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28.11.2017
Referência bibliográfica:
ANTUNES, Ricardo (Org). A dialética do trabalho. São Paulo: Expressão Popular, 2013, p. 59-100.
Os valores de troca das mercadorias são funções sociais delas; não constituem
sua natureza.
Mas o trabalho humano está ligado a essa natureza: ele extrai desta algo que lhe
serve como valor de uso, e que a própria natureza não lhe ofereceu de mão
beijada.
Na relação com a natureza, o homem pode produzir um produto que para si tem
um certo valor (de uso).
Neste caso, temos não apenas trabalho humano, mas trabalho social.
Toda mercadoria será, assim, trabalho social cristalizado (ou objetivado, como
Marx escreverá no Capital).
Para cima, o valor da mercadoria “força de trabalho” varia até o ponto do valor
da mercadoria produzida por ele – acima disso é impossível.
Contudo, ainda seguindo Smith, Marx defende a ideia de que os preços variam
em torno do valor real das mercadorias, tendendo sempre para ele, como se este
valor real fosse o centro de gravidade dos preços do mercado.
É por isso que a origem do lucro não está na venda da mercadoria acima do seu
valor real.
Não será por acaso que, aqui, Marx recorre primeiro à análise da força de
trabalho (seção VII, p. 70 a 73).
Pois o trabalho, como se sabe, é uma mercadoria como outra qualquer, para o
capitalismo.
Primeiro ponto: não se vende o trabalho, mas a força de trabalho – e por tempo
limitado (per tempore).
Não caiu do céu, nem foi por vontade livre que os trabalhadores se puseram a
vender sua força de trabalho.
Mas enquanto é usada pelo capitalista, que a compra por tempo determinado, a
força de trabalho faz o que nenhum outra mercadoria faz: ela produz valor.
Pois o capitalista usa de tal forma a força de trabalho, que faz com que o
trabalhador não produza apenas o valor equivalente aos bens necessários à sua
vida e reprodução, mas sim um valor maior.
O paradoxo: o trabalhador recebe o valor real pela troca da única mercadoria que
tem, a força de trabalho!
Só que trabalha mais tempo, para realizar este valor, do que o que é realmente
necessário para realizá-lo.
O valor das mercadorias produzida durante esse tempo não pago constituirá a
mais-valia, que é a origem do lucro.
Marx sugere que somos tão servos quanto o eram os camponeses medievais, que
também trabalhavam por um tempo não pago pelo senhor das terras.
Mas também sugere que, em certo sentido, somos ainda menos livres que o
camponês medieval.
Note-se: ainda que a mais-valia seja divida para pagar juros e renda da terra (p.
78 e 79).
A luta por aumento de salário é, portanto, muito importante, mas ela não altera o
essencial do jogo:
o É na verdade uma luta para não ver os salários abaixo do seu valor
“racional”.
Mas a presença maior do capital fixo sob a forma de maquinário traz uma
consequência de monta para o sistema capitalista e para os trabalhadores: