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Ficha bibliográfica:

SOUZA, V. H. P. de; SILVEIRA, M. R. Aspectos econômicos e infra-estrutura rodoviária


no estado de São Paulo: uma relação solidária. In: XII Encuentro de Geógrafos da
América Latina - Caminando a una América Latina en Trasnformación, 2009,
Montevideo, Uruguay. Anais do 12 EGAL. Montevideo, Uruguay: Universidad de la
República, 2009. v. 1. p. 1-16.

ASPECTOS ECONÔMICOS E INFRA-ESTRUTURA RODOVIÁRIA NO ESTADO


DE SÃO PAULO: UMA RELAÇÃO SOLIDÁRIA1.

Vitor Helio Pereira de Souza2,


vitorgedri@hotmail.com.

Márcio Rogério Silveira,


Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP
Campus de Ourinhos/SP, Departamento de Geografia.

Na atualidade, constata-se uma grande concentração das atividades produtivas de maior


valor agregado no Estado de São Paulo, assim como uma maior concentração de infra-
estrutura neste espaço, que apresenta um índice de rodovias por km² superior a média
brasileira e até mesmo à média de alguns países da América do sul, assim como um grande
adensamento de fluxos de mercadorias. Porém a distribuição destes fixos e fluxos não se
deu de forma homogenia pelo tempo e espaço. Este trabalho tem como objetivo contribuir
para a compreensão da organização dos fixos e fluxos rodoviários no Estado de São Paulo
e suas singularidades, com destaque para o Oeste Paulista.
Palavras - chave: São Paulo, Oeste Paulista, economia, rodovias.

A alocação de atividades produtivas no espaço, esta estritamente vinculada ao


planejamento dos transportes, pois com a evolução do sistema econômico, ocasionado pela
industrialização do país, ocorreu a ampliação dos circuitos espaciais de produção, isto é,
tornou-se mais complexa a segmentação das cadeias produtivas e a sua distribuição pelo
espaço. Concomitantemente, intensifica-se a necessidade da presença de um sistema de
transporte que possibilite a integração entre estas etapas de produção e, num segundo
momento, entre as empresas e o mercado consumidor.
Destarte, o funcionamento do circuito produtivo que se estabelece com a
industrialização esta estritamente ligada a dinâmica dos transportes e à integração e
1
Reflexões do trabalho: O transporte rodoviário e sua influência nos paradigmas de desenvolvimento
territorial: uma análise a respeito do município de Ourinhos/SP, integrante do Projeto Temático: “O mapa da
indústria no início do século XXI. Diferentes paradigmas para a leitura territorial da dinâmica econômica no
Estado de São Paulo”, coordenado pelo Prof. Dr. Eliseu Savério Sposito e desenvolvida pela UNESP, USP,
UFPR e UNIOESTE – Projeto Regular: “Dinâmica produtiva regional e transferências de recursos privados
para infra-estruturas públicas no território paulista: o caso da região de Ourinhos”, coordenado pelo Prof. Dr.
Márcio Rogério Silveira e desenvolvida pela UNESP, Campus de Ourinhos.

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Bolsista FAPESP
desenvolvimento do território em suas diversas escalas, justamente, por se tratar de uma
das condições gerais de produção mais relevantes para a reprodução do capital. Haja vista
que, observando a evolução da malha ferroviária, após a I Revolução Industrial até a
segunda metade do século XIX, La Blache (1923, p. 307) já apontava que,

O estado actual das comunicações faz surgir sob luz crua os efeitos do
isolamento; pelo menos, este não parecia anomalia, uma espécie de
infracção às condições gerais. Foram os progressos do comércio aos
serviços de uma indústria exigente de matérias-primas, ávida de
mercados, que aumentaram o afastamento, abrindo quase um abismo
entre as regiões englobadas na rede mundial e aquelas que lhe escapam.

Portanto, com a fixação de sistemas de engenharia no espaço foi viabilizado o


que os economistas denominam de “fluxo real”, que é referente à circulação da mercadoria
pelo espaço, isto é, ocorre a ampliação do “circuito produtivo” e, concomitantemente, do
“fluxo nominal”, que é gerado ao se realizar a venda da mercadoria que foi transportada,
ou seja, o fluxo financeiro, que tende a circular de modo oposto ao fluxo real, pagando os
custos que o sistema produtivo gera e concentrando a mais valia (circuito cooperativo, vide
figura1).

Figura 1: Lógica da circulação de mercadorias.

Organização: Vitor Hélio P. Souza, 2008.

O fenômeno que possibilita esta ampliação gradativa dos “circuitos


produtivos” e, por conseguinte dos circuitos de cooperação no espaço é compreendido
através das “revoluções logísticas”, que permitiu às empresas fragmentarem sua cadeia
produtiva, em busca de vantagens comparativas que o espaço possa oferecer, devido à
facilidade existente para se transportar às mercadorias, além da conquista de novos nichos
de mercado consumidor. Sendo assim, o uso do espaço pelo capital torna-se mais
abrangente, devido a redução do tempo de circulação, fruto do emprego da técnica na
constituição dos fixos e na gestão dos fluxos que percorrem o espaço.
Destarte, as interações espaciais foram intensificadas ao longo do tempo,
através de cinco revoluções logísticas, que ocorreram através de modificações nos
“sistemas de engenharia” que transformaram o ordenamento dos fluxos provenientes do
sistema produtivo. Destacam-se, conforme Silveira (2008) em sua requalificação periódica,
das revoluções logísticas:

 Primeira Revolução Logística: teve como marco principal a expansão das


trocas entre as civilizações (Mesopotâmia, Egito, Grécia, etc.), ocorreu de 4.000 a.C. – 476
d. C.
 Segunda Revolução Logística: se iniciou na Europa, perdurando do século
XI ao XVI, marcada pelo aumento do comércio com o Oriente, devido as Cruzadas, além
da consolidação das instituições financeiras.
 Terceira Revolução Logística: tem como principal fator a Revolução
Industrial, começou na Inglaterra, no final do século XVIII, favoreceu a ampliação do
mercado de consumo e findou no século XIX.
 Quarta Revolução Logística: começou no final do século XIX e parte do
século XX, tendo sua gênese na Europa e América, principalmente na Alemanha e Estados
Unidos, através do desenvolvimento do motor a combustão e a comunicação via cabo.
 Quinta Revolução Logística: ocorreu principalmente em países como Japão
e Estados Unidos no final do século XX e inicio do século XXI, possibilitando uma maior
integração global. Destaca-se a importância da telemática, das infovias, auto-estradas, trens
de alta velocidade, fibra ótica, comunicação via satélite, etc.

Vale ressaltar que, os “sistemas de engenharia” referentes às revoluções


logísticas ao serem inseridos no espaço, enquanto uma nova forma, geram
[...] novos relacionamentos, uma dependência crescente que, daí por
diante, impelirá uma formação socioeconômica em direção a uma
mudança estrutural, muitas vezes fundamental. Este momento histórico é
um momento crucial em que ocorre uma mutação produzindo uma
mudança qualitativa nas condições previamente prevalecentes (SANTOS,
2003, p. 2001).

Portanto, estas novas formas servem como impulsionadora de um


reordenamento das interações espaciais e da dinâmica da sociedade no espaço que rompem
com a regência do tempo “natural” a favor de um tempo “rápido” que o capitalismo
necessita. Esta redução no tempo de reprodução do capital ocorre devido a um aumento da
fluidez conquistada com as revoluções logísticas que são de grande interesse do capitalista,
pois, a circulação tanto do fluxo real, quanto do fluxo nominal, ocorre através do dispêndio
suplementar de capital proveniente da indústria, para que seja efetuada a circulação da
mercadoria, pois a mesma é uma atividade que não cria valor, assim como não gera
expressão material, mas que agrega um custo ao preço final do produto, que irá variar
conforme as despesas que a circulação exigir 3.

3
Logo, quanto maior a viscosidade presente no espaço (dificuldades para se realizar a fluidez como:
engarrafamentos, infra-estruturas precárias entre outros) há um maior custo de circulação.
Assim, os sistemas de engenharia, devido à evolução das necessidades que a
reprodução do capital demanda, geram uma constante “substituição de funções já
existentes por outras mais ‘funcionais’ em termos capitalistas, através da ação direta sobre
antigas formas que são extirpadas e substituídas por novas” (SANTOS, 2003, p.189.) como
foi o caso da substituição do modal ferroviário pelo rodoviário e a nova função adquirida
pelas estradas de rodagem que eram apenas utilizadas para transportes a curtas distâncias.
Porquanto, até o presente momento, o modal ferroviário exercia a integração
do interior do Estado à capital, em um sentido preponderantemente linear4 (embora já
houvesse a presença de caminhos interligando alguns núcleos urbanos). Segundo Silveira
(2008), um traçado interior-litoral, cujo direcionamento ia sendo construído onde houvesse
cargas, especialmente o café, para a manutenção do sistema agro-exportador brasileiro, ou
seja, estabelecia-se a interligação dos espaços produtores de commodities agrícolas à
capital e, consecutivamente, aos portos, com destaque para o porto de Santos, local de
embarque das mercadorias destinadas à exportação.

A CONFORMAÇÃO DE UM NOVO SISTEMA DE ENGENHARIA NO ESTADO


DE SÃO PAULO

A configuração de uma nova rede física (modal rodoviário), com a


industrialização e a transição do complexo rural para o complexo industrial, possibilitou,
por sua vez, uma maior coesão da rede urbana5, através da intensificação das “interações
espaciais” entre a capital e as cidades do Oeste Paulista, que terão sua função modificada,
deixando de ser apenas espaços de produção de bens primários e tornando-se também um
mercado de bens de consumo em potencial.
Assim, com a modificação das relações sociais, que se dão neste contexto
econômico, houve a necessidade de novas materializações no espaço e coube à rodovia, em
partes, desempenhar este papel, servindo, como já explicitado acima, à formação de um
mercado regional e, consecutivamente, nacional. Através da intensificação das relações
entre os núcleos urbanos, devido à “circulação mais aberta e integradora” (LEISTER,
1980), que foi possibilitada, “[...] provocou uma modificação na própria estrutura
comercial e na organização das redes urbanas regionais” (BERNARDES, 1967 apud
LEISTER, 1980, p. 84).
Se outrora havia a necessidade de implantar sistemas de objetos que
assegurassem a produção e, por conseguinte, seu escoamento para o
estrangeiro, hoje os sistemas de engenharia devem garantir primeiro a
circulação fluida dos produtos, para possibilitar a produção em escala
comercial. É a circulação, em sentido amplo, que viabiliza a criação de
continuidades das áreas de produção (SANTOS e SILVEIRA, 2003,
p.64).

Assim, com o Estado de São Paulo integrado pela malha rodoviária, o governo
passará a gerir o desenvolvimento do Estado através de políticas de indução à

4
Conforme Leister (1980) as ferrovias tiveram um caráter colonizador principalmente no decorrer do século
XIX.
5
Pretendemos nesta reflexão demonstrar o caráter de complementaridade da malha rodoviária. Não há
pretensão de atribuir à mesma enquanto única causa da coesão da rede urbana.
industrialização, ressaltando em seus projetos as vantagens comparativas de cada área.
Logo:

O espaço da localização será dimensionado pelo espaço de relação,


geometricamente construído pelo homem no desempenho de suas
atividades existenciais materializadas no processo de produzir, repartir e
consumir, e, traduzidas em valor pelo volume e amplitude dos fluxos de
pessoas, de mercadorias, de relações, de informação... etc. (GOMES,
1991, p.59)

Pois, com o crescimento industrial e econômico, o país, já na década de 1950,


começou a apresentar uma grande concentração da renda industrial na região Sudeste, que
resultou em uma crescente leva de migrantes em busca de emprego. Portanto, de 1964 a
1967, o governo brasileiro, através do Plano de Ação Econômica e do Plano Decenal de
Desenvolvimento Econômico e Social, lançou a política dos pólos de desenvolvimento,
que buscava uma redução das disparidades de renda entre as regiões do país. Através da
criação de indústrias em outras localidades, objetivava homogeneizar as oportunidades de
emprego e renda pelo espaço, possibilitando a redução da migração de trabalhadores em
massa, de outras regiões, para São Paulo.
Em contrapartida, o Estado de São Paulo adotou políticas municipalizantes,
iniciando a industrialização de algumas “cidades de porte médio” do interior paulista e
estabelecendo uma desconcentração de capital fixo para o interior paulista, isto é, ocorre
um gradativo aumento dos “estoques de capitais”6 pelo oeste paulista, a fim de
potencializar a fluidez do capital. Embora a região Sudeste tenha perdido espaço desde a
década de 1970/1985, para as demais regiões do país, nunca deixou de concentrar o maior
PIB (Produto Interno Bruto), especialmente, referente à indústria.
Sobretudo, na década de 1990, ocorreu uma desconcentração preocupante das
indústrias no Estado de São Paulo, que não é fruto do favorecimento de políticas nacionais
para a criação de novos parques industriais, mas sim produto da transnacionalização do
capital (superação do Estado pelo capital). O resultado é o translado das indústrias para
outras localidades, além da perda, de 1980 a 1990, de um milhão de empregos no segundo
setor.
Compreende-se este fenômeno levando em consideração a sobrevalorização
cambial e as taxas elevadas de juros, que forçaram a indústria nacional à reestruturação de
sua linha de produção, ou mesmo a modificar o chão de fábrica (POCHMANN, 2001).
Tais fatores, aliados à falta de um planejamento nacional (este que ainda é considerado
símbolo do autoritarismo, devido a sua prática no período militar) e à constituição de 1988,
que deixou o planejamento econômico sobre a esfera estadual e municipal, favoreceram o
quadro de guerra fiscal, no qual os estados e municípios oferecem incentivos fiscais para
atrair as empresas para seu território. Ressalta-se que o município de São Paulo, de 1991 a
2000, perdeu 3.400 estabelecimentos industriais (POCHMANN, 2001).
A denominada Dualidade Circular esclarece o caso de São Paulo, no qual
houve a desconcentração do setor tradicional, caracterizado pela mão de obra intensiva,

6
O termo “estoque de capital” faz referencia ao capital fixo tendo como exemplo a rodovia, que uma vez
realizado um elevado dispêndio de capital para sua construção futuramente necessitará investimentos
menores para sua adequação a novas necessidades constituindo assim um acumulo de capital com o passar
dos anos.
como: calçado, têxtil, brinquedos e alimentos em direção a outras regiões. Todavia, ocorre
uma tendência de reconcentração produtiva dos setores de capital intensivo na região Sul e
Sudeste (região concentrada). Pois estes necessitam de maiores externalidades, como a
presença de grande parte dos centros de tecnologias, tecnopólos, mão de obra qualificada e
proximidade do mercado consumidor. Há destaque para a concentração de setores da
indústria de transformação, como gráfica, instrumentos de precisão e óticos, instrumentos
de escritório, equipamentos de informática e indústria química7.
Assim, a configuração das indústrias no espaço paulista nas últimas décadas é,
primeiramente, contínua da capital para a região metropolitana8 devido as melhores
condições que a área oferece (de 1985 a 1998). Em um segundo momento, já em direção
ao interior do Estado9 (que após 1999 torna-se a maior área industrial do país), o desenho
torna-se longitudinal e descontínuo10 (LENCIONI, 1999). Estes eixos longitudinais, na
atualidade, são enquadrados enquanto possíveis “eixos de desenvolvimento”11, espaços de
considerável importância econômica, devido à inserção da atividade produtiva. Ademais,
são passíveis de gerar um aumento da mais-valia, devido à elevada produtividade e,
consecutivamente, à automatização da produção.
A partir desta concentração de indústrias no estado de São Paulo, outros
estados como: Mato Grosso do Sul12, Minas Gerais13 e Paraná, que têm uma parcela
considerável de suas dinâmicas econômicas polarizadas por São Paulo, tendem na
atualidade, a ter as indústrias de suas regiões metropolitanas se realocando nas
proximidades do Estado de São Paulo. Isto acontece devido à dependência de certos
componentes da indústria paulistana (verticalização das cadeias produtivas), fator que pode
ser estratégico na redução dos custos de circulação.
Assim, mesmo com a transnacionalização em voga, o Estado de São Paulo e,
consecutivamente, a região sudeste, tendem a canalizar os investimentos privados do país.
Conforme as considerações referentes a
[...] base de dados sobre os novos investimentos, elaborada a partir de
informações de empresas, de associações de classe, dos governos
estaduais [...] reafirma a tendência para a desconcentração: das 614
intenções identificadas, 293 estariam no Sudeste, e 159, em São Paulo;
em termos de valores, dois terços desses investimentos estariam alocados
no Sudeste, com menos de 30% para São Paulo. Há, sobretudo, a
7
Ocorre, na atualidade, a reconcentração de setores de bebidas, devido à redução do custo do transporte.
(POCHMANN, 2001, passim).
8
Houve reconcentração da indústria de transformação gráfica e de refino de petróleo, na região metropolitana
de São Paulo, no final da década de 1990 (Ibit., passim).
9
O interior de São Paulo apresenta grande parcela de produtos complexos, da indústria de transformação
como: gráfica, química, material eletrônico e aparelho e equipamentos de comunicação, alimentos e bebidas,
minerais não metálicos, outros equipamentos de transporte e madeira, além de veículos, artigos de borracha e
plástico (POCHMANN, 2001).
10
Dematteis apud Sposito (2004, p.175) denomina de “difusão reticular” esta desconcentração da metrópole
paulista para cidades do interior paulista; a mesma ocorreu orientada por eixos de circulação em direção de
cidades como: Campinas; Sorocaba; São José dos Campos; Limeira; Jundiaí; Araraquara; São Carlos e Mogi-
Guaçu e Mogi-Mirim.
11
“Cadeia de núcleos urbanos de diferentes tamanhos situados ao longo de uma via de transporte de alta
capacidade que estimula a localização da atividade industrial e facilita o estabelecimento de relações
internas” (HERNANDEZ, 1998 apud MATUSHIMA; SPOSITO, 2002, p. 188).
12
Deve-se acrescentar que, o Estado do Mato Grosso do Sul, na década de 90 do século XX, conseguiu a
alocação de agroindústrias em sua capital, devido a incentivos fiscais. Pois o governo, através da Lei
Complementar n. 093/2001 (Anexo F) 128, conquistou o direito de isentar em até 85% do ICMS, os projetos
de seu interesse (SOUZA, apud ALMEIDA, 2005, p.107.).
13
Cf. (COSTA, 2003).
sinalização de perda da participação de São Paulo no produto industrial
para outros estados do Sudeste. [setorialmente os investimentos devem
ser distribuídos nos seguintes setores] em São Paulo: autopeças (70,9%),
veículos automotores (63,0%), informática (56,8%), material elétrico e de
comunicações (49,1%), produtos químicos (40,6%) e minerais não
metálicos (40,0%); no Sudeste menos São Paulo: extrativa mineral
(97,2%), fumo (64,1%), metalúrgica (48,9%), bebidas (43,0%),
informática (40,8%), produtos alimentares (34,3%), produtos químicos
(21,3%), veículos automotores (21,0%), autopeças (18,5%), produtos
têxteis (16,0%) (PACHECO, 1999, p.29).

Em síntese, sustenta-se a “desconcentração concentrada” (LENCIONI, 1999)


na região sudeste, tornando mais visível a “polarização dos extremos” no espaço brasileiro,
(LAUSEN, 1978), ou seja, gradativamente, aumentam-se às disparidades entre unidades
federativas do país, em função da “aura” neoliberal.
Sendo assim, há na atualidade uma concentração das atividades produtivas de
maior valor agregado no Estado de São Paulo, assim como uma maior concentração de
infra-estrutura neste espaço, haja vista que o índice de rodovias por km² é superior a média
brasileira e até mesmo de alguns países da América do sul e apresenta, também, um dos
maiores fluxos de mercadorias. Vale frisar ainda que, tais disparidades incidem, do mesmo
modo, em escala Estadual, como poderemos ver na distribuição desigual do PIB, dos fixos
e fluxos entre as Regiões Administrativas e de Governo do Estado.
Com a alocação das atividades produtivas no espaço, gera-se a necessidade dos
fixos, que serão constituídos com dispêndio de capital da produção para viabilizar a
circulação da produção e a manutenção do capital. Logo, ao se constituir os fixos (estoques
de capital), os espaços que os recebem tornam-se mais atrativos às novas empresas
(externalidades positivas), que uma vez instaladas, possibilitam uma gradativa redução no
custo de manutenção dos estoques de capital, uma vez que se aumenta a arrecadação da
tributação do Estado.
Em síntese, criaram-se áreas mais sensíveis ao capital e que oferecem um
retorno mais rápido dos investimentos realizados ao Estado no período em que esteve em
voga o “Estado Planejador”, pois este reforçou os investimentos nas áreas com maior
dinamicidade econômica, embora reciprocamente a esta atitude destinasse uma parcela dos
recursos financeiros para a atuação em áreas mais deprimidas economicamente. Porém,
quando o Estado, principalmente a partir de 1980 se torna omisso para com a organização
territorial, abre caminho para que a concentração de investimentos nas áreas de maior
dinamicidade ocorra de modo automático e intensificado.
A INFRA-ESTRUTURA RODOVIÁRIA NO ESTADO DE SÃO PAULO
A responsabilidade pela infra-estrutura rodoviária do Estado de São Paulo é do
Departamento de Estradas e Rodagem do Estado de São Paulo (DER-SP)14. Foi criado em
02 de julho de 1934, através do Decreto nº 6529, tendo como atribuição atual a orientação,
fluidez de tráfego, conforto e segurança ao usuário e manutenção dos fixos. Estes são
gerenciados, através de uma divisão regional particular do território paulistano, em 14
partes, que alojam escritórios regionais que efetuam a inspeção de trabalhos e serviços,
operação das rodovias e de certas atividades de monitoração e de coleta de dados sobre a
condição da rede.
Sendo assim, o mesmo é responsável por uma área de 248 mil km² (o que
representa 2,9 % da área total do território brasileiro) e possui uma extensa malha
rodoviária que totaliza 198.559,20 km, dos quais 1.055,778 km são Federais, 21.695,72 km
são Estaduais e 175.807,70 km são Municipais (vide tabela 1).

Tabela 1: Malha Rodoviária do Estado de São Paulo (base: Out./2007).


ESTADUAL FEDERAL MUNICIPAL TOTAL
TIPO DE ESTRADA
(km) (km) (km) (km)
TERRA 947,56 163.818,78 164.766,34
EIXO PISTA SIMPLES 11.982,99 424,47 11.988,92 24.396,38
PISTA DUPLA 3.944,52 631,02 4.575,54
SUBTOTAL 16.875,07 1.055,49 175.807,70 193.738,26
TERRA 269,21 269,21
ACESSOS E
INTERLIGAÇÕES PISTA SIMPLES 2.331,82 0,29 2.332,11
PISTA DUPLA 194,76 194,76
SUBTOTAL 2.795,79 0,29 0,00 2.796,08
DISPOSITIVOS 2.024,87 2.024,87
TOTAL 21.695,72 1.055,78 175.807,70 198.559,20
Fonte: ESTADO DE SÃO PAULO. Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo
(DER/SP). São Paulo, 2007. Disponível em: < http://www.der.sp.gov.br/home. aspx> acesso 8 de maio de
2008.

Portanto, o Estado de São Paulo, já em 2004, apresentava uma densidade de


malha rodoviária de 133 km/mil km² em relação ao país, que apresentou uma média de 23
km/mil km². Vale frisar que, a densidade de sua malha rodoviária é superior a de alguns
países do continente americano (vide tabela 2).

14
Parte das informações aqui apresentadas tem sua gênese em entrevistas realizadas no mês de março de
2008, junto ao Departamento Estradas e Rodagem (DER) e Desenvolvimento Rodoviário S.A. (DERSA).
Tabela 02: Posição relativa da malha rodoviária de São Paulo, frente ao país e a
alguns países.
País Densidade Km/Mil Km² País Densidade Km/Mil
Km²
Japão 2.390 São Paulo 132,9
França 1.619 Uruguai 45,9
Finlândia 149 Paraguai 36,8
São Paulo 133 Venezuela 35,4
Indonésia 112 Equador 28,8
Zâmbia 27 Brasil 23,2
Brasil 23 Argentina 22,8
Argentina 23 Chile 21,3
Colômbia 14,3 Peru 8,2
Bolívia 3,6
Fonte: DER, 2005.

Esta concentração de infra-estrutura rodoviária, no Estado de São Paulo, pode


ser compreendida ao analisarmos seus aspectos econômicos. Haja vista que, o mesmo
responde por 730 milhões da arrecadação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro,
número equivalente a 34% do PIB nacional. De modo que, como já foi enfatizado no
decorrer do trabalho, a demanda por transportes é gerada no setor produtivo. Logo se
estabelece a equação, onde tem concentração de atividade produtiva, tem transportes. No
entanto, devemos enfatizar que no Estado de São Paulo, esta demanda por transportes não
ocorre de modo análogo pelo espaço, concentrando-se em determinadas áreas, assim como
o PIB também tende a se distribuir de modo desigual pelo mesmo.
Deste modo, à grande concentração de fixo, segue a concentração econômica,
que ocorre com maior impacto na Macrometrópole 15, uma área de 21 mil km² equivalente a
0,2% do território paulista e que agrega 530 bilhões do PIB do estado, isto é, 25% do PIB
Estadual. Deste valor, a Região metropolitana de São Paulo, uma área de 8 mil km²,
equivalente a 0,1% do Estado, agrega 370 bilhões do PIB paulista, isto é, 17 %. Já o
restante do PIB, que equivale a 200 bilhões, distribui-se no restante do estado.
Logo, como pode se observar no mapa 2, há uma tendência à concentração de
demanda por transportes, nas mesmas áreas que também apresentam uma maior
concentração de PIB. De modo que a macrometrópole seria responsável por 50% da
demanda gerada, enquanto ao restante do estado São Paulo, caberia a parcela de 26% da
demanda e 24% seria gerada entre permutas com outros estados (mapa 1).

15
A Macrometrópole, para a DER, é um quadrilátero que engloba cidades de relevância econômica, que
estão dispostas a aproximadamente 100 km da Região Metropolitana de São Paulo: destacam-se os
municípios de Sorocaba, Campinas, São José dos Campos e Santos.
Mapa 1: Demanda por transporte no Estado de São Paulo.

OS EIXOS RODOVIÁRIOS DO OESTE PAULISTA: SINGULARIDADES,


CONTINUIDADES E DESCONTINUIDADES NA MANUTENÇÃO DE SEUS
ESTOQUES DE CAPITAL NO DECORRER DAS ÚLTIMAS DÉCADAS.

Com a ampliação do circuito espacial de produção, que inicia sua expansão


pelos principais eixos de circulação rodoviários, caracterizou-se o inicio da morfologia
atual de uma metrópole desconcentrada. Contudo, houve uma nova espacialização da
indústria, na qual, há uma “descontinuidade geográfica, paradoxalmente formada por
complexos territoriais de produção, surgindo um novo espaço industrial” (CASTELLS,
2002, p. 483).
Deve-se ressaltar que, com o período técnico-científico-informacional,
gradativamente, se desenvolveu uma nova configuração territorial, que para Milton Santos
(2006) é formada por um anexo de sistemas de engenharia, isto é, a sobreposição da
segunda natureza sob a primeira natureza, que somadas a especialização do território,
criam uma necessidade maior de complementaridade regional, concomitante a uma nova
ratificação da divisão territorial do trabalho no estado.
Tal fato gera mudanças nas interações espaciais da cidade de São Paulo
enquanto pólo devido a forças centrípetas de atração e centrífugas de afastamento. Estas
forças possuem grande inconstância e complexidade variando conforme o contexto
econômico global e local, caracterizando uma dinâmica de fluxo e refluxo entre a capital e
as demais cidades do Estado de São Paulo, necessários como elementos essenciais para o
desenvolvimento territorial.
Os sistemas de objetos possibilitaram, além de uma nova territorialização da
produção, a expansão do controle da metrópole sobre esta nova organização, através de
uma “dissolução da metrópole sobre o espaço” (SANTOS, 2006), ou seja, o aumento da
área de polarização que a mesma atinge. Logo, a metrópole tornou-se onipresente através
do maior alcance que os sistemas de objetos dariam para os “sistemas de decisões”.
Esta complementaridade regional vem confirmando-se, principalmente a partir
da década de 30 do século XX, momento em que ocorre a conformação da indústria no
estado de São Paulo e o fortalecimento da interligação econômica do eixo Minas Gerais -
São Paulo e Rio de Janeiro, devido à implantação da siderurgia mineira que possibilitará a
fomentação da indústria de bens de consumo permanente e consecutivamente, de bens de
capital no Estado do Rio de Janeiro e principalmente na cidade de São Paulo.
Esta ligação foi realizada, primeiramente, através da re-funcionalização do
modal ferroviário, que tinha como objetivo viabilizar a circulação da produção do café no
estado de São Paulo e que, através da implantação da indústria, passou a ter como principal
função propiciar a circulação da matéria prima para as indústrias de São Paulo e do Rio de
Janeiro. Já em um segundo momento, houve a necessidade da expansão do mercado
consumidor gerando uma re-funcionalização das antigas estradas de rodagem que deixam
de servir apenas para o transporte entre cidades próximas e passam a possibilitar uma
integração, cada vez mais fluída entre metrópole - interior paulista e demais estados.
Estabelece-se assim, neste contexto econômico em que a indústria tende a
ocupar destaque na economia do Estado, uma complementaridade regional que terá sua
dinâmica atrelada à história da industrialização paulista, sendo que a mesma será alvo dos
diversos planos de desenvolvimento que foram criados tanto na esfera federal quanto
estadual, no período de 1960 até meados da década de 1980.
Vale ressaltar que nestes Planos de Desenvolvimento havia um objetivo em
comum, a realocação da indústria da Região Metropolitana Paulista, que já sofria com
externalidades negativas, para o Oeste Paulista. Conquanto, esta desconcentração ocorreu,
primeiramente, para a denominada Macrometrópole e consecutivamente em direção a
alguns eixos. Haja vista que a mesma, antes de atingir o Oeste Paulista, tendeu a extravasar
para outras áreas contíguas ao Estado de São Paulo, como os Estados de Minas Gerais e
Paraná (HESPANHOL, 1996).
Sendo assim, o espraiamento da indústria para estas áreas contíguas,
utilizando-se do modal rodoviário, deveria ocorrer na seguinte ordem:
No sentido sul de Minas, aproveitando-se da rede de cidades de porte-
médio (Poços de Caldas, Pouso Alegre, Itajubá, Santa Rita do Sapucaí,
Alfenas, Varginha, Três Corações) até a região central de Minas Gerais;
no sentido do interior de São Paulo em dois eixos. O primeiro na direção
de Campinas, Ribeirão Preto, atingindo o Triângulo Mineiro. O segundo
eixo no sentido Sorocaba – Bauru - Araçatuba, integrando a faixa
Araçatuba - São José do Rio Preto - Ribeirão Preto e com possibilidade
de bifurcação no sentido sudoeste, na direção de Londrina – Maringá; no
sentido do litoral para Curitiba, litoral de Santa Catarina (Blumenau,
Joinville, Itajaí, Jaraguá do Sul, Florianópolis), podendo atingir a região
industrial de Porto Alegre - Caxias. Acrescente-se ainda as regiões de
industrialização antiga e vinculadas à área metropolitana de São Paulo (a
Baixada Santista e o Vale do Paraíba). (DINIZ e LEMOS 1989, apud
HESPANHOL,1996, p.46).

Tal dinâmica demonstra uma singular configuração das regiões Leste e


Oeste do Estado, e também entre as regiões Noroeste e o Sudoeste do Estado de São Paulo,
no final da década de 70 do século XX, a porção Leste do estado, de povoamento mais
antigo, havia apresentado um crescimento demográfico entre 15% e 35% nas últimas
décadas. Já a região Oeste do estado apresentou um crescimento de 15%, havendo áreas
que demonstraram um decréscimo populacional (Sudoeste do Estado). Sendo assim, o
desenho tornou um “T” invertido que apresentava as maiores taxas de urbanização,
dinâmica econômica e fluxo. Esta área compreendia o Vale Médio do Paraíba, a Grande
São Paulo e sua periferia imediata, e o eixo Norte do Estado.
Neste momento em que estão em voga as teorias da centralização, conforme
Hespanhol (1996) é possível inferir que houve uma tendência para a fomentação de um
eixo de desenvolvimento, isto é, o crescimento de uma seqüência de cidades que são
balizadas por um eixo em comum, que se dariam no sentido Campinas – Ribeirão Claro e
Sorocaba – Araçatuba - São José do Rio Preto. Já o Laboratório de Investigações
Conceituais (LIC), neste mesmo período, via maior possibilidade da conformação de um
eixo de desenvolvimento, que concentrar-se-ia numa área entre 200 km a 400 km da
metrópole, na qual seria possível obter retornos rápidos, sentido São Paulo - São José do
Rio Preto e São Paulo - Marília, com destaque para a interligação Bauru-Marília, que
apresentou uma grande arrecadação de ICMS, antigo ICM, e da interligação Araraquara-
Catanduva que embora estejam localizadas em um eixo economicamente dinâmico,
apresentam baixa participação da população em sua dinâmica econômica e por fim, a área
do extremo Oeste Paulista, que iria do município de Ourinhos até o restante do estado, na
qual haveria uma menor possibilidade de retornos a curto prazo.
Tais proposições divergem, quanto à seleção do eixo que apresentaria uma
dinâmica mais representativa no Centro-Oeste Paulista, mas são análogas ao admitir que
hája uma tendência à grande intensidade de fluxos no eixo Noroeste Paulista.
Conforme Leister (1980) também demonstrou em seus estudos há uma
tendência visível a maior concentração de atividades produtivas de modo longitudinal, em
direção ao Oeste Paulista, com maior intensidade na Região Noroeste que gerou uma
disposição à maior demanda por transporte em 1970, na denominada região do macro-eixo
(rodovia Presidente Dutra, BR-116). Assim, a concentração de fluxos se dava com maior
intensidade da metrópole paulista em direção a rodovia Anhanguera (SP-330) e depois se
bifurcava entre a mesma e a rodovia Washington Luiz (SP-310), seguindo em direção ao
Estado de Minas Gerais e, concomitantemente, com um pouco mais de intensidade,
ressaltava-se a rodovia Presidente Dutra em direção ao Estado do Rio de Janeiro (mapa 2).
Mapa 2: Distribuição dos fluxos no Estado de São Paulo no ano de 1973.

Sendo assim, torna-se evidente que a Rodovia Washington Luís (SP- 310)
configura uma dinâmica distinta ao Oeste do Estado. Seria perspicaz, para melhor discorrer
a respeito desta questão, uma análise mais aprofundada da ocupação deste espaço para
compreender como se sucedeu a formação-socioespacial desta área. Porém, baseando-se
em um recorte temporal a partir da década de 60 do século XX, a região de Campinas já
desponta enquanto a terceira maior concentração do país, estando logo após o Estado do
Rio de Janeiro e São Paulo (NEGRI, 1988)

A região de Campinas recebeu um pulso industrializador notável,


especialmente a partir da construção de Paulínia, Sumaré, Indaiatuba,
Americana, Santa Bárbara, Piracicaba, Limeira, Rio Claro, Jundiaí,
assistiram na região um crescimento industrial surpreendente. A mais
diversificada estrutura industrial encontra-se na região de Campinas,
onde as indústrias de alimentos, têxtil, metalurgia e mecânica são as mais
importantes. Destaque também deve-ser dado à industrias de minerais
não metálicos, onde temos Moji-Guaçu e Porto Ferreira, que são
conhecidas nacionalmente, principalmente pelo setor cerâmico. Além
dessas, convém lembrar a de bebidas em Rio Claro, a têxtil em
Americana e Santa Bárbara, a metalurgia em Piracicaba e Limeira, entre
outras. (ROSSINI, 1988, apud, HESPANHOL, 1996, p. 44)

Tal morfologia iria se cristalizar através dos planos de desenvolvimentos


adotados, principalmente a partir do final da década de 1960, momento em que houve
tentativas para fomentar o deslocamento de uma parcela das indústrias da Região
Metropolitana de São Paulo para cidades definidas enquanto: “cidade de porte-médio”,
estas concentradas especialmente neste “T”.
Os diversos planos de desenvolvimento adotados em escala Estadual
reforçaram esta tendência, haja vista a falta de recursos financeiros pesados para forçar as
empresas a se realocarem. O Governo do Estado apostou em estratégias como o “Balcões
de Investimentos” entre outros, que apresentava aos empresários as vantagens
comparativas para a alocação de investimentos em determinados espaços, isto é,
apresentaram-se as áreas com um melhor conjunto de sistemas de objetos, que poderiam
apresentar um menor gasto produtivo às empresas.
Esta política baseada na orientação do empresariado tendeu a utilizar-se de
restrições ambientais, implantação de infra-estrutura rodoviária16, que perpassou
principalmente por cidades médias. Haja vista que, além de ser uma orientação do Governo
Federal os diversos planos de desenvolvimento orientados a essas cidades, deve-se
considerar que,

[...] a expansão e a diversificação do consumo, a elevação de renda e a


difusão dos transportes modernos, junto a uma divisão do trabalho mais
acentuada, fazem com que as funções de centro regional passem a exigir
maiores níveis de concentração demográfica e de atividades. Somente nas
áreas mais atrasadas é que tais funções são exercidas por núcleos
menores (SANTOS,2005,p.982).

Logo os municípios de porte-médio,

[...] tem sido encarado como fundamental para a implantação, o


desenvolvimento e a expansão de eixos e corredores de transportes e
comunicações, de redes de todo tipo que possuam uma base espacial e,
por fim, de redes muito especiais, tais como as das tecnópoles.
(AMORIM FILHO e SERRA, 2001, p. 29)

Sendo assim, chegando ao início da década de 1970, o modal rodoviário


demonstrou a presença de uma grande concentração de trechos rodoviários na Região
Noroeste do estado, que até 1975 apresentava sua capacidade saturada. Porém inicia-se a
presença de trechos próximos à saturação praticamente no estado inteiro, como a Região
Sudoeste, Região do Macro eixo e nas proximidades da Macrometrópole e outras que tem
sua capacidade próxima a saturação. Ressaltam-se também proposições para o período de
1980 a 84, a duplicação de rodovias no litoral paulista e construção de novas rodovias e
implantação da terceira faixa no sudoeste paulista.
Já na atualidade, como foi demonstrado na parte anterior, 26% de demanda por
transportes gerados no estado de São Paulo, excluindo a Macrometrópole, tem sua
distribuição de forma singular pelo Oeste Paulista, com a mesma tendência à concentração
de fluxos na região noroeste do Estado. No entanto, a rodovia Washington Luiz (SP-310)
perde dinamicidade em relação à rodovia Anhanguera (SP-330), assim como a rodovia
Presidente Dutra (BR-116). Por outro lado, há um aumento de fluxos pela rodovia Castelo
Branco (SP-280) e pela rodovia Raposo Tavares (SP- 270).
Tal distribuição espacial dos fluxos, que parecem ocorrer principalmente em
eixos, é compreendida no aprofundamento da análise das novas dinâmicas econômicas que
se sucedem no espaço paulista, aproveitando-se, principalmente do contínuo reforço dos
16
Para o SEADE, 1980, apud, Hespanhol, 1996, p.42 “as iniciativas estaduais de descentralização industrial
que mais surtiram efeito foram a ampliação e adequação do sistema viário, como foram o caso da construção
da Rodovia Castelo Branco na Região de Sorocaba e Rodovia dos Bandeirantes na Região de Campinas.”
estoques de capitais, através de diversos projetos direcionados a região noroeste do Estado
nas últimas décadas lembrando-se que, não se trata de uma política de desenvolvimento,
isto é, um projeto integrador que busca atingir um maior equilíbrio entre os interesses da
nação e do mercado, mas resultado de uma postura gerenciadora adotada pelo Estado que
sanciona a manutenção e ampliação dos estoques de capital em conformidade com as
exigências empresariais de ampliar continuamente a mobilidade nestas áreas, que
aparecem na atualidade mais propicias a receber novos investimentos do capital privado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora este aqui apresentado não seja um estudo acabado, tal análise permitiu
tecer um rápido panorama da identificação da organização atual da demanda por transporte
rodoviário no Estado de São Paulo, mas, sobretudo, apontar que houve nas últimas décadas
do século XX, a criação, retração e reafirmação de áreas polarizadoras, que refletiram
diretamente na organização da malha rodoviária. Houve assim a criação de novos trechos,
além de descontinuidades e continuidades de investimentos nos estoques de capital em
determinadas áreas, cujo, objetivo não foi gerar externalidades positiva para políticas de
desenvolvimento regional, mas para suprir as exigências imediatas do capital, que busca
um espaço, cada vez mais, fluído. Por fim, se estabelece, aqui um convite para o
aprofundamento nas discussões acerca da desmistificarão das temáticas que envolvem a
Geografia dos Transportes.

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