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DIREITO PROCESSUAL CIVIL

PROF. SERGIO CANTAL

Curso OAB
Procedimento comum

INTRODUÇÃO

Conceito: procedimento é a forma previamente prevista em lei pela qual os atos se sucedem
dentro do processo.

Regra de transição: art. 1.046 – o rito sumário e o especial revogado pelo novo CPC que ainda
não tenham sentença até o início da vigência são regidos pelo velho CPC.

*OB“: o resto segue o ovo CPC te pus regit actu .

*OBS: o novo CPC não revoga legislação extravagante.

Enunciados do STJ sobre o noco CPC:

Enunciado administrativo número 2


Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17
de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista,
com as interpretações dadas, até então, pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

Enunciado administrativo número 3


Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a
partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na
forma do novo CPC.

Enunciado administrativo número 4


Nos feitos de competência civil originária e recursal do STJ, os atos processuais que vierem a
ser praticados por julgadores, partes, Ministério Público, procuradores, serventuários e
auxiliares da Justiça a partir de 18 de março de 2016, deverão observar os novos
procedimentos trazidos pelo CPC/2015, sem prejuízo do disposto em legislação processual
especial.

Enunciado administrativo número 5


Nos recursos tempestivos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões
publicadas até 17 de março de 2016), não caberá a abertura de prazo prevista no art. 932,
parágrafo único, c/c o art. 1.029, § 3º, do novo CPC.

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Enunciado administrativo número 6


Nos recursos tempestivos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões
publicadas a partir de 18 de março de 2016), somente será concedido o prazo previsto no art.
932, parágrafo único, c/c o art. 1.029, § 3º, do novo CPC para que a parte sane vício
estritamente formal.

Enunciado administrativo número 7


Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016,
será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11,
do novo CPC.

PROCEDIMENTO COMUM
Previsão legal: art. 318 / 512

Início: Com a distribuição da petição inicial (art. 284).

*OBS: a distribuição torna prevento o juízo (art. 59).

*OBS: será "cancelada" a distribuição se aparte intimada por seu adv. não recolher as custas
em 15 dias.

PETIÇÃO INICIAL

Conceito: É o ato processual a ser praticado pelo autor, cuja distribuição dá inicio ao processo.

Importância: Na petição Inicial o autor formula o pedido. O pedido é que vincula a atuação do
Poder Judiciário. Assim, o Juiz não pode julgar acima, fora ou aquém do pedido.

Nome da ação: O nome que se dá à ação na petição inicial é irrelevante, pois o juiz julga o
pedido e não o nome da ação.

*OBS: Nas nominadas colocar o nome legal.

Fundamentação: Art. 319, NCPC

Requisitos: Intrínsecos:

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I – O juiz ou tribunal, a que é dirigida.

No chamado endereçamento é necessário fazer a verificação das regras de competência.


Regra: domicílio do Réu.

ATENÇÃO: se for rito especial fora do CPC, deve ser verificado se existe regra sobre
competência na legislação extravagante.

*OBS: Se a ação for distribuída na primeira instância deve ser endereçada para um juiz de
direito.

*OBS: Se for o caso de competência originária, deve ser dirigida para um tribunal.

II – O nome, prenome, estado civil (ou existência de união estável), a profissão, o CPF/MF ou
CNPJ/MF, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu.

Nesta parte da petição inicial é necessário fazer primeiramente a identificação das partes.

*OBS: A importância reside no fato de que, em regra, a sentença gerará efeitos somente para
as partes.

*OBS: O importante é que possa ocorrer a perfeita identificação das partes. Assim, mesmo que
falte algum dado (v.g. a profissão), a ausência não gerará o indeferimento da petição inicial.

*OBS: É possível também se pedir que os dados faltantes sejam colhidos no curso do processo
através do oficial de justiça ou da expedição de ofício aos órgãos públicos.

*OBS: Tomar cuidado com o homônimo.

*OBS: No caso de pessoa jurídica, necessário se adequar (estado civil e profissão).

Após a identificação, é necessário o fornecimento do endereço das partes.

*OBS: O endereço é importante para que as partes possam ser intimadas pessoalmente se
necessário. Quanto ao réu é imprescindível, pois deverá ser citado.

*OBS: O endereço é composto por: Rua/Avenida, número, Cidade, Estado e CEP.

*OBS: O CEP é importante, pois a regra do NCPC é que as citações e intimações ocorram pelo
correio.

III – O fato e os fundamentos jurídicos do pedido (causa de pedir)

O fato é o acontecimento que gerou o surgimento do direito.

ATENÇÃO: o juiz fica vinculado aos fatos narrados na petição inicial. É sobre os fatos colocados

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na petição inicial é que serão produzidas provas e o juiz exercerá jurisdição!

*OBS: Deverão ser colocados na petição inicial somente os fatos pertinentes (ao caso concreto)
e relevantes (para formação da convicção do juiz).

*OBS: Abrir um capítulo somente para os fatos.

*OBS: Os fatos deverão ser colocados na petição inicial em ordem cronológica: do mais antigo
para o mais recente.

Os fundamentos jurídicos do pedido são uma mera sugestão que não vinculará o juiz no seu
julgamento.

*OBS: Os fundamentos legais, apesar de não ser requisito da petição inicial, são importantes.

IV – O pedido com as suas especificações

O pedido é a parte mais importante da petição inicial, pois o juiz julgará o pedido dizendo sim
ou não à pretensão do autor.

O pedido tem previsão nos artigos 324 e seguintes do NCPC.

Tipos: imediato (a prestação jurisdicional pretendida; mediato (bem da vida; a vantagem


concreta visada pelo autor)

O pedido deve ser certo e determinado.

*OBS: possibilidade de o pedido ser incerto:

a – ações universais quando o pedido não puder ser individualizado;

b – quando não puderem ser determinadas as consequências do ato/fato;

c – quando a determinação depender de ato do réu.

Espécies de pedido:

Pedido Simples (um só pedido)

Pedido Composto (dois ou mais pedidos)

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1 – Alternativo

Verificar a quem cabe a escolha.

2 – Subsidiário

Quando o antecedente não puder ser conhecido

3 – Sucessivo

Quando o posterior depende do deferimento do anterior

3 - Cumulativo

a) Compatibilidade entre os pedidos


b) Competência do juiz para o julgamento de todos
c) Adequação do procedimento

*OBS: pedido implícito: juros legais, correção monetária, sucumbência.

IV – Valor da causa

O valor da causa é a expressão econômica do benefício pretendido pelo autor, cuja indicação é
obrigatória, mesmo que a lide não tenha conteúdo econômico imediato.

*OBS: Importância:

1 – Define o procedimento comum ou especial;

2 – Recolhimento de custas e preparo;

3 – É base de cálculo para fixação de honorários em algumas situações.

Tipos:

a) Legal – NCPC, 291 e ss.

b) Voluntário – por estimativa do autor.

*OBS: Impugnação do valor dado à causa – art. 293, NCPC (em preliminar de contestação).

V – As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados

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Requerimento genérico de produção de provas.

VI – Eventual indicação do autor do desinteresse na autocomposição

Previsão legal: NCPC, art. 334, §5º.

Se o autor nada indicar na petição inicial presume-se que tenha interesse na designação de
audiência de conciliação ou mediação.

*OBS: requerimentos – depende do caso concreto. (v.g. requerimento de justiça gratuita)

Requisitos extrínsecos

Requisitos que estão fora do art. 319.

1 – Procuração - art. 104 e 287, NCPC

2 – Endereço do advogado para receber intimações – art. 106, I, NCPC

3 – Documentos indispensáveis à propositura da ação – art. 320, NCPC

OBSERVAÇÕES SOBRE A PETIÇÃO INICIAL

I – Despacho liminar da petição inicial:

a) Positivo: cite-se – art. 334, NCPC

b) Intermediário: emenda da petição inicial em 15 dias - art. 321, NCPC

c) Negativo: indeferimento da petição inicial – art. 330, NCPC

Casos:

1 – inépcia (falta de causa de pedir ou do pedido / falta de lógica entre os fatos e a conclusão /
pedidos incompatíveis entre si);

2 – ilegitimidade de parte;

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3 – falta de interesse processual;

4 – falta de endereço do advogado e não emenda da petição inicial;

*OBS: Contra a sentença cabe apelação com possibilidade de retratação do juiz em 5 dias.

II - Julgamento liminar de improcedência

Para causas que dispensem a fase instrutória

Casos:

1 – quando o pedido contrariar súmula do STF ou do STJ;

2 – quando o pedido contrariar acórdão do STF ou STJ em julgamento de recursos repetitivos;

3 – quando o pedido contrariar entendimento firmado em incidente de resolução de demandas


repetitivas ou de assunção de competência;

4 – quando o pedido contrariar enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local;

5 – quando o juiz verificar a presença de prescrição ou decadência.

*OBS: contra a sentença cabe apelação com possibilidade de retratação no prazo de 5 dias.

CITAÇÃO

Conceito: É o ato processual que dá ao réu, executado ou interessado conhecimento da


existência de uma lide.

*OBS: o comparecimento espontâneo do réu supre a falta ou invalidade da citação, começando


dai o prazo para defesa.

Modalidades:

1 – pelo correio (regra) – art. 247

Qualquer comarca do país.

Carta registrada.

* Pessoa jurídica: o responsável pelo recebimento de correspondência pode receber.


* Condomínios/loteamentos: funcionário de portaria (que poderá recusar ante a alegação

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de ausência).

2 – por mandado – art. 250

Oficial de justiça cumpre.

Requisitos do mandado – art. 250

Diligência do oficial de justiça – art. 251

3 – com hora certa – art. 252

Quando por 2 vezes o oficial tiver diligência citatória frustrada com suspeita de ocultação.

Intimação de vizinho ou pessoa da família.

Retorno no dia seguinte.

Citação na pessoa do réu ou da pessoa acima indicada.

Expedição de carta de ciência da citação.

4 – por edital – art. 256

Para casos expressos

Prazo do edital: entre 20 e 60 dias – art. 257, III.

Efeitos da citação: art. 240

a) Induz litispendência;

b) Torna litigiosa a coisa (vide art. 109);

c) Constitui em mora o devedor. Mora "ex persona" se não tiver ocorrido anteriormente a
mora. A mora "ex re" não!

*OBS: a interrupção da prescrição é operada pelo despacho que determina a citação,


retroagindo à data da propositura, caso a citação se dê em 10 dias.

Início do prazo para contestação e outras ações pelo réu: art. 231.

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1 - juntada AR;
2 - juntada mandado;
3 - ocorrência da citação feita por escrivão ou chefe de secretaria;
4 - dia útil seguinte ao prazo do edital;
5 - dia seguinte útil à consulta qdo. citação eletrônica;
6 - cartas: a) da data da juntada do comunicado do juiz deprecante ao deprecado; b) se não
houver comunicado, da data da juntada da carta cumprida aos autos principais.

*OBS: mais de um réu: começa o prazo da última das datas.

AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO OU DE MEDIAÇÃO

Fundamentação legal: Art. 334.

Determinação pelo juiz para ocorrer em 30 dias. Réu deve ser citado com antecedência mínima
de 20 dias.
Pode ocorrer mais de uma sessão de conciliação. Não pode ultrapassar dois meses da primeira
sessão - art. 334, §2º.

*OBS: necessário a presença de advogados - art. 334, §9º.

*OBS: não ocorrerá a audiência se as duas partes demonstrarem expressamente desinteresse


ou não se admitir transação. - art. 334, §4º.

*OBS: o autor demonstra desinteresse na petição inicial.

*OBS: o réu demonstra desinteresse através de petição 10 dias antes da audiência.

*OBS: a ausência à audiência gera multa de até 2 %.

CONTESTAÇÃO

Conceito: é a peça pela qual o réu vincula a sua defesa, resistência.

*OBS: às vezes serve para o réu fazer pedido (pedido contraposto).

Importância: Na contestação o réu combate o pedido feito pelo autor, sendo que sua ausência
gera o fenômeno da revelia.

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Prazo: 15 dias (NCPC, art. 335).

*OBS: prazo em dobro se houver litisconsórcio passivo com advogados de escritórios diferentes
(NCPC, art. 229), e desde que o processo não seja eletrônico (§2º, art. 229).

*OBS: contagem do prazo:


1) da audiência de conciliação ou mediação;
2) do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação apresentado pelo réu
(se existir litisconsórcio passivo o prazo é individual);
3) da data da juntada do A.R. ou do mandado (conforme art. 231) – regra.

Espécies de defesa:

a) Processuais
b) De mérito

DEFESA PROCESSUAL (instrumental, formal, preliminar - NCPC, art. 337)

*OBS: salvo a arbitragem e a incompetência relativa, as matérias são conhecidas pelo juiz de
ofício e não precluem.

I – inexistência ou nulidade de citação

Quando o réu pretender justificar a aparente intempestividade. Fazer petição simples e pedir
restituição do prazo.

*OBS: Se estiver dentro do prazo apresentar contestação junto.

II – Incompetência absoluta e relativa

a) Absoluta: em razão da função e em razão da matéria.

b) Relativa: em razão do valor da causa e em razão do território.

III – Incorreção do valor da causa

A impugnação do valor dado à causa atribuído pelo autor (NCPC, art. 293) gera decisão do juiz
e necessidade de complementação do valor se houver necessidade.

IV – Inépcia da inicial (NCPC, art. 330, I)

Não é hipótese de indeferimento da petição inicial e sim de extinção do processo sem a


resolução de mérito.

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Casos:
a) Falta de pedido ou causa de pedir;
b) Pedido indeterminado (salvo os casos permitidos);
c) Da narração dos fatos não tiver um conclusão lógica;
d) Pedidos incompatíveis entre si.

V – Perempção

Perda pelo autor do direito de ação por ter dado causa à extinção por falta de andamento
(abandono) por 3 vezes (NCPC, art. 486, §3º).

VI – Litispendência

Identidade dos elementos da ação (partes, pedido e causa de pedir).

Repetição da ação em curso

*OBS: A litispendência é induzida pela citação válida (NCPC, art. 240).

VII – Coisa julgada

Identidade dos elementos da ação (partes, pedido, causa de pedir)

Repetição da ação que já foi decidida (sentença definitiva) com trânsito em julgado

VIII – Conexão

Identidade de pedido ou causa de pedir (NCPC, art. 55).

Consequência: reunião dos processos para julgamento em conjunto pelo juízo prevento.

*OBS: STJ 235 – não há reunião se um dos processos já foi julgado.

*OBS: apesar de não previsto no NCPC, a continência também gera o mesmo fenômeno.

IX – Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização

1 - Incapacidade (assistência)

2 - Defeito de representação (para incapaz ou pessoa jurídica)

3 - Falta de autorização (quando a lei exige). Ex. outorga uxória, C.C. art. 1647, II.

X – Convenção de arbitragem

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Lei. 9397/96

a) Cláusula compromissória

b) Compromisso arbitral

XI – Carência da ação

Falta de interesse processual ou de legitimidade para o processo

*OBS: Se o réu alegar ser parte ilegítima, pode ser alterado pelo autor o polo passivo no
prazo de 15 dias com pagamento da sucumbência (honorários entre 3% a 5%).

*OBS: Incumbe ao Réu indicar o sujeito passivo da relação (se tiver conhecimento).

XII – Falta de caução ou outra prestação que a lei exige

Ex. autor residente fora do Brasil (NCPC, art. 83)

Ex. ação rescisória (NCPC, art. 968, II)

Ex. repetição de ação (NCPC, art. 486, §2º)

XIII – Indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça

Defesa contra a concessão ao autor da justiça gratuita.

DEFESA DE MÉRITO (NCPC, art. 341 e ss)

É aquela por meio da qual o réu ataca a pretensão material do autor com o objetivo de
convencer o juízo da improcedência do pedido.

- Princípios:

1) Da impugnação especificada: O réu deve impugnar todos os fatos afirmados pelo autor, sob
pena do fato se tornar incontroverso (art. 341, NCPC).

*OBS: não se aplica esse ônus ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador
especial.

*OBS: Não gera a veracidade do fato não impugnado: a) se não for admissível a confissão;
b) a petição inicial estiver desacompanhada de documento que a lei determine; c) houver

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contradição com o resto da defesa.

2) Princípio da eventualidade: salvo exceção, todas as teses de defesa devem ser


apresentadas na contestação sob pena de preclusão (art. 342).

- Espécies de defesa de mérito:

1 – Direta: quando o réu nega o fato constitutivo do direito do autor ou das consequências
jurídicas atribuídas a ele pelo autor;

2 – Indireta: quando o réu concorda com a existência do fato, mas alega fato impeditivo,
modificativo ou extintivo do direito do autor.

RECONVENÇÃO

- Conceito: É a ação do Réu contra o autor no mesmo processo.

- Justificativa: economia processual.

- Natureza jurídica: é uma ação.

- Momento e local da propositura: no corpo da contestação (NCPC, art. 343).

*OBS: o réu poderá propor reconvenção independentemente de oferecer contestação.

- Requisitos de admissibilidade:

1 – Genéricos:

a) Condições da ação;

b) Pressupostos processuais.

2 – Específicos:

a) Compatibilidade procedimental;

b) Que o juízo da ação originária não seja absolutamente incompetente para apreciar a
reconvenção;

c) Que a reconvenção seja conexa:

1 – com a ação originária;

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2 – com o fundamento da defesa.

- Procedimento:

 Apresentação dentro da contestação;

 Intimação do autor reconvindo (na pessoa do seu advogado) para a apresentação de


resposta em 15 dias;

 Após segue junto com a ação originária e com ela é julgada.

- Observações:

1 – possibilidade de reconvenção da reconvenção;

2 – Ações são autônomas. Extinta a ação originária reconvenção pode prosseguir até o final
julgamento;

3 – Não cabe reconvenção na Lei 9.099/95 pelo princípio da celeridade. Lá, pode-se fazer
pedido contraposto;

4 – Nas ações de caráter dúplice por natureza, não existe necessidade de propor reconvenção,
pois a decisão do juiz já atinge o réu. Ex. ação declaratória.

AÇÃO DECLARATÓRIA INCIDENTAL

Não existe mais no novo CPC.

ATENÇÃO: a decisão que julga questão prejudicial tem força de coisa julgada,
independentemente de pedido feito pelas partes, (art. 503, §1º, CPC) se:

I - dessa resolução depender o julgamento do mérito;


II - existência de contraditório;
III - o juiz for competente.

*OBS: não se aplica, o que acima se disse se não houver possibilidade de cognição ampla sobre
a questão prejudicial.

REVELIA

Conceito: é a ausência de contestação – art. 344.

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Efeitos:

1 – presumem-se verdadeiras as alegações do autor.

2 – desnecessidade de intimação pessoal se a parte não tiver advogado nos autos (art. 346).

*OBS: não gera o primeiro efeito (art. 345):

a) Em caso de direitos indisponíveis;

b) Pluralidade de réus e algum deles contestar matéria de defesa comum;

c) A petição inicial estiver desacompanhada de documento essencial;

d) As alegações do autor forem inverossímeis ou estiverem em contradição com a prova dos


autos.

PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES e SANEAMENTO DO PROCESSO

PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES

Conceito: providências adotadas pelo juiz antes da instrução do feito ou que geram a sua
extinção.

a) Sem a contestação

1 - Com a incidência dos efeitos da revelia

Julgamento antecipado da lide (NCPC, art. 355, II).

2 – Sem a incidência dos efeitos da revelia

Indicação pelo autor das provas que pretenda produzir em 5 dias (NCPC, art. 348).

*OBS: Possibilidade de indicação das provas pelo réu 5 dias (NCPC, art. 349).

b) Com a contestação

Alegação do réu de fato impeditivo, extintivo ou modificativo do direito do autor: réplica do


autor em 15 dias (NCPC, art. 350)

Alegação do réu das matérias preliminares: réplica do autor em 15 dias (NCPC, art. 351)

Existência de vícios sanáveis: prazo de 30 dias para a correção

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Contestação com juntada de documentos: abertura de prazo para o autor se manifestar em 15


dias (NCPC, art. 437)

JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO

Conceito: o juiz julga o feito sem necessitar da fase instrutória.

a) Extinção do processo (NCPC, art. 354)

Ocorrendo qq. das hipóteses do art. 485 (extinção sem julgamento de mérito) ou do art. 487, II
e III (extinção com julgamento de mérito) o juiz prolata a sentença.

b) Julgamento antecipado da lide com análise do pedido (NCPC, art. 355)

1 – Não necessidade de se produzir provas

2 – Réu revel, no caso de ocorrência do efeito primário da revelia.

JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DO MÉRITO


Conceito: juiz julga somente parte do processo quando o pedido for incontroverso ou quando a
causa estiver madura em parte (NCPC, art. 356, I e II).

*OBS: A parte poderá executar desde logo a parte vencida.

*OBS: Contra a decisão cabe agravo de instrumento.

SANEAMENTO DO PROCESSO
Conceito: ato de organizar o processo para a fase instrutória.

1 – resolução das questões processuais pendentes;

2 – constituição dos fatos controvertidos sobre os quais será produzida prova (com o
deferimento ou indeferimento de pedido de provas);

3 – definição da distribuição do ônus da prova;

4 – delimitar as questões de direito;

5- designar audiência se necessário.

*OBS: As partes podem pedir esclarecimentos sobre o saneamento em 5 dias.

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*OBS: As partes podem pedir a homologação da delimitação da controvérsia.

*OBS: O juiz deve marcar audiência para sanear o processo se a causa for complexa.

*OBS: Se houver designação de perícia o juiz já determina os prazos para sua realização.

AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO


Conceito: ato processual em que o juiz recebe as partes em juízo e realiza a produção de
provas orais com a possibilidade de julgamento do processo (NCPC, art. 358).

Presidência: o juiz de direito (NCPC, art. 360).

Adiamento da audiência: por convenção das partes; por ausência injustificada; por atraso
injustificado por mais de 30 min.

Ordem dos atos:

1 – Tentativa de conciliação (NCPC, art. 359);


2 – Oitiva do perito e assistentes técnicos (NCPC, art. 361);
3 – oitiva do autor e do réu (NCPC, art. 361);
4 – oitiva das testemunhas do autor e do réu (NCPC, art. 361);
5 – sustentações orais por 20 min, prorrogável por mais 10 min (NCPC, art. 364);
6 – sentença (NCPC, art. 366).

*OBS: se a causa for complexa o juiz poderá substituir as alegações orais por memoriais (15
dias).

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Curso Exame OAB

TEORIA GERAL DOS RECURSOS


- Conceito: Remédio voluntário e idôneo a ensejar, dentro da mesma base processual, a
invalidação, reforma, esclarecimento ou a integração de uma decisão judicial.

- Fundamento de existência:

a) inconformismo humano;

b) possibilidade de erro (de justiça ou de procedimento);

c) maior proximidade/ afastamento dos sujeitos do processo;

- Ação impugnativa que não se confunde com os recursos: M.S.; H.C.; Ação rescisória; Ação
anulatória, etc.

- Reexame necessário: não é recurso e sim instituto que tem a finalidade de gerar a eficácia à
decisão de primeira instância. Ocorre em resumo quando a Fazenda Pública for condenada a pagar
determinado valor acima de teto legal, estando a decisão contra posicionamento de tribunal superior
ou STF.

- Atos decisórios:

a) Despacho: dá andamento ao processo

b) Decisão interlocutória: resolve questão incidental

c) Sentença: põe fim ao processo ou a uma de suas fases

d) Acórdão: decisão proferida por órgão colegiado de um tribunal

 Contra despacho não cabe nenhum recurso.

- Princípios fundamentais dos recursos:

1) Duplo grau de jurisdição: Necessidade como regra da existência de segundo grau de


jurisdição para realizar o reexame da matéria julgada pela instância inferior. Este princípio é
infraconstitucional;

2) Princípio da taxatividade (especialidade): somente caberá recurso se houver previsão


expressa na lei (CPC, Lei de Execução Fiscal, Lei do Juizado Especial Cível);

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3) Princípio da Unirrecorribilidade: A regra é que contra uma decisão somente caiba um


recurso. Se a decisão for composta de dois ou mais julgamentos (divisão por capítulos) é
possível dois recursos contra a mesma decisão (cada um atacando um capítulo da decisão);

4) Princípio da fungibilidade: por este princípio o julgador pode receber o recurso errado
como se certo fosse. Necessário para a sua aplicação que o recorrente esteja de boa-fé e
que o erro não seja grosseiro (dúvida objetiva);

5) P i ípio da p oi ição da efo atio i pejus : ua do só u a das pa tes e o e o t a a


decisão a sua situação não poderá ser piorada quando do julgamento do recurso pelo
tribunal.

- Pressupostos de admissibilidade:

 Necessidade de ser verificada a existência de requisitos que ensejam o recebimento e


conhecimento do recurso. Uma vez recebido/conhecido será o recurso julgado em seu
mérito podendo ser dado ou negado provimento ao mesmo.
 Art. 932, parágrafo único: antes de declarar inadmissível, o relator deve abrir prazo de 5
dias para que o recorrente sane o vício (se for o caso de vício sanável) ou complemente a
documentação

Pressupostos específicos: devem ser analisados em conjunto com os recursos em espécie: ex.:
violação da CF é um pressuposto específico para o Recurso Extraordinário.

Pressupostos Gerais:

I – OBJETIVOS

1) Cabimento: É necessário que contra a decisão que se quer atacar caiba recurso. Caso a
decisão for irrecorrível, não poderá ser interposto recurso, sob pena de se violar o presente
pressuposto (CPC, art.1001);

2) Adequação: Não basta caber recurso, é necessário também que seja o recurso adequado
para atacar a decisão recorrida. Nesse sentido, o recurso contra a violação da CF é o
Extraordinário e não o Especial, por exemplo.

3) Regularidade procedimental: Todas as formalidades previstas em lei (especialmente o CPC),


devem ser respeitadas. Nesse sentido, é a forma escrita para a grande maioria dos
recursos; o recolhimento das custas (preparo) e sua comprovação no ato de interposição
do recurso; a juntada de peças obrigatórias; a indicação do nome e endereço dos
advogados; capítulo sobre a repercussão geral, etc.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
PROF. SERGIO CANTAL

*OBS: art. 1007, CPC


*OBS: art. 1007, §1º, CPC: dispensados
*OBS: Não precisa de porte de remessa e de retorno para processos eletrônicos;
*OBS: STJ 484

4) Tempestividade: o Recurso deve ser protocolado dentro do prazo previsto em lei. Via de
regra três são os prazos recursais (15, 10 e 5 dias). Caso o recurso seja protocolado fora do
prazo será o mesmo intempestivo não merecendo conhecimento. Também merece atenção
a impossibilidade de protocolar aditamentos ao recurso mesmo que dentro do prazo
recursal;
*OBS: art. 1003, §5º, CPC

5) Ausência de fato impeditivo ou extintivo: Uma vez ocorrida a renúncia ou a desistência (que
não precisa de concordância da outra parte) do recurso, não poderá ser julgado o mesmo.
A renúncia se relaciona a ato anterior à interposição e a desistência a ato posterior à
interposição, sendo que esta pode ser realizada até o momento do início do julgamento do
recurso.

II – SUBJETIVOS

1) Legitimidade: Podem recorrer (CPC, art. 996):


a) as partes;
b) terceiro prejudicado;
c) o MP (quando atue como fiscal da lei).

2) Interesse recursal: É a situação de prejuízo (material ou processual) causado pela decisão à


parte (ou terceiro). Ocorre quando a parte não conseguiu auferir o que o processo lhe
podia propiciar. Regra: se a parte não puder ter sua situação melhorada de alguma forma
pelo deferimento do recurso então ela não tem interesse.

RECURSO DE APELAÇÃO

- Conceito: É o recurso ordinário cabível contra as sentenças de primeiro grau de jurisdição


(art. 1.009, NCPC). É também o recurso apto a impugnar decisões interlocutórias que não possam ser
objeto de agravo de instrumento (NCPC, art. 1.009, §1º).

- Prazo: 15 dias (NCPC, art. 1.003, §5º).

*OBS: prazo em dobro se houver litisconsórcio passivo com advogados de escritórios diferentes
(NCPC, art. 229), desde que o processo não seja eletrônico (§2º, art. 229).
*OBS: STF 641

- Efeitos:

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
PROF. SERGIO CANTAL

1) Regra: devolutivo e suspensivo (NCPC, art. 1.012, caput).

2) Exceção: só no devolutivo (NCPC, art. 1.012, §1º):

a) Sentença que homologa divisão ou demarcação de terras.


b) Sentença que condena a pagar alimentos.
c) Sentença que extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos
do executado.
d) Sentença que julga procedente o pedido de arbitragem.
e) Sentença que confirma, concede ou revoga tutela provisória;
f) Sentença que decreta a interdição

*OBS: quando o recurso é recebido só no efeito devolutivo, a sentença começa a produzir seus
efeitos imediatamente à publicação, podendo ser promovida a execução do julgado (NCPC, art.
1.012, §1º e 2º).

*OBS: a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator quando o apelante demonstrar a
probabilidade do provimento do recurso ou risco de dano grave ou de difícil reparação (NCPC, art.
1.012, §4).

- O efeito devolutivo da apelação:

a) Efeito devolutivo no plano horizontal (NCPC, art. 1.013, caput)

A apelação devolve ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. Quem decide o


tamanho do recurso (qual matéria deve ser apreciada pelo tribunal) é o recorrente.

*OBS: as matérias de ordem pública serão devolvidas ao tribunal, ainda que não sejam
objeto da apelação (efeito translativo).

b) Efeito devolutivo no plano vertical

Todas as questões suscitadas e discutidas no processo serão devolvidas ao tribunal (NCPC,


art. 1.013, §1º).

Todas as fundamentações do autor e tese de defesa serão devolvidas ao tribunal (NCPC,


art. 1.013, §2º).

Se o processo estiver em condições para julgamento, o tribunal decidirá o mérito quando


(NCPC, art. 1.013, §3º):

1 – reformar a sentença que tiver extinguido o processo sem o julgamento de mérito.

2 – decretar a nulidade da sentença quando o juiz tiver julgado fora do pedido.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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3 - o juiz tiver julgado abaixo do pedido (omissão).

4 – decretar a nulidade da sentença por falta de fundamentação.

5 – quando reformar a sentença que decretou a prescrição ou a decadência

- Custas: No ato de interposição necessário o recolhimento de preparo e porte de remessa e de


retorno. (NCPC, art. 1.007).

- Procedimento:

- petição escrita (NCPC, art. 1.010), devendo conter:

1 – os nomes e a qualificação das partes.


2 – a exposição do fato e do direito.
3 – as razões do pedido de reforma ou da decretação de nulidade.
4 – o pedido de nova decisão.

*OB“: a petição deve se p oto olada o juízo a uo .

- intimação do apelado para oferecer contrarrazões o juízo a uo no prazo de 15 dias


(NCPC, art. 1.010, §1º)

- subida dos autos para o tribunal

- distribuição ao relator com conclusão, que poderá:

1 – decidi-lo de forma monocrática (NCPC, art. 1.011 c/c art. 932):

a) Pela sua inadmissibilidade; como prejudicado; pela ausência de impugnação específica dos
fundamentos da decisão recorrida;
b) Negando provimento quando o recurso for contrário a súmula do STF, STJ ou do Tribunal;
contrário a acórdão do STF ou STJ de recursos repetitivos; for contrário a julgamento de
demandas repetitivas ou assunção de competência;
c) Dando provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a súmula do STF, STJ ou
do Tribunal; contrária a acórdão do STF ou STJ de recursos repetitivos; for contrária a
julgamento de demandas repetitivas ou assunção de competência.

2 – elaborar seu voto (NCPC, art. 1.011, II) e enviará os autos ao presidente para designação de
dia para julgamento (NCPC, art. 934).

- vista dos autos para as partes em cartório após a publicação da pauta para o julgamento
(NCPC, art. 935, §1º).

- julgamento na seguinte ordem:

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1 – eventual pedido de preferência com ou sem sustentação oral

2 – leitura do relatório pelo relator

3 – sustentação oral pelo recorrente – 15 minutos

4 - sustentação oral pelo recorrido – 15 minutos

5 - sustentação oral pelo MP, quando for o caso – 15 minutos

*OBS: a sustentação poderá ser por videoconferência (NCPC, art. 937, §4º).

6 – voto do relator

7 – voto do 2º desembargador

8 – voto do 3º desembargador

*OBS: qualquer dos componentes da turma julgadora poderá pedir vista dos autos por 10 dias
(NCPC, art. 940).

9 – o presidente pronuncia o resultado do julgamento

10 – conclusão para a elaboração do acórdão (pelo relator ou por outro desembargador se


aquele for vencido)

11 – Publicação do acórdão

*OBS: se a votação não for unânime haverá novo julgamento com a convocação de novos
julgadores em número suficiente para a inversão de julgamento (NCPC, art. 942).

- Juízo de retratação e o recurso de apelação

A regra é que uma vez prolatada a sentença o juiz de primeira instância não poderá se retratar,
gerando a consequente alteração do julgamento.

Exceções:

1 – indeferimento da petição inicial (NCPC, art. 331)

Procedimento:

- sentença indeferindo a petição inicial nos casos do artigo 330;

- interposição de apelação em 15 dias;

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- conclusão para o juízo de retratação pelo juiz em 5 dias:

a) Se não houver retratação o juiz determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões
em 15 dias e após envia os autos para o tribunal julgar, sendo que, se este reformar a
sentença será aberto prazo para contestação e o processo prosseguirá na primeira
instância;
b) Se houver retratação o juiz determinará a citação do réu e o processo prossegue na
primeira instância.

2 – Improcedência liminar do pedido (NCPC, art. 332, §3º)

Procedimento:

- sentença julgando improcedente o pedido nos casos do artigo 332;

- interposição de apelação em 15 dias;

- conclusão para o juízo de retratação pelo juiz em 5 dias:

c) Se não houver retratação o juiz determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões
em 15 dias e após envia os autos para o tribunal julgar, sendo que, se este reformar a
sentença já julga pela procedência;
d) Se houver retratação o juiz determinará a citação do réu e o processo prossegue na
primeira instância.

AGRAVO DE INSTRUMENTO
- Conceito: É o recurso ordinário cabível contra as decisões interlocutórias (PREVISTAS DE
MODO TAXATIVO - art. 1.015, I a XIII) ou sentenças com conteúdo de decisão interlocutória.

- Prazo: 15 dias (CPC, art. 1.003, §5º).

*OBS: prazo em dobro se houver litisconsórcio passivo com advogados de escritórios diferentes
(NCPC, art. 229), desde que o processo não seja eletrônico (§2º, art. 229).

- Casos em que cabe agravo de instrumento. Decisões interlocutórias que versarem sobre:

I - tutelas provisórias;

II - mérito do processo;

III - rejeição da alegação de convenção de arbitragem;

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IV - incidente de desconsideração da personalidade jurídica;

V - rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação;

VI - exibição ou posse de documento ou coisa;

VII - exclusão de litisconsorte;

VIII - rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio;

IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;

X - concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução;

XI - redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, §1º;

XII - outros casos expressamente referidos em lei.

*OBS: Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas na fase
de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no processo
de inventário.

- A interposição é feita direto no TJ ou TRF (art. 1.016)


- Requisito da petição: nome das partes; exposição dos fatos e direito; razões de reforma da
decisão; nome endereço dos advogados.
- A petição de agravo deve ser instruída com as peças do art. 1.017. (salvo se o processo for
eletrônico - art. 1.017, §5º.
- ATENÇÃO: art. 932, parágrafo único: antes de julgar inadmissível, o relator deve dar ao
recorrente a chance de sanar o vício ou complementar as peças.
- ATENÇÃO: ART. 1.018: prazo de 3 dias, a contar da interposição, para informar ao juízo "a
quo" a interposição do Agravo de Instrumento.
*OBS: a leitura do caput dá a entender ser uma faculdade quando se trata de uma
obrigatoriedade, conforme o §3º, que gera inclusive a inadmissibilidade do recurso se a outra parte
requerer.
- Efeitos:

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Regra - só o devolutivo;
Exceção: - poderá ser atribuído efeito suspensivo pelo relator (art. 1.019, I)
- Intimação do agravado para contrarrazões em 15 dias.
- Julgamento no prazo de 1 mês.
- Não tem sustentação oral (art. 937)
- Possibilidade de retratação com prejuízo do recurso
- Tem custas (art. 1017, §1º).

AGRAVO INTERNO
- Conceito: É o recurso ordinário cabível contra as decisões proferidas pelo relator (art. 1.021).

- Juízo "ad quem": respectivo órgão colegiado.

- Prazo: 15 dias (CPC, art. 1.003, §5º).

- A interposição é feita para o relator (art. 1021, §2º).


- Prazo de 15 dias para o agravado contrarrazoar.
- Possibilidade de retratação pelo relator.
- Pagamento de multa de 1% a 5% para o agravado se manifestamente inadmissível o agravo
interno ou julgado improcedente por v.u.
- Não tem sustentação oral (art. 937)
- Não tem custas (salvo ser houver previsão no regimento interno).

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
- Conceito: recurso apto a sanar vícios de contradição, obscuridade, omissão, ou erro material
existentes na decisão (acórdão, sentença ou decisão interlocutória). art. 1.022, CPC.

- Prazo: 5 dias;
*OBS: prazo em dobro se houver litisconsórcio passivo com advogados de escritórios diferentes
(NCPC, art. 229), desde que o processo não seja eletrônico (§2º, art. 229).

- Não tem efeito suspensivo (regra); mas pode ser dado ao mesmo o citado efeito (exceção)
para evitar risco de dano grave ou de difícil reparação ou se houver demonstração da probabilidade
do provimento. (CPC,art. 1.026, caput e §1º).

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
PROF. SERGIO CANTAL

- Multa de 1% se protelatórios, podendo ser elevada até 10% (do embargante para o
embargado).

- Pode ter efeito infringente.


*OBS: Nesse caso terá contrarrazões em 5 dias (art. 1.022, §º 2).

- Interrompe o prazo para a interposição de outros recursos

- Não tem custas

- Julgado pelo prolator da decisão.

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DIREITO PENAL
PRISCILA SILVEIRA

CONCEITO
Conjunto de normas jurídicas que define as infrações penais, onde o Estado proíbe determinadas
ações ou omissões, cominando sanções (penas ou medidas de segurança) aos infratores. É um ramo
do direito Público que abrange o estudo do crime, da pena, da medida de segurança e do
delinquente.

FUNÇÃO
Tutelar os bens essenciais e fundamentais à vida do homem e com isso procurar manter a paz
pública e social.

 FONTES DO DIREITO PENAL


Podem ser:
- Materiais: declaram e informam a origem, a matéria de que é feito o Direito Penal, como é
produzido e elaborado. Consoante preceitua o artigo 22, inciso I, da CF, a única fonte material é o
Estado. Só ele pode legislar sobre o Direito Penal.
- Formais: se referem ao modo pelo qual o direito é exteriorizado, pelo meio que o torna
conhecido, e lhe dá forma. Dividem-se em:
- Imediatas ou diretas: a única fonte direita do direito penal é a própria lei, diante do princípio
da reserva legal (art.5º, inciso XXXIX CF e art. 1º CP).
- Mediatas ou indiretas: costumes (regra de conduta praticada de um modo geral que
influenciam, mas não podem criar ou revogar crimes) e princípios gerais de direito (extraídos da
própria legislação).

 PRINCÍPIOS DO DIREITO PENAL:


- Princípio da Legalidade: NULLUM CRIMEN, NULLA POENA SINE PRAEVIA LEGE”. Trata-se de
princípio basilar do Direito Penal, definido nos artigos 5º, inc. XXXIX da CF e 1º do CP.
Estabelece que alguém só pode ser punido se, anteriormente ao fato por ele praticado, existir uma
lei que o considere crime. Do Princípio da legalidade podemos extrair outros dois princípios:
- Princípio da reserva legal: somente o Estado pode legislar sobre a matéria de direito penal,
conforme descrito no artigo 22, inciso I, CF.
- Princípio da anterioridade: somente poderá ser aplicada a norma penal aos fatos praticados após
sua vigência. A lei deve definir anteriormente que a conduta é ilícita.
- Princípio da irretroatividade: A lei penal NÃO RETROAGIRÁ, artigo 5º, inciso XL da CF e artigo 2º do
CP, salvo, para beneficiar o réu.
- Princípio da irretroatividade da lei mais severa e o princípio da retroatividade da lei mais benéfica:
A regra é que a lei penal não retroagirá, mas poderá ocorrer se for em benefício do réu, consoante
preconiza o artigo 5º, inciso XL da CF.
- Princípio da Intervenção mínima: o Direito penal só deve tutelar os bens jurídicos mais
importantes, as lesões de maior gravidade, deixando os demais para os outros ramos do direito.
somente atuando quando os demais ramos do direito falharem (ultima ratio). O Direito Penal só vai

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DIREITO PENAL
PRISCILA SILVEIRA

intervir quando os outros ramos do Direito não forem suficientes para coibir a conduta. Princípio
orientador do legislador.
- Princípio da insignificância ou da bagatela: sustenta a desnecessidade de se tutelar bens jurídicos
insignificantes, é bastante debatido na atualidade, principalmente ante à ausência de definição do
que seria irrelevante penalmente (bagatela), ficando essa valoração, muitas vezes, ao puro arbítrio
do julgador. De acordo com o entendimento jurisprudencial, o princípio da insignificância deve ser
analisado em consonância aos vetores trazidos pelo STF.
- Princípio da Presunção de Inocência Previsto na Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º,
inciso LVII, aduz ue i gu se o side ado ulpado at o t sito e julgado de se te ça
o de ató ia.
- Princípio do ne bis in idem: Prevê a impossibilidade de haver duas ou mais punições criminais pelo
mesmo fato criminoso. O bis in idem significa a pluralidade de sanções num mesmo âmbito jurídico
pela prática de uma única infração penal. (Súmula 241 STJ).
- Princípio da Responsabilidade Pessoal: A pena a ser aplicada pela infração, não passará da pessoa
do acusado, segundo dispõe o artigo 5º, inciso XLV, da CF. (Súmula 444 do STJ)

 CLASSIFICAÇÃO / ESPÉCIES DE NORMA PENAL:


-Norma penal incriminadora: é aquela que descreve o tipo penal e comina a respectiva sanção. Ex:
121, 155, 157 do CP.
-Norma penal não incriminadora: é aquela que não descreve o tipo penal, deixando de mencionar o
que é crime. São subdividas em:
-Permissivas: São aquelas que não consideram as condutas como ilícitas (justificantes- Ex: arts.
23, 24,25, excluem a ilicitude) e ou isentam o réu de pena (exculpantes- Ex. 26, 28, 181 do CP,
excluem a culpabilidade).
-Explicativas: são aquelas que esclarecem o conteúdo de outras normas ou fornecem princípios
gerais para a aplicação da pena. (Ex: art. 150, §4º, 327 do CP).
-Complementares: são as que fornecem princípios gerais para a aplicação da lei penal, tal como a
existente no art. 59 do Código Penal.
-Norma penal em branco: Enquanto as normas penais incriminadoras são completas, as em branco,
precisam da complementação de outras normas, pois possuem preceitos indeterminados ou
genéricos. Se dividem em:
-Homogêneas (em sentido amplo): O seu complemento é oriundo da mesma fonte
legislativa. Ex: art. 237 do CP. O impedimento vem explicado no artigo 1521 do CC.
-Heterogêneas (em sentido estrito): O seu complemento é oriundo de fonte legislativa
diversa. Ex. art.33 da lei 11343/06. Depende da portaria (344/98 da Anvisa) indicando qual a
substância é proibida. Entretanto, caso a norma complementar seja revogada, não desaparecerá o
crime.

 APLICAÇÃO DA LEI PENAL


- Lei penal no tempo: art. 2º CP - TEMPU“ REGE áCTU“ , ou seja, a lei pe al o se apli a a fatos
anteriores à sua vigência, assim como não se aplica aos fatos ocorridos após a revogação. Portanto,

2
DIREITO PENAL
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a regra da irretroatividade se aplica tão somente à lei penal mais severa, pois se for para beneficiar
o réu, a lei posterior deverá ser aplicada mesmo que haja sentença penal condenatória transitada
em julgado. Ex: artigo 240 do CP (em vigor até 2005).

VIGÊNCIA DA LEI: só começa a vigorar a partir da determina em seu conteúdo, e na falta desta, em
45 dias após a sua publicação. O espaço compreendido entre a publicação da lei e sua entrada em
vigor denomina-se va atio legis va ia da lei .

 CONFLITOS DE LEIS PENAIS NO TEMPO


Quando duas normas tratarem do mesmo assunto, mas de modo diverso, conflitando entre si,
aplicar-se-à a lei mais benéfica ao acusado.
Hipóteses de conflito:
- Abolitio criminis : o o e ua do a lei ova o i i i a fato que anteriormente era
considerado crime. Desaparece o delito e todos os seus efeitos penais, subsistindo apenas os civis.
(art. 2º CP).
- Novatio legis incriminadora : a nova lei torna típico fato anteriormente não incriminado.
- Novatio legis in mellus : a t. 2º parágrafo único CP. A nova lei que de qualquer forma beneficiar o
réu, será aplicada aos fatos anteriores, ainda que já tenha sentença condenatória transitada em
julgado.
- Novatio legis in pejus : Lei ais seve a ue a a te io . á ui apli a-se a irretroatividade da lei,
porque opera em prejuízo do Réu, o que não é admitido no direito penal.

 Leis temporárias e excepcionais: art. 3º CP. Mesmo cessada a duração aplica-se ao fato praticado
durante a vigência. Exceção: Aqui não se aplica a retroatividade da lei mais benigna, pois perderia
o efeito, porque se o agente soubesse que quando cessada ou finda a vigência, acabaria impune
pela retroatividade.

 TEMPO DO CRIME
É importante estabelecer o tempo do crime para se aplicar a lei penal. Existem três teorias que
indicam qual o tempo do crime:
- Teoria da atividade: momento da ação/omissão, ainda que outro seja o resultado. (Adotada pelo
Código Penal, artigo 4º).
-Teoria do resultado: momento em que houve o resultado.
- Teoria mista ou da ubiquidade: é tanto o momento da ação como do resultado.

 CONFLITO APARENTE DE NORMAS:


Há Conflito Aparente de Normas quando temos um crime, e aparentemente duas ou mais leis
aplicáveis. Quando duas ou mais normas parecem regular o mesmo fato. Diz-se aparente, porque
não existe propriamente um conflito, pois existem princípios que irão regular a norma a ser
aplicável. São eles:

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DIREITO PENAL
PRISCILA SILVEIRA

- Princípio da Subsidiariedade: comprovado o fato principal, afasta se o subsidiário. A norma mais


ampla absorve a menos ampla. Ex: comprovado o roubo, afasta se o furto.
- Princípios da Especialidade: lex specialis derrogat generali . A lei com preceito específico sempre
será aplicada em prejuízo daquela que foi editada para reger condutas de ordem geral. Ex: tráfico
de e to pe e tes, a odalidade "i po ta su st ia e to pe e te ou e desa o do o a lei
e contrabando art. 334CP (importar mercadoria proibida).
- Princípio da Consunção: quando um crime de menor importância é absorvido pelo crime de maior
importância.
- Princípio da Alternatividade : quando o tipo penal prevê mais de uma conduta em seus variados
núcleos. Exemplo: Art. 33 da Lei nº 11343/06- ád ui i , gua da ou t aze o sigo... su st ia
e to pe e te ou…

 LUGAR DO CRIME
Existem três teorias sobre o lugar do crime:
-Teoria da atividade: é aquele em que ocorreu a conduta criminosa.
-Teoria do resultado: aquele em que ocorreu a consumação.
-Teoria mista ou ubiquidade: tanto o local da conduta como do resultado ou onde deveria ocorrer o
resultado (tentativa). (Adotada pelo Código Penal, Art. 6º CP.

QUESTÕES:
1- Quais as fonte do Direito Penal?
2- A lei penal retroagirá?
3- De acordo com o princípio da presunção de inocência, quando o acusado será considerado
culpado?
4- O princípio da insignificância está atrelado apenas ao valor do objeto para a sua aplicação?
5- O que se entende por norma penal em branco?
6- No caso do a olitio i i is , a retirada de um fato considerado criminoso do ordenamento
penal, resultará em causa extintiva da punibilidade, mesmo que tenha havido o trânsito em julgado
da decisão que condenou o Acusado pelo crime em questão?
7- O que resulta a aplicação do princípio da consunção?
8- Qual a teoria adotada para auferir o tempo do crime?
9- O artigo 6º do CP, que dispõe sobre o lugar do crime, se aplica a quais crimes cometidos somente
no território nacional?

 TESTE DO EXAME DA OAB


(OAB/Exame Unificado – . O Art. da Lei . . / 6 Lei A tidrogas diz: I portar,
exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar. Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias- ulta. A alisa do o dispositivo acima, pode-se

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DIREITO PENAL
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perceber que nele não estão inseridas as espécies de drogas não autorizadas ou que se
encontram em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Dessa forma, é correto
afirmar que se trata de uma norma penal
a) em branco homogênea.
b) em branco heterogênea.
c) incompleta (ou secundariamente remetida).
d) em branco inversa (ou ao avesso).

 FATO TÍPICO
Para que se tenha um crime, é necessário a existência de uma conduta (ação/omissão) típica
(definida por lei) e antijurídica (ilícita), que provoca, em regra um resultado.
Elementos:
-CONDUTA: Ação ou omissão (humana), voluntária e consciente, dolosa ou culposa, que objetiva
uma finalidade.
Ação: fazer, comportamento positivo. Crimes comissivos.
Omissão: deixar de fazer algo que a lei determina.
Omissivos próprios: a lei prevê uma abstenção. Pune porque deixou de agir, pouco
importando se houve resultado. Não admite tentativa. Ex: Omissão de socorro, artigo 135 CP.
Omissivos Impróprios ou comissivos por omissão: tinha o dever de agir para evitar o
resultado, mas se omite, respondendo por este se não o evitar. Artigo 13, § 2º CP. Ex: Salva-vidas
contratado pelo clube que te o dever de evitar afogamento e não o faz responde pelo crime que
não evitou.
Voluntária: requisito essencial da conduta, se não houver, será atípica, como acontece no caso ter
agido sob coação moral irresistível.
Consciente: somente atos realizados de forma consciente merecem reprovação penal. Agindo sem
consciência será irrelevante, ou atípica. Ex: A quer se vingar de B e coloca no tempero veneno e a
empregada o coloca na comida vindo B a falecer. A empregada não tinha consciência do que fez
pois desconhecia o fato.
Dolosa: vontade de concretizar um fato ilícito. Intenção. Desejo. Artigo 18, inciso I, CP. O agente
quis o resultado e assumiu o risco de produzi-lo. Espécies de dolo:
Dolo direto: quer produzir um determinado resultado.
Dolo indireto: = Dolo eventual: embora não queira o resultado, assume o risco de produzi-lo.
Dolo alternativo: quer produzir um ou outro resultado.
Culposa: não emprega os devidos cuidados para evitar o fato ilícito. A punibilidade pela forma de
culpa é exceção. Artigo 18, parágrafo único CP.
Elementos: Exige conduta voluntária com resultado involuntário, nexo causal entre ambos, estar
previsto como crime. E ainda, que tenha agido com inobservância ao deve de cuidado (negligência,
imperícia ou imprudência) e que tenha antevisão do resultado (previsibilidade objetiva, que a
pessoa mediana possa prever) (na previsibilidade subjetiva analisa se nas circunstâncias em que o
agente encontrava-se era possível antever o resultado), na ausência torna o fato atípico.
Espécies:

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DIREITO PENAL
PRISCILA SILVEIRA

Culpa consciente: o agente prevê o resultado, não o quer e nem assume o risco, pois acredita
que não ocorrerá. (Danou-se /ái eu Deus . ≠ dolo eve tual: o ue o esultado, as o se
importa com o resultado, assume o risco de produzi-lo ( Dane-se).
Culpa inconsciente: Não prevê, não quer e não assume o risco de produzir o resultado.
Preterdolosa: artigo 19 CP. Chamado de crime agravado ou qualificado pelo resultado. O agente
quer um resultado, mas o resultado vai além. Dolo no antecedente e culpa no consciente. Dolo na
ação e culpa no resultado.
Só responderá pelo crime agravado, se concorrer para ele, ao menos culposamente.

-RESULTADO:
• Resultado jurídico: lesão ou ameaça de lesão a um bem juridicamente tutelado. Adotado
pelo legislador.
• Resultado Naturalístico: transformação que a conduta provoca no mundo exterior. Adotado
pela doutrina.

-NEXO CAUSAL: vínculo entre a conduta e o resultado naturalístico. Assim, esse resultado é efeito
natural da conduta humana, logo não se aplica o vínculo aos crimes formais e de mera conduta,
pois não dependem de resultado.
• Teo ia do exo ausal o ditio si e ua o ou teo ia da e uival ia dos a te ede tes
causais: é considerada causa, toda conduta dolosa ou culposa que contribui para o resultado. A
ação é condição para o resultado.
• Causa Superveniente: ação ocorrida após a conduta do agente. Relativamente independente
de alguma forma ligada, mas alcança resultado por si mesma. Exclui a imputação, quando por si só
produziu o resultado, rompendo o nexo causal.

-TIPICIDADE: adequação de um fato, ou ima conduta a um tipo normativo. Os tipos podem ser
dolosos ou culposos.

ANTIJURIDICIDADE:
Contrário ao ordenamento jurídico. Contradição entre a conduta (típica) e a lei. Todo fato típico
presume-se antijurídico, desde que não haja causas de exclusão da antijuridicidade ou da ilicitude.
As principais causas estão descritas no artigo 23 CP:
- Legítima Defesa: pratica o fato para repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito
próprio ou alheio, usando moderadamente dos meios necessários. Artigo 25CP.
- Estado De Necessidade: pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua
vontade, e nem poderia de outra forma evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício não seria
razoável exigir-se.
- Exercício Regular De Direito: age dentro dos limites permitidos pela lei.
- Estrito Cumprimento Dever Legal: dever legal é obrigação, e se age em razão estritamente do
dever legal, não responde por crime.

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DIREITO PENAL
PRISCILA SILVEIRA

EXCESSO PUNÍVEL: Atribuído a todas as hipóteses de excludentes de ilicitude. Artigo 23,


parágrafo único CP. Quando ultrapassa os limites legais autorizadores da justificativa. Opta por
alcançar um resultado além do necessário. Caso exceda conscientemente, responderá pelo crime a
título de dolo (excesso doloso). Se não tomar o cuidado devido, responde pelo excesso a título de
culpa, se previsto.

Descriminantes Putativas: são excludentes de ilicitude imaginária. O agente age achando que está
acobertado por justificação.(art. 20, §1º CP).

CULPABILIDADE:
Após analisarmos as teorias do crime, encontramos na teoria tripartida a culpabilidade como parte
integrante do crime (FATO TÍPICO+ANTIJURÍDICO E CULPÁVEL), ou seja, para essa teoria, o sujeito
só comete crime se o fato estiver enquadramento legal, ser contrário a lei e que este possa receber
pena, caso contrário para essa teoria o sujeito nada praticou, não houve crime.
Para a teoria bipartida, temos que a culpabilidade É UM PRESSUPOSTO PARA A APLICAÇÃO DA
PENA, e sendo assim, o sujeito comete um fato típico e antijurídico, ocasião em que será verificada
a possibilidade de receber ou não punição, não deixando de existir o crime.
Pela TEORIA NORMATIVA PURA OU TEORIA DA CULPABILIDADE, o dolo e a culpa são relativos a
conduta, e a culpabilidade é obtida através dos seguintes elementos:
-Imputabilidade: o CP só traz a defi iç o de INIMPUTãVEL a t. 26CP , e t o a o t a io se su ,
temos que a imputabilidade é a capacidade do sujeito são e desenvolvido de ao tempo do crime,
entender o caráter ilícito do fato e determinar-se de acordo com esse entendimento, podendo
assim receber pena.
-I i put veis: a tigo 28, aput CP. É ise to de pe a, ue ao te po do i e, e a
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou determinar-se de acordo com esse
e te di e to. Ex luída a pu i ilidade, ise ta o sujeito de pena, mas pode receber medida de
segurança, cuja sentença será absolutória imprópria. Absolve mas impõe tratamento.
-menoridade penal: Artigo 27 CP. A presunção é absoluta, em razão da idade, adotando o
sistema biológico do agente, respondendo se for o caso, por ato infrancional perante a Vara da
Infância e Juventude (ECA L.8069/90 com alterações introduzidas pela Lei 12010/2009).
- Embriaguez Acidental Completa Por Caso Fortuito Ou Força Maior: artigo 28 § 1º CP.
Não basta ter agido sob o estado de embriaguez, tem que ter atuado também sem capacidade de
entendimento, oportunidade que caberá absolvição sem aplicação de Medida de Segurança (Se
sofrer de psicose alcoólica pode ser aplicada MS).
-Potencial Consciência Sobre A Ilicitude Do Fato: é o conhecimento leigo que alguém possui de
que faz algo contrário ao direito. Deve-se provar que o agente não tinha e nem poderia ter
consciência de que fazia algo errado. Se isso ocorrer estaremos diante de ERRO DE PROIBIÇÃO
INEVITÁVEL, que exclui a culpabilidade, artigo 21 CP. Se evitável, apenas reduzirá a pena.
-Exigibilidade De Conduta Diversa: Alguém só pode ser punido, se era exigível conduta diversa
da que adotou. Ou seja, se qualquer pessoa adotaria conduta idêntica no lugar do agente, NÃO
HAVERÁ CULPABILIDADE.

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DIREITO PENAL
PRISCILA SILVEIRA

As escusas absolutórias são causas de exclusão da punibilidade, encontradas na parte especial do


CP, (como por exemplo o artigo 181 CP), que possibilitam a isenção da pena em determinados
crimes.

CONCURSO DE PESSOAS
Também chamado de concurso de delinquentes ou concurso de agentes. É A COLABORAÇÃO
CIENTE E VOLUNTÁRIA DE DUAS OU MAIS PESSOAS NA PRÁTICA DA MESMA INFRAÇÃO PENAL. Há a
decisão comum para o resultado.

REQUISITOS:
- PLURALIDADE DE CONDUTAS E DE AGENTES
- RELEVÂNCIA CAUSAL DAS CONDUTAS
- LIAME SUBJETIVO ENTRE OS AGENTES (contribuição consciente de que ajuda na prática ilícita).
- IDENTIDADE DO CRIME: a infração penal deve ser igual para todos os concorrentes.

Autor: AQUELE QUE REALIZA A CONDUTA PRINCIPAL DESCRITA NO TIPO INCRIMINADOR.

Partícipe: É AQUELE QUE EMBORA NÃO REALIZE A CONDUTA DESCRITA NO TIPO PENAL, CONCORRE
MORAL (induzindo/instigando) e MATERIALMENTE (auxílio material, emprestando carro, objetos,
etc...), para a realização do ilícito. Para que o partícipe possa ser punido, basta que o Autor tenha
praticado fato típico.
Coautoria: PRATICAM COMPORTAMENTO DEFINIDO COMO CRIME, NÃO SENDO NECESSÁRIO QUE
PRATIQUEM A MESMA AÇÃO, BASTANDO QUE CONTRIBUA DE FORMA SIGNIFICATIVA PARA O
RESULTADO COMUM.

NATUREZA JURÍDICA DO CONCURSO DE PESSOAS: O CP em seu artigo 29, adotou a teoria monista
ou unitária de participação punível, onde determina que todos, coautores e partícipes respondam
por um único crime na medida de sua culpabilidade.
EXCEÇÃO: ARTIGO 29, § 2º CP: onde um dos concorrentes queria participar de crime menos grave
do que aquele que acabou sendo cometido pelo outro concorrente.
Pelo CP mandante e autor intelectual não são autores porque não realizam diretamente a conduta
descrita no tipo penal, sendo partícipes. Teoria restritiva.

CIRCUNSTÂNCIA DE CARÁTER PESSOAL


Cada Agente Responderá De Acordo Com Suas Condições (menoridade, reincidência) e
circunstâncias (motivo relevante valor social). Entretanto, as condições que necessariamente fazem
parte do tipo penal para o cometimento do ilícito, cuja ausência excluiria ou alteraria crime, se
comunicam entre os agentes se estes conheciam referidas condições.

Das Penas
O art. 32 do Código Penal dispõe as seguintes espécies de penas:

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DIREITO PENAL
PRISCILA SILVEIRA

I – privativas de liberdade; II – restritivas de direitos; III – multa.

Pena Privativa de Liberdade (PPL)


Espécies: Há três modalidades de penas privativas de liberdade no sistema brasileiro: reclusão,
detenção e prisão simples [as duas primeiras são cominadas a crimes (art. 33 do CP), e a última, a
contravenções penais (art. 5º, inc. I, da LCP – Decreto-Lei n. 3.688/41)].
Regimes penitenciários: De acordo com os arts. 34 a 36, do CP, e arts. 110 a 119 da LEP (Lei de
Execução Penal – Lei n. 7.210/84), são três os regimes penitenciários: fechado, semiaberto e
aberto.

Penas Restritivas de Direitos (PRD)


As Penas Restritivas de Direitos (PRD) são sanções autônomas (caráter de autonomia, previsto no
art. 44 do CP), as quais resultam da substituição de pena privativa de liberdade (caráter de
substitutividade, também previsto no art. 44 do CP). Todavia, se ocorrer descumprimento
injustificado, a PRD converte-se novamente em PPL (conversibilidade em PPL), e, no cálculo da PPL
a executar, deverá ser abatido o tempo cumprido de PRD, respeitado, sempre, um saldo mínimo de
30 dias de detenção ou reclusão (art. 44, § 4º, do CP).
Requisitos
Os requisitos para a substituição estão previstos no art. 44 do Código Penal:
requisitos objetivos: PPL não superior a quatro anos (salvo crime culposo, em que não há
limite);crime praticado sem violência ou grave ameaça a pessoa.
requisitos subjetivos: não-reincidência em crime doloso (segundo o art. 44, § 3º, do CP, todavia,
ainda assim, pode ocorrer a substituição se a medida for recomendável e não tiver ocorrido
reincidência específica – prática do mesmo crime pelo agente);circunstâncias pessoas favoráveis.
Espécies: As modalidades de PRD são: prestação pecuniária; perda de bens e valores; prestação de
serviço à comunidade ou a entidades públicas; interdição temporária de direitos; e limitação de fim
de semana.

-Multa: O sistema adotado é o sistema do dia-multa (art. 49 do CP). Por esse sistema, o juiz deve
fixar primeiro número de dias-multa e, depois, o valor de cada dia-multa, no mínimo, 10 e, no
máximo, 360 dias-multa e o valor do dia-multa –no mínimo 1/30 e, no máximo, 5 vezes o salário
mínimo mensal; dependendo da situação econômica do condenado o juiz pode aumentar esse
valor até o triplo (o parâmetro é a situação econômica do réu).
Pagamento: O pagamento da multa, segundo o art. 50 do CP, deve ser efetuado dentro de 10
dias, depois de transitada em julgado a sentença. A requerimento do condenado, poderá ser
parcelado mensalmente, inclusive, deduzido diretamente do salário ou vencimento do réu. Porém,
o desconto não deve incidir sobre os recursos indispensáveis ao sustento do condenado e de sua
família (art. 50, § 2º, do CP).

QUESTÕES:
1- A legítima defesa exclui qual elemento do crime?

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DIREITO PENAL
PRISCILA SILVEIRA

2- Existe legítima defesa de terceiros? Exemplifique.


3- O que são ofendículos? Podemos afirmar que excluem a ilicitude? Justifique.
4- A embriaguez por caso fortuito ou força maior exclui a culpabilidade? Por que?
5- O que se entende por erro de proibição? O que ocorre se for resistível?
6- As circunstâncias de caráter pessoal se comunicam com o coautor?
7- Quais as espécies de penas privativas de liberdade?
8- Quais os requisitos para que a pena privativa de liberdade possa ser substituída pela pena
restritiva de direitos?
9- Admite-se a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos se o réu for
reincidente?
10- A pena de multa pode ser revertida em prisão? Justifique sua resposta.

TESTE OAB
(2015/Banca: FGV/Exame de Ordem Unificado - XVI - Primeira Fase) Carlos e seu filho de dez anos
caminhavam por uma rua com pouco movimento e bastante escura, já de madrugada, quando são
surpreendidos com a vinda de um cão pitbull na direção deles. Quando o animal iniciou o ataque
contra a criança, Carlos, que estava armado e tinha autorização para assim se encontrar, efetuou
um disparo na direção do cão, que não foi atingido, ricocheteando a bala em uma pedra e
acabando por atingir o dono do animal, Leandro, que chegava correndo em sua busca, pois notou
que ele fugira clandestinamente da casa. A vítima atingida veio a falecer, ficando constatado que
Carlos não teria outro modo de agir para evitar o ataque do cão contra o seu filho, não sendo sua
conduta tachada de descuidada. Diante desse quadro, assinale a opção que apresenta situação
jurídica de Carlos.
a)Carlos atuou em legítima defesa de seu filho, devendo responder, porém, pela morte de Leandro.
b)Carlos atuou em estado de necessidade defensivo, devendo responder, porém, pela morte de
Leandro.
c) Carlos atuou em estado de necessidade e não deve responder pela morte de Leandro.
d)Carlos atuou em estado de necessidade putativo, razão pela qual não deve responder pela morte
de Leandro.

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DIREITO CIVIL
PROF. MARCIO PEREIRA

Parte Geral
Livro I das Pessoas

1. Naturais ou fisicas – todo ser humano com aptidão para adquirir direitos e
obrigações;
2. Juridicas (coletivas);

A aquisição da personalidade civil se dá com o nascimento com vida, teoria adotada


pelo Código Civil – Natalícia.

A extinção da personalidade civil se dá com a morte.

Nascituro não tem personalidade civil, vez que ele não é sujeito de direito, o mesmo
tem apenas uma expectativa de direito.

Nascituro é o ente concebido ainda não nascido.

O nascituro tem direito a vida, alimentos gravídicos para sua manutenção.

É valida a doação para nascituro sendo aceita pelo representante legal,


condicionando assim o seu nascimento com vida art 542 do CC.

A doação feita ao nascituro é um negocio jurídico condicional porque existe a


condição de nascer com vida, logo ela não é eficaz.

Capacidade:

1. Direito – gozo – é a aptidão para dquirir direitos e contrair deveres, bastando nascer
com vida;
2. Fato – exercicio ou de ação – é a aptidão para exercer os atos da vida civil;

Capacidade plena

Quem apenas tem capacidade de direito/gozo tem a capacidade restrita –


denominado como incapaz;

Incapacidade – inaptidão para exercer por si só os atos da vida civil.

A incapacidade pode ser:


a) Absoluta – art 3 do CC – menor de 16 anos;
b) Relativa – art 4 do CC – os maiores de 16 e menores de 18 anos, pródigos, ebrios
habituais, viciado em toxico e pessoas de causa transitoria ou permanente que não
podem exercer a sua vontade propria;

A incapacidade de direito se confunde com a personalidade civil.

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DIREITO CIVIL
PROF. MARCIO PEREIRA

Em nosso direito não há incapacidade de direito apenas de fato.

O absolutamente incapaz não tem vontade, a vontade é substituída pelo seu


representante legal, sendo assim representado.

Se ele pratica o ato sem a devida representação ele é nulo. A vontade deve ser
acompanhada devendo ser assistido.

Se praticar o ato sem a devida assistência o negócio será anulável.

Obs: o menor entre 16 e 18 anos não poderá invocar a sua idade que dolosamente
a ocultou ou se declarou maior para eximir-se de uma obrigação – art 180 do CC –
ninguém poderá se beneficiar da própria torpeza.

Da cessação da incapacidade

1. Desaparecimento da sua causa;


2. Pela emancipação – é a antecipação da capacidade civil.

 Especieis de Emancipação:
1. Voluntária –é aquela concedida pro ambos os pais, desde que o menor tenha no
minimo 16 anos – devendo ser formal por escritura publica – independente de
homologação judicial.
2. Judicial – é aquela concedida pelo juiz desde que completados 16 anos.
3. Legal – é aquela que se dá automaticamente pelos fatos previstos em lei.

Se for comprovado que a emancipação for mediante coação ela será anulada e
continuará sendo irrevogável.

Se ela ér anulável os efeitos são ex nunc – ou seja não retroage.

Na emancipação judicial necessariamente deve ser ouvido o tutor.

O menor não pode requerer a emancipação judicial. Art 5.

Se a mãe não quer emancipar e o pai quer – é necessário ingressar com ação para
obter o suprimento da recusa injustificada da mãe.

A emancipação legal ocorre automaticamente – ex casamento.

O exercício do emprego público é o primeiro dia de trabalho, sendo assim a pessoa


se torna emancipada.

Pelo estabelecimento civil ou comercial ou pela existência de emprego desde que o


menor tenha 16 anos completos e economia própria.

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DIREITO CIVIL
PROF. MARCIO PEREIRA

Extinção da personalidade civil

Se dá com a morte, podendo ser:

a) Real – reconhecida pela via administrativa em cartório – se caracteriza pela


existencia do corpo.
b) Presumida/ficta – reconhecida por via judicial, podendo ocorrer por:
 Decretação de ausência – ocorre quando reconhecer que o agente é ausente,
aquele que desaparece do seu domicilio sem dar noticia do seu paradeiro.
 Sem ausencia – ocorre em 02 casos:
1. Se for extremamente provavel a morte de quem estava em perigo de vida ex:
acidente aereo – tragédia;
2. Se a pessoa desapareceu em campanha ou foi feita prisioneira de guerra e não
for encontrado ao termino da guerra;

Fase de procedimento da ausência:

 Curadoria dos bens do agente;


 Abertura da sucessão temporária – 01 ano á 03 anos
 Abertura da sucessão definitiva - 10 anos;

Após 01 ano da arrecadação dos bens do ausente ou se deixou representante ou


procurador passando 03 anos é possível que os interessados requeiram e declarem
ausência e se abrem a sucessão provisória.
Tendo como interessados cônjuges, herdeiros e etc.

10 anos após o transito em julgado da sentença que concedeu a abertura da


sucessão provisória – poderá requerer a sucessão definitiva.

É considerado presumidamente a partir da 3 fase (10 anos)

Obs: também é possível requerer a abertura da sucessão definitiva se o agente tiver


80 anos de idade e já se passaram 05 anos da sua última notícia.

Direitos da personalidade art 11 e seguintes do cc.

São todos aqueles inerentes a toda e qualquer pessoa humana, honra, privacidade,
liberdade de pensamento religiosa.

Das características dos direitos da personalidade:


1. Intransmissibilidade
2. Irrenunciabilidade
3. Indisponibilidade
4. Impenhorabilidade
5. Inaliabilidade
6. Imprescritibilidade

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DIREITO CIVIL
PROF. MARCIO PEREIRA

7. Oponivel ergaomnes
8. Vitaliciedade
9. Extra patrimonialidade

O pseudônimo goza da mesma proteção que se tem o nome.

O nome sem autorização não é possível usar o nome alheio em propaganda


comercial. Ademais também não é possível usar o nome da pessoa em publicações
que a exponham ao desprezo ainda que não tenha difamação denegatória.

Ninguém pode ser constrangido com risco de vida submeter-se a tratamento médico,
procedimento cirúrgico, ex transfusão de sangue.

Em regra é proibido o ato de exposição do próprio corpo quando acarretar


diminuição permanente da integridade física ou contrair os bons costumes, exceto
quando houver exigência medica – ex: lei de transplante;

Podendo sem a disposição gratuita do próprio corpo ou parte do corpo, para depois
sua morte com o objetivo auto extrincico ou cientifico.

As regras inerentes a personalidade seram compatíveis a pessoa jurídica naquilo


que for compatível

Das pessoas jurídicas:


São entidades dos quais a lei confere personalidade civil.

A pessoa jurídica é criada (constituída) a partir do registro do seu ato constituído.

Obs: o código civil adotou a teoria da realidade técnica, quanto a natureza jurídica
art 40 e seguintes.

Pessoa jurídica não comete crime em regra, haja vista no âmbito penal a PJ ser uma
ficação, salvo nas hipótese de crime ambiental, ordem econômica financeira e
tributária.

Desconsideração da personalidade jurídica:

A PJ não se confunde com os membros que as compõe. Quando houver abuso da


PJ caracterizado pelo desvio da finalidade ou confissão patrimonial o juiz poderá
estender o efeito de certas relações jurídicas do patrimônio pessoal dos sócios ou
administradores da pessoa jurídica.

Não é possível a desconsideração da PJ de oficio, ou seja, o juiz deve ser


provocado ou pela parte ou MP.

O Código Civil, adotou a teoria maior quanto a despersonalização da pessoa


jurídica.

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DIREITO CIVIL
PROF. MARCIO PEREIRA

Teoria da despersonalização inversa da pessoa jurídica:

Na desconsideração inversa ocorre quando se busca o patrimônio que esta em


nome da pessoa jurídica por um ato praticado pelo seu sócio.

Entes despersonalizados – são entidade sem personalidade jurídica mais com


personalidade judiciaria, podem figurar como parte no processo.

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DIREITO CIVL
PROF.MARCIO PEREIRA

Dos negócios jurídicos

É toda manifestação humana de vontade que visa criar, modificar ou extinguir


direitos.

Os negócios jurídicos podem ser:

 Bilaterais – é aquele que se forma pela manifestação de ambas as partes. Ex:


contrato;
 Unilateral – é aquele que para ser constituido depende apenas da vontade de
uma única manifestação de vontade; Ex: Testamento, promessa de pagamento.
A doação quanto à formação só se formará se tiver a aceitação, sendo assim ela
será bilateral.

Quanto ao efeito à doação pura ela é unilateral, pois ela gera efeito apenas para
o doador.

Dica: Reserva Mental – ocorre a reserva mental quando aquele que manifestou
sua vontade reserva para si sua real vontade. É dizer subsistirá a manifestação de vontade
ainda que seu autor tenha feito à reserva mental de não querer o que não manifestou salvo,
se o destinatário conhecia da reserva mental. Art. 110 do CC1.

Interpretação dos negócios jurídicos: os negócios jurídicos devem ser


interpretados conforme a boa fé e os usos do lugar de sua celebração.

Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente. Nas


declarações de vontade se atenderá mais a sua intenção que o sentido literal da linguagem.

Invalidade dos negócios jurídicos:

Negócio jurídico invalido é aquele realizado em desacordo com a lei, podendo


ser

 Absoluta – nulo – o juiz deve reconhecer de oficio;


 Relativa – anulável – o juiz não poderá reconhecer de oficio; apenas pela
parte interessada;
Nulo Anulável
Juiz reconhece de oficio Não poderá ser reconhecida de
oficio
Ação imprescritível – o negócio É possível o convalescimento do
não convalesce NUNCA negocio jurídico

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DIREITO CIVL
PROF.MARCIO PEREIRA

É possível a conversão do Não é possível a conversão do


negócio jurídico art 170 do CC2 negócio jurídico

Convalidar – significa que um negócio nasceu invalido e o mesmo negócio se


torna válido.

O convalescimento do negócio jurídico anulável ocorre de duas formas:

1. Quando o negocio for ratificado (confirmado);


2. Quando o negocio não é impugnado dentro do prazo legal; o prazo depende
da modalidade do negocio que se quer impugnar, é o previsto em lei expressamente para
aquela modalidade. Esse prazo é decadencial;
Quando a lei prevê que o negócio jurídico é anulável porem não prevê prazo
especifico para aquela hipótese, o prazo a ser seguido é o da ação anulatória 02 anos
conforme art 179 do CC.

Art 496 do CC – importante3

Quando o juiz reconhece que o negócio é nulo a sentença tem efeito ex tunc –
retroage a data do negócio.

Se o juiz reconhece que é anulável a sentença tem efeito ex nunc. – não


retroage.

Hipóteses de negócios jurídico NULO art 1664 e 167 do CPC5:

1. Quando praticado pelo absolutamente incapaz – sem ser representado;


2. Quando o objeto ilicito impossivel ou indeterminado;
3. Quando não observada a formalidade prevista em lei;
4. Quando tiver por objetivo fraudar a lei imperativa;
5. Quando o motivo determinante comum a ambas as partes for ilicito;
6. Quando a lei diz expressamente ou proibi a sua pratica sem culminar sanção;
7. Quando for simulado – sendo objetiva relacionada ao objeto do negocio, ou,
subjetiva
Hipóteses de negócio jurídico ANULÁVEL:

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DIREITO CIVL
PROF.MARCIO PEREIRA

1. Quando a lei disser taxativamente;


2. Quando o negocio for praticado por relativamente incapaz sem ser assistido;
3. Quando o negocio sobrevier eivado de vicio ou defeito do negócio juridico;

Dos defeitos e vícios dos negócios jurídicos:

A. Erro – ocorre o erro quando a pessoa se engana sozinha a respeito de uma


circusntancia se ela soubesse não realizaria o negocio; para caracterizar é necessário 03
requisitos cumulativamente;
 Excusável – desculpavel – justificável;
 Substancial – diz respeito as circunstancias relevantes do negócio;
 Real – gerar um efetivo prejuizo;

B. Dolo – é induzir em erro outrem gerando prejuizo a este;


 Principal – diz respeito as circunstancias relevantes do negocio;
 Acidental – é aquele que não diz respeito as circunstancias do negócio; a seu
despeito o negocio seria realizado ainda que não houvesse o dolo, mais como houve o dolo
o negocio foi realizado em circunstancias mais onerosas para a parte.
 Bilateral ou reciproco – quando ambas as partes agem com dolo;
Atenção se o negocio for realizado em razão do dolo acidental este não será
anulável mais haverá indenização por perdas e danos.

C. Coação - A coação (ameaça) é praticada quando uma das partes pressiona a


outra, seja fisicamente ou moralmente para a prática de um negócio jurídico.
 Coação Física:
Acontece quando a vítima fica totalmente impossibilitada expelir a sua vontade
no negócio.
Exemplo: Uma pessoa hipnotizada

 Coação moral
Acontece quando a vítima passa por pressão psicológica para praticar o negócio
jurídico.
Exemplo: Casamento feito por pressão do pai da noiva.

D. Estado de perigo - Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido


de necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra
parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Tratando-se de pessoa não pertencente à
família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstancias. (art. 156 do CC6).
O estado de perigo apresenta dois elementos:
 Elemento objetivo – onerosidade excessiva;

3
DIREITO CIVL
PROF.MARCIO PEREIRA

 Elemento subjetivo – situação de perigo conhecido pela outra parte;

E. Lesão - De acordo com o artigo 1577, ocorre lesão quando uma pessoa, sob
premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente
desproporcional ao valor da prestação oposta.

A lesão apresenta dois elementos:


 Elemento objetivo- Onerosidade excessiva
 Elemento subjetivo - Premente necessidade ou inexperiência

Obs.: Diferentemente do estado de perigo, a lesão não precisa provar o dolo de


aproveitamento (intuito de obter vantagem excessiva da situação do lesado).

F. Fraude contra credores – atuação maliciosa do devedor, em estado de


insolvência ou na iminência de assim torna-se, que dispõe de maneira gratuita ou onerosa o
seu patrimônio, para afastar a possibilidade de responderem o seu patrimônio, para afastar
a possibilidade de responderem os seus bens por obrigações assumidas em momento
anterior à transmissão.

A fraude contra credores apresenta dois elementos:


 O objetivo (evento damni) - É todo ato prejudicial ao credor, não só por
tornar o devedor insolvente ou por ter sido realizado em estado de insolvência, devendo
haver nexo causal entre o ato do devedor e a sua insolvência, que possibilita de garantir a
satisfação do crédito, como também por reduzir a garantia, tornando-a insuficiente para
atender ao crédito.

 O subjetivo ( consilium fraudis é o conluio fraudulento) É a má-fé, a intenção


de prejudicar do devedor ou do devedor aliado a terceiro, ilidindo os efeitos da cobrança.

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DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

Extinção das Obrigações (art. 304 e seguintes)

Duas modalidades de extinção:

1. Cumprimento – forma normal – me comprometi em entregar


um cavalo e entreguei o cavalo, logo houve o cumprimento da
obrigação; pode ser:
 Direto – pagamento – adimplemento – cumprimento
espontâneo da obrigação – pagamento não se confunde com
pagamento em pecúnia, o pagamento é a entrega da coisa. Pagamento
é o cumprimento espontâneo da obrigação normalmente realizado pelo
devedor da forma esperada pelo credor, é possivel um terceirto realizar
o pagamento seja ele interessado ou não, se o terceiro não interessado
em nome à conta do devedor, salvo oposição deste.
Obs.: o pagamento feito por terceiro com oposição do devedor
ou seu desconhecimento não obrigará o reembolso à aquele que pagou
se o devedor tinha meios para ilidir a ação. O pagamento deve ser feito
ao credor;
O credor pode ser:
A. Originário
B. Derivado – Exemplo: sucessão
É válido o pagamento feito ao credor putativo, se o devedor
estava de boa-fé.

Não vale o pagamento feito ao incapaz de dar quitação, salvo


se provar que o pagamento se reverteu em seu benefício.

Em regra o pagamento deve ser efetuado no domicílio do


devedor. Dívida Querable/Quesível – sig pagamento feito no domicílio
do devedor, não se confunde com portable/portável é no domicílio do
credor. Se for imóvel é no local do imóvel.

Comprova-se o pagamento através da quitação que pode ser,


expressa ou tácita.
Expressa – recibo
Tácita – Comportamento comprovando que se quitou a
obrigação;

1
DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

 Indireto – art 334 e ss do CC


A. Pagamento em consignação – é o depósito judicial ou em
estabelecimento bancário feito da quantia devida. Ocorre quando o
credor se recusa a dar quitação, quando está em local incerto e não
sabido, art 335 do CC1.
B. Pagamento com sub-rogação – é a substituição de uma
coisa por outra (real), ou de uma pessoa por outra (pessoal); podendo
ser legal ou convencional;
Legal – art 356 do CC2, quando terceiro paga a obrigação –
Ex.: fiador pagou a dívida do devedor. Ele subroga-se a vir a cobrar em
ação de regresso do devedor o crédito já pago;
Convencional – art 357 do CC3

C.Imputação do pagamento (art 352 e ss)4 – indicar/atribuir,


ocorre quando uma pessoa está obrigada perante outra com dois ou
mais débitos da mesma natureza, débitos estes líquidos e vencidos, e o
devedor tem direito de indicar qual deles ele quer pagar; é um direito do
devedor. Se ele não fizer a indicação, será naquela que venceu em
primeiro lugar (mais antiga); se duas ou mais venceram ao mesmo
tempo será na mais onerosa.

D.Dação em pagamento (art 356 à 359 do CC)5– ocorre


quando o devedor entrega prestação diversa da convencionada, desde
que seja com o consentimento do credor. Se for título de crédito à coisa
dada em pagamento, a transferência importa em cessão, aplicando-se
assim a regra da cessão de crédito.
E. Novação (art 360 a 367 do CC)6 – é a extinção da obrigação
pela criação de uma nova criação; podendo ser :

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DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

 Objetiva – quando o devedor contrai com o credor nova


dívida;
 Subjetiva – pode ser ativa – quando um novo credor substitui
o antigo; passiva – quando o novo devedor substitui o antigo;
Obs: a novação feita sem o consentimento do fiador, leva a sua
exoneração.
Compensação (art 368 a 380 do CC)7– quando duas pessoas
são ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, e a obrigação se
extingue até onde se compensar. Obs: a compensação se dá entre
dívidas liquidas, vencidas e fungíveis;

F. Confusão (art 381 do CC)8 – quando na mesma pessoa se


confundem as qualidades de credor e devedor, extinguindo assim a
obrigação; pode ser em toda dívida (total) ou parte (parcial);
G. Remissão da dívida (art. 385 a 388 do CC)9 - é o
perdão da dívida, deve ser aceito pelo devedor e não pode prejudicar
terceiros;

2. Descumprimento – forma anormal da extinção da obrigação


A.Total (art 389 à 393 do CC)10– inadimplemento é o
descumprimento total da obrigação, também chamado de
descumprimento absoluto; ausência de cumprimento; neste caso cabe
perdas e danos. O devedor responderá com todo seu patrimônio,
responsabilidade patrimonial, exceto bem de família. Salvo em caso
fortuito e força maior.
B.Parcial (art 394 a 401 do CC)11 – mora é o descumprimento
parcial da obrigação, também chamado de descumprimento relativo,
retardado; ocorre a mora quando a obrigação não é cumprida no local,
tempo e forma convencionados.
Pode ser do Credor -

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DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

Pode ser do Devedor – Debitoris

Mora Ex re – decorre da coisa, se dá nas obrigações com


prazos determinados, ela é automática.

Ex persona – depende de constituição em mora – notificação,


interpelação, citação;

Nas obrigações por atos ilícitos considera-se o devedor em


mora desde quando praticou o ato.

Obs: em regra o devedor em mora responderá pela


impossibilidade da obrigação ainda que resultante de caso fortuito ou
força maior, exceto se provar que o dano ocorreria mesmo se a
obrigação fosse oportunamente desempenhada.

Contratos (Art 42112 e ss)

Classificação:

 Unilateral – uma só realiza a prestação, Ex.: doação pura;


 Bilateral/sinalagmático – ambas as partes realizam as
prestações; Ex.: compra e venda, doação onerosa;
Bilateral imperfeito – é aquele que nasce unilateral e se
transforma em bilateral, Ex.: comodato;

Contrato gratuito – é aquele que uma das partes sofre o


sacrifício patrimonial.

Contrato oneroso – quando ambas as partes sofrem o


sacrifício patrimonial.

Contrato de contrato instantânea ou imediata – é aquele


que se executa em um só momento/imediatamente, Ex.: compra e
venda à vista.

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DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

Contrato de execução continuada ou trato sucessivo – se


dá por meio de reiterado/sucessivos atos. Ex.: contrato de locação,
compra e venda parcelada.

Contrato de execução diferida – se dá em um só momento,


momento futuro. Ex.: compra e venda na internet, onde a entrega se
dará alguns dias depois.

Contrato paritário – é aquele em que as partes estão em


igualdade – mesmas condições;

Contrato de adesão – é aquele que uma das partes adere a


cláusulas pré-determinadas pela outra;

Obs. serão nulas cláusulas que estipulem a renúncia


antecipada a natureza do negócio nos contratos de adesão.

Havendo cláusulas ambíguas ou contraditórias no contrato de


adesão será adotada a interpretação mais favorável ao aderente.

Formação do contrato – se dá pelo encontro de duas


vontades, de um lado proponente também chamado de
policitante/ofertante.

Fase de puntuação – é a fase anterior a proposta –


negociações preliminares; nesta fase não há contrato, não há proposta.

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MATÉRIA: DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

CARACTERÍSTICAS DO CASAMENTO

1 – é um ato solene e pessoal;


2 – cria um vínculo entre os noivos;
3 – altera o estado civil dos cônjuges;
4 – surge o parentesco por afinidade;
5 - dependendo do regime de bens, alguém perde a titularidade
exclusiva do seu patrimônio;
6 – não corre prescrição entre os cônjuges

NATUREZA JURÍDICA
Tem natureza privada pois depende da vontade particular das
pessoas, mas, existe o interesse público na constituição da família

CAPACIDADE PARA CASAR


= Idade Núbil = 16 anos, com autorização dos pais ou
emancipação. Art. 1517 – CC.
Motivo injusto 1519 – CC. Art. 1631/CC.
Art. 1.517 - O homem e a mulher com dezesseis anos podem
casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus
representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se
o disposto no parágrafo único do art. 1.631.
Art. 1.518 - Até à celebração do casamento podem os pais,
tutores ou curadores revogar a autorização.
Art. 1.519 - A denegação do consentimento, quando injusta,
pode ser suprida pelo juiz.
Art. 1.520 - Excepcionalmente, será permitido o casamento de
quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição
ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
OBS: quanto aos surdos e mudos não há impedimento para
casar, desde que tenha discernimento do ato.

IMPEDIMENTOS PARA CASAR


1 – NÃO PODEM - Art. 1521/CC1;
Prazos para impedir o casamento:
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o
momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.

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MATÉRIA: DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver


conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a
declará-lo.
2 – NÃO DEVEM – Art. 1523/CC;
Art. 1.523. Não devem casar:
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido,
enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos
herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo
ou ter sido anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da
dissolução da sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou
decidida a partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes,
irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada,
enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as
respectivas contas.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que
não lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I,
III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo,
respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa
tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar
nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

PROCESSO DE HABILITAÇÃO DE CASAMENTO


É o processo que vai habilitar os nubentes ao casamento.
É apresentado um requerimento pelos noivos solicitando o
processo.
Documentos que devem acompanhar o requerimento:
Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento
será firmado por ambos os nubentes, de próprio punho, ou, a seu
pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes
documentos:
I - certidão de nascimento ou documento equivalente;
II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência
legal estiverem, ou ato judicial que a supra;
III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou
não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir impedimento que os
iniba de casar;
IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência
atual dos contraentes e de seus pais, se forem conhecidos;
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MATÉRIA: DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença


declaratória de nulidade ou de anulação de casamento, transitada em
julgado, ou do registro da sentença de divórcio.

Art. 1.526. A habilitação será feita pessoalmente perante o


oficial do Registro Civil, com a audiência do Ministério Público.
Parágrafo único. Caso haja impugnação do oficial, do
Ministério Público ou de terceiro, a habilitação será submetida ao juiz.
*Certidão atualizada (no máximo 60 dias);
*Um documento com foto;
*Autorização dos pais, se necessário;
*Declaração de 2 testemunhas (art. 68 do provimento 32/06-
CGJ).
*Aos pobres é assegurado o casamento e a certidão gratuitos.
*Se houver pacto este será juntado à habilitação;
*Pronta a habilitação, será afixado um edital de proclamas por
15 dias no cartório que moram os nubentes;
*Se o noivo ou a noiva estiver doente, o juiz pode dispensar os
proclamas;
Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial
extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias nas circunscrições
do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se
publicará na imprensa local, se houver.
Parágrafo único. A autoridade competente (o juiz), havendo
urgência, poderá dispensar a publicação.
*Após o prazo de 15 dias, será dado vistas ao MP para o
parecer;
*Depois do MP, o cartório expedirá a certidão de habilitação;
Art. 1.531. Cumpridas as formalidades dos arts. 1.526 e 1.527
e verificada a inexistência de fato obstativo, o oficial do registro extrairá
o certificado de habilitação.
Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a
contar da data em que foi extraído o certificado.

NOME
§ 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu
o sobrenome do outro. (Art.1565)
Art. 55. Quando o declarante não indicar o nome completo, o
oficial lançará adiante do prenome escolhido o nome do pai, e na falta, o
da mãe, se forem conhecidos e não o impedir a condição de
ilegitimidade, salvo reconhecimento no ato.
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MATÉRIA: DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

Parágrafo único. Os oficiais do registro civil não registrarão


prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores. Quando
os pais não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por
escrito o caso, independente da cobrança de quaisquer emolumentos, à
decisão do Juiz competente.

CELEBRAÇÃO DO CASAMENTO
O casamento se realiza no momento que o juiz os declara
casados (1514). A solenidade deve ter portas abertas e duas
testemunhas, se alguém não souber assinar, serão 4. Se em prédio
particular serão 4 testemunhas.
Art. 1.534. A solenidade-se-á na sede do cartório, com toda
publicidade, a portas abertas, presentes pelo menos duas testemunhas,
parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo
a autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.
§1º Quando o casamento for em edifício particular, ficará este
de portas abertas durante o ato.
§2º Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo
anterior e se algum dos contraentes não souber ou não puder escrever.
Art. 1.535. Presentes os contraentes, em pessoa ou por
procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do
registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que
pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o
casamento, nestes termos: “De acordo com a vontade que ambos
acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher,
eu, em nome da lei, vos declaro casados”.

SUSPENSÃO DO CASAMENTO
O casamento será suspenso se algum dos contraentes recusar,
manifestar-se arrependido ou declarar que não é de sua livre e
espontânea vontade. Não pode se retratar no mesmo dia.
Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente
suspensa se algum dos contraentes:
I - recusar a solene afirmação da sua vontade;
II - declarar que esta não é livre e espontânea;
III - manifestar-se arrependido.
Parágrafo único. O nubente que, por algum dos fatos
mencionados neste artigo, der causa à suspensão do ato, não será
admitido a retratar-se no mesmo dia.

CASAMENTO EM CASO DE MOLÉSTIA GRAVE


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MATÉRIA: DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

Art. 1.539 No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o


presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo
urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e
escrever.
§1º A falta ou impedimento da autoridade competente para
presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos
legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc (=PARA O
ATO), nomeado pelo presidente do ato.
§2º O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado
no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas,
ficando arquivado.
A pessoa deve estar consciente (não importa se estiver no
hospital).

CASAMENTO NUNCUPATIVO / IN EXTREMIS / IN


ARTICULO MORTIS
Quando a pessoa está morrendo
Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente
risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba
presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser
celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não
tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.
Art. 1.541.Realizado o casamento, devem as testemunhas
comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez
dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de:
I - que foram convocadas por parte do enfermo;
II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;
III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e
espontaneamente, receber-se por marido e mulher.
§1º Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz
procederá às diligências necessárias para verificar se os contraentes
podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os interessados
que o requererem, dentro em quinze dias. (vai ser mandado pro cartório
para verificar se ele poderia casar – ver estado civil, idade, para ver o
regime de bens que poderá ser adotado)
§2º Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento,
assim o decidirá a autoridade competente, com recurso voluntário às
partes.
§3º Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em
julgado, apesar dos recursos interpostos, o juiz mandará registrá-la no
livro do Registro dos Casamentos.
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MATÉRIA: DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

§4º O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do


casamento, quanto ao estado dos cônjuges, à data da celebração.
§5º Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo
antecedente, se o enfermo convalescer e puder ratificar o casamento na
presença da autoridade competente e do oficial do registro.

CASAMENTO POR PROCURAÇÃO


Art. 1542 – é possível fazer uma procuração pública para
nomear uma pessoa a casar no meu lugar.
Art. 1.542 - O casamento pode celebrar-se mediante
procuração, por instrumento público, com poderes especiais.
§ 1o A revogação do mandato não necessita chegar ao
conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o
mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação,
responderá o mandante por perdas e danos.
§ 2o O nubente que não estiver em iminente risco de vida
poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo.
§ 3o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias.
§ 4o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato.

CASAMENTO CONSULAR – é o casamento realizado por


brasileiros no exterior, perante autoridade consular brasileira.

CASAMENTO DE ESTRANGEIROS – é permitido no Brasil.


Se possuir permanência legal no país, pode casar aqui, com uma
brasileira, ou com outra estrangeira. Continuam solteiros no exterior/na
cidade natal deles e casados aqui no Brasil.
www.portalconsular.mre.gov.br

CASAMENTO DE PESSOAS DO MESMO SEXO – Não existe


legislação específica, porém existe a resolução 175 do CNJ de 14-05-
2013, que proíbe os cartórios de recusarem pedidos de casamento de
homossexuais.

CASAMENTO RELIGIOSO COM EFEITOS CIVIS

Art. 1.514 - O casamento religioso, que atender às exigências


da lei para a validade do casamento civil, equipara-se a este, desde que
registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua
celebração.
Há duas maneiras de fazer isso.
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MATÉRIA: DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

Após casamento na igreja, há o prazo de 90 dias para casar no


civil. Levo a certidão de casamento religioso no civil e declaro qual
regime quero.
Se eu fiz habilitação mas casei na Igreja antes, devo
apresentar dentro dos 90 dias, a contar da data da certidão de
habilitação, a certidão de casamento da Igreja.

REGIME DE BENS
É o Estatuto que regula as relações patrimoniais entre os
cônjuges e terceiros. Se os cônjuges optarem por nenhum regime, será
atribuído o regime Legal (Parcial).

Características:
1- VARIEDADE DE REGIMES PRÉ-ESTABELECIDOS (a lei
oferece alguns regimes de bens);
2- LIBERDADE CONVENCIONAL;
3- MUTABILIDADE CONTROLADA (hoje os cônjuges podem
pedir para o Juiz, para durante o casamento, mudar o regime de bens
do casamento);

Enunciado 113 do CEJ (Centro de Estudos Judiciários da


Justiça Federal) “Exige-se ampla publicidade e necessária apuração de
existência de dívidas para alteração do regime de bens”;

Enunciado 260 do CEJ “É possível alterar o regime de bens


de casamentos realizados durante a legislação anterior”;
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o
casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.
§ 1o O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar
desde a data do casamento.
§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante
autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges
motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões e
ressalvados os direitos de terceiros.
Art. 1.630.Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou
ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da
comunhão parcial.
Parágrafo único. Poderão os nubentes, no processo de
habilitação, optar por qualquer dos regimes que este código regula.
Quanto à forma, reduzir-se-á a termo a opção pela comunhão parcial,

7
MATÉRIA: DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

fazendo-se o pacto antenupcial por escritura pública, nas demais


escolhas.

SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DE BENS


Não há pacto.
Art. 1.641.É obrigatório o regime da separação de bens no
casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das
causas suspensivas (1523) da celebração do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos;
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento
judicial. (VER 1519, 1517 E 1520).
Enunciado 262 do CEJ “Pode alterar o regime da separação
obrigatória de bens, nas hipóteses do inciso I e III, desde que superada
a causa”.
É permitido um cônjuge realizar doações ao outro.
Enunciado 261 do CEJ “A obrigatoriedade do regime de
separação de bens não se aplica à pessoa maior de 70 anos quando o
casamento for precedido de união estável, iniciada antes desta idade”.
Súmula 377 do STF “No regime de separação legal de bens,
comunicam-se os adquiridos na constância do casamento”.
INTERPRETAÇÃO DA SÚMULA: comunicam-se os adquiridos
pelo esforço comum (conjugação de esforços do casal).
INTERPRETAÇÃO DO ESFORÇO COMUM: presume-se o
esforço comum independente de prova, ocorrendo naturalmente pelo
casamento.

PACTO ANTENUPCIAL
É realizado por escritura pública e seus efeitos começam a
valer depois do casamento.
Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por
escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento.
No pacto permite fazer doações ao outro cônjuge. Tornando
este bem incomunicável.
Art. 1.668. São excluídos da comunhão: IV - as doações
antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de
incomunicabilidade;

PROIBIÇÃO DO PACTO ANTENUPCIAL


CLÁUSULAS QUE AFRONTAM A LEI

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MATÉRIA: DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

A única vedação de cláusulas do Pacto é quando existe afronta


à lei (artigo 1655).
Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que
contravenha disposição absoluta de lei.
Art. 167 e 244 da Lei de registros públicos

COMUNHÃO PARCIAL DE BENS


É o regime de bens onde são incomunicáveis os bens
anteriores à união e qualquer bem recebido por um dos consortes,
mesmo durante o casamento, por doação ou herança, ou tão pouco, se
comunicam os bens que nestes se sub-rogarem.
Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os
bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as
exceções dos artigos seguintes.
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe
sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e
os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente
pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão
em proveito do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de
profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas
semelhantes.
Súmula 251 – STJ - “A meação só responde pelo ato ilícito
quando o credor, na execução fiscal, provar que o enriquecimento dele
resultante, aproveitou o casal”
Art. 1659 , Inciso V - Para Aspire tratam-se de bens de caráter
personalíssimo ou atributos da própria pessoa, como a sua roupa,
correspondência, títulos, recordações de família e aqueles utilizados em
sua atividade profissional, desde que não tenham um valor considerável.
AQUISIÇÃO COM CAUSA ANTERIOR –
Art. 1661 CC - São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver
por título uma causa anterior ao casamento.
Se você recebe uma quantia advinda de um processo com data
anterior ao casamento, o valor recebido por esta causa não se
comunica.
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MATÉRIA: DIREITO CIVIL
PROF.: MARCIO PEREIRA

SOBRE BENS MÓVEIS


Art. 1.662 - No regime da comunhão parcial, presumem-se
adquiridos na constância do casamento os bens móveis, quando não se
provar que o foram em data anterior.

ADMINISTRAÇÃO DO PATRIMÔNIO E DÍVIDAS DOS


CÔNJUGES
Ambos os consortes são responsáveis pelos débitos
destinados à manutenção da família, independente do regime de bens.
Art. 1.643. Podem os cônjuges, independentemente de
autorização um do outro:
I - comprar, ainda a crédito, as coisas necessárias à economia
doméstica;
II - obter, por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas
coisas possa exigir.
Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo
antecedente obrigam solidariamente ambos os cônjuges.

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DIREITO PENAL
PRISCILA SILVEIRA

 INSTITUTOS RELATIVOS À PENA:

-Remição
O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir parte do
tempo de execução da pena pelo trabalho (art. 126, caput, da LEP). Contagem do tempo: para
cada 3 (três) dias de trabalho o preso irá remir 1 (um) dia de pena (art. 126, § 1º, inciso II da
LEP).
Pelo estudo, 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar - atividade de
ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de requalificação
profissional - divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; ( art. 126, § 1º, inciso I da LEP – Súmula n.
1 do “TJ, p ev ue a f e u ia a u so de e si o fo al ausa de e ição de pa te do
te po de exe ução de pe a so egi e fe hado ou se ia e to ).

-Detração penal: É o abatimento do tempo de pena que o réu cumpriu provisoriamente, no


Brasil ou no estrangeiro, feito sobre a pena privativa de liberdade ou medida de
segurança.(art.42 CP).

- Sursis (suspensão condicional da pena)


Tem previsão no art. 77 e seguintes do CP; tem aplicação quando, em um processo em
andamento, o juiz sentencia, condena o réu à pena menor ou igual a dois anos e, presentes os
requisitos, impõe o sursis [trata-se de modalidade de execução de pena, sendo concedido
diante de sentença condenatória; se cumpridas as condições impostas, sem revogação,
considera-se extinta a pena privativa de liberdade (art. 82, CP), e, se o réu cometer novo crime,
será considerado reincidente].

- Progressão de regime: Consoante dispõe o art. 112 da LEP, a pena privativa de liberdade será
cumprida na forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso. Para a
progressão basta o atendimento de dois requisitos: cumprimento de ao menos 1/6 da pena no
regime anterior e bom comportamento carcerário (comprovado pelo diretor do
estabelecimento), devendo a decisão ser motivada e precedida de manifestação do MP e do
defensor.
Lei n. 8.072/90 – Lei dos Crimes Hediondos – aqui a pena será cumprida inicialmente em regime
fechado e a progressão dar-se-á após o cumprimento de 2/5 da pena (para o condenado
primário) e de 3/5 da pena (para o condenado reincidente).
Crimes contra a administração pública – O condenado por crime contra a administração pública
terá a progressão de regime condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do
produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais (art. 33, § 4º do CP).

1
DIREITO PENAL
PRISCILA SILVEIRA

-Livramento condicional
Trata-se de verdadeira antecipação da liberdade, visando à reinserção social, mediante certas
condições, conferida ao condenado que já cumpriu parte da pena imposta. Dessa maneira, o
beneficiário deverá demonstrar que detém condições para viver em liberdade. É uma forma
especial de execução da pena privativa de liberdade. Se até o término do período, o livramento
não for revogado, será extinta a pena privativa de liberdade (art. 90 do CP).

 Extinção de Punibilidade
Punibilidade nada mais é que a possibilidade jurídica de o Estado impor pena ao autor culpável
de um crime. Muitas vezes, porém, tal não ocorre. Diante de causa extintiva da punibilidade, o
Estado estará impedido de desempenhar seu papel de repressão à prática delitiva. Podemos
conceituar causa extintiva de punibilidade como aquela que extingue o direito de punir estatal,
impedindo a imposição de pena. E extinção de punibilidade como a perda, por parte do Estado,
do exercício do poder-dever de punir.

-Causas extintivas de punibilidade


As causas extintivas de punibilidade estão listadas no art. 107 do CP. Trata-se de rol meramente
exemplificativo (numerus apertus), isso porque há outras causas fora desse dispositivo.
As hipóteses mais importantes estão contidas no art. 107 do Código Penal.
Prescrição: É a perda do poder-dever de punir do Estado pelo decurso do tempo. Trata-se de
instituto de direito material e causa de extinção da punibilidade. Há crimes, porém,
considerados imprescritíveis: o racismo (art. 5º, XLII, da CF) e ação de grupo armado, civil ou
militar, contra a ordem constitucional ou o Estado Democrático de Direito (art. 5º, XLIV, da CF).
A prescrição pode ocorrer antes do trânsito em julgado da sentença (prescrição da pretensão
punitiva) ou após o trânsito em julgado (prescrição da pretensão executória).
Decadência – art. 103 do CP: Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do
direito de queixa ou de representação se não o exercer dentro do prazo de 6 meses, contado
do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, em se tratando de ação penal privada
subsidiaria da pública, do dia em que se esgota o prazo para manifestação do MP.
Perempção – art. 60 do CP:É a perda do direito de prosseguir na ação penal
exclusivamente privada em razão de desídia do querelante.

QUESTÕES:
1- O que é remição?
2- Se o reeducando concluir o ensino médio no curso do cumprimento de sua pena, haverá
remição?
3- O que se entende por detração?
4- Quais os requisitos do sursis?

2
DIREITO PENAL
PRISCILA SILVEIRA

5- Quais as espécie
s de suspensão condicional da pena?
6- No caso de suspensão condicional do processo, se o reeducando cumpra as condições
impostas, o que ocorrerá com a pena?
7- Quais as diferenças entre progressão de regime e livramento condicional?
8- É possível progressão de regime e livramento condicional aos crimes hediondos?
9- Quais as causas extintivas de punibilidade elencadas no rol do artigo 107 do CP?
10- Quais as espécies de prescrição?

TESTE OAB
(2015/ Banca: FGV/ Órgão: OAB/Prova: Exame de Ordem Unificado - XVII - Primeira Fase)
Marcus foi definitivamente condenado pela prática de um crime de roubo simples à pena
privativa de liberdade de quatro anos de reclusão e multa de dez dias. Apesar de reincidente,
em razão de condenação definitiva pretérita pelo delito de furto, Marcus confessou a prática
do delito, razão pela qual sua pena foi fixada no mínimo legal. Após cumprimento de
determinado período de sanção penal, pretende o apenado obter o benefício do livramento
condicional. Considerando o crime praticado e a hipótese narrada, é correto afirmar que
a)Marcus não faz jus ao livramento condicional, pois condenado por crime doloso praticado
com violência ou grave ameaça à pessoa.
b)O livramento condicional pode ser concedido pelo juiz da condenação logo quando proferida
sentença condenatória.
c)Não é cabível livramento condicional para Marcus, tendo em vista que é condenado
reincidente em crime doloso.
d)Ainda que praticada falta grave, Marcus não terá o seu prazo de contagem para concessão do
livramento condicional interrompido.

3
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

A nova legislação tributária é aplicável aos fatos futuros e aos pendentes, mas
não aos passados (princípio da irretroatividade). No entanto, há 02 (duas) exceções:

a) A LEI EXPRESSAMENTE INTERPRETATIVA RETROAGE, mas não para aplicar


penalidade em relação aos dispositivos interpretados.
Ex: o art. 3º da LC nº 118/05.

b) RETROATIVIDADE BENIGNA OU FAVORÁVEL: a legislação mais favorável ao


infrator retroage. Isso significa que multa favorável retroage, mas tributo não.

Ex: Uma nova lei reduz a alíquota do imposto de 20% para 10% e o percentual
de multa de 100% para 50%. Assim, em relação aos fatos passados, aplica-se 20% de
alíquota, mas 50% de multa. No entanto, essa retroatividade não é tão ampla quanto a
do Direito Penal, pois só alcança os atos ainda não definitivamente julgados. A
definitividade, segundo a doutrina e a jurisprudência, se dá em âmbito judicial (é a
coisa julgada).

INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Interpretar é compreender o sentido da legislação. Atividade típica do aplicador,


em especial, do juiz. Porém, às vezes o legislador busca direcionar a interpretação por
meio de regras. Existem 02 (duas) em Direito Tributário:

1) BENIGNA OU FAVORÁVEL: em caso de dúvida, interpreta-se a legislação mais


favoravelmente ao infrator. É o “in dubio pro reu” tributário.

2) LITERAL: devem ser interpretados literalmente os dispositivos sobre:


a) Exclusão ou suspensão de crédito tributário;
b) Concessão ou outorga de isenção; e
c) Dispensa do cumprimento de obrigações acessórias.

Interpretar literalmente significa restritivamente. Ex: se a lei concede isenção


para carros a álcool, pela interpretação literal não são isentos os veículos
bicombustíveis.

1
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

INTEGRAÇÃO
Integrar é preencher lacuna. É dizer o Direito, no caso concreto, na ausência de
norma geral. No Direito Tributário, o aplicador deve utilizar os seguintes meio de
integração, na seguinte ordem:

a) ANALOGIA: é aplicar a uma situação a legislação relativa a uma situação


similar. Porém, da analogia não se pode exigir tributo.

Ex: Se a lei fixa uma alíquota para vagões de trem, essa alíquota não pode ser
utilizada para exigir tributo sobre vagões de Metrô.

b) PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO: não-confisco, capacidade


contributiva, irretroatividade, etc.

c) PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO PÚBLICO: moralidade, supremacia do


interesse público, inafastabilidade de jurisdição, etc.

d) EQUIDADE: Há vários conceitos de equidade, dentre os quais o abrandamento


da lei ao caso concreto. Em razão desse conceito, expressamente o CTN proíbe
dispensar tributo devido com base em equidade (art. 108, §2º).

Ex: Um IPTU de R$ 30.000,00 sobre uma mansão nos Jardins, mas único bem
recebido por herança por uma senhora com dois salários mínimos, não pode ser
dispensado.

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Direito Tributário é direito obrigacional e suas obrigações são de 2 tipos:

1) PRINCIPAL: corresponde ao dever de dar dinheiro. Assim, não só o tributo,


mas também a multa, é obrigação principal. Essa obrigação decorre de lei.

2) ACESSÓRIA: corresponde aos deveres de fazer ou não-fazer no interesse da


arrecadação ou fiscalização tributárias. Essa obrigação decorre da legislação, ou seja,
pode ser imposta por ato infralegal (ex: Decreto, Portaria, Resolução, etc.).

Ex: Preencher uma declaração (obrigação de fazer), não rasurar livros fiscais
(obrigação de não-fazer).

2
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

Observação: o descumprimento de obrigação acessória converte-se em principal.

SUJEITO PASSIVO: é de 2 tipos:

a) CONTRIBUINTE: é quem tem relação pessoal e direta com o FG. Também é


chamado de sujeito passivo direto;

b) RESPONSÁVEL: também tem relação com o FG, mas indiretamente. É


chamado de sujeito passivo indireto. A condição de responsável sempre decorre de lei.

Ex: Um vizinho não pode ser eleito pela lei como responsável pelo pagamento
do IPTU do outro vizinho porque não tem nenhuma relação com esse fato.

Ex: Uma pessoa física, quando paga o serviço prestado por um autônomo, tem
relação indireta com o fato de o autônomo auferir renda, mas não tem responsabilidade
pelo IR por ausência de previsão legal.

Ex: Já a pessoa jurídica tem que reter o IR porque assim determina a lei, e, nessa
condição, é responsável.

CONVENÇÕES PARTICULARES

SDLC, as convenções particulares não alteram sujeição passiva.

Ex: A lei municipal estabelece como sujeito passivo do IPTU apenas o


proprietário (contribuinte). Num contrato de aluguel está estipulado o dever de o
locatário pagar o IPTU. O contrato é válido, mas seus efeitos se dão entre as partes. Se
o locatário não pagar, o proprietário não poderá se opor à cobrança municipal com
base no contrato e nem o Município poderá cobrar o locatário. Trata-se do princípio
da inoponibilidade das convenções particulares à Fazenda Pública (art. 123, CTN).

SOLIDARIEDADE

Para haver solidariedade, é necessário que 2 ou mais pessoas figurem, ao


mesmo tempo, no mesmo lado da obrigação jurídica.

Isso não ocorre no lado ativo e, assim, não há solidariedade ativa. Contudo, há 2
hipóteses de solidariedade passiva:

3
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

1) INTERESSE COMUM COM O FG: os co-proprietários de um imóvel urbano são


devedores solidários do IPTU.

2) POR EXPRESSA DETERMINAÇÃO LEGAL. Ex: A Lei do ICMS impõe ao


transportador desacompanhado de documento fiscal a condição de devedor solidário
com o comerciante que deixou de recolher o imposto.

EFEITOS DA SOLIDARIEDADE

Salvo disposição de lei em contrário, há 3 efeitos:

1) O pagamento feito por um aproveita a todos;


2) A interrupção da prescrição em relação a um afeta a todos (tanto para
favorecer quanto para prejudicar);
3) A remissão ou isenção dada a um aproveita a todos, salvo se concedida em
caráter pessoal, subsistindo a solidariedade quanto aos demais pelo saldo.

ISENÇÃO OBJETIVA: quando a lei considera apenas um aspecto do FG para


conferir a isenção. Ex: A lei concede isenção de IPTU para imóveis da Zona Leste.
Assim, os co-proprietários de um imóvel da Zona Leste aproveitam a isenção.

ISENÇÃO SUBJETIVA: quando a lei considera um ou mais aspectos pessoais do


contribuinte para conferir a isenção. Por isso, tem caráter pessoal. Ex: Uma lei
concede isenção de IPTU para os maiores de 70 anos. Um imóvel de três co-
proprietários, sendo um maior de 70 anos. Como a isenção tem caráter pessoal ou
subjetivo, se exclui a parte da pessoa isenta e, o que sobra de imposto, é devido
solidariamente pelos outros dois co-proprietários.

ISENÇÃO MISTA: ocorre quando a lei considera tanto um aspecto do FG quanto


um aspecto pessoal do contribuinte para conceder a isenção. Ex: Uma lei estipula que
estão isentos de IPVA os automóveis movidos a álcool dos deficientes físicos.

LANÇAMENTO1
Qual é a natureza jurídica do lançamento? Se não me engano, há 3 correntes: a) declaratória; b) constitutiva; e c) declaratória-constitutiva. Se não
me engano, prevalece a terceira corrente.

4
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

(ART. 142, CTN)

CONCEITO: É atividade administrativa privativa e vinculada que constitui o crédito ao


declarar a obrigação. Por meio dela, a autoridade verifica a ocorrência do fato,
identifica o sujeito passivo, determina a matéria tributável, quantifica o tributo e, se for
o caso, propõe penalidade.

Exemplo: Trabalhei e recebi (FG do IR). Nasceu a obrigação tributária de pagar


o imposto, mas não foi pago. Até esse momento, a Fazenda Pública não tem como me
cobrar por ausência de crédito. Para isso, é necessário que uma autoridade fiscal
formalize a exigência. É isso que se denomina lançamento.

Modernamente se entende que o sujeito passivo também pode constituir o


crédito tributário contra si mesmo. É o chamado autolançamento. É por isso que ao
entregar uma declaração de rendas e não pagar o IR, o Fisco pode cobrar sem precisar
lançar (Súmula 436, STJ).

É posição dominante que a autoridade judiciária não constitui o crédito. Assim,


uma decisão judicial favorável ao Fisco, mas sem o lançamento, nem autolançamento,
não é executável.

O depósito judicial é considerado autolançamento. No caso de vitória do Fisco,


converte-se a favor dele.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO LANÇAMENTO

No caso de sanções, aplica-se a mais favorável entre o fato e o lançamento.


No caso de tributos, aplica-se a legislação vigente à época do FG, ainda que
posteriormente modificada ou revogada.
Novos poderes de investigação são aplicados imediatamente.

MODALIDADES DE LANÇAMENTO

1) Lançamento Misto ou por Declaração: é o realizado pela autoridade com base em


informações sobre matéria de fato prestadas pelo sujeito passivo ou por terceiros.

2) Lançamento por Homologação ou Autolançamento (art. 150, CTN): é aquele em


que há o dever do sujeito passivo pagar antes de qualquer procedimento da
Administração. É por isso que até o IR é por homologação. O pagamento antecipado
extingue o crédito tributário sob condição resolutória da homologação. A
homologação é a atividade da autoridade de confirmar a correção do pagamento.

A homologação pode ser: (i) expressa; ou (ii) tácita (por decurso de prazo).

5
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

SDLC, o prazo é de 5 (cinco) anos contados do FG, exceto no caso de dolo,


fraude ou simulação, que cai na regra geral de decadência (a regra geral será explicada
mais adiante).

3) Lançamento de Ofício Direto ou Unilateral: é o realizado pela autoridade


independentemente da participação de terceiros.

As hipóteses previstas no art. 149, CTN, podem ser resumidas a três:

a) Por expressa determinação legal. Ex: IPTU;


b) Para constituir sanções punitivas; ou
c) Como forma suplementar das demais modalidades (no caso de erro ou
omissão do sujeito passivo ou da autoridade).

SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

São hipóteses que impedem a cobrança do crédito tributário porque suspendem


a sua exigibilidade.

A suspensão, porém, não dispensa cumprimento de obrigação acessória. Assim,


um sujeito que obteve uma liminar para não pagar IR, continua obrigado a apresentar a
declaração.

SUSPENDEM A EXIGIBILIDADE
(MODERECOPA)

1.1) A moratória;
1.2) Depósito do montante integral (autolançamento);
1.3) Reclamações e recursos nos termos da lei que regula o processo
administrativo-fiscal;
1.4) Liminar em Mandado de Segurança;
1.5) Liminares e tutelas antecipadas nas demais ações judiciais; e
1.6) Parcelamento.

1) MORATÓRIA: Não é perdão de dívida. É apenas dilação de prazo para pagar,


sem juros. É uma modalidade normalmente instituída no caso de calamidade pública,
mas, mesmo assim, não gera direito adquirido. Desse modo, descumpridos os
requisitos da moratória, o tributo e juros serão cobrados.

No caso de dolo, fraude ou simulação, também se cobra a multa.

6
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

Exemplo: por causa de um tsunami em Santos, foi concedida a moratória, mas


no dia anterior um sujeito foi autuado por fraudar NF´s. Mesmo sem poder ir ao
banco, os juros continuam a fluir.

6) PARCELAMENTO: diferencia-se da moratória porque juros e multa podem ser


cobrados. O parcelamento é uma “espécie de refinanciamento da dívida tributária”.
Aplicam-se subsidiariamente ao parcelamento, as regras da moratória.

2) DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL (AUTOLANÇAMENTO): Pode ser


realizado no âmbito administrativo ou judicial. É mais comum o judicial, uma vez que
o recurso administrativo já suspende a exigibilidade, enquanto a mera propositura da
ação judicial não suspende.

O depósito não é condição da ação. É direito subjetivo do particular. A Fazenda


não deve contestar a sua realização e muito menos o juiz negar.

O depósito deve ser integral e em dinheiro. Assim, depósitos em títulos


públicos, pedras preciosas, fiança bancária, etc, não suspendem a exigibilidade. O
depósito, segundo o STJ, só pode ser levantado pelo particular no trânsito em julgado
a seu favor.

3) RECLAMAÇÕES E RECURSOS ADMINISTRATIVOS: Segundo o STF, as


reclamações e os recursos não podem ser condicionados. O STF declarou
inconstitucional, por violar o contraditório e a ampla defesa, o depósito administrativo
como condição ao recurso de segunda instância. Isso consta na Súmula 373, STJ 2 e na
Súmula Vinculante nº 21, STF3.

4 e 5) LIMINARES E TUTELAS ANTECIPADAS: Literalmente, são as únicas


decisões judiciais que suspendem exigibilidade, mas é pacífico na doutrina e na
jurisprudência que algumas outras decisões também suspendem, tais como:

a) Decisão em Agravo;
b) Decisão de primeiro e segundo graus em MS;
c) Decisão de segundo grau nas ações de conhecimento.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

É decadencial o prazo para lançar (constituir o crédito), enquanto é prescricional


o prazo para cobrar o crédito já constituído.

Súmula 373, STJ: É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo.

SV 21, STF: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

7
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

Segundo o STF, prescrição e decadência devem ser disciplinadas por norma


geral e, portanto, é tema reservado à LC federal.

O STF considera inconstitucionais as leis das pessoas políticas que disciplinam


prescrição e decadência de seus tributos.

Exemplo: SV nº 8, STF: São inconstitucionais o parágrafo único do art. 5º do


Decreto-lei nº 1.569/1977 e os arts. 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de
prescrição e decadência de crédito tributário.

DECADÊNCIA

O prazo é de 5 (cinco) anos, mas seu início se submete a 4 (quatro) regras:

a) REGRA ESPECIAL PARA O LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO: A decadência


se confunde com o próprio prazo para homologar e, portanto, se inicia na
data do FG, exceto no caso de dolo, fraude ou simulação, que caem na regra
geral.

b) REGRA GERAL: é aplicável às demais modalidades de lançamento. A


decadência se inicia no 1º (primeiro) dia do exercício seguinte àquele em que
o lançamento poderia ter sido realizado.

c) REGRA DA ANTECIPAÇÃO: o início do prazo se antecipa para a data da 1ª


(primeira) medida indispensável ao lançamento.

d) REGRA DA INTERRUPÇÃO: o prazo se reinicia na data em que se tornar


definitiva a decisão que anular o lançamento por vício formal.

Exemplo: Um vício material, como um erro de alíquota, não devolve o prazo


ao Fisco.

O novo lançamento, com base na quarta regra, só tem a finalidade de sanar o


vício formal. Não pode inovar o conteúdo para prejudicar o sujeito passivo.

EXEMPLO QUE ABRANGE AS 4 (QUATRO) REGRAS

O FG do IR 2007 ocorreu em 31.12.2007. O pagamento foi realizado em Abril


de 2008, que é o prazo legal. Como se trata de lançamento por homologação, aplica-se
a 1ª (primeira) regra. Assim, o Fisco terá até 31.12.2012 para lançar eventual
diferença. No entanto, o pagamento foi feito a menor porque o contribuinte fraudou
sua declaração. Assim, não cabe a 1ª (primeira) regra. Pela 2ª (segunda) regra, como o
lançamento já poderia ter sido realizado a partir de Maio de 2008, a decadência se
inicia em 01.01.2009, que é o ano seguinte. A autoridade intimou em 30.09.2008 o

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DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

contribuinte para prestar esclarecimentos. Assim, pela 3ª (terceira) regra, o início se


antecipa para essa data, e o lançamento deverá ser concluído até 30.09.2013. O
lançamento foi definitivamente anulado em 20.08.2012 porque o fiscal esqueceu de
consignar sua matrícula na notificação. Como se trata de vício formal, pela 4ª (quarta)
regra, o Fisco recupera o prazo e terá até 20.08.2017 para realizar novo lançamento
saneando o vício.

PRESCRIÇÃO

O prazo também é de 5 (cinco) anos e se inicia na data da constituição definitiva


do crédito tributário.

Para alguns, essa data é a do lançamento. Para outros, é a data da decisão


administrativa de que não caiba mais recurso com efeito suspensivo. As 2 (duas)
posições são razoáveis e têm o mesmo efeito prático, pois, entre o lançamento e a
decisão, a prescrição está suspensa.

Está errada a posição de que essa data é a da inscrição em dívida ativa.

A prescrição é suspensa nas mesmas hipóteses de suspensão da exigibilidade,


exceto a moratória (DERECOPA)4.

Ela se interrompe (art. 174, CTN):

1) Pelo despacho do juiz que determinar a citação em execução fiscal;


2) Pelo protesto judicial;
3) Por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
4) Por qualquer ato inequívoco do devedor, mesmo extrajudicial, que reconheça
a dívida.

Exemplos: os pedidos em geral, como de parcelamento, de compensação,


etc.

EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

São modalidades de exclusão:

1) Isenção; e
2) Anistia.

ISENÇÃO

Art. 2º, §3º, LEF: A inscrição em dívida ativa suspende a prescrição pelo prazo de 180 dias ou até a distribuição da execução se essa ocorrer antes.

9
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

A isenção sempre aponta para o futuro e nisso se diferencia da remissão, que


aponta para o passado.

Exemplo: Uma lei publicada em 2012 que dispensa o IPTU 2011 é de remissão,
enquanto a que dispensa o IPTU 2013 é de isenção.

Na isenção o tributo é criado, mas uma regra especial suprime a incidência.


Assim, a isenção é sempre expressa.

CLASSIFICAÇÃO DAS ISENÇÕES E DAS IMUNIDADES

1) PESSOAIS OU SUBJETIVAS: quando a lei leva em consideração um aspecto do


contribuinte.

Exemplo: são isentos de IPVA os deficientes físicos.

2) REAIS OU OBJETIVAS: quando a lei leva em consideração um aspecto do FG


independentemente do contribuinte.

Exemplo: são isentos de IPVA os automóveis movidos a álcool.

3) MISTAS: quando a lei leva em consideração os 2 (dois) tipos de aspectos:


Exemplo: São isentos de IPVA os automóveis a álcool dos deficientes
físicos.

DIREITO ADQUIRIDO

A isenção concedida por prazo certo e sob condição onerosa não pode ser
revogada. Na verdade, a lei pode ser revogada, mas aquele que cumpriu as condições
tem direito adquirido à isenção pelo resto do prazo.

Exemplo: uma lei concede por 10 (dez) anos isenção de IPI para novas
montadoras que criarem 5000 (cinco mil) empregos. A Ferrari se instala no país e cria
os empregos. Dois anos depois a lei é revogada. Assim, novas montadoras não obterão
os benefícios, mas a Ferrari, se mantiver os empregos, terá direito por mais 8 (oito)
anos.

ANISTIA

É perdão da infração e, consequentemente, dispensa a multa. A anistia sempre


aponta para o passado.

A anistia não aproveita:

a) Crimes e contravenções;

10
DIREITO TRIBUTÁRIO
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b) Os atos, mesmo sem a qualificação anterior, praticados mediante dolo, fraude


ou simulação;
c) SDLC, os atos praticados mediante conluio.

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DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

A nova legislação tributária é aplicável aos fatos futuros e aos pendentes, mas
não aos passados (princípio da irretroatividade). No entanto, há 02 (duas) exceções:

a) A LEI EXPRESSAMENTE INTERPRETATIVA RETROAGE, mas não para aplicar


penalidade em relação aos dispositivos interpretados.
Ex: o art. 3º da LC nº 118/05.

b) RETROATIVIDADE BENIGNA OU FAVORÁVEL: a legislação mais favorável ao


infrator retroage. Isso significa que multa favorável retroage, mas tributo não.

Ex: Uma nova lei reduz a alíquota do imposto de 20% para 10% e o percentual
de multa de 100% para 50%. Assim, em relação aos fatos passados, aplica-se 20% de
alíquota, mas 50% de multa. No entanto, essa retroatividade não é tão ampla quanto a
do Direito Penal, pois só alcança os atos ainda não definitivamente julgados. A
definitividade, segundo a doutrina e a jurisprudência, se dá em âmbito judicial (é a
coisa julgada).

INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA

Interpretar é compreender o sentido da legislação. Atividade típica do aplicador,


em especial, do juiz. Porém, às vezes o legislador busca direcionar a interpretação por
meio de regras. Existem 02 (duas) em Direito Tributário:

1) BENIGNA OU FAVORÁVEL: em caso de dúvida, interpreta-se a legislação mais


favoravelmente ao infrator. É o “in dubio pro reu” tributário.

2) LITERAL: devem ser interpretados literalmente os dispositivos sobre:


a) Exclusão ou suspensão de crédito tributário;
b) Concessão ou outorga de isenção; e
c) Dispensa do cumprimento de obrigações acessórias.

Interpretar literalmente significa restritivamente. Ex: se a lei concede isenção


para carros a álcool, pela interpretação literal não são isentos os veículos
bicombustíveis.

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DIREITO TRIBUTÁRIO
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INTEGRAÇÃO
Integrar é preencher lacuna. É dizer o Direito, no caso concreto, na ausência de
norma geral. No Direito Tributário, o aplicador deve utilizar os seguintes meio de
integração, na seguinte ordem:

a) ANALOGIA: é aplicar a uma situação a legislação relativa a uma situação


similar. Porém, da analogia não se pode exigir tributo.

Ex: Se a lei fixa uma alíquota para vagões de trem, essa alíquota não pode ser
utilizada para exigir tributo sobre vagões de Metrô.

b) PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO: não-confisco, capacidade


contributiva, irretroatividade, etc.

c) PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO PÚBLICO: moralidade, supremacia do


interesse público, inafastabilidade de jurisdição, etc.

d) EQUIDADE: Há vários conceitos de equidade, dentre os quais o abrandamento


da lei ao caso concreto. Em razão desse conceito, expressamente o CTN proíbe
dispensar tributo devido com base em equidade (art. 108, §2º).

Ex: Um IPTU de R$ 30.000,00 sobre uma mansão nos Jardins, mas único bem
recebido por herança por uma senhora com dois salários mínimos, não pode ser
dispensado.

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

Direito Tributário é direito obrigacional e suas obrigações são de 2 tipos:

1) PRINCIPAL: corresponde ao dever de dar dinheiro. Assim, não só o tributo,


mas também a multa, é obrigação principal. Essa obrigação decorre de lei.

2) ACESSÓRIA: corresponde aos deveres de fazer ou não-fazer no interesse da


arrecadação ou fiscalização tributárias. Essa obrigação decorre da legislação, ou seja,
pode ser imposta por ato infralegal (ex: Decreto, Portaria, Resolução, etc.).

Ex: Preencher uma declaração (obrigação de fazer), não rasurar livros fiscais
(obrigação de não-fazer).

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DIREITO TRIBUTÁRIO
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Observação: o descumprimento de obrigação acessória converte-se em principal.

SUJEITO PASSIVO: é de 2 tipos:

a) CONTRIBUINTE: é quem tem relação pessoal e direta com o FG. Também é


chamado de sujeito passivo direto;

b) RESPONSÁVEL: também tem relação com o FG, mas indiretamente. É


chamado de sujeito passivo indireto. A condição de responsável sempre decorre de lei.

Ex: Um vizinho não pode ser eleito pela lei como responsável pelo pagamento
do IPTU do outro vizinho porque não tem nenhuma relação com esse fato.

Ex: Uma pessoa física, quando paga o serviço prestado por um autônomo, tem
relação indireta com o fato de o autônomo auferir renda, mas não tem responsabilidade
pelo IR por ausência de previsão legal.

Ex: Já a pessoa jurídica tem que reter o IR porque assim determina a lei, e, nessa
condição, é responsável.

CONVENÇÕES PARTICULARES

SDLC, as convenções particulares não alteram sujeição passiva.

Ex: A lei municipal estabelece como sujeito passivo do IPTU apenas o


proprietário (contribuinte). Num contrato de aluguel está estipulado o dever de o
locatário pagar o IPTU. O contrato é válido, mas seus efeitos se dão entre as partes. Se
o locatário não pagar, o proprietário não poderá se opor à cobrança municipal com
base no contrato e nem o Município poderá cobrar o locatário. Trata-se do princípio
da inoponibilidade das convenções particulares à Fazenda Pública (art. 123, CTN).

SOLIDARIEDADE

Para haver solidariedade, é necessário que 2 ou mais pessoas figurem, ao


mesmo tempo, no mesmo lado da obrigação jurídica.

Isso não ocorre no lado ativo e, assim, não há solidariedade ativa. Contudo, há 2
hipóteses de solidariedade passiva:

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DIREITO TRIBUTÁRIO
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1) INTERESSE COMUM COM O FG: os co-proprietários de um imóvel urbano são


devedores solidários do IPTU.

2) POR EXPRESSA DETERMINAÇÃO LEGAL. Ex: A Lei do ICMS impõe ao


transportador desacompanhado de documento fiscal a condição de devedor solidário
com o comerciante que deixou de recolher o imposto.

EFEITOS DA SOLIDARIEDADE

Salvo disposição de lei em contrário, há 3 efeitos:

1) O pagamento feito por um aproveita a todos;


2) A interrupção da prescrição em relação a um afeta a todos (tanto para
favorecer quanto para prejudicar);
3) A remissão ou isenção dada a um aproveita a todos, salvo se concedida em
caráter pessoal, subsistindo a solidariedade quanto aos demais pelo saldo.

ISENÇÃO OBJETIVA: quando a lei considera apenas um aspecto do FG para


conferir a isenção. Ex: A lei concede isenção de IPTU para imóveis da Zona Leste.
Assim, os co-proprietários de um imóvel da Zona Leste aproveitam a isenção.

ISENÇÃO SUBJETIVA: quando a lei considera um ou mais aspectos pessoais do


contribuinte para conferir a isenção. Por isso, tem caráter pessoal. Ex: Uma lei
concede isenção de IPTU para os maiores de 70 anos. Um imóvel de três co-
proprietários, sendo um maior de 70 anos. Como a isenção tem caráter pessoal ou
subjetivo, se exclui a parte da pessoa isenta e, o que sobra de imposto, é devido
solidariamente pelos outros dois co-proprietários.

ISENÇÃO MISTA: ocorre quando a lei considera tanto um aspecto do FG quanto


um aspecto pessoal do contribuinte para conceder a isenção. Ex: Uma lei estipula que
estão isentos de IPVA os automóveis movidos a álcool dos deficientes físicos.

LANÇAMENTO1
Qual é a natureza jurídica do lançamento? Se não me engano, há 3 correntes: a) declaratória; b) constitutiva; e c) declaratória-constitutiva. Se não
me engano, prevalece a terceira corrente.

4
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

(ART. 142, CTN)

CONCEITO: É atividade administrativa privativa e vinculada que constitui o crédito ao


declarar a obrigação. Por meio dela, a autoridade verifica a ocorrência do fato,
identifica o sujeito passivo, determina a matéria tributável, quantifica o tributo e, se for
o caso, propõe penalidade.

Exemplo: Trabalhei e recebi (FG do IR). Nasceu a obrigação tributária de pagar


o imposto, mas não foi pago. Até esse momento, a Fazenda Pública não tem como me
cobrar por ausência de crédito. Para isso, é necessário que uma autoridade fiscal
formalize a exigência. É isso que se denomina lançamento.

Modernamente se entende que o sujeito passivo também pode constituir o


crédito tributário contra si mesmo. É o chamado autolançamento. É por isso que ao
entregar uma declaração de rendas e não pagar o IR, o Fisco pode cobrar sem precisar
lançar (Súmula 436, STJ).

É posição dominante que a autoridade judiciária não constitui o crédito. Assim,


uma decisão judicial favorável ao Fisco, mas sem o lançamento, nem autolançamento,
não é executável.

O depósito judicial é considerado autolançamento. No caso de vitória do Fisco,


converte-se a favor dele.

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO LANÇAMENTO

No caso de sanções, aplica-se a mais favorável entre o fato e o lançamento.


No caso de tributos, aplica-se a legislação vigente à época do FG, ainda que
posteriormente modificada ou revogada.
Novos poderes de investigação são aplicados imediatamente.

MODALIDADES DE LANÇAMENTO

1) Lançamento Misto ou por Declaração: é o realizado pela autoridade com base em


informações sobre matéria de fato prestadas pelo sujeito passivo ou por terceiros.

2) Lançamento por Homologação ou Autolançamento (art. 150, CTN): é aquele em


que há o dever do sujeito passivo pagar antes de qualquer procedimento da
Administração. É por isso que até o IR é por homologação. O pagamento antecipado
extingue o crédito tributário sob condição resolutória da homologação. A
homologação é a atividade da autoridade de confirmar a correção do pagamento.

A homologação pode ser: (i) expressa; ou (ii) tácita (por decurso de prazo).

5
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

SDLC, o prazo é de 5 (cinco) anos contados do FG, exceto no caso de dolo,


fraude ou simulação, que cai na regra geral de decadência (a regra geral será explicada
mais adiante).

3) Lançamento de Ofício Direto ou Unilateral: é o realizado pela autoridade


independentemente da participação de terceiros.

As hipóteses previstas no art. 149, CTN, podem ser resumidas a três:

a) Por expressa determinação legal. Ex: IPTU;


b) Para constituir sanções punitivas; ou
c) Como forma suplementar das demais modalidades (no caso de erro ou
omissão do sujeito passivo ou da autoridade).

SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

São hipóteses que impedem a cobrança do crédito tributário porque suspendem


a sua exigibilidade.

A suspensão, porém, não dispensa cumprimento de obrigação acessória. Assim,


um sujeito que obteve uma liminar para não pagar IR, continua obrigado a apresentar a
declaração.

SUSPENDEM A EXIGIBILIDADE
(MODERECOPA)

1.1) A moratória;
1.2) Depósito do montante integral (autolançamento);
1.3) Reclamações e recursos nos termos da lei que regula o processo
administrativo-fiscal;
1.4) Liminar em Mandado de Segurança;
1.5) Liminares e tutelas antecipadas nas demais ações judiciais; e
1.6) Parcelamento.

1) MORATÓRIA: Não é perdão de dívida. É apenas dilação de prazo para pagar,


sem juros. É uma modalidade normalmente instituída no caso de calamidade pública,
mas, mesmo assim, não gera direito adquirido. Desse modo, descumpridos os
requisitos da moratória, o tributo e juros serão cobrados.

No caso de dolo, fraude ou simulação, também se cobra a multa.

6
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

Exemplo: por causa de um tsunami em Santos, foi concedida a moratória, mas


no dia anterior um sujeito foi autuado por fraudar NF´s. Mesmo sem poder ir ao
banco, os juros continuam a fluir.

6) PARCELAMENTO: diferencia-se da moratória porque juros e multa podem ser


cobrados. O parcelamento é uma “espécie de refinanciamento da dívida tributária”.
Aplicam-se subsidiariamente ao parcelamento, as regras da moratória.

2) DEPÓSITO DO MONTANTE INTEGRAL (AUTOLANÇAMENTO): Pode ser


realizado no âmbito administrativo ou judicial. É mais comum o judicial, uma vez que
o recurso administrativo já suspende a exigibilidade, enquanto a mera propositura da
ação judicial não suspende.

O depósito não é condição da ação. É direito subjetivo do particular. A Fazenda


não deve contestar a sua realização e muito menos o juiz negar.

O depósito deve ser integral e em dinheiro. Assim, depósitos em títulos


públicos, pedras preciosas, fiança bancária, etc, não suspendem a exigibilidade. O
depósito, segundo o STJ, só pode ser levantado pelo particular no trânsito em julgado
a seu favor.

3) RECLAMAÇÕES E RECURSOS ADMINISTRATIVOS: Segundo o STF, as


reclamações e os recursos não podem ser condicionados. O STF declarou
inconstitucional, por violar o contraditório e a ampla defesa, o depósito administrativo
como condição ao recurso de segunda instância. Isso consta na Súmula 373, STJ 2 e na
Súmula Vinculante nº 21, STF3.

4 e 5) LIMINARES E TUTELAS ANTECIPADAS: Literalmente, são as únicas


decisões judiciais que suspendem exigibilidade, mas é pacífico na doutrina e na
jurisprudência que algumas outras decisões também suspendem, tais como:

a) Decisão em Agravo;
b) Decisão de primeiro e segundo graus em MS;
c) Decisão de segundo grau nas ações de conhecimento.

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

É decadencial o prazo para lançar (constituir o crédito), enquanto é prescricional


o prazo para cobrar o crédito já constituído.

Súmula 373, STJ: É ilegítima a exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo.

SV 21, STF: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.

7
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

Segundo o STF, prescrição e decadência devem ser disciplinadas por norma


geral e, portanto, é tema reservado à LC federal.

O STF considera inconstitucionais as leis das pessoas políticas que disciplinam


prescrição e decadência de seus tributos.

Exemplo: SV nº 8, STF: São inconstitucionais o parágrafo único do art. 5º do


Decreto-lei nº 1.569/1977 e os arts. 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de
prescrição e decadência de crédito tributário.

DECADÊNCIA

O prazo é de 5 (cinco) anos, mas seu início se submete a 4 (quatro) regras:

a) REGRA ESPECIAL PARA O LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO: A decadência


se confunde com o próprio prazo para homologar e, portanto, se inicia na
data do FG, exceto no caso de dolo, fraude ou simulação, que caem na regra
geral.

b) REGRA GERAL: é aplicável às demais modalidades de lançamento. A


decadência se inicia no 1º (primeiro) dia do exercício seguinte àquele em que
o lançamento poderia ter sido realizado.

c) REGRA DA ANTECIPAÇÃO: o início do prazo se antecipa para a data da 1ª


(primeira) medida indispensável ao lançamento.

d) REGRA DA INTERRUPÇÃO: o prazo se reinicia na data em que se tornar


definitiva a decisão que anular o lançamento por vício formal.

Exemplo: Um vício material, como um erro de alíquota, não devolve o prazo


ao Fisco.

O novo lançamento, com base na quarta regra, só tem a finalidade de sanar o


vício formal. Não pode inovar o conteúdo para prejudicar o sujeito passivo.

EXEMPLO QUE ABRANGE AS 4 (QUATRO) REGRAS

O FG do IR 2007 ocorreu em 31.12.2007. O pagamento foi realizado em Abril


de 2008, que é o prazo legal. Como se trata de lançamento por homologação, aplica-se
a 1ª (primeira) regra. Assim, o Fisco terá até 31.12.2012 para lançar eventual
diferença. No entanto, o pagamento foi feito a menor porque o contribuinte fraudou
sua declaração. Assim, não cabe a 1ª (primeira) regra. Pela 2ª (segunda) regra, como o
lançamento já poderia ter sido realizado a partir de Maio de 2008, a decadência se
inicia em 01.01.2009, que é o ano seguinte. A autoridade intimou em 30.09.2008 o

8
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

contribuinte para prestar esclarecimentos. Assim, pela 3ª (terceira) regra, o início se


antecipa para essa data, e o lançamento deverá ser concluído até 30.09.2013. O
lançamento foi definitivamente anulado em 20.08.2012 porque o fiscal esqueceu de
consignar sua matrícula na notificação. Como se trata de vício formal, pela 4ª (quarta)
regra, o Fisco recupera o prazo e terá até 20.08.2017 para realizar novo lançamento
saneando o vício.

PRESCRIÇÃO

O prazo também é de 5 (cinco) anos e se inicia na data da constituição definitiva


do crédito tributário.

Para alguns, essa data é a do lançamento. Para outros, é a data da decisão


administrativa de que não caiba mais recurso com efeito suspensivo. As 2 (duas)
posições são razoáveis e têm o mesmo efeito prático, pois, entre o lançamento e a
decisão, a prescrição está suspensa.

Está errada a posição de que essa data é a da inscrição em dívida ativa.

A prescrição é suspensa nas mesmas hipóteses de suspensão da exigibilidade,


exceto a moratória (DERECOPA)4.

Ela se interrompe (art. 174, CTN):

1) Pelo despacho do juiz que determinar a citação em execução fiscal;


2) Pelo protesto judicial;
3) Por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
4) Por qualquer ato inequívoco do devedor, mesmo extrajudicial, que reconheça
a dívida.

Exemplos: os pedidos em geral, como de parcelamento, de compensação,


etc.

EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

São modalidades de exclusão:

1) Isenção; e
2) Anistia.

ISENÇÃO

Art. 2º, §3º, LEF: A inscrição em dívida ativa suspende a prescrição pelo prazo de 180 dias ou até a distribuição da execução se essa ocorrer antes.

9
DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

A isenção sempre aponta para o futuro e nisso se diferencia da remissão, que


aponta para o passado.

Exemplo: Uma lei publicada em 2012 que dispensa o IPTU 2011 é de remissão,
enquanto a que dispensa o IPTU 2013 é de isenção.

Na isenção o tributo é criado, mas uma regra especial suprime a incidência.


Assim, a isenção é sempre expressa.

CLASSIFICAÇÃO DAS ISENÇÕES E DAS IMUNIDADES

1) PESSOAIS OU SUBJETIVAS: quando a lei leva em consideração um aspecto do


contribuinte.

Exemplo: são isentos de IPVA os deficientes físicos.

2) REAIS OU OBJETIVAS: quando a lei leva em consideração um aspecto do FG


independentemente do contribuinte.

Exemplo: são isentos de IPVA os automóveis movidos a álcool.

3) MISTAS: quando a lei leva em consideração os 2 (dois) tipos de aspectos:


Exemplo: São isentos de IPVA os automóveis a álcool dos deficientes
físicos.

DIREITO ADQUIRIDO

A isenção concedida por prazo certo e sob condição onerosa não pode ser
revogada. Na verdade, a lei pode ser revogada, mas aquele que cumpriu as condições
tem direito adquirido à isenção pelo resto do prazo.

Exemplo: uma lei concede por 10 (dez) anos isenção de IPI para novas
montadoras que criarem 5000 (cinco mil) empregos. A Ferrari se instala no país e cria
os empregos. Dois anos depois a lei é revogada. Assim, novas montadoras não obterão
os benefícios, mas a Ferrari, se mantiver os empregos, terá direito por mais 8 (oito)
anos.

ANISTIA

É perdão da infração e, consequentemente, dispensa a multa. A anistia sempre


aponta para o passado.

A anistia não aproveita:

a) Crimes e contravenções;

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DIREITO TRIBUTÁRIO
PROF. ALEXANDRE BELUCHI

b) Os atos, mesmo sem a qualificação anterior, praticados mediante dolo, fraude


ou simulação;
c) SDLC, os atos praticados mediante conluio.

11
MATÉRIA: DIREITO DO TRABALHO
PROF.: MARCIA GEMAQUE

DIREITO DO TRABALHO
CONCEITO:
É exclusivo da relação de emprego que obrigatoriamente
decorre de um contrato, entre empregado e empregador e que
obrigatoriamente exige CTPS.

Direito do Trabalho = Relação de Emprego = Contrato =


Empregado e Empregador = CTPS.

TIPOS DE RELAÇÃO DE EMPREGO:

A urbana é a relação de emprego típica, padrão.


As atípicas são a rural e a doméstica.

SUJEITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO:


A) EMPREGADO: Urbano – art. 3º, da CLT1: é a pessoa física
que presta serviços com pessoalidade/pessoalmente;
habitualidade/rotina; onerosidade/salário; alteridade/ trabalho por conta
alheia; subordinação/ recebe ordens; independente da função que
exerça/ técnica ou manual, para empregador urbano.
Rural: Lei nº 5889/732: é a pessoa física que presta serviços
com pessoalidade/ pessoalmente; habitualidade/rotina;
onerosidade/salário; alteridade/ trabalho por conta alheia; subordinação/
recebe ordens; independente da função que exerça/ técnica ou manual,
para empregador rural.

Doméstica: é a pessoa física que presta serviços com


pessoalidade/ pessoalmente; habitualidade/rotina; onerosidade/salário;
alteridade/ trabalho por conta alheia; subordinação/ recebe ordens;
independente da função que exerça/ técnica ou manual, que trabalha na
residência do empregador e sem finalidade lucrativa para o empregador.

OBS.: O empregado a domicílio é aquele que trabalha em sua


própria residência com os mesmos direitos e obrigações daquele que
trabalha na empresa, art. 6º da CLT3, e com máxima pessoalidade.

1
MATÉRIA: DIREITO DO TRABALHO
PROF.: MARCIA GEMAQUE

Ex.: costureira, fotógrafo e outros.

OBS.: O temporário, da Lei nº 6019/744, é empregado da


terceirizada, que trabalha na tomadora, por 3 meses para atender o
aumento de demanda ou substituição.
É uma das possibilidades de terceirização, SÚM. 3315.

EMPREGADOR: Urbano – art. 2º da CLT6: é a empresa


individual ou coletiva que admite, assalaria, assume os riscos da
atividade econômica e dirige a prestação pessoal dos serviços – jus
variandi.
Qualquer pessoa, física ou jurídica, com ou sem fins lucrativos,
que contrate um empregado é considerado empregador por
equiparação.

Rural – Lei nº 5889/737: é a pessoa física ou jurídica que


explora atividade agrícola ou pecuária, na zona rural ou na zona urbana/
prédio rústico.
Doméstico: é a pessoa física ou a família que se beneficia do
trabalho doméstico.

CONTRATO DE TRABALHO - Art. 442 a 453, da CLT8.

A) FORMA: art. 442, da CLT


– Expresso escrito; expresso verbal ou tácito.

2
MATÉRIA: DIREITO DO TRABALHO
PROF.: MARCIA GEMAQUE

Expresso: significa livremente manifestado (capacidade civil),


sem vícios de consentimento.
Tácito: é o contrato que embora não expresso concretiza-se
como se houvesse sido (princípio da primazia da realidade).

PRAZO: art. 443 da CLT


A regra é do contrato por prazo indeterminado (princípio da
continuidade), porém por exceção restrita a condições pode ser por
prazo determinado, quais sejam:
 Empresa transitória = empresa a prazo – até 2 anos;
 Serviço a prazo = serviço transitório – até 2 anos;
 Experiência – até 90 dias

CONTRATO A PRAZO: art. 443 a 453, 4799 a 48110, 477 § 6º11


e § 8º, CLT. Por serviço ou empresa a prazo e limitado a 2 anos, tem-se
o contrato de aprendiz, artista, atleta profissional, técnico estrangeiro,
obra certa e safra.

Obs.: Idade mínima para trabalhar = 16 anos


Menor de idade até 18 anos
Aprendiz por até 2 anos – 14 a 24 anos.

EXTINÇÃO DO CONTRATO A PRAZO: deve ocorrer na data


prevista, com o pagamento das verbas rescisórias no dia seguinte ao
término do contrato, CLT art. 477, § 6º, alínea a, sob pena de multa no
valor de 30 dias de salário pelo atraso das verbas rescisórias, art. 477, §
8º.
O contrato pode ser indeterminado e determinado.
As condições de prazo determinado - 3 requisitos:
- Empresa transitória até 2 anos;
- Serviço transitório até 2 anos;
- Experiência até 90 dias.
Regra 1: art. 451 a 453 da CLT – não exceder o limite.
Súmula 244, III12 – gestante

3
MATÉRIA: DIREITO DO TRABALHO
PROF.: MARCIA GEMAQUE

Súmula 378, III13 – acidente de trabalho.


Regra 2: O contrato não prorroga mais de uma vez.
Regra 3 Suceder a outro dentro do prazo de 6 meses – existem
2 exceções; - técnico estrangeiro; - certo acontecimento.

REMUNERAÇÃO E SALÁRIO
A remuneração, caput do art. 457 e § 3º14, CLT e súmula 35415,
TST, é a soma do salário com as gorjetas pagas pelo empregador ou
por terceiro. E a base para recolhimento de FGTS, porém o salário é
base para INSS, 13º, férias, aviso prévio, horas-extras, adicional
noturno, adicional de transferência. O salário é a soma de todas as
parcelas pagas pelo empregador aos empregados em caráter habitual e
como contraprestação pelos serviços prestados de forma subordinada
pelo empregado.

DAR salário X FAZER serviço subordinado.


No contrato há o mínimo estabelecido que é denominado de
salário base ou básico e que pode ser o salário mínimo nacional da CF e
lei federal; o piso da categoria do ACT ou CCT; o salário profissional da
lei federal; o salário normativo da sentença normativa proferida no
dissídio coletivo.
Contudo, havendo o pagamento de outras parcelas habituais,
todas comporão/ integrarão o valor do salário. O salário deve ser
descriminado parcela por parcela, pois é vedado o salário compressivo
(valor único/ indiviso/ tudo incluso), SÚM. 91 TST16. Logo, o salário é
descriminado parcela por parcela em recibo próprio, CLT art. 46417, e
não se admite salário pago fora do recibo.
SALÁRIO = SALÁRIO BASE + COMISSÕES +
GRATIFICAÇÃO AJUSTADA + ABONO + PERCENTAGEM + AJUDA
DE CUSTO OU DIÁRIA SUPERIOR A 50% DO SALÁRIO BASE +
ADICIONAL NOTURNO + ADICIONAL DE TRANSFERÊNCIA +

4
MATÉRIA: DIREITO DO TRABALHO
PROF.: MARCIA GEMAQUE

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE + AD. PERICULOSIDADE +


HORAS-EXTRAS HABITUAIS + ….
Não integra o salário:
1) PLR participação nos lucros e resultados, regulamentada
pela norma coletiva autônoma, sem INSS e sem FGTS.
2) os benefícios previdenciários pagos pelo INSS, a exemplo
do salário família e maternidade.

PRINCÍPIOS:

Irredutibilidade - Art. 468 Caput18 e art. 7°19, VI e OJ 358 SDI-


120
Redução apenas por negociação coletiva.

Intangibilidade - Art. 462 da CLT21


O salário não pode sofrer descontos, exceto os previstos no art.
462, que são:
- Os adiantamentos salariais;
- Os previstos em lei ou norma coletiva; pensão alimentícia;
dano doloso (furto, depredação), porém, o dano culposo (multa de
trânsito, perda de dinheiro em caixa) para ser descontado, depende de
previsão contratual.

Impenhorabilidade
O salário não pode sofrer penhora, nem parte do salário
aplicada em poupança, sob pena de MS, porém, pode haver penhora
nas hipóteses do art. 462.

Isonomia - Art. 7°, XXX CF22


É vedada qualquer forma de discriminação salarial.

Equiparação Salarial - Art. 461 CLT23

5
MATÉRIA: DIREITO DO TRABALHO
PROF.: MARCIA GEMAQUE

Por ação onde o autor / paragonado, indica paradigma /


modelo nominado e ônus da prova:
- Igual função/ tarefas/ produtividade/ perfeição técnica NÃO é
cargo, CTPS e data da admissão.
- Igual o empregador/ grupo econômico
- Igual localidade/ região metropolitana.
O réu na contestação pode negar tais fatos ou alegar
impeditivos com o ônus de prová-los:
- Diferença superior a 2 anos na função, ou seja, paradigma já
executava aquelas tarefas mais de 2 anos antes do autor;

- Empregador possui quadro de cargos e salários homologado


no MTE;
- O paradigma é trabalhador readaptado na função por
deficiência física ou mental.

6
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
PROF. SERGIO CANTAL

Curso OAB
E.C.A.

ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


(r e s u m o)

- INTRODUÇÃO

Inicialmente a proteção dos menores era feita através do Código de Menores (Lei 6.697/79).
Basicamente, trava-se de um diploma que estabelecia normatização para o menor em situação
irregular. Este documento em várias passagens não foi recepcionado pela Constituição Federal de
1988. A Lei 8.069/90 revogou o aludido documento legal e, estando em consonância com a
Constituição Federal criou um verdadeiro micro sistema com a previsão de normas pricipiológicas,
civis, penais administrativas, trabalhistas e processuais.

- PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Fora todos os princípios previstos no art. 5º da C.F., especificamente aos sujeitos do E.C.A.
três princípio norteiam o tratamento da matéria:

I - Princípio da proteção integral


A criança e o adolescente merecem proteção em todas as situações que se encontrem
(regular e irregular) de forma preventiva e/ou acolhedora.
II - Princípio da absoluta prioridade
A criança e o adolescente devem merecer tratamento diferenciado e anterior em relação aos
demais sujeitos da sociedade (desde que em igualdade de situações).
III - Princípio da cooperação
A criança e o adolescente devem receber a proteção integral e prioritária pelo Estado, a
sociedade e a comunidade e a família.
IV - Princípio do melhor interesse

1
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
PROF. SERGIO CANTAL

Todas as ações que sejam realizadas devem priorizar o melhor interesse da criança e do
adolescente

- SUJEITOS QUE SÃO ALBERGADOS

Regra:
a) criança : até 12 anos incompletos;
b) adolescente: entre 12 e 18 anos;

Exceção
a) nascituro;
b) gestante;
c) art. 40;
d) art. 104, parágrafo único;
e) art. 121, §3º;

DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA

Art. 19/59
A criança e o adolescente tem direito ao acolhimento em sua família (natural ou ampliada) ou
na sua família substituta.
A manutenção ou reintegração da criança/adolescente no seio de sua família prefere qq.
outra providência.
Provisoriamente (fora as dias situações acima citadas), cabe o acolhimento familiar e o
institucional no máximo por 2 anos (salvo comprovada necessidade) e sendo a situação reavaliada
no máximo a cada 6 meses.
A criança e o adolescente tem direito de conviver com seu pai/mãe que cumprem pena
privativa de liberdade através de visitas periódicas.
Não se aceita mais a nomenclatura de filho bastardo (art. 20)
A falta de carência de recursos não é motivo para a perda ou suspensão do poder familiar.

2
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
PROF. SERGIO CANTAL

I - FAMÍLIA NATURAL
Comunidade formada pelos pais ou qq. deles e seus ascendentes
Família extensa ou ampliada: aquela que se estende para além da unidade pais e filhos,
formada por parentes próximos com os quais a criança ou adolescente convive e mantém vínculos
de afinidade e afetividade.

II - FAMÍLIA SUBSTITUTA
Se dá através da:
- Guarda;
- Tutela;
- Adoção.

Regras gerais
1 - oitiva do menor sempre que possível (art. 28, §1º).
2 - maior de 12 anos é necessário seu consentimento (art. 28, §2º).
3 - colocação em família estrangeira: só na modalidade da adoção (art. 31).
4 - grupo de irmãos devem ficar juntos, via de regra (art. 28, §4º).

Guarda
- A guarda destina-se a regularizar a posse de fato.
Regra: a guarda tem lugar durante o procedimento de tutela e adoção (salvo a internacional).
Exceção: a guarda tem lugar para situações para suprir eventual falta dos pais.
- Gera o dever de assistência material, moral e educacional.
- O detentor pode se opor a terceiros, inclusive aos pais.
- O acolhimento familiar tem preferência ao acolhimento institucional.

Tutela
- Pressupõe a suspensão ou a perda do pátrio poder
- Para pessoas com mais de 18 anos

Adoção
- Só como medida excepcional (primeiro família natural ou extensa)

3
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
PROF. SERGIO CANTAL

- É medida irrevogável

- Adotando: máximo de 18 anos, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes

- Adotantes:
mais de 18 anos;
diferença mínima de 16 anos entre adotante e adotando;
irmão e ascendente não pode
a) Conjunta (Casamento ou união estável, do mesmo sexo ou não)
b) Unilateral
c) Divorciados ou separados judicialmente: art. 42, §4º - possível desde que o estágio de
convivência tenha sido iniciado na constância do período de convivência.

- Rompem-se os vínculos com a família biológica, salvo:


a) impedimentos matrimoniais;
b) adoção unilateral na hipótese de família reconstruída.

- Adoção "post mortem": adoção deferida ao adotante que após inequívoca manifestação de
vontade, vier a falecer no curso do procedimento antes de prolatada a sentença (art. 42, §6º).

- Procedimento:
Somente Judicial
Via de regra depende do consentimento dos pais biológicos (art. 166 e §§).
Estágio de convivência (art. 46): internacional (mínimo de 30 dias); nacional (pode até ser
dispensado)
Sentença judicial
1 - Ação constitutiva;
2 - O vínculo se estabelece com a sentença
3 - A adoção produz efeitos a partir do trânsito em julgado, salvo nos caos de adoção "post
mortem" que tem força retroativa á data do óbito
4 - Nome: inscrição no registro com alteração do sobre nome. Pode ser alterado o prenome.
*OBS: a criança e o adolescente tem direito ao conhecimento de sua origem genética (art. 48)

4
DIREITO PROCESSUAL CIVIL
PROF. SERGIO CANTAL

5 - Para adotar precisa estar no cadastro, salvo adoção unilateral; família extensa; quem
detém a guarda ou a tutela de criança de mais de 3 anos e que tenha convivência apta a
demonstrar afinidade e afetividade.

- Adoção internacional
Pessoa ou casal que é residente ou domiciliada fora do Brasil (brasileiro ou estrangeiro)

EDUCAÇÃO (art. 53 e ss.)


Creche:
C.F. até 5 anos
ECA até 6 anos
LEP de seis meses até 7 anos

- A falta importa em responsabilidade da autoridade competente.


- Obrigação dos pais de matricular os filhos na rede regular de ensino.

TRABALHO (art. 60 e ss).


CF. art. 7º, XXXIII
- a partir dos 14 como aprendiz
- de 16 a 18 pode trabalhar mas não noturno, perigosos ou insalubre
- direito à remuneração

PREVENÇÃO (art. 70 e ss.)


Medidas que servem para evitar a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e
do adolescente.

- crianças menores de 10 anos somente poderão ingressar e permanecer em locais de


apresentação ou exibição se acompanhadas dos pais/responsáveis.
- proibida a venda de alguns produtos (art. 81) - armas, bilhetes lotéricos, fogos de artifício,
salvo os de reduzidos potencial, etc.
- proibida a hospedagem em hotel ou semelhante, salvo com pais/responsáveis

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
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- Autorização para viajar

a) criança art. 83 caput:


Se para fora da comarca só acompanhado dosa pais ou responsável ou com autorização
judicial (válida para o ato ou por até 2 anos)
*OBS: Autorização judicial não precisa:
1) comarca contígua;
2) criança acompanhada de ascendente ou colateral até o 3º grau ou pessoa maior autorizada
pelos pais.

b) criança ou adolescente art. 84

Viagem ao exterior:
1) ambos os pais
2) um só pai com autorização do outro
3) com autorização judicial

*OBS: acompanhado com estrangeiro residente e domiciliado no exterior só com autorização


judicial (art. 85).

MEDIDAS DE PROTEÇÃO
art. 98 e ss.
Quando a criança ou o adolescente estiver em "situação de risco" (art. 98).
I - por ação ou omissão do Estado ou da sociedade;
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III - em razão de sua conduta (da criança /adolescente)

I - SÓ PARA CRIANÇA
Art. 101, VII, VIII e IX

II - PARA CRIANÇA OU ADOLESCENTE


Art. 101 I até VI

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DA PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL

- ato infracional é a conduta descrita como crime ou contravenção penal


*OBS: princípio da insignificância pode ser aplicado
- quando praticado por criança: medidas do art. 101.
- quando praticado por adolescente: medidas do art. 101, I a VII e medidas do art. 112

Medidas socioeducativas do art. 112

- aplica-se a prescrição penal às medidas socioeducativas (STJ 338)


I - advertência
admoestação verbal
II - obrigação de reparar o dano
se houver reflexos patrimoniais
III - prestação de serviços à comunidade
não excedente a 6 meses
tarefas conforme aptidão do adolescente
IV - liberdade assistida
prazo mínimo de 6 meses
V - regime de semiliberdade
desde o início ou como forma de transição para o meio aberto
não comporta prazo determinado
atividades externas independentemente de autorização judicial
VI - internação (*a que é mais pedida nas provas!)
- elementos: brevidade; excepcionalidade; respeito à condição peculiar de pessoa em
desenvolvimento
- atividade externa: equipe técnica determina, salvo expressa proibição do juiz.
- não tem prazo determinado (reavaliação no máximo a cada 6 meses).
- período máximo de internação: 3 anos
- liberação compulsória aos 21 anos
- necessidade de oitiva do MP para a desinternação

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- só cabe internação quando:


a) tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa
*OBS: STJ 492
b) por reiteração no cometimento de outras infrações graves
c) por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta
*OBS: STJ 265
*OBS: no caso da letra "c" a internação não pode ser superior a 3 meses.
- local adequado
vista íntima: possível - art. 68 SINASE

CONSELHO TUTELAR
Art. 131 e ss
- órgão autônomo e permanente
- órgão municipal (não faz parte do Poder Judiciário)
- 5 membros (mandato de 4 anos, permitida uma recondução)
- eleição
- remuneração

* OBSERVAÇÃO

Do artigo 225 em diante o ECA prevê crimes e infrações administrativas.


O crime que do art. 244-B ganha destaque:
Corrupção de menores - delito formal (STJ 500)

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Código de Defesa do Consumidor


(Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990)
O Código de Defesa do Consumidor – CDC, foi criado para regulamentar os arts. 5°, inciso
XXXII, 170, inciso V, da Constituição da República e art. 48 de suas Disposições Transitórias:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
V - defesa do consumidor;
O CDC é uma lei principiológica, trazendo entre seus dispositivos:
- Princípios gerais (art. 4º);
- Direitos básicos (art. 6º);
- Princípios específicos;
- Princípios complementares.
O CDC é um microssitema dentro do sistema do direito que abarca normas dos diversos outros
ramos, todas orientadas para a defesa do consumidor.
• - Normas de Direito Constitucional: princípios da dignidade pessoa humana aplicada ao
consumidor e da política nacional das relações de consumo;
• - Normas de Direito Civil ao tratar da responsabilidade civil do fornecedor, por exemplo.
• - Normas relativas ao Processo Civil ao estabelecer a possibilidade da inversão do ônus da
prova, além de trazer normas sobre o processo coletivo;
• - Normas de Direito Administrativo no que tange à proteção administrativa do consumidor;
e
• - Normas de Direito Penal pois institui um rol de crimes contra as relações de consumo.
O CDC é composto de normas de ordem pública e interesse social.
Tanto que as decisões proferidas em processos envolvendo relação de consumo não se limitam
às partes, pois o CDC tutela também os direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos (art.81).
Tanto que o juiz pode anular cláusulas abusivas de ofício.
• Exceção: Súmula 381 do STJ: “Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de
ofício, da abusividade das cláusulas”.
O direito do consumidor vai tratar da relação jurídica de consumo, que é relação estabelecida
entre consumidor e fornecedor, que tem por objeto a aquisição de um produto ou a contratação

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DIREITO DO CONSUMIDOR
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de um serviço
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
• No STJ prevalece a teoria finalista segundo a qual o consumidor é aquele que adquire ou
utiliza produto ou serviço para consumo próprio. Mas o próprio STJ atenua essa teoria pelo
reconhecimento de que profissionais ou PJ’s poderão ser consumidores quando estiver
comprovada sua vulnerabilidade diante do caso concreto. (ver RESP 476.428)
Mas há os consumidores por equiparação.
Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja
intervindo nas relações de consumo.
Também são consumidores por equiparação todas as vítimas do evento (art. 17, CDC). São as
vítimas de um acidente de consumo. Exemplo acidente Eduardo Campos.
E, por fim, equiparam-se a consumidores todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às
práticas comerciais e contratuais abusivas (art. 29, CDC). Ex.: Pessoas que foram colocadas expostas
a uma publicidade enganosa. Não precisa alguém efetivamente se sentir enganado. Basta a
potencialidade de enganar.
 Caiu na OAB:
(XVII EXAME UNIFICADO – OAB FGV) Saulo e Bianca são casados há quinze anos e, há dez,
decidiram ingressar no ramo das festas de casamento, produzindo os chamados “bem-casados”,
deliciosos doces recheados oferecidos aos convidados ao final da festa. Saulo e Bianca não
possuem registro da atividade empresarial desenvolvida, sendo essa a fonte única de renda da
família. No mês passado, os noivos Carla e Jair encomendaram ao casal uma centena de “bem-
casados” no sabor doce de leite. A encomenda foi entregue conforme contratado, no dia do
casamento. Contudo, diversos convidados que ingeriram os quitutes sofreram infecção
gastrointestinal, já que o produto estava estragado. A impropriedade do produto para o consumo foi
comprovada por perícia técnica. Com base no caso narrado, assinale a alternativa correta.
(A) O casal Saulo e Bianca se enquadra no conceito de fornecedor do Código do Consumidor, pois
fornecem produtos com habitualidade e onerosidade, sendo que apenas Carla e Jair, na qualidade
de consumidores indiretos, poderão pleitear indenização.
(B) Embora a empresa do casal Saulo e Bianca não esteja devidamente registrada na Junta
Comercial, pode ser considerada fornecedora à luz do Código do Consumidor, e os convidados do
casamento, na qualidade de consumidores por equiparação, poderão pedir indenização
diretamente àqueles.
(C) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável ao caso, sendo certo que tanto Carla e Jair
quanto seus convidados intoxicados são consumidores por equiparação e poderão pedir
indenização, porém a inversão do ônus da prova só se aplica em favor de Carla e Jair, contratantes
diretos.
(D) A atividade desenvolvida pelo casal Saulo e Bianca não está oficialmente registrada na Junta
Comercial e, portanto, por ser ente despersonalizado, não se enquadra no conceito legal de
fornecedor da lei do consumidor, aplicando-se ao caso as regras atinentes aos vícios redibitórios
do Código Civil.

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DA DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO


De acordo como art. 81 do CDC, a defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo. A defesa individual é a
clássica, já amplamente explorada pela doutrina tradicional do processo civil. A novidade é a tutela
coletiva, mais recente.
Haverá três hipóteses em que será possível a defesa coletiva dos interesses dos consumidores, a
depender do tipo de direito que se busca tutelar:
I - interesses ou direitos difusos de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas
indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; ex.: todos fomos afetados potencialmente em
virtude do rompimento da barragem que destruiu a cidade de Mariana-MG.
II - interesses ou direitos coletivos, de natureza indivisível de que seja titular grupo,
categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica
base; ex.: classe dos advogados que representados pela OAB ingressa em juízo para a tutela de seu
direito consumerista em razão de problema com o chip nas carteiras de identidade dos advogados.
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de
origem comum. Ex.: no caso de Mariana-MG e das cidades afetadas no entorno do Rio Doce, pode
ser instituída uma associação (“associação do doce”) para a tutela individual daqueles mais
diretamente afetados pelo ocorrido (para verificar individualmente qual o valor da reparação).
São legitimados para a tutela coletiva dos direitos do consumidor, de forma concorrente:
I - o Ministério Público,
II – a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal;
III - as entidades e órgãos da Administração Pública, direta ou indireta, mesmo que sem
personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa dos interesses e direitos do consumidor
(como é o caso do PROCON);
IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus
fins institucionais, ou seja, em seu estatuto, a defesa dos interesses e direitos do consumidor, ainda
que seja uma classe, categoria ou grupo definidos, sendo dipensada para tal fim autorização da
assembleia da associação, já que o objetivo de proteção dos direitos relativos ao consumidor já será
uma finalidade própria da associação.
Esse último requisito poderá ser dispensado pelo juiz no caso concreto, quando verificado o
manifesto, evidente, interesse social em razão da dimensão ou característica do dano, ou ainda por
uma especial relevância do bem jurídico a ser protegido pela ação coletiva. Basta, nesse sentido,
pensar no exemplo do desastre ambiental ocorrido em Mariana-MG.
EXECUÇÃO
No caso específico das ações coletivas para a defesa dos interesses individuais homogêneos,
tendo em vista a determinação dos consumidores, a execução do título judicial poderá ser realizado
diretamente pelo consumidor ou por seus sucessores.
Caso seja superado o prazo de um ano após a conclusão da ação e não haja habilitação de

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consumidores em número compatível com a gravidade do dano, caberá aos legitimados coletivos
promover a liquidação e execução da indenização devida, cujo produto será revertido para o fundo
O produto da indenização devida reverterá para o Fundo de Defesa de Direitos Difusos, criado
pelo Decreto 1306 de 9 de novembro de 1994, criado com fundamento na Lei n.° 7.347, de 24 de
julho de 1985.
A COISA JULGADA NA TUTELA COLETIVA
Nas ações coletivas a coisa julgada terá características especiais:
I – no caso dos interesses difusos, a coisa julgada terá efeitos erga omnes, com exceção da
hipótese da improcedência do pedido por insuficiência probatória, quando qualquer legitimado
poderá ingressar com nova ação, desde que haja prova nova.
II – no caso dos interesses coletivos stricto sensu, a coisa julgada terá efeitos ultra partes
limitado aos membros do grupo, categoria ou classe unidos por enlace jurídico, também com exceção
da hipótese de improcedência por insuficiência probatória;
III – no caso dos interesses individuais homogêneos, a coisa julgara terá efeitos erga omnes
unicamente na hipótese da procedência do pedido, que servirá para todas as vítimas e seus
sucessores. Na hipótese de improcedência do pedido, todos os interessados que não tiverem
intervindo como litisconsortes poderão propor ação de indenização individual, já que não haverá
eficácia erga omnes.

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DIREITO DO CONSUMIDOR
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O FORNECEDOR
Fornecedor, nos termos do art. 3º do CDC, é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, ou mesmo os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade
de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
De acordo com o art. 3º do Estatuto do Torcedor (Lei 10.671/06), será fornecedor por
equiparação a entidade responsável pela organização da competição (a CBF, por exemplo), bem
como a entidade de prática desportiva detentora do mando de jogo (o multicampeão Juventus da
Mooca, por exemplo).
Produto é qualquer bem colocado no mercado de consumo, seja móvel ou imóvel, material
ou imaterial, novo ou usado, principal ou acessório, inclusive a amostra grátis.
Serviço, de outro lado, é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, com exceção
daquelas decorrentes de relações trabalhistas. A remuneração será poderá ser direta ou mesmo
indireta (como na gratuidade do estacionamento em hipermercado). Em regra, o serviço não
remunerado não caracteriza relação de consumo, como no caso da prestação de serviço comunitário
gratuito. Não posso, por exemplo, ingressar com ação de contrato descumprido contra pessoa que
gratuitamente se oferece para pintar um muro, mas deixa o trabalho pela metade.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO FORNECEDOR NAS RELAÇÕES DE CONSUMO
A regra no CDC é que o fornecedor (fabricante, produtor, construtor ou importador)
responderá objetivamente, isto é, independentemente da prova de dolo ou culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção,
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos (responsabilidade pelo
fato do produto ou serviço). São, assim, basicamente, três os requisitos para a conformação da culpa
do fornecedor:
(1) Que o produto ou serviço apresente defeito;
(2) Que haja prejuízo ao consumidor; e
(3) Que se estabeleça uma relação de causalidade entre o defeito e o prejuízo.

O produto será considerado defeituoso quando não oferecer a segurança que dele
legitimamente se espera (ele gera risco para o consumidor).

O fornecedor somente será isento de responsabilidade pelo defeito do produto quando


comprovar que não colocou o produto no mercado, que o defeito não existe ou que a culpa pelo
defeito foi exclusiva do consumidor ou de terceiro.
 Caiu na OAB:

(XV EXAME UNIFICADO – OAB FGV) Carmen adquiriu veículo zero quilômetro com dispositivo de
segurança denominado airbag do motorista, apenas para o caso de colisões frontais. Cerca de dois meses
após a aquisição do bem, o veículo de Carmen sofreu colisão traseira, e a motorista teve seu rosto

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arremessado contra o volante, causando-lhe escoriações leves. A consumidora ingres medida judicial em
face do fabricante, buscando a reparação pelos danos materiais e morais que sofrera, alegando ser o produto
defeituoso, já que o airbag não foi acionado quando da ocorrência da colisão. A perícia constatou colisão
traseira e em velocidade inferior à necessária para o acionamento do dispositivo de segurança. Carmen
invocou a inversão do ônus da prova contra o fabricante, o que foi indeferido pelo juiz. Analise o caso à luz da
Lei nº 8.078/90 e assinale a afirmativa correta.

A) Cabe inversão do ônus da prova em favor da consumidora, por expressa determinação legal, não
podendo, em qualquer hipótese, o julgador negar tal pleito.

B) Falta legitimação, merecendo a extinção do processo sem resolução do mérito, uma vez que o
responsável civil reparação é o comerciante, no caso, a concessionária de veículos.

C) A responsabilidade civil do fabricante é objetiva e independe de culpa; por isso, será cabível indenização à
vítima consumidora, mesmo que esta não tenha conseguido comprovar a colisão dianteira.

D) O produto não poderá ser caracterizado como defeituoso, inexistindo obrigação do fabricante de indenizar
a consumidora, já que, nos autos, há apenas provas de colisão traseira.

Em regra, o comerciante não será responsabilizado por defeito do produto. Contudo, nos
moldes do art. 13 do CDC, quando houver problema com a identificação do produto, isto é, quando o
fabricante, o construtor, o produto ou o importador não puderem ser identificados ou quando o
produto for fornecido sem essa identificação, ou quando o comerciante não conservar
adequadamente os produtos perecíveis. Será permitido ao comerciante, no entanto, na hipótese de
problema com a identificação do produto especialmente, exercer o direito de regresso contra os
demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso.

O serviço não será considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas e nem o produto
será considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado
(não posso dizer que meu celular antigo tem defeito por não funcionar na rede 4G, por exemplo).

No caso dos profissionais liberais, por expressa previsão legal, sua responsabilização pessoal
dependerá da verificação de culpa no caso concreto (art. 14, § 4º, CDC).
 Caiu na OAB:
(XVI EXAME UNIFICADO – OAB FGV) A responsabilidade civil dos fornecedores de serviços e produtos,
estabelecida pelo Código do Consumidor, reconheceu a relação jurídica qualificada pela presença de uma
parte vulnerável, devendo ser observados os princípios da boa-fé, lealdade contratual, dignidade da pessoa
humana e equidade. A respeito da temática, assinale a afirmativa correta.
A) A responsabilidade civil subjetiva dos fabricantes impõe ao consumidor a comprovação da existência de
nexo de causalidade que o vincule ao comprovação da culpa, invertendo que tange ao resultado danoso
suportado.
B) A responsabilidade civil do fabricante é subjetiva e subsidiária quando o comerciante é identificado e
encontrado para responder pelo vício cabendo ao segundo a responsabilidade civil objetiva.
C) A responsabilidade civil objetiva do fabricante somente poderá ser imputada se houver demonstração dos
elementos mínimos que comprovem o nexo de causalidade que justifique a ação pro consumidor.
D) A inversão do ônus da prova nas relações de consumo é questão de ordem pública e de imputação
imediata, cabendo ao fabricante a carga probatória frente ao consumidor, em razão da responsabilidade civil

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objetiva.

Em se tratando, contudo, de vícios relativos a qualidade ou quantidade dos produtos de


consumo duráveis ou não, que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam
ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, os fornecedores responderão solidariamente, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
O fornecedor terá o prazo máximo de trinta dias para sanar o vício. Após esse prazo, poderá o
consumidor escolher uma de três alternativas:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
nessa hipótese, caso não seja possível a substituição do bem (produto saiu de linha, por exemplo),
poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante
complementação ou restituição de eventual diferença de preço;
II - a restituição imediata da quantia paga atualizada monetariamente, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos; ou
III - o abatimento proporcional do preço.
É permitido às partes convencionar a redução ou ampliação do prazo de trinta dias, que não
poderá ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo
deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. Esse
prazo, conduto, será inaplicável quando em razão da extensão do vício, a substituição das partes
viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se
tratar de produto essencial.
Caso o vício seja em relação a quantidade do produto, ou seja, quando respeitadas as
variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do
recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, poderá o consumidor exigir à sua
escolha o (I) o abatimento proporcional do preço; (II) a complementação do peso ou medida; (III) a
substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; ou
(IV) a restituição imediata da quantia paga atualizada monetariamente, sem prejuízo de eventuais
perdas e danos.
Serão sempre impróprios para o uso e consumo, vedado acordo que convencione o contrário,
os produtos com a validade vencida (no Brasil se convencionou por serem absolutos os prazos de
validade, diferente de outros países que utilizam a fórmula melhor consumir antes de...), os produtos
deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida
ou à saúde, perigosos ou aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação,
distribuição ou apresentação, e os produtos que por qualquer motivo sejam inadequados ao fim a que
se destinam. Nesse último caso, contudo, a regra pode ser flexibilizada (ex. remédio para câncer que
melhora a calvície).
No caso do vício na prestação de serviços, o consumidor poderá escolher livremente entre a
reexecução dos serviços se cabível e sem custo adicional, a restituição imediata da quantia paga
atualizada monetariamente, sem prejuízo de eventuais perdas e danos ou o abatimento proporcional

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do preço. Na primeira hipótese, a reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros
devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor.
 Caiu na OAB:
(XIV EXAME UNIFICADO – OAB FGV) Um homem foi submetido a cirurgia para remoção de cálculos renais
em hospital privado. A intervenção foi realizada por equipe médica não integrante dos quadros de
funcionários do referido hospital, apesar de ter sido indicada por esse mesmo hospital. Durante o
procedimento, houve perfuração do fígado do paciente, verificada somente três dias após a cirurgia, motivo
pelo qual o homem teve que se submeter a novo procedimento cirúrgico, que lhe deixou uma grande cicatriz
na região abdominal. O paciente ingressou com ação judicial em face do hospital, visando a indenização por
danos morais e estéticos. Partindo dessa narrativa, assinale a opção correta.
A) O hospital responde objetivamente pelos danos morais e estéticos decorrentes do erro médico, tendo em
vista que ele indicou a equipe médica.
B) O hospital responderá pelos danos, mas de forma alternativa, não se acumulando os danos morais e
estéticos, sob pena de enriquecimento ilícito do autor.
C) O hospital não responderá pelos danos, uma vez que se trata de responsabilidade objetiva da equipe
médica, sendo o hospital parte ilegítima na ação porque apenas prestou serviço de instalações e
hospedagem do paciente.
D) O hospital não responderá pelos danos, tendo em vista que não se aplica a norma consumerista à relação
entre médico e paciente, mas, sim, o Código Civil, embora a responsabilidade civil dos profissionais liberais
seja objetiva.

Serão considerados impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que
razoavelmente deles se esperam, e aqueles que não atendam as normas regulamentares de sua
realização.
É importante registrar que o fornecedor não pode alegar a ignorância sobre os vícios de
qualidade por inadequação dos produtos e serviços.
Relembrando:
Vício é a inadequação do produto/serviço para os fins a que se destinam (ex.: compro um
celular mas ele não funciona). - grave
Já o defeito é associado à insegurança do produto/serviço (ex.: compro um celular, ele
chega a funcionar, mas ele explode no meu bolso). + grave
 Caiu na OAB:
(XIII EXAME UNIFICADO – OAB FGV) Mauro adquiriu um veículo zero quilômetro da fabricante brasileira
Surreal, na concessionária Possante Ltda., revendedora de automóveis que comercializa habitualmente
diversas marcas nacionais e estrangeiras. Na época em que Mauro efetuou a compra, o modelo adquirido
ainda não era produzido com o opcional de freio ABS, o que só veio a ocorrer seis meses após a aquisição
feita por Mauro. Tal sistema de frenagem (travagem) evita que a roda do veículo bloqueie quando o pedal do
freio é pisado fortemente, impedindo com isso o descontrole e a derrapagem do veículo. Mauro,
inconformado, aciona a concessionária postulando a substituição do seu veículo, pelo novo modelo com freio
ABS. Diante do caso narrado e das regras atinentes ao Direito do Consumidor, assinale a afirmativa correta.
A) Mauro tem direito à substituição, pois o fato de o novo modelo ter sido oferecido com o opcional do freio
ABS, de melhor qualidade, configura defeito do modelo anterior por ele adquirido.
B) Se o veículo adquirido por Mauro apresentar futuro defeito no freio dentro do prazo de garantia, a

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DIREITO DO CONSUMIDOR
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concessionária Possante Ltda. é obrigada a assegurar a oferta de peças de reposição originais enquanto não
cessar a fabricação do veículo.
C) Somente quando cessada a produção no país do veículo adquirido por Mauro, a fabricante Surreal ficará
exonerada do dever legal de assegurar o oferecimento de componentes e peças de reposição para o
automóvel.
D) Havendo necessidade de reposição de peças ou componentes no veículo de Mauro, a fabricante Surreal
deverá, ainda que cessada a fabricação no país, efetuar o reparo com peças originais por um período
razoável de tempo, fixado por lei. A reposição com peças usadas só é admitida pelo Código do Consumidor
quando houver autorização do consumidor.

DA DECADÊNCIA E DA PRESCRIÇÃO
O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em trinta dias, se o
produto ou serviço for não durável ou em noventa dias se durável. A contagem do prazo decadencial
se inicia a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. Tratando-se
de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito.
Esse prazo será suspenso em caso de reclamação comprovadamente formulada pelo
consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que
deve ser transmitida de forma inequívoca ou da instauração de inquérito civil, hipótese em que
permanecerá suspenso até seu encerramento.
A prescrição da reparação dos danos causados por fato do produto ou serviço (defeito) será de
cinco anos a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
DA PROTEÇÃO CONTRATUAL DO CONSUMIDOR
Por regra geral o consumidor somente será obrigado por contrato que lhe for dada a
oportunidade de tomar conhecimento prévio. Essa cláusula será relativizada quando o contrato for
redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
Em razão da própria ideia que fundamentou a edição do CDC, as cláusulas contratuais
sempre serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor.
No mesmo sentido, prevê o art. 49 do CDC que o consumidor terá o prazo de desistência de
sete dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a
contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial,
especialmente por telefone ou a domicílio (atualmente pela internet). Caso exerça o arrependimento,
os valores eventualmente pagos, a qualquer título, durante o prazo de reflexão, serão devolvidos, de
imediato atualizados monetariamente.
DAS CLÁUSULAS ABUSIVAS
De acordo com o art. 51 do CDC, são absolutamente nulas, dentre outras (o rol é
exemplificativo), as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

(1) impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de


qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas
relações de consumo entre o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização poderá ser
limitada, em situações justificáveis;

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DIREITO DO CONSUMIDOR
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(2) subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos casos previstos neste
código;
(3) transfiram responsabilidades a terceiros;
(4) estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
(5) estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo do consumidor;
(6) determinem a utilização compulsória de arbitragem;
(7) imponham representante para concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
(8) deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o contrato, embora obrigando o
consumidor;
(9) permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variação do preço de maneira unilateral;
(10) autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito seja
conferido ao consumidor;
(11) obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem que igual
direito lhe seja conferido contra o fornecedor;
(12) autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato,
após sua celebração;
(13) infrinjam ou possibilitem a violação de normas ambientais;
(14) estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;
(15) possibilitem a renúncia do direito de indenização por benfeitorias necessárias.

Além dessas hipóteses exemplificadas pelo CDC, há três cláusulas gerais que visam dar
parâmetros para interpretação de outras hipóteses não consignadas pelo legislador, que considera
exageradas quaisquer cláusulas que tragam ao fornecedor vantagem que (1º) ofenda os princípios
fundamentais do sistema jurídico; (2º) restringe direitos ou obrigações fundamentais inerentes à natureza
do contrato, de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual; ou (3º) se mostrar excessivamente
onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo do contrato, o interesse das partes e
outras circunstâncias peculiares ao caso.

Em todo caso, a nulidade de uma (ou mais de uma) cláusula abusiva não invalidará o contrato como
um todo, exceto quando a ausência dessa(s) cláusula(s) ocasionar ônus excessivo a qualquer das partes
(mesmo que o fornecedor).

Em relação ao fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão


de financiamento ao consumidor, além dos requisitos gerais, deverá o fornecedor informar o consumidor
prévia e adequadamente sobre: I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional; II - montante
dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros; III - acréscimos legalmente previstos; IV - número e
periodicidade das prestações; V - soma total a pagar, com e sem financiamento. Em qualquer caso, as
multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu termo não poderão ser superiores a
2% do valor da prestação, sendo assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou
parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.

6
DIREITO DO CONSUMIDOR
Prof. Mario Chiuvite

 Caiu na OAB:

(XIV EXAME UNIFICADO – OAB FGV) O fornecimento de serviços e de produtos é atividade desenvolvida
nas mais diversas modalidades, como ocorre nos serviços de crédito e financiamento, regidos pela norma
especial consumerista, que atribuiu disciplina específica para a temática. A respeito do crédito ao
consumidor, nos estritos termos do Código de Defesa do Consumidor, assinale a opção correta.

A) A informação prévia ao consumidor, a respeito de taxa efetiva de juros, é obrigatória, facultando-se a


discriminação dos acréscimos legais, como os tributos e taxas de expediente.

B) A liquidação antecipada do débito financiado comporta a devolução ou a redução proporcional de


encargos, mas só terá cabimento se assim optar o consumidor no momento da contratação do serviço.

C) As informações sobre o preço e a apresentação do serviço de crédito devem ser, obrigatoriamente,


apresentadas em moeda corrente nacional.

D) A pena moratória decorrente do inadimplemento da obrigação deve respeitar teto do valor da prestação
inadimplida, não se podendo exigir do consumidor que suporte cumulativamente a incidência dos juros de
mora.

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