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Numa de suas frases mais famo-

sas, escrita em 1845, o pensadoralemão Karl Marx (1818-1883) diziaque, até


então, os filósofos haviam in-terpretado o mundo de várias manei-ras. “Cabe agora
transformá-lo”, con-cluía. Coerentemente com essa idéia,durante sua vida combinou
o estudodas ciências humanas com a militân-cia revolucionária, criando um dos sis-
temas de idéias mais influentes dahistória. Direta ou indiretamente, aobra do filósofo
alemão originou vá-rias vertentes pedagógicas comprome-tidas com a mudança
da sociedade (leia
quadro na página 44). “A educação, pa-
ra Marx, participa do processo de trans-formação das condições sociais, mas,ao
mesmo tempo, é condicionada pe-lo processo”, diz Leandro Konder, pro-fessor da
Pontifícia Universidade Ca-tólica do Rio de Janeiro.
No século 20, o pensamento de Marxfoi submetido a numerosas interpreta-
ções, agrupadas sob a classificação de“marxismo”. Algumas sustentaram re-
gimes políticos duradouros, como ocomunismo soviético (1917-1991) e ochinês
(em vigor desde 1949). Muitosgovernos comunistas entraram em co-lapso, por
oposição popular, nas déca-
das de 1980 e 1990. Em recente pes-quisa da rádio BBC, que mobilizougrande
parte da imprensa inglesa, Marxfoi eleito o filósofo mais importante detodos os
tempos.
Luta de classes
Na base do pensamento de Marx está aidéia de que tudo se encontra em cons-
tante processo de mudança. O motorda mudança são os conflitos resultan-tes das
contradições de uma mesma rea-lidade. Para Marx, o conflito que expli-ca a
história é a luta de classes. Segun-do o filósofo, as sociedades se estrutu-ram de
modo a promover os interessesda classe economicamente dominante.No
capitalismo, a classe dominante é aburguesia;e aquela que vende sua for-ça
de trabalho e recebe apenas parte dovalor que produz é o proletariado.
O marxismo prevê que o proletaria-do se libertará dos vínculos com as for-ças
opressoras e, assim, dará origem auma nova sociedade. Segundo Marx, oconflito
de classes já havia sido respon-sável pelo surgimento do capitalismo,cujas raízes
estariam nas contradiçõesinternas do feudalismo medieval. Emambos os regimes
(feudalismo e capita-lismo), as forças econômicas tiveram pa-
O pensador alemão,
um dos mais influentes
de todos os tempos,
investigou a mecânica
do capitalismo e
previu que o sistema
seria superado
pela emancipação
dos trabalhadores
KARL MARX
HULTONARCHI
VE/GETTYIMA
GES
44NOVA ESCOLAq GRANDES PENSADORES 2
quatro volumes lançado antes de suamorte. A complexidade da obra deMarx,
com suas constantes autocríti-cas e correções de rota, é responsável,em parte,
pela variedade de interpre-tações feitas por seus seguidores.
Trabalho e alienação
EmO Capital, Marx realiza uma inves-tigação profunda sobre o modo de pro-
dução capitalista e as condições de su-
perá-lo, rumo a uma sociedade sem clas-ses e na qual a propriedade pri-vada seja
extinta. Para Marx, asestruturas sociais e a própria or-ganização do Estado estão
dire-tamente ligadas ao funcionamen-to do capitalismo. Por isso, pa-
pel central. “O moinho de vento nos dáuma sociedade com senhor feudal; omotor a
vapor, uma sociedade com ocapitalista industrial”, escreveu Marx.
A obra de Marx reúne uma grandevariedade de textos: reflexões curtassobre
questões políticas imediatas, es-tudos históricos, escritos militantes –como O
Manifesto Comunista, parceriacom Friedrich Engels – e trabalhos degrande
fôlego, como sua obra-prima,
O Capital, que só teve o primeiro de
Litografia do século 19 mostra
metalúrgica italiana: Marx
aprovava ensino nas fábricas
CORBIS/STOC
KPHOTOS
APRENDIZADO PARA A MENTE, O CORPO E AS MÃOS
Combater a alienação e a
desumanização era, para Marx,
a função social da educação. Para
isso seria necessário aprender
competências que são
indispensáveis para a
compreensão do mundo físico
e social. O filósofoalertava para o
risco de a escola ensinar
conteúdos sujeitos a
interpretações “de partido ou de
classe”. Ele valorizava a gratuidade
da educação, mas não o
atrelamento a políticas de Estado –
o que equivaleria a subordinar
o ensino à religião. Marx via
na instrução das fábricas, criada
pelo capitalismo, qualidades a ser
aproveitadas para um ensino
transformador – principalmente
o rigor com que encarava o
aprendizado para o trabalho.
O mais importante, no entanto,
seria ir contra a tendência
“profissionalizante”, que levava as
escolas industriais a ensinar
apenas o estritamente necessário
para o exercício de determinada
função. Marx entendia que
a educação deveria ser ao mesmo
tempo intelectual, física e técnica.
Essa concepção, chamada de
“onilateral” (múltipla), difere
da visão de educação “integral”
porque esta tem uma conotação
moral e afetiva que, para Marx,
não deveria ser trabalhada pela
escola, mas por “outros adultos”.
O filósofo não chegou a fazer uma
análise profunda da educação
com base na teoria que ajudou
a criar. Isso ficou para seguidores
como o italiano Antonio Gramsci
(1891-1937), o ucraniano Anton
Makarenko (1888-1939) e a russa
Nadia Krupskaia (1869-1939).
Karl Marx nasceu em 1818 em Trier,
sul da Alemanha (então Prússia).
Seu pai, advogado, e sua mãe
descendiam de judeus, mas haviam
se convertido ao protestantismo.
Estudou direito em Bonn e depois
em Berlim, mas se interessou mais
por filosofia e história.
Na universidade, aproximou-se de
grupos dedicados à política.
Aos 23 anos, quando voltou a Trier,
percebeu que não seria bem-vindo
nos meios acadêmicos e passou
a viver da venda de artigos.
Em 1843, casou-se com a namorada
de infância, Jenny von Westphalen.
O casal se mudou para Paris, onde
Marx aderiu à militância comunista,
atraindo a atenção de Friedrich
Engels, depois amigo e parceiro.
Foi expulso de Paris em 1845, indo
morar na Bélgica, de onde também
seria deportado. Nos anos
seguintes, se engajou cada vez mais
na organização da política operária,
o que despertou a ira de governos
e da imprensa. A Justiça alemã
o acusou de delito de imprensa
e incitação à rebelião armada, mas
ele foi absolvido nos dois casos.
Expulso da Prússia e novamente
da França, Marx se estabeleceu
em Londres em 1849, onde viveu
na miséria durante 15 anos,
ajudado, quando possível, por
Engels. Dois de seus quatro filhos
morreram no período. O isolamento
político terminou em 1864, com
a fundação da Associação
Internacional dos Trabalhadores
(depois conhecida como Primeira
Internacional Socialista), que
o adotou como líder intelectual,
após a derrota do anarquista Mikhail
Bakunin. Em 1871, a eclosão da
Comuna de Paris o tornou conhecido
internacionalmente. Na última
década de vida, sua militância
tornou-se mais crítica e indireta.
Marx morreu em 1883, em Londres.
BIOGRAFIA


45
GRANDES PENSADORES 2qNOVA ESCOLA
ra o pensador, a idéia de revolução de-ve implicar mudanças radicais e glo-bais,
que rompam com todos os instru-mentos de dominação da burguesia.
Marx abordou as relações capitalis-tas como fenômeno histórico, mutávele
contraditório, trazendo em si impul-sos de ruptura. Um desses impulsos re-sulta
do processo de alienação a que otrabalhador é submetido, segundo opensador.
Por causa da divisão do tra-balho – característica do industrialis-mo, em que
cabe a cada um apenas umapequena etapa da produção –, o em-pregado se
aliena do processo total.
Além disso, o retorno da produçãode cada homem é uma quantia de di-nheiro,
que, por sua vez, será trocadapor produtos. O comércio seria uma en-grenagem
de trocas em que tudo – dotrabalho ao dinheiro, das máquinas aosalário – tem
valor de mercadoria, mul-tiplicando o aspecto alienante.
Por outro lado, esse processo se dáà custa da concentração da proprieda-de
por aqueles que empregam a mão-de-obra em troca de salário. As neces-
sidades dos trabalhadores os levarão abuscar produtos fora de seu alcance.Isso
os pressiona a querer romper coma própria alienação.
Um dos objetivos da revolução pre-vista por Marx é recuperar em todos
oshomens o pleno desenvolvimento inte-lectual, físico e técnico. É nesse sentido
que a educação ganha ênfaseno pensamento marxista. “Asuperação da alienação
e daexpropriação intelectual jáestá sendo feita, segundoMarx”, diz Leandro
Konder.“O processo atual se acele-raria com a revolução pro-
letária para alcançar, afinal,as metas maiores na socie-dade comunista.”
Marx viveu numa época em que a Europa se debatia em
conflitos, tanto no campo das idéias como no das instituições.
Já na universidade, as doutrinas socialistas e anarquistas
se encontravam no centro das discussões dos grupos que Marx
freqüentava. Alguns dos pensadores que então alimentavam
as esperanças transformadoras dos estudantes hoje são chamados de
“socialistas utópicos”, como o britânico Robert Owen (1771-1858)
e os franceses Charles Fourier (1772-1837) e Pierre-Joseph Proudhon
(1809-1865). Dois momentos da história européia foram vividos
por Marx intensamente e tiveram importantes reflexos em sua obra:
as revoltas antimonárquicas de 1848 – na Itália, na França, na
Alemanha e na Áustria – e a Comuna de Paris, que, durante pouco mais
de três meses em 1871, levou os operários ao poder, influenciados
pelas idéias do próprio Marx. A insurreição acabou reprimida, com um
saldo de 20 mil mortes, 38 mil prisões e 7 mil deportações.
HULTONARCHI
VE/GETTYIMA
GES
Militares cercam estátua de
Napoleão derrubada durante a
Comuna de Paris: Marx chega às ruas
QUER SABER MAIS?
A Ideologia Alemã,Karl Marx e Friedrich
Engels, 119 págs., Ed. Martins Fontes, tel. (11)
3241-3677, 24,50 reaisMarx – Ciência e
Revolução,Márcio Bilharinho Naves, 144
págs., Ed. Moderna, tel. (11) 6090-1500,
21,50reaisMarxeaPedagogiaModerna, Ma-rio Alighiero Manacorda, 200 págs.,
Ed. Cor-tez, tel. (11) 3864-0111 (edição esgotada)
Marx – Vida e Obra,Leandro Konder,
126 págs., Ed. Paz e Terra, tel. (11) 3337-
8399, 22,50 reais
TEMPO DE UTOPIAS E REBELIÕES NA EUROPA
A união entre trabalho, instrução
intelectual, exercício físico e treino
politécnico elevará a classe operária
A alienação de que fala Marx
é conseqüência do afastamento
entre os interesses do
trabalhador e aquilo que ele
produz. De modo mais amplo,
trata-se também do abismo
entre o que se aprende apenas
para cumprir uma função no
sistema de produção e uma
formação que realmente ajude
o ser humano a exercer suas
potencialidades. Você já pensou
se a educação, como é praticada
a seu redor, procura dar
condições ao aluno para que
se desenvolva por inteiro ou se
responde apenas a objetivos
limitados pelas circunstâncias?
PARA PENSAR

Karl Marx
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karl marx
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