':'
relances que revelam o íntimo de Melanchthon e o seu estado de espírito. Mix, "Luther una \i~ ~
Entre outros amigos em torno de Melanchthon-incluindo aqui alguns que Sludien und Krin',·
ele perdeu e outros novos-se encontrava João Agricola (1492/94-1566), chthon", p. !21-1~::,
jált der Lehens,\ i! ,i.'
318.
50 Para o m.:;;, _
53 Heinz-Horsch Schrey, "Freundschaft", TRE 11:591-599.
54 Gregor Muller, Bildung und Erziehung im Humanismus der italienischen Re-
ghans, "Melanchth,-'
naissance Grund/agen-Motive-Quellen (Wiesbaden, 1996), p. 3ss. lima palestra pr()r~:
24 Hni\'ersário de n::><

~
.-.----------õ
1e
e
~
II
cujo relacionamento se rompeu por causa de suas posições irreversíveis na ~
~
~,te do ideal
Controvérsia Antinomista. Havia ainda o colega de Wittenberg Caspar Cru- I
~-:;e pessoas ciger (1504-48), o médico Jacó Milicius (1501-59), Paulo Eber (1511-69), o
~
I
"llllnanistas
. c
líder cívico de NÜrnberg Jerônimo Baumgartner (] 498-] 565), o pregador de I
e

.:."ristóteles e Wittenberg Veit Dietrich (1506-49), e o síndico e prefeito de Nordhausen I!


_ :~m base na M iguel Meyenburg (1491-1555), que proporcionou a Melanchthon e sua
~
I
. : 'JS amigos família um esconderijo quando fugiam das tropas imperiais durante a guerra E
e
_. ~:--básica ou de Esma1calde. !i
: :everiam
--::riam de ser
se
Á ligação com I'v1artinho Lutero tem significado especia155. Em tom de Ii
brincadeira o velho Lutero muitas vezes chamava Melanchthon, que era I!
~:\pressão de
mais jovem, de graeculus, o "pequeno grego," uma alusão a sua insuperada
ii
_~ Deus dada
educação em íliologia. Ao mesmo tempo não havia limites para o louvor de
i
. mais que as !
Lutero. Ele reagiu com exagero apÓs ouvir a expressão de alguma preocupa-
ser Ignora-
ção inicial sobre a aula inaugural do professor de filosofia, que mal comple-
.lia frequen-
tara 21 anos: "Muito rapidamente olhamos além de sua aparência exterior e
nos declaramos afortunadaos, maravilhados com o que havíamos recebido
:;:al de ami- em sua pessoa. Quando ele é o professor de grego, eu não quero outro. Es-
,::'\inizadoras tamos todos maravilhados; ele se tornará o mais poderoso inimigo do diabo e
:c ele aprecia- da teologia escolástica ... Não há ninguém sobre a terra sobre quem o sol
:e lais refina- brilha que tenha tais talentos. Por isso vamos prestar atenção neste sujeito .
. _ a. embora o Quem quer que o despreze deve ele mesmo ser alguém desprezado diante de
. - :ausa disso. Deus."
::das por pre-
Em princípio, Lutero defendia seu Me!ancnthon: "A Apologia de Fili-
. .ôracterizavam
pe Melanchthon supera a todos os doutores da igreja, mesmo a Agostinho."
~nte por suas
Em outro lugar lemos isto: "Filipe escreveu bons livros." Olhando para o
C-:~S, O círculo
comentário de Romanos e de Colossenses junto com os Loci communes
::JS perturba-
como também a Confessio AugustaJW56 e a Apologia, Lutero disse isto sobre
Camerarius
c .:; 11 umerosos
55 Por causa da simplicidade de todas as instâncias individuais, consulte Gustav
de espírito. Mix, "Luther und Melanchthon in ihrere gegenseitigen Beurteilung," Theologische
alguns que Studien lInd Kriliken 74 (190 1): 458-521; também Scheible, "Luther und Melan-
-<>94- ] 566), chthon", p, !21-152; e Gerhard Ebeling, Luther's Seelsorge: Theologie in der Viel-
jált der Lebenssituotionen a/1 seisen Briefen dargeste!!t (TÜbingen, 1997), p. 266-
3 I 8.
5h Para o mais recente acerca de Melanchthon como autor veja Helmar Jun-
.o'nischen Re- ghans, "Melanchthon aIs wissenschaft!icher Sekretar der Reformation," (Esta foi
lima palestra proferida em conexão com o encontro acadêmico por ocasião do 5000
aniversário de nascimento de Filipe Mclanchthon, havido de 19 a 21 de março de
25
eles: "Estes são livros divinos." além da precisão no conteúdo, Lutero elogi- palavra de .:::--cc.
ou especialmente o talento de Melanchthon em questões de estilo: "Não "1'e lu.! ri1ç} I; ~~~.,
consigo reunir brevidade e clareza como Filipe o faz.,,57 esta
,
SUDstan.:'
No que diz respeito a Melanchthon, ele via sua conexão com Lutero
em termos de um modelo clássico: "Martinho é muito maior e digno de esperar.i __
muito mais admiração do eu posso descrever em palavras. Sabeis como AI- . '
cibíades admirava Sócrates. Assim eu o admiro, mas de maneira totalmente 19nor8.cL~':< ~ ;'=:~~n-: ~
diferente, num sentido cristão. E cada vez que o vejo, ele sempre parece
superar a si próprio." Já no seu primeiro ano em Wittenberg, Melanchthon esperança na - - .
compôs um poema, declarando a si mesmo envolvido na questão de Lutero e c,Ol?ffi.e,,'SIO.. .--i ,~~.-::

ele reforçou sua avaliação no seu testamento de 1539: "Dele eu aprendi o santa igreji1~:H:
Evangelho.,,58 Ele não escondia sua afeição: "Eu preferiria morrer do que ser avaliação de '- L __
separado deste homem.,,59 ponto não nes:
que valesse a ;-e- -
Freqüentemente, se explorou60 diferenças no relacionamento entre es-
deliberado perante
tes dois Reformadores ativamente envolvidos, especialmente aquelas que se
diz que tinham surgido durante os dias tensos em 1530 em Augsburgo.61 De De slla pane, ' 'e
fato, a primeira reação de Lutero ao rascunho da Confissão de Augsburgo de deles como estandc
Melanchthon deveria ser encarado positivamente: " ...aí eu não consigo pisar para Veit Dietrich
tão gentilmente e de maneira tão suave,,,Ú2 deveria ser tomado como uma menos grosselra-.:: ..
(para a graça). a I'::: e:: __
1997, em Bretten. Está planejada sua publicação para 1998, sob a edição de Heinz [sete] pecados n1:[',,; :=.

Scheible.) tudo isto. Mas os :;:~~


57 WA-Tr., no. 1649.
eles não percebem ..:::--
58 CR 3:827; MBW-R 1:473 (2302).
eles. Isto haveria d:: ::;
59 CR 1:160; MBW-R 1,72 (84); MBW I: 196, 97ss.
ama o moderado (3,:'
60 Erwin Mülhaupt olhou para diversos casos de teste na longa amizade entre os
dois. Primeiro, há um esforço de Lutero para colocar Melanchthon numa cátedra da mente65. Melanchth.'-
faculdade teológica em 1522. Então, há o casamento de Lutero em 1525. Finalmen- sentimento, no en '':::-'-
te, vem a estadia de Lutero em Coburgo em 1530. Wilhelm Neuser e Bernhard Lo- tário de Melanch:!-
hse tem comprovado as separações e fissuras em conexão com a Controvérsia
tradas várias af!; _~ _
Antinomista, envolvendo Agricola em 1527, na assim chamada Controvérsia Corda-
da de 1537, e durante os esforços para introduzir a Refol111ana fiel cidade católica posteriores citam;, .:c-.:. _

de Colônia em 1544. Veja isto resumido em Scheible, "Luther und Melanchton", p. I ivros do mestre f
]39-152.
publicados tante" e~;
61Veja Scheible, Afelanchlon und die Reformillion, p, !98-220; ReineI' Vinke,
"Luther auf der Coburg, Melanchthon in Augsburg und das Augsburger 6.1 Veja Hans R .... c-
Bekenntnis," Ebernburg-Hefte 30 (] 996): 53-73. ul/d :lufl-âl:::.e :::.u!'
62 WA-Br 5:319, 7ss. (Carta no. 1568; de Lutero ao Eleitor João. o Constante. 6-1 MBW-R ! "
de 15demaiode 1530.) ÚSCR3:38~.\1
26
~:. Lutero elogi-
palavra de apreciação. Um pouco mais tarde ele escreveu sobre o quanto-
-=ç estilo: "Não
"vehementer"--o texto o agradava. As sentenças que seguem confirmam
esta interpretação. Mas Lutero estava muito bem a par de diferenças
~".jo com Lutero substanciais que ele tinha com seu querido amigo e ele não compartilhava a
~or e digno de esperança de Melanchthon de que o documento iria efetuar resultados
~}beis como AI- políticos permanentes. Para Lutero um rompimento não poderia ser
_- ç ira totalmente ignorado, e para ele as diferenças [com Roma] se sobrepunham ao que
; ; sempre parece restava em comum63, Melanchthon, por outro lado, não queria perder a
-~-L Melanchthon esperança na unificação permanente e tinha formulado conscientemente a
;,:3.0 de Lutero e C01?fessio Augustana para que o acordo contínuo em fé e doutrina por uma
= ~'ç eu aprendi o santa igreja católica fosse claramente visível. Não há razão para duvidar da
:rrer do que ser avaliação de Melanchthon declarada em particular, que "nós ... até este
ponto não nos comprometemos com nada que Lutero também não pensava
que valesse a pena defender, quando o assunto era cuidadosamente
:;lllento entre es-
deliberado perante o Reichstag."ií4
':; aquelas que se
.
~,ugsb urgo. 61 D e
De sua palie, Melanchthon em momento algum viu o relacionamento
=ç A.ugsburgo de
deles como estando permanentemente rompido. Ele escreveu isto numa carta
JJ consIgo pIsar para Veit Dietrich: "Como você sabe eu formulo muitas coisas de maneira
-lado como uma
menos grosseira-a respeito da predestinação, o assentimento da vontade
(para a graça), a necessidade de nossa obediência (após a justificação), os
- ::: iOdição de Heinz [sete] pecados mortais. Eu sei que Lutero na verdade é da mesma opinião em
tudo isto. Mas os incultos amam demais as suas rudes formulações, porque
eles não percebem como elas todas se encaixam. Eu não quero me juntar a
eles. Isto haveria de agradá-Ios. Apenas deixe-me, como um Aristotélico que
~:::a.mizade entre os ama o moderado caminho do meio, de vez em quando não falar tão estoica-
, ~~numa cátedra da mente65. Melanchthon pode formular esta avaliação de boa consciência. O
1525. Finalmen-
sentimento, no entanto, já existia em 1529 no prefácio de Lutero ao comen-
':;; e Bernhard Lo-
. ~-' a Controvérsia
tário de Melanchthon sobre a epístola aos Colossenses, no qual são encon-
- - rrovérsia Corda- tradas várias afirmações doutrinárias, como aquelas que comentadores
":;[ cidade católica posteriores citam para distinguí-los. Lutem escreveu: "Eu considero ... os
\!elanchton", p. livros do mestre Filipe mais preciosos do que os meus e prefiro ver estes
publicados tanto em latim como em alemão ao invés dos llleus ... porque eu
. ReineI' Vínke.

6) Veja Hans Riickett. "Luther und der Reíchstag zu Augsburg", em Vortrdge

o Constante.
und A lIfl'Útze zlIr historischel1 Thc%gie (Tiibingen. !
1972), p. 108-136; I] 3-1 8.
6.\MBW-R 1:434(1053)
(., CR 3: 383; MBW-R 2:322 (1914).
27
nasci para guerrear contra a plebe rebelde e os diabos e sepultá-Ios, assim
za a ",'lua.,
meus livros são tempestuosos e belicosos. Eu tenho de arrancar os tocos e as
raízes, cortar os arbustos espinhosos e as cercas vivas, tapar os buracos, e eu
sou o rude lenhador que deve limpar e preparar o caminho. Mestre Filipe,
porém, pode então viajar ali de maneira limpa e tranquila, edificando e se tcrr:ç -,::

plantando, semeando e regando com prazer, de acordo com os dons66 que


Deus ricamente lhe deu.

Enfermidade e Morte eu canso Te:~iS.~'.,


eu conne~'c ~._:-:e -:;
Melanchthon era de pequena estatura, dando a impressão que sua ouve se eu ç~,
saúde estava sempre em perigo. Combinava um falar defeituoso com uma chthon Te:.:: t: ::-er -" __

voz doce. Numerosas cartas contêm admoestações que lhe diziam para tomar tinha melhora2:~
cuidado de si mesm067. A fraqueza de Melanchthon era diametralmente Wittenberg: "De' .
oposta à sua disposição no trabalho e seu tato nas negociações. Ele também ra de um aiefn5~" -

estava constantemente sobrecarregado no trabalho, não sem conseqüências. porque Mestre F , .. ,


Já desde sua juventude, sofria de insônia68 que aumentava especialmente Lázaro. Deus, o c_e- c, -

durante os tempos de tensã069. damos, sem o que


nossa vergonhosil ,,'
Apesar destas fraquezas físicas, Melanchthon nunca esteve seria-
na com seus i1!"l"i1l.:_S ~e
mente doente, embora no início do verão de 1540 tenha visto a morte diante
Menius durante c .,,~, -
de si: quando vieram as notícias a respeito dos Reformadores de Wittenberg
sendo vergonhosamente envolvidos no caso de bigamia de Filipe de Hesse, Finalmente. e""

Melanchthon foi a um encontro para um colóquio religioso em Hagenau. Ele com um forte re;;f'L.
sentiu-se altamente desconfortável e preocupado com o futuro da causa o instante decis:
evangélica. Em virtude disso, desmaiou em Weimar e ficou tão terrivelmente quanto ao prcgres::<_- --
enfermo que Lutero apressou-se a vir de Wittenberg. A devoção de Melan- !ogorum, louca f>
chthon é um modelo de fé que ele sustentou com uma inabalável confiança Agrícola e Flac· : -
na ajuda de Deus e com lamentos e petições reunidos em orações70. Acima d'IspOSlçao
. ~ mental . ~_~
de tudo, Lutero confortou seu querido amigo: "Sê corajoso, Filipe. Tu não seus escritos até :s~ 0:',_:,::
vais morrer. Deus certamente tem razão para matar, mas ele não deseja a perturbá-Ios por n':_ - ..
mente, e, pela graça ~e ~ .
claração da verda.]:: - _. :
66WA 30/11: 68,12-69, I.
67Para um exemplo, veja MBW-R 1:14,53,97, apenas para começar a lista. que ele me conceJ", ,. ,~
68 CR 1:729; MBW-R 1:265 (382); CR 2:240; MBW-R 1:415 (998).
69 Por exemplo, durante as negociações em Augsburgo em 1530; veja Scheible,
Melanchthon und die Reformation, p. 198-220; também MBW-R 1:377 (691).
70 Veja a documentação com WA-Br 9: 140-205 (3499-3519), 71 Citado em Pc...
28
. :,::nà-Ios, assim morte do pecador. Ele quer que a pessoa converta-se a ele e viva. Ele valori-
- .::r os tocos e as za a vida, não a morte." E Deus mostrou-se gracioso a Adão e Eva: "Muito
-5 buracos, e eu menos eu desejo perder-te, Filipe, muito menos deixando-te perecer em pe-
\lestre Filipe, cado e melancolia. Portanto, não dê lugar algum ao espírito de tristeza e n~to
c._ edificando e se torne seu próprio assassino, antes, confia no Senhor que mata e faz viver
os d ons 66 que novamente, que pode ferir e ligar, que pode derrubar e curar novamente." Ao
mesmo tempo, Lutero orou por ele: "Nosso Senhor Deus tem oferecido tudo
para mim, pois eu arremesso o saco diante da tua porta [esperando coisas) e
eu canso teus ouvidos com todas as promessas que só Ele pode aceitar e que
eu conheço diante de ti na linguagem da Santa Escritura, assim que ele me
~.r -~ssão que sua ouve se eu estou disposto a confiar em tuas promessas." Quando Melan-
': r.lOSO com uma cht1100recuperou-se, sua voz ainda falhava. Mas poucas semanas depois, ele
- =.lm para tomar tinha melhorado notoriamente, Lutero escreveu para sua esposa, Katie, em
. _ .::,Iametralmente Wittenberg: "Devoro-me como um boêmio e como excessivamente a manei-
__>:5. Ele também ra de um alemão, tudo em ações de graças a Deus. Amém. Isto acontece
: -' ~onseqüências. porque Mestre Filipe estava verdadeiramente morto e levantou-se como
_ ]. especialmente Lázaro. Deus, o querido Pai, ouve nossas orações para que vejamos e enten-
damos, sem o que jamais creríamos, de modo que ninguém diga amém para
nossa vergonhosa infidelidade." Depois de três semanas, Melanchthon viaja-
. r 2 esteve seria-
ria com seus amigos de Wittenberg para Eisenach, onde ficou com Justus
:_1 morte diante
Menius durante o mês de julho. No início de agosto, retomou a Wittenberg.
de Wittenberg
-: 5

_: ::-lipe de Hesse, Finalmente, em 1560, Meianchthon voitou de uma viagem a Leipzig


;;",1 Hagenau. Ele com um forte resfriado. "Angst" e confiança estavam renovados, construindo
~_ituro da causa o instante decisivo que marcou seus comentários finais. A preocupação
:~o terrivelmente quanto ao progresso da Reforma evangélica foi reforçada pelos motes theo-
__ :ção de Melan- logorum, louca fúria dos teólogos Melanchthon referia-se especialmente a
<-

:.\ivel confiança Agrícola e Flacius - e ainda assim, Melanchthon roi capaz de mudar sua
- -açoes.
- 70 A cIma
. disposição mental quando escreveu confidencialmente: "Deixei-os manter
_ Filipe. Tu não seus escritos até satisfazerem-se, deixei-os fazer o que queiram; não vou
~ e não deseja a perturbá-Ias por muito mais tempo. Quero, entretanto, ensinar diligente-
mente, e, pela graça de Deus, os jovens poderão levar adiante a simples de-
claração da verdade. Farei isto enquanto viver, e também implorarei a Deus
_ .'-c"çar a lista.
que ele me conceda um final feliz.,,71
~~8).
: : :'. veja Scheible,
:--(691).
7\ Citado em Pauli, Phillippus. Ein Lehrer fÜr Deutschland, p. 306.
29
Melanchthon conseguiria isto. Cercado pela família de sua filha Ma- lado de Lu:;:-,~
dalena, que tinha reunido numerosos outros neto,s e parentes, Melanchthon
morreu na sua casa em Wittenberg em 19 de abril de 1560. Sobre uma folha
de papel, escreveu porque ninguém deveria temer a morte: "V ocês serão Alcançar .:: __
libertos do pecado. Serão livres de toda fadiga e tribulação e da fúria dos telecttLils':'2 -:-'-;.- ..- ~ _.
teólogos. Irão para a luz, diante de Deus, ver o Filho de Deus. Aprenderão
todos os surpreendentes segredos que não somos capazes de compreender
nesta vida: por que fomos criados assim, o que nós somos, e em que consiste suaposi:~àc ~::;::---
a união das duas naturezas de Cristo."n crutar o cam 'T'~:.: ~~:.:

Neste ser~
Sumário
poderíamos U5"é "_
tal domínio d: ~:'--e: -'õ
Estamos no final de nossa olhada sobre Melanchthon como um ho-
.
precIsa d"elendeé
' 5'_.', ::', .~.
mem do século XVI. A questão de se também o seu exemplo pode ou não
mente, perscrütar: :".
ser um modelo para nós é deixada para nosso juizo subjetivo. Sua modéstia e
a maneira como os pesquisadores modernos voltam-se ao caráter multi- Ademais, \le2:.-.-
facetado de Lutero tem feito que Melanchthon seja encontrado sempre no não pode ser de iLO~, - e- c

segundo plano de consideração. Ainda assim, o que segue aqui permanece evangelista da igreja. - - o õ

certo. estudar Teologia será •. e:


tualidade.
Melanchthon foi um dos homens mais inteligentes de sua época ou
mesmo até hoje. Ele tinha um controle magistral sobre o conhecimento cole- Finalmente. \le :-:""
tivo de seu tempo, e trabalhava com enorme rapidez e eficiência. Mas co- intensivamente refler:c o . _.

nheceu o poder dos sentimentos, emoções e paixões. Não era alguém sem "Angst" e confiança. De _-
emoção, antes, conhecia os limites do intelecto. necessidade e a pree _~::.:.:~:
incapaz de agir, ante;: -',
Freqüentemente, sua habilidade para construir pontes através da mo-
misericordiosa e gnc
deratio73 foi tomada como sendo negativa por aqueles que consideram-se do

CR 9: 1098 (6977); MBW-R 8:470 (9299).


72 denúncia e a acusaç~c
Nota do tradutor: Moderatio não se refere a uma característica de caráter pes~
73 primeiro uso, sua
soal em Melanchthon, mas é um termo técnico que descreve sua aproximação num abordagem. As tendê", .:..::':"=
debate ou discussão. De fato, às vezes ele podia ser temperamental em sua lingua- evidentes, ret1etindo ;:e~c ~ : :.
gem, não obstante geralmente ele pensasse que a polêmica resultasse pouco positiva treinado classicamen:= ..
e apenas tendia a endurecer as posições. Lutero daria livre curso a sua ira na espe- istofoiummei0r-~"_ .... n •• _

rança de que a Lei, no seu segundo uso, faria seu trabalho - o debate com Erasmo, que conquistaria urn G;:,~. ': 7
por exemplo - enquanto Melanchthon tentava persuadir as pessoas por meio de uma diaistodemododif:f:'.::: :.
afirmação refletida e refreada do caso ao invés de explodir com palavras ásperas. verdade meramente p2:~ _ : ~~"
Parece que ele preferia usar a Lei como uma barreira, impedindo que as pessoas que çõcs de Melanchth,x: '
estivessem vacilando na beirada, prestes a naufragar, chegassem ao ponto no qual a m.oderado de modo J. c-_
30
----~~=======---==========';=

';- sua filha Ma- lado de Lutero como verdadeiros teólogos, sendo inequívocos, confessionais
;::. \lelanchthon e fazendo afirmações rígidas. Agindo assim, poupavam-se de ter de refletir
~:':Te uma folha sobre as razões de suas próprias posições e sobre o que os outros pensavam.
"v ocês serão Alcançar a conciliação requeria um grande esforço mental que somente in-
~ da fúria dos telectuais da estatura de Melanchthon eram capazes de alcançar. Poderíamos
_ ;: _5 Aprenderão usar mais isto como ele o fez. Sua compreensão perspicaz e seu domínio dos
~;- compreender assuntos fê-Io seguro consigo mesmo de modo que não precisava assegurar
;: ;I-:J que consiste sua posição obstinadamente, antes, com sua paciência reta, ele pôde pers-
crutar o caminho para chegar à conciliação.

Neste sentido, Melanchthon é um exemplo do tipo de pessoa de quem


poderíamos usar mais. Quem quer que tenha uma compreensão aguda e um
tal domínio do conhecimento ao ponto de estar seguro de si mesmo, não
" .::omo um ho-
precisa defender sua posição obstinadamente, antes, pode, com clareza de
:': pode ou não
mente, perscrutar o caminho para a conciliação.
Sua modéstia e
.::aráter multi- Ademais, Melanchthon é um tipo de figura na história intelectual que
"}do sempre no não pode ser de modo nenhum ignorado. De fato, permanecerá como um
:.:jUl permanece evangelista da igreja, pois ele é um dos pais. Não importa quando e onde, o
estudar Teologia será medido em relação aos seus escritos e nisto há espiri-
tualidade.
~ sua época ou
. ',ecimento cole- Finalmente, Melanchthol1 empreendeu tudo isto graça a uma piedade
.' : hcia. Mas co- intensivamente refletida, que é encontrada no Praeceptor Germaniae, entre
era alguém sem "Angst" e confiança. De um lado, ele percebeu sensivelmente o problema" a
necessidade e a preocupação de seus semelhantes. Por outro lado, não foi
incapaz de agir, antes, por causa de sua confiança inabalável na devoção
:: através da mo-
misericordiosa e graciosa de Deus, ele prosseguiu no caminho posto perante
: .:' :-,sideram-se do

denúncia e a acusação fossem necessárias. Embora isto talvez não seja puramente
, de caráter pes-
: c: primeiro uso, sua aplicação da Lei em tais casos realmente parece tàvorecer esta
:'oximação num abordagem. As tendências diferentes nos dois Reformadores freqUentemente são
:c: em sua lingua- evidentes, refletindo perspectivas e aproximações variadas. Para o Me!anchthon
. ,;- pouco positiva treinado classicamente, moderatio não era fraqueza ou desistência. Ao invés disso,
, 'J3. ira na espe- isto foi um meio ponderado de alcançar os outros, buscando a linguagem e a posição
~\e com Erasmo, que conquistaria um oponente e que ainda assim fosse fiel à verdade. Eie compreen-
::x meio de lima dia isto de modo diferente do que comprometer-se, ou seja, abrir mão de pontos da
::~:avras ásperas. verdade meramente para chegar a um acordo. Outros podem discordar das avalia-
: _;- :lS pessoas que ções de Melanchthon, mas assim como ele compreendeu o assunto, o fato de ser
~·:'ntono qual a moderado de modo algum liquidou sua integridade.
31
ele. Isto é genuinamente visto não somente nas cartas e encontros pessoais, o SOFRDIE'-TC
mas esta atitude ou postura também flui para dentro dos escritos teológicos,
dos conselhos políticos, e não menos no docume~to confessional central da
da igreja evangélica, a Confessio Augustana. Mais do que Lutero, Melan-
chthon teve. sucesso em moderar sua personalidade, e ele deixou-nos a men-
sagem evangélica da salvação de Deus que nos beneficia em todas as
situações da vida: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?"

"Sofrer", pala'. r;: ..


no cotidiano de cada se-· ..
cial na vida de CrisTc, ~
sofrimento é presença ::~_'_::,
sofreu? Por que os cr',~:: ~_
positivo em seu sofrir,-:;

I HINÁRIO LLTER~~"C
Ende - Benjamin Praetcr:.s
2 LUTERO, MarÚ.h: Cri
critos de 1520, V. 2, S::: :..;. r-r
J Idem, ibid., p. 29
<1
I'd em, 1'b'd
I '; V, ..
; ;: ;-. -
sua vida sobre a verd3::e -::. r::'
exemplo, radicalmente ::::
32 mão de Deus tamben', ;-:
:~ 2S pessoais, o SOFRIMENTO DE CRISTO E DOS CRISTAOS
.:s teológicos, NA TEOLOGIA DE LUTERO
central da
l:ero, Melan- Paulo R. Teixeira
: .,-nos a men-
~m todas as "Era desprezado e o mais rejeitado
entre os homens; homem de dores e
que sabe o que é sofrer ... pelas suas
pisaduras fomos sarados."
(Is 53.3,5)

Sê fiel até à morte,


luta com real valor,
tnesmo sendo a tua sorte
sofrimento, aperto e dor.
aflição irá passar~
1--\

não se pode comparar


com a prometida glória
, , . ,.
aos que alcançam a vltona.
I

INTRODUçAo

"Sofrer", palavra triste. Termo que evoca uma realidade cruel presente
no cotidiano de cada ser humano desde a queda em pecado2. Realidade espe-
cial na vida de Cristo, o "príncipe dos sofredores,,3. ConseqÜentemente, o
sofrimento é presença marcante também na vida dos cristãos4• Por que Cristo
sofreu? Por que os cristãos sofrem? Deveriam realmente sofrer? Há algo de
positivo em seu sofrimento? Qual o maior consolo no sofrimento?

I HINÁRIO LUTERANO, hino 320, primeira estrofe. Sei getreu bis na das
Ende - Benjamin Praetorius (1636-1674), Trad. Rodo1fo Hasse.
2 LUTERO, Martinho. Obras Seleciona das - O Programa da Reforma - Es-
critos de 1520. V. 2, São Leopo1do/Porto Alegre: SinodaI/Concórdia, i989, p. 28.
J Idem, ibid., p. 29.
4 idem, ibid., v. I, p. 50. Lutero manteve um ferrenho combate teológico em
sua vida sobre a verdadeira perspectiva do sofrimento do cristão. Discordava, por
exemplo, radicalmente dos teólogos da "glória", que eram incaazes de perceber a
mão de Deus também no sofrimento.

-------------------
33

.•_---]
_ ..
No presente estudo, pretende-se dar uma visão geral, ainda que su-
cinta, de como o Dr. Martinho Lutero abordava o "Sofrimento de Cristo e
dos Cristãos" em sua teologia. E o Reformador tem muito a dizer aos cris- .' ....
leOlU2l3
tãos. Ele próprio sofreu muito em sua vida e, ainda mais do que isso, estudou
profundamente a questão do "Sofrimento" nas Sagradas Escrituras, da qual
também tirava todo o consolo necessário para prosseguir em sua caminhada.

Diante de tudo o que poderia ser dito acerca deste tema, as limitações
desta pesquisa são imensas. Almeja-se, no entanto, que o estimado leitor
encontre aqui a motivação para ler mais Lutero e maravilhar-se com a sua
maneira de expor e aplicar a Palavra de Deus com vistas à salvação e à cura
d'almas. Deseja-se, igualmente, que este humilde estudo possa ser algo mais •
~.- -- - - --.
·-- --"'--
-~ _ ••• ~. "o

do que meramente acadêmico, mas que possa, além de esclarecer, também


consolar e trazer paz aos cristãos mesmo em meio ao sofrimento. Que paz?
A verdadeira paz em Cristo. corno

I. LUTERO, UM HOMEM QUE SOFREU EM SUA VIDA

A certa altura de sua vida, Paulo, o grande "Apóstolo dos Gentios", trec h.os da Iamu~2.
~ .. -;::

quase que num desabafo aos coríntios que contestavam a validade de seu
ministério, relembrou-Ihes o quanto ele próprio já tinha sofrido para que eles
e muitos outros pudessem ter recebido a Boa-Notícia da salvação em Jesus.
pre:'~. __
n

o
Isto pode ser verificado em I Coríntios 11. Paulo foi um homem que sofreu iâU
grandemente pela causa da propagação do Evangelho de Cristo.
À semelhança do apóstolo, muitos outros cristãos também sofreram,
."
.-< -=:.
.....•..•......
-, -.
'- ~~----
--
-,~ -

sendo alguns até mesmo martirizados. Um desses cristãos, digno de nota por
causa da obra que Deus operou através dele, foi o Dr. Martinho Lutero.

Tendo nascido numa época quando o amor gracioso de Deus ofereci-


4-"': 1 __ •
.•.!"-' -"- ~ - ~
do em Cristo estava eclipsado pelo Papado Romano, propagador da pesti-
rnam
lenta doutrina da "justificação pelas obras", muitas e muitas vezes Lutero foi
lnlUS::-~ =--'
oprimido pelos horrores que tal ensino falso causava a todas as pessoas do
5
seu tempo.

5 LUTERO, Martinho. Pelo Evangelho de Cristo. Porto Alegre/São Leopoldo:


ConcórdialSinodal, 1984. pp. 75ss. Um documento de Lutero muito especial neste
pertence é o tratado "À Nobreza Cristã de Nação Alemã, Acerca do Melhoramcnto
do Estado Cristão." Neste documento Lutero idealiza figuradamente a queda dc exclusividade do Papl ::.: - :.
der convocar Conc';,~s
"três muralhas" heréticas medievais: a. a da Igreja estar acima do Estado; b. a da
dOUtrina.
34
.o:1da que su-
Não obstante tal opressão vinda da parte de poderes humanamente de-
de Cristo e
veras mais fortes que o frágil monge de Wittemberg, mais tarde "Doutor em
= zer aos cns-
Teologia", por causa do Evangelho e da verdade da justificação pela fé, Lu-
estudou
~ . SSO,
tero levantou sua voz contra as heresias reinantes na Igreja Romana do séc.
__ - ~jras, da qual diante de si UIn carn.inho de
XVI, E assnn corno Pau1o) L,utero tanlbérn
: :: .::aminhada.
a ern. beneficio de todes aqueles que suas mentes
::. }s limitações atribuladas pelo ~'-monstroda incerteza".
~õ'jmado leitor
processo Lutero foi levado a padecer muito e, no
- --õe com a sua
talT1bérn a consolar os c.ristãos sofi'edores de
: .o.ação e à cura
peh1 e a senda para que
.::ser algo mais mesrno no seu "PrefácIo ao Pri-
.-e:.:er, também ~l;rn.t;da Lutero escreveu
ento. Que paz?
a urn ano de seu passanlento)
ceDI0 nomenl rnaduro (lue ccnn sensatez e equilíbrio) os pontos altos
de sua vida. ~A.líestá descrito urn pouco do sofriTüento pelo qual a ~onsciên-
cia de Lutero passou e corno Deus foi bondoso para com ele. Eis alguns
dos Gentios", trechos da famosa "Experiência da Torre":
:.:!idade de seu
Entrementes, naqueie ano [1518], eu me pusera novamente a
para que eles
= .~.
elaborar uma interpretação dos Salmos. Sentia-me melhor
~\çãoem Jesus. preparado depois de ter tratado em preleções as epístolas de
."em que sofreu Paulo aos Romanos, aos Gálatas e aos Hebreus. Eu fôra to-
mado por uma extraordinária paixão em conhecer Paulo na
Epístola aos Romanos. Mas fazia-me tropeçar não a frieza
~ ",Jem sofreram,
de coração, mas uma Única palavra no primeiro capítulo; "A
;no de nota por
justiça de Deus é nele revelada."(R.rn 1.17) Isso porque eu
>~.Lutero.
odiava esta expressão 'Justiça de Deus", pois o uso e o cos-
= e Deus ofereci- tume de todos os professores me havia ensinado a entendê-Ia
= _ ;ador da pesti- filosoficamente como justiça formal ou ativa (como a cha-
. ezes Lutero foi mam), segundo a qual Deus é justo e castiga os pecadores e
injustos. Eu não amava o Deus justo, que pune os pecadores;
. '.:, as pessoas do
ao contrário, eu o odiava. Mesmo quando, como monge, eu
vivia de forma irrepreensível, perante Deus eu me sentia pe-
cador, e minha consciência me torturava muito. Não ousava
c ;-e São Leopoldo:
ter a esperança de que pudesse conciliar a Deus através de
:0 especial neste
:, \1elhoramento
exclusividade do Papa Romano em interpretar a Bíblia; c. a de somente o Papa po-
ente a queda de
Estado; b. a da der convocar Concílios e, na ausência destes, poder decidir arbitrariamente sobre
doutrina.
35

[ _..iI _--------------!I!!II!I!!I!!!!I!!II!I!!I!!!I!I!!I!II----
minha satisfação. (...) Aí Deus teve pena de mim. Dia e noite
fora-da- lei ,': ~.. ,.
eu andava meditativo, até que for fim observei a relação en-
tre as palavras: "A justiça de Deus é nele revelada, como
está escrito: o justo viverá por fé." Aí passei a compreender onde penc-:::--;ô: :: ';ô' ::-
a justiça de Deus como sendo uma justiça pela qual o justo optou ~;r;ô;::'
vive através da dádiva de Deus, ou seja, da fé. ( ...) Então me tendo c:
- '
senti como que renascido, e entrei pelos portões abertos do queStiL: ~.: ó.::
próprio paraíso. Aí toda a Escritura me mostrou uma face 50S de sua :::::.
completamente diferente. (...) Assim, de fato esta passagem
igualmente .:L~". ,.
de Paulo para mim foi a porta do paraíso.6
Santa do ane se: -=" = -

E tendo sido consolado pela -verdade do Evangelho e defendendo esta se em coment2~ ;ô

verdade mais que a própria vida, Lutero foi alvo de inúmeras perseguições mente dito à \i,~.-.
por parte do Império e da Igreja Romana. Mas, nem por isso, desistiu de e se refi ita so Or;:
proclamar o sola gratia, solafide e sola Scriptura.
Em primei:. ,::-,,-
Foi justamente passando por experiências amargas que Lutero tam- do Salvador na pe:rs;-::.
bém aprendeu mais e mais o que é sofrer. E também foi estudando as Escri-
turas que Lutero descobriu o consolo certo para o seu sofrimento e o de .. ' '-- ; ,.
todos os demais cristãos. Tal consolo reside exatamente no fato de também o toda

Senhor Jesus Cristo ter sofrido voluntária, inocente e obedientemente por menL: :: ;ô ,

toda a Humanidade a fim de libertar os seres humanos do pior sofrimento, o


etern07.
Além disso, pr:: __::
No próximo capítulo verificar-se-á mais de pelio como Lutero via e
histórica, mas não p':~;ô _
relacionava o "Sofrimento de Cristo e dos cristãos".
nada mais; seu sofri r:':::'
lI. O SOFRIMENTO DE CRISTO habitou entre os home::~ó "
os pecadores por anwr :: 'C :::

Era época de Quaresma no ano de 1530. Lutero havia sido declarado


proscrito pelo Imperador algum tempo antes. Isto significava que qualquer Ap::<
pessoa tinha o direito de ceifar-lhe a vida, haja vista ser ele um herege e um prIme'"
De\e:c, ..

tudo e--
6 Idem, ibid., pp. 30-31_
7 LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas - Os Primórdios - Escritos de
1517 a 1519. V. I, São Leopoldo/Porto Alegre: SinodallConcórdia, 1987, p. 252.
8 LUTERO, Méln
Lutero tem aqui registrado um estudo muito curioso a respeito da "Contemplação do
Sofrimento de Cristo". Tal atitude, a contemplação, era comum na Idade Média ConcÓrdia/Sinodal, 1CiS.:
9 Idem, ibid., p. ::"J-
desde os tempos de Clarava!. Lutero, todavia, pede que não se medite apenas na
10 OBRAS DE \1.\I\! "
forma externa do seu sofrer, e sim no porquê Cristo teve de sofrer e o que seu sotÍ'i-
mento resultou aos cristãos. Martín Lutero, Buenç;, \
36 II Idem. ibid .. p. ,,-
'11 Dia e noite
. - '; a relação en- fora-da-Iei no veredicto do Império8, Mesmo perseguido, Lutero não se ca-
: 'ç',elada, como lou e proclamou o Evangelho de forma magistral na cidade de Coburgo,
'-:} ~ompreender onde permanecia refugiado. Alí, para o culto matutino do dia 6 de abril,
J

, -: .i qual o justo optou pregar "Um sermão sobre Sofrimento e Cruz,,9. Nesta mensagem,
...) Então me tendo como ponto de partida o sofrimento de Cristo, Lutero analisou a
--:';;s abertos do questão do sofrimento do cristão, sendo este um dos documentos mais valio-
',~rc'u uma face
sos de sua teologia atinente a tal questão. Outro destes sermões de Lutem,
~Sla passagem
igualmente digno de nota, é o que o Reformador proferiu na Sexta-Feira
Santa do ano seguinte, em 153 i 10. Neste segundo sermão, Lutero esmerou-
, ~::rel1dendo esta se em comentar e aplicar de modo prático o sofrimento de Cristo propria-
:'~:', perseguições mente dito à vida cristã. Tendo como base estes dois sermões, que se aponte
::~', desistiu de e se reflita sobre alguns pontos.

Em primeito lugar, é importante observar que Lutero vê o sofrimento


,c: Lutero tam- do Salvador na perspectiva de Lei e Evangelho, como diz:
c'ndo as Escri-
'nento e o de ...Cristo nem tinha necessidade deste sofrimento, mas nós e
., de também o toda humanidade é que precisávamos de semelhante sofri-
temente por
c: 11 mento; ele quer ser um presente, a nós oferecido e dado por
- 'r sofrimento. o pura graça e misericórdiall.

Além disso, para Lutero o sofrimento de Cristo é inconteste realidade


Lutero via e
histórica, mas não pode ser pregado apenas como uma "história passada" e
nada mais; seu sofrimento tem conseqÜências eternas. O Verbo de Deus
habitou entre os homens (Jo L! 4) e participou dos mesmos sofrimentos que
os pecadores por amor a eles. E como foi extremado o seu sofrer!
s ido declarado
que qualquer A paixão de Cristo deve ser contemplada de suas maneiras:
,'I i1erege e um
primeiramente como história, tal como acabamos de lê-Ia.
Devemos saber que temores e tormentos ele sofreu, antes de
tudo em seu coração, mas muito mais em seus membros.
" - Escritos de
1987, p. 252.
8 LUTERO, Marlinho. Pelo EVllngelho de Cristo. Porto Alegre/São Leopoldo:
~.':'têmplação do
":1 Idade Média Concórdia/Sinodal, 1984, p. 298.
~2\te apenas na ') Idem, ibid., p. 297.
III OBRAS DE MARTíN LUTERO. v. IX. Comisión Editora de Ias Obras de
que seu sot"ri-
l\lartín Lutero. Buenos Aircs: La Aurora, 1979. pp. 6755.
II Idem, ibid., p. 67.
37
Não houve nele nem uma veia sequer que não fora invadida
e traspassada pela mais amarga dor.12
que Lutero Jté:;, ~ .:- _
homens S3.l":, ',', ,- - ~--"Ó
Prosseguindo em sua exposição, na seqüência do Evangelho, Lutero
Lutero sob;-" '" ::-~~~ :;"
afirma que o primeiro sofrimento que Jesus sofreu nos seus últimos mo-
justamente n,: ,'c-- :;: :
mentos tocou-lhe a alma e processou-se no Jardim do Getsêmani. AIí, Sata-
b'b]'
I Ica em Si. a çr. H~Ó'~
nás o impeliu quase ao desespero pelo vislumbrar da morte que o aguardava,
frimento e \!tórl'" ~e e:
arrancando mesmo lágrimas de sangue do seu rosto. Mas, apesar disso, Jesus
foi vitorioso. Eis como Lutero articula isto:

E este mesmo diabo agora ataca também, no jardim do Get-


sêmani, a Cristo, e nele, a nossa carne e a nosso sangue, e
deseja envenená-Ia da mesma maneira que no paraíso. Ele
sare: ..:
até consegue que Cristo transpire gotas de sangue, Mas aqui
mesmo, Cristo despoja o diabo de seu poder. Ninguém ja-
istCl se := c-

mais conseguirá explicar esta luta com palavras suficientes,


o fate -
nem nos livraremos jamais do assombro diante do fato de
causa.
que Satanás, o príncipe deste mundo, que envenena a todos
impÔs
os homens sobre a terra, que este Satanás saia daqui perde-
dor. Pois aqui não se lhe coloca diante do nariz a um anjo,
sim t·e·-·
senão verdadeira carne e sangue os quais ele já havia venci-
cer.
do antes, no paraíso, quando esta carne e sangue ainda esta-
vam sãos e eram fortalecidos pela Palavra de Deus, Por isso,
E Lutero vai m","
o diabo pensou: Que resistência poderá opor-me esta débil
vencer o diabo, a morte e -
carne, sujeita à morte? Daí que no Getsêmani, sem dúvida, o
mento, libertou os crist:':: ~
diabo esteve muito mais cheio de amarga ira do que na oca-
vencer suas próprias tfrc
sião daquela primeira luta no paraíso, o que custou a nosso
Deus e Senhor grande tribulação e dores! Oh, que Ilunca o
Qllal'dlU\~'_'.. ~ .='"
-"
esqueçamos, nem deixemos de dar-lhe graças por isso.13
A Escritc,-:; j
e este \ç-<: J..

E quando o diabo perde no Jardim das Oliveiras, diz Lutero que


por ele C _-"
aquele envia os seus seguidores, os seus agentes para oprimir .Jesus e tentar
fa]aratí-~::
demovê-Io de seu intento de salvar o mundo. O primeiro destes agentes é
vencerá:: " ";
Judas, o traidor. Após ele, seguem-se Anás e Cait:1s. 14 Mas Cristo ainda per-
por Je"'." .
12 Idem. ibid" p, 69,
L' Idem. ibid .. p. 70,
1I ldem, ibid., pp. 70-74. 15 Idem, ibid., p. 75.
38 !" Idem, ibid., p. 75
_, fora invadida
siste e vence. Até este ponto, normalmente a igreja ensinava na época, pelo
que Lutero até a elogia dizendo que "isto contribui para que ao menos alguns
homens saibam finalmente que Cristo morreu por eles,,,]5 A inovação de
- ,::-.gelho, Lutero
_ . s últimos mo- Lutero sobre a pregação do sofrimento de Cristo em relação à sua época está
justamente no fato de o Reformador acrescentar à proclamação da história
,:'.3.ni. Alí, Sata-
bíblica em si a promessa, o Evangelho e o consolo que promanam deste so-
, ::_~ () aguardava,
frimento e vitória de Jesus no lugar dos homens. Eis novamente Lutero:
c ~ ::"3.r disso, Jesus

Pois isto é o que, em verdade, importa: que vejamos o pro-

.ardim do Get- pósito e a intenção com que o fez. Não quero deter-me so-
mente em considerar quão profunda foi sua dor e quão
- :·sso sangue, e
grandes foram seus trabalhos, senão que, antes de tudo, devo
c'..) paraíso. Ele
saber por que se submeteu a semelhante sacrifício, e por que
:::·igue. Mas aqui
derramou seu sangue de maneira tão voluntária. Porque tudo
Ninguém ja-
:C-
isto se fez por ti. Assim o explica Isaías [53.4ss]: as feridas,
. ias suficientes,
o fato de ele desesperar da vida e tudo mais, se faz por tua
: ::nte do fato de
causa. Porque tu estavas aprisionado em pecados, o Senhor
: enena a todos
impôs o castigo a Cristo para que obtivéssemos a paz. Assim
,Oiadaqui perde-
.. como Cristo veio aos homens e se fez semelhante a eles, as-
,irIZ a um anJo,
sim tem de padecer agora o que os homens teriam de pade-
: :: já havia venci- 16
cer.
::', glle ainda esta-
.:c Deus. Por isso,
E Lutero vai mais além, afirmando que Cristo não apenas sofreu para
. :r-me esta débil
vencer o diabo, a morte e o mundo, mas, além disso, pelo fruto do seu sofri-
i. sem dÚvida, o
mento, libertou os cristãos do pecado e os fortalece para que eles possam
·.1 do que na oca-
vencer suas próprias tribulações pelo fortalecimento que brotou de sua cruz:
:C (:llStou a nosso
que nunca o
• Ij Quando o pecado e a tribulação nos assaltam, que faremos?
.. s por ISSO.'
A Escritura diz: O Senhor pôs os teus pecados sobre Cristo,
e este venceu, no jardim, a Satanás quando se viu molestado
j iz
Lutero que
por ele. O que tens de fazer, pois, ao sentir-te atribulado, é
.' r Jesus e tentar
falar a ti mesmo desta maneira: "Pois bem: não sou eu quem
,j·::stes agentes é
vencerá a Satanás e a morte, senão que a vitória já foi obtida,
>isto ainda per-
por Jeslls. Outra vitória sobre o pecado, a morte e o diabo

15 Idem, ibid., p. 75.


;" idem, ibid., p. 75
39
não existe. Esta é a maneira como se deve interpretar a pai- como devemc5 ~:.. ~_ .
xão de Cristo, porque sua finalidade não é que rompamos a meiro dos serrn~ e''' -~.-::- -
chorar e nos tlagelemos, como o faziam os monges e, em ro não é merlCS 5~:-:'::
especial, os descalços, os quais, ao tê-Io feito, criam ser ain-
D- _
da melhores do que Cristo, coisa com a qual, sem dúvida, fi- 1 '..."

zeram Satanás rir de contente. Ademais, sinto-me tão


satisfeito comigo mesmo, porque imitei o Filho de Deus! E,
depois, vendiam isto como méritos superrogatórios aos cam-
poneses em troca do cereal deles e de suas ovelhas. Tal é o
que hoje eles afirmam em seus sermões; também isto signi- Pergunta-se 22
fica crucificar novamente a Cristo. Tu, ao invés disso, deves fazer parte dos "'0--"
proceder da seguinte maneira: cuida-te muito para que não responde que nuc
seja a tua paixão a que vence a Satanás, à morte e ao pecado.
Aprende a ver na paixão de Cristo não somente um relato
histórico, mas crê que a morte que pesa sobre mim e sobre ti
realmente não pesa sobre nós, mas sobre Cristo, valendo o
mesmo quanto ao pecado e Satanás. Sim, confia nisto, para o ccr:_
que ao dares os últimos alentos, ou seja, na morte, no pecado angust :.-..,_
e na angústia, possas dizer: Não sou eu quem tem de carre- multe -
gar tudo isto, mas meu coração se apega ao homem que le-
vou nosso pecado, o diabo e a morte. Assim é que se celebra Juntamente cem
de verdade a paixão de Cristo e que se lhe tributa a mais alta que ele se refere tem
honra, e isto é o que ele quer que façamos. J7 frimentos" que as peSS=.:5-'-~

De maneira tão bem explanada e aplicada por Lutero, o que mais di- Além 2 ",-

zer sobre o sofrimento de Cristo? Sobre este assunto, por enquanto, bastam para nes -"
estas palavras. Passe-se a ver mais detidamente a opinião do Reformador sotnme:
sobre "O Sofrimento dos Cristãos". que. se' ::--
entame, -. , e
IH. O SOFRIMENTO DOS CRISTÃOS
Estas duas Ú

"Por isso falaremos agora, a partir do exemplo desta paixão, apenas medida em que se per,::::::-::

sobre a cruz que nós carregamos e sofremos, bem como sobre a maneira
18 LUTERO, \1:-:", - ,-
do: ConcórdialSinodaL -
19 Idem, ibid_. p :>=OS
zo Idem, ibid,. p
17 Idem, ibid., pp. 77-78 21 Idem, ibid .. p --
40
~:;rprdar a pai-
como devemos carregar e sofrê-Ia.,,18 Este é especialmente o assunto do pri-
___:; rompamos a
meiro dos sermões referidos no início do capítulo anterior e, sobre ele, Lute-
. c monges e, em
.. ro não é menos sensacional. De saída, afirma Lutero:
. . cnam ser all1-
Sçl11dúvida, fi-
Por isso é preciso observar, em primeiro lugar, que Cristo
sinto-me tão
com seu sofrimento, não somente nos ajudou contra o diabo,
- no de Deus! E,
a morte e o pecado. Seu sofrimento é também um exemplo
. ~::~:)riosaos cam-
que devemos seguir em nosso sofrimento.19
~. ç]has. Tal é o
~-~bém isto signi- Pergunta-se aqui, a propósito, que tipo de agrura ou mal-estar poderia
:;s disso, deves
fazer parte dos "sofrimentos" referidos por Lutero neste ponto. Ele próprio
:~ para que não responde que não pode ser qualquer "sofrimentozinho":
''':-:ç e ao pecado.
u ~nte um relato
Entretanto, deve e precisa ser uma cruz e sofrimento tal que
. -:; mim e sobre ti
tenha um nome e realmente angustie e doa, como, por
_-IstO, valendo o exemplo, quando estão em grande perigo os bens e a honra,
>~nfia nisto, para o corpo e a vida. Este sofrimento se sente muito bem e ele
"crte, no pecado angustia, caso contrário não seria sofrimento, se não doesse
:;." tem de carre- muito?O
:: homem que le-
-- é que se celebra Juntamente com isto, Lutero ainda assevera que o tal "sofrimento" a
o : ~ auta a mais alta
que ele se refere tem outra importante dissemelhança com relação aos "so-
frimentos" que as pessoas alegam pelos quatro ventos:

_ -õ-~. o que mais di- Além disso, deve ser um sofrimento que não escolhemos
:;nquanto, bastam para nós mesmos, como os espíritos sectários escolhem um
do Reformador sofrimento próprio para si mesmos; deve ser um sofrimento
que, se possível, gostaríamos que fosse eliminado, o qual, no
entanto, nos é imposto pelo diabo ou pelo mundo?'

Estas duas últimas características tornam-se deveras importantes na


~::::3.paixão, apenas medida em que se percebe a confusão reinante no mundo sobre a illterpreta-
: sobre a maneira

18 LUTERO, Martinho. Pelo Evangelho de Cristo. Porto Alegre/São Leopol-


do: Concórdia/Sinodal, 1984, p. 298.
19 Idem, ibid., p_ 298.

20 Idem, ibid., p. 299.

21 Idem, ibid., p. 299.

41
ção que o mundo faz das palavras de Cristo em Lc 9.23: "Quem quiser tor-
nar-se meu discípulo, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me." É ,- - -
verdade, sem dúvida, que no escopo exegético de "cruz", encontra-se envol-
vido o "sofrimento". Tal sofrimento, no entanto, não é qualquer um e nem
pode ser aquele que alguém escolheu para si. Desta maneira, excluem-se da
compreensão de "cruz" quaisquer obras ou contigência que atinjam circuns-
tancialmente o ser humano (e inclusive o cristão), bem como e especial-
mente aquelas obras que o ser humano procura cumprir para, flagelando-se as 2."- - -
ou sofrendo, encontrar o favor de Deus. O sofrimento ao qual Lutero refere- n: [~
se é mais que isto e aponta para todo e qualquer sofrimento amargado pelo
cristão por causa do Evangelho de Cristo e da fé. No ser cristão já está im- r"l -.::-'"
butido o "carregar a cruz", como diz Lutero:
1112. ~~ - -

A regra é: Onde há fumaça, há fogo. Se você for um cristão


e um filho de Deus, você também deve carregar aquilo que
pulsa
conseqüentemente lhe toca. Em uma só palavra, um cristão
está sujeito à querida e santa cruz de tal modo que ele deve
sofrer ou pelas mãos dos homens ou pelo próprio diabo,
aquele que o aflige e amedronta com tribulação, persegui-
ção, pobreza e doença, ou, dentro do coração, com seus dar- Igrei.i_
dos envenenados. A cruz é o símbolo e a senha do cristão no
chamado santo, precioso, nobre e abençoado que o leva para Palavras VÍ\tdai::- - _
o céu. A este chamado, devemos fazer jus e devemos aceitar sim como os cristãos .j" ::-
??
como algo bom o que quer que o mesmo traga.-- os cristãos de todos c s :~
cruz como símbolo de s_.:. "
Constitui-se tal "sofrimento-cruz", inclusive, não só um "símbolo do
seguição" é apenas ma. s
cristão", mas igualmente uma das notae ecclesiae ("sinais da Igreja") para o
tece mais alguns comc' . :
Reformador, pois como diz:
faz uma aplicação do '3. -- :

Em sétimo lugar, se reconhece exteriormente o santo povo Se \C'(~ _


cristão no meio de salvação da santa cruz: que ele tem de so- um erii::':.
frer toda sorte de desgraça e perseguição, toda espécie de diz: ['3. .:.- _
tentação e mal (como se ora no Pai-Nosso) da parte do dia- doure ...··
bo, do mundo e da carne, afligir-se, desalentar-se, atemori-

n LUTERO. 1\1,,["- -: ';1


22 PLASS, Ewald M. What Luther Says - A Practical In- Home Anthology J. São Leopoldo/Porrc
for the Active Christian. Saint Louis: Concordia, 1959, p. 229. ~·I !'LASS, Ewa!d
42
:uiser to r-
zar-se interiormente, ser pobre, desprezado, doente, fraco,
c:2:a-me." É
sofrer exteriormente a fim de tornar-se semelhante a sua ca-
--c-se envol-
beça, Cristo. E motivo para isto tudo unicamente deve ser o
. _~- um e nem
fato de se ater firmemente a Cristo e à Palavra de Deus, e,
.: üem-se da
portanto, sofrer por amor de Cristo, Mateus 5.11: "Bem-
:/li Clrcuns-
aventurados os que sofrem perseguição por minha causa."
. ;; especial- Devem ser piedosos, quietos e obedientes, dispostos a servir
_ -~22:elando-se
às autoridades e a cada qual com corpo e bens, não causar
~::ero refere-
mal a ninguém. Não obstante, nenhum povo sobre a terra
-. "rgado pelo tem de sofrer ódio tão amargo: eles devem ser considerados
.C - :á está im-
piores do que os judeus, pagãos e turcos, em resumo, devem
ser considerados hereges, patifes, diabos, gente maldita e os
mais nocivos sobre a terra, de forma que realizam um culto
.~ ::r um cristão
aqueles que os enforcam, afogam, assassinam, torturam, ex-
c :-:.r aquilo que pulsam e atormentam sem que alguém se compadeça deles,
... .1. um cristão
mas Ihes sirvam mirra e fel quando têm sede. E não porque
ue ele deve
Cj
fossem adúlteros, assassinos, ladrões ou patifes, mas porque
-rÓprio diabo, querem ter somente a Cristo e nenhum outro Deus. Onde vês
: !io, persegui- e ouves estas coisas, podes ter certeza de que aí está a Santa
.om seus dar- I greJa
. C'f1sta...
- 21-
. J do cristão no

~ue o leva para Palavras vívidas pintando uma crua realidade: por causa de Cristo, as-
:e\emos aceitar sim como os cristãos dos primeiros séculos o foram concreta e cruelmente,
os cristãos de todos os tempos também sempre sofrerão por carregarem a
cruz como símbolo de sua salvação, "loucura para os que se perdem". "Per-
.11 "símbolo do
seguição" é apenas mais uma das facetas do sofrimento dos cristãos. Lutero
:J ,greJa
j ''') para o tece mais alguns comentários interessantes a este respeito. O primeiro deles
faz uma aplicação do SI 44.22:

" --e o santo povo Se você quiser fogo, deve aguentar a fumaça. Se você for
.;; ele tem de so- um cristão, você foi chamado sob a cruz. Assim, o profeta
:Jda espécie de diz: [SI 44.24]: "Somos contados como ovelhas para o mata-
Jii parte do dia- douro.,,24
" -:ar-se, atemori-

n LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas - Debates e Controvérsias,!. v.


. Horne Allthology J, São Leopoldo/Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1992, p. 421-
2~ PLASS, Ewald., in op. ciL, p. 1034

.--------------------
43
Por conseguinte, da mesma maneira que o sofrimento por causa da
Palavra de Deus é inevitável na vida do verdadeiro cristão, Lutero chega c-i,- .•.. ,--
U~~ -

mesmo a afirmar que "é do agrado de Deus que. soframos, para que assim
nos tornemos de forma igual a Cristo, como já disse.,,25 E ainda pede que os
cristãos "mornos" se definam finalmente sobre o chamado gracioso que
Cristo lhe faz:
mes 5 ... -.

São .P.:.... _ ~-
o caminho passa por esta porta. Só que tem que saber o se-
quese,~C'.-
guinte: Se não está disposto a sofrer, também não será servo
juntan' e
na corte. Faça, então, o que dos dois preferir: sofrer ou negar
a Cristo?6 que' a c

Uma vez constatada a naturalidade do sofrimento na vida do cristão Prosseguind,]. L~~::-


que aquele que os der;,::
pelo seu serviço a Cristo, pergunta-se: não há consolo para os eleitos de
em meio ao sofrimenr,:.
Deus pelo qual se possa afirmar "vale a pena ser cristão"? O apóstolo Paulo
na vida do cristão.
já dizia: "Todas as coisas cooperam para o bem dos que amam a Deus"e
ainda "nada pode nos separar do grande amor de Deus em Cristo". Lutero
Portanto. " "
também via no sofrimento pontos positivos e, como Paulo, sabia que maior
DlrIglfT:-: c -
que qualquer sofrimento, estava o amor e a misericórdia de Deus. Este é o
nossa CC .. =:

assunto do próximo capítulo, um belíssimo Evangelho aos cristãos ame-


como 'a:::a,
drontados pela tribulação.
tameme ÇC'ç r
IV. O CONSOLO DOS CRISTÃOS NO SOFRIMENTO nas e pc:. ~ o
outra ge"~" ,..:
ainda G..:e :: ~ '.'
Se a muitos cristãos amedronta e até desanima o fato de terem de pas-
de felicida::o-
sar por tantos sofrimentos, muito mais as belas promessas de Deus deveriam
soar-Ihes nos ouvidos e brotar em suas vidas em forma de confiança, espe- prazer: '1'.:5 .. ~
rança e amor. Lutero também descobriu que o consolo de Deus era imenso, nada cc:se.;:..:,
muito maior que o sofrimento. O Reformador gostava de ressaltar, no to- promessls :: .:
cante ao sofrimento, não as suas agruras, porém, suas virtudes didáticas, isso, Dã·: ::' - Ç:

sinonimizando "sofrimento" e "tentação". Eis como diz em certa passagem: suportara .::.
nele que Ia: a :

Cada cristão deve conformar-se de maneira tal que esteja


certo de que esse sofrimento.é para o seu bem, que também Os pagãos nàc :: - ce;
frimento, segundo Luter' :'~
25 LUTERO, Martinho. Pelo Evangelho de Cristo. Porto Alegre/São Leopol-
do: ConcórdialSinodal, 1984, p. 300.
26 Idem, ibid., p. 300.
27 Idem, ibid .. pp. ~c
44 28 Idem, ibid .. p. 3f;
Dor causa da
Cristo, tendo dado a sua Palavra para isso, não só quer aju-
Lutero chega
dar-nos a carregar este sofrimento, mas também o mudará
-::3.ra que assim
para o bem. Mais uma vez essa cruz ficará mais agradável e
:3. pede que os
suportável pelo fato de nosso querido Deus nos dar tanto le-
gracioso que
nimento e bálsamo em nossos corações, a ponto de poder-
mos suportar toda a nossa tribulação e desgosto, como o diz
J 1J e
saber o se- São Paulo em I Coríntios 10.13: "Deus é fiel, e não permitirá
- :~. não será servo que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário,
juntamente com a tentação vos proverá livramento, de sorte
: - s.:>frerou negar . ,,27
que a possals suportar.

ida do cristão Prosseguindo, Lutero diz que o sofrimento do cristão é diferente do


--} os eleitos de que aquele que os demais homens padecem. E, por isto mesmo, justamente
em meio ao sofrimento, faz-se sentir ainda maior consolo da parte de Deus
:3póstolo Paulo
na vida do cristão.
Jnam a Deus"e
.- C risto". Lutero
... Portanto, nossa atitude diante do sofrimento deve ser esta:
:3bIa que maIOr
Dirigirmos nossa atenção maior para as promessas de que
_~ Deus. Este é o
nossa cruz e provação deverão ser mudadas para o bem,
_os cristãos ame-
como jamais teríamos desejado ou sequer pensado. E é jus-
tamente este ponto que constitui uma diferença entre as pe-
~FI.\IENTO nas e provações dos cristãos e as das outras pessoas. Pois
outra gente também tem sua atribulação, cruz e infelicidade,
:e terem de pas- ainda que passem um tempo num mar de rosas e desfrutem
~e Deus deveriam de felicidade e de bens segundos a sua vontade, a seu bel-
.:: _onfiança, espe- prazer; mas, quando entram em provação e sofrimento, com
: =leus era imenso, nada conseguem se consolar, pois não têm as grandiosas
-:: -essaltar, no to- promessas e á confiança em Deus, que os cristãos têm; por
êudes didáticas, isso, não podem ter o consolo que em Deus os possa ajudar a
_ef1a passagem: suportar a provação, menos ainda conseguem eles perceber
nele que fará mudar para o bem essa provação e pena?8
- : -J tal que esteja
-::-",. que também Os pagãos não conseguem ver livramento certo em meio ao seu so-
frimento, segundo Lutero, porque neles fala mais alto a voz da sua própria
- ::-;re/São Leopol-

27 Idem, ibid., pp. 300-30 I.


iR Idem, ibid., p. 30 I.
45
carne, naturalmente comprometida com o pecado e com os seus frutos. As- Estae::'e--::j
sim, os pagãos desesperam-se com facilidade quando sofrem. Já os cristãos, PaLr.,,,- e:::'
vendo em meio às tribulações a cruz de Cristo e tendo suas promessas de ele diz
consolo e vitória final, são mais pacientes e dóceis. Sabem que sofrem por (João ',': ~.~
causa de Cristo, mas em sua Palavra encontram as promessas de paz. Evo- que" c:e, ,e -
cando a lenda de São Cristóvão, que teria atravessado inconscientemente o sumlre~; --
menino Jesus sobre os ombros através da forte correnteza de um rio, eis no- bre \C~~:: ::
vamente o pensamento de Lutero: fiquem t-:: - -
e lhes
Assim procuraram pintar para nós uma imagem e exemplo recera
com o Cristóvão, para nos fortalecer em nosso sofrimento e
para nos ensinar que o desespero e terror não são tão agran-
des como o consolo e a promessa; para que saibamos, por- Esta, aliás, é a re~e .:, ::;
tanto, que não teremos sossego nesta vida, se carregarmos a quer sofrimento: apegar·,: ,_
Cristo; mas que, em meio à provação, devemos voltar nossos nunca o Evangelho soa ::::
olhos desse sofrimento presente para o consolo e a promes- para que os cristãos con",,--:-
sa. Então experimentaremos ser verdade o que Cristo disse: inúmeras promessas de q.:e -
"Em mim tereis paz." (João 16.33) Pois esta é a arte dos vem a paz e o céu. Lutero : .
cristãos, da qual todos temos algo a aprender: Olhar para a
Palavra e colocar longe dos olhos toda dificuldade e pena O lugar .:.-:::;c

presente que nos oprime. A carne, entretanto, não domina de coraç:,.:


esta arte, ela não enxerga mais longe que o sofrimento pre- promessa. P_":
sente. Pois isto também é típico do diabo, afastar a Palavra consciênc: . .3.

para longe dos olhos, para que não se olhe senão para a afli- para qlla
ção presente, assim como ele também agora está fazendo não pode:
conosco. (...) Se você se encontra em atribulação e sofri- guinte. C25:
mento, diga assim: Esta cruz não fui eu mesmo quem a es- ou um pe-;;: ~
colheu e preparou; é culpa da querida Palavra de Deus que seus
estou sofrendo isto e que eu tenho e ensino a Cristo. Deixe para as ;:-~.... -:<.'
estar, em nome de Deus. Eu deixo que ele tome as rédeas e so e paz '" - ::;"
dê cabo disso, ele que já há muito me falou desse sofrimento de arreb'-;F;" :.:
e me prometeu sua ajuda divina e misericordiosa.29
Por fim, é impcs:- .:
Mais especificamente ainda sobre as palavras de Jesus "em mim tereis certeza de salvação de':'- ::.

paz", o Reformador destila o seguinte comentário:


}O Idem, ibid., p. :.o~
29 Idem, ibid., p. 303·304. ;i PLASS, Ewa]j lr', - =
46
:-,3 frutOS. As- Esta é a verdadeira arte: atentar em sofrimento e cruz para a
.0, c,s cristãos, Palavra e a promessa consoladora e dar fé às mesmas, como
~~Jmessas de ele diz: "Em mim tereis paz, no mundo, porém, af1íções"
_ d:: 30frem por (João 16.33), como se ele quisesse dizer: Não há dúvida de
::e paz. Evo- que vocês se defrontarão com perigos e terrores quando as-
entemente o sumirem minha Palavra, mas venha o que vier, isto virá so-
no, eis no- bre vocês e Ihes acontecerá por causa de mim. Portanto,
fiquem tranqüilos, eu não os abandonarei. Estarei com vocês
e Ihes ajudarei. Por maior que seja a atribulação, ela Ihes pa-
. ;::Tl e exemplo recerá insignificante, se puder tirar estes pensamentos da
30frimento e Palavra de Deus.3o .

,3.0 tão agran-


~ c::Í bamos, por- Esta, aliás, é a receita de Lutero para estar bem preparado para qual-
., 2 arregarmos a quer sofrimento: apegar-se às promessas da Palavra de Deus, e mais do que
. S \ altar nossos
nunca o Evangelho soa realmente como promessas. Como fator motivador
~,e a promes- para que os cristãos continuem cristãos e ativos na obra do Reino, Cristo fez
- e Cristo disse: inúmeras promessas de que, após o sofrimento (mas não por causa deste),
: ;'.} é a arte dos vem a paz e o céu. Lutero comenta mais alguns pontos sobre isto:
_:-- Olhar para a
.. ~ 2U idade e pena O lugar onde você mais certamente encontrará paz e alegria
.. _~J. não domina de coração não é nenhum outro a não ser a Palavra da divina
sofrimento pre- promessa. Por conseguinte, aquele que em sua tristeza ou má
.:.TJ.stara Palavra consciência ou em perigo de morte corre em busca de ajuda
- cenão para a af1í- para qualquer outro lugar que não seja a promessa de Deus,
__~a está fazendo não pode encontrar nenhuma ajuda, mas perece ... Por conse-
- Julação e sofri- guinte, caso o pecado o pressione, caso a morte ou o inferno
::smo quem a es- ou um perigo de qualquer sorte o angustie, você deve afastar
- - .:.ra de Deus que seus olhos do mal que o estiver afligindo e direcionar-se
-:' a Cristo. Deixe para as promessas de Deus. Pois nelas você encontra descan-
:; JJme as rédeas e so e paz e alegria da alma, os quais todo o inferno é incapaz
_ :lesse sofrimento de arrebatar de você.31
-::iosa?9
Por fim, é impossível comentar Lutero sobre o consolo de Deus e a
: ;'em mim tereis certeza de salvação dos sofrimentos por causa de Cristo sem mencionar um

W Idem, ibid., p. 305.


;I PLASS, Ewald. In op. cit, pp. 1030-103 L
47
dos seus textos bíblicos preferidos, o SI 46, cuja melhor e mais popular ex- À guisa de _.. 0 •••

planação encontra eco até os dias atuais nas palavras do seu brilhante "Cas- Lutero mesmo o cc~,::::.
telo Forte é nosso Deus", Perceba-se a confiança de Lutero em Cristo frente
ao sofrimento em duas de suas estrofes:

Castelo forte é nosso Deus,


defesa e boa espada; somes _ . -.

da angústia livra desde os céus perS1St:c '-, -


nossa alma atribulada. nobre ;;
Investe Satã com hábil afã por De> -
e sabe lutar sagr3CLl. e"

com força e ardil sem par a sotrer

igual não há na terra. fundiár:


rem ser c· .
o verbo eterno ficará nós, em·,,:.::
sabemos com certeza. não nos:e
E nada nos perturbará nos livf3r- . :
com Cristo por defesa. disso. P: " "
Se vierem roubar com algcL_ >
os bens, vida e o lar- estar tudc e-o
que tudo se vá! sofrer pcr c

Proveito não lhes dá. nosofri:",e : ..


O ceu
" e nossa Ilerança.- 32 sespero e ê",,'J
que o CC:T:ê"-e~

CONCLUSÃO

Estudar Lutero é fascinante! Especialmente quando se descobre tanto


consolo do Evangelho em cada um dos seus comentários a respeito de sua
"Teologia do Sofrimento". Ele próprio muito sofreu por causa do Evangelho,
mas, assim como Cristo e por causa dele, mesmo em meio ao sofrimento,
encontrou esperança, paz e descanso nas promessas de Deus.

Espera-se que estas poucas páginas tenham dado, ainda que de manei-
ra mui limitada, uma visão geral do pensamento luterano sobre o sofrimento
de Cristo e dos cristãos.

J3 LUTERO, 1\1ar.r'
32 HINÁRIO LUTERANO, hino 165: Ein Feste Burg ist unser Golt. Martinho
Lutero, 1528. do: CO!1córdialSinodJ(
48

~
~:; popular ex- À guisa de conclusão sobre o assunto, permita o estimado leitor que
- ihante "C as- Lutero mesmo o conclua, como diz:
Cristo frente
Sabemos agora que é do agrado de Deus que soframos e que
a glória de Deus se revela e se torna visível em nosso sofri-
mento, mais do que em qualquer outro ponto; e visto que
somos do tipo de gente que sem sofrimento não consegue
persistir na Palavra e na fé; e ainda assim tendo, ao lado, a
nobre e preciosa promessa de que nossa cruz, a nós enviada
por Deus, não é algo ruim, mas exclusivamente uma coisa
sagrada, excelente e nobre, por que nos haveríamos de negar
a sofrer? Quem não quiser sofrer vá lá e viva como um lati-
fundiário. Nós pregamos isto apenas aos devotos que que-
rem ser cristãos, os outros, de qualquer forma, não o farão;
nós, entretanto, temos consolo e promessa segura de que ele
não nos deixará presos no sofrimento, mas que nos ajudará a
nos livrarmos, ainda que todas as pessoas se desesperassem
disso. Por isso, ainda que doa, vamos lá, você tem que sofrer
com alguma coisa de qualquer jeito, pois nem sempre pode
estar tudo em ordem. Tanto faz, sim, até é mil vezes melhor
sofrer por causa de Cristo, que nos prometeu consolo e ajuda
no sofrimento, do que sofrer por causa do diabo e cair no de-
sespero e perdição, sem consolo e ajuda. (...) Deus conceda
que o compreendamos bem e o aprendamos. Amém?3

se descobre tanto
:: respeito de sua
. :;ado Evangelho,
~.J ao sofrimento,

.ja que de manei-


he o sofrimento

'lI' Cott. Martinho 13 LUTERO, Martinho. Pelo Evangelho de Cristo. Porto Alegre/São Leopol-
do: Concórdia/Sinadal, 1984, pp. 307-308.
49
BIBLIOGRAFIA

HINÁRIO LUTERANO. Porto Alegre: Concórdia, 1986.

LUTERO, Martim. Da Autoridade Secular - A Obediência que lhe é De- ' ....

vida (1523). São Leopo!do: Sinoda!, 1979.


O presente trJ':-.~ ..
mesmo é muito \[\~t:
LUTERO, Martinho.Obras Selecionadas - Os Primórdios - Escritos de
Igreja Cristã a panic':'~:,_
1517 a 1519. v. 1, São Leopoldo/Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1987.
nário e ver como nc '::~::-
LUTERO, Martinho.Obras Seleciona das - O Programa da Reforma -
Escritos de 1520. v. 2, São Leopoldo/Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, Este trabalhe '::-.
1989. Luterana do Bras ii i:: ~ _
xão sobre a possibi!icJ:_c
LUTERO, Martinho. Obras Selecionadas - Debates e Controvérsias, I, v. para "missionárias S,.:.[:c:-~
3, São Leopoldo/Porto Alegre: SinodailConcórdia, 1987. campos de missão.
Para isto, vame.; .
LUTERO, Martinho. Pelo Evangelho de Cristo. Porto Alegre/São Leopol- Lutheran Church - \ L,
do: SinodailConcórdia: 1984.
IELB), a participação i:J : =.
também para mulheres. ~\
OBRAS DE MARTÍN LUTERO. v. 9, Comisión Editora de Ias Obras de
mentação teológica sob;;:
Martín Lutero, Buenos Aires: La Aurora, 1979.
Assim, análise LI< -
PLASS, Ewald M. What Luther says - A Practical In-Home Anthology chegar a algumas propc'.;: ,~
for the Áctive Christian. Saint Louis: Concordia, 1959.
1. A Pllrticipaçiio das Jfli/!!ç>,~'

Tanto o Antigo T ;:'t.


velmente de mulheres IL' ~;:- _
2.3-10), Ester, Noem i e R.-::-
Maria e Marta (Lc 1O.~:'-'<
18, 26), Lídia (At 16..1- c.-
grande intluência no ser'.,

Vejamos a panlc T.-·


vés dos séculos.

i. Pat,ticipação em ger:1!

Nos priIlH;irl'~ ';:-.


crislijos que paSSardf1',
50
MULHERES MISSIONÁRIAS

Leonério fâller

:c que lhe é De- INTRODUÇÃO


O presente trabalho, obviamente, não visa esgotar o assunto, pois o
mesmo é muito vasto. Mas queremos observar um pouco na história da
" - Escritos de
Igreja Cristã a participação da mulher (solteira e casada) no trabalho missio-
~6rdia, 1987.
nário e ver como no presente e no futuro elas poderão continuar ajudando.
da Reforma -
- : hl!Concórdia, Este trabalho tem um objetivo prático: iniciar na Igreja Evangélica
Luterana do Brasil (lELB), denominação da qual fazemos parte, uma retle-
xão sobre a possibi lidade de formar nas escolas oficiais e dar opoliunidade
:ltrovérsias, I, v. para "missionárias solteiras" ou casadas trabalharem nas igrejas locais ou em
campos de missão.

Para isto, vamos também observar a participação da mulher na The


~;eSão Leopol- Lutheran Church - Missouri Synod (EUA - denominação que fundou a
IELB), a participação na IELB e os cursos que as escolas oficiais oferecem
também para mulheres. Aí, vimos a necessidade de fazer uma rápida funda-
- je Ias Obras de
mentação teológica sobre o ministério pastoral.

Assim, análise histórica e fundamentação teológica nos ajüdarão a


=- Home Anthology chegar a algumas propostas práticas.

I, A Participaçtlo da.\'Mulheres na Igreja


Tanto o Antigo Testamento como o Novo Testamento falam favora-
velmente de mulheres no serviço de Deus, citando, por exemplo, Miriam (Êx
2.3-10), Ester, Noemi e Rute, Ana (Lc 2.36-38), Maria Madalena (Mt 28.1),
Maria e Marta (Le 10.38-42), Lóide e Eunice (2Tm 1.5), Priscila (At 18.2,
18, 26), Lídia (At 16.4-16,40). Estas e outras mulheres da Bíblia exerceram
grande intluência no serviço do Senhor.

Vejamos a participação da mulher em geral no trabalho da igreja atra-


vés dos séculos.

I, P:u,ticipação em geral

Nos primeiros séculos, mulheres cristãs ajudaram a socorrer outros

~-------------
_.
crist;ius que passaram por sofrimentos, perseguições e martírios. Mulheres

51
como Mônica, mãe de Agostinho, com suas orações e esforços dedicados ção e estudo da B iLo',
prepararam homens paqra dedicarem suas vidas a Cristo. sos d·Ias.,,5 [T ra duç:2.~
- _
Também na era pós-reforma, mulheres cristãs tiveram influências de Foram surgi!1~L -
várias maneiras. A Condessa de Zinzendorf e Susana Wesley (mãe de João e nominacionais ou ir;,,:::-:;:'
Carlos Wesley) tiveram importância decisiva. ligadas à missão que
enviavam missionária: ~
No século XVIII encontramos o nome de Bárbara Ruckle Heck de-
m issionária american~'i_
nominada "mãe do metodismo na América". Também Ana Marshman que
tempo estas sociedadc:'-
levou o evangelho ao norte da Índia e em 1800 dedicou-se à educação femi-
nina.1 cendoe dando lugar p.
3. A organização da, muihc-._
Na metade do século XIX e depois, mulheres foram uma grande força
na proclamação do evangelho às mulheres na Índia. Em 1869 foi estabeleci- No meio lutemn.
do o primeiro hospital para mulheres nesse país. Df". Clara N. Swain, meto- conferência em Nova Y
dista americana, é considerada a primeira médica missionária? os maridos presentes. as :
ajudar na formação de fi,'-'-
Estes poucos relatos podem ser multiplicados muitas vezes em várias
ção Feminina do Sínodc ·c
partes do mundo como um testemunho do heróico trabalho de mulheres em . " 7
trangelros .
missões. Na Lutheran Cyclopedia lemos que "during these earlier centuries
women served the church as individuais, each in her own way. They become A paliir de então. Di. :.
stimu/i for women to organize for missions".3 dar na obra missionária {-.
Alguns exemplos: em 1SS':
2. As mulheres se organizam para a missão
diram se organizar para "c;
Após a Guerra da Revolução (Revolutionary War) vários grupos de general support of the sa;;,,,
mulheres cristãs nos Estados Unidos organizaram-se para levantar ofertas da Igreja Luterana Unida'
para missões nacionais e estrangeiras. Um dos primeiros grupos foi de mu- ciedade M issionária de \ i.
lheres Quakers. Em 1800 em Boston organizaram-se mulheres Batistas. Em 1908 foi se organizando:
1801 foi a vez das Presbiterianas e em 1819 das Metodistas.4
pastores jovens e peque;,}" ~.
Assim muitas organizações de mulheres formaram-se para apoiar mis- No ano de 1942. {,,'.
sões. Não tinham nenhum precedente pelo qual pudessem se nortear. Elas Synod" a "Lutheran \\"cn'.:
desenvolveram suas próprias idéias, dedicaram-se muito à oração e creram zação fem i11 ina lutera na L,.: -~
que o Espírito Santo as guiaria. "Sua lealdade a Cristo e às missões, em ora-

lbid., p. 823;
5

(, Anotações em CL1S'~
I LUTHERAN CYCLOPEDIA. Envin L. Lueker, ed., 1975; p. 823; com a professora Dr' .I0>(~·-
2Ibid., p. 823; 7 LUTHERAN CYCl
3Ibid., p. 823; x lbid., p. 824;
4 Ibid., p. 823; ) lbid, p. 824:
52
;.205 dedicados ção e estudo da Bíblia, é um exemplo para mulheres cristãs também de nose
sos dias."s [Tradução.]
ll1f1uências de Foram surgindo inÚmeras sociedades missionárias femininas interde-
:.mãe de João e nominacionais ou independentes. Em 1890 havia 34 sociedades femininas
ligadas à missão que oravam por missões, levantavam ofertas para missões,
. ~'.lçkle Heck de- enviavam missionárias e as sustentavam. No final do século passado a força
missionária americana contava com 60% de mulheres. Com o passar do
:-larshman que
tempo estas sociedades m issionárias interdenominacionais foram desapare-
.: } educação femi-
cendoe dando lugar para as sociedades missionárias denominacionais.6

3. A organização das mulheres iuteranas americanas


ma grande força
'S9 foi estabeleci- No meio luterano dos Estados Unidos sabemos que em 1837 numa
_-.c '\. Swain, meto- conferência em Nova Y ork do Sinodo Germânico da Igreja Luterana estando
. - 3.. os maridos presentes, as mulheres foram incentivadas a se organizarem para
\ezes em várias ajudar na formação de missionários. Como resultado formou-se a "Associa-
de mulheres em ção Feminina do Sínodo de Hartwick para a Educação de Missionários Es-
. " 7

;.:: C' earlier centuries trangelros .

'.3.y. They become A partir de então, muitas organizações femininas americanas para aju-
dar na obra missionária foram se formando no seio das Igrejas Luteranas.
Alguns exemplos: em 1882 as mulheres da Igreja Luterana Augustana deci-
diram se organizar para "awaken a greater interest for missions and a more
\ários grupos de general support of the same"g dentro e fora do país. Logo após a organização
. é"Ci levantar ofertas da Igreja Luterana Unida na América em 19] 8, organizou-se também a So-
:; ;rupos foi de mu- ciedade M issionária de Mulheres. Porém, já antes desta data, a partir de
c.eres Batistas. Em
1908 foi se organizando o "Danish W omen' s Mission Fund"para auxil iar
pastores jovens e pequenas congregações, e cultivar o amor pelas missões.~

_- -se para apoiar mis- No ano de 1942, foi organizada na "The Lutheran Church - Missouri
. : ~m se nortear. Elas Synod" a "Lutheran Women's Missionary League". Mas, sobre esta organi-
3. oração e creram zação feminina luterana falaremos no capítulo seguinte.
: }5 missões, em ora-

5Ibid.,p.823;
(, Anotações em classe no curso de História da Expansão Missionária da Igreja
p.823; com a professora Dr'1 Joyce Every-Clayton, CEM, jul!96;
7 LUTHERAN CYCLOPEDlA, p. 823;
x lbid., p. 824;
" Ibid., p. 824;

53

._------_ ..•...•.
_-====-----~
Portanto, desde o sécuio passado mulheres cristãs americanas de vári-
as denominações organizaram-se com o grande objetivo de promover mis-
sões nacionais e estrang;;iras - conscientizando, orando, Ofetiando, ajudando
a formar profissionais e missionários para os campos de missão, enviando
missionários e muitas missionárias. De modo que, mulheres cristãs america-
cabec 3.. - ~ - - :
nas além de darem suporte para missões, tiveram entre elas inÚmeras jovens
que se envolveram em missões pelo mundo a fora e foram grandes bênçãos 3. o came - -- "
de Deus para a expansão do evangelho. muio. E _: _
dades .. ,- -
lL Biografias de Missionárias Solteiras
OPOrtL::-.:: ,:c
No século XIX, embora a sociedade fosse contrária à idéia de mulhe-
1. Lottie
res solteiras trabalharem em campos missionários, havia homens que as jul-
gavam necessárias, e "a paJiir de 1820, mulheres solteiras começaram a tra- Uma das pmne:,,,-
b a 11lar para mlssoes
. - .
estrangeiras ,,10
~. missionário foi Charlcr::ô
como a 'santa padroeira' ,-
No ano de 1861, havia apenas uma missionária no estrangeiro. Cin-
quenta anos depois o número subira para "800 professoras, ] 40 médicas, 380 Lottie Moon nasc::_
evangelistas, 79 enfermeiras diplomadas, 578 diaconisas e ajudantes nati- Eram em sete irmãos. ··t·,_
,., li
vas .
pela ambição e independ~--_
boa educação e cultura. j,---
As mulheres saiam-se bem em quase todas as atividades, principal-
mente na medicina, na educação e na tradução da Bíblia. Hert Kane afirma: "mas ansiava por um m __
sua irmã mais nova, Edm,'-
"Quanto mais difícil e perigosa a tarefa, maior nÚmero de mulheres em pro-
- ao dI"
porçao e 10mens . 12 Lottie a seguiu.

Mas devido a prob:: _,


Quais as motivações que impulsionavam mulheres solteiras ao ponto
de deixarem sua~ famílias e sua pátria para viverem a solidão, as dificulda- Lottie, então, passou por ~- T"

des e os sacrifícios da vida missionária? ministério devido à solidiL. _:C:',


ria, "achava extremamem;;,
1. O amor de Deus as motivava a querer servi-Ia. Porém, que- professora considerava v:,:
riam fazê-Io de tempo integral e só havia oportunidade nos botadas'''.18
campos missionários no exterior.

2. O campo missionário era o Único meio de dar oportunidade


para aquelas que desejavam trabalhar de tempo integral na
13 Ibid., p. 247;
1~ Ibid., p. 247;
15 Ibid., p. 248;
10 TUCKER, Ruth A, " ...E até aos confins da terra". São Paulo: Vida Nova, p.
245; 16 Ibid., p. 248;
I1 lbid., p. 246; 17 Ibid., p. 249;
12 Ibid., p. 248; 18 lbid., p. 251;

_,;;iI_------------
igreja cristã. O serviço de proclamar a Palavra era conside-
l1as de vári-
rado atividade masculina. Algumas que no século passado
- :,lOver mlS-
foram para os campos de missão o fizeram enfrentando
ajudando
muita oposição. Uma, Florence Nightingle, que muito dese-
enviando
java ir e não pode, disse: "Eu teria dado a ela (igreja) minha
<iis america-
cabeça, minhas mãos, meu coração. Mas não os aceitou".'3
.'i eras Jovens
= ,:-,,:Jes bênçãos 3. O campo missionário dava condições para aventura e estí-
mulo. Enquanto os homens podiam aventurar-se como sol-
dados, marinheiros e exploradores, as mulheres tinham esta
oportUl1l'd a de nas mlssoes.
. - 14

~~ia de mulhe-
1. Lottie
:"1S que as jul-
.- ,:çaram a tra- Uma das primeiras mulheres solteiras a se entregarem ao trabalho
missionário foi Charlotte (Lottie) Diggs Moon. "Até hoje é mencionada
como a 'santa padroeira' das 111
issões batistas". I5
"élngclro. Cin-
médicas, 380 Lottie Moon nasceu em 1840 na Virgínia e cresceu em Viewmont.
.1 i udantes nati- Eram em sete irmãos, "todos fortemente influenciados pela fé persistente,
pela ambição e independência de sua mãe, que enviuvou em 1852". 16 Tinha
boa educação e cultura. Trabalhou como professora numa escola da Geórgia,
,Jcs, principal-
"mas ansiava por um ministério cristão e por novas aventuras".'7 Em 1872
_:'[ Kane afirma:
sua irmã mais nova, Edmonia, foi para a China como missionária e em 1873
_liileres em pro-
Lottie a seguiu.

Mas devido a problemas de saúde, a irmã teve que voltar para casa.
';:eiras ao ponto
Lottie, então, passou por um período de depressão. Sentia-se frustrada no
c~;. as dificulda-
ministério devido à solidão, desapareceu o ideal romântico da obra missioná-
ria, "achava extremamente difícil identificar-se com o povo chinês e como
- " Porém, que- professora considerava praticamente impossível penetrar suas mentes 'em-
-'rt UIl idade nos botadas'" .18

',:' oportunidade
DO integral na
13 Ibid., p. 247;
14 Ibid., p. 247;
15 Ibid., p, 248;
"'ida Nova, p, 16 Ibid., p. 248;
17 lbid .. p. 249;
18 Ibid., p. 251;

55

.---------------."""..,.----
Começou a viajar pelas povoações rurais e por volta do ano de 1885,
"concluiu que seu ministério seria mais eficaz se fosse a Ping-tu e começasse
ali uma obra".19 Queria trabalhar de tempo integral como evangelista e li- Lottie morre'.::::;; --
vrar-se da autoridade arrogante do diretor da missão.

A evangelização pioneira em Ping-tu foi extremamente difícil. "Só


lentamente e com muita persistência é que conseguiu fazer amizade com as
mulheres e mesmo assim não foi fácil atraí-Ias para o cristianismo, sem pri- mesm2." Z' ,- :
. a Icançar os
melro h"omens. 20
bri!h:F';O =, .~.

Quatorze anos após a chegada na China, 1887, Lottie começou pela


2.Amy
primeira vez evangelizar chineses do sexo masculino, quando homens che-
garam à sua casa em Ping-tu para ouvir mais sobre a 'nova doutrina' que as Amy Carmicha:::
mulheres haviam Ihes sussurado. Lottie visitou a vila deles e pela primeira cristãs de todas as derL'-

vez viu tão grande interesse em aprender. Adiou novamente suas férias e Nasceu numa 1'3'1:
escreveu à pátria: "Não pode haver certamente alegria maior do que salvar va com ] 8 anos seu pa i
almas".2l Apesar de oposição, estabeleceu ali uma igreja e dois anos depois, ceira. Em Belfast pôde t.
1889, aconteceram os primeiros batismos por um pastor batista. Durante du- com que os interesses es::' -
as décadas houve crescimento sendo batizadas mais de mil pessoas. sua participação numa c,---=-~
Dos anos 1890 até sua morte em 1912, LoUie passava parte do ano nas tizou a 'teologia da vidi\
povoações fazendo trabalho evangelístico e noutra parte passava em Ten- crescimento espiritual",-
gehow treinando novos missionários, aconselhando mulheres e lia com pra- Quando sentiu-si;'
zer livros e revistas ocidentais. Escrevia muito procurando recrutar mulheres parte do presidente da C
para o trabalho missionário. Para os Estados Unidos planejou em 1888 "uma adotiva.
semana de oração e uma oferta especial de Natal a ser preparada só por mu-
Aos 24 anos foi
lheres e dirigida exclusivamente às missães".22
cker,
Mais. Ruth Tucker acrescenta:
Ela em.· ,~ .;
Ela também solicitou 'mulheres fortes e vigorosas' para en- cera cc;o-
cher as fileiras deixadas vazias pelos homens. A resposta foi ções. A .
imediata ... Nos anos que se seguiram, a oferta de Natal cres- a COI11U', •. __

que pre\
somos "1.

19 lbid., p. 251; D Ibid., p. 253;


20 Ibid., p. 252; 24 lbid., p, 253;
21 Ibid., p. 252; 25 lbid., p. 254;
22 Ibid., p. 253; 26 Ibid., p. 254;

56

.11
__ -----------
·,,'0 de 1885, ceu e foi possível enviar mais mulheres solteiras para servir
e começasse na China?3
gelista e li-
Lottie morreu de inanição aos 72 anos. Nos anos que se seguiram,

a 'Oferta de Natal Lottie Moon' aumentou e a história de


:00 difíciL "Só
Lottie Mon foi repetida inúmeras vezes ... Para as mulheres
zade com as
batistas do sul, Lottie se tornara um símbolo do que elas
,,110, sem pn-
mesmas gostariam de fazer para Deus. Ela era um exemplo
brilhante de feminilidade cristã e igualdade sexual.24
_Yl1eçOU pela
2.Amy
homens che-
Jrrina' quc as Amy Carmichael tornou-se um exemplo brilhante para "as mulheres
Jl.:'la primcira cristãs de todas as denominações no Reino Unido,,?5
~ suas férias c
Nasceu numa família rica da Irlanda do Norte em 1867. Quando esta-
do que salvar va com 18 anos seu pai morreu deixando a família em difícil situação finan-
s anos dcpois. ceira. Em Belfast pôde envolver-se no trabalho missionário urbano, fazendo
, ::1. Durantc du-
com que os interesses espirituais se tornassem o centro de sua vida. Mas foi
sua participação numa conferência bíblica interdenominacional, a qual enfa-
, ne do allo nas tizou a 'teologia da vida interior', que "modificou sua vida e estimulou o seu
''',na cm TCIl- ...
crescImento esplfltua I".26
e: Iia com pra-
Quando sentiu-se chamada para missões, encontrou resistência da
__,'urar mulheres
parte do presidente da Convenção Keswick, de quem era um tipo de filha
em 1888 "uma adotiva.
:;da só por mu-
Aos 24 anos foi para o trabalho missionário no Japão. Segundo Tu-
cker,

Ela envolveu-se alegremente no trabalho, mas como aconte-


_ rosas' para cn-
cera com tantos missionários antes dela, encontrou decep-
.\ resposta fÓi
ções. A língua japonesa parecia-lhe impossível de dominar e
-' de Natal crcs-
a comunicação missionária não era o ambiente harmonioso
que previra. Ela escreveu à mãe: " ... somos exatamente o que
somos aí - nem um pouco melhores - e o diabo está terri-

23 Ibid., p. 253;
24 Ibid., p. 253;
25 lbid., p. 254;
26 Ibid., p. 254;

57

,~~iIi!Iil!!iii\iiliillli!liíii_-_l[;"'··· ~ ••
---------------- •••••••••••••••••••
-----
velmente ocupado ... barcos missionanos antes excelentes,
hoje não passam de restos de naufrágios". A saúde de Amy da. C'~\
também se tornou um problema. Ela mais tarde confiou a faze:,. __
Sherwood Eddy que "ficara com esgotamento nervoso du-
rante o primeiro ano de ... serviço, sofrendo, como fazem al-
Observamos n;;s'-"-,
guns estrangeiros, do que era chamado de cabeça japonesa".
"O clima", escreveu à mãe, "tem um efeito terrível sobre o Deus que conflitos 11 ..:,- :: - -

cérebro".27 muitos casos, fizeram p,,-:ó -.


"-
puderam, apesar destes ,:
Depois de trabalhar 15 meses no .Japão, foi para o Ceilão e mais tarde
missionária da Igreja Cr,:~
para a Índia, onde "permaneceu por mais de 25 anos sem uma licença se-
quer".28 [lI. A participação de !!Iui

Em Dohnavar, Índia, dedicou-se a livrar crianças, especialmente de Queremos neste <.::':'

lheres da The Lutheran \....


uma terrível degradação no templo pagão, onde vendiam meninas como
prostitutas para serem 'casadas com deuses' e depois entregues aos hindus. lar desta denominação IUk- _ ,
em 1900 iniciou trabalhes -:
Amy foi acusada de sequestro e ameaçada de morte. Mas com ajuda de mu-
lheres indianas convertidas ao cristianismo, continuou o trabalho e 12 anos Igreja Evangélica Lutera:-j3 -
depois já tinha 130 crianças na Associação Dhonavur.
te.

Por atender as cri ancas em suas necessidades físicas, de educação e de Infelizmente não diS::: _ - -;
vermos como está atua!mei.::Ó _
formação de caráter, foi criticada de não ser suficientemente evangelística.
teiras missourianas.
Ela se defendia dizendo que era preciso tratar da pessoa no seu conjunto -
corpo e alma. A The Lutheran Ch:.;:

Passou por grande conflito quando ainda no .Japão teve "de enfrentar a 1847 em Chicago por pa5'~::ó, ~
perspectiva de manter-se solteira o resto de sua vida,,29 Tranquilizou-se especialmente da AlemanL.::. ~.:::
quando teve a certeza que Deus jamais a desampararia. expressão resumida e aperte.; :ó:~

Acreditava que a Associação Dohnavur precisava de pessoas com 1. Organização Missionári8 fd


tempo integral para serem mães e conselheiras espirituais das crianças. Or- A partir de 1928, tO: ,- .
ganizou uma ordem religiosa protestante para mulheres solteiras denominada já existentes nas igrejas 1: ~.:., _
de 'Irmãs da Vida Comum'.
apoiar trabalhos missionár_, -
Tucker, conclui: Women's Missionary Lea.;..:::: =
desde o início mantém seu:

27 Ibid., p. 255:
28 Ibid., p. 256;
29 Ibid., p. 256:
10 Ibid., p. 257;
58
" :'~celentes"
Mesmo tendo passado seus Últimos vinte anos como inváli-
",'e de Amy
da, devido a uma queda, Amy continuou escrevendo livros e
;: confiou a
fazendo apelos a favor da causa de suas queridas crianças.
o:'r\'oso du-
Morreu no ano de 1951, em Dohnavar, aos 83 anos.30
,:' fazem al-
'=_.1 japonesa". Observamos nestas missionárias e em todos os grandes homens de
\cl sobre o Deus que conflitos humanos e espirituais, e até depressão psicológica em
muitos casos, fizeram parte da vida. Porém, pela graça e pelo poder de Deus
puderam, apesar destes conflitos, realizar trabalhos significativos na obra
o:'mais tarde
missionária da Igreja Cristã.
':1 licença se-
[lI. A participação de mulheres do Sínodo de Missouri na missão
, , :cialmente de Queremos neste capítulo descrever um pouco a participação das mu-
"ri:nas como lheres da The Lutheran Church -- Missouri Synod na missão. Desejamos fa-
;;:', aos hindus. lar desta denominação luterana americana devido ao fato de ter sido ela que
:ljuda de I11U- em 1900 iniciou trabalhos no Brasil e deste trabalho resultou a fundação da
',o e 12 anos Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) em ] 904, da qual fazemos par-
te.

,; ;:ducação e de Infelizmente não dispomos de literatura recente sobre o assunto para


;;: e\'angelística. vermos como está atualmente a participação na missão de missionárias sol-
teiras missourianas.
,eu conjunto -
A The Lutheran Church - Missouri Synod foi organizado em abril de
c "ele enti-entar a 1847 em Chicago por pastores e cristãos luteranos provenientes da Europa,

i
T ,'unqu I izou-se
especialmente da Alemanha. A partir de agora neste trabalho vamos usar a
expressão resumida e aportuguesada "Sinodo de Missouri".

__ pessoas com 1. Organização Missionária Feminina


, '5 crianças. 01'- A partir de 1928, foi fomentada a idéia de que os grupos de mulheres
'JS denominada
já existentes nas igrejas locais se organizassem visando unir esforços para
apoiar trabalhos missionários. Em julho de 1942 foi organizada a Lutheran
Women's Missionary League. Esta Liga, que continua em plena atividade,
desde o início mantém seu objetivo missionário descrito em dois itens:

,(j lbid., p. 257;

59

-•••. II!I!!!I!!!!-----!!!!!I!I!!!!!-~ =-------


••••••••••
3. Desenvolver e manter uma consciência missionária entre as Cyclopedia de 1C'-:: :~.::..::~_~
..
mulheres do Sínodo: Educação Missionária - Inspiração serve ll1 nursmg. )" _ .::
Missionária - Serviço Missionário. growing number 2ft .[ e .. :- _.

b. Levantar fundos para projetos missionários promovidos pelo 3. Missionárias Solteiras rc.:' ; - j
Sínodo, especialmente para aqueles que não têm recursos su- Visando ter 2~e::.
fiIClentes
. no orçamento. 3J
sões médicas têm feiI: ::_:-~ .. e
O primeiro congresso da Lutheran Women's Missionary League foi Nigéria, Hong Kong. "':
realizado em 1943 em Fort Wayne. Estiveram presentes 73 delegadas repre- n.
sentando as 36.890 senhoras luteranas ativas nas sociedades femininas das
Nessas missões -ç
igrejas locais e escolheram como lema o Salmo 100.2: "Servi ao Senhor com fermeiras missionárlê,~ ,<_
alegria."32 sobre missionárias se ite-
No perpassar dos anos esta Liga tem ajudado em projetos missionários Em 1913 o Sín0dc=~
como escolas, seminários, hospitais, construções de capelas e outros projetos
ra, solteira, Louise Ellerrt . .:
ao redor do mundo com orações e ofertas. "The major programs are directed médico do Sínodo nessÇ ':'.:
toward Christian growth and missionary service.,,)3
nos Estados Unidos, faz 2. ::

2. Associação de Diaconisas pede que sejam enviados :,


Iheres) que também possa"
Em 1919 foi organizada a Associação de Diaconisas Luteranas, que
iniciaimente esteve ligada ao Hospital Luterano de Fort Wayne. Em 1943 o Meyer, comentand,: '.'
treinamento de diaconisas foi transferido para a Universidade de Valparaiso. We had cor .

Quanto à formação destas diaconisas, Mayer afirma: se EllerI1l:.


mens so~:~: e'
At first the program was only one and one half years in
vice to CL:" ...
length. Subsequent!y it was lenghthened to two years. When,
year prlOr I:
in 1946, the deaconess were required to take a fuB four year
tients in I:-~ .
college program, the entire academic training of the women
also refe;;e.:: . e'
was placed in the hands ofthe university.34
one tn:n;
Desde o início o treinamento de diaconisas visava prepará-Ias para men \\Crf ..'·;
atuarem em. enfermagem, em educação e em serviço social. A Lutheran sionan d::'

Em 192] o Sínod: ::,.


31 BAEPLER, Walter A. A Century ofGrace: A history ofthe Missouri Synod direção do Dr. Theodor::' =
1847-1947.1947, p. 280;
32 ibid., p. 280;
33 Ibid., p. 280; 35 LUTHERAN (ye ~~.:::=
34 MEYER, Car! S., ed. Moving Frontiers; Reading in the History of the Luthe- 36 MEYER. p. 33-.
ran Church-Missoury Synod. 1964, p. 390; ,7 Ibid., p. 337:

60
·~ria entre as Cyclopedia de 1975 traz que "though many deaconesses in various churches
- Inspiração serve in nursing, social welfare, institutional work, and foreign missions, a
growing number are being trained to serve asassistants to parish pastors".35

. ·:·,ovidos pelo 3. Missionárias Solteiras na Índia e na China


.;; recursos su-
Visando ter acesso mais rápido com o evangelho entre pagãos, mis-
sões médicas têm feito parte da estratégia missionária em países como Índia,
League foi
c.':. Nigéria, Hong Kong, Nova Guiné e Filipinas por parte do Sínodo de Missou-
.:~: e gadas repre-
n.
. : femininas das
Nessas missões tem havido uma participação importantíssima de en-
_) Senhor com
fermeiras missionárias solteiras. Neste tópico do capítulo vamos nos deter
sobre missionárias solteiras missourianas em dois países: Índia e China.
~--s missionários Em 1913 o Sínodo de Missouri enviou à Índia a missionária enfermei-
utros projetos ra, solteira, Louise Ellermann, a qual foi a pioneira no trabalho missionário
.. " sare d irected
médico do Sínodo nesse país. Após sete anos de trabalho, Louise de férias
nos Estados Unidos, faz à direção do Sínodo um relato sobre seu trabalho e
pede que sejam enviados à Índia mais obreiros missionários (homens e mu-
lheres) que também possam atuar na área da saÚde.36
: Luteranas, que
_. ne. Em ]943 o Meyer, comentando sobre Louise, afirma:
~~ de Valparaiso. We had only one missionary nurse in Índia 1920, Miss Loui-
se Ellermann, now home on furlough, supported by wo-
men's societies in our circles. She has given invaluable ser-
.~. half years in vice to our missionaries in cases of sickness and in the last
:'.years. When,
year prior to her fUrlOllgh not only assisted 2,810 native pa-
~ full four year
ê:.

tients in their physical needs but for their spiritual welfare


:. Df the women
also referred them by encouraging words and tracts to the
one thing needful. We should have more such faithful wo-
epará-Ias para men workers for our medical mission, but especially a mis-
A Lutheran sionary doctor, whether male or female.37

Em 1921 o Sínodo estabeleceu um hospital em Ambur, Índia, sob a


c '1issouri Synod direção do Dr. Theodore J. Doerderlein. Neste mesmo ano foi enviada ajo-

35 LUTHERAN CYCLOPEDIA. p. 223;


-. of the Luthe- 36 MEYER, p. 337;
.17 Ibid., p. 337;

61

'lJIi!!!'IIÍ!
vem missionária enfermeira Angela Rewinckel. Fez um trabalho excepcional
pastOícs, diacc!';c.
como enfermeira chefe e missionária até dezembro de 1958, quando voltou
para os Estados Unidos com 76 anos. Em 1959 Angela recebeu uma home- evange I..
lstas e mu: _
nagem especial pelo 'Concordia Seminary', que é um dos seminários do Sí-
nodo nos Estados Unidos. Meyer conclui: "God has certainly permitted her
to be a blessing to many through her chosen work".38

A partir de ] 922 o Sínodo intensifica a força m issionária na Índia. Em


"., I .~.
1"... .•.•. :; ',,- ,_ ~_
_
'"

quase cada ano de 1922 a 1935 entre os missionários seguem também missi-
onárias solteiras. Exemplos:

]922 - enfermeira Etta Herold e a professora Henrietta Zie- Em julho de 1'-L.~


gfeld; rios e 4 missionártas. ::.
lheres de Bíblia, 26-1- ;:- r --::
1923 - dois missionários e a jovem missionária Gertrude meiros e 5 enfermeira, =:

Strieter;
gação. Eram 19.503 m~
1926 - as missionárias Anena Christensen e Louise Rathke e o trabalho l11isSl'
seis missionários;
em 1917. Dos anos 1Q::'::'

1927 - seis mlsslonários e as jovens missionárias Elsie estando entre esses ] :11::-

Mahler, Clara Mueller e Meta Schrader; foram em:

1932 - dois missionários e as missionárias AmeJia Docter e 1923 - as


Ester Feddersen;

]935 - um missionário e uma missionária, Margaret LutZ.39 i924 - d .

Infelizmente não temos literatura mais recente disponível para obter- 1926 - a -_
mos informações a partir de 1935.
1931 - a· :;:

Beapler afirma que "for various reasons some of the missionaries


Em 1937 a estatist~c
could serve in India only a few years and then had to return to the States".40
a seguinte: 16 congregaç,~::-:
O Sínodo não esperava trabalhar naquele país só com missionários nários e 2 missionárias. ~:- _ - -~ -
americanos. Por isso, já em 1942 fundou um seminário teológico em Nager- No ano de 1942 . .::-_ ::
coil a fim de preparar ministros indianos.41
m issourianos e suas fam' _::'
dos. Na China ficaram ,1:'~

38 Ibid., p. 338; 42 lbid., p. 289-290;


39 BAEPLER, p. 289; 43 lbid., p. 292-29:-.
40 Ibid., p. 289; 44 Ibid., p. 293-29-t.
41 lbid., p. 289; j) lbid., p. 295:

62
Em trabalho missionário na índia o Sínodo envolveu mlSSlonanos
::~\cepcional
i!1do voltou pastores, diaconisas, enfermeiras, como também professores-categuistas,
., uma home- evangelistas e mulheres de Bíblia (bible women). Baepler explica que:
~irios do Sí- Sible women are native female workers who are trained to
-(:'rmitted her meat the lndian women in their homes and to teach them the
Word of God. They work under the suypervision of the wi-
'ia Índia. Em ves of our missionaries, nurses and deaconeses in tlle so-
:,c,nbém missi- cal!ed zenana missions, that is missions to the female popu-
lation of india.42

_ Henrietta Zie- Em julho de 1945 a igreja luterana indiana contava com 36 missioná-
rios e 4 111 issionárias, 20 pastores, 17 evangelistas, 152 catequistas, ] O mu-
lheres de Bíblia, 264 professores e professoras, 2 médicos indianos, 5 enfer-
'.ma Gertrude meiros e 5 enfermeiras. Eram 210 igrejas locais e 66 pontos de ensino e pre-
gação. Eram 19.503 membros batizados e 5.2] 1 comungantes,
'uise Rathke e
O trabalho missionário na China foi iniciado pelo Sínodo de Missouri
em ] 9] 7. Dos anos 1922 a 1943 foram enviados à China 34 111 issionários,
:·nárias EIsie estando entre esses ] médico, 2 professores e 5 jovens missionários. Essas
foram em:

-~eíja Docter e 1923 - as jovens missionárias Frieda Oelschlaerger e Marie


Oelschlaerger;

.:aret Lutz.J9 1924 - a jovem Martha Naden; 43

: i para obter- ] 926 - a jovem Gertrude Simon;

] 931 - a jovem Clara Rodenbeck.44


n11SSlOnanes Em ] 937 a estatística do trabalho do Sínodo de Missouri na China era
.:' States".40
a seguinte: 16 congregações organizadas, 36 pontos de pregação, 17 missio-
missionários nários e 2 missionárias, 53 obreiros nacionais, 2.589 membros.45
~ _:. em Nager- No ano de 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, missionários
missourianos e suas famílias foram mandados de volta para os Estados Uni-
dos. Na China ficaram apenas 4 missionários. Mas logo após a guerra nova-

42 Ibid., p. 289-290;
43 Ibid., p. 292-293;
11 lbid., p. 293-294;
4' Ibid., p. 295;

63

4Ifj_----!l!!!I!!!!I!!!!!!!!I!!!II!!!I!-------- •••••••••
--------
mente foram enviados inúmeros obreiros: 15 missionários, I médico, 2 en- o Dr. Selber:. 2"::
fermeiras.46 na revista Vox Ccn2"':: :,

Sem sombra de dúvida, a atuação de missionárias solteiras luteranas


missourianas - enfermeiras, professoras, diaconisas, etc - teve um papel im-
portantíssimo nas missões da Índia e China. É admirável e motivo de agra- 1=.\.;;:- __

decer a Deus o fato de, por exemplo, a missionária enfermeira Angela


Rewinkel gastar na missão estrangeira a maior parte de sua vida profissional.
É um exemplo a ser imitado.

IV. A participação de mulheres da IELB !la missão

A igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), a segunda maior de-


nominação luterana no país, com 214 mil membros e presente em todos os
Estados brasileiros, foi fundada em 1904 sob a liderança de missionários
americanos da The Lutheran Church - Missouri Synod.

1. A posição da mulher na IELB ção. ,"


como ré\F'
A exemplo da denominação que a fundou, a IELB também não ordena
mill istro. :=::.'
mulheres ao ministério pastoral, ou seja, não tem pastoras. Entende que:
local) /I li" c'
como pessoas, homens e mulheres são iguais. Sua função, no gar, leciuJi;i;
entanto, é diferente ... A mulher tem uma função que é só sita{/os e ,'"
dela: ser mãe (1 Tm 2.15). O homem tem lima função que é respollsa/;i/,
só dele: a 'didaskalia' (a autoridade no ensino, ITm 2.12), mulheres, p,'" "I
isto é, a função de cabeça no Ofício da Palavra. Ambos, ho-
mem e mulher, têm responsabilidades tanto na família hu-
Mais adiante, ° Dr. S:: ;:-

mana como na família de Deus. Apenas a função é diferente. Assil11. h., .. ::

No Ofício da Palavra a mulher também tem a responsabili- igreja tesre'"


dade de profetizar ... , ficando qualificada como dom de Deus al11paran,]::-
à Igreja para ser profeta e evangelista (Ef 4.11). O dom de ração e 2"
pastores-mestres (poiménas-didaskálous, Ef 4.11) tem a re- rio não im=:- _

serva do kefalê (cabeça), conforme ITm 2.12. A liderança ou l11ulhc;:['.:: ' _


do Ofício da Palavra permanece com o homem, com o mi- um 111111":" :.: ~

nistro-pastor, o homem-kefalê, designado por Deus:17 pno uma r: _ -;;-

4R REVISTA VOX C
46 Ibid., p. 296-297;
1989, vol. I, p. 46;
47 PARECERES DA CrRE da iELB. A mulher na Igreja. 1995, \01. L p. 25; 19 Ibid., p. 47;

64
'1édico, 2 en-
o Dr.
Seibert, analisando "O papel da mulher na igreja" em um artigo
na revista Vox Concordiana, afirma:
~;:!ras Iuteranas
Entre as qualificações que Deus revelou para alguém entrar
:: l11l1 papel im-
no ministério eclesiástico, uma é ser homem (I Tm 2.12-14)
c]tÍvo de agra-
... Exercer o ministério eclesiástico implica em desempenhar
. :'l1eira Angela
muitas funções. O ministro prega a palavra, o ministro ensi-
:ia profissional.
na, batiza, administra a Santa Ceia, testemunha, consola,
ampara, dirige o culto público e assim por diante. Exercer o
ministério não significa que o ministro seja a pessoa que de-
sempenha todas estas funções. Aí todos os membros da
:_.\nda maior de-
igreja participam auxiliando o seu ministro eclesiástico para
• "tê em todos os
que todas as funções do ministério exlesiástico sejam bem
:.:: 111 issionários
desempenhadas. Os membros da congregação participam do
ministério auxiliando no ensino, no testemunho, na adora-
ção, na comunhão, no serviço. Permanece, no entanto,
""~'m não ordena como responsável pelo ministério eclesiástico a pessoa do
c'nde que:
ministro. Esta é a razão porque numa congregaçlio (igreja
local) mio é apenas a pessoa do ministro que precisa pre-
:-;ua função, no gar, lecionar escola hiblica, visitar os enfermos e os neces-
\1ç,10 que é só sitados e assim por diante. Embora estas funções sejam
. .1 função que é re.\jJol1.mbilidade do ministro, todo!" os aisttios, llOmens e
i<.'. ITm 2.12), mulheres, podem participar das mesmas.48
. "a. Am bos, ho-
"ia família hu- Mais adiante, o Dr. Seibert esclarece mais:

.,'\0 é diferente. Assim, homens e mulheres podem ~udar o ministro de sua


.\ responsabili- igreja testemunhando, ensinando crianças, jovens e adultos,
dom de Deus amparando aos necessitados, promovendo comunhão e ado-
). O dom de ração e assim por diante. Participar das funções do ministé-
: l) tem a re- rio não implica em ser ministro ... O fato de alguém homem
,\ liderança ou mulher dirigir um estudo bíblico não torna esta pessoa
"'11. com o ml-
um ministro da igreja ... Assim sendo, não nos parece impró-
·17
]('us.
prio uma mulher dirigir um estudo bíblico para a congrega-
ção (igreja local).-l<)

4R REVISTA VOX CONCORDIANA - Suplemento Teológica: São Paulo,


1989. voL I, p. 46;
i. p. 25;
19 Ibid .. p. 47;

65
Daí deduzimos que: nada impede de mulheres solteiras ou casadas se- cessários
rem evangelistas ou missionárias na !ELB: , .
para oesen\-cl:\·~r
- desde que haja, perto ou à distância, um pastor que seja a au- Mensageiro L ll-:;
toridade no ensino sobre a evangelista ou a missionária; Ação Social ::L lE~-=
ras, administrackr;::, ... -
- desde que não administre a santa ceia nem celebre o batismo
nhor de ambos cs se"..
(a não ser em caso de emergência, já que temos o batismo
infantil). Em ] 977. este ::'"'
nÚmero de crístã'Js k
Portanto, nas atividades ligadas ao ensino da Palavra que fazem parte
desafio.
das tarefas no sacerdócio universal de todos os crentes, as mulheres estão
livres para servir ao Senhor. A malOrla qu= ., ~ .._
formação missionari:: :: ...
2. Organização missionária feminina (manas
.. " conslc
'd er:mcc
-
Apesar de a IELB não ordenar "pastoras", moças e mulheres casadas IIIissionário. Várias e:-.c
têm tido um envolvimento cada vez maior nas atividades da igreja (denomi- São Leopoldo, RS. um.' ~..::
nação) há mais de 50 anos. Tem sido um envolvimento progressivo: reunião
Já que pouquíss;·,
nos departamentos femininos da igreja local para estudo bíblico, cooperar na
pesquisa de campo. Prê~'::"::-
obra da missão principalmente com orações e ofertas, praticar a caridade,
IELB que por alguns a,",:'
visitar doentes, ornamentar o altar com flores e embelezar o recinto para os
mos designá-ios apenz\s ,Co;:

cultos, ser professoras em escolas paroquiais, ser professora de escola dom i-


participaram deste il11p~'r: _
nical infantil e de escola bíblica missionária; mais tarde, votar e ser votada
mulheres - que por ocas ,c .
nas assembléias das igrejas locais, fazer parte da diretoria das igrejas locais e
mente uma é solteira e t:~":
até do conselho diretor da denominação.
entrev istados.
Oito anos após a fundação da Lutheran Women's Missionary League
A seguir vamos dis:' ~
nos Estados Unidos, ou seja] 950, foi fundada no Brasil a Liga de Senhoras
riência que tiveram, tende:
Luteranas do Brasil como entidade auxiliar na IELB, a qual tem como obje-
mos fazer uma anál ise ê _,---" -
tivo a "missão". Durante esses anos a Liga tem orado, ofel1ado, incentivado
envolvimento de cristãos luteranos, homens e mulheres, em missões. Com bom que alguém outm rlz-=' "
vens que participaram ck ...-.
suas ofertas, por exemplo, têm ajudado na construção de capelas em missões
no Brasil, doando folhetos evangelísticos e material didático para escolas A formação acade," ,.
bíblicas missonárias, como também tem ajudado a custear a formação de o campo missionário era
diaconisas e pastores nos seminários da denominacão.
As motivações LjU~ _.
3. Missionárias solteiras para bem longe nUI11pr. _.
Senhor", "muita VOl1uj:::
Com a criação dos Centros Integrados de Missão (CIM) da IELB nos
"possibilidade de incem
anos 80 em cidades do norte e nordeste do Brasil especialmente, foram ne-
de trabalho SOCialdemr

66

------------
-...
_ .i casadas se-
cessarlos profissionais de educação, de administração e de serviço social
para desenvolver atividades sociais e a missão. Através da revista oficial -
cue seja a au- Mensageiro Luterano - e dos pastores, os Departamentos de Missão e de
õõionária; Ação Social da JELB solicitaram profissionais (médicos, dentistas, enfermei-
C0:2re o batismo ras, administradores, professores, etc), cristãos luteranos consagrados ao Se-
0::,05 o batismo nhor de ambos os sexos para atuarem naqueles campos.

Em ] 977, este projeto começou a ser colocado em prática e um bom


nÚmero de cristãos leigos (homens, mulheres, rapazes e moças) aceitaram o
_:e fazem parte
desafio.
mliheres estão
A maioria que atendeu ao chamado foi de moças. Apesar de não terem
formação missionária acadêmica, neste trabalho vamos chamá-Ias de "missi-
onárias" considerando que estiveram diretamente envolvidas no trabalho
'!leres casadas missionário. Várias eram diaconisas fÓrmadas pelo Instituto Concórdia de
~reja (denomi- São Leopoldo, RS, uma das escoias centrais da IELB.
c'cssivo: reunião
Já que pouquíssimo foi escrito sobre este projeto, decidimos fazer uma
- :,J. cooperar na
pesquisa de campo. Preparamos dois questionários - um para dois líderes da
:ar a caridade,
lELB que por alguns anos ajudaram a coordenar o projeto (no trabalho va-
-ec into para os
:e escola domi- mos designá-Ias apenas de "líderes") e outro para mulheres que no passado
::ir e ser votada participaram deste importante trabalho. Este Último enviamos para quatro
mulheres - que por ocasião da participação no projeto eram solteiras, atual-
:' igrejas locais e
mente uma é solteira e três são casadas. Vamos conservar o anonimato dos
entrev istados.
,õÍonary League
":1 de Senhoras A seguir vamos discorrer sobre estas "missionárias solteiras", a expe-
riência que tiveram, tendo por base os questionários recebidos. Procurare-
como obje-
:::111
_. jJ. incentivado mos fazer uma análise e apresentar algumas propostas para a IELB. Seria
missões. Com bom que alguém outro fizesse uma pesquisa mais ampla com as demais jo-
. o: JS em missões vens que participaram do projeto e com os pastores com quem trabalharam .

::' para escolas A formação acadêmica destas quatro jovens moças antes de partir para
. - .1 F:mnação de o campo missionário era: magistério, secretariado, nutrição e serviço social.

As motivações que as impulsionaram a deixar suas famílias e irem


para bem longe num projeto inédito na IELB foram "vontade de servir ao
da lELB nos Senhor", "muita vontade de dedicar-me ao trabalho missionário da IELB",
::te. foram ne- "possibilidade de incentivar", Oll melhor, "iniciar um trabalho na concepção
de trabalho social dentro da IELB", "conhecer novas realidades e tentar vi-

67
ver melhor com outras pessoas a partir do amor que Cristo tem por mim", tence à nossa ira..:, ~__ ~~-~ ~,:'
"dificuldades no relacionamento familiar", "necessidade de auto-afirmação"
e "de início curiosidade e depois o desejo de vencer desafios." um dos membro5 ::::~:: _:: ~

Da parte da liderança dos Departamentos da denominação não foi A resDeito d= _ : ~-,


dado nenhum treinamento missionário preparatório. Apenas houve uma en- auxiliares, uma ",ncr<:",:< __.:.
trevista com o secretário de Missão e com o presidente da IELB, quando era novo na IELB, ning'..:,,:-:-, ~'::
combinado sobre o tempo que a jovem ficaria no campo, honorários, mora- pessoas que se em'o\er:~-- -
dia, trabalho a realizar, etc. A maior parte dos detalhes era tratado com o
Na questão q'.coo_'
pastor do campo. Aliás, algo positivo era que cada local tinha um pastor re- Frentes de Missão?'" :'::":2; -e: ~ -
sidente para coordenar o trabalho. dedicar-se ao trabalhe ,_
Atuaram como professoras de matérias seculares nas escolas das mis- dão ("falta do apoio feil1'
sões, dirigentes de reuniões de orientação às mães, professoras de escolas ("muitas vezes você e \ __
bíblicas missionárias, dirigentes de estudos bíblicos, dirigentes no trabalho ocorria muito na époea.::e .
com jovens, dirigentes de coral, visitas missionárias. don e muitas tinham" ii:: -::
também 'deveriam ser as, --
As atividades em que se sentiram melhor e mais felizes em realizar fo-
cisa aprender a dar coma ce
ram: lecionar, dirigir escola bíblica infantil e estudos bíblicos familiares, vi-
sitas missionárias e coordenar reuniões de mobilizações para resolver pro- Porém, todas conec::.:.- .:
blemas vividos pelas pessoas. cas e afetivas: mais estude :.:. -= .

oportunidade de ser mais~:


Cada uma das entrevistadas respondeu que o pastor da missão fazia
e outras culturas, amadure,." :'
reunião de planejamento. Porém, só "às vezes" os pastores faziam momentos
devocionais com elas. No entanto, sentiram nos pastores "uma imensa von- A solidão era mais s<:,r
.. -"
tade de estar ao nosso lado assessorando e até mesmo ajudando material- tal, dias dos pais e das mães ~.:;
mente o grupo". Uma escreveu que "meu pastor foi muito amigo, mas de sejado. Mas experimentara:-:-: -'~
certa forma sentiu-se um pouco enciumado com o trabalho que eu fazia fora volvendo-se muito no trat2.,:- _ e
das aulas junto às famílias dos alunos como devoções e estudos bíblicos. No do local", "criando um cir: __- i
inicio não gostou. Achou que estávamos querendo formar um 'partido' ...Fui comum", "conscientizandc-:e :2.
realmente para evangelizar mais do que simplesmente dar aulas. Aproveitava Ele não lhe abandona" e at:::, e' (
toda folga para estar com as pessoas e transmitir o amor de Deus. Depois
Um fator que às vezes::.<
tivemos uma reunião onde deixamos claro que apenas queríamos trabalhar
"moradia". Sobre o tipo de - :-:;
para o reino de Deus."
rentes. Duas preferem mer::: ::: ê
Ao perguntarmos aos 'líderes' sohre como o pastor que trabalha com família da missão e outra 1" . - =..- :

outros obreiros nas Frentes de Missão pode ajudá-Ios, responderam: "Precisa meses a candidata devesse " : '.:c
dar apoio logístico, espiritual, entusiasmo e que saiba ser pastor". "Precisa poderia ser dada a oportun
reeiclar-se para trabalhar em equipe. Um ministério compartilhado não per- dir.

68
'em por mim", tence à nossa tradição. Para poder prestar ajuda, o pastor precisa conhecer
.!to-afirmação" melhor as outras funções e trocar idéias com os demais obreiros. Deve ser
Um dos membros da equipe e não o chefe ou dono da missão",
__"ação não foi A respeito do projeto e do relacionamento entre pastores e obreiros
C1JUVeuma en- auxiliares, uma entrevistada concluiu: "Acredito que, por ser um projeto
:::L B, quando era novo na IELB, ninguém estava preparado. Tanto o pastor quanto eu e demais
xários, mora- pessoas que se envolveram foram aprendendo na prática".
_-:. tratado com o
Na questão "quais as vantagens de ser solteira para um trabalho em
.:: um pastor re-
Frentes de Missão?" todas responderam: mais disponibilidade de tempo para
dedicar-se ao trabalho. Quanto às desvantagens vêem principalmente a soli-
.'colas das mis- dão ("falta do apoio familiar e do carinho nas horas difíceis"), discriminação
.'.ras de escolas ("muitas vezes você é vista como uma pessoa aventureira ou leviana, Isto
__ .::5 no trabalho ocorria muito na época devido às jovens que participavam do Projeto Ron-
don e muitas tinham vida bastante desregrada. Por extensão, as missionárias
;::11 real izar fo- também 'deveriam ser assim'''), "muitos convites do mundo" e "a gente pre-
r'amiliares, vi- cisa aprender a dar conta de muita coisa sozinha".
.__resolver pro- Porém, todas concordam que tiveram vantagens espirituais, psicológi-
cas e afetivas: mais estudo da Bíblia e oração, mais tempo para evangelizar,
missão fazia oportunidade de ser mais útil a Deus e ao próximo, conhecer muitas pessoas
.\:11 momentos e outras culturas, amadurecimento, "aprendi a ser mais gente" .
., imensa von- A solidão era mais sentida em ocasiões de datas especias (páscoa, na-
__nda material- tal, dias dos pais e das mães) e quando o trabalho não tinha o progresso de-
._1ligo, mas de sejado. Mas experimentaram que a solidão é possível de ser superada "en-
e eu fazia fora volvendo-se muito no trabalho e fazendo muita amizade com pessoas cristãs
, bíblicos. No do local", "criando um círculo de pessoas que tenham com você coisas em
.sartido' ...Fui comum", "conscientizando-se da tarefa que Deus lhe incumbiu e saber que
·:-",proveitava Ele não lhe abandona" e através da oração.
'J::'LlS. Depois
,:;5 trabalhar
Um fator que às vezes pode ajudar ou atrapalhar o ânimo é a questão
"moradia". Sobre o tipo de moradia ideal as missionárias têm opiniões dife-
rentes. Duas preferem morar com outras colegas, uma prefere morar com a
'.ibalha com família da missão e outra morar sozinha. Sugestão: talvez nos dois primeiros
.:n: "Precisa meses a candidata devesse morar onde a missão puder oferecer, mas depois
.- "Precisa poderia ser dada a oportunidade de a missionária escolher onde prefere resi-
não per- dir.

69
Deus" e "de com i\t[ ~: ..
Uma das que trabalhou por 10 meses e estava com 18 anos na época,
vel por mais difícil c;.;;; 5::,"
respondeu o seguinte sobre moradia: "Ficamos numa casa com cinco profes-
soras. Foi difícil, pois cada uma vinha de uma região diferente, com costu- No caso de -..;r-: :~:: - _~ :

mes diferentes, valores e hábitos diferentes. Tivemos muitos atritos por ser nas
• loram
<:' unanlrr:e:5
. :,'; '; --:c:
uma turma muito nova. Mas mesmo assim valeu a experiência". AI'em desta maten2.
. ' ;: :
cultural e saber re5Fe::,:
4. Reativar ou intensificar este projeto? de recursos humancs e::.'::':' -.
Atualmente, poucos luteranos leigos do sul ou sudeste estão traba- mentos básicos de enie:~-
lhando nas frentes de missão do norte e nordeste. Ao perguntarmos aos líde- os, etc).
res porque diminuiu o número de participantes neste projeto, responderam:
Rapazes e mcç:.:, .:
"O esvaziamento dos Centros Integrados de Missão por parte dos Sllcessores
os líderes. Um anw::',e-'Ll .;.,:
na administração nacional", "mudança na direção da igreja nacional, há ex-
entusiasmo, vontade ce: .::.:--::-.;::~
cesso de pastores, não há verbas, falta de visão missionária".
forem esta experiência" .•~
Os dois líderes concordam que 'vale a pena' a direção da I ELB reati- timento financeiro é :11:: ..
var ou intensificar este projeto. "jamais deveria ter sido interrompido". Das Solteiros, depende da :.],::,::::
moças missionárias, três acham que a IELB deveria voltar a enviar jovens de serem missionárias s.::::: ~c-:
para ajudar nas Frentes de Missão. Uma acha quc seria "mais frutífero se nordeste, é a "recepti\id3.ce :-: -3.
fossem enviados casais". confianças por parte dos T"F .:::;

Para este projeto funcionar melhor, segundo os líderes, "a IELB pri- v. O que está sendo feilo li:! lEl
meiro precisa saber o que ela quer e tomar decisões a longo prazo. Não deve Gostaríamos de des:..:.":
ficar a mercê das idéias boas ou desastrosas, de cada novo presidente ou se-
lELB para formação de c::-e -. ,
cretário de missão ou missionário. Deve preparar seus obreiros de forma es- extensão através da Escc],,;:; .::~.
pecífica para a missão integral em determinada região e igualmente os obrei-
São Paulo. Mais de 200 a~= . -
ros dos outros ministérios". "Dar apoio aos voluntários, valorizar tal traba-
cursando.
lho". Duas missionárias afirmam que a IELB deveria primeiro definir de
forma clara sua concepção de missão. Mas além disso, junto com as demais, 1. Curso de diaconia
afirmam que deve haver curso de treinamento para os candidatos antes da Um dos cursos de r>:::·-
partida para o campo, ser apresentado a eles "um pedil de candidato"para os os sexos que tenham cone
mesmos terem condições de melhor decidir, haver encontros mais seguidos lização.
entre os missionários dos vários campos para maior entrosamento e troca de
De acordo com oCa:::
experiências.
finalidade preparar pCSSC3.5 :-:-"2
As entrevistadas responderam que aconselhariam alguém a partiCipar gregações e pontos de m i::~
de um trabalho como elas fizeram. Apresentariam como razões '"o cresci-
mento espiritual, emocional e psicolÓgico", '"é lima opl1rtunidade de servir a
CATÁLOGO AC.'\C~'
50 '.-
1994. p. 25;

70
anos na época, Deus" e "de conviver com outras realidades", "é uma experiência incalculá-
vel por mais difícil que seja" .
. '1 cinco profes-
, He, com costu- No caso de um treinamento preparatório aos candidatos, as missioná-
5 atritos por ser rias foram unânimes que é preciso ser treinado em evangelismo prático.
J"
Além desta matéria sugerem antropologia cultural (para diminuir o "susto"
cultural e saber respeitar a cultura local), relações humanas, administração
de recursos humanos e materiais. Um dos líderes sugere: doutrina, conheci-
. = 'Te estão traba-
mentos básicos de enfermagem, aconselhamento (questões de família, víci-
:armos aos iíde-
os, etc).
- :'. responderam:
~= dos sucessores Rapazes e moças missionários são importantes e necessários, opinam
':acional, há ex- os líderes. Um argumenta que "solteiros geralmente são jovens e jovens têm
entusiasmo, vontade de aprender e levam para o resto da vida e para onde
forem esta experiência". O outro líder lembra que sendo solteiros, "o inves-
da I ELB reati-
timento financeiro é menor. Mas de preferência deviam ser obreiros casados.
IOl11pido". Das Solteiros, depende da idade. Missão não é convescote". Porém, as vantagens
.1 enviar Jovens de serem missionárias solteiras ou mesmo casadas, principalmente para o
.ais frutífero se nordeste, é a "receptividade para contactar elemento feminino evitando des-
confianças por parte dos maridos e dos pais".
C·S. "a IELB pri- V. O que está sendo feito na IELB
- ::'razo. Não deve
- :'esidente Oll se- Gostaríamos de destacar algo muito positivo que está acontecendo na
::'s de forma cs- !ELB para formação de obreiros. São os cursos de diaconia e de teologia por
mente os obrci- extensão através da Escola Superior de Teologia (EST) situada na cidade de
_,rizar tal traba- São Paulo. Mais de 200 alunos de diversas partes do Brasil estão inscritos e
cursando.
--:eiro definir de
-:,)111as demais, 1. Curso de diaconia
:.Jatos antes da
Um dos cursos de Diaconia é em Evangelismo. Para pessoas de ambos
,didato"para os
os sexos que tenham concluído o primeiro grau ou atuam na área de evange-
< mais seguidos
lização.
--;;:i1tO e troca de

De acordo com o Catálogo Acadêmico da EST, "o curso ... tem como
finalidade preparar pessoas para uma evangelização mais efetiva nas con-
_ .;'[1 a participar
./."'-'5 "o cresci-
gregações e pontos de missão. Para tal estuda sua teologia e prática".50

50 CATÁLOGO ACADÊMICO do Instituto Concórdia de São Paulo. 1993-


19CJ4, p. 25;

71
Algumas matérias devem ser estudadas de forma intensiva com do- giâ Prática: 11 cr~J~.: -~
centes da EST, na própria escola ou fora onde haja um número maior de alu- um ano considera.c,: - .. --
nos. Mas a maioria das matérias podem ser ministradas por pastores da regi-
ão com a orientação e supervisão da escola. Não dispOTT>:;: ~~-~ ~:-~ -

ologia em Educaç?o.:' '_ o:: .:: --


o Catálogo descreve: o da EST.
As disciplinas de curso em Evangelismo são oferecidas pelo Sem dúvida este :'::'::.: _
sistema de créditos. Até a conclusão do curso, o aluno deve- aos alunos.
rá completar 16 créditos na área de Bíblia e Doutrina, 6 cré-
No entanto. a IEL:2
ditos na área de História, 16 créditos na área de Teoria e
"missionárias". Usanc::
Prática do evangelismo, 4 créditos em Leitura Programada e
6 créditos em Atividades Práticas. Este curso compreende ao estágio, realizado dULi'c:e
todo 48 créditos.51 mento das alunas em at:- . .::~.:::<
sionárias poderão ser for':' ~.::.::
Quanto à duração, "o curso deverá ser completado, no mínimo, em
Sendo o mesmo c::-:- .::
três anos e, no máximo, em seis" .52
cação cristã e de m issicTL: ::
Pelo que observamos no Catálogo Acadêmico, este curso possui um escolher se deseja ser pre[;;::: . -:: ,
currículo muito bom e bem montado, com conteÚdo de alto nível, equipando cada terminal idade de\er:. ~~-
os alunos para serem bons evangelistas tanto nas igrejas locais como em mação desejada.
missões.
VI. Propostas à IELB
2. Curso de teologia
Após este estude.
Outro curso aberto a pessoas do sexo feminino é o Bacharelado em parte desta especificamçn:e
Teologia em Educação Cristã. Este "visa formar professores de Educação Brasil), humildemente apre;:e-:_""
Cristã a nível de terceiro grau, que estejam habilitados a dirigir e executar o
programa de educação cristã tanto das igrejas locais como das escolas de Antes porém, tornam~ c ~ e
primeiro e segundo graus".53 É oferecido na EST de São Paulo na modalida- importantíssimo. Já em )98-. __
formados de mulheres. '\c· . , .~
de residencial e por extensão, e na ULBRA (Universidade Luterana do Bra-
zado em 1987 em São Pau -.~' .2
sil) em Canoas, RS.

O currículo do Bacharelado em Teologia em Educação Cristã da EST Apesar de;: - -.: :


res estão;::ó ~
consta de 193 créditos. Sendo 69 créditos no departamento de Teologia Exe-
têm feito ".'-
gética, 31 créditos no departamento de Teologia Sistemática; 22 créditos no
belecimer::: .::.
departamento de Teologia Histórica; 33 créditos no Departamento de Teolo-
e ação sc< ::
tradutora;: ::: ?-
51 lbid., p. 26;
52 lbid., p. 26;
53 lbid., p. 29;

72
" com do-
gia Prática; 11 créditos de disciplinas optativas; o estágio supervisionado de
..:ler de alu-
um ano considerado como 18 créditos e 3 créditos de leituia programada.
: ,es da regi-
Não dispomos para este trabalho do currículo do Bacharelado em Te-
ologia em Educação Cristã na ULBRA, mas deve ser igualou parecido com
o da EST.
e,ecidas pelo Sem dúvida este também é um curso de alto nível dando boa formação
.:iluno deve- aos alunos.
rrina, 6 cré-
Je Teoria e No entanto, a 1ELB deveria permitir que este curso formasse também
='lJgramada e "missionárias". Usando o mesmo currículo e tendo o cuidado de no pré-
.. :npreende ao estágio, realizado durante o curso, e no estágio, de um ano, haja envolvi-
mento das alunas em atividades evangelísticas ou missionárias, ótimas mis-
sionárias poderão ser formadas.
mínimo, em
Sendo o mesmo currículo para formação de professores (as) em edu-
cação cristã e de missionárias, na época de ir para o estágio a aluna poderá
-''> poSSUI um
escolher se deseja ser professora em educação cristã ou missionária. E então,
el. equipando cada terminal idade deverá ter o tipo de estágio mais apropriado para a for-
._ 31S como em
mação desejada.

VI. Propostas à [ELB

Após este estudo, com o objetivo de servir à Igreja Cristã e à uma


':.,.:harelado em
parte desta especificamente que é a IELB (Igreja Evangélica Luterana do
e, de Educação
Brasil), humildemente apresentamos algumas propostas práticas .
. = r e executar o
jàS escolas de Antes porém, tornamos a enfatizar que o papel da mulher na Igreja é
:.,na modalida- importantíssimo. Já em 1987, dois terços da força missionária mundial eram
_ ~remna do Bra- formados de mulheres. No o Congresso Missionário Íbero-Americano reali-
J

zado em 1987 em São Paulo, foi afirmado:

Cristã da EST Apesar dos problemas, barreiras e obstáculos, muitas mulhe-


. e Teologia Exe- res estão se realizando no cumprimento missionário. Elas
:2 créditos no têm feito contribuições significativas ao evangelismo, esta-
~nto de Teolo- belecimento de igrejas, liderança da igreja, desenvolvimento
e ação social. Elas são médicas, enfermeiras, educadoras,
tradutoras da Bíblia, jornalistas, musicistas, conselheiras,

73
administradoras, assistentes sociais, secretárias e até aviado-
ras.54 --1.-;
u'--<.
--; -. ,.-
'_ .•• __

o Df. Nestor Beck acertadamente afirmou:


o Senhor concedeu à Igreja não só pastores e mestres, mas estagl._ ,
também apóstolos, profetas e evangelistas, bem como diáco- nas:
nos, presbíteros e supervisores. As escolas oficiais, portanto,
4.. Que e\::.~~~::
formarão diversos (tipos de) ministros, para serem praticadas
vidade3 ,J'_:: -- ::::...
todas as funções da Igreja. Por razões históricas e circuns-
sendo '. ~- - - _ '\
tanciais, as escolas oficiais da IELB se restringiram, por al-
(batls;-.;: , ,.
gum tempo, a formar pastores somente. As escolas precisam
persistir no esforço de formar professores primários, diáco- 5. Que e\ 2',":-=
nos e diaconisas, evangelistas, missionários, capelães.55 ções. se:' .._ .. :: ::
lÓQ:Íco iTC' ..
Ressaltamos:
fas ma is j .'::: :
"As escolas, portanto, formarão diversos (tipos de) mll1IS-
6. Que as ir'"
tros, para serem praticadas todas as funções da Igreja".
ITIISSIOl1arl: S u',

e "precisam persistir no esforço de formar... diáconos e dia- frentes a\ au.': __'


conisas, evangelistas, missionários" - e nós acrescentamos -
7 • Que L;;, ...•. ::,
C'v"'- '.-' .
e missionárias.
mulhere5 ,~ ~'.=~
':;
Diante do exposto, propomos: aIs;

1. . Que haja na IELB entre os Ministros Auxiliares56 também 8. Que, send:


evangelistas (homens e mulheres) e missionárias; tentes a
tivemos e
2. Que sejam designadas de 'evangelistas' pessoas da denomi-
nação que fizerem o curso de Diaconia em Evanglismo ofe- se preparare:-: ::-::
recido pela Escola Superior de Teologia de São Paulo; 9. Que a D,,:; .. "-
dos detalhe;: =- .:::

10. Que a Dire:~' :.


54 MCKINNEY, Lois. In: Revista Ultimado. fev./1988, p. 8;
55 BECK, Nestor. A formação de obreiros para a missão. In: Igreja, Sociedade Missão prc\
e Educação - estudos em torno de Lutero: Porto Alegre, p. 117; fiO.
56 O Regimento da lELB, edição 1996, no Art. 96, fala de Ministros Auxiliares
e os define: "Ministro Auxiliar é aquele formado pela IELB através de seus Educan-
dários Oficiais, para servir como auxiliar dos pastores, em harmonia e sob a sua Sll-
pervisão." No Art. 97, descreve quem são eles: "São considerados Ministros Auxili-
ares: diáconos em Educação Cristã, em Evangelização, em Serviço Sacia! e em Mú-
sica."

74
3. Que sejam designadas de 'missionárias' moças e mulheres
da denominação que cursarem o Bacharelado em Teologia
em Educação Cristã da Escola Superior de Teologia ou da
Universidade Luterana do Brasil, desde que realizem no pré-
'::5tres, mas estágio e no estágio atividades evangelísticas e/ou missioná-
:: mo diáco- nas;
portanto,5.
4. Que evangelistas e missionárias possam realizar todas as ati-
praticadas
::-0
. _~5 e clrcuns- vidades que fazem parte do sacerdócio universal dos crentes,
sendo vedado a elas/eles a administração dos sacramentos
- ; ram, por al-
(batismo e santa ceia);
o ••• as precIsam
" Jrios, diáco- 5. Que evangelistas e missionárias tenham as mesmas atribui-
_ :::lães.55 ções, sendo que às missionárias, por fazerem um curso teo-
lógico mais profundo e mais extenso, possam ser dadas tare-
fas mais difíceis e/ali de maior responsabilidade;
. s de) minis-
6. Que as missionárias possam fazer e/ou coordenar trabalhos
:::reja" .
missionários nas igrejas locais, em pontos de missão e em
: Jconos e dia- frentes avançadas de missão no Brasil ou no exterior;
_-::5centamos -
7. Que continuemos a incentivar rapazes e moças, homens e
mulheres a fazerem os cursos oferecidos pelas escolas ofici·
aIs;
.:.re556 também 8. Que, sendo aprovado pela !ELB através dos canais compe-
_ - 2S:
tentes a formação de missionárias, que divulguemos, incen-
o J5 da denomi- tivemos e desafiemos moças e mulheres da denominação a
- :mglismo ofe- se prepararem para trabalhar como missionárias;
,-:' Paulo; 9. Que a Diretoria nacional da !ELB e os Seminários tratem
dos detalhes para a execução deste projeto;
10. Que a Diretoria nacional da !ELB e especialmente a área de
Sociedade Missão providencie a colocação destas no trabalho missioná-
no.
oêros Auxiliares
.::" seus Educan-
~ sob a sua su-
o '"istros Auxi!i-
~xial e em Mú-

75
CONCLUSÃO De

o estudo
deste assunto deu-nos a oportunidade de conhecer um pouco
sobre a importantíssima participação da mulher no trabalho da Igreja, princi-
palmente no trabalho missionário. Quer através de organizações missionárias
ou diretamente, inúmeras mulheres cristãs têm ajudado na obra missionária.

É preciso incentivar e desafiar mulheres solteiras e casadas a se prepa-


rarem bem para atuarem como missionárias no Brasil e exterior. Algumas vezes. n:
como o Catecismo pode ::;-.:: -. ~
de ensejar a questào: '",~__
talvez, a melhor questàc' 3 ~ç, ::.;
se um documento vivo e u: _,
cultura?" Tendemos a :g:-:'::- 3
formato diferente no qual c ~ ::-:"
da América, temos escriT,:' ::--::S;
sobre ... adições a ... e abre'. ::: o.;;
Catecismo a partir de um ~:--.
temos levado verdadeira:".~ :c:
sociológicos pertinentes à.:: ::_.l'
como Lutero o fez no Cate.:.s:-'
o Catecismo fOI", :c:'S.-1
missionários no campo. d:s.: _~;:'2
segue acerca do uso do C::';:,;
Guatemala. Os misslonárt::,::-r
maneira de apresentar o C 3te.: s-r
existisse em Espanhol já ha. 2::-':~
que o Catecismo seria impre~~: f};
uso do termo Catecismo na G ..:.::ti
já pinta a figura do C:c' .:_Si
protestantes na Guatema)a ~-'
Católica não seja uma igre.2. ':',
em si mesmo poderia '. ir :: :.~
qualquer liSO para o resun;".:: .
assIm:

76

-------.---
---."--
____ -~._._._._--_.
.~.; •. - .._." ..-,--"
"'. ,._... ;;,_ ••• ",. m_ •• ~ __ • ·_·__ M ~' __'_M • _
o CATECISMO
Gregory Klotz,
;.:~r um pouco Antigua, Guatemala
: - : ireja, princi-
:;: rnissionárias Trad. por Paulo R. Teixeira
11 i ssionária.
e Ivonelde S. Teixeira
=}s a se prepa-
Algumas vezes, no campo de missão, um livro luterano simples tal
como o Catecismo pode tornar-se bastante complexo. Complexo no sentido
de ensejar a questão: "Qual é o valor do Catecismo neste contexto?" Ou,
talvez, a melhor questão a ser argüida seja: "Como o Catecismo pode tornar-
se um documento vivo e útil nas vidas dos novos cristãos luteranos em outra
cultura?" Tendemos a ignorar a "mono-culturalidade" do Catecismo e o
formato diferente no qual o mesmo foi escrito em 1528. Nos Estados Unidos
da América, temos escrito e reescrito o Catecismo, bem como comentários
sobre ... adições a ... e abreviações do CATECISMO. Não temos escrito o
Catecismo a partir de um ponto de vista "evangelístico", e parece que não
temos levado verdadeiramente em consideração aspectos culturais ou
sociológicos pertinentes à discussão da vida cristã no mundo de hoje tal
como Lutero o fez no Catecismo Maior.

O Catecismo foi o assunto de uma discussão recente entre alguns


missionários no campo, discussão esta que deu ocasião à explanação que
segue acerca do uso do Catecismo entre o povo Maia, indígenas da
Guatemala. Os missionários em questão estavam discutindo a melhor
maneira de apresentar o Catecismo na linguagem nativa. Embora o mesmo
existisse em Espanhol já há décadas, esta haveria de ser a primeira vez em
que o Catecismo seria impresso na língua Maia. A conversa gira em torno do
uso do termo Catecismo na Guatemala, onde a palavra "catecismo" por si só
já pinta a figura do Catolicismo Romano - e a maioria dos grupos
protestantes na Guatemala (excluindo os luteranos) crêem que a Igreja
Católica não seja uma igreja cristã. Por conseguinte, o Catecismo luterano
em si mesmo poderia vir a ser rejeitado como algo não-cristão e sem
qualquer uso para o restante do mundo protestante. O diálogo processou-se
assim:

77
Luterana. Come' re"_ ~.::::-
"Demorou bastante, mas gostaria de responder às suas ponderações, as
fnalS tremamento ,,::,
quais estão em seu e-mail a mim enviado em 10 de maio de 1997.
pode conseguir "o",::':
Primeiramente, acho que vocês tem algumas ponderações boas. colocam. O tom dJS ~_ :
Definitivamente, há uma ignorância geral sobre o significado da palavra lacuna de "identidad~
Catecismo e sobre seu uso no contexto "evangélico" ou protestante. O muitos missionários ç:~;:- -.-
Catecismo é interpretado como sendo algo exclusivamente Católico verdade destrói o que e es e'
Romano. Ao longo de meus 16 anos no campo na América Latina, tenho
Uma outra canse.::_~
notado algo disso, todavia, nunca experimentei uma rejeição do Catecismo
alguns missionários ser:,::~e -e--.::
após explicar qual é o seu conteúdo. Colocar o Catecismo ao alcance de um
deles através de uma te'--- -- - -:::
grande número de pessoas, muitas delas não luteranas, exige muito
intrínsecos àquela CU1L":' ---
planejamento. Creio que sensibilidade cultural entre os missionários é um
luteranos tendem a dei::- "-'O::-. ~
verdadeiro dom de Deus - muito difícil de ensinar - e creio que vocês estão
protestantes, alguns til ís~
no caminho certo. Contudo, por favor, considerem o seguinte ao decidirem
"cordeiro" (no Novo T 0::-:':-
chamar ou não o livro que vocês estão traduzindo de Catecismo:
qualquer conhecimentc::.o::- -
No Panamá, plantei igrejas usando as Escrituras e o Catecismo. romano por um soldadc::..:: ::
Lidamos mais com o conteúdo do material do que com o nome propriamente
procurarem definir o equ:\:: o::-
--o::-:
dito. Meu problema com o Catecismo naquele momento era o fato de que o comunicar a verdade da E':- - -::
mesmo fora escrito exclusivamente como um livro de orientação doutrinária tratando.
para aqueles que "já estão na igreja" e não como uma ferramenta
O Catecismo é uma .::::'
evangelística para o alcance daqueles que ainda não conhecem a Cristo. Com
o Catecismo em mente, por conseguinte, minha ênfase maior nos estudos de não apenas dos luteranc~. --
ofensivo a alguns que s~:
pós-graduação no Seminário foi "métodos didáticos culturalmente sensíveis
doutrinas, mas isto de\ e se"
para o ensino doutrinário transcultural."
Latina em dois aspectos: er: -:- -:
Ainda tendo a usar o termo Catecismo, quando referindo-me ao
impacto (tanto social corne "e ;'
Catecismo, por causa de uma outra razão muito boa. Tenho visto, em
países latino-americanos :,::.'-':, ~
diferentes partes da América Latina que, quando missionários luteranos são
meados do século XIX) p3.::: __
perguntados acerca de com que a Igreja Luterana se parece, tais missionários
em 1883 (como é ocas: -=

tendem a compará-Ia com a Igreja Católica Romana ou com as igrejas desenvolvimento um tanI, ::s:.:..;
evangelicais, dizendo: "Somos parecidos com os católicos romanos e com os
Vaticano lI), bem como a s~
protestantes. Usamos velas como os católicos, mas cremos somente em
para como aquelas dos pe~_.::_:
Cristo para nossa salvação", ou algo do gênero. Essencialmente, os
segundo lugar, e postefl::-~-_::
missionários estão definindo a Igreja Luterana - e sua essência, doutrina, etc.
desenvolvimentos secu !ar" s.::_
- comparando-a com outros corpos eclesiásticos. Isto NÃO define a Igreja
78
- - ::ç:rações, as Luterana. Como resultado disso, hoje, nossas igrejas estão clamando por
mais treinamento doutrinário luterano. Na região de vocês, a igreja nunca
pode conseguir "boa doutrina luterana" o suficiente da maneira como eles a
=-:~::';:õesboas. colocam. O tom das congregações luteranas em geral tem sido que há uma
. ::.=:.da palavra lacuna de "identidade luterana" em muitas partes da América Latina. O que
- -ctestante. O
muitos missionários podem ter julgado como sendo um boa comparação, na
-::':e Católico
verdade destrói o que eles estavam empenhados em tentar construir.
. - L2tina, tenho
=: Catecismo Uma outra conseqüência perigosa deste tipo de pensamento é que
....=ance de um alguns missionários sempre tentam definir a si próprios ou a mensagem
-:xige muito deles através de uma terminologia exclusiva ou de equivalentes culturais
"';arios é um intrínsecos àquela cultura particular. Por exemplo, assim como alguns
-: \ocês estão luteranos tendem a definir-se entre os polos da Igreja Católica Romana e dos
'-:}, decidirem protestantes, alguns missionários podem ser tentados a traduzir a palavra
"cordeiro" (no Novo Testamento) pela palavra "porco" por não haver
qualquer conhecimento de ovelhas na cultura, ou substituir um guarda
Catecismo.
romano por um soldado da Polícia nacional. Tais tentativas, a despeito de
::- rClpriamente
procurarem definir o equivalente cultural, não satisfazem a meta proposta de
c:}tode que o
comunicar a verdade da Escritura e nem definem bem sobre o que se está
_2' doutrinária
tratando .
.: ferramenta
i Cristo. Com O Catecismo é uma das pedras de toque da fé dos cristãos luteranos, e
..s estudos de não apenas dos luteranos, mas de todos os cristãos. O nome pode ser
-:lHe sensíveis ofensivo a alguns que são ignorantes quanto à Igreja Luterana e suas
doutrinas, mas isto deve ser esperado, pois a história privou a América
ndo-me ao Latina em dois aspectos: em primeiro lugar, a América Latina não sentiu o
impacto (tanto social como religioso) da Reforma em 1517. A maioria dos
, v isto, em
'tç:ranos são países latino-americanos saltaram da Inquisição (que não terminou até
"'llssionários meados do século XIX) para os missionários presbiterianos, os quais vieram
em 1883 (como é o caso na Guatemala). Desta forma, você tem um
as Igrejas
'":'s e com os desenvolvimento um tanto estagnado por parte da Igreja Católica (pré-
:-:mente em Vaticano lI), bem como a similaridade das visões religiosas de seus adeptos
.:;mente, os para como aquelas dos períodos da Renascença e da Idade Média. Em
.... ltrina, etc. segundo lugar, e posteriormente, a América Latina não passou pelos
-:':a Igreja desenvolvimentos seculares do Iluminismo e da Revolução Industrial, que

79
..
incluem ênfase nos modelos educacionais seculares, na tecnologia, enSll1ar e ensmame:;c:'
possivelmente nas habilidades analíticas e no desenvolvimento artístico - A significância de 3e'.: .:.,
incluído nisto também estão a ênfase no desenvolvimento religioso e na sendo perdida. ma3 3. .' _3.
tolerância mútua entre católicos e evangélicos (protestantes). Nesta cena, o com a instrução de e,e-.:":" '.-
Luteranismo sempre se encontra fazendo uma ponte para cobrir o abismo: Há uma alterna ti·:: .:."-."-
não sendo nem católicos e nem evangelicais, nem querendo chamar os início de meu curso scL';;;,::: --
católicos de "não-cristãos".
destas palavras anteri,:r:- ..•;:;: -:
A Igreja Luterana, carecendo de uma definição histórica no contexto não permanecem n a i gn: r i -~"-...
,
social da América Latina, está fadada a ser mal compreendida ainda que o precauções infundadas:: -r': -
nome "Catecismo" fosse mudado. Deveríamos ter a oportunidade de termo católico romanc \" -
definirmos a nós mesmos, a doutrina luterana e a distinção entre Lei e e esclarecer os estudar:::;; -,
Evangelho no ensino e na pregação. O Catecismo apresenta a oportunidade Então, eles podem emer; -.:. .:
para que nos definamos ao ensinar a vida diária para o cristão. Sendo uma todas as congregações '- e-:'-
pequena estrela no cosmos protestante latino americano, a Igreja Luterana ensinam aos novos mel:' C:':" -

precisa brilhar de maneira mais intensa e precisa ser compreendida suas igrejas. Há outros de::
cabalmente. O Catecismo apresenta o desafio de introduzir alguns assllntos como o conteúdo e os tÓp~,:" : 0-.

doutrinários muito importantes, assuntos estes negligenciados por muitos e que variam de igreja p::r.::. __ ,
evangelicais. Além disso, outras denominações demonstram-se orgulhosas a era pré-Nicena.
por aquilo que as mesmas têm publicado e produzido: deixemos que nossa Basta isto acerca d:;; - -;
voz proclamadora de Cristo e da vida cristã também ressoe fOliemente!
Há um outro perigo ao re-r:,'·;;e
O Catecismo é uma destas coisas que podemos introduzir e dar novo tais como "meditações", ::
sentido no contexto latino-americano. Realmente, dar novo significado para um documento do tipo \1: _ :03

coisas velhas é o que Cristo fez dentro de sua cultura; Lutero também o fez um luterano pode tomar -
dentro de sua própria cultura. Lutero usou a palavra Catecismo, assim como Catecismo!" Ou, um am·g. ~~
outros reformadores, mesmo levando em conta o risco de uma acepção mesmo dar-lhe tal livro e ::-:l
católica da palavra. Como vocês provavelmente bem sabem, a razão foi que "Catecismo". Então, o :::-g:
o sentido real da palavra Catecismo, no Grego, significa "ensinar" "Catecismo", quando ache' ... .::...=
(katecheo). Tiramos a palavra Catecismo desta palavra. Mas esta espécie de termo não será esclarecidc. ::.:~
ensinar não é o "ensino didático", para o qual o Grego utiliza a palavra realmente um "Catecismc e .:f
didasko (do quai, tiramos a palavra "didática"); antes, Catecismo refere-se a integridade - foi provoca::: ? ='
um "ensinamento espiritual" da fé. As palavras aparecem ao longo de todo o caso o nome Catecismo lL'::-=
Novo Testamento, o que significa que mesmo no estágio primitivo do série de meditações, emãc. =-,e õ;i

desenvolvimento dos livros do Novo Testamento. havia uma distinção entre nenhum "ensino espiritual ':'-ç

80
ensinar e ensinamento espiritual: a diferença entre "didática" e "catequese".
A significância do sentido das duas palavras, desde a Igreja Antiga, vem
e na
sendo perdida, mas aindà há importância nisto. Qualquer ensino que lide
com a instrução de crentes, realmente, é katecheo.
~tSlno:
Há uma alternativa para não chamar o Catecismo de "Catecismo". No
início de meu curso sobre Catecismo, apresento o Catecismo e o significado
destas palavras anteriormente mencionadas. Desta maneira, os estudantes
, ~=l1texto
não permanecem na ignorância no que concerne ao termo e podemos discutir
:.i que o precauções infundadas contra o "conceito" como sendo estritamente um
_3.de de termo católico romano. Assim, acho que prefiro ensinar a realidade do termo
.~C:: Lei e
e esclarecer os estudantes no tocante ao verdadeiro objetivo do Catecismo.
Então, eles podem emergir das falsas concepções infundadas e perceber que
'-::'do uma todas as congregações verdadeiramente têm um "catecismo", o qual elas
.. Luterana ensinam aos novos membros quando estes vem para tornar-se membros de
::-reendida suas igrejas. Há outros desenvolvimentos históricos para o Catecismo, tais
, assuntos
como o conteÚdo e os tópicos escolhidos sobre os quais também aprendemos
., '" muitos
e que variam de igreja para igreja, assim como eles também fizeram durante
rgulhosas a era pré-Nicena .
.:jue nossa
. -::ite! Basta isto acerca dos meus pontos de vista sobre o nome "Catecismo" .
Há um outro perigo ao tentar-se introduzir outros nomes para o Catecismo,
e jar novo
tais como "meditações", de modo a atrair a comunidade cristã em geral. Se
. r:cado para um documento do tipo "Meditações de Martinho Lutero sobre ..." circular,
. :,ém o fez
um luterano pode tomar um exemplar e dizer: "Aha! Este é nosso
.'Sim como
Catecismo!" Ou, um amigo protestante de outra denominação pode até
.1 acepção mesmo dar-lhe tal livro e então constatar que o mesmo é, de fato, um
=30 foi que "Catecismo". Então, o amigo sentirá que foi enganado ao ler um
"ensinar"
"Catecismo", quando achou que estava lendo "meditações". O significado do
espécie de termo não será esclarecido, a pessoa continuará ignorante acerca do que seja
a palavra realmente um "Catecismo" e, em resumo, um prejuízo maior - no tocante à
:efere-se a
integridade - foi provocado. Por outro lado, o que poderia acontecer é que,
_ de todo o
caso o nome Catecismo nunca fosse usado e se esperasse meramente uma
';'! itivo do
série de meditações, então, mesmo entre igrejas luteranas novas, não haveria
:í~:l') entre
nenhum "ensino espiritual" que realmente fosse o conteúdo do Catecismo.

81
menos que o mesm,: .:".::"1::--3
Isto, infelizmente - creio - não tem ocorrido com tão poucos campos de
por alguém que o a:'-,:. ::::.--_:
missão: que o Catecismo não é usado no preparo de jovens cristãos e, então,
ser impressa em livre:: ~::: - .2 .: ::'
posteriormente, o membro da igreja quer saber mais a respeito da Igreja
Luterana e suas doutrinas. O que eles eles precisam fazer? Estudar o A título de ncLl :-:-::. -
Catecismo. começou na GuatemaLl :: ::-..
Havia um grupo de .~>....
o Catecismo é, no entanto, muito mais do que doutrina somente. De
Catecismo Menor de L.lç·:
fato, Lutero planejou que o Catecismo fosse um guia para a vida cristã - um
queriam pertencer. (,Yi:: : . _
Enchirideon: um livro carregado na mão direita do cristão para guiá-Ia pelo
contactaram o Sínodo ,j", '.' ,
caminho de uma vida cristã virtuosa. Lutero teve esta intenção em mente ao
trabalho em EI Sa!\acLr '-
escrever o Catecismo, porque, como vocês podem recordar, o Catecismo foi
pegar e ler o livro aind:: ::..:: -
realmente o produto final de uma série de sermões a respeito de assuntos dos
Dez Mandamentos, Pai Nosso, Credo, etc. Somente mais tarde, durante o Vocês também :'::'.l _.-.
movimento confessional ortodoxo da Igreja Luterana, no século XVII, o analfabetos funcionaI~
Catecismo recebeu muitos acréscimos de rodapés doutrinários, os quais possibilidade para aque:::,
foram, finalmente, incorporados ao "Catecismo Azul" (em Espanhol, o significar que eles pree ':::'"
"Catecismo Vermelho") sob o título "Uma Breve Exposição". Embora no quantas fam ílias teriio e':-l'
início deste Catecismo esteja incluído o Catecismo MenOí de Lutero, o resto tivessem de comprar ou eu _.
do Catecismo é uma exposição doutrinária ou uma mini teologia sistemática com ida". No Panamá. C_.

para equipar as pessoas com as "respostas certas", mas nem sempre as que desde então desa p.::e >: -.""'
desafiando para uma "vida correta". para os analfabetos. C cri' --' _ "
relevantes dos argumenL':s :.e--:
Tudo o que foi mencionado acima, no entanto, não responde à questão
lembrança ativa. Crei~' ::...__
sobre como conseguir que mais material chegue às mãos de muitas pessoas.
prim itivas (o Antigo Tes:.-;."ç
As intenções de vocês são admiráveis e é bom vê-Ios se esforçando acerca
uma série de pala\T3s ~ ... c
do que fazer para atingir mais pessoas. Minha sugestão seria, porém, manter
realmente recontando a :." ~
o nome "Catecismo" e explicar no primeiro capítulo qual é o significado
Pode ser??
verdadeiro de Catecismo, bem como seu contexto na Guatemala. Isto pode
ser feito de modo simples. Mesmo que o título não traga o nome Bênçãos a voces e I:'::' _

"Catecismo" a fim de que mais pessoas carreguem a literatura, o termo Em Cristo,


deveria ser explicado no primeiro capítulo de modo a que a ignorância
desapareça. Vocês afirmaram que seu objetivo primário na tradução é ter um
livro para os luteranos. Isto é muito importante "para eles" - e eles precisam
ter a palavra "Catecismo" claramente impresso. Contudo, de forma geral,
provavelmente os maias não pegarão de modo algum um livro para ler a

82
menos que o mesmo Ihes tenha sido dado como uma leitura recomendada
~2mpos de
por alguém que o achou edificante. Eu realmente penso que cada parte pode
~, e. então,
ser impressa em livretos separados. Igualmente, acrescentem gravuras.
~:ü Igreja
Estudar o A título de nota marginal, é interessante notar que a Igreja Luterana
começou na Guatemala e em EI Salvador como um resultado do Catecismo.
Havia um grupo de quakers que, de alguma maneira, conseguiu um

. e[stã - um Catecismo Menor de Lutero, ieu-o e decidiu que esta era a igreja à qual eles
queriam pertencer. Como o endereço estava em algum lugar no livro, eles
~~:á-]o pelo
~ mente ao contactaram o Sínodo de Missouri. Estas mesmas pessoas iniciaram, então, o

_~~i5mo foi trabalho em EI Salvador. Um uso interessante do Catecismo? O que os fez

~.".1 11tos dos pegar e ler o livro ainda que o mesmo dissesse Catecismo?

Jurante o Vocês também falaram de um bom número de analfabetos ou de


XVII, o analfabetos funcionais. V ocês mencionaram cassetes como uma
:'5 quals possibilidade para aqueles que ainda não poderiam ler. Cassetes pode
- ~-,1nhol, o significar que eles precisem ter um gravador ou um toca-fitas. Não sei
bora no quantas famílias terão estas coisas. É certo que não seria bom caso eles
~ :, o resto tivessem de comprar ou emprestar um desses aparelhos a fim de terem "boa
comida". No Panamá, coloquei o Cate\:ismo inteiro numa série de gravuras
:::npre as que desde então desapareceram. Eu sugeriria fazer uma série de gravuras
para os analfabetos. Com raciocínio e preparação, incluam os pontos mais
relevantes dos argumentos dentro de lima gravura, a qual redundará em uma
'luestão
Dessoas. lembrança ativa. Creio que esta é a maneira pela qual as Escrituras

~: acerca primitivas (o Antigo Testamento) foram oralmente transmitidas: através de


". 'Tl anter uma série de palavras chaves do prÓprio texto, de modo que estavam
~~: ficado realmente recontando a história a partir de uma figura mental dos eventos.
Pode ser??
: ': pode
n0i11e Bênçãos a vocês e mantenham contato.
:~rnl0 Em Cristo,
Rev. Gregory Klotz
I\ntigua, Guatemala, América Central
: :Cl um
grk lotz@pronet.net.gt

83
bíblico seria o estudo
o ESTUDO BÍBLICO de

partir de vários textos tê


Erní Walter Seibert
batismo, as ofertas, as ~':.:.;:
de vários textos bíbliccs
Nos últimos anos, uma expressão que está sendo muito usada na
igreja é "estudo bíblico". Muitas pessoas falam da necessidade de mais
o que caracteriE ' ::
encontra fundamentadc ~,'
estudo bíblico na igreja, da importância do estudo bíblico e assim por estudos doutrinários sã:: _
diante. No entanto, esta expressão "estudo bíblico" está se demonstrando ser
estudos feitos na igreja. tO'· ~ .
polissêmica, isto é, tem um significado para cada pessoa que a ouve e para verdade são estudos de ":~ _= -

cada pessoa que a pronuncia. O que, afinal de contas, é um "estudo


mesmo necessários na i:;:re _
bíblico"?
dada a devida atenção 2. E- '

Já vimos a expressão "estudo bíblico" ser usada para designar uma bíblicos que confirmem'~ ::
série de acontecimentos. Entre eles, podemos citar: uma palestra dada a um bíblico eao que ele quer'::::'
grupo ou departamento da congregação; um sermão "diferente", que não é
O estudo bíblico V -,
dado do púlpito; a explicação de um texto bíblico; o estudo de um livro da
livro da Bíblia por um gr.
Bíblia; o estudo de um tema qualquer utilizando textos bíblicos.
tipo de estudo não recebç . .:..
Em alguns lugares é comum as pessoas distinguirem entre o culto bíblicos sejam lidos nos c, '
regular e o estudo bíblico. Um acontecimento é o culto regular, outro é o poucas as vezes em que e;:::: =

estudo bíblico. São dois acontecimentos separados. Quando culto e estudo Aquilo que seria um "çscu.,
bíblico são feitos dessa forma, um depois do outro, em geral, acontece a recebe uma atenção secu::L: _
experiência de que o culto tem maior freqüência do que o chamado estudo
1.2. Fidelidade ao que () [2.\':
bíblico. Existem outros ainda que distinguem o estudo bíblico do culto
mudando a forma como um e outro são realizados. No culto são utilizadas De qualquer formZi. e'- '
roupas litúrgicas e no estudo bíblico não. No culto usam uma liturgia mais importa ser fiel às EscrÍtL ..:' : "
formal e no estudo bíblico não seguem uma seqüência muito rígida. Muitas vezes teorias pess'_
são transm itidos. sob o j':e-e'
Neste artigo queremos abordar alguns aspectos daquilo que é
Estudar o texto bíblico. '"
entendido por "estudo bíblico", provocando algumas reflexões sobre um
exegese na mais legítima 2.:r '
tema que está recebendo bastante atenção. Neste trabalho vamos nos referir
aspectos novos, que jus'.:--:: -e
ao estudo bíblico como sendo aquele momento em que a congregação ou
culturalmente condicion,':.:' :
um grupo da congregação se reÚne em torno da Palavra de Deus para
estudar um texto bíbl ico ou um tema bíbl ico. provocar na igreja é estuC2: .: :::
podemos mencionar du::s '.: _.•
1. Quanto ao conteÚdo ensina uma verdade. zoe:---
1.1. Diferença entre o estudo bíblico e () estudo de tema biblico comprova a verdade qUe;; :. ~:
intenção. nesse caso. e:' '::-
Uma primeira diferença que precisa ser constatada na abordagem do
"estudo bíblico" é a distinção entre texto bíblico e tema bíblic\), 1'l'1I13 compreensão de um k'.-'
84
bíblico seria o estudo de um assunto abordado nas Sagradas Escrituras, a
partir de vários textos bíblicos. Exemplos de temas bíblicos são: a oração, o
·,'- Seibert
batismo, as ofertas, as boas obras. Estes temas podem ser estudados a partir
de vários textos bíblicos.
sada na
.:ie malS
o que caracteriza o estudo de um tema bíblico é que ele não se
encontra fundamentado apenas num texto da Bíblia. Normalmente os
-,-SSim por
estudos doutrinários são estudos de temas bíblicos. A grande maioria dos
:,rando ser
estudos feitos na igreja, embora recebam o título de "estudos bíblicos", na
'. e e para
verdade são estudos de "temas bíblicos". Estes estudos são possíveis e até
:: "estudo
mesmo necessários na igreja. importa, entretanto, que, ao serem feitos, seja
dada a devida atenção à Bíblia. Estudar um tema bíblico e citar textos
;nar uma bíblicos que confirmem o tema estudado implica em fidelidade ao texto
_.J.Ja a Ui11
bíblico e ao que ele quer dizer.
.::Llc nao e
livro da O estudo bíblico propriamente dito é o estudo de uma perícope ou
livro da Bíblia por um grupo da igreja Oll pela igreja toda. Infelizmente este
tipo de estudo não recebe, ao nosso ver, a atenção suficiente. Embora textos
_~ o culto bíblicos sejam lidos nos cultos e em várias ocasiões na vida da igreja, são
-litro é o poucas as vezes em que estes textos realmente são estudados com o povo.
e estudo Aquilo que seria um "estudo bíblico", na mais legítima acepção da palavra,
._.~y1tece a recebe uma atenção secundária .
_.k, estudo
do culto 1.2. Fidelidade ao que o texto emfoco diz
.tilizadas De qualquer forma, estudando um tema bíblico ou um texto bíblico,
importa ser fiel às Escrituras e basear-se realmente no texto bíblico citado.
= Muitas vezes teorias pessoais são ensinadas, aspectos culturais ou sociais
são transmitidos. sob o pretexto de que está se realizando um estudo bíblico.
que é
'-bre um Estudar o texto bíblico, ver o que a Bíblia realmente está dizendo, fazer
:. r('ferir exegese na mais legitima acepção da palavra, abre os horizontes da fé para
aspectos novos, que justamente podem romper com nossas convicções
_= __ ;:10 ou
culturalmente condicionadas. Uma das maiores revoluções que se pode
_ .:S para
provocar na igreja é estudar a Bíblia, a Palavra de Deus. Para exemplificar,
podemos mencionar duas situações bastante comuns. Num caso, a pessoa
ensina uma verdade, aponta um texto bíblico como prova, mas o texto não
comprova a verdade que a pessoa está querendo afirmar. Embora com boa
intenção, nesse caso, o texto bíblico é forçado. Outras vezes a falsa
i ,-,ma compreensão de um texto leva a pessoa a ensinar algo contrário ao
85
Lei e e\allgelh~
ensinamento bíblico. Em ambos os casos falta aprofunàamento no texto
bíblico. um texto apresenta .:::-: -" - - . -
A lei sempre conden2. >~~"',,
1.3. Lei e evangelho juizo que está ;',"',"'::: ::
fundamentalmente, é :'2..2.: ::2.::-
Um outro aspecto do estudo bíblico que, muitas vezes, deixa a desejar
fla hora da apresentação, é a correta distinção entre lei e evangelho. Por trás que pudéssemos nos \~: ::- -=-

deve estar presente em C; ~ -'- ~ -::'


desta questão está latente UITla questãoherme,nêutica: como usar o texto
incluídos os estudos bib.:.'
bíblico} ou, corno que finalidade nos é dado o texto bíblico.
.. para que haja um bom est~:: :
E COH1unl no estudo de temES bíblicos ouvir várias instruções sobre
como ser a vida cristZt se fala na vida e1'n farniHa~ se diz 2. Quanto à apresentação
corno de\-'e ser o conlDort3Jl1ento , ~da rnãe e dos filhos. fQuando se fala
DaL
... 2.1. Providenciar texto b!bL io

quando oraf~ o oue CODIO orar, e assnl1. por dIante" participantes.


Quando se em oferta., se diz ccn1ü deve Séf a Qferta~ quando deve ser
Aqui queremos .:112.,-" :,'
dada, C01TIO deve ser çaJculada. Dil.<~ç CjUe. corn isso se está ensinando como
Muitas vezes, na hora cL ;;,"
viver a vida cristã e que a lei e,stá sendo usada pril1cipahl1ente ern
textos bíblicos diferentes::. '" :-
seu terceiro uso, ou seja, como norma, O estudo bíblico é, por assim dizer, o
tempo folheando a Bibiía e :e'-
estudo de uma legislação ou nonnatização da vida cristã.
menção de muitos text0s ": :
A questão hermenêutica latente é a seguinte: Cristo é o centíO das bíblico. Os maiores her",..:;;:'-
Escrituras? Qual a necessidade do sacrifício de Cristo para um tal tipo de Inclusive entre religiões :.3.: :-,
estudo bíblico? Como é fácil de depreender, se a pregação de Cristo, o bíblicos. Quando se dirise
Salvador, estiver ausente, houve falha na pregação da lei. Em nenhum sentido dos textos c itad:s :: -:
estudo bíblico onde a correta distinção de lei e evangelho for feita, poderá manusear a Bíblia. A cita~3.: ::e
faltar o anúncio de Cristo como Salvador. Em outras palavras, mesmo num mostrando o que estes te\":~ s '- ~
estudo de norma de vida cristã é preciso a presença do evangelho, ou seja, que se encontram, pode 2.. -'::.
da boa nova de que Cristo nos salva, pois, como diziam os confessores, a lei textos em diversos lugares ~:::: -
sempre condena.
Para isso, é bom Ç's~~ _.
A questão hermenêutica da finalidade das Escrituras está levantada. fundamentais e explorar I,·':' ' -
Se Cristo é O centro das Escrituras, e se ele é o centro das Escrituras como leitura de grande quant:d::de --;,
Salvador, isso deve estar presente também nos chamados estudos bíblicos. Bíblia. O leitor comum (Ló -
Por mais perfeito que seja o ensinamento sobre a vida em família, ninguém folheia muito a Bíblia. nL ''''
consegue viver em conformidade com ele. A vida em tàmília cristã só é
Se, em vez de est:.:.:i.:.:
possível e aceita por Deus por causa da justificação. E a justificação só
um tema bíblico, é bom :. e
encontramos em Cristo. Eis porque, em todos os casos Cristo deve ser
escrito na lousa, ou pr:je-: - ~
anunciado. O mesmo é verdade com referência às ofertas, à oração e à vida
sendo feito. E, se chélmal'" -
cristã em geral.

86
Lei e evangelho num texto bíblico não servem apenas para ver o que
um texto apresenta como mandamento e o que ele apresenta como consolo.
A lei sempre condena. Pregar a lei, ou ensinar a lei, é também anunciar o
juízo que está presente em toda a lei. Pregar o evangelho,
fundamentalmente, é falar daquilo que Jesus Cristo fez em nosso favor para
que pudéssemos nos ver livres da maldição da lei. Por isso que o evangelho
deve estar presente em qualquer anúncio da Palavra de Deus, e nisso estão
incluídos os estudos bíblicos. A dinâmica lei e evangelho é fundamental
para que haja um bom estudo bíblico.

2. Quanto à apresentação
2.1. Providenciar texto bíblico ou esboço do estudo para todos
participantes.

Aqui queremos chamar a atenção para uma questão de ordem prática.


Muitas vezes, na hora do estudo bíblico, é solicitada a leitura de tantos
"_,-o o textos bíblicos diferentes que boa parte dos presentes passa grande parte do
tempo folheando a Bíblia e tentando achar os versículos mencionados. A
menção de muitos textos bíblicos não garante que alguém seja realmente
bíblico. Os maiores hereges, em geral, citam muitos textos bíblicos.
Inclusive entre religiões não cristãs há o costume de citar muitos textos
:!. o
bíblicos. Quando se dirige um estudo bíblico, é muito bom aprofundar o
li
sentido dos textos citados. Boa parte das pessoas têm dificuldade em
manusear a Bíblia. A citação de poucos textos, explicando o seu conteúdo e
mostrando o que estes textos significam dentro do contexto específico em
que se encontram, pode ajudar mais que a leitura corrida de uma série de
:s. a iei
textos em diversos lugares da Bíblia.

Para isso, é bom escolher, preferencialmente, os textos básicos ou


~ntada.
fundamentais e explorar mais o conteÚdo deles em lugar de optar por uma
leitura de grande quantidade de textos, localizados em diferentes partes da
Bíblia. O leitor comum da Bíblia tem dificuldade em se concentrar quando
luém
folheia muito a Bíblia, não se detendo em nenhum texto.
Ci só é
Se, em vez de estudar um texto bíblico, está acontecendo o estudo de
-:::\e ser um tema bíblico, é bom que todos os participantes tenham em mãos, ou
i vida escrito na lousa, ou projetado numa tela, um esboço do estudo que está
sendo feito. E, se chamamos a isso de estudo bíblico, é importante que a

87
estudos bíblicos. O d:;,:.;:;:-:;: .:.- _
Bíblia realmente seja usada. Por vezes as pessoas se queixam de que vão a
estudos bíblicos e a Bíblia nem é utilizada. Fica mais fácil para elas estivesse falando cem C2'T ;- :: - _,

entenderem que estão fazendo um estudo bíblico ,se efetivamente a Bíblia é médios e grandes imp _:~ ;:u _
utilizada. estudo para os dlferente~ c- __ -

2"2. Diferenças quanta ao nÚmero de participantes do grupo. A participação a::\:: .:.:::


quando elas respondem ::::;
Outra questão prática que precisa ser observada quando um estudo
uma pessoa não diz nada. :.~~
bíblico é oferecido é quanto ao nÚrnero de participantes dos grupos. Fazer está participando ativame-'= _
um estudo com um grupo em torno de 5 pessoas, é diferente que fazer um numa arte que o dirigente:. e e,. _ J
estudo com um grupo de 10 pessoas e muito diferçnte ainda do que fazer um deve ser claro, tratar d:; ~" _-:,
estudo com um grupo com mais de 50 pessoas. realmente a Palavra de De_~ c:: 3:
Nos grupos até 20 pessoas, o diálogo de perguntas e respostas entre o interessantes é o de come,.:>:: - :.
dirigente e rnembros do grupo ainda é possível. Em grupos maiores, o
A pergunta deve ser.: ::-
diálogo é quase impossível. Mesmo em grupos com poucas pessoas, por saiba respondê-Ia, nem tã~ =;-.
razões culturais, sociais e outras, nem senlpre o diálogo se dá com
O ouvinte deve ter tem pc iê::~'::
facilidade. Em grupos maiores, a conversação entre o preJetor e o grupo não deve ser tão longo que se :
nem sempre é possível e, por vezes, nem mesmo é desejável, Em grupos por causa do silêncio, En,"--
pequenos, pode ser criado um ambiente de fratemidade e confiança em que desenvolvida.
a maioria das pessoas se sente bem em falar. Em grupos maiores, boa parte
das pessoas se sente constrangida se tiver que falar. Além disso, a grande 3. Quem deve dirigir o estuck bi1
maioria das pessoas não tem treinamento para falar em público. Quando o Para concluir, gostar:::- c =

dirigente do estudo insiste que as pessoas falem, muitas vezes acontece que responsabilidade sobre c; :;,- j
alguém não treinado para falar em público se expressa com pouco volume responsável pelo ensino da ?~ ::.r
ou má dicção de forma que só as pessoas mais próximas conseguem ouvir. Isso não significa que o P2.;::: - "
Isso não traz proveito para o grupo todo. Outra experiência muito comum é acontecem, mas que ele é r~,:<,
que sempre os mesmos falam. São as pessoas mais desembaraçadas, ou estudo bíblico na igreja de, e _
aquelas que monopolizam o diálogo. Outras vezes acontece que pessoas pastor.
ficam muito receosas de que sejam solicitadas a falar e, com isso, não
conseguem nem prestar atenção no que está se passando. Nunca se devia Um outro aspecto qu:; -;:-,~
constranger alguém a falar em público. A desculpa de que a pessoa, com o quem ministra o estudo b,b: _ .'"
deve receber treinamento 2:::e: :.0
passar do tempo, perderá a inibição não é verdadeira. O resultado pode ser
exatamente o contrário. bíblico não é nada tão d ~fI: , =_;:
possa fazer. Também não e :,L s
Além disso, são diferentes as técnicas de apresentação de estudos e tarefa a contento. Cada: Z'" = -

palestras para diferentes tamanhos de grupos. Não se pode falar para uma minimamente, as pessoas qc:e = ;:
igreja com 200 pessoas da mesma maneira como se fala para um grupo de 8 um maior desenvolvimernc :::- ~
ou 10 pessoas. Esta realidade nem sempre é observada nos chamados
88
estudos bíblicos. O dirigente do estudo se dirige ao grande grupo como se
estivesse falando com um grupo pequeno. Distinguir entre grupos pequenos,
-= : J Ia é médios e grandes implica em usar técnicas adequadas de apresentação do
estudo para os diferentes auditórios.

A participação ativa das pessoas num estudo bíblico não se dá apenas


quando elas respondem de viva voz ao dirigente do estudo. Muitas vezes
uma pessoa não diz nada, não faz nem responde perguntas de viva voz, mas
t a.zer
•• --- ••• <.
está participando ativamente no estudo. Como conseguir isso? Entra-se ai
~.;...:.._; \.-J..U;,
numa arte que o dirigente de estudo bíblico deve desenvolver. O seu estudo
deve ser claro, tratar de assuntos que despertam o interesse e deixar
realmente a Palavra de Deus falar. Nesse sentido, um dos aspectos mais
interessantes é o de como dirigir perguntas ao grupo.

A pergunta deve ser clara. Não deve ser nem tão difícil que ninguém
saiba respondê-Ia, nem tão óbvia que não representa desafio ao raciocínio.
O ouvinte deve ter tempo para pensar na resposta. No entanto, este tempo
_ grupo
não deve ser tão longo que se cria um clima de insegurança nos presentes
~r1.1DOS
por causa do silêncio. Enfim, perguntar é uma arte que precisa ser
desenvolvida.
~: a parte
_ 2Tantle 3. Quem deve dirigir o estudo bíblico
o Para concluir, gostaríamos de chamar a atenção para a questão da
responsabilidade sobre o estudo bíblico. Luteranos ensinam que o
clume
responsável pelo ensino da Palavra de Deus numa congregação é o Pastor.
Isso não significa que o Pastor irá ministrar todos os estudos bíblicos que
acontecem, mas que ele é responsável pelo ensino na igreja. O líder de
estudo bíblico na igreja deve trabalhar sob a supervisão (episcopado) do
-: :essoas pastor.
'õC', naa
Um outro aspecto que também merece cuidado é o do preparo de
quem ministra o estudo bíblico. A pessoa que irá ministrar estudos bíblicos
~e ser deve receber treinamento adequado para realizar essa tarefa. Dar um estudo
bíblico não é nada tão difícil que somente alguém altamente especializado
possa fazer. Também não é tão simples que qualquer um pode executar a
dos e
tarefa a contento. Cada congregação deveria capacitar, pelo menos
uma
minimamente, as pessoas que ela pede para dirigirem estudos bíblicos. Para
,je 8
um maior desenvolvimento dos líderes de estudo bíblico, a inscrição num
89
SEPlL T~
programa de estudos formal, como o oferecido pelo Curso de Diaconia em
Educação Cristão, através do programa da Educação Teológica por
Extensão, é desejáveL
CONCLUSÁO
rr; --,)- --
A temática do estudo bíblico é ampla e ainda vai merecer muita
reflexão. O intuito deste artigo é incentivar que estudos bíblicos continuem
acontecendo e que eles sirvam cada vez mais para a edificação do corpo de
Cristo.
Este assunto, à prlTé' _:.: -
Dr. Em! W. Seibert é Professor mais para uma conferên~ .: ~.::'-
da Escola Superior de Teologia requer, acima de tudo. um.:: ~:~,
do Instituto Concórdia de São Paulo dido, exige que se pratiq~;é' _
é de muita importância. ,.::_
congregação cristã, espe~ •.::-- ~-:
geral de que o sepultame:-- - ~-;
obrigação a qualquer pess_.:: ~_;;
soa falecida confessou e nem.
assunto o pastor e a congre~.::~~:
basamento bíblico claros. C':
e congregação estão diane '::.: ...
gregação, e têm que dec:: - -=-:-
tão. O propósito deste eSL.::: .~
apoio para este assunto. Q _ e _ "
suas bênçãos.

c.

o QUE É C'.l SE]

Primeiro temos que ::e'3


que significado ele tem E-- :
civil. Na opinião do PO\C, -::::
sepultados. Isto acontecê' -_ > "'-"_

90
SEPUL TAMENTO CRISTÃO
_:: Diaconia em
-:-~:::l)ógica por Título Original: "Christian Buria/"
De: Justin A. Petersen
Traduzido, e adaptado de "Christian Buria/"
de Justin A. Petersen, em CTM, Vai. 111, p. 509-519;
por Rev. Osmar Schneider, pastor em Pires, Limeira, SP
erecer muita
:::5 continuem
. ~.::do corpo de INTRODUÇÃO

Este assunto, à primeira vista, parece ser um tanto pesado, e dirigido


'c;;'rt é Professor mais para uma conferência pastoral do que para cristãos leigos. Este assunto
J de Teologia requer, acima de tudo, uma correta compreensão e, quando bem compreen-
.. de São Paulo dido, exige que se pratique um oficio realmente cristão no sepultamento. Isto
é de muita importância, tanto para os leigos, como para o pastor de uma
congregação cristã, especialmente em nossos dias, quando cresce a opinião
geral de que o sepultamento cristão deve ser ministrado quase como uma
obrigação a qualquer pessoa que o solicitar, não importando a fé que a pes-
soa falecida confessou e nem o tipo de vida que ela levou. Em nenhum outro
assunto o pastor e a congregação necessitam mais da compreensão e do em-
basamento bíblico claros, bem como do apoio mútuo, do que quando pastor
e congregação estão diante da morte de uma pessoa não pertencente à con-
gregação, e têm que decidir por negar-lhe o ofício de um sepultamento cris-
tão. O propósito deste estudo é oferecer clareza e compreensão máximas, e
apoio para este assunto. Que o Senhor da Igreja garanta a pastores e leigos as
suas bênçãos.

CAPÍTULO I

o QUE É UM SEPULTAMENTO CRISTÃO

Primeiro temos que deixar claro o que é um sepultamento cristão e


que significado ele tem. Em si mesmo, um sepultamento é um ato puramente
civil. Na opinião do povo, todos devem ser sepultados, só que nem todos são
sepultados. Isto acontece no caso de alguém morrer em lugar ignorado e o

91
corpo não ser achado. Também, qualquer um pode ser sepultado, bem como a cerimônia é para (\ m=:-: =
qualquer pessoa pode oficiar um sepultamento, Isso porque o sepultamento, Somente a pregaçãiJ e ~ _:: _
em si, não é instituição divina e ninguém depende dele para o seu destino muitas oportunidades ;2"2 .:.-
eterno.
Conforme a fES;:2 - ;"::
Agora, por causa do modo como o sepultamento é praticado entre os mente na Bíblia, um sere"" ::-:é
cristãos, com liturgia, hinos, atos religiosos, oração e pregação da Palavra de honra que cabe unicaIT;e:·~::: .::..-":3
Deus, o sepultamento se torna um ato sagrado - não sacramento - , um ato ditar que, em sua vida. '.:'. -:"2-- o;;
religioso, uma parte da liturgia dos cristãos e dos seus serviços públicos. Além do mais, o se;:_ :..:.-';
Para a nossa igreja luterana, a real essência de um sepultamento cris- amor. Ele mostra a esperar:..:. ::. ~
tão consiste nas palavras do próprio ato. Lembre-se que o sepultamento é um dos à fé e aos irmãos na ';"_~
ato que só é realizado quando alguém morre. Sem uma pessoa mOlia não deixemos de congregar-nu5,_ ,,"
pode haver cerimônia fúnebre e, portanto, esse ato sempre, e só, é feito para admoestações, e tanto mais CéL'é
o morto, e nunca para os vivos: "Do pó foste formado e ao pó tornarás - e do 10.25). É até pecado e crer"":' ; :)
pó ressuscitarás. Ámém!" maravilhosa a uma peSSC2~ :: -
relação a Cristo e à sua igrc." _:
Nestas palavras é expressa a esperança e a certeza de que a Bíblia fala,
o sepultamento secular. ,':".1 r. = -..:.

da ressurreição para a vida eterna, não uma esperança geral como muitos
como a maçonarIa, ou tnc,_· - ':
pensam, mas uma esperança específica somente para aqueles corpos que
que o sepultamento tamb~r- :: -
morreram no Senhor. "Bem-aventurados os mortos que desde agora mor-
igreja declarada e visi\ejrne-~e
rem no Senhor" (Ap 14.13). Esta mesma esperança específica de ressurrei-
vem completamente separéo'::=, -
ção para a vida também é poderosamente expressa nas palavras: " ... nos
pretendem receber da igre.'o ~.:: :
regenerou para uma vÜ'tl esperança mediante a ressurreição de Jesus
pultamento. Muitas desta;: :,;::.-,-
Cristo dentre os mortos ... " (1 Pe 1.3).
durante suas vidas, dizem J.2
Repetimos que as palavras do ato ou do ofício fÚnebre, e o que elas pois, a família destas pess.::'-,-"..:.
querem dizer, são apenas a parte essencial, o centro de um sepultamento que pertencem à igreja, me;:': :.;:
cristão. Não haveria o ato, se não estivesse presente um morto, e não seria cientes e preparadas para. na. -.= "a
cristão se o ato não fosse um ritual cristão. Todas as outras coisas no ritual Deus e não abusar do E\ange
de sepultamento cristão podem ser deixadas de lado e, ainda assim, por cau-
Desde que o sepu ltarne... ~
sa das palavras, continuaria sendo um sepultamento cristão. O mesmo acon-
de amor, segue-se clararner::e
tece com os Sacramentos do Batismo e da Santa Ceia: outras cerimônias po-
desprezam a nossa fé bíblk2 e - I
dem, em caso de emergência, ser deixadas de lado, menos as palavras da devem ser unidos a essa fe e ..:.~,
instituição, mens está ordenado morrer"'>!, ••
Visto que a esperança da vida eterna só pode ser buscada pelos cris- 9.27). "Buscai () Senhor e!lqtH"!
tãos e somente a eles garantida, segue-se que, assim como a noite se distin- perto" (Is 55,6). fsto já e ;;~.-~ :"
gue do dia, só a cristãos se pode oferecer um sepultamento cristão, O ato ou

92
a cerimônia é para o morto, mas só se ele foi cristão ele o poderá receber.
Somente a pregação é que é para os vivos, e esses, enquanto vivos, têm
muitas oportunidades para a ouvir.

Conforme a nossa Igreja Luterana e, conforme podemos ver clara-


mente na Bíblia, um sepultamento cristão é um direito, um privilégio e uma
honra que cabe unicamente para aqueles de quem nós temos razão para acre-
ditar que, em sua vida, viveram realmente na fé e foram cristãos.

Além do mais, o sepultamento cristão é um testemunho de amizade e


amor. Ele mostra a esperança daqueles que, aqui neste mundo, viveram uni-
dos à fé e aos irmãos na fé, e que um dia estarão juntos na vida eterna: "Não
deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos
admoestações, e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima" (Hh
10.25). É até pecado e ofensa a Deus e ao Evangelho oferecer uma coisa tão
maravilhosa a uma pessoa que, durante a sua vida, foi rebelde e incrédula em
relação a Cristo e à sua igreja. Como um testemunho de amizade e de amor,
o sepultamento secular, ou normal, também é tido pelas sociedades secretas,
como a maçonaria, ou mesmo pelos incrédulos em geral. E é neste sentido
que o sepultamento também é tomado e exigido por muitos membros da
igreja declarada e visivelmente infiéis à sua fé e à sua congregação, que vi-
vem completamente separados da igreja e da religião e, diante da morte,
pretendem receber da igreja que sempre desprezaram, honras para o seu se-
pultamento. Muitas destas pessoas, com atitudes firmes e sempre decididas
durante suas vidas, dizem quem não precisam da igreja para nada. Mas de-
pois, a família destas pessoas, corre para buscar a igreja. Todas as famílias
que pertencem à igreja, mesmo sendo uma verdade cruel, devem estar muito
cientes e preparadas para, na hora da morte, saber compreender a Palavra de
Deus e não abusar do Evangelho.
Desde que o sepultamento é, sem dúvida, uma expressão de amizade e
de amor, segue-se claramente que, aqueles que declarada e visivelmente
desprezam a nossa fé bíblica e o amor cristão, seguramente não podem e não
devem ser unidos a essa fé e a esse amor depois de sua morte. "... Aos ho-
mens está ordenado morrerem uma só vez e, depois disto, o juizo", (Hb
9.27). "Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está
perto" (Is 55,6). Isto já é suficiente para se compreender o significado do

93
sepultamento cristão. Daqui em diante, consideraremos o compromisso que
a igreja tem para com os seus fiéis falecidos.

Sempre se pode perceber que a igreja de Deus teve e tem cuidado es- o PROPOSITO [l() ~
pecial com seus membros falecidos. Lembramos aqui que o corpo de um
cristão falecido foi "santuário, templo e habitação do Espírito Santo" (Rm o sepultameflfo criS:.7. '.'-
8.9), mas o corpo de um incrédulo falecido não foi habitação de Deus e, sim,
do diabo. Como aplicar um ato cristão, que é o sepultamento cristão, a um
corpo que não foi e nem é de Deus? "Como se sepulta um jumento, assim o 1) Com respeito à pc.>' c

sepultarão; arrastá-lo-ão e o lançariío para bem longe, para fora das por- sepultamento cristào. a ~~- ;-~:-=
tas de Jerusalém" (Jr 22.19). "... Os perversos ...maldita é a porção dos tais mundo: "Esta pessoa qé:e ;;0-'
na terra ... assim faz a sepultura aos que pecaram. A mãe se esquecerá congregação, foi um dcs "

dele, os vermes o comerão gostosamente; nunca mais haverá lembrança do santo corpo de CíiSL'. _~
dele ... " (Jó 24.18ss). "Respondeu-lhe, porém, Jesus: Segue-me, e deixa aos seu rebanho. Nós agora ts'ê:.--" _

mortos o sepultar os seus próprios mortos" (Mt 8.22) .. um cristão. Como um cri < ,.
ele morreu. E, apesar 0::2 =" -.:
No Livro de Deuteronômio, capítulo 34, versículo 8, lemos: "Os fi- pultura, cremos que um dê:. t~
lhos de Israel prantearam (choraram) a Moisés por trinta dias nas campi- alma e, transformado à se;:c::
nas de flrfoabe; então se cumpriram os dias de pranto no luto de Moisés". Cristo e com todos os e1ç :",
Também no Evangelho de Mateus, capítulo 14, versícu 10 12, onde lemos que
que, naquele dia, nós irem.:, ~ ;
João Batista teve a sua cabeça cortada vieram os
por Herodes, diz: "Entüo
ada vida eterna e, lá, .lu",:
discípulos, levaram () corpo e o sepultaram; depois foram e anunciaram a Salvador, o Cordeiro de De
Jesus".
através do seu sangue",
Também é norma! que no sepultamento de um cristão, não somente
2) Um sepultamento L ré.·.i
os seus familiares e amigos participem, mas também os seus irmãos na fé.
tudo O que ele fez pela p,,'\,,"i ;
Em outras palavras, a congregação dos cristãos participa como família da fé,
Batismo) Deus o trouxe:' .~
em testemunho pÚblico de que aquela pessoa cristã falecida, que agora está
agora, por fim, lhe conce.Jé __ -.
sendo sepultada, pertencia a esta família da fé. Principalmente em um se- como uma morte cristà é 2. --
pultamento cristão, o que deve realmente aparecer e ser exaltado nunca é o
humano aqui na terra e. CJ , "
morto e os seus méritos e fama, mas unicamente Cristo e a graça de Cristo
tamento cristão é um de: __ ~
revelada no Evangelho. E mesmo que um cristão mio receber qualquer se-
cristã possui. Significa a~:: ~:--.::cé
pultamento, como no caso de se perder no mar e ser comido pelos peixes,
Lar Celeste, pelo fiel sokLlé. ~
isso em nada afeta a Slla salvação. E nunca pode o sepultamento em si ser o
sa luta, e garantida vÍtÓr;s. ~: -':
conforto para a família do enlutado. Isso seria pura ilusão. A Única coisa que
73.24: "Tu me guias com i=,',
pode servir de conforto para a família enlutada é a fé cristã e a esperança da
ressurreição e do reencontro nos céus. 2Tm 4.6-8: "Qullnto a mi!"!.' ='-' ~
da minha partida é {·ltegiiJ' '- 'j
ra, guardei a fé. Já agOTil ;] _

94
CAPÍTULon

o PROPÓSITO DO SEPULTAMENTO CRISTÃO

o sepultamento cristão tem um triplo propósito:

1) Com respeito à pessoa falecida. Oferecendo à pessoa falecida um


sepultamento cristão, a congregação responsável testemunha o seguinte ao
mundo: "Esta pessoa que estam os sepultando sob responsabilidade de nossa
congregação, foi um dos nossos; pela fé este irmão falecido foi um membro
do santo corpo de Cristo, um soltado do exército de Cristo, uma ovelha do
:i.OS
seu rebanho. Nós agora estamos entregando o seu corpo ao descanso. Ele foi
um cristão. Como um cristão ele viveu e, acreditamos nós, como um cristão
ele morreu. E, apesar de agora nós estarmos colocando o seu corpo na se-
pultura, cremos que um dia ele ressuscitará, e o seu corpo se unirá à sua
alma e, transformado à semelhança do corpo de Cristo, viverá e reinará com
Cristo e com todos os eleitos nos céus para todo o sempre. E nós cremos
que, naquele dia, nós iremos ver esse nosso irmão na maravilhosa e abenço-
ada vida eterna e, lá, junto com ele, cantaremos louvores eternos ao nosso
..~! /1
Salvador, o Cordeiro de Deus, que foi crucificado e nos comprou para Deus
através do seu sangue".
te
2) Um sepultamento cristilo é um sincero agradecimento a Deus por
tudo o que ele fez pela pessoa falecida. Pelos meios da graça (Palavra e
Batismo) Deus o trouxe à fé, o conservou na fé (Palavra e Santa Ceia) e,
agora, por fim, lhe concedeu um fim abençoado. Através disto nós vemos
.:c-
como uma morte cristã é a mais gloriosa coisa que pode sobrevir a um ser
humano aqui na terra e, da mesma forma, não é exagero dizer que o sepul-
tamento cristão é um dos mais graciosos e maravilhosos ritos que a igreja
:~-
cristã possui. Significa a celebração da vitória, da maravilhosa chegada ao
Lar Celeste, pelo fiel soldado da cruz, depois de terminada a sua tempestuo-
sa luta, e garantida vitória sobre todos os inimigos de sua alma. Conferir SI
_lue
73.24: "Tu me guias com () teu conselho, e depois me recebes na glória."
_.. Ja
2Tm 4.6-8: "QlItwto a mim, estou sendo já oferecido por libação e () tempo
~.'''.'''.

tia minha partida é4;hegmlo. Combati () bom combate, completei a cllrrei-


m, guardei a fé. Já agora II COTOa tia ju.\'tiça me está guardada, ti qual o

95

~"",-'-"".~(
I
circunstância o sepu !t2." ~--:
Senhor, reto juiz, me dará naquele dia; não somente li mim, mas também (l A maioria das pesscas. se. .'- __
todos quantos amam a sua vinda." um tipo de "agente fune-.:.-
Este segundo propósito de um sepultamento cristão também diz res- luteranos, ou por ceE',:": : ,.

peito aos que choram a partida de um ente querido. Se são cristãos, eles tam- se deixam levar pCi esse ::: -: ':'-,
nhuma relutância. se d:5::- '::-.:. _
bém são nossos irmãos ou nossas irmãs na fé. Os seus corações foram apu-
nhalados e estão doendo pela morte de seu ente querido. Em sua dor e triste- Verdade é que. ne~.:.~ __ o .-

za eles são tentados a considerar esta perda como uma evidência da ira de fácil. Jvfuito mais CÓíii'.=.:',
Deus. Eles estão em perigo de perder a luz de sua gloriosa esperança cristã, e mundo fica conteme. Ser ", .....
ficar de luto como aqueles que não têm esperança. Os verdadeiros cristãos que, para o pastor e a cC'i::::-.:.;
têm simpatia uns pelos outros, especialmente na hora da dor e necessidade. nem a igreja podem Q2.f .::: ':- .. '.
Com a Única verdade - a Palavra de Deus - e o verdadeiro conforto - o Evan- um dos momentos ma:s
gelho - os irmãos na fé dizem aos irmãos enlutados: "Podem chorar, mas um pastor coerente com
esse choro vai passar e vai dar lugar ao consolo, porque vocês sabem que porém, niio crer, será conde
está bem, que tudo está bem com o ente querido que partiu, porque: "Bem- de morto, não está rC5c"' .. '
aventurados os mortos que desde agora morrem llO Senfwr"(Ap 14.13). mônia e nenhuma esp"fe';'::.:
3) E o terceiro propÓsito de um sepultamento crisMo diz respeito à Um pastor consc:e'~=":: -
COllgregaçiio à qual a pessoa falecida pertenceu. Através do sepultamento guiar por costumes ou :ri:: ~o::: '
cristão a Congregação cristã confessa a SLla fé perante o mundo todo. Tam- lecidas. Da mesma fomE,
bém é como um clarim ou urn aviso do além, de Deus, chamando todos os será visto pela opinião
membros vivos da congregação para se prepararem para a sua hora, agamll1- muito menos, pelos seus ~:. ~'
do-se firmemente, pela fé, ao seu Salvador, pois só nele se estará sempre em estrita conformidad:;: c'
preparado e pronto para deixar esta vida. regra e guia na doutrina ç - _ ~ - .::

Mas, este ofício do sepultamento, a congregação não deve e nem pode cair sob da condenação d= =:::.
estender a todo o povo ou a qualquer pessoa em geral e, nem é esta uma hon- mam bem, e ao bem, ma!: qi,,,' 'J':

ra que a congregação cristã pode ou deve oferecer a estranhos ou incrédulos, põem o amargo por doce, "
sem com isto estar desonrando o Evangelho (ao oferecê-lo a quem nunca, seus prÓprios olhos e pruL!::: _
durante a sua vida, aceitou) e manchando e negando a sua esperança. Tanto o significa:':.
dão poderosos argumet'~:· ~ - - c -

mos nos recusar a OtlCi::T'::-


CAPÍTULO lU
de tudo, isto seria um" ::.
mente.
QUANDO NÃO REALIZAR UM SEPULTAMENTO CRISTÃO 1) Deus mesmc'"_: _
Testamentos. Com respe:: "
De acordo com os costumes populares estabelecidos, com a Op\l1laO Deus dá as seguintes dife:~=::: -
pÚblica e os sentimentos humanos, a resposta sempre vai ser: "Sob nenhuma

06
circunstância o sepultamento cristão deve ser negado a quem quer que seja".
A maioria das pessoas, seja dentro ou fora da igreja, acaba vendo no pastor
um tipo de "agente funerário" nesses momentos. E muitos pastores, mesmo
luteranos, ou por comodismo, ou por desejarem ser benquistos e populares,
se deixam levar por esse pensamento popular e, em muitos casos, sem ne-
nhuma relutância, se dispõem a sepultar a quem quer que seja.
Verdade é que, negar um ofício de sepultamento cristão, não é assunto
fácil. Muito mais cômodo e tranqüilo é ir logo e fazer o sepultamento, e todo
mundo .fica contente. Ser forçado a dizer, por exemplo, a uma viúva desolada
=- ~J.:JS
que, para o pastor e a congregação serem coerentes com o Evangelho, ela, e
__ :''....1;;::.

nem a igreja podem dar ao seu falecido marido um sepultamento cristão, é


um dos momentos mais difíceis que pode acontecer na vida ministerial de
,as
um pastor coerente com o Evangelho e fiel aos preceitos de Deus. "Quem,
porém, não crer, será condenado" (Me 16.16). E, a um condenado, depois
de morto, nZio está reservada por Deus nenhuma promessa, nenhuma ceri-
mônia e nenhuma esperança de sua graça.
Um pastor conscientemente cristão e Juterano, jamais pode se deixar
guiar por costumes ou tradições populares ou, mesmo, eclesiásticas, estabe~
:11-
lecidas. Da mesma forma nunca poderá se deixar guiar pela maneira como
os
será visto pela opinião pública ou mesmo pelos membros da congregação e,
muito menos, pelos seus próprios sentimentos, mas, também aqui, deve agir
em estrita conformidade com a Palavra de Deus, a qual é a única verdadeira
regra e guia na doutrina e na prática. Do contrário, o próprio pastor poderá
cair sob da condenação de Deus, cujo profeta diz: "Ai dos que ao mal cha-
mam bem, e ao bem, mal; que fazem da escuridão luz, e da luz escuridade;
põem o amargo por doce, e o doce por amargo! Ai dos que são sábios aos
seus próprios olhos e prudentes em seu próprio conceito!" (ls 50.21).
Tanto o significado como o propósito do sepultamento cristão, nos
dão poderosos argumentos para negá-lo. Mas, como igreja cristã, nós deve~
mos nos recusar a oficiar sepultamentos cristãos a não-cristãos porque, antes
de tudo, isto seria uma prática antiescriturfstica, como já vimos anterior~
mente.

I) Deus mesmo nos dá exemplos, tanto no Antigo, como no Novo


Testamentos. Com respeito ao ateu Jeoaquim, t1lho de Josias, rei de Judá,
Deus dá as seguintes diretrizes: "Portanto, assim diz o Senhor a respeito de

97
Jeoaquim,jilho de Josias, rei de Judá: mio o lamentarão dizendo: Ai, meu também não está se,';':: ".
irmão! Ou: Ai, minha irmii! Nem o lamentarão, dizendo: Ai, meu senhor! do mundo, por causa di!, " _." "~
Ou: Ai, sua glória! Como se sepulta um jumento assim o sepultarão; ar- cândalos, mas ai do /;Ot71c"H'i .:::.
rastá-lo-ão e o lançarão para bem longe, para fora das portas de Jerusa-
5)Aosect.or.o··'·--
I \.J.. ••••""':;:-, : ••. ~ _ -
......:__."
lém!" (Jr 22/18,19). Para um dos discípulos de Jesus que, antes de seguir o
cendo e apoiando as s __
.:~ .. : _.é
Mestre, queria primeiro sepultar o seu pai, que certamente tinha sido um
como oferecendo-lhês_,~.:. '. :.:
homem ateti, Jesus mesmo diz: "Segue-me, e deL\:a aos mortos o sepulta-
rem os seus próprios mortos" t 8.22). Em outras palavras: "Deixa os mortos igreja agir deve ser um tê ~:.
espirituais, que foram contra a vida espiritual, sepultar os seus mortos fisi- danos a dizer: "A quest:lc:':: ':=-:-.
COS, e não os cristãos fazerem isso." Esta tem sido a prática da verdadeira incredulidade. Ou se é (:- :::ti. -- _
igreja cristã e luterana. Vários pastores cristãos e luteranos fiéis já disseram cristãs, ou se é incréd'J i: e ;::= -:-.:l}

que prefeririam ser depostos dos seus cargos do que, em desonra e desres- crédulo." Pode alguérn .,
peito ao Evangelho, dar um sepultamento cristão a um incrédulo manifesto. abençoado na morte?

2) Oferecer sepultamento cristão a um incrédulo também significa ne- A respeito do fais:


gar o caminho da salvação, o qual só guia e leva ao céu através do arrepen- rem um sepultam ente '::c"::
dimento sincero dos pecados e da fé em Cristo e seu perdão: Jo 14.6 "Eu o Dr. Walther diz em u·-::: ,
sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim" tolices viver uma vid:1 i", '
(Jo 14.6). Se a igreja oficia um ato cristão a um falecido que nunca aceitou a cristão; andar no com:',::
Cristo, ela está abusando e ofendendo o próprio Cristo e o seu Evangelho.
lutar contra o pecado (' ,'-
Oferecendo um sepultamento cristão a um incrédulo, a igreja está contradi-
a nós todos de tal terrÍ\ó - . ,_
zendo e negando o seu próprio ensinamento.
Exigir um sepu 1::::-'::
3) Tal sepultamento torna-se nada mais do que uma imitação, uma
farsa ou uma fraude. Como, por exemplo, poderia o nosso ritual cristão de racional. O que diria un', .;:
sepultamento, que é inteiramente levado a expressar a esperança da ressur- litar para um filho que c~

reição para a vida eterna, e é destinado unicarnente para cristãos, ser usado que diria a sociedade m2~
para sepultar um incrédulo? Ou, como poderiam os hinos de sepultamento seus ritos, mas que sem;:-o; _.
do nosso Hinário Luterano, os quais, todos expressam os sentimentos e a fé sua vida?
cristãos e positivos, ser cantados em sepultamentos para incrédulos? Por Como cristãos
exemplo: verificar aqui o que dizem as letras de tais hinos em nosso Hinário
geral: Sepultamento Cr!st:;
Luterano. Não estaria sendo falsidade e blasfêmia cantar tais hinos para o
nha que negar ao pnpJ
funeral de alguém que, durante a sua vida, rejeitou a Cristo, a igreja e, tudo
isso? mente incrédulos"

Adiante, no
4) Oficiar um sepultamento cristão a incrédulos, também, segura-
mente é ofensa para aqueles cristãos que são humildes, sinceros e fiéis à pecíficas em que um,l
luteranos, devem se rec.: ': c,;-
igreja cristã e, principalmente, ao Santo Evangelho. E tal ofensa certamente

98
também não está sendo menor aos olhos de nosso Salvador, o qual diz: "Ai
do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham es-
cândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo" (Mt 18. 7).
5) Ao se oferecer sepultamento cristão a incrédulos, se estará fortale-
cendo e apoiando as suas idéias e os seus caminhos ateus e mundanos, bem
como oferecendo-Ihes uma falsa esperança. A maneira firme e cristã da
igreja agir deve ser um testemunho vivo, e deve levar os incrédulos e mun-
danos a dizer: "A questão do sepultamento cristão é uma questão defé ou de
increduiidade. Ou se é cristão e se parte deste mundo coroado de honras
cristãs, ou se é incrédulo e se parte deste mundo com o que é devido ao in-
crédulo." Pode alguém viver na incredulidade durante a vida e, depois, ser
abençoado na morte?

A respeito do falso conforto que sentem os incrédulos ao presencia-


rem um sepultamento cristão feito para seu ente querido, também incrédulo,
"1--u
o Dr. Walthe~ diz em um de seus sermões: "Que tolice acima de todas as
tolices viver uma vida incrédula e esperar morrer e ser sepultado como um
_ti a
cristão; andar no caminho mau e esperar alcançar a justiça; recusar-se a
JO.
lutar contra o pecado e esperar receber a coroa da vitória. A/eu Deus, livra
a nós todos de tal terrível decepção!"

.'1M Exigir um sepuitamento cristão para um incrédulo é, além do mais, ir-


.: de racionaL O que diria um governo a lima família que exigisse um funeral mi-
:sur- litar para um filho que se negou a servir o seu país e o seu exército? Ou, o
que diria a sociedade maçônica para alguém que lhe pedisse um funeral com
seus ritos, mas que sempre foi contra qualquer princípio maçônico durante a
sua vida?
Por
.TiO Como cristãos luteranos, temos que ter estabelecida e honrada a praxe
':~3.o gera!: Sepultamento cristão unicamente para cristãos, mesmo que se te-
~ udo nha que negar ao papa ou ao presidente do país, sendo estes comprovada~
mente incrédulos.

. ogura- Adiante, no capitulo IV, serão arroladas um número de instâncias es-


pecíficas em que uma congregação e um pastor conscientemente cristãos e
.. -':'-lente luteranos, devem se recusar a oficiar um sepultamento cristão .

99

_.I!!I!!!.II!íi!iifi!liiiiii-1!! II~_
.. !!!J!!!!!!!!!!\!!i!!!!l~!!!!!lg IIII!lII!!!!!!!!!I!I_I_
CAPÍTULO IV :..'rezou os meleS da ~::::_ .
,ncredulo. E, abenc :::., --:".::'
Evangelho e de um s",p_ :::.-::-:::
INSTÂNCIAS OU CASOS ESPECÍFICOS Dorco. Isto é uma. n ._
santo, nem lanceis atU2.
CiJnl os pés e, volrando-'2
1) Uma Congregação e um pastor cristãos luteranos devem recusar-se
a oficiar sepultamento cristão a todos aqueles que são classificados como pultamento cristào P":"''':'
'nflia e dar testelilw:h:
teoricamente ímpios ou ateístas, como os zombadores e escarnecedores ma-
nifestos, os liberais, os pagãos e idólatras, os judeus, os maometanos, os uni- olguém para dar a um ';:;: 0" __

versalistas, os unitários, os da ciência cristã, os modernistas e outros destas Alguém também c::; __
linhas. Em uma palavra, todos os que negam a divindade de nosso Senhor e Santa Ceia e, mesmo 8.55,::'. __
Salvador Jesus Cristo, e a salvação unicamente atiavés de sua morte e res- pócrita. E não pode perr::::.:::::-
surreição. graça. Tal pessoa excL:l-5e ::: c -
2) A todos aqueies que, deliberada e manifestamente vivem na prática palavras de nosso Sah:,,::,
de pecados grosseiros, como ladrões, assaltantes, adúlteros, beberrões e ou- por isso não me dais ou:,:,'
disto, a congregaçeio CTe: ,; .'
tros semelhantes, dos quais se sabe claramente que morreram nos seus peca-
dos, sem se arrependerem e sem crerem. Também os que, por razões justas, não sepultamento crista: _.'
foram excluídos da congregação cíistã e, até onde se sabe, nunca se arrepen- tempo, não pisa mais 12(1 :;;-'0: -'
Paulo: "E assim, a fé ,;'í'! rol
deram de seus pecados.
-""'. "(R m 1
Cflsto . o .1'7), . '.,-
3) A quem despreza constantemente os meios da graça (Palavra, Ba- ierminantemente da p,',cg.::.:::
tismo e Santa Ceia). A quem, durante a sua vida, se recusou a prestar qual- cristão se abandonou (1 t",'
quer colaboração à igreja cristã, nem viveu nela, no seu Evangelho e nos
seus Sacramentos. O fato de alguém receber o pastor, ou um lider, ou um o desprezo e o de:, ::s:::
irmão nafé em sua casa e deixar um destes ler a Bíblia e fazer uma devoção Palavra, é freqüentemec::, : _. :
ou oração; nefn senlpre é caso de ,fé, rnas 11o(le, rnuitas vezes, ser apenas até, considerado por ai gCl:-;: "-
con5'icleração ou arnizade. O jl1eSl1iO tarnbéril se aplica a alguénl que tenha pecado já está inserido n'
.. e pior \.
Inalor d e toàcs
. c: :'::-- - ~
pariici.:.vado, COlno visitante] (le un1. ou
cultos; ou de progralnas
lnais da
igreja, !Joi.s isso ainda não é eviclência cle Íé ou ele algurn conlproluisso for= "pecado dos pecados", p.:::
do. Falando da obra do C-, _
inal dele ]Jara COHl a igreja~ ou da igreja para con:~ele. Jtlstamente neste
convencerá {}mumlo au p: __1
ponto, há muita frouxidão da igreja cristã e, especialmente, na igreja lutera-
n/io crêem em mim ... " rJf7 i·" .i,
na. Do pÚlpito é anunciado que o perdão dos pecados, a vida e a salvação
eternas são encontrados unicamente nos meios da graça (Palavra, Batismo e o 01'. Walther, em
Santa Ceia) e, depois desta pregação, a Congregação representada peio seu a "Parábola das Bodas"
pastor ou por seus líderes, admite sepultar, com cerimonial cristão, aquela do desprezo do Evang'::
pessoa que, até o último minuto da sua vida, desprezou e não usou os meios horror do pecado da ,; o • - .' :

da salvação pregados pela Bíblia e pela igreja. Tal falecido que assim des-

100

_.il!' _. !!!!i!i!lii1---------
prezou os meios da graça, não pode ser considerado um cristão, mas sim um
incrédulo. E, abençoar uma pessoa incrédula morta, com as honras e o
Evangelho e de um sepultamento cristão, é o mesmo que jogar pérolas a um
porco. Isto é uma ofensa ao Evangelho e a Deus. "Não deis aos cães o que é
santo, nem [anceis ante os porcos as vossas pérolas, para que não as pisem
... .:>se com os pés e, voltando-se, vos dilacerem"(Mt 7.6). Correr atrás de um se-
. ~:mo pultamento cristão para um incrédulo, com a intenção de agradar a sua fa-
mília e dar testemunho público, é a mesma coisa que roubar dinheiro de
alguém para dar a um necessitado diante dos olhos das demais pessoas.
=- -:SIas
Alguém também pode usar diligentemente a Palavra, o Batismo e a
Santa Ceia e, mesmo assim, não ser um verdadeiro cristão mas, sim, um hi-
pócrita. E não pode permanecer cristão aquele que deixa de usar os meios da
graça. Tal pessoa exclui-se a si mesma da salvação. Aqui valem as decisivas
- ':::lca palavras de nosso Salvador: "Quem é de Deus, ouve as palavras de Deus;
:: c>u- por isso não me dllis ouvidos, porque não sois de Deus"(Jo 8.47). Diante
·c:a- disto, a congregação cristã deveria refletir muito seriamente se oferece ou
stss, não sepultamento cristão àquele membro que, insistentemente, por muito
tempo, não pisa mais na igreja. Valem também aqui as palavras do apóstolo
Paulo: "E assim, a fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de
Cristo" (Rm 10.17). Como pode alguém permanecer na fé, afastando-se
'h·
terminantemente da pregação e, como alguém pode receber sepultamento
::ua]-
cristão se abandonou afé e não é mais de Deus?
nos
U!n O desprezo e o desrespeito aos meios da graça, Batismo, Santa Ceia e
.• LiO Palavra, é freqüentem ente tido pelas pessoas como um "pecado pequeno" e,
c.'!US até, considerado por alguns como não sendo pecado. É que, na verdade, este
pecado já está inserido na incredulidade e, o pecado da incredulidade é o
maior e pior de todos os pecados. Jesus mesmo chama a incredulidade de
"pecado dos pecados", porque ele inclui todos os outros pecados neste peca-
do. Falando da obra do Consolador prometido, Jesus diz: "Quando ele viver
convencerá o rmmdo do pecado, da jus/içil e do juizo; do pecado, porque
mio crêem em mim ... " (Jo 16.8,9).

c : seu
o DI'. Walther,em um sermão para o 20° domingo da Trindade, sobre
a "Parábola das Bodas", registrada em Mt 22J~14, fala a respeito do pecado
.~uela do desprezo do Evangelho, Diz ele: "Em comparação com a grandeza e o
'--,elOS
horror do pecado da descrença, todos os outros pecados são pequenos.
iJeS-

101
Quem persiste neste pecado, expulsa-se a si mesmo do céu e se precipita na em sua vida. tinhJ CÇO~ -c::_:
profundeza do inferno. Tal pessoa, proposital e deliberadamente, risca o seu
na e, também,
nome do Livro da Vida, bate na face do Filho de Deus, joga o seu precioso ,cido tenha mudacL.: _. .c ;;
sangue no chão e declara claramente perante a terra e o céu: 'eu não quero cristã iuterana.
ser salvo; eu quero é ser condenado!'"
Por outro ia'::, Cç
Para um persistente desprezador dos meios da graça, sem dúvida, não
pastor da igreja ]uter.c_ .
se deve oferecer um sepultamento cristão. Quem se recusa a andar no cami-
da igreja católica, ou :,'::-' .
nho de Deus e ir à casa do Senhor enquanto vivo, certamente não é digno e
fessa-se pecador e arrê~ç-':: -.
nem deve ser carregado para dentro dela depois de morto. , morre, d eve-se CiO:-
aSSlll1
4) Normalmente uma congregação e um pastor cristãos luteranos não
7) Como agir ,-'
devem oficiar um sepultamento cristão a um suicida, mesmo que ele tenha
princípio, o sistema de: ,'~
pertencido à congregação. A vida é dádiva divina; é coisa sagrada. Só Deus
Bíblia como prática '1:'_' ,_
é quem a pode dar, e só Deus é que tem o direito de a tirar. Um suicídio, via nos esclarece como n:,~' .':
de regra, é expressão da incredulidade e desrespeito à vida, juntamente com
do pó da terra e, qUZlnd-
o desespero que, com certeza, não está em harmonia com a fé e a esperança !lhor Deus ao homem ti"
cristã. Além do que, é crasso pecado contra o Quinto Mandamento de Deus.
como o era ... " (Ec 12, -j.
Podem, todavia, existir circunstâncias especiais, no caso de distúrbios tanto do Antigo como de '\
mentais causados por doenças, que justificam que a Congregação e seu pas- "Depois sepultou AbraiÍ,) d S -
tor, ou os seus líderes encarregados ofereçam o sepultamento cristão a essa reu ali Moisés, servo di! Se': 7

pessoa que, durante a sua vida, conduziu-se como um sincero filho de Deus. sabe, até hoje, o lugar iL'
Esta honra, porém, nunca deverá ser dada a pessoas completamente relapsas. exemplo de nosso Sen;'..
sobre o meu corpo, ela fi
5) E o que fazer no caso de insanidade mental? Se a pessoa, antes de
sua insanidade, foi um declarado desprezador dos meios da graça, sendo que corpo, envolveu-o ilum p.u:
~ 26 • 12 e ~"':o
IlOVO ••• "(Mt •.., .2 .•
depois não teve mais nenhum momento de lucidez para poder demonstrar
arrependimento de seus pecados e fé no perdão de Cristo, lhe deve ser nega- Cremação não p3;ç:~::
do sepultamento cristão pois, no caso, temos diante de nós, um incrédulo blia. Por outro lado,
insano mentalmente. Caso, porém, viva como um membro cristão normal na preceito contra tal prática .:' ,-~
igreja e, em meio a isso, foi acometido por uma doença mental, então ele falso conceito e fé a respe,: -, ,
permanece sob a graça de Deus, que vai além do nosso humano entendi- parte das crenças e fi k,ç:·- :' .
mento, e é apta para transformar mentes e corações através de Cristo Jesus. depois desta vida e, que p_ c','::"
O apóstoio Paulo diz: "E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, ante destes pensamentos :. -- c
guardará os vossos corações e as vossas mentes em CrL~toJesus" (Fp 4.7). até como lima cerimônia:..: : _ --

6) Que atitude devemos tomar com respeito a pessoas da igreja católi- ção, bem como a cren'ça q:,,:ç

ca, ou de igrejas refonnadas? A posição da nossa Igreja Evangélica Luterana

102

---~_ ... _~ .._ ... -


tem sido a seguinte: não se deve oficiar sepultamento cristão se o falecido,
em sua vida, tinha desprezado ou até atacado viciosamente a fé cristã lutera-
na e, também, quando não há evidência de que, enquanto em vida, este fale-
cido tenha mudado a sua atitude, no sentido de crer e concordar com a fé
cristã luterana.

Por outro lado, se a igreja luterana, representada oficialmente, ou se o


pastor da igreja luterana foi chamado em tempo ao leito de morte de alguém
- - ç
da igreja católica, ou mesmo de outra igreja reformada, e o moribundo con-
fessa-se pecador e arrependido, e crê no perdão e na salvação só por Cristo e,
assim morre, deve-se oficiar com alegria o seu sepuitamento cristão.

7) Como agir no caso ele cremação do corpo da pessoa falecida? A


princípio, o sistema de cremação dos seus entes falecidos, não é citado na
.<::1
Bíblia COino prática normal entre os cristãos. A primeira coisa que a Bíblia
nos esclarece como normal, é que o corpo do ser humano originalmente veio
do pó da terra e, quando morrer, ao pó deverá tornar. "Então formou {}Se-
nhor Deus ao homem do pÓ da terra ... " (Gn 2.7). "...E o pó volte à terra,
como o era ... " (Ec 12.7). A prática normal e corriqueira entre os cristãos,
tanto do Antigo como do Novo Testamento é o sepultamento de seus mortos.
"Depois sepultou Abr(l(10 a Sara, sua mulher ... " (Gn 23.19). "Assim mor-
reu ali Moisés, servo do Senhor, ...Este o sepultou num vale.,. e ninguém
sabe, até hoje, o lugar da sua sepultura" (Dt 34.4, 5). Temos também o
exemplo de nosso Senhor Jesus Cristo: "Pois, derramando este perfume
sohre () meu corpo, ela o fez para o meu sepultamento. E José, tomando o
corpo, envolveu-o num pano limpo de linho, e o depositou no seu túmu!o
- -~rar novo... " (Mt 26.12 e 27.59, 60).
Cremação não parece ser uma prática usada entre os cristãos na Bí-
blia. Por outro lado, porém, a própria Bíblia não levanta nenhuma regra ou
preceito contra tal prática. Existe, tanto da antigüidade, como no presente, o
falso conceito e fé a respeito do futuro depois desta vida, principalmente por
parte das crenças e filosofias materialistas, segundo as quais, nada existe
depois desta vida e, que portanto, "morreu, tudo acabou para sempre". Di-
ante destes pensamentos muitas pessoas e até povos praticam a cremação,
-, j. até como uma cerimônia Oll culto. Nestes casos, com certeza o ato de crema-
ção, bem como a crença que o envolve, pecam contra as Escrituras Sagradas

103
e, portanto, nenhuma congregação e nenhum pastor genuinamente cristãos e Até aqui foram .::._;c .::.. ;c

luteranos devem prestar sepultamento cristão a esses restos mortais. çào e um pastor !uter::-::-: -:. ;c

foi dito como fazer P';":: , ,"


Por outro lado, se um cristão, membro de uma família e de uma con-
em que a Congregaç§: ~ :
gregação cristãs e luteranas, for cremado devido a uma circunstância especi- tais momentos, tante C: - ~~::
al, tais como regime político em um país diferente, guerra, contaminação, Deus e conselho junte 2: -." -.: -
etc.), e depois os seus restos e cinzas chegam às mãos dos familiares e da mesma fé e do mesmc T'··
igreja, estes, de sã consciência, de acordo com a sua fé, poderão oferecer-lhe
as honras de um sepultamento cristão. Para o cristão luterano é bem claro o Quando se chega ,'. : :
cristão de sã consciênc,a 2 ::
fato de que o sepultamento, ou não sepultamento de um corpo que desapare-
então se deve oficiar c rr:c'~ - "
ceu no mar ou em outro lugar, em nada afeta a sua salvação ou a sua ressur-
reição para a vida eterna, conforme nos orienta e nos dão esperanças as pala- o pastor não estão quere'~-
levantar evidências cc"
vras bíblicas: "Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além
entre os males o menc-r. ,__.
entregaram os mortos que neles havia" (Ap 20.13). Cabe aqui lembrar e
nos alegrar as palavras: "Concluímos, pois, que o homem é justificado pela e nenhuma congregaçj,- :
fé independentemente das obras da lei" (Rm 3.28). Sim, independente- Porém, quando o casc' e ~
mente se um corpo foi sepultado ou cremado, ou desapareceu, o que vale é a exigida, assim se fará. ]1"2' "
fé no Salvador Jesus Cristo. algum tempo, a perda de :

8) Membros de sociedades secretas e anti-cristãs. Nada do que perten-


ce à religião cristã precisa ser vivido e praticado em secreto, a não ser onde a Algumas objeções contra __
liberdade e a prática do culto cristão é considerada motivo de risco de vida. brevemente respondidas:
Portanto, não deve haver, por parte da congregação e do pastor cristão lute-
rano, nem ofícios e nem outras comunhões com tais sociedades. Nem deve I) Muitos arguírt,'_'_ .:
ser oficiado sepultamento cristão quando a pessoa falecida foi membro da quer um, dizendo: "jfus
congregação e, comprovadamente, ao mesmo tempo, membro de uma tal vivos -- então o pastor de -
sociedade. Se, porém, um desses membros, antes de falecer, renunciou à sua gumentos mais usados, " ;0.: .:
filiação a uma ou mais dessas sociedades, e se arrependeu e confessou a ro, é que: uma coisa é c ato, 3. Cj
Cristo como seu Único Salvador, então, alegremente se oficiará o funeral sa é a pregação da Palavra =-.::.::

cristão. O sepultamento se faz sÓ ;:-.:.-


9) Não se oficia um cerimonial de sepultamento junto com um minis- estão vivos mas, sim, sÓ ': :._ e -o

tro de outra fé. Contra isso nos advertem muitas passagens das Escrituras os vivos. E a pregação "_'~' _
os sobreviventes, depoi s ..:: :. . :
que condenam o unionismo. Oficiar em tais circunstâncias poderá compro-
meter a verdadeira fé, e colocar a verdade e o erro na mesma panela. Ao ne- for preciso. O fato é que - ,_
gar-se a participar em tais casos, o pastor e a congregação cristãos e lutera- pastor ou um padre a faisé '.. -' ,~
nos devem deixar bem claro que eles, negando-se a participar, de forma ne- qüilo e garantido. E, jU:I:C ;c-e
nhuma estão julgando o falecido. Aqui é uma questão de doutrina prática. pessoa que sempre fez p=-,- _

104
Até aqui foram apenas enumeradas situações em que uma congrega-
ção e um pastor luteranos não devem ministrar um sepultamento cristão. Não
foi dito como fazer para suprir cada caso. Podem acontecer casos especiais
em que a Congregação e o ministro fiquem em dúvida sobre o que fazer. Em
tais momentos, tanto Congregação como pastor devem buscar sabedoria de
Deus e conselho junto a outras congregações e ministros irmãos sinceros da
mesma fé e do mesmo trabalho.

Quando se chega à conclusão de que se pode realizar o sepultamento


cristão de sã consciência e sem comprometer a verdade da Palavra de Deus,
-- então se deve oficiar o mesmo. Nestes casos, com certeza, a congregação e
o pastor não estão querendo criar problemas. Nos casos em que é impossível
.:'!ll levantar evidências conclusivas, a congregação e o ministro podem escolher
entre os males o menor, ou, "pecar pelo lado do Evangelho". Nenhum pastor
e nenhuma congregação cristã têm prazer na morte de um fraco pecador.
Porém, quando o caso é claramente comprovado, e a negação do ofício é
exigida, assim se fará, mesmo que isto Ihes acarrete o ódio do mundo e, por
algum tempo, a perda de simpatia de alguns de seus próprios congregados.

Algumas objeções contra as nossas atitudes serão colocadas a seguir, e


brevemente respondidas:

1) Muitos argumentam a favor de fazer o sepultamento cristão a qual-


::3.
quer um, dizendo: "Mas, o sepultamento não é para o morto e, sim, para os
vivos .- então o pastor deve ir e 'pregar' para os vivos". Este é um dos ar-
gumentos mais usados. Mas, a verdade é que, o que precisa ficar muito cla-
ro, é que: uma coisa é o ato, a cerimônia do sepultamento e, bem outra coi-
sa é a pregação da Palavra. Fazer um sepultamento não é pregar a Palavra.
O sepultamento se faz só para o morto. Nunca é sepultado nenhum dos que
estão vivos mas, sim, só o que está morto. A pregação da Palavra é só para
os vivos. E a pregação pode ser feita abundantemente antes da morte e, para
os sobreviventes, depois do dia do enterro, tantas vezes quantas quiserem ou
for preciso. O fato é que o povo em geral sempre entende que, se for um
pastor ou um padre a falar qualquer coisa no enterro, então estará tudo tran-
qüilo e garantido. E, justamente por isso, quando se trata da morte de uma
pessoa que sempre fez pouco caso ou que desprezou a igreja, a maior prova

105

""- •
de que a Palavra de Deus é verdade, é a sua ausência na hora do sepulta-
mento. Assim fica bem claro que aquela pessoa que durante a vida despre-
zou a Deus, agora, na hora da sua morte, continua sem Deus junto a ela. \ef as pessoas sair,;;;', ~:
=,erde do que se gCir .. _
2) Outro argumento muito usado é: "Mas, não se precisa dizer nada momento destes.
para o morto e nem sobre o morto." Resposta: Isto seria hipocrisia tanto da
5) "Ajas, a
parte da congregação, como da parte do pastor. Seria a mesma coisa que "ser
)wra, é trabalho c,
cachorro com boca amarrada para não latir". Em outras palavras: o que iria mente, é trabalho de ~
dizer um pastor ou uma congregação na hora do sepultamento de um incré- falso conforto nào é:~ - -- --
dulo? Mentir? Dizer que está tudo bem e que tem esperança para o morto? E, nessa situação, com c:-e:--.-:2~ ~:
se realmente disser a verdade que a Palavra de Deus diz sobre alguém que incrédulo e, sincercHTle"-:e -,.
morreu incrédulo, isso confortaria a família? Tudo isso é clara evidência de crisia, mentir e enco" .~.:. -~
que a igreja e o ministro cristãos não têm nada a fazer no cerimonial de en- ministro levará o \erC2.:e .' :
terro de um incrédulo, a não ser que, para não serem hipócritas, fossem dizer enlutados. Certamente rc.::' ê. :
a pura verdade. ança no seu pastor e n2 ;-0 -

3) Alguém então diria: ''lI/Ias o sepultamento


é urna excelente oportu- 6) Alguém ain,]::; _-:,_
nidade para testemunhar sobre os assuntos da vida e da morte." Resposta: fomento cristão, a CC):T'~-·
O mais poderoso testemunho, e o mais poderoso sermão que se pode dar e da: ninguém sabe o (j:,,, ::
Últimos momentos." Re::::
pregar numa ocasião de sepultamento de incrédulo, é recusar-se a ir lá e ofi-
cristãos só podem se b~.: e _
ciar, e dizer por quê. Para que todos os presentes sintam o vazio e a ausência
Outrossim, mesmo que. e- __
de Deus, e para que sintam como é doloroso para todos, inclusive para os
';julgamento" por pan" _ê.
anjos de Deus, a morte e a perdição de alguém que durante a vida desprezou menta final. Por isso. de
a Deus. O "sermão da ausência" será lembrado por muito mais tempo do que
cido. O julgamento ",. _
qualquer outra palavra ou gesto que se disser ou fizer no enterro de um in- não existe volta e nen-. 'u
crédulo. Sempre que se fizer um enterro normal de um incrédulo, mesmo uma só vez e, depois d;'--.:! "
pregando a mais dura lei, {)povo voltará tranqÜilo e contente, porque o
Justamente
pastor estava lá, e tudo está bem. Todos podem continuar a sua vida torta,
cristão de uma pesso2. =_c
porque, quando morrerem, o pastor e a igreja estarão lá, e tudo estará bem.
que se está julgando c.' :: ~
E um grandíssimo mau testemunho. Outro grande mau testemunho é dado
um sepultamento
q'uando os /nelnbros ela igreja cristã' luterana saern ern ele Uln sacer- aos cristãos, se estará ::::: --
(iote ou de Uln pastor de qualquer outra denorninação re1i.giosa, para L;jiciar se est<1rá chamando aq.-: c
um sepultamento que o próprio pastor e a própria congregaçtio têm razão ele, a esperança da r6'. --e ~'
de negar. Com isso aquelas pessoas demostram que a suafé ainda éfraca e gaçãü e o pastor reaLZ2.::c-
confusa, e que aceitam qualquer igreja que encontrarem. Isso é anti- Num caso de inc-e::
testemunho em relação à pureza da doutrina e do Evangelho.
não pronunciam julg2n-e -.
pertence: a Deus. E de::::.c _. c

106

.~II!I!!I!!ii!i~ ---_.
4) Alguém então diz: "Mas, então, o pastor que vá e que pregue a
dura lei," Resposta: Agindo assim, o maior resultado que se poderá colher, é
ver as pessoas saírem com os corações feridos e ofendidos e, ver que mais se
perde do que se ganha. Muitas pessoas se afastam da sua igreja porque, num
·ja momento destes, limitou-se a dizer a dura e pura verdade.
__ da
ser 5) "Mas, afamília da pessoa falecida pertence à congregação e, nesta
hora, é trabalho do pastor confortá-Ios em sua tristeza." Resposta: Real-
mente, é trabalho do pastor confortar quem é membro de sua igreja. Mas,
~re-
falso conforto não é conforto. Uma família que pertence à igreja e é cristã,
F
~, nessa situação, com certeza sabe a verdade a respeito do falecido, se ele foi
que incrédulo e, sinceramente, não gostaria de ver o seu pastor agindo com hipo-
:.: de
crisia, mentir e encobrir a verdade. Depois, em particular, com a família, o
ministro levará o verdadeiro e sincero conforto da Palavra de Deus para os
::zer enlutados. Certamente nisto a família sentirá mais firmeza e terá mais confi-
ança no seu pastor e na igreja e, sem dúvida, mais conforto.
6) Alguém ainda argumentará: "lv/as, recusando-se a oficiar o sepul-
tamento cristão, a congregação e o pastor estarão julgando a pessoafaleci-
e da; ninguém sabe o que se passou entre a pessoa falecida e Deus nos seus
: fJ- últimos momentos." Resposta: Uma congregação e um pastor sinceramente
cristãos só podem se basear naquilo que vêem, e julgar quando têm provas.
os Outrossim, mesmo que, em certo sentido, isto representasse um certo tipo de
"julgamento" por parte da Congregação e do pastor, esse não seria o julga-
mento final. Por isso, de maneira nenhuma afetaria o destino eterno do fale-
cido. O julgamento final e decisivo é feito e dado por Deus, diante do qual
não existe volta e nem mudança. "Aos homens está ordenado morrerem
uma só vez e, depois disto, ojuizo"(Hb 9.27).
:j
Justamente quando a Congregação e o ministro, fazem o sepultamento
cristão de uma pessoa que visivelmente foi incrédula durante a sua vida, aí é
que se está o falec.ido de viva voz. Por quê? Porque ao pronunc.iar
ura sepultanlento cristão, COi11 liturgia e palavras cristãs, que só pertencern
aos cristãos, se estará realizando a cerimônia em nome do Deus dos cristãos,
se est<lrá chamando aquele morto de abençoado e se estará requerendo para
ele, a esperança da ressurreição para a vida eterna. A não ser que a congre-
gação e o pastor realizassem um sepultamento
- calado ou hipócrita.
-

Num caso de incredulidade, não oficiar, a congregação e seu ministro


não pronunciam julgamento publico, mas deixam o julgamento final a quem
pertence: a Deus, E desde que o sepultamento não salva e nem condena nin-

107
guém, nada mudará no destino eterno do morto se ele foi realmente cristão, e ;11portância Crie
uma congregação e seu ministro cristão errarem. ~mportància d:· ser"r,~,: ,
7) Outro argumento muito usado é: "Mas, se não fizermos o sepulta- Incalculável d" .c
mento então os familiares e amigos poderão se doer e deixar a congrega- sermões de sepultar,,;;:':_ :, _c-
ção; "ou: "A congregação vai se dividir!" Resposta: Se os familiares e ami-
'2m ajudado a COi7g"C';':',
gos realmente forem cristãos, claro que não deixarão a sua congregação .
._causas que tenl cOJZrrz/- :,-~,.:'-
Certamente procurarão se esclarecer com a pessoa mais indicada, que é o seu
da igreja é o doce e tu..' .'.
pastor e, ao compreenderem bem o que diz a Palavra de Deus, se conforma-
c o 'cartão de crédito c<,·_
rão, mesmo em meio a muita dor. Muitas vezes já aconteceu que, longe de
enfraquecer uma congregação, uma tal firmeza do pastor e dos líderes da rliõesde sepultamento r.;'
congregação, só serviu para fortalecer ainda mais a congregação. A igreja do pastores e congregaçÔ;;s. :"".
Deus verdadeiro nunca é fraca quando segue firme o que diz a Palavra desse vida, recebido apoio ['::r.: .
Deus verdadeiro. E, mesmo no caso de alguém chegar ao ponto de deixar a Contra esses chocantes :: , .: .~
congregação, o pastor e a sua congregação devem estar mais preocupados igreja têm até defendidc;' : ~ __
em agradar a Deus, a salvar a maioria das almas e a respeitar todos os mem- para isso, lembramos c ~.~~_ ~. _
bros que querem seguir a verdade, do que se preocuparem simplesmente em a criança com a água
contar com a simples simpatia do povo ou de algumas pessoas. E quando
num desses casos, o pastor e a congregação forem acusados de negar o amor,
o sermão de sepu;:;:::~c
e a amizade, e serem muito duros, eles devem lembrar as palavras: "O dor oficial, o pastor ou. ,,-,~.
amor...não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade! "(1 ados, uma oportunidade se~"" ::-
Co 13.4-6). E de que foi o próprio meigo e amoroso Salvador quem passou a morte. Muitas pessoas qUe;; : _' _""
pior dureza ao morrer na cruz por nós, e quem nos ensinou a Parábola do normais da igreja, COSluTT: -. : ':'
Rico e do Lázaro. Se nunca levam a séric, se ~_
incertezas desta vida e C:CrI: :: ,:,,:-1
à realidade de que os seus: --:_ o
CAPÍTULO V pultura, então esta oportu:- ""e
muito duro para os incrd~ .. : c
SOBRE O SERMÃO DE SEPULTAMENTO suas frontes orgulhosas e :,e;;
diante de um esquife e de Ir ~

Não poderíamos concluir o assunto do sepultamento sem também dar Se antes, para tais ~e::
uma atenção especial ao sermão fúnebre. Por que, depois do assunto que diz ser proclamado clara, cC;'· ,~._c
pregar para estas pessoas ..~::
respeito ao objeto do sepultamento, que é o morto, pois sem uma. pessoa
morta, não haveria sepultamento, o sermão é a parte mais importante? Espe- nidade sem igual está nco~--~ = "

cialmente em nossos dias, quando o sermão fúnebre está sendo cada vez frente, nós podemos cokc2.: '. "
mais transformado num discurso sentimentai e de elogios à pessoa falecida de que "o salário do pecad
locar diante dos ouvintes::
ou, então, em uma dura sentença de julgamento sobre o morto, é de suma

108
importância que os cristãos sejam instruídos com respeito ao significado e à
importância do sermão e ao que este deve conter.

Incalculável dano têm causado na igreja os maus tipos e conteúdos de


sermões de sepultamento. Alguém disse: "A1uitos sermões de sepultamentos
têm ajudado a congregações cavarem suas próprias covas." E: "Uma das
causas que tem contribuído para uma falsa segurança entre muitos membros
da igreja é o doce e maravilhoso oficio funeral da igreja para qualquer caso
e o 'cartão de crédito para o céu' indiretamente oferecido pelos doces ser-
mões de sepultamento para qualquer um que morre." Por tais atitudes de
pastores e congregações, muitas pessoas e membros da igreja têm, sem dú-
vida, recebido apoio para o seu mundanismo e para a sua incredulidade.
Contra esses chocantes abusos, muitos ministros e Hderes honestos e fiéis na
igreja têm até defendido a idéia de abolir o sermão dos sepultamentos. Mas,
para isso, lembramos o extraordinário ditado norueguês: "Não se deve jogar
a criança com a água suja!"

o sermão de sepuitamento proporciona à igreja, através de seu prega-


dor oficial, o pastor ou, então, através de seus líderes oficialmente credenci-
i ados, lima oportunidade sem igual de testemunhar sobre os temas vida e
morte. Muitas pessoas que raramente, ou nunca, participam dos programas
normais da igreja, costumam sistematicamente estar presentes aos funerais.
Se nunca levam a sério, se nunca se preocupam com a brevidade e com as
incertezas desta vida e com a certeza reai da morte, se nunca foram levadas
à realidade de que os seus corações, batida por batida, estão rumando à se-
pultura, então esta opOltunidade do sermão de sepultamento é sem igual. É
muito duro para os incrédulos e os cépticos encararem a morte de frente. As
suas frontes orgulhosas e senhoras de si sempre são obrigadas a se curvar
diante de um esquife e de uma sepultura.

Se antes, para tais pessoas, o assunto da vida e da morte nunca pode


ser proclamado clara, convincente e destemidamente, e se nunca se pode
pregar para estas pessoas "de homem mortal para homem martar', a oportu-
nidade sem igual está no sermão de sepultamento. Com o esquife a nossa
frente, nós podemos colocar como concreta e indiscutível a dura evidência
de que "o salário do pecado é a morte!", e, ao mesmo tempo, podemos co-
locar diante dos ouvintes a maravilhosa certeza e esperança para os que crê-

109
em, de que "o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso
Senhor". ::-,LijO pecal1c e :,:r::c.'
:ransformar o sermão e-:-
o pecado e a graça devem ser sempre anunciados de forma bem clara
em cada sermão de sepultamento e, com certeza,. a totalidade deste assunto o costume fe;n:"--~ ,
pode ser muito bem resumida em cada sermão de sepultamento. Especial- ,,:-:,orador para ])1'('n',,:',. ~.
mente se o falecido foi um cristão sincero, pode e deve ser enfatizado no .:' \irtudes do fa!ec,u .. ~. _
sermão a maravilha e o conforto do perdão dos pecados, da graça de Cristo e :.1 peio povo e para q:.:e e e· -~:
da certeza da vida eterna pela fé em Cristo sem, com isso, deixar de mostrar :.inamente revivido el!'
a dureza e a firmeza da lei. - orador ou, até, de se i.:.:-' ,.:. _.
'e-fmões fúnebres têm 5::- ,~-_-.
Em um artigo sobre sermões fúnebres na revista alemã "Lehre und
Wehre", VoI. 15, p. 112, o pastor E. W. Keyl faz as seguintes afirmações Maravilhoso ser::: 'e
sobre o que um sermão fúnebre deveria conter: "O sermão fúnebre deveria, :,stivesse em todos os p:'e;-,
conforme nos mostra a lição do Evangelho na ressurreição do filho da viÚva c,jedoso cristão, antes ,Je-"
de Naim (cf Lc 7. l1ss), ter duas proclamações para nós: ia - A proclama- eie fosse ignorada no seu .',
ção da morte. Esta proclamação perante um esquife, fala até mais alto do se lembrada e exaltada. 1:-:'
que as próprias palavras de nossa Agenda Litúrgica para cerimônias de \irtudes e boas obras de '..:'::
sepultamento, que dizem: Em meio à vida, estamos na morte!"; e, 2a - A iSSO.O que deve ser e\ ::2.: - e
proclamação da vida, que se une às palavras do hino de vitória: "Em meio sejam de alguma forma cs'"
à morte, estamos na vida!" O sermão fúnebre sempre deve testificar que a nas como frutos da fé na c:: -.:.::-.'
morte veio ao mundo e acomete a todos por causa do pecado, e que a vida
vem unicamente por causa de Cristo. O sermão fÚnebre deve admoestar-nos
a um constante preparo nosso para o dia da nossa morte, bem como para
um constante amor e comunhão com Cristo, o destruidor da morte e Doador
da Vida. Deve admoestar-nos a, constante e sabiamente, aproveitarmos o
"tempo da graça" que Deus, tão amorosa e pacientemente nos dá".
Segundo estes conselhos, a verdadeira finalidade do sermão fúnebre
será preenchida, ou seja: admoestar, advertir, instruir e, sobretudo, confortar
e fortalecer no sentido de que as almas possam ser ganhas para o abençoado
porvir, também nessas ocasiões. O mais importante, porém, é que cada um
dos participantes que acompanhou o sermão, possa levar no seu coração a
convicção de que é confortante e esperançoso o partir de um cristão, mas, é
horroroso e desesperador o partir de um incrédulo, e, que cada um, saiba
como se preparar para a morte.

Pregando Lei e Evangelho, pecado e graça, nós evitamos o perigo de


transformar o sermão fúnebre em discurso pessoal, isto é, evitamos de dizer

110
muitas coisas sobre o L1lecido. o que acontece muito em nossos dias, Pre-
gando pecado e graça nós também evitamos a perigosa e amarga prática de
transformar o sermão em um discurso de elogios.
O costume reinante entre os antigos gregos e romanos, de introduzir
um orador para pronunciar um discurso de elogios no funeral, para glorificar
as virtudes do falecido, de sorte que a sua memória fosse muito bem guarda-
da pelo povo e para que ele pudesse alcançar favor entre os deuses, tem sido
fartamente revivido em nossos dias, inclusive com a finalidade de glorificar
o orador ou, até, de se ganhar dinheiro. Não é de se estranhar que muitos
, sermões fúnebres têm sido sarcasticamente chamados de "falsos sermões".
_-"J
Maravilhoso seria se o espírito de Christian Ernst, Duque da Saxônia,
estivesse em todos os pregadores e ouvintes de cada sermão fúnebre. Este
piedoso cristão, antes de sua m0l1e, fez o pedido para que qualquer glória a
ele fosse ignorada no seu funeral, mas que unicamente a graça de Cristo fos-
se lembrada e exaltada. Isto não significa que nós nunca podemos apontar as
virtudes e boas obras de um cristão falecido. As Escrituras não nos proíbem
.-1 isso. O que deve ser evitado é a aparência de que as virtudes e as boas obras
sejam de alguma forma caminho para a salvação, em vez de apontá-Ias ape-
nas como frutos da fé na obra e nos méritos de Cristo.

- - -.c
j

-,'
,)

í11

--
AUXÍLIOS LITÚRGICOS
O.: ,;:~:- __ .. ~ __
ORDEM DE CULTO C.: q ti ~ '-r ,~, c __ ' -:: __ ::-:
Todos; V~I'-: =o_.:~ :;'--
PARA O PERÍODO DO ADVENTO
..j, Confissão e AbsohiciL:
Ivonelde Sepúlveda Teixeira
O.: Se dissermcs: _-: ,0_
PREPARANDO-NOS a verdade nào e:'~.:-:--
PARA A VINDA DE JESUS ... C.: Mas, se confes:'.:~ -- -:
perdoar e nos ç .. , ~-~ - ,
O.: Confessemos 5110-::',:
1. Saudação: Estamos no período do Advento. Advento significa "vinda". Os
sua confissão pcr
paramentos de nossa Igreja nesta época são roxos, simbolizando a
meditação. Nesta época, meditamos sobre a abençoada vinda de Jesus entre
Jesus disse: "To~L:
nós para nos salvar e assim nos preparamos para um Natal realmente feliz
e cheio de sentido. Jesus está chegando. Cada semana, mais uma vela da Deus entregou o ;::~_
coroa do advento será acesa; é o Natal que se aproxima. Que a lembrança nos perdoou todos
reconhece e declf;"? :~_
do menino de Belém - nosso Salvador Jesus - restaure em nós a paz de
Deus e em nós desperte e aumente a vontade de adorá-Io e serví-Io. Espírito Santo. A:c:~-

2. Hino: (HL 12. 1, 2)

5. Intróito: Salmo do dia.


Oficiante (virado para a congregação, congregação em pé):

6. Gloria Patri: Glória ac _ ,


Rejubila, Filha de Sião,
vem, entoa salmos, ó Jerusalém! princípio, agora é. e ç~~ : - .:
Vê o Rei da glória, vê o teu Senhor,
vê o rei da paz, em todo o seu amor! 7. Kyrie: Senhor, tem pi,,::.:.-: .:-: ~-
Rejubila, Filha de Sião, Cristo, tem piedi::-: .:-: - :
vem, entoa salmos, ó Jerusalém! Senhor, tem pi".-L:=~ .:-:--

Congregação: 8. Saudação:

Salve, salve, Filho de Davi, O.: O Senhor seja com


salve, Rei bendito e santo de Israel! c.: E com o teu espíri;c-
O teu povo aguarda o eterno reino teu,
9. Coleta do dia.
reino de justiça, reino celestial!
Salve, salve, Filho de Davi,
salve, Rei bendito e santo de Israel! 10. Antigo Testamento e Epi+:
3. Invocação: 1 L Gradual e Verso:

O.: Ó Senhor Deus Pai, O.: A legra-te muito. Ó f -


C.: que nos criaste e enviaste teu Filho; vem o teu Rei. jus;.,-· -: '
O.: Ó Senhor Deus Filho, Senhor.
112

.1.._- iiiiIIlii _
c.: que te humanaste a fim de salvar-nos:
O.: Ó Senhor Deus Espírito Santo.
c.: que nos deste a fé e nos santificas.
Todos: Vem estar entre nós. Amém.

4. Confissão e Absolvição:

O.: Se dissermos que não temos pecado, a nós mesmo nos enganamos, e
a verdade não está em nós.
C.: Mas, se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar e nos purificar de toda injustiça.
Js O.: Confessemos silenciosamente o que nos pesa a Deus. (Cada qual faz
- ~~ a sua confissão por um breve momento, em silêncio).

Jesus disse: "Todo o que vem a mim, de modo algum o lançarei fora."
: :: da Deus entregou o seu Filho para morrer em nosso lugar e por amor dele
nos perdoou todos os pecados. Aos que confiam em Jesus, Deus
reconhece e declara filhos e herdeiros do seu reino e lhes concede o
Espírito Santo. Amém.

JESUS VEM A NÓS EM SUA PALAVRA

5. Intróito: Salmo do dia.

6. Gloria Patri: Glória ao Pai e ao Filho e ao Santo Espírito, como era no


princípio, agora é, e por todo sempre há de ser. Amém.

7. Kyrie: Senhor, tem piedade de nós.


Cristo, tem piedade de nós.
Senhor, tem piedade de nós.

8. Saudação:

O.: O Senhor seja convosco.


C.: E com o teu espírito.

9. Coleta do dia.

10. Antigo Testamento e Epístola.

11. Gnldual e Verso:

O.: A legra-te muito, ó filha de Sião; exuJta, ó filha de Jerusalém; eis aí te


vem o teu Rei, justo e Salvador. Bendito o que vem em nome do
Senhor.
113
Aleluia, aleluia. Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó
portais eternos, para que entre o Rei da glória. Aleluia,
C.: Aleluia, aleluia, aleluia.
21. Pai Nosso.
12. Hino: (do dia)
22. Palavras da Instíru l(2 c. _ ,~
13. Evangelho: (do dia) cansados e sObreC2""::;~~:: _ "
Bem"vindos à 111::5:, = -'.

14. Confissão de Fé (responso do 20. Artigo do Credo Apostólico, seguido da


explicação do Dr. Martinho Lutero): 23. A distribuição
O.: Creio em Jesus, Filho único do Pai, nosso Senhor, o qual foi concebido
pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob Pôncío
t
2.. Nunc Dimittis: Se,,:-,,::

Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu ao inferno, no terceiro palavra, pois os meus c _2
dia ressuscitou dos mortos, subiu ao céu, e está sentado à direita de a face de todos os pO"~', _=::::
povo Israel. Glória 2e IJ". :: _
Deus Pai Todo-Poderoso, donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
c.: Creio que Jesus Cristo, verdadeiro Deus, gerado do Pai desde a princípio, agora é e pc: : _:::
eternidade, e também verdadeiro homem, nascido da virgem Maria, é
meu Senhor. Pois me remiu a mim, homem perdido e condenado, me 25. Ação de graças:
resgatou e salvou de todos os pecados, da morte e do poder do diabo;
não com ouro ou prata, mas com seu santo e precioso sangue, e sua O.: Todas as vezes que .~---- ~-.
C.: Anunciamos a mo,,:: ~-
inocente paixão e morte, para que eu lhe pertença e viva submisso a ele,
em seu reino, e o sirva em eterna justiça, inocência e bem-aventurança,
assim como ele ressuscitou dos mortos, vive e reina eternamente. Isto 26. Bênção:
é certamente verdade.
O.: O Senhor esteja à nc~ c - -
15. Hino (do dia). c.: O Senhor esteja ao :::'_
O.: O Senhor esteja atri~:~
16. Mensagem. c.: O Senhor esteja err:~::
O.: O Senhor esteja der":: :_
17. Ofertório: Cria em mim, ó Deus, um puro coração, e renova em mim C.: O Senhor esteja ao::' _ :-
espírito reto. Não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu O.: O Senhor esteja sob:;; : _ -
Todos: O Senhor este!"
Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua salvação. E sustém-me com
Senhor. Amém.
um voluntário espírito. Amém.

18. Recolhimento das Ofertas. 27. Hino final: (HL 12.31 ::::-

19. Oração Geral. Salve, salve, Filho :~ _ .:


Salve, Rei da gra;:: ,~- u

JESUS VEM A NÓS O teu trono santo ::u :-e


NA SANTA CEIA pois tu és oFilho d: ::: :::
Salve, salve, Fi!!-: ~:- = ,,'
20. Hino (HL 13.1) Salve, Rei da ;r2':': - - --

Como hei de receber-te, bendito Salvador?


Minha alma anseia ver-te, saudar seu Redentor.
114
Ó Cristo, me ilumina a mente natural:
em ti viver me ensina. em submissão totaL

21. Pai Nosso.

22. Palavras da Instituição seguidas de: "Vinde a mim todos os que estais
cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei" Tudo já está preparado.
Bem-vindos à mesa do Senhor.

23. A distribuição (durante a mesma podem ser entoados um ou mais hinos.)


_~::-:do
~ '''CIO
24. Nunc Dimittis: Senhor, agora despedes em paz o teu servo, segundo a tua
-=~~~iro
palavra, pois os meus olhos viram a tua salvação, a qual preparaste perante
_ -~::: de a face de todos os povos, luz para alumiar as gentes, e para a glória do teu
povo Israel. Glória ao Pai e ao Filho e ao Santo Espírito, como era no
princípio, agora é e por todo o sempre há de ser. Amém.
é
~_~~.me 25. Ação de graças:

_ ~ ~ sua O.: Todas as vezes que comemos este pão e bebemos este cálice,
~
-; ,.::.!p.
~- •... .•.... , c.: Anunciamos a morte do Senhor até que ele venha.
-::nça,
-:-:-: Isto 26. Bênção:

O.: O Senhor esteja à nossa frente para mostrar o caminho certo.


C.: O Senhor esteja ao nosso lado para nos abraçar e acompanhar.
O.: O Senhor esteja atrás de nós para nos salvar de pessoas falsas.
c.: O Senhor esteja embaixo de nós para nos amparar e sustentar.
O.: O Senhor esteja dentro de nós para nos consolar na tristeza e dor.
-TI1m
C.: O Senhor esteja ao nosso redor para nos proteger do mal.
-- C> teu O.: OSenhor esteja sobre nós para nos abrigar à sua sombra.
Todos: O Senhor esteja conosco até sua vinda. Assim nos abençoe o
Senhor. Amém.

27. Hino final: (HL ] 2.3) (todos, em pé)

Salve, salve, Filho de Davi!


Salve, Rei da graça, Príncipe da Paz!
O teu trono santo sempre existirá,
pois tu és o Filho do celeste Pai!
Salve, salve, Filho de Davi!
Salve, Rei da graça, Príncipe da Paz!

VEM, SENHOR JESUS!

115

-.
REP:O.USA TRAN:Q:ÜIL:O
(T, Br, B e/ou S, Ms, C)
Mel.: do nordeste brasileiro
Letra: Isaac N. Sal um, 1943
Arr.: Raul Blum, 1990/1996

VI

T,Br

2.Tam bém seu es po- -so, pie - do - so va


3 .E,_ cn lon-
J.Re-\POU -- sa
ga jor J-, qUi
tran na - -10
-da, os
Ó I mei
reis - go
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A cs-: tii> :.!

sus, - te - ta, ,- Ia re-


rão, ao la- -do mur - mu- - ra su - a- ve_o- ra -
tais vi
a - \ noi-
c- ·ram vai
tra - \ zer-
ai - - te j
cprea SCll-
tre- - tcs re-

~-FF ~ (!.
r ê ~
F F

Raul Blum I Instituto Concórdia de São Paulo


Rua Raul dos Santos Machado, 25
05794·370 São Paulo, SP
Tel.: (011) 5511-5077

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teu IbCF -ço
-Ia se_a- pa-
tão Iru- mas I 1'0-
1;a, a_al}
-de, ~i- ora, re -fta~.
~a_a can - luz!

--.-,---
RECENSÃO
manifestaçÔes é= R~::~-'
inconsistência j,.) :t:'
LUTERO, MARTINHO: OBRAS SELECIONADAS. Volume VI. São
camponeses à fê'''- ':::'" ::
Leopoldo/Porto Alegre: Sinodal/Concórdia, 1996.557 p.
coerente contra "__ ~_ :..::

A publicação do sexto volume das Obras Selecionadas de Martinho o que :r.:.",'<.:c:c.: ~--
(Cristocéntrica '.. - -:~_. __ . _
Lutem representa mais um passo significativo em direção ao alvo de tornar os
considerações de cfje'~' ::::':" -
escritos do grande Reformador acessíveis aos leitores de língua portuguesa.
reconhece Deus cem _ -, ~- -
Este volume é o segundo a abordar o tema da ética cristã. O volume cinco
as ec eSlastlcas (:':~_
J" " .
abordou diversas áreas da vida cristã. O sexto ocupa-se com a ética política. Os
Dezenove escritos de Lutero incluídos neste volume encontram-se distribuídos Lutero quer orie:: :C:~' :.:c --: - -,;;
pelos seguintes blocos: Fundamentação, Governo, Guerra dos Camponeses, Deus deles espera, L-:-, --:_'
Guerra contra os Turcos, e Paz Social. Cada bloco de textos é antecedido por tipos de autoridades --:'':5 :: -:', e
divina e subordinadu 3. -: _
uma introdução ao tema e cada texto individual vem acompanhado de uma
introdução sucinta que identifica seu contexto histórico. Leitores já
de Lutero muitas '.ezes , _
Os textos foram originalmente escritos por Lutero ao longo das duas
ordenados conforme v','. ::'.3 .:c ,_;.
décadas que vão de 152 J a 1541. A maioria deles, porém, foi escrita em meio
sabor da circunstância C:-:-e:::. :
aos conflitos dos anos decisivos de "formação e definição" da Reforma, para
usar a expressão de Martin Brecht. Lutem já fizera a grande descoberta de sua uma clareza e simpL.: . .:..::e::.e-
vida: que o ser humano é justificado perante Deus por causa de Cristo, peja O lançameme ce :- .:c ~ ~:-

graça, por meio da fé. Toda a teologia de Lutero, também suas manifestações gigantesco e bem-sue e:
na área da ética política, passou a ser enfocada a partir daquela descoberta instituições. Os textos
fundamental e central. Uma leitura atenta revela como a expressão dessa e considerada, de modo
verdade vai adquirindo cada vez maior clareza, especialmente, ainda, na estudiosos se empenlnra'T: -' -,
primeira metade da década de 1520. preciso mencionar a:::,ja e· :- .:c

remissivo (somente es:e


A seleção de textos inclui alguns dos escritos mais polêmicos de Lutero,
constituem um \aks_ "'.
como, por exemplo, os que se referem à Guerra dos Camponeses. Desde os
dias da Reforma até hoje, tem havido acusações culpando Lutero, entre outras específicos. Notas de -:::::.::e
coisas, de incoerência, traição aos camponeses, e bajulação dos príncipes. O identificando persoruge-" e::
textos de Lutem ou .: ': -_:' ,_
leitor de fala pOltuguesa tem agora a oportunidade de examinar por si mesmo
o que Lutero realmente escreveu antes da revolta, no decorrer da mesma e após termos e expressãoe se::·:: ::
seu término. A introdução a esse bloco temático inclui um histórico do conflito Pastores, prote~,' -~: ",5
que, embora sucinto, é muito elucidativo e bem fundamentado, colocando as poderão se beneficiar en' O'

118
manifestações do Reformado. no devido contexto e já com isso revelando a
inconsistência do mito de que Lutero de alguma maneira incentivou os
camponeses à revolta. Fica evidenciado que Lutero se manifestou de maneira
coerente contra o uso da força na propagação do Evangelho.

o que transparece em todos os textos é a postura teocêntrica


(Cristocêntrica), informada pelas Escrituras, a partir da qual Lutem emite suas
cpnsiderações de ordem pastoral sobre os diferentes assuntos em foco. Ele
reconhece Deus como o Senhor da história e vê tanto as autoridades civis como
. :;20
as eclesiásticas como instrumentos de Deus. A esses instrumentos de Deus,
Lutero quer orientar a partir da revelação divina nas Escrituras sobre o que
. ::-:s. Deus deles espera. Lutero reconhece uma nítida distinção das funções dos dois
tipos de autoridades mas percebe o serviço de ambas dirigido pela vontade
divina e subordinado a ela.

Leitores já familiarizados com o estilo de Lutero sabem que os escritos


~ _:1S
de Lutero muitas vezes opõe alguma resistência ao enquadramento em esboços
~lO
ordenados conforme uma lógica sistemática. Por outro lado, eles preservam o
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sabor da circunstância concreta que Ihes causou a origem e se caracterizam por
uma clareza e simplicidade de expressão ímpares.

o lançam ente de mais este volume das obras de Lutero resulta de um


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gigantesco e bem-sucedido esforço conjunto de uma série de pessoas e
instituições. Os textos foram traduzidos da edição de Weimar, a mais completa
__ ::sa e considerada, de modo geral, a melhor edição das obras de Lutero. Cinco
estudiosos se empenharam na tradução. Além dos textos e das introduções é
preciso mencionar ainda a existência de três índices: bíblico, onomástico e
remissivo (somente este último ocupa vinte e duas páginas). Os índices
constituem um valioso auxílio para a localização e consulta de assuntes
específicos. Notas de rodapé acompanham os textos em grande númer,-.
identificando personagens, explicando fatos mencionados, remetendo a outU::5
textos de Lutero ou a obras de outros autores, e expondo o significadc ~ç

:·JS termos e expressãoes contidas no texto.


:0 Pastores, professores, estudantes, políticos, e estudiosos em g:e;}.
J.S
poderão se beneficiar em grande medida com os escritos de Lutero ino: lu feL::
PRECHT, Fred L., e:_: _- L~
nesta publicação. O embasamento bíblico, a coerência e clareza teológica do Louis Concordi" ? _-
Reformador podem ser uma grande contribuição para uma época em que
valores éticos são agredidos e solapados diariamente, em que se avoluma a
confusão sobre o papel do Estado e do cidadão, em que não se distinguem com Como o pr<'- -
facilidade os contornos do poder da autoridade e da liberdade do indivíduo. assuntos sobre h i",: -
da com o hinúri: L_

Rev. Dr. Paulo W Buss souri. editado a ê-'-:r _~

sobre o culto! U,tT:'- -


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120

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Jií iM _
RECENSÃü

PRECHT, Fred L., editor. Lutheran Worshipi history and practice. St.
Louis Concordia Publishing House, 1993.639 pp.

Como o próprio título do livro indica, esta obra pretende fornecer


assuntos sobre história e prática do culto luterano. A obra está relaciona-
da com o hinário Lutheran Worship da Igreja Luterana Sínodo de Mis-
souri, editado a partir de 1982.
É uma obra bastante completa, abrangendo toda sorte de assuntos
sobre o culto luterano. Teologia e prática estão interligadas ao lon.go dos
assuntos que são tratados, como: Renovação Litúrgica na Congregação,
Liturgia e EvangeJismo, O Ano Litúrgico, O Lugar do Culto, Os Líderes
do Culto, Música e Liturgia: A Tradição Luterana, Santo Batismo, Santa
Ceia, Confissão e Absolvição: Pecado e Perdão; Confirmação; O Culto
Divino; Os Salmos no Culto Luterano; Os Hinos no Culto Luterano; A
Música do Culto Luterano.
Os assuntos são tratados dentro de uma linha característica da te-
ologia e prática luteranas: com sobriedade, tendo sempre Cristo no cen-
tro de tudo. Não há radicalismos, nem mesmo quando se trata de
renovação litúrgica. Quando há propostas de mudanças elas são conside-
radas à luz da prática histórica; não poucas vezes sugere-se uma volta a
costumes antigos como forma de renovação litúrgica. E, sempre que se
sugere alguma mudança, ela está firmemente baseada nas Escrituras.

A tradição cÚltica da Igreja Antiga é enfatizada através dos diver-


sos assuntos abordados por diversos autores nesta obra. As orientações
para o culto que Lutero e a Igreja Luterana no seu início sugeriram tam-
bém são lembradas. Qual a função do coro no culto? Destaca-se o coro
como líder do canto congregacional. Como eram usados os instrumentos
no culto na época da Reforma? Que cuidados Lutero tinha quanto à re-
novação Iitúrgica? Estas são algumas das questões que o livro trata.

A confissão e abSOlvição particular, esquecida em nossa prática


normal relacionada ao culto. também é tratada no livro. No entanto, a
obra nos lembra que a prÚtica d,i confissão e absolvição particular faziam
parte da igreja da Reforma,

o hinário Liit!Y"Llil WOJ"ship é uma renovação do Lutheran ~vm-


nal. antigo hil1,iíil' da Igreja Luterana Sínodo de Missouri. Na Igrej.q.
12]
Evangélica Luterana do Brasil aconteceu fato idêntico: o antigo Hinário
Luterano foi revisado e, desde 1986 está em uso um novo Hinário Lute-
rano. Com isto surgem, no início, dificuldades de adaptação ao novo
texto. O livro trata disso também. Estas necessidades de revisão são evi-
dentes, devido às mudanças de linguagem que ocorrem em quaisquer
idiomas. Nem sempre uma mudança de texto é logo aceita por todos;
nem sempre uma nova versão de texto também é a mais acertada. A mu-
dança para melhor é aquela que nos faz esquecer a antiga, ou, pelo me-
nos, preferir a nova versão. O tempo é melhor indicador para julgar isto.
Vê-se, que as dificuldades com um novo hinário foram semelhantes nas
duas igrejas.

Uma prática restaurada no hinário Lutheran Worship é o canto de


Salmos. Para tanto, são fornecidos pequenas seqüências de notas, com as
quais podem ser cantados os salmos. O interessante deste canto dos sal-
mos é que se canta o texto bíblico sem métrica medida, ou seja, canta-se
o texto tal qual está na versão da Bíblia que for utilizada. No livro LuJ.he-
ran Worship: history and practice esta questão é abordada com detalhes
técnicos de como deve-se colocar o texto bíblico para que ele flua atra-
vés da seqüência de notas que for utilizada.
Sem dúvida, Lutheran Worship: history and practice é um livro
valioso para o pastor e para todos os interessados em culto e liturgia.

Prol Raul Blum


é Professor na Escola Superior de Teologia
do Instituto Concórdia de São Paulo

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