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RESUMO
A agressividade entre escolares é um problema que acontece em instituições educacionais de todo o mundo e
é tão antigo quanto a própria escola. Por muitos anos esse problema foi ignorado tanto no ambiente escolar
quanto pela família, contudo, nas últimas décadas vem ganhando destaque nas pesquisas educacionais. O
objetivo deste artigo é o de identificar e analisar a produção científica referente a um tipo particular de
violência escolar entre estudantes que vem sendo estudada no Brasil nos últimos anos denominado de
fenômeno bullying. Pretende-se ainda, alertar educadores e pais sobre a importância do conhecimento,
tratamento e prevenção deste mal que é mais um desafio para a escola. Para isso, é apresentada a
caracterização do fenômeno, suas conseqüências para os envolvidos e o papel dos educadores e dos pais nesse
contexto. Para elaboração do artigo, foram utilizados como fontes de dados artigos e textos localizados em
bibliotecas, bases de dados da literatura científica e páginas da Internet de relevância. A relação entre as
diversas referências encontradas confirmou a importância do tema, sobretudo, pelas suas conseqüências
drásticas, que, por sua vez, apontam para a necessidade de intervenção imediata dos familiares e profissionais
da educação.
INTRODUÇÃO
Ao lançar o olhar sobre a escola, enquanto instituição social que ao mesmo tempo
em que influencia também é influenciada pela sociedade, não se pode desprezar o contexto
histórico, político e cultural que essa está inserida, fatores como a globalização,
desigualdade social, novas concepções sobre o conceito de família etc., pois tais fatores
refletirão significativamente na escola.
Nos últimos anos percebe-se um aumento assustador da violência em todo o
mundo. Pode-se dizer que este se apresenta como um dos principais e mais complexos
problemas a ser superado por todos nós, principalmente, educadores.
A identificação da violência escolar é um fato tão antigo quanto a própria escola. É
proveniente tanto da violência que se alastra como uma praga na sociedade e que, por sua
vez, acaba contaminando as instituições escolares sejam elas públicas ou privadas, como
também pode ser gerado por fatores internos, ou seja, nascer dentro do próprio ambiente
pedagógico a partir da relação entre os sujeitos.
METODOLOGIA
Para elaboração do presente trabalho foi aplicada como metodologia à pesquisa
bibliográfica. A coleta, análise e seleção do material bibliográfico, relacionado ao tema
proposto, iniciaram à construção do artigo científico. Foram consultados textos no idioma
3
VIOLÊNCIA NA ESCOLA
A identificação da violência no ambiente escolar é um fato tão antigo quanto a
própria escola. Essa problemática, além de constituir um relevante tema de reflexão nas
discussões acadêmicas, principalmente na área educacional, apresenta-se, sobretudo, como
um grande transtorno para todos os segmentos da sociedade.
Os primeiros estudos sobre violência na escola surgem na década de 1950 nos
Estados unidos, desde então a situação parece ter se agravado gradativamente. Novos
fatores foram sendo incorporados ao ambiente escolar como, por exemplo, as drogas, as
armas, sobretudo as de fogo, ou seja, a escola deixa de ser um lugar seguro, protegido da
violência que assola principalmente os grandes centros (LUCINDA, NASCIMENTO e
CARDAN, 2001).
Lucinda, Nascimento e Cardan (2001) afirmam que embora a violência apresente-se
como um fenômeno que não é recente, os estudos no Brasil ainda são bastante incipientes.
Somente a partir da década de 1990 começa a surgir interesse por esta temática, um atraso
de cerca de quarenta anos em relação aos países da Europa e os Estados unidos, que foram
os pioneiros.
O tema violência escolar, por sua vez, carrega uma pluralidade de sentidos, muitas
vezes assumindo um caráter um tanto quanto subjetivo, tendo em vista que o que se
configura como ato de violência para um pode não ser percebido da mesma forma por outro.
Desta forma a orientação de cada pesquisa dependerá essencialmente do que é concebido
como violência.
O próprio passar dos anos fez com que o conceito de violência se modificasse.
Atualmente este fenômeno é entendido de maneira mais global, levando em consideração
diversos fatores como a globalização, desigualdade social, família, educação e etc.
(ABRAMOVAY e RUA, 2003).
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Lopes Neto (2005), complementa afirmando que as atitudes violentas que tanto
perturbam e amedrontam são resultantes da interação entre diversos fatores como: a família,
a relação escola /comunidade, além dos fatores individuais. O mundo externo é reproduzido
no interior da escola, que deixa de ser um lugar harmonioso, abrindo brechas para o
estabelecimento da violência do sofrimento e do medo.
Abramovay e Rua (2003) citam Charlot (1997) que delimita o conceito de violência,
principalmente o conceito de violência escolar quando estabelece três categorias para
classificá-la: Violência, que consiste nos danos físicos causados aos indivíduos ou
patrimônio da escola (vandalismo); as Incivilidades, que, por sua vez, consistem nas
agressões verbais, o desrespeito; e por fim, a violência simbólica ou institucional, que se
trata da ausência de sentido de permanecer na escola, a falta de prazer de estudar, assim
como, o desprazer de ensinar por parte dos educadores.
Segundo Debarbieux apud Abramovay e Rua, 2003, p.22, ao se estudar violência
escolar devem ser levados em consideração três fatores principais que são os crimes e
delitos, previstos no Código Penal, em seguida as incivilidades (atitudes anti-sociais) e por
ultimo o sentimento de insegurança gerado pelo dois fatores anteriormente citados.
Alguns autores, por sua vez, subestimam as incivilidades como uma modalidade ou
nível de violência, preferindo tratar ou denominar como uma forma de conduta contrária às
normas de convivência, falta de respeito ao outro entre outros eufemismos utilizados.
Existe, porém, um ponto em comum, quanto ao fato da necessidade de se estar atento às
incivilidades que são um empecilho para um ambiente harmonioso (DÛPAQUIER, 1999
apud ABRAMOVAY; RUA, 2003, p. 24).
Debarbieux (2002) acrescenta que a violência escolar inclui tanto os atos de
delinqüência que estão sujeitos a punição, quanto àqueles que muitas vezes não são levados
em consideração por serem mais sutis e não se enquadrarem nas leis. A vítima é que vai,
indicar o que é violência ou não, que pode ser tanto física como psicológica.
A
Para Lopes Neto (2005), a violência juvenil, ou seja, a cometida por indivíduos com
idade entre 10 e 21 anos, configura-se como a forma mais visível da violência na sociedade.
Afirma ainda, que pessoas ou grupos que apresentam comportamentos violentos nesta faixa
etária tendem a se tornar cada vez mais agressivas, levando, muitas vezes, tais condutas
para a vida adulta.
O termo para expressar a violência escolar irá variar, ainda, de acordo com cada
país. Os Estados Unidos preferem o termo delinqüência juvenil. A Inglaterra, por sua vez,
só admite tratar enquanto violência os conflitos entre professores e estudantes que
culminem em suspensões ou em casos extremos na prisão. Existe um consenso, porém, no
fato da relevância dada à violência física em relação a outros tipos de violência sutis que
também podem trazer conseqüências destrutivas (ABRAMOVAY; RUA, 2003).
Estes autores explicam que são inúmeros os tipos de violência identificados. Na
França as pesquisas têm lançado os seus olhares principalmente para as incivilidades. Em
particular na literatura norte americana podem-se apontar três como os principais: as
gangues, xenofobia e bullying.
Essa pluralidade de conceitos torna a violência um termo carregado de subjetividade
e complexo de ser apreendido, engloba os mais variados tipos de agressões assim como as
atitudes de indisciplina. Porém, seja qual for à denominação ou classificação adotada é
indiscutível a relevância deste problema e a necessidade de se banir este mal da sociedade e
principalmente do ambiente escolar.
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Nas últimas duas décadas as violências aluno / aluno, dentre as quais destaca-se o
bullying, têm se tornado o foco privilegiado das análises e motivo de preocupação de
educadores, profissionais da saúde e principalmente pais de crianças e adolescentes. Este
fenômeno peculiar é uma forma de violência sutil, que muitas vezes passa despercebido, já
que geralmente não deixa marcas físicas nas suas vítimas. Hoje em dia sabe-se, porém, que
suas conseqüências são desastrosas para o psiquismo do individuo, muitas vezes tão
prejudicial quanto a própria violência física que historicamente sempre foi mais abordada.
O FENÔMENO BULLYING
Alguns atos que antigamente eram tratados como simples brincadeirinhas de criança,
hoje se denomina bullying, uma atitude que pode gerar graves conseqüências, em casos
mais extremos pode levar ao suicídio e ao homicídio entre estudantes. Mesmo sendo um
fenômeno antigo ainda é desconhecido, pois na maioria das vezes as vítimas sentem-se
inibidas em procurar ajuda (SILVA, 2006).
Nesse contexto, Fante (2005) traz que o bullying carrega um caráter ambíguo, ao
mesmo tempo em que pode ser considerado um fenômeno novo, pois só nas ultimas
décadas tem despertado a atenção da sociedade para suas graves conseqüências, por outro
lado é um fenômeno bastante antigo por se tratar de uma forma de violência que sempre
existiu nas escolas, mas que, contraditoriamente, passa despercebido até hoje pela maioria
dos profissionais da educação.
Trata-se de um problema mundial, sendo encontrado em qualquer instituição
educacional. As escolas que ainda não admitem a ocorrência deste fenômeno entre seus
educandos não têm conhecimento do problema ou fecham os olhos para o mesmo (SILVA,
2008).
Fante (2005), Capucho e Marinho (2008) afirmam que não há duvidas de que o
bullying acontece na maioria das vezes no interior das escolas, mesmo assim, a pouca
conscientização da ocorrência do fenômeno e a falta de preparo para lidar com essa forma
particular de violência é alarmante.
Ao se tratar de pais e alunos a desinformação a respeito do fenômeno bullying é
ainda maior, mostrando que mesmo estando presente na maior parte das escolas brasileiras,
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públicas ou particulares, nos mais diversos níveis de ensino, ainda é um fenômeno estranho
à comunidade escolar em geral (CAPUCHO; MARINHO, 2008).
A palavra bullying tem origem na língua inglesa, é uma derivação do verbo bully,
que significa utilizar a força física para amedrontar alguém. Utilizada como adjetivo pode
ser traduzida como valentão ou tirano. É uma expressão que vem sendo usada em diversos
paises para expressar comportamentos agressivos, intencionais e constantes que ocorre na
relação interpessoal entre escolares. Este termo classifica os comportamentos agressivos e
anti-sociais, empregado nas pesquisas educacionais que tratam do problema da violência
escolar (FANTE, 2005; SILVA, 2006).
Trata-se de um conceito específico muito bem definido que não se confunde com a
agressividade transitória ou temporária que a criança pode apresentar por diversos fatores
da vida, que faça com que se sinta fragilizada ou ameaçada. O bullying é uma agressão que
atende a uma periodicidade, onde os agressores estão permanentemente provocando
situações de briga.
A prática do bullying entre os estudantes apresenta algumas características comuns.
São comportamentos propositais e danosos, que acontecem com determinada freqüência
contra uma mesma vítima ou grupo e sem uma motivação aparente. Geralmente se
estabelece uma relação desigual de poder o que impossibilita a defesa da vitima. Além
disso, acontece de forma direta através das agressões físicas e verbais e de forma indireta
pela difamação do agredido (FANTE, 2005 apud SILVA, 2006, p. 3).
Em muitos casos, profissionais da educação e estudantes confirmam o
acontecimento deste tipo específico de violência na escola mais desconhecem o termo
estrangeiro. Por não existir uma palavra ou expressão na língua portuguesa que dê conta de
todo o conjunto de atitudes que caracterizam o bullying, convencionou-se o termo inglês.
Alguns comportamentos estão presentes são: apelidar, humilhar, insultar, ameaçar,
discriminar, excluir, perseguir, assediar, agredir fisicamente e psicologicamente, roubar, etc.
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Existem alguns fatores para que uma criança se torne um possível autor de
bullying como: o mau costume de querer que todos atendam sempre as suas ordens, o
prazer em experimentar a sensação de poder, a dificuldade de relacionamento com outras
crianças, as intimidações ou maus tratos sofridos em casa, a forte pressão para obtenção do
sucesso em suas atividades, etc. (CAPUCHO; MARINHO, 2008).
Embora o bullying seja considerado um tipo de violência que tem origem na escola,
também está atrelado à violência doméstica e outros aspectos como a competição, o
narcisismo e o uso inadequado dos meios tecnológicos. Dessa forma, é um problema que
está associado tanto à rede pública quanto a rede privada, onde a aparente fragilidade e
insegurança de alguns estudantes servem como uma mola propulsora para agressão de
outros.
Geralmente os autores das agressões são oriundos de famílias desestruturadas onde
os vínculos afetivos entre os seus membros são muito frágeis, e que é comum o uso da
agressividade para solucionar os problemas cotidianos pelos próprios pais ou responsáveis,
que são o referencial (SILVA, 2006; SILVA, 2008).
Clemente (2008), complementa indicando que o praticante deste fenômeno busca: a
obtenção de força e poder, tornar-se conhecido na escola, disfarçar seus medos
aterrorizando os outros e descontar nos outros a sua infelicidade ou violência sofrida.
As vítimas, por sua vez, também apresentam algumas características comuns, são
geralmente indivíduos que apresentam diferenças em relação ao grupo que estão inseridas,
são passivos, quietos, pouco sociáveis, sem recursos ou habilidades para reagir às
agressões, com baixa auto-estima. Muitas apresentam baixas no rendimento escolar, não
querem ir para escola e mudam de instituição com freqüência (SILVA, 2008; CAPUCHO e
MARINHO 2008).
Martani (2008), afirma, porém, que não existe uma regra para se tornar uma vítima
do bullying, todos podem são alvos potenciais, basta apresentar alguma diferença ou ter
alguma dificuldade.
Diante disto, é importante atentar para o fato de que ninguém pode ser culpado por
ser vitima de bullying, tendo em vista que todo individuo tem suas particularidades que
devem ser respeitadas.
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EXEMPLOS DE CASOS
Em janeiro de 2003, na cidade de Taiuva interior de São Paulo ocorreu um caso de
bullying que se tornou exemplo para todo o mundo. O jovem Edmar Freitas de 18 anos se
matou dentro da escola onde estudava. Edmar sentia-se ridicularizado pelos colegas. Ele era
o “gorducho” da turma. Na tentativa de mudar de imagem, fez dieta e ficou com um corpo
padrão. Os outros alunos, então, apelidaram-no de vinagre. Diziam que tinha emagrecido
bebendo copos do ácido. Depois de formado, ele entrou na escola com um revolver 38 e
105 balas e atirou contra quem passasse perto dele. Seis pessoas ficaram feridas.³
Um outro caso também grave ocorreu em 2004, na cidade de Remanso a 694 Km de
Salvador. Durante anos um garoto foi humilhado pelos colegas de escola, até que um dia,
quando andava de bicicleta, foi interceptado por dois meninos que jogaram baldes de lama
nele. O resultado foi uma revolta tamanha que o jovem, vítima de bullying, matou os dois
agressores. 4
Outro exemplo foi um caso de violência psicológica que aconteceu com o jovem
Tales de 14 anos, desde criança os pais descobriram que Tales sofria de déficit de atenção.
Lento, disperso em sala e retraído, o garoto que estudava em um colégio particular em
Salvador começou a ser alvo de brincadeiras agressivas e apelidos. A situação piorava nos
intervalos e nas aulas de educação física. “Chamavam ele de burro, babaca e Tales ficava
calado sem revidar”, comenta a mãe do menino. Os pais sempre orientavam que o garoto
buscasse apoio na direção da escola sem se quer saber que a palavra bullying existia. Até
que em 2005 o nível de humilhação chegou ao extremo. Tales foi chamado diversamente de
idiota pelos colegas e chegou em casa com uma crise de choro que não passava. Os pais
tiveram que levar o filho ao psiquiatra, a mãe conta, que no auge da crise de ansiedade
Tales desenvolveu um tique nervoso. Passava o tempo todo coçando a orelha, o que
reforçava as chacotas na sala de aula. 5
Mais um caso de bullying aconteceu em um colégio particular em João Pessoa no
ano de 2008, um garoto de 14 anos foi agredido depois de ser xingado por várias semanas.
Segundo a mãe, as agressões verbais aconteciam desde o começo do ano. 6
________________________________________________________________________________
³ Disponível em: <http:www.pernambuco.com/diario/2003>.Acesso em: jun. 2009.
4, 5
Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/noticias>. Acesso em: jun. 2009.
6
Disponível em: <http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/clipping>. Acesso em: jun.2009.
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REPERCUSSÕES SÓCIO-EDUCACIONAIS
Assim como seu próprio conceito, as conseqüências do fenômeno bullying
carregam certas especificidades. Neste caso particular de violência, todos os envolvidos são
afetados seja direta ou indiretamente alvo, agressores e espectadores serão “contaminados”.
Embora o primeiro seja o maior prejudicado por esta forma de violência silenciosa.
As vítimas, os agressores e os espectadores do bullying sofrem suas conseqüências
físicas e/ou emocionais a curto e longo prazo que podem causar danos nos âmbitos
acadêmico, profissional, emocional de legal. Os indivíduos, por sua vez, não são atingidos
da mesma forma, as conseqüências variam de acordo com a duração, a freqüência e a
gravidade dos atos sofridos (LOPES NETO, 2005; MONTEIRO, 2008; BARROS, 2008).
Silva (2006), Clemente (2008) e Silva (2008), alertam que este fenômeno traz
conseqüências para todos os envolvidos, seja ele agressor ou vitima. Embora, este seja o
maior prejudicado, pois as seqüelas podem o acompanhar por toda a vida. O individuo
apresente dificuldade em se relacionar, torna-se uma pessoa retraída e com auto-estima
baixa, tem dificuldade de se impor e se defender. Nos casos mais extremos pode levar a
depressão e ao suicídio ou homicídio seguido de suicídio.
Os alvos do bullying na maioria das vezes apresentam, medo, infelicidade, estresse,
auto-estima baixa, dificuldade em se expressar e pouca capacidade de auto-aceitação.
Muitos chegam a apresentar doenças psicossomáticas, tem diminuição no rendimento
escolar e perdem o prazer de ir a escola, que não se configura mais como um ambiente
seguro e solidário (BOTELHO e SOUZA, 2007; MARTANI, 2008).
Zisman (2008) traz que na adolescência o fenômeno mostra sua etapa mais critica
podendo gerar danos irreversíveis ao psiquismo dos alvos. Algumas vezes geram reações
drásticas como o ataque com armas de fogo contra seus companheiros de escola.
Os indivíduos que sofrem bullying na infância são mais propensos a apresentarem
casos de depressão quando adultos e de ter uma vida profissional e afetiva mais instável,
devido à fragilidade dos laços que estabelece (LOPES NETO, 2005).
Lopes Neto (2005), Botelho e Souza (2007), Silva (2008) e Calhau (2008),
complementam que autores e testemunhas também sofrem as conseqüências. Quem pratica
tem grandes probabilidades de se tornar um adulto agressivo, podendo adotar condutas anti-
sociais e até criminosas. Quem presencia, por sua vez, se sente incomodado e tenso pelo
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clima que se cria no ambiente e pelo medo de ser o próximo alvo, o que acaba também
gerando baixas seu desenvolvimento educacional e social destes protagonistas. A criança
exposta constantemente a ações de bullying, de forma direta ou indireta acaba assimilando
este fato como algo normal e tendo como lição de vida que as coisas funcionam dessa
forma, os fortes pisando nos fracos.
Calhau (2008) amplia a perspectiva criminológica do bullying, quando afirma que
são múltiplos os fatores que configuram uma ação como um crime, não existe uma única
causa. Trata-se de uma combinação de diversos fatores e o bullying é um deles.
O prejuízo financeiro e social atinge, ainda, a família, as escolas e a sociedade em
geral. Os agressores e ao agredidos podem vir a precisar de serviços como: saúde mental,
juizado da infância, educação especial e programas sociais. Muitas vezes os próprios pais
apresentam problemas de ordem emocional pela preocupação, inconformismo ou
sentimento de impotência pelas agressões sofridas pelos filhos. Em outros casos o
descrédito apresentado pelos responsáveis afeta a relação familiar (LOPES NETO, 2005).
O principal fator que chama atenção a respeito desse tipo de violência oculta é o seu
potencial de gerar danos psicológicos consideráveis em suas vitimas, trazendo enorme
prejuízo de ordem emocional e conseqüentemente sócio-educacional para o individuo.
O PAPEL DA EDUCAÇÃO
Atualmente é indiscutível o fato de que a violência pode ser banida ou pelo menos
ter seus efeitos amenizados caso os seus condicionantes forem modificados. A educação
embora sozinha não consiga dar conta desta tarefa, terá um papel fundamental para
extinção ou não reprodução deste mal.
Para construir uma sociedade onde não haja lugar para a violência, é imprescindível
que os órgãos competentes tenham um olhar mais sensível para o papel da educação, pois é
nela que deve começar a construção uma cultura de paz (FANTE, 2005).
Lopes Neto (2005) afirma que existem vários exemplos bem sucedidos de
iniciativas contra a violência em diferentes lugares do mundo, que vão desde programas de
menor porte até as políticas de abrangência nacional.
Infelizmente a ausência de referencias tem dificultado a educação dos jovens do
século XXI. Os pais estão cada vez mais ausentes e tem delegado somente à escola o papel
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de educar as crianças. Negligenciam ainda a educação emocional dos seus filhos e não
estão habituados a utilizar o diálogo. A situação tem se agravado, já que muitas vezes a
própria escola tem se mostrado ineficiente ao lidar com a afetividade. Desta forma, os
estudantes acabam reproduzindo na escola a educação de casa (ou a falta dela) nas suas
relações com os outros por meio da agressividade (SILVA, 2006; CHALITA, 2008).
Para o combate ao bullying, especificamente, as soluções não são simples. Por se
tratar de uma forma complexa de violência e que envolve vários fatores, não existe uma
maneira única de lidar com este problema, sendo necessário que cada escola desenvolva
suas estratégias de acordo com cada caso particular. Sabe-se, porém, que a intervenção
deve ser o mais rápido possível para a obtenção de resultados melhores para todos, tendo
em vista que os danos também estão relacionados com o tempo sofrido (LOPES NETO,
2005; SILVA, 2006; SILVA, 2008).
Nesse contexto, Fante (2005) e Monteiro (2008) afirmam que a intervenção e
prevenção do bullying numa determinada escola dependerão, essencialmente, da
consciência da comunidade escolar sobre a existência do fenômeno e principalmente da
relevância das conseqüências geradas pelo mesmo. O entendimento de que o bullying
existe em maior ou em menor grau nas mais diversas realidades, independente da classe
social ou rede de ensino e que ele é o gerador de outras formas de violência, será
fundamental para o sucesso no combate a violência entre escolares. Ou seja, o primeiro
passo a ser dado é o conhecimento ou a aceitação do problema.
É importante, ainda, que os educadores aprendam a lidar com suas emoções para
assim se tornarem habilitados a lidar com as emoções de seus educandos, abordando em
suas aulas o caráter afetivo. Dessa forma os profissionais da educação aprenderão a lidar
com seus conflitos e com as mais variadas formas de violência, em especial o bullying
(FANTE, 2005).
Silva (2006), Chalita (2008), Silva (2008) e Capucho e Marinho (2008) ratificam
esta idéia, quando afirmam que uma educação que trabalha a afetividade é o caminho para a
resolução desta problemática. Educação esta, que deve começar no seio familiar com a
busca por uma relação afetuosa, tendo sempre como base da relação o diálogo, sobretudo
na resolução dos conflitos interpessoais, procurando sempre a promoção do respeito mútuo
entre todos. É imprescindível que a criança expresse seus sentimentos e angustias.
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Embora não haja uma fórmula para o combate ao fenômeno bullying é consenso
entre os autores estudados, o fato de que jamais devem ser tomadas atitudes violentas. Se
não se pode indicar o caminho do sucesso nesta tarefa, pelo menos é possível saber que
enfrentar violência com mais violência, certamente levará a resultados sem êxito.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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