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Esta nova coletânea traz como novidade a apresentação

2004 O Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso no Sebrae


dos casos por área temática, visando facilitar a consulta teve sua origem em 2002 com o objetivo de disseminar
e melhor entendimento do conteúdo. 2004 as melhores práticas vivenciadas por empreendedores
e empresários de diversos segmentos e setores,
O primeiro volume da nova edição descreve casos participantes dos programas e projetos do Sebrae
vinculados aos temas de artesanato, turismo e cultura, em vários Estados do Brasil.
empreendedorismo social e cidadania. O segundo relata
histórias sobre agronegócios e extrativismo, indústria, A primeira fase do projeto, estruturada para escrever estudos
comércio e serviços. E o terceiro aborda exclusivamente de caso sobre empreendedorismo coletivo, publicou em
casos com foco em inovação tecnológica. 2003 a coletânea Histórias de Sucesso – Experiências

Os resultados obtidos com o projeto Desenvolvendo


Histórias de Sucesso Empreendedoras, em três livros integrados de 1.200
páginas, que contou 80 casos desenvolvidos em
Casos de Sucesso, desde sua concepção e implantação, Experiências Empreendedoras diferentes localidades e vários setores, abrangendo as
têm estimulado a elaboração de novos estudos sobre cinco regiões: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e
histórias de empreendedorismo coletivo e individual, e, Nordeste. Participaram 90 escritores, provenientes do
conseqüentemente, têm fortalecido o processo de Gestão quadro técnico interno ou externo do Sebrae.

Histórias de Sucesso
do Conhecimento Institucional. Contribui-se assim, de forma
significativa, para levar ao meio acadêmico e empresarial Esta segunda edição da coletânea Histórias de Sucesso –
o conhecimento acerca de pequenos negócios bem- Experiências Empreendedoras – 2004, composta de três
sucedidos, visando potencializar novas experiências volumes que totalizam cerca de 1.100 páginas, contou com
que possam ser adotadas e implementadas no Brasil. a participação de 89 escritores e vários profissionais de
todos os Estados brasileiros, que escreveram os 76 casos.
Para ampliar o acesso dos leitores interessados em utilizar
os estudos de caso, o Sebrae desenvolveu em seu portal A continuidade do projeto reitera a importância da
(www.sebrae.com.br) o site Casos de Sucesso, onde o disseminação das melhores práticas observadas no âmbito
usuário pode acessar na íntegra todos os 156 estudos de atuação do Sistema Sebrae e de sua multiplicação para
das duas coletâneas por tema, região ou projeto, bem o público interno, rede de parceiros, consultores, professores
como fotos, vídeos e reportagens. e meio empresarial.

Todos os casos do projeto foram desenvolvidos sob a orientação


de professores tutores, atuantes no meio acadêmico e em
diversas instituições brasileiras, que auxiliaram os autores
a pesquisar dados, entrevistar pessoas e escrever os casos,
de acordo com a metodologia elaborada pelo Sebrae.

Foto do site do Sebrae. Casos de Sucesso.

Esperamos que essas histórias de sucesso possam


produzir novos conhecimentos e contribuir para fortalecer
os pequenos negócios e demonstrar sua importância
econômica no País.
Série Histórias
Boa leitura e aprendizado! de Sucesso.
Primeira edição 2003.
COPYRIGHT © 2004, SEBRAE – SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É permitida a reprodução total ou parcial, de qualquer


forma ou por qualquer meio, desde que divulgadas as fontes.

SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas


Presidente do Conselho Deliberativo Nacional
Armando Monteiro Neto
Diretor-Presidente
Silvano Gianni
Diretor de Administração e Finanças
Paulo Tarciso Okamotto
Diretor Técnico
Luiz Carlos Barboza
Gerente da Unidade de Estratégias e Diretrizes
Gustavo Henrique de Faria Morelli
Coordenação do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso
Renata Barbosa de Araújo Duarte
Comitê Gestor do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso
Cezar Kirszenblatt, SEBRAE/RJ; Daniela Almeida Teixeira, SEBRAE/MG; Mara Regina Veit, SEBRAE/MG;
Renata Maurício Macedo Cabral, SEBRAE/RJ; Rosana Carla de Figueiredo Lima, SEBRAE Nacional
Orientação Metodológica
Daniela Abrantes Serpa – M.Sc., Sandra Regina H. Mariano – D.Sc., Verônica Feder Mayer – M.Sc.
Diagramação
Adesign
Produção Editorial
Buscato Informação Corporativa

D812h Histórias de sucesso: experiências empreendedoras / Organizado


por Renata Barbosa de Araújo Duarte – Brasília: Sebrae, 2004.

412 p. : il. – (Casos de Sucesso, v.2)

Publicação originada do projeto Desenvolvendo Casos de


Sucesso do Sistema Sebrae.
ISBN 85-7333-386-3
1. Empreendedorismo 2. Estudo de caso 3. Agronegócio
4. Extrativismo 5. Indústria, comércio e serviço I. Duarte, Renata
Barbosa de Araújo II. Série

CDU 65.016:001.87

BRASÍLIA
SEPN – Quadra 515, Bloco C, Loja 32 – Asa Norte
70.770-900 – Brasília
Tel.: (61) 348-7100 – Fax: (61) 347-4120
www.sebrae.com.br
PROJETO DESENVOLVENDO CASOS DE SUCESSO

OBJETIVO
O Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso foi concebido em 2002 a partir das prioridades
estratégicas do Sistema SEBRAE com a finalidade de disseminar na própria organização, nas
instituições de ensino e na sociedade as melhores práticas de empreendedorismo individual e
coletivo observadas no âmbito de atuação do SEBRAE e de seus parceiros, estimulando sua
multiplicação e fortalecendo a Gestão do Conhecimento do SEBRAE.

METODOLOGIA “DESENVOLVENDO CASOS DE SUCESSO”


A metodologia adotada pelo projeto é uma adaptação do consagrado método de estudos
de caso aplicado em Babson College e Harvard Business School, que se baseia na história
real de um protagonista, que, em dado contexto, se encontra diante de um problema ou de
um dilema que precisa ser solucionado. Esse método estimula o empreendedor, o aluno ou a
instituição parceira a vivenciar uma situação real, convidando-o a assumir a perspectiva do
protagonista.

O LIVRO HISTÓRIAS DE SUCESSO – Edição 2004


Esse trabalho é o resultado de uma das ações do projeto Desenvolvendo Casos de Su-
cesso, elaborado por colaboradores do Sistema SEBRAE, consultores e professores de ins-
tituições de ensino parceiras. Esta edição é composta por três volumes, em que se
descrevem 76 estudos de casos de empreendedorismo, divididos por área temática:
• Volume 1 – Artesanato, Turismo e Cultura, Empreendedorismo Social e Cidadania.
• Volume 2 – Agronegócios e Extrativismo, Indústria, Comércio e Serviço.
• Volume 3 – Difusão Tecnológica, Soluções Tecnológicas, Inovação, Empreendedorismo e
Inovação.

DISSEMINAÇÃO DOS CASOS DE SUCESSO DO SEBRAE


O site Casos de Sucesso do SEBRAE (www.casosdesucesso.sebrae.com.br) visa divulgar as
experiências geradas a partir das diversas situações apresentadas nos casos, bem como suas
soluções, tornando-as ao alcance dos meios empresariais e acadêmicos.
O site apresenta todos os estudos de caso das edições 2003 e 2004, organizados por área de
conhecimento, região, municípios, palavras-chave e contém, ainda, vídeos, fotos, artigos de
jornal, que ajudam a compreender o cenário onde os casos se passam. Oferece também um
manual com orientações para instrutores, professores e alunos de como utilizar o estudo de caso
na sala de aula.
As experiências relatadas ilustram iniciativas criativas e empreendedoras no enfrentamento
de problemas tipicamente brasileiros, podendo inspirar a disseminação e aplicação dessas
soluções em contextos similares. Esses estudos estão em sintonia com a crescente importância
que os pequenos negócios vêm adquirindo como promotores do desenvolvimento e da geração
de emprego e renda no Brasil.
Boa leitura e aprendizado!

Gustavo Morelli
Gerente da Unidade de Estratégias e Diretrizes
Renata Barbosa de Araújo Duarte
Coordenadora do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004


ESTRUTURANDO A CADEIA PRODUTIVA DO
FRANGO ORGÂNICO EM PALMINÓPOLIS
GOIÁS
MUNICÍPIO: PALMINÓPOLIS

INTRODUÇÃO

P alminópolis, transformada em município em 1961, situa-se na região


sudoeste do Estado de Goiás, distante 120 quilômetros de Goiânia, a
capital. Possui uma área de 387.693 km2, com uma população de 3.540 habi-
tantes, e sua principal atividade econômica é a pecuária leiteira.
Em 2001, a situação do município não era animadora. Os recursos fi-
nanceiros originavam-se principalmente do repasse de recursos federais.
O município não produzia matéria-prima para atrair indústrias, não ge-
rava emprego e ficava distante dos principais eixos rodoviários estaduais
e federais. Na eterna dependência dos recursos da União e do Estado,
com a produção incipiente e sem grandes atrativos turísticos, Palminó-
polis encontrava-se numa delicada situação, agravada pela diminuição
da sua população.
O que fazer para promover o desenvolvimento econômico do municí-
pio? Essa era a preocupação e o principal desafio de Eurípedes Custódio
Borges, conhecido por todos como Zezinho, prefeito de Palminópolis, no
exercício do seu segundo mandato.

Lázara de Fátima Hungria Borges, consultora técnica do SEBRAE/GO, elaborou o estudo de caso
sob orientação do professor Alecsandro José Prudêncio Ratts, da Universidade Federal de Góias,
integrando as atividades do Projeto Desenvolvendo de Casos de Sucesso do SEBRAE.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 1


Silvio Simões Silva

CRIAÇÃO DE GALINHAS PARA A COOPERORGÂNICA


Silvio Simões Silva

CRIAÇÃO DE GALINHAS PARA A COOPERORGÂNICA


ESTRUTURANDO A CADEIA PRODUTIVA DO FRANGO ORGÂNICO EM PALMINÓPOLIS – SEBRAE/GO

AS CONDIÇÕES ECONÔMICAS E SOCIAIS DE PALMINÓPOLIS

S egundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2003


havia 3.540 habitantes em Palminópolis ocupando um território de
388 km2. Desse total 1.283 pessoas viviam na área rural.
O município recebia, em 2001, pouco mais de R$ 200 mil por mês de re-
passe de recursos do governo federal, pelo Fundo de Participação dos Muni-
cípios (FPM), e do governo estadual, calculado com base no Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O valor do FPM é calculado de
acordo com o número de habitantes. As receitas orçamentárias realizadas em
2002 foram da ordem de R$ 4.187.982,44 (IBGE).
Estes recursos vinham sendo destinados integralmente aos seguintes itens
de despesa: pagamento de funcionalismo público, programas sociais, manu-
tenção das escolas, hospitais, estradas e na construção de obras públicas.
A principal atividade econômica desenvolvida era a pecuária, que, em
2002, segundo o IBGE, contabilizava um rebanho efetivo de 56.880 reses.
Os produtores rurais atuavam de forma individualizada. No município de
Palminópolis não havia nenhuma cooperativa, seja de produtores rurais,
seja de outro tipo.
Uma luz para Palminópolis acendeu-se quando, em 1997, o prefeito
Zezinho visitou Israel para conhecer a produção orgânica daquele país. A
viagem permitiu-lhe vislumbrar alternativas de desenvolvimento para a
sua cidade tendo como modelo essa importante experiência.

PARA VOAR COM AS PRÓPRIAS ASAS

S egundo Souza e Alcântara1, o mercado mundial de orgânicos – produtos


frescos, processados, industrializados e artigos de cuidados pessoais,
produzidos com matérias-primas obtidas por meio do sistema orgânico –
movimenta aproximadamente US$ 23,5 bilhões por ano. Estima-se que esse
mercado possa crescer 20% ao ano. De acordo com o estudo, a demanda
por produtos orgânicos tem aumentado 10% ao ano no mercado interno e
entre 20% e 30% no mercado externo.
A diferença de lucratividade da produção convencional para a orgâ-
nica varia de 30% a 70% para o produtor.
1
Souza, Ana Paula de Oliveira; Alcântara, Rosane L. Chicarelli. Produtos orgânicos: um estudo
exploratório sobre as possibilidades do Brasil no mercado internacional. 2000.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 3


AGRONEGÓCIO E EXTRATIVISMO

O prefeito Zezinho planejava transformar a pacata Palminópolis em um


pólo produtor de alimentos orgânicos. Para isso contava com o apoio de
Elson Montagno, neurocirurgião e produtor rural, que se entusiasmou
com o projeto e deu os primeiros passos para torná-lo realidade.
Na sua visão, o desenvolvimento de uma nova vocação econômica
atrairia moradores para a cidade, invertendo o decréscimo populacional.
Entendia também que executar um projeto de desenvolvimento depende-
ria da iniciativa da prefeitura, mas não se sustentaria sem o apoio e o en-
volvimento da comunidade.
Dessa forma, a primeira providência foi convencer a população da
viabilidade do projeto.
No primeiro semestre de 2001, o prefeito Zezinho iniciou um ciclo de
conversas com os produtores locais, convidando-os a participar de reu-
niões para discutir a produção orgânica e a possibilidade de constituição
de uma cooperativa de produtores. Esse processo de sensibilização dos
produtores durou aproximadamente um ano.
Enquanto isso, o médico Elson Montagno começou a produzir grãos
orgânicos, milho e soja, sob a orientação dos técnicos da Associação
Brasileira de Agricultura Biodinâmica (ABD).
Com o apoio da ABD, em outubro de 2001, a prefeitura elaborou um
diagnóstico do sistema produtivo, identificando as variedades de produ-
tos orgânicos que se adaptariam melhor à região.
O estudo orientou a decisão pela criação de frango orgânico, espécie
criada sem o uso de produtos quimioterápicos, nem antibióticos e promo-
tores de crescimento, que confere ao produto alto valor nutritivo.
A próxima etapa foi estimular a produção dos insumos necessários
para a composição da ração, como a soja e o milho orgânicos.
Em seguida, um projeto piloto foi implantado na granja-escola da pre-
feitura, com o objetivo de capacitar tecnicamente os futuros produtores.
Como um dos entusiastas da iniciativa, o médico Elson Montagno trans-
formou, em 2002, parte de sua propriedade de 1.118 hectares em “base
experimental” do programa. Já na terceira lavoura de soja orgânica moni-
torada pela ABD, Elson investiu todo o faturamento da colheita de 2004,
cerca de 35 hectares na produção de ração orgânica.
A falta de um financiamento específico para a produção orgânica limi-
tou a extensão da área plantada, pois seria necessário preparar o solo e
manter uma infra-estrutura adequada ao plantio. Além do benefício para a
saúde e para o meio ambiente, o neurocirurgião e produtor rural ressalta-

4 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


ESTRUTURANDO A CADEIA PRODUTIVA DO FRANGO ORGÂNICO EM PALMINÓPOLIS – SEBRAE/GO

va o impacto social da soja orgânica no campo, pois, segundo ele, enquanto


o manejo do produto orgânico requeria cerca de sete trabalhadores por
hectare, na lavoura convencional um único trabalhador era suficiente para
cuidar de 50 hectares.

LEVANTANDO VÔO

N o Brasil, a produção e o consumo de produtos orgânicos vem se


disseminando entre produtores e consumidores, a exemplo do que
acontece em outros países. A oportunidade de produzir frangos orgânicos
foi estimulada pelo custo de instalações inferior ao da criação conven-
cional em cativeiro.
Criar frangos era algo que todo produtor rural sabia fazer, cujo
aprendizado sempre foi passado de uma geração para outra. Criar frangos
orgânicos era uma tarefa mais complicada, pois requeria cuidados espe-
ciais muito antes do início da criação. Foi necessário adequar a ração para
o uso orgânico e o solo teve de ser preparado.
Essa era uma atividade nova em um município pequeno cuja vocação
até então era a produção leiteira. A oportunidade de ganhos no mercado
interno e externo era tentadora, aproximadamente 200% sobre o valor do
frango convencional. Isso, certamente, foi um dos pontos que estimulou
os produtores. Outra preocupação dos pioneiros foi a conservação do
meio ambiente e a necessidade de mudança no hábito alimentar, bus-
cando com isso melhorar a saúde das pessoas.
Até esse momento a comunidade palminopolina estava pouco fami-
liarizada com os produtos orgânicos e seus benefícios.

CONSTRUINDO UMA AÇÃO COOPERADA

E m 2002, o SEBRAE/GO foi procurado pelo prefeito, para orientar a


constituição de uma cooperativa com os produtores locais. Utilizando-
se da metodologia do Programa de Redes Associativas2 do SEBRAE Nacio-
nal, o SEBRAE/GO se encarregou dessa tarefa, que culminou na formação
2
Redes Associativas do SEBRAE: promove ações para o desenvolvimento social e econômico de
regiões, comunidades, empresas e cidadãos, pelo associativismo, visando à competitividade no
mercado globalizado.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 5


AGRONEGÓCIO E EXTRATIVISMO

da Cooperativa Agropecuária dos Produtores Orgânicos do Estado de


Goiás (Cooperorgânica).
A área de Associativismo e de Agronegócios do SEBRAE/GO orientou
os produtores e o prefeito sobre as alternativas para viabilizar o negócio
a fim de promover o desenvolvimento social e econômico do município.
Trabalhar com o grupo de produtores de Palminópolis não foi diferen-
te, inúmeras dificuldades foram enfrentadas, entre elas o individualismo
de muitos. A produção orgânica permite o desenvolvimento sustentável
voltado para o micro e pequeno produtor com características de agricul-
tura familiar. A formação de cooperativas tem sido o instrumento ideal
para esse tipo de empreendimento, pois insere coletivamente os coopera-
dos em um mercado, ao qual, individualmente, não teriam acesso.
Como os princípios do cooperativismo valorizam uma sociedade de
pessoas, e não uma sociedade de capital, o associado – mesmo que des-
provido de formação educacional – tem seu status nivelado ao de qual-
quer outro companheiro da cooperativa. Isso ocorreu na
Cooperorgânica e fortaleceu o senso de realização de cada cooperado,
como empreendedor ligado ao agronegócio, além de ter ampliado a
consciência de cidadania de cada um deles. Além dos cursos técnicos
realizados para esse grupo, também foram repassados conteúdos ligados
à sua responsabilidade social.
Para a formação da cooperativa, um dos primeiros passos foi ouvir os
anseios dos produtores, pessoas de hábitos simples, e entender suas ex-
pectativas de mudanças. Em outubro de 2002, realizou-se uma palestra so-
bre cooperativismo.
Em fevereiro de 2003, foi elaborado um diagnóstico sobre as oportuni-
dades de desenvolvimento local para a cidade e, junto com o grupo, mon-
tou-se um plano de ação. Os passos seguintes para a criação da
cooperativa foram dados e trilhados pelos produtores locais, com o apoio
do SEBRAE/GO, durante o primeiro trimestre de 2003.
Para o primeiro presidente da cooperativa, Antônio José Caetano, a
maior dificuldade enfrentada no início foi “a falta de experiência em traba-
lhar em grupo”. Para ele, “o individualismo era predominante”. Diz ainda
que “foi difícil unir o grupo porque cada um tem a cabeça diferente do ou-
tro e cada um queria criar o frango a seu modo”. A orientação da equipe
de consultores que apresentou as normas de criação do frango e expôs as
vantagens do trabalho em equipe iniciou a mudança da mentalidade em vi-
gor. Antônio Caetano relembra que os cooperados permaneciam com uma

6 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


ESTRUTURANDO A CADEIA PRODUTIVA DO FRANGO ORGÂNICO EM PALMINÓPOLIS – SEBRAE/GO

prática individualista, formando pequenos grupos, que resistiam a aceitar as


orientações da equipe técnica, pois achavam que conheciam suficiente-
mente o manejo de criação de frangos, e com isso tinham prejuízos. “Foi
apanhando, tomando prejuízo é que esses grupos perceberam que trabalhar
em conjunto era melhor”, comentou o presidente da cooperativa.
Um grupo de 21 micro e pequenos produtores registrou, em 1º de abril
de 2003, a Cooperorgânica.
Antônio José Caetano foi cauteloso com o projeto. Teve de começar
devagar, investindo aos poucos, pois todos eram pequenos produtores, e
um prejuízo, mesmo que pequeno, faria grande diferença no bolso deles.
Sugeriu-se também a entrada de novos sócios para a produção de milho
e soja orgânicos.
A preparação para a produção de grãos foi uma dura etapa cumpri-
da pelos precursores do projeto. O presidente da cooperativa, Célio
Conceição Pagoto, produtor rural, estava no projeto da produção de
frango orgânico desde o seu início e temia a escassez de insumos: “A
gente não sabia se o mercado teria a produção necessária e era preciso
garantir o alimento das aves. Por isso, era necessário conhecer a técni-
ca do plantio dos grãos orgânicos”.

ESTRUTURANDO A CADEIA PRODUTIVA


DO FRANGO ORGÂNICO

N ão existia na região nenhum abatedouro para dar suporte industrial


à cooperativa, por isso era necessária a construção de um para a ob-
tenção do número de registro no Serviço de Inspeção Federal do Ministé-
rio de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SIF/Mapa), sem o qual o
produto final não poderia ser comercializado no mercado.
Em dezembro de 2002, o SEBRAE/GO elaborou um projeto de viabi-
lidade econômico-financeira para a construção do abatedouro atenden-
do à legislação sanitária. De forma cooperativada, os micro e pequenos
produtores rurais buscaram o apoio da prefeitura para a edificação des-
sa instalação. A prefeitura obteve o apoio da Fundação Banco do Bra-
sil e construiu, ao custo de R$ 600 mil, o Abatedouro Municipal de Aves
Orgânicas, com capacidade diária de 5 mil abates, o primeiro certifica-
do em todo o Brasil pelo Instituto Biodinâmico (IBD) e pelo Serviço de
Inspeção Federal.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 7


AGRONEGÓCIO E EXTRATIVISMO

A prefeitura firmou um contrato de comodato por um período de 20


anos com a Cooperorgânica e transferiu aos produtores a administra-
ção do abatedouro. Inaugurado em 14 de abril de 2004, o abatedouro
gerou de imediato 25 empregos e iniciou as atividades abatendo 3 mil
frangos orgânicos por dia. A cooperativa espera chegar a 6 mil abates
por dia.

OS RESULTADOS DE UMA ALTERNATIVA DE


DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A formação da Cooperativa Agropecuária para produção, abate e


comercialização de frangos certificados como orgânicos propi-
ciou a elevação da renda dos micro e pequenos produtores rurais,
que representam 72% das propriedades rurais do município, com
média de 60 hectares. Os cooperados passaram a ter renda média
mensal de R$ 444,00.
No início de 2004, 11 pequenos produtores rurais se dedicavam à
criação do frango orgânico. Ao contrário do frango de granja, criado
em confinamento, cuja ocupação é de 18 cabeças por m2 e, pronto para
o abate em 45 dias, o orgânico é criado solto, ocupando 8 m2 por ca-
beça, e só é abatido aos 90 dias.
O principal mercado consumidor era o exterior, onde o frango or-
gânico alcançava um preço até 200% superior ao de granja. Para esti-
mular o consumo interno, a Agência Goiana de Turismo (Agetur) fez
o lançamento oficial do produto durante o I Festival Gastronômico de
Pirenópolis, em 15 de maio de 2004.
Na mesma ocasião, o governo do Estado anunciou a liberação de
R$ 150 mil para a construção de um galpão adequado para a estoca-
gem de ração e grãos orgânicos, que se efetivou por meio de convê-
nio formal entre o governo do Estado de Goiás e a Prefeitura de
Palminópolis.
Os produtores da cooperativa se prepararam para produção em larga
escala e com qualidade, objetivando atender ao mercado externo. Para
tanto, buscaram financiamento no Fundo Constitucional do Centro-Oes-
te (FCO) para a construção de galpões adequados e com maior capaci-
dade de criação, atendendo ao novo modelo de módulos de criação,
proposto pela cooperativa.

8 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


ESTRUTURANDO A CADEIA PRODUTIVA DO FRANGO ORGÂNICO EM PALMINÓPOLIS – SEBRAE/GO

Em 2004, o custo para a implantação desse modelo, com módulo com


três galpões, era de aproximadamente R$ 50 mil. Foi construído ainda
um galpão para armazenamento de ração e grãos orgânicos, com capa-
cidade de 20 mil sacos de 60 kg.

VÔOS MAIS ALTOS E MAIS DISTANTES

N o final do primeiro semestre de 2004, a comercialização e a


abertura de mercado interno para a Cooperorgânica ainda se en-
contravam em fase de implantação, concentrando-se inicialmente em
Goiânia e principalmente em Brasília por se tratar de um mercado
de maior renda per capita. A cooperativa estava em fase de negocia-
ção com duas redes de hipermercados, um grupo empresarial do
ramo de aves e em contatos iniciais com potenciais compradores do
mercado externo.
A presença constante dos filhos e esposas dos produtores rurais nas
reuniões, palestras e assembléias gerais da Cooperorgânica promoveu
um efeito multiplicador muito importante na comunidade. A difusão da
perspectiva de melhoria da qualidade de vida em virtude do aumento
da renda a partir da atividade cooperada abriu para a comunidade no-
vos horizontes.
A prática do cooperativismo despertou “em gente simples” a inicia-
tiva de mobilização para a solução de novas necessidades coletivas. A
comunidade mobilizou-se para formar uma associação com o objetivo
de requerer a outorga de freqüência de Rádio Comunitária, pois o mu-
nicípio não dispunha de nenhum meio de comunicação em massa.
A diretoria da cooperativa convidou professores do município para
falarem em reuniões e darem palestras sobre a importância da preser-
vação do meio ambiente e da disseminação de uma cultura da coope-
ração.
Essa atividade também gerou efeitos multiplicadores, pois os profes-
sores difundiram esses conhecimentos entre os alunos, que se mostra-
ram mais conscientes quanto à preservação ambiental e ao uso de
produtos orgânicos. Célio Pagoto, presidente da Cooperorgânica, indi-
cou que houve relativa mudança cultural no sentido da preservação
ambiental, e a cooperativa propôs à Secretaria Municipal de Educação
tornar o ensino desse tema obrigatório nas escolas. Possivelmente os

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 9


AGRONEGÓCIO E EXTRATIVISMO

produtores leiteiros do município, com base nessa iniciativa, começa-


riam a pensar em produzir leite e derivados orgânicos.

CONCLUSÃO

E m fevereiro de 2004, com o apoio do SEBRAE/GO e da Fundação


Banco do Brasil, o prefeito Zezinho foi à Alemanha participar da
World Organic Trade Fair (Feira Internacional de Negócios de Produtos
Orgânicos/BioFach), com 1.971 expositores de 62 países.
Em solenidade que contou com a presença de várias autoridades, o pre-
feito recebeu o Prêmio Prefeito Empreendedor de Goiás Henrique Santillo,
terceira edição, em reconhecimento à iniciativa pioneira que colocava o
município na vanguarda da produção de frango orgânico no Brasil. A ceri-
mônia ocorreu durante a inauguração do Abatedouro Municipal de Aves
Orgânicas. O município recebeu um prêmio no valor de R$ 70 mil em
consultoria, que foi utilizado na capacitação dos pequenos produtores e
na promoção da comercialização dos produtos orgânicos de Palminópolis.
O sucesso das experiências implementadas em Palminópolis deu ao
prefeito mais um prêmio. No início de agosto de 2004, o projeto foi sele-
cionado para concorrer ao prêmio Prefeito Empreendedor âmbito nacional,
classificando-se como primeiro colocado da região Centro-Oeste.
Em razão de os princípios cooperativistas focarem as pessoas, e não
o capital, o associado – mesmo que desprovido de qualquer escolariza-
ção formal – tem seu status nivelado ao de qualquer outro companheiro
da cooperativa, pois seu voto nas decisões tem o mesmo peso de impor-
tância dos demais. Isso fortalece o senso de realização como empreende-
dor ligado ao agronegócio e ainda eleva sua consciência de cidadania e
responsabilidade social.
O manejo biodinâmico de criação de aves foi uma inovação no Brasil
e único em toda a região Centro-Oeste do País. Outras iniciativas de
pequeno porte são encontradas nos Estados do Paraná, Minas Gerais,
São Paulo e Espírito Santo.
A sustentabilidade do projeto baseou-se no crescimento constante e
gradual da quantidade de aves organicamente produzidas e comerciali-
zadas. Foi necessária a realização de operações financeiras, em busca
de linhas de crédito atrativas, a exemplo do FCO, para dar condições de
promover maior rapidez e eficiência na produção do frango orgânico.

10 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


ESTRUTURANDO A CADEIA PRODUTIVA DO FRANGO ORGÂNICO EM PALMINÓPOLIS – SEBRAE/GO

A integração e a complementaridade das ações entre as instituições par-


ceiras como o SEBRAE/GO, o IBD, a ABD, a Prefeitura de Palminópolis, a
Fundação Banco do Brasil e a Secretaria Estadual de Planejamento (Seplan)
marcaram o projeto desde a sua concepção.
Muitas outras ações foram implementadas pelo SEBRAE/GO no decorrer
de 2004 em virtude da premiação conquistada. A atuação mais expressiva foi
a do Programa SEBRAE de Redes Associativas, criado pelo SEBRAE Nacional
e adotado pelo SEBRAE de Goiás. Orientações mercadológicas e tecnológicas
foram destinadas ao projeto. Por meio da área de Agronegócios do SEBRAE/
GO, ofereceu-se a capacitação rural com os programas Despertar Rural, Qua-
lidade Total Rural e outros como o Programa de Alimento Seguro (PAS).
A cooperativa movimentou o município e, mesmo com uma pequena
produção, apresentou-se como um caminho para o desenvolvimento social
e econômico, pela geração de empregos diretos e indiretos e melhora no
rendimento auferido pelos cooperados, que cresceu de uma média mensal
de R$ 444,00 para R$ 800,00.

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

• Apresente alternativas de desenvolvimento sustentável para os tradi-


cionais produtores de frango de um município pequeno e com baixa
inserção no mercado regional e nacional como Palminópolis.

• Analise o papel do poder público local e das parcerias estabelecidas


para o sucesso do projeto.

• Quais os riscos para a continuidade do projeto quando as instituições


públicas envolvidas reduzirem sua participação?

• Que obstáculos a cooperativa deverá enfrentar para ampliar sua produ-


ção e manter-se no mercado?

AGRADECIMENTOS

Diretoria Executiva do SEBRAE/GO: Carlos Alberto Guimarães, Gilvane Felipe, Ney Geraldo Borges.

Coordenação Técnica: Lázara de Fátima Húngria Borges.

Colaboração: Jornalista Wilson Lopes Menezes do SEBRAE/GO e todos aqueles que contribuíram
direta e indiretamente com a descrição deste caso.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 11


AGRONEGÓCIO E EXTRATIVISMO

BIBLIOGRAFIA

SOUZA, Ana Paula de Oliveira; ALCÂNTARA, Rosane L. Chicarelli. Produtos


orgânicos: um estudo exploratório sobre as possibilidades do Brasil no
mercado internacional. 2000. Disponível em: <http://www.planetaorgani-
co.com.br/trabalhos.htm>. Acesso em: 14 set. 2004.

12 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS

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