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O documento discute o "auto de resistência", um procedimento no qual a polícia registra mortes civis alegando legítima defesa. Historicamente, esses autos têm sido usados para ocultar homicídios policiais. Investigações imparciais das circunstâncias são essenciais para determinar a verdade.
O documento discute o "auto de resistência", um procedimento no qual a polícia registra mortes civis alegando legítima defesa. Historicamente, esses autos têm sido usados para ocultar homicídios policiais. Investigações imparciais das circunstâncias são essenciais para determinar a verdade.
O documento discute o "auto de resistência", um procedimento no qual a polícia registra mortes civis alegando legítima defesa. Historicamente, esses autos têm sido usados para ocultar homicídios policiais. Investigações imparciais das circunstâncias são essenciais para determinar a verdade.
O chamado “auto de resistência” é um procedimento administrativo
no qual se registram mortes de civis por policiais e que tem a finalidade de salvaguardar o agente de uma prisão em flagrante. Esse instrumento parte da presunção de suposta resistência por parte das vítimas e da legítima defesa por parte do agente. Uma vez lavrado o auto de resistência, as circunstâncias devem ser apuradas no inquérito policial, a cargo da Polícia Civil, que precisa ser remetido a Ministério Público em 30 dias para apreciação, suscitando pedido de arquivamento ou denúncia. Contudo, a presunção de legítima defesa pode contribuir para eventual ocultação de casos de homicídios praticados por agentes das forças policiais, caso as investigações não sejam conduzidas adequadamente. Desta forma, para que o auto de resistência seja, efetivamente, a garantia de proteção do bom agente policial que em legítima defesa, mata alguém, é imprescindível que a apuração dos fatos seja imparcial e cumpra todas as exigências legais e diligências necessárias, com vistas à elucidação da verdade dos fatos nos autos do inquérito e do eventual processo. Para tanto, o papel da apuração em sede de inquérito policial (polícia civil), inquérito criminal (Ministério Público) ou até mesmo no âmbito da ação penal (Poder Judiciário) é de suma importância, tendo cada um dos órgãos com as referidas atribuições sua parcela de responsabilidade no êxito ou no fracasso deste sistema. Em razão do aumento expressivo do número de autos de resistência observado entre os anos de 2013 e 2015, e por fatos notórios de fraude processual em que agentes policiais forjam supostas resistências com vistas à simulação de eventual legítima defesa em sua conduta, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro criou esta CPI. Para compreender as razões que ensejam esse preocupante contexto, é necessário retroceder no tempo, em momentos anteriores à existência dos autos de resistência, com vistas à análise das bases históricas deste grave quadro. Estado, polícia e execuções Compreender o tema dos autos de resistência implica interpelar uma longa tradição histórica de homicídios praticados pelas forças policiais do Rio de Janeiro. Muito embora, em seu exame, seja possível retroceder até o período colonial, foi com a ascensão de Vargas ao poder, em 1930, que as forças policiais adquiriram novo status e centralidade na contenção das populações urbanas. O marco dessa transformação se dá em 1933, com a criação da então chamada Polícia Especial. De acordo com Márcia Regina da Costa, No ano de 1933, a Delegacia Especial criou no Rio de Janeiro e posteriormente em São Paulo uma tropa de elite para viabilizar suas ações de repressão. Essa tropa de elite denominou-se “Polícia Especial” (PE) e funcionava como uma verdadeira tropa de choque a ser utilizada em momentos especiais, e também foi o braço armado da Delegacia de Ordem Política e Social (D.O.P.S). A ação policial passou a incorporar a tortura, a execução e a prisão ilegal como técnicas comuns de atuação. A Polícia Especial teve atuação de destaque durante o Estado Novo, sobretudo na perseguição, tortura e eliminação de opositores políticos, mas também contra as camadas populares, especialmente os “vadios”, mendigos, prostitutas e ladrões. Alguns de seus integrantes, que fizeram reputação durante o regime autoritário de Vargas, viriam a integrar, em 1958, um grupo de elite da Polícia Estadual - que mais tarde viria a se tornar nossa atual Polícia Civil -chamado Serviço de Diligências Especiais.OSDE, como também era conhecido, foi criado pelo então Chefe de Polícia do Distrito Federal, o então Coronel Amaury Kruel, para responder a uma demanda da Associação Comercial do Rio de Janeiro, que pressionava para que o Estado coibisse os assaltos na cidade. Costa (2014) também afirma que em 1958 a Associação Comercial, alarmada pelo alto número de assaltos e argumentando que a cidade estava “infestada” de "marginais", exigiu medidas duras do então chefe da polícia. O Serviço de Diligências Especiais veio atender a esta demanda e contou com a nefasta permissão de “caçar bandido à bala”. A ação desse grupo de policiais resultou em extorsão, centralização das “caixinhas” do jogo do bicho, prostituição e consumo de drogas, entre outras atividades criminais. Segundo aval do próprio chefe de polícia, o grupo dispunha de “carta branca” para agir, dentro ou fora da lei, de forma a “limpar a cidade”. À época, o coronel Kruel chegou a afirmar que, se fosse necessário, autorizaria “o extermínio puro e simples dos malfeitores”. As inúmeras execuções levadas a cabo pelo grupo, fez com que a imprensa passasse a chamá-lo de “Esquadrão da Morte”, inaugurando uma terminologia que perdura até os dias de hoje. Em 1959, o detetive Eurípides Malta foi denunciado como o primeiro chefe do Esquadrão da Morte. A trajetória de violência do SDE chegou ao fim em 1959, após o assassinato de um motorista da TV Tupi, caso de grande repercussão na imprensa nacional. Com a diluição do Serviço de Diligências Especiais, seus policiais foram realocados em outros departamentos. Mais tarde, muitos deles vieram a compor a famigerada Invernada de Olaria, grupo criado pelo então governador Carlos Lacerda, em 1962, e subordinado ao Departamento Estadual de Segurança Pública da Guanabara. Os membros da Invernada de Olaria não só executavam possíveis criminosos, como também aterrorizavam moradores do subúrbio e da Baixada Fluminense, com emprego de espancamentos, tortura, extorsões e assassinatos. Muitas execuções se davam por afogamento nos rios Guarda e Guandu. Em 07 de novembro de 1964, o jornal Correio da Manhã dedicava uma longa reportagem sobre as ações da Invernada: Especialidade: a Invernada de Olaria foi criada para agir de modo arbitrário, acima dos diversos setores e jurisdições do Departamento Estadual de Segurança Pública. Atuando como força de choque, lembra a antiga DGI, dos tempos do Estado Novo, espécie de brigada com a missão de “preservar a lei e a ordem” na base da violência e do terror por toda cidade. Em Olaria eles são especialistas nos espancamentos e nas torturas a que submetem os presos. Muitas mortes são creditadas à Invernada, inclusive através de afogamentos nos rios da Guarda e Guandu. Entusiasmo: o sr. Carlos Lacerda nunca ignorou as atividades da Invernada, dedicando-lhe até certa consideração porque - costuma lembrar aos amigos na tentativa de justificar as atrocidades - “com a invernada eu sei que posso contar”. E na primeira oportunidade readmitiu os detetives desligados da Polícia por haverem participado dos espancamentos, torturas e assassinatos em Olaria. Seu Secretário de Segurança, coronel Gustavo Borges, é outro entusiasta dos métodos da Invernada e disso não faz segredo. Este entusiasmo ele o levou ao ponto de aparelhar outra dependência no Alto da Boa Vista, em quase tudo semelhante à de Olaria. A principal diferença é que nesta faz muito frio. O local é privilégio dos adversários políticos do governador, agora também dos proscritos de 1º de abril. Dedicação: longa é a lista das pessoas submetidas às torturas na Invernada. Nela figuram, inclusive, marginais. Os suplícios empregados pela polícia motivaram a constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que funcionou na Assembléia Legislativa sob a presidência do deputado José Bonifácio, de fevereiro a abril de 1963. Os fatos revelados na CPI - a mesma que apurou o afogamento de mendigos no Rio da Guarda pelas mãos da polícia - esses fatos levaram à demissão de dois dos principais carrascos: o detetive Felipe Matias Altério (o “Felipão”) e João Martinho Neto (cunhado do delegado Cecil Borer). Eram chefe e subchefe da Invernada, e por se haverem apresentado como voluntários para “defender” o sr. Carlos Lacerda, durante o movimento militar de 1º de abril, reconquistaram a confiança do chefe que os fez retornar aos quadros da Polícia. No mesmo ano em que a Comissão Parlamentar de Inquérito sobre os espancamentos, torturas e assassinatos da Invernada de Olaria levaram à expulsão temporária de dois detetives, o coronel Gustavo Borges, Secretário de Segurança do Estado da Guanabara, encomendou um estudo a respeito de situações que envolvessem resistência à ordem legal de prisão. Seu objetivo era viabilizar um projeto de lei para que, em tais contextos, o policial não fosse autuado em flagrante. Conforme relatado no Boletim Informativo da Associação das Autoridades Policiais - AAPOL, nº 06, de março de 1980, página 02, a história dos autos de resistência começa quando, em 1963, o coronel Gustavo Borges, então Secretário de Segurança, encarregou o Delegado de Polícia, Eros de Moura Estevão, de preparar um trabalho que servisse de base ao Projeto de Lei, no sentido de impedir que fossem autuados em delito-flagrante, eprocessados, policiais que, no cumprimento do dever, se vissem obrigados ao uso de suas armas para se defender dos marginais que os recebessem a bala. Sustentou Dr. Eros, em seu parecer, que o Código de Processo Penal já previa a hipótese no art. 292. Do ocorrido, isto é, da resistência à ordem legal de prisão, lavraria o executor um auto que, assinado por duas testemunhas, seria entregue à autoridade, impedindo assim a autuação em flagrante do policial que, usando de sua arma, pusesse fim a resistência do meliante, ainda que o resultado fosse a morte do mesmo. O trabalho, enviado à Procuradoria Geral da Justiça, recebeu parecer favorável do Promotor de Justiça, Dr. Everardo Moreira Lima, e teve APROVO do Dr. J. B. Cordeiro Guerra, então Procurador Geral de Justiça e hoje Ministro do Supremo Tribunal Federal. Assim, lavrado o auto de resistência e instaurado o inquérito criminal, pode o membro do Ministério Público requerer o seu arquivamento, comprovada a lisura do que tiver sido descrito no auto. Ainda levariam seis anos até que os autos de resistência se tornassem o procedimento padrão adotado pela autoridade policial em casos de suposto confronto. É que, alguns meses depois do parecer emitido pelo Procurador Geral de Justiça, o então Secretário de Segurança Pública, coronel Gustavo Borges, dedicava toda sua atenção à conspiração entre empresários, políticos e militares que culminaria no golpe de Estado de 1º de abril de 1964. A centralidade do coronel Gustavo Borges, que integrava um grupo de oficiais conspiradores, é retratada no livro de memórias de outro coronel golpista, Jarbas Passarinho: Como chefe da 3ª Seção, aproveitei para fazer planos de operações, prevendo o desdobramento da política nacional. Eu mantinha ligações com o II Exército, em São Paulo, através do coronel Ruben Resstel que servia naquele Quartel-General (...). Resstel era muito respeitado pelos Mesquita, de O Estado de S. Paulo, e exercia liderança entre seus pares. Minha ligação se fazia possível através da rede clandestina de radioamadores de São Paulo (...). Concomitantemente, o coronel Haroldo Veloso fazia contatos comigo, vindo do Rio, assim como emissários civis do coronel-aviador Gustavo Borges, secretário de Segurança do governo Carlos Lacerda, na Guanabara. Borges, que enfrentava uma investigação pelo afogamento de pessoas em situação de rua no rio Guarda e Guandu e pelas torturas praticadas na Invernada de Olaria, não era o único representante da estrutura policial do Rio de Janeiro a participar ativamente do golpe de 64. Também o ex-Chefe de Polícia, general Amaury Kruel, que comandava o Serviço de Diligências Especiais, apelidado pela imprensa de “Esquadrão da Morte”, teve sua parcela na conspiração. Segundo Petit. O general Amaury Kruel, comandante do II Exército (São Paulo-Mato Grosso), considerado um dos homens de confiança do esquema militar de João Goulart exigiu que o presidente rompesse com o CGT (leia-se, os comunistas) e que fossem afastados do governo os ministros Abelardo Jurema (Justiça) e Darcy Ribeiro (Chefe da Casa Civil). Ao não aceitar o presidente essas exigências, na noite do dia 31 optou por colaborar com os golpistas. Na entrevista que concedeu no dia 4 de abril de 1964, o general Amaury Kruel declarou que o apoio do II Exército ao movimento irrompido no dia 31 de março, “despidos de qualquer caráter político- partidário, visaram, exclusivamente, neutralizar a infiltração comunista que se fazia sentir, de forma acentuada, na quase totalidade dos setores governantes". O ano de 1964 também marcou o surgimento de um grupo de extermínio paramilitar, a Scuderie Le Cocq, composta essencialmente por policiais civis, muitos dos quais remanescentes da Polícia Especial,doServiço de Diligências Especiais edaInvernada de Olaria. A formação da Scuderie nasceu da iniciativa de vários policiais em perseguir os autores da morte do inspetor Milton Le Cocq. Também conhecido sob a alcunha de “Gringo”, Milton Le Cocq era integrante do primeiro “Esquadrão da Morte”. O inspetor foi morto numa troca de tiros com homens do assaltante “Cara de Cavalo”. Sua morte despertou a ira da corporação, que se envolveu de forma massiva numa operação que tinha o claro objetivo de vingar o colega assassinado. Esta prática, que se tornou padrão e vigora até os dias de hoje, foi descrita sem pudores na edição de 28 de agosto de 1964 do jornal A Última Hora: Toda a polícia está, neste momento, mobilizada para a prisão do facínora, que fugiu após matar o policial. Vasta caçada é, agora, empreendida por equipes completas de várias delegacias, sendo geral o sentimento de revolta entre os colegas do morto, que manifestam o propósito de vingá-lo 'de qualquer forma'. A Scuderie Le Cocq é produto dessa conjunção de forças policiais unidas para fazer justiçamento, contando com o apoio tácito do Estado e tem como momento inaugural a execução de Cara de Cavalo, morto com mais de 50 tiros. O grupo adotou como símbolo uma caveira com dois ossos cruzados e assinava “E.M.” - sigla de duplo sentido que remetia ao Esquadrão Motorizado da Polícia Especial, a qual Mílton Le Cocq pertencia; mas também ao termo “Esquadrão da Morte”, como era chamado pela imprensa o Serviço de Diligências Especiais, onde o inspetor Le Cocq também trabalhou. Em 1968, quando então o Brasil mergulhava no período mais duro da ditadura, com o AI-5, surgia um novo grupo paramilitar ainda mais violento que a Scuderie. Mantendo as mesmas características de ação e composição, isto é, membros de forças policiais reunidos para fazer justiçamento, o novo Esquadrão da Morte, porém, era marcado por algumas singularidades. A primeira delas é sua relação com a imprensa. O grupo contava com um “porta-voz” chamado Rosa Vermelha, que ligava para jornais e rádios anunciando onde estavam os cadáveres que resultavam de sua ação de justiçamento. Sua primeira aparição data de 6 de maio de 1968, quando então entrou em contato com jornalistas avisando que na Estrada da Barra haviam deixado um “presunto”. O corpo foi encontrado no exato lugar informado por Rosa Vermelha. Suas mãos estavam amarradas para trás e em suas costas havia um cartaz onde se lia “eu era ladrão de automóveis”. O novo Esquadrão da Morte inaugurava o primeiro de uma longa série de assassinatos que perdurou por anos e se ramificou por todo o país. Atuando como força extraoficial da polícia, o grupo contava com claro apoio do poder público, como declarado pelo próprio Esquadrão em seu manifesto, publicado pelo jornal Última Hora. A voz do Esquadrão da Morte ao povo da Guanabara: muitos dos nossos já tombaram vítimas de assaltantes e criminosos sanguinários. O povo é testemunha que esses bandidos não respeitam crianças, velhos, senhoras e trabalhadores. Assaltam e matam sem nenhuma piedade. Nós trabalhamos apenas com uma intenção: defender a família que mora e trabalha nesse Estado. A distância entre a Justiça e a polícia nem sempre permite um combate eficaz ao crime e aos criminosos. Assim, só nos resta falar a linguagem deles: a lei do cão. Sempre que contamos com o apoio de um Secretário de Segurança que quer ver a cidade livre do crime, nós trabalhamos como agora. Foi assim na época do general Kruel, do Gustavo Borges, e está sendo agora com o general França. Esperamos que o distinto público da Guanabara compreenda nossas intenções. Apenas em 1968, aproximadamente 250 pessoas foram executadas pelo Esquadrão da Morte. Muito embora a tradição da violência, brutalidade e execução remetesse a períodos anteriores a golpe de 64, é possível afirmar que o governo ditatorial criou condições para o incremento dessa prática, seja no uso de suas atribuições profissionais ou nos grupos de extermínio que proliferaram desde o golpe. Uma das razões para tanto é apontada por Mendes: O fato das polícias estaduais estarem, à época, quase que inteiramente voltadas para a questão da segurança interna, permitiu, especialmente nos centros urbanos mais desenvolvidos, um considerável crescimento da criminalidade comum, acrescida ainda, pela criminalidade de cunho ideológico - como, por exemplo, os assaltos a unidades bancárias por grupos na clandestinidade, visando o financiamento da luta armada no país. Como a violência se institucionalizou e, assim, passou a constituir uma política de governo, foi natural o surgimento dos esquadrões da morte “informais”, no contexto das forças policiais. Considerando que a década de 1970 foi, provavelmente, a de maior intensidade em termos de torturas e mortes extra- oficiais motivadas pela repressão política, estas práticas, que eram comuns dentro das unidades policiais, não tardaram em servir como forma de “solucionar” os problemas de segurança pública. Logo, grupos de policiais, civis e militares, começaram a estabelecer o assassinato premeditado como forma de controle social. O ano de 1969 marca uma série de inflexões na condução da segurança pública no estado e no país. No então estado da Guanabara, a Portaria “ E” nº 947, de 4 de julho de 1969, criou o Grupo de Operações Especiais (GOE) - nossa atual Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE). Em novembro de 1969, o grupo foi formado e contava com apenas 12 policiais: Anibal Beckman dos Santos (“Cartola”); Euclides Nascimento Marinho; Hélio Guaíba; Humberto de Matos; Jaime de Lima; Lincoln Monteiro; Mariel Mariscot; Nelson Duarte; Neils Kaufman (“Diabo Loiro”); José Guilherme Godinho, (“Sivuca”); Vigmar Ribeiro e Elinto Pires. Tidos como representantes da elite da corporação, o grupo ficou conhecido pelo nome de “Doze Homens de Ouro” e adotou a caveira com dois ossos cruzados - utilizado pelo Esquadrão da Morte - como seu símbolo oficial. Os Doze Homens de Ouro tiveram uma existência breve, tendo sido o grupo diluído em novembro de 1970, após uma forte onda de violência e escândalos sobre o envolvimento de seus membros no crime organizado. Em 29 de setembro de 1969 é editado o Decreto-Lei 898, a Lei de Segurança Nacional, que tinha como mote central a questão do inimigo interno, restringindo ainda mais as liberdades individuais e institucionalizando graves violações de direitos humanos como modus operandi do Estado. É preciso lembrar que a LSN é promulgada na esteira do Ato Institucional Nº 5, publicado em 13 de dezembro de 1968, que ampliava de forma quase irrestrita os poderes do Executivo, fechando o Congresso e eliminando diversas garantias constitucionais. No âmbito estadual, em 02 de outubro de 1969, o auto de resistência é finalmente regulado pela Ordem de Serviço N, nº 803 , da Superintendência da Polícia Judiciária do antigo estado da Guanabara, sendo publicado no Boletim de Serviço de 21/11/1969 . Finalmente, em 30 de dezembro de 1969, é publicado o Decreto-Lei 1.072 , que retira da polícia civil a atribuição de policiamento ostensivo, tornando a mesma exclusiva da polícia militar. Sobre o significado dessa mudança, Silva (1990:184) comenta que