Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
ARTIGOS
ÁREA TEMÁTICA
EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
104
Resumo: Objetiva se com o presente trabalho, apresentar como ocorre à inclusão
do aluno surdo desde a educação escolar até sua inserção no mercado de trabalho,
a partir da opinião da coordenação pedagógica de uma escola pública. A pergunta
que norteou essa pergunta foi: Em que medida a escola contribui para a inserção do
aluno surdo no mercado de trabalho? Para tanto, foi realizado uma pesquisa
qualitativa, com pesquisa bibliográfica ponto de partida do estudo, a qual contribuiu
para o levantamento de dados gerais e específicos quanto à teoria dos estudiosos
sobre o assunto bem quanto à lei e a prática, decorrentes da implantação e
conquistas da educação e inclusão dos surdos ao longo dos anos, que teve como
instrumento de coleta de dados uma entrevista semiestruturada com 5 perguntas
aplicadas a 3 coordenadores pedagógicos. Os resultados apresentados apontam
para o papel fundamental do Tradutor Intérprete de Língua de Sinais Portuguesa
(TILSP) na mediação comunicativa entre alunos e professores no momento das
aulas. Como também, para a falta de conhecimento da Língua de Sinais Brasileira
(Libras) por parte dos coordenadores e professores que acabam tentando se
comunicar por meio de gestos, leitura labial e/ou escrita. Apesar disso, muito dos
professores tentam utilizar em suas aulas recursos visuais que facilitam o
aprendizado do aluno surdo. Em relação à inclusão no mercado de trabalho, a
pesquisa aponta para o grande apoio e incentivo que esta escola oferece para tais
alunos, que ainda enfrentam dificuldades para serem incluídos e conseguirem
avançar em sua vida profissional. Em relação à inclusão do aluno surdo no mercado
de trabalho, as respostas dos coordenadores apontam para um grande apoio e
estímulo que esta escola e seus profissionais oferecem para ajuda-los neste
processo. Pode se concluir pela análise das respostas dos coordenadores que a
atuação do profissional TILSP é de suma importância para a comunicação e a
inclusão dos alunos surdos.
1
Acadêmica do curso Letras Libras da EaD/UFGD. <karlinhaben@gmail.com>
2
Mestranda em Educação pela UFGD, Acadêmica do curso Letras Libras da EaD/UFGD
<jake.librasufgd@gmail.com>.
Introdução
nesse sentido, a lei desencadeia os direitos linguísticos dos surdos, sendo assim, as
pessoas passam a ter o direito de ter a educação na sua língua.
De acordo com Brasil (2002), o poder público deve garantir o apoio
necessário para o uso e difusão da Libras, como meio de comunicação nas
comunidades surdas brasileiras. Dentre os vários aspectos abordados na lei, está a
obrigatoriedade da oferta da disciplina de Libras no currículo das licenciaturas e dos
cursos de fonoaudiologia, como também a presença de tradutores/intérpretes em
escolas para mediar a comunicação entre os alunos surdos e a comunidade escolar.
Desta maneira, o processo histórico da educação dos surdos vive em
constante mutação sempre propondo, refazendo, ampliando seus horizontes e com
isso quebrando muitos paradigmas e mitos construídos ao longo do tempo pela
sociedade ouvinte.
De acordo com Mantoan (2003) o âmbito escolar por muito tempo tem sido
cercado de muita burocracia e formalismo da racionalidade e é justamente nesse
ponto que a inclusão intervém para remodelar esse paradigma atual e assim se
encaixar no mapa da educação escolar que está sendo retraçado (MANTOAN,
2003).
Uma grande barreira para quem pretende inovar a escola é o pensamento
subdividido em áreas específicas, o ensino curricular ao invés de relacionar as
disciplinas, simplesmente às isola, essa barreira é muito visível quando se colocam
em pauta os alunos com necessidades educacionais especiais como cita a
professora Maria Teresa Eglér Mantoan:
Os sistemas escolares também estão montados a partir de um pensamento
que recorta a realidade, que permite dividir alunos em normais e deficientes,
as modalidades de ensino em regular e especial, os professores em
especialistas nesta e naquela manifestação das diferenças (MANTOAN,
2003,p.19)
Nota-se por essa citação que o sistema escolar que precisa se adequar ao
aluno e suas necessidades, e quando se foca isso para a criança com surdez,
pensa-se que esta possui uma língua materna diferente dos demais alunos, pois
enquanto eles sendo ouvintes utilizam a oralidade, o surdo utiliza um meio visual-
espacial, ou seja, na Língua de Sinais. É preciso olhar os movimentos que o emissor
realiza para então entender a mensagem; enquanto na língua oral é necessário
apenas ouvi-lo, sem necessariamente olhar para ele.
Assim, a pesquisa ocorre em uma escola pública inclusiva, na qual levanta-se
algumas indagações, tais como: De que maneira os coordenadores se comunicam
com os alunos surdos? As aulas para este alunos são diferenciadas? A escola
incentiva ou ajuda na inserção do aluno surdo no mercado de trabalho?
Tais perguntas serão respondidas pela coordenação pedagógica da escola,
pois pretende-se apresentar com esta pesquisa como ocorre a inclusão do aluno
surdo desde o ambiente escolar até a sua inserção no mercado de trabalho.
Metodologia
Resultados e Discussão
Considerações Finais
dos coordenadores apontam para um grande apoio e estímulo que esta escola e
seus profissionais oferecem para ajuda-los neste processo.
No entanto, percebe-se que os alunos surdos apesar dos esforços feitos pela
escola ainda enfrentam dificuldades para serem incluídos e conseguirem avançar
em sua vida profissional, pois apenas conseguem trabalhos manuais com poucas
perspectivas de crescimento.
Torna-se relevante considerar que a educação inclusiva tem contribuído para
uma melhor qualidade de vida dos alunos surdos, no entanto, é preciso avançar
para que estes possam galgar passos mais longos sem sua vida acadêmica e
profissional.
REFERÊNCIAS
CASTRO, Alberto Rainha de; CARVALHO, Ilza Silva de. Comunicação por língua
brasileira de sinais: livro básico. 3. ed . Brasília: SENAC/ DF, 2009.
MANTOAN, Teresa Eglér. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como? 1. ed. São
Paulo: Moderna, 2003.
RESUMO
115
Este artigo é resultado de nossa pesquisa realizada junto ao programa de Pós-
Graduação Lato Sensu – Especialização em Educação Especial, na Universidade
Católica D. Bosco – UCDB no ano de 2017. Já há algumas décadas se faz presente
o discurso sobre a inclusão de estudantes com deficiência nas escolas de ensino
regular. Nesse sentido, vários pesquisadores têm se debruçado sobre essa temática
e muitos documentos, decretos, leis, diretrizes e declarações foram elaborados,
objetivando solidificar o direito à diferença sob a ótica da igualdade. A nossa
contribuição neste estudo está em, à luz da produção bibliográfica sobre o tema e
dos documentos oficiais, analisar como está (ou não) ocorrendo a inclusão das
pessoas com deficiência nas escolas de ensino regular, tanto na educação básica
quanto no ensino superior, ou seja, buscar uma análise consciente e consistente dos
limites e das possibilidades da inclusão das pessoas com deficiência no âmbito
escolar. Acreditamos que uma das formas de minimizar e quiçá dirimir essas
problemáticas seria, primeiramente, buscar o entendimento de que é possível a
construção de uma sociedade mais justa e igualitária, onde a diferença deva ser
entendida como uma característica própria de cada ser humano e fonte de trocas de
experiências, informações e conhecimentos entre as pessoas. Conhecer e
compreender a legislação acerca da inclusão, apresenta-se, também, como uma
outra forma de fortalecer as discussões em torno do processo inclusivo. Nesse
sentido, sabe-se que muitos avanços já ocorreram desde a promulgação da
Declaração de Salamanca, em 1994, que claramente, oferta uma orientação
inclusiva nas escolas regulares, uma vez que assim, o combate às atitudes
discriminatórias seriam mais eficazes e, também pelo simples fato de que
estudantes com deficiência devem ter acesso à escola regular. Todavia, percebe-se
que conceitualmente sim, há uma forte orientação no tocante à existência de
sistemas educacionais inclusivos, que garanta o acesso de todos os estudantes,
bem como apoios necessários para sua efetiva aprendizagem, porém, as políticas
implementadas pelos sistemas de ensino não alcançaram esse objetivo.
INTRODUÇÃO
se fazia em relação a essa situação, uma vez que a deficiência mental no Brasil não
era considerada uma ameaça ou uma degenerescência à espécie, como foi
considerada em países europeus ou norte-americanos, onde havia preocupação em
criar instituições especializadas ou mesmo classes especiais em escolas públicas
para o atendimento desta parcela da população, isso entre os séculos XVIII e XIX.
Foi apenas no ano de 1957 que o atendimento educacional às pessoas com
deficiência tornou-se efetivamente uma preocupação social, quando o governo
federal trouxe para si essa responsabilidade, criando várias campanhas voltadas
para esse fim. Campanhas estas como a de 1957, voltada para os deficientes
auditivos, intitulada Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro, que tinha como
objetivo promover medidas para a educação e assistência aos surdos, em todo o
Brasil. No ano seguinte, foi organizada a Campanha Nacional da Educação e
Reabilitação do Deficiente da Visão. Já no ano de 1960, foi criada e Campanha
Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais, que tinha como
pressuposto, segundo Mazzotta (1996, p. 52) promover: ―educação, treinamento,
reabilitação e assistência educacional das crianças retardadas e outros deficientes
mentais de qualquer idade ou sexo‖. No entanto, já em anos anteriores iniciativas da
sociedade civil saíram à frente em busca do atendimento às pessoas com outras
deficiências. De acordo com Lanna Júnior (2010, p. 25):
No contexto histórico de industrialização e urbanização brasileiras,
processo iniciado na década de 1920 e aprofundado nas décadas de
1940 e 1950, surgiram, por iniciativa da sociedade civil, novas
organizações voltadas para as pessoas com deficiência. Essas
novas organizações se destinavam a outros tipos de deficiência e
com formas de trabalho diferenciadas, por não se restringirem à
educação e atuarem também na saúde. Nesse período, os primeiros
centros de reabilitação física surgiram motivados pelo surto de
poliomielite [...] As principais iniciativas para atender a deficiência
intelectual desse período foram dos movimentos pestalozziano e
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
apaeano. Até a metade do século XIX, a deficiência intelectual era
considerada uma forma de loucura e era tratada em hospícios.
Durante a República, iniciaram-se as investigações sobre a etiologia
da deficiência intelectual, sendo que os primeiros estudos realizados
no Brasil datam do começo do século XX.
2.1 A escola
De acordo com Valente (1998), a escola tem sido considerada como um
campo estratégico para a superação de tensões e conflitos baseados na percepção
das diferenças cognitiva, sensorial, motora, étnica, racial, de gênero etc., rumo à
da inclusão daqueles que destoam do perfil produtivo. Nas escolas brasileiras não é
difícil notar, por exemplo, que o modelo vigente de conhecimento é aquele que
formará o cidadão para dar continuidade ao modelo da sociedade atual (racionalista,
excludente e discriminatória). Contudo, sabe-se que há diferentes formas de pensar,
agir, resolver problemas, de visões de mundo, cada qual com sua singularidade, que
é direito intrínseco de todo ser humano, assim sendo, cabe à educação e aos
profissionais da educação uma visão mais alargada na compreensão da diversidade.
O convívio com o oposto, o diferente, pressupõe tolerância. Nesse sentido, a
diversidade presente na instituição escolar contribui para o fortalecimento dos
princípios da democracia. É certo que o contato com situações desconhecidas, e
muitas vezes inusitadas, como por exemplo, o contato de estudantes ditos ―normais‖
com estudantes surdos, mudos, autistas, com transtorno global do desenvolvimento,
síndrome de Asperger, deficiente físico, cego, etc. aumenta o cabedal de
conhecimento, de respeito, de afeto, de cooperação do educando, pois ante ele
descortinam-se cotidianamente pequenos eventos ou acontecimentos antes
insuspeitados. É a possibilidade de auxiliar um colega a se locomover de um espaço
a outro, é o aprendizado que se tem quando se está em contato com o aluno surdo-
mudo através da língua brasileira de sinais, é a satisfação de auxiliar um colega com
visão subnormal a ler ou escrever um texto, ou seja, são todos esses conhecimentos
que não se encontram nos currículos escolares, mas que se encontram no convívio
diário entre os diferentes no contexto escolar.
De acordo com os Temas Transversais dos PCNs, observa-se que há uma
preocupação de como agir, na prática, enfatizando a importância do comportamento
do educador com o engajamento na luta contra a discriminação:
2.2 A legislação
Na primeira década do século XX não existia ainda, no Brasil, uma
preocupação no tocante à conceituação, classificação e criação de serviços no
atendimento educacional especializado. Neste sentido, Mendes (2010, p. 97)
esclarece que: ―a pequena seleção dos ‗anormais‘ na escola ocorria em função de
critérios ainda vagos e baseados em ‗defeitos pedagógicos‘ e os escolares
considerados, por exemplo, como ‗subnormais intelectuais‘‖. Percebe-se,
claramente, que as discussões em torno do atendimento educacional especializado
ainda eram prenhes de conhecimentos específicos e as diferenças entre as pessoas
eram entendidas dentro dos conceitos de normalidade e anormalidade. Já na
segunda metade do século XX, importantes avanços para o atendimento
educacional das pessoas com deficiência são percebidos. No ano de 1961, é
implantada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional – LDBEN n° 4.024 em
128
REFERÊNCIAS
3
CORREA, Gislaine Silva Santana
Graduada em Letras/ UFGD1
Maria Ceres Pereira (Or.)
FACALE/UFGD 132
IC/CNPq2
Educação e Diversidade
RESUMO
Este trabalho de iniciação científica teve como foco, estudar o que falam as
mulheres indígenas de si mesmas considerando questões de língua e cultura e seus
papéis como mães na aldeia indigena Jaguapiru. Como fonte teórica utilizamos o
RCNEI e autores como Ivana Lopes de Melo Ibiapina. Metodologicamente o estudo
teve um caráter qualitativo como visitas as casas das mulheres indígenas, aplicando,
nestas ocasiões entrevistas gravadas em audio. Não ficou evidente se a intolerância
gera como conseqüência, o afastamento ou deslocamento da língua indígena,
contudo evidenciou-se o fato do português ser a língua dos lugares sociais, ele
acaba por se impor sobre qualquer uma das línguas indígenas.
ABSTRACT
The present work focused on studying the indigenous women who speak about
themselves, considering issues of language, culture and their roles as mothers in the
indigenous village named Jaguapiru. We used RCNEI and author such as Ivana
Lopes de Melo Ibiapina as a theoretical source. Methodologically, the study had a
qualitative way as visiting the indigenous women's homes, applying on these
occasions the audio-taped interviews. It was not clear whether the intolerance
reproduce, as a consequence, the remoal or displacement of the indigenous
language, however, it was demonstrated that the fact that Portuguese is the
language of social places and it becomes imposed on any indigenous languages.
INTRODUÇÃO
1
CORREA, G. S.S, UFGD, Faculdade de Comunicação, Artes e Letras, Dourados, MS, Brasil, 79834-626,
gislaineiasd@hotmail.com
2
PEREIRA, M. C, UFGD, Faculdade de Comunicação, Artes e Letras, Dourados, MS, Brasil, 79834-626
tradição e, para estes ritos, a língua indígena deve ser a língua veicular. Ao mesmo
tempo ela traz os meios de comunicação como elemento a forçar a língua
portuguesa. Ela então traz as duas instancias para localizar o lugar das línguas:
tradição = língua de berço; rádio e TV= língua portuguesa.
Em relação a situações de preconceito étnico em relação às mulheres
indígenas, não foi uma temática muito explorada ou materializada nas falas
entrevistadas. Contudo, ao se ouvir novamente Jussara sobre as línguas usadas em
sua família, a mesma afirmou que: Só [fala] im portugueis, si eu falá guarani elis fala
a mãi tá cum fomi. (risos) Quando ela fala que a língua guarani gera em seus filhos a
sensação de algo jocoso, ela mesma ri e seu riso explicita uma atitude negativa em
relação a esta língua. Isto porque, quando ela afirma que o português é usado em
todos os momentos, para esta língua não há atitude de riso, tampouco de
menosprezo como se pode ver: Num usu u guarani im casa, só u portugueis, só
essis meu filho mais velhu sabi falá só qui falo. Neste fragmento de sua entrevista,
Jussara aborda que o fato de muitos majoritária, se impõe. E esta é a realidade dos
filhos mais velhos dela. São trabalhadores no corte de cana e, nos locais de trabalho
convivem com falantes da língua majoritária.
Na fala desta mãe e na fala da diretora da escola, evidenciou-se a
preocupação com a manutenção da língua de berço. Nesse sentido, ambas
concordam que a escola pode ter um papel relevante na manutenção da língua.
Dizem elas: É baum né, já qui as criança num qué aprendê cum a genti. A mãe
entende que se há resistência em as crianças aprenderem a língua guarani com a
família, que a escola possa assumir este papel de ensinar. Por sua vez, a diretora
diz: No início, os alunos tinham resistência, mas agora eles aceitam bem, as duas
línguas se mesclam durante as atividades Nesta fala, a diretora afirma que a tarefa
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
de a escola buscar a manutenção da língua, enfrentou resistência por parte dos
alunos. Contudo, a escola por ter insistido nesta tarefa, conseguiu oferecer aos
alunos a possibilidade das duas línguas.
CONSIDERAÇÕES POSSÍVEIS
140
4
Mestre em Mestrado Profissional Ensino em Saúde da
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de
Dourados; Email: anapauladelimaand@gmail.com. Relator.
5
Professor do Curso de Mestrado Profissional Ensino em Saúde da
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade Universitária de
Dourados; Email: lourdesmissio@uems.br.
³ Enfermeiro e discente no curso de Direito do Centro Universitário da Grande Dourados; Email:
babintonadv@gmail.com.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Palavras-chave: Tecnologia educacionais, Validação, Profissionais de saúde.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
151
RESUMO
A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) tem sua base no ensino,
pesquisa e extensão, e esse projeto vem atender a esses quesitos. A educação em
saúde é presente na formação do aluno do curso de enfermagem e os cuidados
com população é a uma das bases da enfermagem como profissão, sendo que a
criança é importante e merece atenção especial. O desenvolvimento infantil
encontra-se particularmente vinculado ao lúdico, brincar, uma vez que este último
se apresenta como a linguagem própria da criança, através da qual lhe será
possível o acesso à cultura e sua assimilação, num movimento dialético
característico do processo de crescimento e amadurecimento. Neste sentido, o
brincar se apresenta como fundamental, tanto ao desenvolvimento cognitivo e
motor da criança quanto à sua socialização, sendo um importante instrumento de
intervenção em saúde, durante a infância. É importante ressaltar que para aplicar o
cuidado transcultural é preciso compreender a peculiaridade da população, para
que dessa forma o cuidado aplicado se ajuste as crenças e valores da população.
Tornando se assim fundamental e significativo para a enfermagem compreender o
cuidado transcultural, para poder fornecer a qualidade do cuidado para todos os
indivíduos independente da sua cultura. Este projeto tem como objetivo realizar
atividades lúdicas e educativas em saúde, desenvolvidas e direcionadas, com o
enfoque no autocuidado, na prevenção e promoção da saúde com crianças no
Núcleo de Atividades Múltiplas (NAM) na aldeia Bororó, juntamente com as
crianças assistidas no PETI – I (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil
Indígena), desenvolvido na aldeia, observando o cuidado transcultural em
enfermagem. Ao finalizar o projeto podemos concluir que é importante tanto para
as crianças como para os alunos da enfermagem que desenvolvem habilidades e
competências para realizar atividades de educação em saúde com a comunidade e
especialmente com a população indígena que é significativamente no Mato Grosso
do Sul.
Palavras-Chave: Brinquedo; Crianças; Educação em Saúde; Promoção da Saúde.
ABSTRACT
The State University of Mato Grosso do Sul (UEMS) has its base in teaching,
research and extension, this project meets these requirements.Health education is
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
present in the training of the student of the nursing course and the care with
population is one of the bases of nursing as a profession, and the child is important
and deserves special attention. Child development is particularly linked to play, since
it presents itself as the child's own language, through which access to culture and its
assimilation will be possible, in a dialectical movement characteristic of the process
of growth and Maturation. In this sense, play presents itself as fundamental, both to
the cognitive and motor development of the child and to its socialization, being an
important instrument of intervention in health during childhood. It is important to 153
emphasize that in order to apply transcultural care it is necessary to understand the
peculiarity of the population, so that the applied care will adjust the beliefs and values
of the population. Making it so fundamental and meaningful for nursing to understand
cross-cultural care, in order to provide the quality of care for all individuals regardless
of their culture. This project aims to carry out educational and leisure activities in
health, developed and directed, focusing on self-care, prevention and health
promotion with children in the Nucleus of Multiple Activities (NAM) in the Bororó
village, together with the assisted children In PETI - I (Program for the Eradication of
Indigenous Child Labor), developed in the village, observing cross - cultural care in
nursing. At the end of the project we can conclude that it is important for both
children and nursing students who develop the skills and competencies to perform
health education activities with the community and especially with the indigenous
population that is significantly in Mato Grosso do Sul.
INTRODUÇÃO
A educação em saúde é um dos pilares na formação do aluno do curso de
enfermagem. A enfermagem como profissão está fundamentada na ciência e arte
dos cuidados com a população nas suas fases de crescimento e desenvolvimento
e seu percurso evolutivo, iniciando antes do nascimento até a finitude da vida.
Segundo Watson, o eixo central da enfermagem é o exercício do cuidar, se
propõe a compreender como se relaciona entre si a saúde, a enfermidade e a
conduta humana. A motivação fundamental de sua ação é o cuidar de sujeitos
vulneráveis que sofrem ou padecem, ou tratar de ajudar a quem acompanha essas
pessoas.
A enfermagem é o cuidado do ser humano, acompanhado de uma ótica
pluridimensional, tanto em intenção como extensão da pessoa humana enferma, se
tornando evidente que as duas disciplinas possam contribuir com elementos
tremendamente ricos em ambas as direções (TORRALBA, 2009).
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Promover oficinas de educação em saúde através de momentos de alegria e
descontração, com as crianças;
Realizar brincadeiras interativas entre educativas e lúdicas;
Aprender com as crianças participantes do projeto brincadeiras, teatro e
músicas sobre os temas relacionados à saúde e doença;
Proporcionar aos acadêmicos condições de desenvolver habilidades e
competências no trabalho com crianças e adolescentes e familiares em atividades
de prevenção e promoção de saúde;
Desenvolver nos acadêmicos as competências de educador em saúde e a
transformação social/ educacional baseado em ações da enfermagem.
METODOLOGIA
A execução desse projeto esta em duplicidade de responsabilidades entre
os acadêmicos (as) do Curso de Enfermagem e professora orientadora, no qual
foram desenvolvidas atividades recreativas e educativas com as
crianças/adolescentes e familiares indígenas desenvolvidas no Núcleo de
Atividades Múltiplas (NAM) Bororó.
Embasados pelas justificativas e relevância, objetivos gerais e específicos,
na relação entre ensino, pesquisa e extensão inicialmente foi realizado a
capacitação teórica dos acadêmicos inseridos e envolvidos no projeto para
desenvolver as atividades iniciais e previstas e solicitadas pela coordenação do
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
NAM e do PETI –I, na concretização da brinquedoteca junto as crianças inseridas
no programa.
Após esta capacitação teórica, foram realizadas as oficinas práticas na
confecção de material prático para as atividades propostas na e o planejamento e
desenvolvimento das ações. Os acadêmicos envolvidos serão escalados para
atividades de recreação e estimulação, em grupos acompanhados pela docente 160
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar o projeto podemos concluir que é importante tanto para as
crianças como para os alunos da enfermagem que desenvolvem habilidades e
competências para realizar atividades de educação em saúde com a comunidade e
especialmente com a população indígena que é significativamente no Mato Grosso
do Sul e em Dourados nas duas aldeias e sua proximidade com a área urbana.
Considerando as atividades realizadas a continuidade deste projeto como
forma de extensão seria imprescindível, porém a logística mobilidade torna
praticamente inviável, pois a UEMS não dispõe de meios de transporte para os
alunos e professor no campo dessa prática. Até o final desse quem propiciou
transporte foi a ONG amigo do índio.
Para os alunos da enfermagem encerra-se uma oportunidade de educação
em saúde, mas com a gratificação de realizar objetivamente atividades com
crianças em um programa de atenção e futuramente já possibilita no campo
profissional a experiência de trabalhar nesse setor.
Quando a universidade dispuser condições logísticas e de orçamento para
projetos de extensão esse será retomado no NAM ou nas escolas no âmbito da
aldeia sempre com conotação de educação em saúde sob a forma de oficinas,
rodas de conversa, pois é muito bom desenvolver ações junto as crianças em
situação de vulnerabilidade e para o acadêmico é uma experiência positiva e
salutar que prevê a qualidade, competência e habilidades desenvolvidas pelo
profissional formado pela UEMS.
REFERÊNCIAS
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
AJURIAGUERRA, J.– Manual de Psiquiatria Infantil. Barcelona:Toray-Masson
apud LEITE et al., O Brincar Como Estratégia Comunicativa De Promoção Da
Saúde Em Crianças Hospitalizadas. VI CONFERÊNCIA BRASILEIRA DE
COMUNICAÇÃO E SAÚDE São Bernardo do Campo, SP, 01 a 03 de Outubro de
2003.
WATSON, J. Nursing: the philosophy and Science of ccaring. Boston, 1979, p8-
9.
Introdução
10
Considerando até nossos dias.
11
Para Tomaz Tadeu Silva – é um tipo de copia e cola, tira de um contexto e coloca em outro e
reaparece sob o disfarce da suavização.
12
pesquisa intitulada Educação para as Relações Étnico-Raciais e a Descolonização Curricular: o
ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena no Estado de Mato Grosso do Sul de 2012 a
2016 , vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Educação, Relações Étnico-Raciais e
Formação de Professores (GEPRAFE/UFGD).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Por outro lado, a criança negra não percebe na sua rotina, nos livros didáticos e na
mídia, sua cor/raça/etnia ocupando uma posição de prestígio, mas quase sempre de
desonra, de desprezo, o que acarreta na baixa autoestima e aculturação individual.
Como docentes entendemos ser necessário cumprir as leis que revigoram a
obrigação do estudo da história geral da África e da história da população negra no
Brasil tanto nas escolas públicas, quanto nas particulares. Devemos ainda criar 167
No Brasil, não usamos o termo etnia para se tratar do negro por considerar
que alterar raça para etnia não acabaria com o racismo, pois o mesmo aqui não é
um racismo que surgiu do termo e sim um racismo marcado pelo símbolo, é
alicerçado pela cor da pele, formato do nariz, tipo de cabelo, ou seja, os traços
fenotípicos são utilizados como critérios.
Identidade e Diferença
preconceituosos por meio das diferentes instituições sociais que Pierre Bourdieu
chama de campos sociais que inicia-se na família, vizinhança, escola, igreja e etc.
Desta forma, aprendemos a ser preconceituosos enquanto crianças ensinados por
adultos.
Por isso faz-se necessário que estas intuições ou campos sociais tenham
uma ruptura de paradigma afim de romper com a prática de perpetuação do
preconceito.
A discriminação racial é o ato de praticar o racismo efetivando o preconceito.
De acordo com Jaccoud e Begin (2002) a discriminação racial se divide em
duas formas, discriminação direta e indireta. A primeira seria aquela em que a
pessoa é discriminada por atos concretos na qual a vítima é excluída, negada,
surrada, dentre outros tipos de violências que ocorrem, única e exclusivamente em
razão de sua cor; O segundo tipo é aquele em que não oriunda de atos concretos,
mas de práticas administrativas, empresariais ou políticas públicas que dotam de
silenciamento ou neutralidade que configuram um grande potencial discriminatório.
Democracia racial, termo muito utilizado para afirmar que no Brasil não existe
nenhum tipo de preconceito racial, já que na conjuntura da construção populacional
brasileira todos nós sabemos que são múltiplos povos, nações, etnias, etc., uma
sociedade formada pelo hibridismo, pela miscigenação, logo de fato não existiria tal
preconceito, porém essa ideia não passa de um processo indutivo falho, pois os
dados estatísticos sobre desigualdades raciais na educação, no mercado de
trabalho, na saúde, na política e outros setores sociais mostram que na verdade a
população negra tem sofrido discriminação e que o Brasil jamais deixou de praticar a
discriminação racial.
sua terra e, vivendo num lugar estranho, sente-se desenraizado de sua cultura e de
seu lar. A diáspora aconteceu quando milhões de escravos entre os séculos 15 e 19
foram deslocados de suas terras e colocados nas Américas para trabalhar nas
fazendas dirigidas por europeus. Outra definição de diáspora refere-se aos
deslocamentos contemporâneos por causa da fome, guerra civil, desemprego,
prostituição e/ou desejo de fazer parte do mundo industrializado. Tal descolamento
pode ser nacional ou internacional, como exemplo podemos citar a diáspora sul-
norte envolvendo principalmente caribenhos, africanos e asiáticos que emigram as
antigas metrópoles para trabalhar ou ainda àquela produzida pelas guerras civis ou
pela fome, como no caso dos retirantes nordestinos brasileiros em direção ao sul em
busca de emprego que garantisse melhores condições de vida.
Considerações finais
Referências
CASHMORE, Ellis. Dicionário de relações étnicas e raciais. São Paulo: Selo 175
Negro, 2000.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
apresentado. Após a votação dos alunos, lhes era explicado os motivos científicos
que foram tomados como base para confirmação da afirmação ser verdadeira ou
falsa, assim sanando algumas dúvidas dos alunos, e ainda, quando eles se sentiam
confortáveis, ou sentiam a necessidade, realizavam perguntas complementares.
Para introduzir o tema da prevenção a gravidez, os alunos foram
questionados sobre o quanto eles já conheciam em relação aos métodos
contraceptivos, e eles prontamente disseram não ter muito conhecimento no tema,
então foi apresentado a eles, de forma oral com o auxilio de imagens retiradas do
meio eletrônico (internet) vários métodos acompanhado da explicação cada um
deles, qual era e como era utilizado. Após explicação que contou com a participação
ativa da turma que exploraram de forma bem proveitosa o conhecimento das
estagiarias buscando sempre questionar quando algo não era esclarecido o
suficiente, para que a turma fixasse o conteúdo recém apresentado de forma
dinâmica, foi realizado uma atividade com eles.
A dinâmica do balão consiste em passar o balão pela sala (tal qual a
brincadeira infantil ―batata-quente‖), enquanto tocava uma música de fundo, e assim
que a música parasse de tocar, o aluno que estivesse segurando o balão, deveria
falar para o restante da turma um método contraceptivo e o modo de utilização, caso
não soubesse ―haveria a concepção de uma criança‖ (ou seja, engravidava) ficando
responsável pelo balão até o final da aula, em caráter comportamental, cada aluno
que respondesse corretamente recebia um ―reforço‖. A discussão a respeito dos
objetivos da dinâmica mostrou a eles que é preciso conhecer os métodos para ser
capaz de se prevenir tanto de uma gravidez indesejada quanto de doenças
sexualmente transmissíveis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
186
RESUMO
Este artigo tem por objetivo explanar algumas ideias e fazer uma reflexão acerca da
fundamentação teórica de alguns autores e o uso das tecnologias educacionais,
dentre eles o autor Nobert Elias, e alguns de seus conceitos como identidade, poder
e as interações existentes na questão da tecnização e seus avanços e retrocessos
nos processos de civilização da humanidade. Já o geógrafo Milton Santos, vai nos
permitir refletir sobre o espaço e tempo no território que é onde se finda as
tecnologias de forma dialética e progressiva. Ao apontarmos o contexto geral de
tecnologia, já estaremos adentrando no nosso objeto de estudos que é a Tecnologia
da Informação e Comunicação (TIC) que evolui a medida que o ser humano objetiva
reduzir o custo e seu tempo de trabalho, logo, melhorar as condições de vida em
todas as dimensões, entre elas, a Educação. Portanto, esse estudo originou-se das
reflexões provindas da disciplina de Educação e Diversidades que foi ofertada no
primeiro semestre de 2016 pelo Programa de Pós-Graduação em Educação14.
Tivemos diversas leituras, questionamentos e debates reflexivos em sala de aula,
sobre as obras do autor Nobert Elias (1993, 2001, 2006), a partir destas reflexões,
estabelecemos diálogo com o geógrafo Milton Santos (1993, 1994, 1997). Vamos
apresentar neste trabalho, portanto, uma junção desses estudos teóricos, com o
nosso objeto de pesquisa que são os TICs.
Resumen:
14
Artigo apresentado à disciplina de Educação e Diversidade ministrada pelo Prof. Dra. Morgana de
Fátima Agostini Martins, pelo Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGEdu) da Universidade
Federal da Grande Dourados (UFGD), no ano de 2016.
interacionais.
Elias (1993) nos instiga a pensar a identidade a partir das multiplicidades de
grupos identitários dotados de valores envolvidos nas disputas conflitantes entre as
antigas e as novas estruturas sociais que modificam constantemente os indivíduos
com o tempo. A busca de ―poder‖ e ―posição‖ em determinadas relações humanas, é
a peça chave das tensões sociais. Ao pensarmos em identidade, refletimos a partir
das articulações conflitantes entre as relações políticas, econômicas, culturais e
sociais que se apresentam no local e no global numa determinada escala temporal.
Vemos uma articulação entre estas duas escalas e suas transformações engendram
novas identidades não fixas e, sim, instáveis e flexíveis que vai sempre distanciar os
sujeitos do núcleo rígido de suas referências. Estas mudanças nas relações entre
indivíduos no espaço são peças-chaves essenciais para constituição de novas
identidades e relações de pertencimento e adaptação (SANTOS, 1993; ELIAS,
1993).
Os sujeitos são compostos não apenas de uma, mas de diversas
identidades que podem ser de gênero, classe, raça, etnia, nacionalidade, geração
etc., dependendo do território onde se estabelecem as relações, uma pode
predominar sobre as outras. Somos herdeiros de uma linguagem científica
específica e, também, de um modelo específico de civilização que vem dos moldes
europeus, isto tem um peso diferencial na questão dos processos civilizatórios,
principalmente nos países colonizados, que adquiriram a língua e os costumes dos
povos colonizadores.
O indivíduo não sobrevive sem estabelecer relações com o outro, este fato
vai se desdobrar na aquisição de uma identidade individualizada contextualizada no
―eu‖ e uma segunda e coletiva pautada nas relações do ―nós‖ que se constitui a
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
partir de diversos grupos e da balança mediada pelas relações de poder. Para o
autor, poder é ―informação articulada e manipulada para se ter as mudanças nas
relações sociais‖. Ele trava uma luta por sobrevivência no espaço, sendo ele
estrategicamente formulado para atender, conduzir, elevar, diminuir ou pautar as
mais diversas posições que um indivíduo possa almejar (ELIAS, 1993).
Sobretudo no que concerne as relações sociais, segundo Elias (1993), elas 191
15
A respeito da Tecnologia Assistiva, no Brasil, o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), instituído pela
portaria n°142, de 16 de novembro de 2006 propõe o seguinte conceito para a tecnologia assistiva:
"Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de característica interdisciplinar, que engloba
produtos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a
funcionalidade, relacionada à atividade e participação de pessoas com deficiência, incapacidades ou
mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social".
(BRASIL, 2014, não paginado).
Tecnização
Considerações finais
Referências
ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006.
Elias, Norbert. A solidão dos moribundos. Rio de Janeiro/RJ: Jorge Zahar, 2001.
FRANCO, Eliana Paes Cardoso; SILVA, Emanuela Cristina Correa Carvalho da.
Audiodescrição: breve passeio histórico. In: MOTTA, Lívia Maria Villela de Mello,
FILHO, Paulo Romeu (Orgs.). Audiodescrição: transformando imagens em
palavras. São Paulo: Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Estado
de São Paulo, 2010. p. 23-42.
201
SUMMARY: This article aims to observe as being the challenges and new ways to be made
possible for the effective inclusion of individuals with special needs and in partnership with
their families in the municipality of Dourados / MS. The study tends to show the difficulties in
schools and participation of family and acceptance in the educational process as well as
realize the importance of sign language for the development of this deaf individual. Thus, a
literature it is necessary with some relevant theoretical as RINALDI (1997); GOHN (2006)
among others, and field research so you can identify the situation presented in locus, and
thus completing the initial questions about teaching POUNDS and its importance in Brazilian
education of the XXI century. The formation of the deaf subject in the educational
16
Mestre em Letras da Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD. email:
rosineide.silva1981@gmail.com
17
Mestranda da Faculdade de Educação (FAED)/UFGD.
INTRODUÇÃO
Importante ressaltar que essa língua de sinais é construída por meio da gramática
tendo como princípios básicos gerais, por exemplo, fonológico, lexicais dentre outros. E
também com estruturas implícitas chegando a não ser coerente com a língua portuguesa,
sendo não literais. A LIBRAS é utilizada pelos surdos do Brasil, mas é importante lembrar
que não se estabelece como uma língua universal, podendo ser modificada tanto por
países, como por regiões.
E podemos perceber que o crescimento sobre os estudos e a procura para essa área
somente vem sendo acrescida gradativamente, tanto pela população dita normal como pelos
surdos que estão mais interessados em se especializar em seus estudos. Além dos
familiares que estão compreendendo como esse processo de conscientização pode e deve
ser em conjunto com todos os envolvidos nessa aprendizagem.
Os sujeitos são viabilizados primeiramente pelo ato social, o interagir com o outro
para nos levar a aprendizagem significativa. Logo se pensa que tudo tem como base o
contato da família e o incentivo dos familiares é de grande relevância. Assim, a participação
da família com a escola na construção do saber deve ser primordial para que o aluno, ainda
mais se o mesmo é um aluno especial.
Nesse sentido, no que compete a aprendizagem dos alunos especiais surdos
estamos levando uma aprendizagem com grande êxito, tanto na instituição como pelo apoio
dos familiares. Com isso, sem o apoio da família para com os alunos especiais surdos não
poderia ser desenvolvido um ensino aprendizagem com sucesso. A comunidade e a
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
instituição escolar podem e devem assegurar que toda essa acessibilidade possa ser
efetivada e futuramente ocorra a interação e a inclusão propriamente dita, ao que se
apresenta em nossas políticas públicas.
As políticas públicas são de extrema importância para que as demandas dos alunos
especiais em especial no ensino aprendizagem dos surdos a LIBRAS possam ser
desenvolvidas de forma positiva aos alunos regulares da educação básica. Os meios seriam 209
para que esse indivíduo possa ser bem assistido, com atendimento educacional
especializado na escola comum tanto de LIBRAS como de língua portuguesa. Assim, as
políticas públicas vêm para desenvolver questões que possam colaborar para o bem-estar
desse sujeito em sociedade buscando estratégias e processos educacionais para o ensino
na educação especial. Além de, trazer a língua de Libras como primeira língua e a língua
portuguesa como segunda língua, bem como desenvolver capacitação dos gestores e
profissionais para que esse aluno possa desenvolver suas atividades com êxito.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES F. Inclusão: muitos olhares, vários caminhos e um grande desafio. Rio de Janeiro,
WAK EDITORA, 2009.
BARÇANTE, Luiz Cesar. Qualidade total: uma visão brasileira. Rio de Janeiro:
Campus, 1998.
LIMA, Juliana Maria da Silva; GARCIA BRUNO, Marilda Moraes. O Papel Da Família Para
A Inclusão De Criança Surda Na Família E Escola. 2011. Disponível em:
http://www.uel.br/grupo-
estudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anais14/arquivos/textos/Workshop/Resu
mos_Expandidos/Juliana_Lima.pdf . Acesso em 07 jul. 2017.
RESUMO:
Este artigo busca refletir sobre a Educação Especial como modalidade de ensino, onde a mesma se
tornou uma área especifica de conhecimento, que tem como características um conjunto de ações
pedagógicas onde disponibiliza de serviços e recursos próprios para atender os alunos com
deficiências, TGD, altas habilidades/superdotação e orientar os professores, garantindo a
escolarização destes alunos e sua inclusão no ensino regular. Esta modalidade organizou-se através
de Leis e Decretos como Atendimento Educacional Especializado – AEE, substituto ao ensino
regular, em institutos, escolas e escolas especiais para tornar possível ao aluno com deficiência sua
escolarização. Abordaremos também sobre a Tecnologia Assistiva, onde a mesma traz um conjunto
de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de
pessoas com deficiência, e quais as contribuições que traz para o indivíduo deficiente, seja na sua
vida diária, ou na inclusão escolar. Também abordaremos como os profissionais da educação devem
se posicionar diante desta ferramenta que é a Tecnologia Assistiva, pois diante de tantos avanços os
mesmos precisam estar a par das novas tecnologias para auxiliar no desenvolvimento do seu
trabalho. Este trabalho foi desenvolvido através de uma pesquisa bibliográfica, baseados em
pesquisadores da área como Giroto, Poker, Omote, Schirmer, assim procuramos investigar e analisar
os avanços da Educação Especial, a implantação do AEE e suas características, bem como todos os
recursos e funcionalidades que a TA proporciona para o desenvolvimento do indivíduo com
deficiência. Assim desta maneira buscar a reflexão de como a Educação Especial tem proporcionado
a promoção de uma vida mais autônoma aos indivíduos com deficiências, TGD, altas
habilidades/superdotação na escola, na sociedade através da ampliação da sua comunicação,
mobilidade nas atividades da vida diária, e no seu aprendizado na escola de ensino regular.
Introdução
A Educação Especial está inteiramente relacionada com a Educação Inclusiva
por isso é chamada de uma modalidade de ensino, pois caminham em conjunto para
a ampliação de estudos e pesquisas onde o principal foco é inclusão do aluno com
deficiência, TGD, altas habilidades /superdotação. Pois anseiam por mudanças que
afetam as instituições escolares assim como os profissionais que a constituem para
que o processo educativo contemple um projeto para o aluno onde a aprendizagem,
seu desenvolvimento, autonomia sejam promovidos de maneira individual e flexível.
Este documento diz que a Educação Especial deve ser ofertada em todos os
níveis, etapas e modalidades de ensino por meio do Atendimento Educacional
Especializado (AEE), que proporciona recursos, serviços e estratégias pedagógicas
especializadas para alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento
(TGD) ou altas habilidades/superdotação e também garante condições de acesso e
permanência e, principalmente a aprendizagem desses alunos nas salas de aula do
ensino regular, juntamente com os alunos da mesma faixa etária.
Sob este olhar, a Educação Especial assumiu um papel complementar em
detrimento da sua característica anterior, como substitutiva ao ensino regular. Ou
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
seja, a escolarização dos alunos com deficiência, TGD ou altas
habilidades/superdotação passou a ser responsabilidade tanto do professor da
classe regular quanto do professor especializado que atua no AEE, assim garantindo
condições que atendam as necessidades educacionais desses alunos e crie a
possibilidade de superação das barreiras, para a apropriação do saber e autonomia.
214
A Educação Especial no formato AEE se constitui, portanto, na ferramenta,
no suporte indispensável que viabiliza a escolarização destes alunos no
ambiente escolar comum. Sem recursos, estratégias e materiais adaptados
que atendam as suas necessidades educacionais especiais, seria muito
difícil garantir a participação efetiva nas atividades propostas, bem como a
interação com os outros alunos e professores. Tendo um papel de
atendimento complementar, e não mais substitutivo, se constitui numa
proposta pedagógica inovadora que pretende compreender e atender as
necessidades educacionais da forma a dar a complementação, o suporte
necessário, para garantir a aprendizagem dos alunos com deficiências, TGD
ou com altas habilidades/superdotação. (GIROTO, POKER, OMOTE, 2012,
p. 13).
Tais recursos podem e devem ser utilizados pela sala multifuncional, como
também por toda a escola, mas em destaque no AEE tem um papel importante, pois
pode favorecer a aprendizagem dos alunos com deficiências, com TGD e altas
habilidades/superdotação, uma vez que os recursos acima citados contemplam a
chamada tecnologia assistiva, que pode ser oferecida na sala de recursos
multifuncionais.
Conforme Schirmer (2007, p. 31):
Ou seja, são recursos que surgiram e irão surgir para auxiliar e promover a
autonomia do individuo, e colaborar para que os profissionais do meio escolar
possam auxiliar seus alunos com deficiência no processo de aprendizagem.
A tecnologia assistiva pode ser caracterizada, ainda como uma área que tem,
estimulado novas pesquisas e o desenvolvimento de equipamentos que favorecem o
aumento, manutenção e a melhora das habilidades funcionais da pessoa com
deficiência, em diferentes fases da sua vida, ao favorecer uma maior autonomia e
permitir que se torne mais produtiva, em síntese mais realizada (LAUAND,
MENDES, 2008).
Um avanço na área da educação onde favorece as pessoas com deficiência
que necessitam e querem a inclusão na sociedade e no meio escolar, um facilitador,
uma ponte entre o saber e os alunos, este é o papel da tecnologia assistiva.
[...] Este cenário de não utilização das TICs, se deve a múltiplos fatores,
dentre os quais podemos destacar: (1) formação continuada baseada na
racionalidade técnica; (2) excesso de trabalho, sobrando pouco tempo para
refletir sistematicamente, e, sobretudo experienciar inovações tecnológicas
na pratica escolar - o que muito trabalho de planejamento e de preparação
do material e do ambiente para que tudo funcione; (3) contexto não
colaborativo de trabalho na escola; (4) cultura profissional tradicional, sendo
que a utilização das TICs implicaria uma ruptura com esta cultura; (5) falta
de condições técnicas (computadores funcionando, acesso à internet).
Pois segundo Giroto, Poker, Omote, (2012) as TICs podem ser incorporadas
nos currículos escolares possibilitando ferramentas e instrumentos que ajudam na
aprendizagem, exemplos são programas de computadores onde os alunos, podem
criar relacionar, inferir, se expressar assim estimulando o saber. A TIC tem a 219
possibilidade de ampliar a comunicação entre os professores em diferentes
disciplinas, fazendo com os mesmos possam interagir trocando ideias e
experiências.
Ainda sob esta perspectiva de inclusão os alunos da formação inicial também
precisam de disciplinas especificas nos seus cursos, para que os mesmos saiam
das Universidades aptas a enfrentar os desafios da inclusão. De acordo com Giroto,
Poker, Omote, (2012, p. 20):
Mas para que isso aconteça é preciso investimento em uma sólida formação
profissional que propicie ao professor competência necessária para refletir,
pesquisar e apresentar questionamentos e proposições sobre as práticas
pedagógicas e sobre novas possibilidades teóricas-metodologicas para
consequentemente e se necessário mudar a realidade.
Paralelamente, grande parte dos educadores, conscientes dos desafios
impostos pelo modelo de inclusão, deseja a participação em ações formativas que
apontem para novos caminhos em direção a concretização dos princípios que
estruturam a política de atendimento para o publico alvo da Educação Especial.
Estes profissionais buscam capacitação para que possam ter domínio das
tecnologias presentes nas salas multifuncionais por meio de processos onde
buscam empoderamento técnico-metodológico. (BAPTISTA, 2014).
Neste sentido torna-se necessário que a sala de recursos esteja em sintonia
com o projeto pedagógico da escola e deve ser articulado com as demais praticas
Considerações Finais
Referências
Educação e Diversidade
RESUMO
O artigo objetiva dialogar sobre a importância do profissional tradutor/intérprete na
inclusão de alunos/as surdos e com deficiência auditiva no processo de ensino
aprendizagem na educação básica do município de Maracaju/MS. Na tentativa de
apresentar quais são os desafios desses profissionais no ensino regular e sua
importância no desenvolvimento acadêmico e social desses discentes. Para o
alcance dos objetivos traçados nesse estudo, foi realizada entrevista por meio de
questionário com os profissionais tradutores/intérpretes que estavam atuando no
ano de 2016 no ensino regular nas escolas municipais e estaduais na cidade de
Maracaju/MS. Entre os principais teóricos que nortearam essa pesquisa estão:
Damázio (2010), Alves (2010), Quijarro (2005), Ropoli (2010) e outros que serão
citados no decorrer do trabalho. A pesquisa realizada possibilitou perceber e melhor
compreender o quanto é importante o trabalho do tradutor/intérprete de LIBRAS na
inclusão dos alunos/as surdos e deficientes auditivos no ensino regular de forma que
atendam as suas necessidades acadêmicas e sociais.
INTRODUÇÃO
O interesse pelo tema educação inclusiva na área da surdez surgiu por uma
questão familiar, pois tenho uma irmã deficiente auditiva e sempre sofri com ela e
minha família as dificuldades enfrentadas na escola e na sociedade. Por não ser
compreendida e não conseguirem atender as suas necessidades. A minha irmã
nasceu ouvinte e teve a perda da audição por contrair meningite. Logo, considero de
suma importância o trabalho realizado pelos profissionais tradutores/intérpretes no
18
Graduado em Pedagogia pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Maracaju.
19
Professora Mestre da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. cristiapereira@hotmail.com
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
processo de desenvolvimento do aluno/a surdo na sua vida acadêmica e social,
deste modo, a presente pesquisa objetiva aprimorar os conhecimentos sobre o
trabalho realizado por esses profissionais e os seus desafios nas escolas regulares.
Ante a inclusão dos alunos/as surdos temos alguns avanços na legislação
quanto as políticas públicas, como é o caso da elaboração das diretrizes nacionais
para a educação especial básica (2001), que já vem sendo discutida há algum 224
relento para que viessem a óbito, pois não serviriam para trabalhar enquanto servos
e nem para representar a nobreza (ARANHA, 2001). Na Idade Média, as pessoas
eram vistas como insignificantes e mesmo com o fortalecimento do Cristianismo, a
igreja foi omissa no atendimento as pessoas com deficiência. Esse tratamento ainda
permaneceu por alguns séculos, visto que no século XVI com a Revolução
Burguesa, as pessoas com deficiência eram tidas como improdutivas no sistema
mercantil, e com a criação do primeiro hospital psiquiátrico essas pessoas
permaneceram confinadas longe da família e da sociedade (ARANHA, 2001).
Já no século XVII, novas discussões e estudos surgiram na área da filosofia,
medicina e educação, o que passou então a desenvolver pesquisas que culminaram
nas legislações que passaram a assegurar o respeito, valorização e inclusão desses
indivíduos na sociedade, como é assegurado na Constituição de 1988.
Em 1990, a Declaração Mundial de Educação para Todos: Satisfação das
necessidades Básicas de Aprendizagem Jomtien, realizou uma conferência na
Tailândia que reforçou a educação como um direito fundamental para todos e todas
e reafirmou na Declaração Universal dos Direitos Humanos em que toda pessoa tem
direito a educação independe da classe social, raça, cor, religião ou etnia (BRASIL,
1998).
A Declaração de Jomtien (1990) é considerada um dos documentos mais
importante da educação, assim como a Declaração de Salamanca (1994). Tem
como objetivo atender as necessidades básicas da aprendizagem para todos/as e
certificar que a educação é fundamental e de extrema importância para o
desenvolvimento do aluno/a na sociedade
1.3 Tradutor/Intérprete
No Brasil,
docentes sobre a educação especial. Dessa forma, alguns ainda insistem em rotular
esses discentes como menos capazes, até mesmo pelo processo de adaptação,
pois confundem adaptação com facilitação.
Portanto, afirma e reafirma ante as respostas obtidas pelas
tradutoras/intérpretes a importância que possuem na inclusão dos discentes surdos
e com deficiência auditiva, contribuindo e propiciando desenvolvimento na esfera
social, acadêmica e profissional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa mostrou que quando você tem contato e/ou convive com a pessoa
com deficiência auditiva ou surda, no primeiro instante você já percebe que a cada
dia eles/as passam por dificuldades e estão em uma luta constante para conquistar
seu espaço na sociedade. Ou ao menos aceitar-se como são e as condições que
vieram ao mundo. Contudo, devemos destacar que é importante que a pessoa com
deficiência auditiva ou surda, seja compreendida dentro de suas limitações e
capacidade de desenvolvimento, e que sua aprendizagem ocorra ou aconteça de
forma significativa com respeito e qualidade no ensino.
Por meio deste estudo foi possível perceber e melhor compreender o quanto
é importante o papel do tradutor/intérprete de LIBRAS, e o quanto é relevante seu
trabalho no ensino regular. A atuação desse profissional pode ser considerada como
a principal adaptação existente para que o deficiente auditivo e o surdo sejam
incluídos na escola e possa ter os mesmos direitos de aprendizagem que seus
colegas de classe. Mesmo que ainda haja uma grande falta de profissionais
habilitados para atuar na área.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
A educação especial inclusiva ao longo dos anos vem contribuindo para que a
educação inclusiva seja de qualidade e aconteça no ambiente escolar, assim, traz
ao longo da história grandes contribuições de documentos legais, que garantem o
direito a inclusão para os alunos deficientes auditivos e surdos.
Portanto, a escola possui grande responsabilidade na formação do indivíduo,
o tradutor/intérprete tem papel fundamental no desenvolvimento do deficiente 235
REFERÊNCIAS
QUIJARRO, María Rosa Blanco. Título do artigo dela. In: Ensaios Pedagógicos:
Construindo Escolas Inclusivas. Brasília: MEC/SESP, 2005.
Resumen
20
Formada em Pedagogia (FAMAG/Ponta Porã-MS), Especialista em Educação para a Infância: Educação
Infantil e Anos Iniciais (ESAP/UNIVALE), Aluna especial do Programa de Pós-Graduação em Educação
(UFGD) kalyne.franco@hotmail.com
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
En todas partes del mundo en el transcurso de la historia, las culturas fueron
producidas y transmitidas de generación en generación, simbolizando diferentes
pueblos, religiones, géneros, hábitos, costumbres, estilos de vida, que resultaron hoy
en un mundo plural. Esta diversidad cultural es aún más nítida aquí en Brasil, ya que
nuestra población es miscigenada formada por culturas indígenas, portuguesas,
africanas, italianas, japonesas, alemanas y tantas otras. En el período de la
colonización, nos impusieron la idea de que el color blanco era mejor que las demás,
la religión católica era superior a las demás, las costumbres portuguesas deberían 238
prevalecer sobre las demás costumbres negos e indígenas, todas estas cuestiones
resultaron en una sociedad estereotipada Y preconcebida que desgraciadamente,
hasta los días de hoy, todavía critica al indio, al negro, al espírita, por ejemplo.
Actualmente uno de los mayores desafíos de las escuelas y universidades de
nuestro país es proporcionar a los educandos e incluso a los educadores,
conocimientos sobre sus identidades y la cuestión de la diversidad cultural presente
en Brasil. Y este artículo trae exactamente conceptos relacionados a esta temática,
buscando colaborar para una educación multicultural, intercultural, pluralizada. Los
conceptos para que podamos pensar en un camino diferente a seguir. Cuando
comprendemos tales cuestiones, por lo tanto, analizamos mejor y hasta cambiamos
nuestras actitudes en casa, en el aula y en la sociedad en general, aprendemos a
respetar lo que es diferente y así evitamos la discriminación. El presente artículo
bibliográfico fue hecho por medio de los estudios de la disciplina de Educación,
Identidad y Diversidad del Programa de Postgrado de la Universidad Federal de la
Grande Dourados - UFGD. El trabajo enfoca la importancia de las cuestiones de
identidad (s) y diversidad (s) en la educación, buscando comprender cuál es el papel
de los profesores en las escuelas / universidades hoy, ante este contexto
multicultural, exterminando con cualquier tipo de prejuicio, valorizando y,
Contemplando todas esas diferencias existentes en nuestro Brasil, empezando por
el aula.
Introdução
Sendo assim podemos definir cultura como sendo tudo o que adquirimos
objetiva e subjetivamente em nossas vidas, na família, na igreja, no grupo de
amigos, na escola, todo conhecimento, atos, costumes, crenças que conquistamos
no decorrer de nossas histórias, formam a nossa cultura.
É importante reconhecer nesse caso que cada um tem a sua própria vida,
passou por diferentes vivencias, por diversas realidades e sendo assim, um não é
igual ao outro, não tem a mesma concepção, crença, costume, pensamento como o
do outro, não tem a mesma Identidade.
A identidade é o que nos diferencia uns dos outros, seja de indivíduo para
indivíduo, de grupo para grupo, ou de sociedade para sociedade. E o
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Multiculturalismo é sem dúvida um fenômeno que faz parte da sociedade, inclusive a
sociedade brasileira.
O argumento principal deste estudo é mostrar que para acabar com qualquer
preconceito, o papel da sociedade é reconhecer a pluralidade de culturas e
identidades dos sujeitos de modo geral. Sabemos que isso não é uma tarefa fácil,
mas pode e deve fazer parte dos currículos da educação básica e superior, 240
ninguém, mas mesmo assim a grande maioria da população convive com a ferida do
preconceito entre etnias, religião, e necessidades especiais. Trindade e Santos
(2002) nos diz, ―A nossa formação docente muitas vezes é marcada por uma
inculcação de preconceitos que, certamente corroboram para a produção de
maiorias invisíveis e silenciadas, e isto é tão forte que nem percebemos‖.
Nós como professores não podemos aceitar essa alienação, jamais olhar os
alunos como um ignorante, um coitado, um incapaz, temos que fazer a diferença e
estimular, incentivar, encorajar o educando, ser não só um professor, mas antes de
tudo ser amigo, os mesmos autores afirmam,
Então sejamos professores que levarão seus alunos ao bem comum, ensinar
os conteúdos disciplinares, e transformar nossos estudantes em sujeitos
integralmente sociais, os professores não detém do saber absoluto, mas eles são
quem mediam o conhecimento, a informação, fazendo o aluno refletir, imaginar e
criar valorizando sua cultura pessoal e social.
O ensino culturalmente relevante usa a cultura do aluno para
capacitá-lo a fazer um exame crítico dos processos e conteúdos
educacionais, e questionar qual o papel dele na criação de uma
sociedade verdadeiramente democrática e multicultural. Esse tipo de
ensino usa a cultura do aluno para ajudá-lo a construir sentido e
entender o mundo. [...]. esse ensino empurra o estudante para o
sucesso social e cultural. (TRINDADE e SANTOS, 2002, p. 51).
passo, isso é ser ―um verdadeiro educador‖, acreditar, sonhar, pois o que hoje é
sonho, amanhã pode se tornar realidade,
Todos são iguais diante das diferenças, afinal ninguém é igual a ninguém
nem fisicamente, nem psicologicamente. Alguns gostam mais de samba, outros de
rock, outros de sertanejo, e tantos outros ritmos, algumas pessoas torcem para o
São Paulo, outras para o Corinthians, outras para o Grêmio e outras pessoas que
torcem pelos outros milhões de times existentes no mundo, e nem por isso um é
melhor que outro, aceitar e respeitar a opinião, a religião, o time, a opção sexual, a
diferença do outro, esse é o segredo.
É preciso aproveitar a rica heterogeneidade característica desta
terra, com disposição de conhecer como esta Humanidade tão
ricamente diferenciada foi introduzida e ―aclimata‖ no Brasil – e as
responsabilidades que temos, como educadores, de preservar essa
diversidade, garantindo a identidade de cada tradição e promovendo
a solidariedade, tarefa intransferível da educação. (TRINDADE e
SANTOS, 2002, p. 112).
Considerações Finais
Referências
FLEURI, Reinaldo Matias. Intercultura: estudos emergentes. Ijuí: Ed. Unijuí, 2001.
MACHADO, Cristina Gomes. Multiculturalismo: muito além da riqueza e da
diferença. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. (O que você precisa saber sobre...).
SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. 16ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.
(Coleção primeiros passos).
Introdução
El punto de partida de la própria voz está em conocer de quién es la
voz que habla.
Basil Bernstein
21
Os anos 90 foram marcados por um processo amplo de mudanças no mundo, que trouxe novas
demandas para a educação, as quais possibilitaram a construção de um discurso de inclusão aliado
ao discurso da ―escola para todos‖ especialmente no que diz respeito ao atendimento de grupos
considerados diferenciados. O termo ―escola para todos‖ tem sido usado para fazer referência aos
compromissos assumidos por várias nações na Conferência Mundial sobre Educação para Todos, em
Jomtien (1990), no que diz respeito sobretudo à democratização da educação ou à oferta da
educação escolar ―para todos‖ os segmentos sociais ou grupos minoritários
Nos PCN, a ênfase na formação comum não excluía a possibilidade do trato 254
da diversidade, que seria dado pela prática pedagógica do professor na sala de aula,
orientada por princípios relacionados à articulação aluno/escola/cidadania.
A educação para a cidadania como uma ―questão mundial‖ e uma ―questão
brasileira‖ recebeu especial destaque na primeira parte da introdução aos PCN
(BRASIL, 1998c, p. 15-22). O discurso pedagógico oficial para a gestão da
diversidade nos PCN vinculou-se diretamente ao desenvolvimento da cidadania e da
garantia do direito ao acesso ao conhecimento comum, sem que se desrespeite a
diversidade social e cultural, ou seja, as identidades individuais e/ou coletivas dos
alunos.
Entretanto, a forma do trato à diversidade foi dada pela ―transversalidade‖
(BRASIL, 1998d, p. 27) por meio dos ―temas transversais‖, mais especificamente,
com o tema ―pluralidade cultural‖ e pelo acréscimo de uma ―parte diversificada‖ no
currículo, ou seja, conteúdos no sentido de reconhecê-la e valorizá-la. Tal
acréscimo, ao nosso ver, trouxe pouca contribuição para a diminuição de
preconceitos, insucessos escolares e exclusões.
Desse modo, a ―voz‖ das diferenças e/ou desigualdades deveria/deverá ser
ouvida pela transversalidade ou, possivelmente, não será ouvida, pois
Considerações
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
22
Lista disponível em:
https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=getAtoPublico&sgl_tipo=POR&n
um_ato=00000042&seq_ato=000&vlr_ano=2013&sgl_orgao=SEB/MEC
_____. Decreto nº. 6.861, de 27-05- 2009, o qual dispõe sobre a Educação Escolar
Indígena, define sua organização em territórios etnoeducacionais, e dá outras
providências. Brasília, DF: Senado, 2009.
RESUMO: Norbert Elias nasceu em 1897 e faleceu em 1990, o autor se dedicou a estudar o
processo civilizador humano, tendo sido suas obras reconhecidas tardiamente, somente
após sua morte. Ao discutir o processo civilizador em sua obra ―Escritos e Ensaios: 1-
Estado, processo, opinião pública‖, Norbert Elias (2006) destaca a existência de três
processos inseparáveis: a autorregulação e a autocoação, a direção e o habitus social. A
autorregulação e autocoação, se baseiam em modelos sociais comuns a todos os seres
humanos, de modo que esse processo passa a ter maior controle sobre os indivíduos
conforme eles crescem e aprendem sobre regras, sendo que as coações naturais ou sociais
são indispensáveis para o processo desenvolvimento da autorregulação. A direção, é vista
pelo autor como o elemento a qual mantém o equilíbrio entre a autorregulação e a coação
externa, porém essa não possui um aspecto planejado, pois mesmo com objetivos
específicos os indivíduos não possuem controle sob seu direcionamento e as
consequências dos acontecimentos que o cerca. E o habitus social, que são os controles
sociais passados lentamente e incorporados pelos indivíduos desde a infância e que são
repassadas em cada época e aumentando a autorregulação. Desse modo, o processo
educacional está diretamente ligado ao processo civilização. A escola é um ambiente
diferente do qual a criança encontrava-se inserida antes, nesse local ela passa a ter que
seguir regras e instruções. Dentro da escola o processo de autorregulação se encontra em
mecanismos que existem para manter a ordem, como regras para serem seguidas. O
relacionamento interpessoal entre professor e aluno e as habilidades sociais, podem
contribuir para esse processo de autorregulação. Um bom relacionamento interpessoal entre
professor e aluno, irá influenciar na qualidade da aprendizagem e na construção da
identidade das crianças. E um amplo repertório de habilidades sociais dos professores e dos
alunos, tende a contribuir para um melhor relacionamento entre professor e aluno e entre as
crianças, assim como auxiliará no processo de compreensão e de seguir regras.
Palavras-Chave: Relações Interpessoais; Professor-aluno; Habilidades Sociais; Processo
Civilizador, Norbert Elias.
INTRODUÇÃO
processo histórico que tiveram papel fundamental nas redefinições de relações entre
alunos, professores e suas práticas de sociabilidade.
De acordo com Norbert Elias (2006, p.21), ―O processo universal de
civilização individual pertence tanto às condições da individualização do ser humano
singular como às condições da vida social em comum dos seres humanos‖. Para o
autor, o ser humano nasce com o aparato biológico para se tornar civilizado, porém
o que irá diferenciar a civilização entre os seres humanos, são as condições de
individualização e de vida social em que cada um irá se desenvolver.
Segundo Ziviani e Moraes (2015) para Norbert Elias, é por meio do habitus
social que os controles sociais são lentamente associados e incorporados pelos
indivíduos desde a infância, aumentando a autorregulação, dessa forma, não há
separação entre o indivíduo e a sociedade. Conforme as autoras baseado em
Norbet Elias, o habitus social muda com o tempo, pelo fato que as experiências e as
fortunas de uma nação mudam também com o tempo e essas determinam o habitus
social de cada época.
Conforme Norbert Elias (2006) os seres humanos, juntos uns com os outros
formam figurações, essas podem ocorrer em grupos grandes ou pequenos variando
entre eles, sendo de certo modo singular e sempre codeterminada pela transmissão
de símbolos de uma geração há outra. Todos os grupos de figurações possuem
símbolos próprios que variam entre os grupos de figurações, assim sem a
aprendizagem de determinados símbolos, ou seja, sem aprendizado de uma
linguagem especifica social, um ser humano não é capaz de se comunicar no seu
mundo. Mesmo participando de figurações diferentes os seres humanos podem
cada indivíduo passar por inúmeras mudanças, assim a direção a qual o processo
irá percorrer depende dos processos de coações exteriores e de autorregulação a
qual a criança irá passar, ou seja, a civilização das crianças está relacionada a
educação de suas pulsões.
O processo de escolarização, contribui para a construção da identidade da
criança, esse ambiente exige um processo de autorregulação maior, imposta por
coerções exteriores a qual o próprio processo escolar exige, Norbert Elias (2012,
p.485) afirma ―somente a aprendizagem da leitura, da escrita e da aritmética já
demanda uma alta medida de regulação das pulsões e afetos‖.
Ainda como parte do processo civilizador e processo para a construção da
identidade encontra-se o fato que cada indivíduo está inserido em um habitus social
e em uma figuração diferentes. Ao entrar na escola as crianças encontram-se em
um novo habitus social e uma nova figuração, assim esses constroem no ambiente
escolar figurações diferentes das quais possuem em casa, com símbolos diferentes
para vivenciarem a escola, tendo assim, contribuições para a construção da
identidade, tanto do ambiente primário como do ambiente secundário.
A identidade para Norbert Elias é construída não apenas como um processo
individual, essa é construída por meio de um processo social, a qual está em
constante mudança. O relacionamento interpessoal professor – aluno contribui com
o processo de construção da identidade e por meio do relacionamento interpessoal
pode ocorrer o direcionamento do sentido da aprendizagem. O processo de
relacionamento interpessoal entre professor e aluno percorre momentos de coerções
exteriores que contribuíram para a autorregulação da criança, assim como a
inserção de novos símbolos, que irão auxiliar a criança para a formulação de um
novo habitus social e novas figurações específicas para a escola.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de civilização individual a qual ocorre na sociedade, leva os seres
humanos a autorregulação de suas pulsões e permite que os mesmos tenham
contato com a sociedade. A autorregulação, permite que esses se tornem mais mais
civilizados, aumentando o campo de chances das pessoas se identificarem com 274
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
VEIGA, C. G. A civilização das crianças pela escola (brasil, século xx): questões
teóricas e conceituais. XXI Simpósio Internacional Processo civilizador. Recife –
Brasil. 2009.
Resumo: Segundo dados do IBGE (2010) o Brasil possui mais de 896,9 mil
indígenas, sendo que um terço da população indígena reside em áreas urbanas. O
estado de Mato Grosso do Sul possui a segunda maior população indígena do país
em número de habitantes. As escolas urbanas recebem um número significativo de
alunos indígenas. A legislação brasileira aponta para processos diferenciados de
educação escolar indígena. Este trabalho apresenta resultados de pesquisa em
andamento que procura analisar o tratamento da diversidade étnico-racial em
instituições de educação infantil e em escolas de ensino fundamental públicas do
MS que atendem alunos indígenas. Trata-se de pesquisa qualitativa do tipo estudo
de caso etnográfico, a qual abarca técnicas de observação participante, entrevistas,
questionários e análise de documentos. Para este trabalho, investigadas duas
escolas da rede pública do município de Itaporã que atendem alunos indígenas. Os
dados da pesquisa apontam para a quase inexistência de práticas efetivas de
diferenciação pedagógica no sentido de atender as questões culturais e linguísticas
dos alunos indígenas. Mostram também a ausência de ações voltadas à valorização
da história e cultura indígena.
Introdução
Nem todos os alunos estão em escolas específicas, dentro das áreas indígenas.
Neste caso, torna-se necessária a proposição de práticas pedagógicas
diferenciadoras para atender esta diversidade nas escolas que estão fora das áreas
indígenas. Tais práticas são discutidas por Cortesão e Stoer (1999; 2003), Gimeno
Sacristán (2002), entre outros.
23
Por questões de ética em pesquisa com seres humanos, ocultaremos os nomes das escolas, bem
como dos professores/as entrevistados/as e usaremos letras e números para fazer as referências a
estes/as.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
No que diz respeito ao aprendizado, alguns alunos têm mais dificuldades,
principalmente os falantes da Língua Guarani. O maior desafio enfrentado está
relacionado à Língua Materna Indígena, uma vez que os professores não são
falantes de nenhuma Língua Indígena e, nem, capacitados para atendê-los de
forma diferenciada. Não há práticas diferenciadas para atender alunos indígenas na
escola. Não há apoio para crianças indígenas que não falam o português. 280
Dados da pesquisa
que de 20 questionados nas duas escolas, apenas dois (da escola A) disseram ter
algum projeto especial voltado à aplicação da Lei.
Em relação aos livros e materiais didáticos usados nas escolas, a temática
da história e cultura indígena parece também ser negligenciada. E, no que se refere
a livros e ou materiais específicos voltados à temática, os dados apontam para a
quase inexistência ou desconhecimento da sua existência na escola por parte dos
professores, visto que os raros títulos apresentados dizem respeito a obras da
literatura nacional, as quais não foram escritas com este propósito: ―Iracema e
Ubirajara‖; ―Iracema, O guarani – Ensino Médio‖; ―Negrinho do Pastoreiro‖24.
Os dados apontam também para o despreparo dos professores no sentido
de proposição de uma educação diferenciada para os alunos indígenas e também
no sentido de trabalhar a temática da história e cultura indígena na escola. Também
verificamos a ausência de processos de formação continuada neste sentido.
Pelo exposto, a pesquisa nos revela muitos limites nas práticas efetivas das
escolas no que diz respeito ao tratamento da diversidade indígena. Mas também
apresenta muitas possibilidades, pois as respostas dos professores nos mostram
sua preocupação em receber de forma adequada os alunos e sua preocupação com
suas dificuldades de aprendizagem.
Cumpre destacarmos que, embora tenhamos percebido algumas diferenças
no tratamento da diversidade indígena (história, cultura e presença de alunos
indígenas) nas respostas das escolas A e B, este trabalho não procurou estabelecer
comparações entre as duas escolas. Um trabalho comparativo poderá ser feito em
estudos posteriores.
24
Tais obras merecem um tratamento à parte no que diz respeito à sua pertinência para o estudo das
culturas e histórias indígenas.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Entendemos que uma realidade mais favorável ao tratamento das crianças
indígenas e ao tratamento da temática (história e cultura) indígena nas escolas pode
ser construída através do estabelecimento de práticas efetivas nas escolas e não
somente na ocasião de eventos esporádicos no ―dia do índio‖. No que diz respeito
ao currículo, torna-se necessário abrir espaço no currículo para a diferença indígena,
suas histórias e culturas de forma mais contundente, com o oferecimento de 288
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COHN, Clarice. Antropologia da Criança. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed., 2005.
Nelson Dias
Doutorando em Ensino de Ciências – INFI/UFMS
Alexandra Ayach Anache
Professora Titular na UFMS
290
Eixo temático: Educação e Diversidade
Comunicação Oral
Resumo: Este artigo trata sobre a utilização das translinguagens no ensino de ciências e
biologia na educação básica com estudantes surdos. O objetivo deste estudo é trazer uma
discussão sobre uma abordagem no ensino de ciências com a utilização da translinguagem,
principalmente àquelas relacionadas com o uso das tecnologias com ênfase na pessoa surda. A
justificativa baseia-se sobre o diferente formato na formação do sujeito, na nova forma de
comunicar-se com a utilização de mensagens instantâneas, redes sociais, gifs, emoticons,
emojis, vídeos dentre outros recursos. A pesquisa é de natureza qualitativa e faz parte de uma
investigação de doutorado em ensino de Ciências ainda em andamento. Os resultados das
discussões mostram que a translinguagem aponta como uma metodologia promissora no
campo do Ensino de estudantes surdos.
Abstract: This article deals with the use of translingual in teaching science and biology in
basic education with deaf students. The purpose of this study is to bring a discussion about an
approach in science teaching with the use of translingual, especially to those related to the use
of technologies with emphasis on the deaf person. The justification is based on the different
format in the formation of the subject, in the new way of communicating with the use of
instant messaging, social networks, gifs, emoticons, emojis, movie among other resources.
The research is qualitative in nature and is part of a doctorate degree research in science
education still in progress. The results of the discussions show that translingual is a promising
methodology in the field of Teaching Deaf Students.
INTRODUÇÃO
uma questão familiar que prefere adotar outra a oralidade, além da defasagem e dificuldades
escolares e até mesmo impedimento de ingressarem no mercado de trabalho.
Ainda hoje espera-se que o surdo primeiro fale e depois escreva como se a oralidade
fosse um pré-requisito para a aquisição da língua portuguesa na modalidade escrita. Nessa
perspectiva Svartholm (1997) afirma que a língua de sinais, essencial para o desenvolvimento
do sujeito surdo, acaba em muitos casos não sendo utilizada e o surdo fica apenas com o
contato oral fragmentado da língua portuguesa, esta relação pode ter como problema a
dificuldade de compreender os conteúdos aplicados no ensino de Ciências, afinal, está área do
conhecimento, por sua especificidade, compreende conceitos e nomenclaturas complexas e de
difícil assimilação de modo em geral.
As novas tecnologias juntamente com seus diversos recursos podem ser utilizadas no
processo de aprendizagem dos conteúdos das diversas disciplinas que o estudante surdo tem
em sua grade curricular na educação básica. No ensino de Ciência, por exemplo, muitos
conceitos são complexos e os nomes de estruturas biológicas são muitas vezes difíceis para
serem gravadas por estudantes de modo geral. Com a utilização das tecnologias digitais, o
estudante surdo pode alcançar conceitos utilizando-se de outras linguagens, podendo ser elas:
imagens, gifs, vídeos, infográficos. A utilização do computador como ferramenta auxilia no
processo de ensino e aprendizagem e possibilita que o aluno vivencie situações que facilitam
o desenvolvimento de suas potencialidades de maneira lúdica.
Este artigo é um recorte da proposta de pesquisa de doutorado no programa de pós-
graduação em ensino de ciências. Nesse sentido, temos como objetivo discutir sobre a
abordagem translíngue no ensino de ciências e trazer uma reflexão sobre o uso das
tecnologias na produção de sentidos com estudantes surdos nesta disciplina.
Metodologia
O sujeito surdo tem direito, resguardado por lei, de comunicar-se através da língua
brasileira de sinais (LIBRAS), uma língua que tem modalidade gestual, entretanto, existem
muitos léxicos da área das Ciências Biológicas que não existem sinais específicos e nessas
ocasiões os professores acabam se utilizando apenas da linguagem escrita para transmitir
conceitos complexos que ainda não existem representações em sinais.
Além disso, surdo ao ingressar na comunidade escolar encontrará problemas
relacionados à comunicação, já que está inserido em um “mundo de ouvintes”. Devido a essa
diferença linguística é natural que profissionais docentes encontrem dificuldades de ensinar os
conteúdos de suas respectivas disciplinas.
Nesse sentido, as redes sociais podem favorecer esse processo para o surdo, já que
utilizará outros tipos de linguagens além da língua portuguesa na modalidade escrita, poderá
usar emoticons, gifs, vídeos, gráficos, infográficos e outros. Além de incluí-lo no mundo
digital, as redes sociais permitem interações com outros estudantes seja eles ouvintes ou
maioria dos conteúdos representações visuais e concretas, além de apurar metodologias, como
forma de subsidiar o trabalho do professor em sua prática pedagógica.
No início do século XX vários autores já pesquisavam sobre a questão do processo de
aprendizagem do sujeito surdo, Vygotski25 (1997) em suas primeiras discussões sobre a
surdez, defende que através da língua de sinais não é possível construir conceitos ou
representações abstratas, entretanto, considera que para o surdo seria mais fácil aprender os
sinais ou a linguagem gestual, no entanto afirma, em primeiro momento, que a ”mímica” é
uma linguagem limitada e que o surdo ficaria envolvido em um mundo isolado, ou seja,
apenas em contato com aqueles que conhecem a linguagem de sinais.
Conferir a oralidade para o surdo, até esse momento, daria a possibilidade de
comunicação plena e também de desenvolvimento da consciência, entretanto, Vygotski
(1997) afirma que ensinar uma criança surda falar iria contra sua natureza e, além disso,
crítica os métodos tradicionais de ensino da oralidade, faz referência ao método alemão que
proibia nas escolas o uso da “mímica” e utilizava de modos cruéis para atingir os objetivos no
ensino da fala, enfatiza que os surdos aprendiam de forma mecânica com vários exercícios de
articulações de som. Dessa forma, Vygotski (1997) reconhece que a forma natural de
linguagem do surdo é por gestos, entretanto, afirma que a uso exclusivo da “mímica” seria
uma solução radical e deixaria o surdo excluído da coletividade e essa exclusão impediria
simultaneamente tanto a educação social como o desenvolvimento linguístico.
Analisando essa última discussão do parágrafo anterior é possível observar na
contemporaneidade a forma mecânica e repetitiva que aulas são ministradas em sala de aula,
onde professores apoiam-se apenas nos livros didáticos e exercícios repetitivos na fixação de
25
Entre as diferentes grafias do nome do autor optei por manter a grafia presente na obra
“Defectologia” que fundamenta a metodologia deste trabalho.
superação é o que ele chama de poliglotismo entre as línguas, ou seja, o surdo usaria a língua
de sinais e a língua escrita como forma de comunicação:
No podriamos senalar ahora una solucion radical de este problema. Mas aun,
creemos que la modema pedagogia de sordos y el estado actual de la ciencia
sobre la educacion linguistica del nino sordomudo, en sus partes teorica y
practica, lamentablemente no permiten todavia cortar este nudo de un solo
golpe. El camiño para superar las dificultades es aqui mucho mas tortuoso e
indirecto de lo que quisieramos. En nuestra opinion, este camino esti sugerido
por el desarrollo del nino sordomudo y, en parte, del nino normal y consiste
en el poliglotismo, es decir, en una pluralidad de las vias del desarrollo
linguistico de los ninos sordomudos (VYGOTSKI, 1997, p. 232).
seria preciso considerar todos esses fatores quando um estudante surdo realiza uma postagem
em sua rede social, afinal, ele usará recursos das relações sociais, culturais, religiosos e
familiares para produção de sentido na sua comunicação. Quando levamos em consideração
esses aspectos, é possível explicar por que as produções dos surdos muitas vezes são
incompletas, conflituosas e consideradas erradas.
As redes sociais podem favorecer, é a produção de sentido do que se escreve na rede,
usando os recursos tecnológicos midiáticos é possível ampliar o entendimento do que se quer
dizer usando uma rede social. Caragarajah (2013) afirma que:
DISCUSSÃO
dinâmica social e suas experiências de linguagens são diretamente ligadas com suas
experiências visuais concebidas como instancias de significações nas interações com o outro.
A partir disso, podemos citar, como exemplo, os pais ouvintes de crianças surdas,
estes precisam descobrir o mundo visual-espacial, que existe na realidade do surdo, e, juntos
compartilhar essa negociação com a possibilidade de ir além, como reconhecer a identidade e
a cultura que se entrecruzam (ouvintes e surdos). Quadros (2015) reforça que a escola que
insere o aluno surdo precisa fortalecer a língua de sinais com sinalizantes fluentes nesse
ambiente para que possam fortalecer o acesso à língua e caso a escola não tenha esse
ambiente, os pais precisariam procurar uma comunidade surda que usa a língua de sinais.
É nesse ponto que a resistência gerada na relação de poder, dá possiblidades de
negociações de sentido nas zonas de contato entre as línguas envolvidas, o pai de filho surdo
está sempre negociando significados, ora com sinais, ora com escrita. Quadros (2015) afirma
que conhecer várias línguas abre um leque de possibilidades e que isto não representa uma
ameaça, ao analisar um exemplo de uma criança ouvinte de pais surdos com uma babá e
familiares ouvintes, a autora relata que, a criança produzia combinações de sinais e
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Resumo
Este trabalho analisa os critérios adotados pelas instituições de ensino superior
públicas para examinar a autodeclaração de ingressantes pelo sistema de cotas
raciais em cursos de graduação da Região Centro-Oeste, no contexto da
implementação da Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Apesar da lei não prever
a adoção de banca avaliadora de fenótipo, cabe a cada instituição de ensino criar
mecanismos para garantir direitos e coibir fraudes. Resultados iniciais da pesquisa
demonstram que para a identificação dos beneficiários das cotas raciais diferentes
mecanismos são adotados pelas IES, dentre os quais predominam a
autodeclaração, as bancas avaliadoras para analisar os traços fenotípicos, a análise
de fotografia e a combinação do procedimento da fotografia e banca. A
autodeclaração não é suficiente para garantir que os direitos destinados aos pretos e
pardos sejam respeitados. Uma comissão julgadora de autodeclaração racial, desde
que prevista no edital, pode eliminar do sistema de cotas um candidato que não
apresenta características fenotípicas de pardo ou preto. Esse entendimento vem
sendo consolidado no âmbito jurídico e ocorrem cada vez mais denúncias e
desligamentos de candidatos que buscam fraudar o sistema.
Introdução
O ingresso nas instituições de educação superior torna-se um processo
complexo de ser examinado, visto que devem ser considerados diversos fatores,
entre os quais as desigualdades sociais e raciais e os temas que permeiam a
conjuntura, tais como fenótipo, pertencimento étnico-racial e identidade negra.
É proposto um esforço reflexivo sobre as políticas afirmativas na
educação superior brasileira, a legalidade da banca avaliadora de fenótipo adotada
por instituições de ensino superior públicas da Região Centro-Oeste e seus critérios
processos e experiências sociais que fazem com que alguns indivíduos ou grupos
tenham vantagens sobre os outros.
O apelo por mudança da condição desigual da população negra na nossa
sociedade se faz presente na história desses indivíduos, por meio de
enfrentamentos, resistências, ações e reações, como demonstram os estudos de
Bourdieu (1989).
A desigualdade e a exclusão são marcas características da sociedade
brasileira. E, ainda que vençam as barreiras sociais, a forma como a identidade
negra é representada não permite que a população preta e parda seja considerada
digna de reconhecimento nas estruturas as quais está inserida.
Diante dessa realidade, políticas públicas afirmativas foram
implementadas como mecanismo para reduzir as dificuldades de parcela vulnerável
da população que fica impossibilitada de realizar o ensino superior ante as
vulnerabilidades históricas, sociais e econômicas, considerando, ainda, que a
população negra no Brasil é detentora dos piores indicadores sociais, seja na esfera
econômica, educacional ou profissional. Nesse sentido, o sistema de cotas raciais é
uma das medidas que possibilita a democratização do acesso à universidade,
espaço que historicamente foi ocupado majoritariamente pela população branca.
Há um evidente progresso social com o advento da Lei n. 12.711/2012,
conhecida como Lei de Cotas, sendo, contudo, importante avaliar se os objetivos
propostos pela legislação são devidamente atendidos e de que forma são
enfrentados os obstáculos, dentre os quais as declarações fraudulentas ou
equivocadas de pertencimento étnico-racial, nas exigências meramente formais de
preenchimento de formulário no ato de inscrição no vestibular.
26
Onde predomina o preconceito racial de marca, a origem não importa, apenas quantos traços, ou
marcas, do fenótipo do grupo discriminado tem a vítima potencial. A principal marca é a cor da pele,
mas outras, como o cabelo, também são importantes. O preconceito racial de marca não exclui
completamente, mas desabona suas vítimas. Portar os traços do grupo discriminado constitui
inferioridade, e faz com que os sujeitos ao preconceito sejam sistematicamente preteridos em relação
aos demais. Todavia, a posse de outras características positivamente valoradas, como educação,
poder político, projeção social e posse de riquezas, podem compensar, ao menos parcialmente, as
marcas. (OSORIO, Rafael Guerreiro. A classificação de cor ou raça do IBGE revisitada. IBGE: Rio de
Janeiro, 2013, p. 88. Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63405.pdf>.
Acesso em: 20 de abril de 2017)
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
A Constituição Federal declara o direito à educação como um direito
social de todos e dever do Estado e da família, devendo ser promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, conforme
dispõe o art. 205. O art. 206 estabelece alguns princípios pelos quais o direito à
educação deverá ser pautado, dentre eles, a igualdade de condições para o acesso 303
formal pode ser uma estratégia para questionar e subverter a hegemonia branca, a
fim de ressignificar e fortalecer a identidade negra. Por meio das políticas afirmativas
legitimam o acesso de pretos e pardos no espaço historicamente ocupado por
grupos dominantes e acenam, positivamente, para que a identidade negra seja
afirmada.
A construção identitária se ressignifica ao longo das práticas sociais, e a
linguagem é uma dessas práticas. Esse fato ocorre porque, de acordo com Ferreira
(2009, p. 45-46):
27
Ver Agravo de Instrumento nº 0019906-29.2015.4.03.0000/MS; Rel. Des. Federal Johonsom Di
Salvo; publicado em 14/03/2016.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Supremo Tribunal Federal decidiu pela constitucionalidade das cotas, no ano de
2012, na ADPF 186 o objeto da ação era justamente o sistema da UnB. Assim, as
comissões de análise de veracidade também foram discutidas naquela
oportunidade.
Na ocasião, o ministro Gilmar Mendes considerou ―difícil justificar a ideia
do denominado tribunal racial‖. Enquanto para o ministro Ricardo Lewandowski a 308
Inserindo, dessa forma, o critério de avaliação dos traços fenotípicos dos candidatos
cotistas.
A adoção de critérios para ingresso de candidatos optantes pelo regime
de cotas para negros no Processo Seletivo para os Cursos de Graduação da UEMS
ocorreu a partir da aprovação da Resolução CEPE-UEMS n. 1.373, de 16/10/2013.
As bancas são compostas por três membros, servidores da UEMS, membros de
Neabs, associações de comunidades quilombolas, pesquisadores de outras
universidades que estudam as ações afirmativas e relações étnico-raciais. As
bancas avaliam os traços fenotípicos dos candidatos, antes da realização da
matrícula.
Em Mato Grosso do Sul, até pouco tempo, apenas a UEMS possuía a
banca avaliadora para análise dos traços fenotípicos. Na Universidade Federal da
Grande Dourados foi composta a banca avaliadora, mas na última seleção de
vestibular não foi regulamentada a atuação. O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros –
NEAB reivindicou à reitoria o exercício da banca para o próximo vestibular.
Na UFGD a autodeclaração era considerada válida até ser contestada,
caso fosse contestada era realizado procedimento para apurar se se tratava de
declaração falsa. A partir do ano de 2016 foi constituída a banca avaliadora de
fenótipo para averiguação dos traços fenotípicos aos que pretendem ingressar pela
reserva de vagas, no concurso público e no vestibular, todavia a banca somente
atuou no concurso público para docentes e técnicos administrativos em 2016.
As bancas, previstas nos editais, são compostas por membros que
tenham características fenotípicas de preto, pardo e branco, bem como o mesmo
percentual de mulheres e homens, respeitando a Orientação Normativa n. 03, de
01/08/2016, que disciplina:
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
§1º As formas e critérios de verificação da veracidade da autodeclaração
deverão considerar, tão somente, os aspectos fenotípicos do candidato, os
quais serão verificados obrigatoriamente com a presença do candidato.
§2º A comissão designada para a verificação da veracidade da
autodeclaração deverá ter seus membros distribuídos por gênero, cor e,
preferencialmente, naturalidade.
§3º Na hipótese de constatação de declaração falsa, o candidato será
eliminado do concurso sem prejuízo de outras sanções cabíveis. (Disponível 310
em: <http://www.lex.com.br/legis_27175840>. Acesso em: 20 de abril de
2017)
Considerações finais
Referências
COSTA, Machado da. Comissão federal para avaliar negros cotistas é questionada
por advogados. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2016/08/1798304-polemico-grupo-para-
analisar-autodeclaracao-foi-extinto-na-unb.shtml>. Acesso em: 20 de abril de 2017.
SOUZA, Mércia Cardoso De; SANTANA, Jacira Maria Augusto Moreira Pavão. O
direito à educação no ordenamento constitucional brasileiro. In: Âmbito Jurídico, Rio
Grande, XIII, n. 74, mar 2010. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7368>.
Acesso em: 19 de abril de 2017.
316
Resumo:
Este trabalho teve como objetivo analisar as tendências e perspectivas para a
inclusão da pessoa com autismo no Brasil através de levantamento bibliográfico das
publicações científicas na área de Educação em duas plataformas de pesquisa de
dados nacionais: Banco de teses e dissertações da CAPES e Scielo. Após análise
dos dados, tornou-se evidente a tendência de uma perspectiva política de inclusão
dos alunos autistas através do apoio especializado e interface saúde-educação na
derivação de práticas pedagógicas nas escolas comuns brasileiras.
Introdução
28
Mestranda em Educação pelo Programa de Pós graduação em Educação da UFGD; Licenciada em
Pedagogia e Graduada em Fisioterapia. falcofit@gmail.com
29
Doutora em Educação Especial pela UFSCar; Docente do PPGEdu /UFGD.
morganamartins@ufgd.edu.br
Análise e discussão
Referências
30
Pós-Graduando em Docência para a Educação Profissional, Científica e Tecnológica, no Instituto
Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), onde foi possível (re)pensar a educação na
perspectiva da diversidade cultural.
Durante a disciplina as leituras forneceram subsídios suficientes para ampliar
os conhecimentos sobre a transversalidade e o currículo. Neste processo de
formação, os alunos do programa realizaram diversas atividades que contribuíram
para elucidar a relevância da diversidade cultural como um elemento de 329
É exatamente pela sua relevância que faz-se necessário, cada vez mais, a
reflexão sobre o tema e a criação de experiências que facilitem a inserção da
diversidade cultural no cotidiano escolar. Neste aspecto a língua inglesa contribui
imensamente, uma vez que estimula a necessidade de respeitar a diferença em
suas diversas formas.
Outro marco legal que contribui para a compreensão deste assunto é o
Parâmetro Curricular Nacional, ou PCN, mais especificamente o que trata da
Pluralidade Cultural, que em seus fundamentos éticos aponta que é preciso
A escola pode validar-se como espaço para a cultura, que compreenda a 332
Essa concepção aceita que as identidades não são nunca unificadas, que
elas são, na modernidade tardia, cada vez mais fragmentadas e fraturadas;
que elas não são, nunca, singulares, mas multiplamente construídas ao
longo de discursos, práticas e posições que podem se cruzar ou ser
antagônicos. As identidades estão sujeitas a uma historicização radical,
estando constantemente em processo de mudança e transformação, 2000,
p. 108
Nós, linguistas, devemos, com urgência, rever muitos dos conceitos e das
categorias com os quais estamos acostumados a trabalhar, no intuito de
torná-los mais adequados às mudanças estonteantes, principalmente em
nível social, geopolítico, e cultural, em curso neste início de milênio, 2003,
p25
1. Entrevistas
2. Diários
336
Devido ao seu alto teor confessional, os diários podem ser uma oportunidade de
dialogar os pensamentos e sentimentos dos alunos com a diversidade cultural. Com
a prática do registro, os alunos conseguem acompanhar suas dificuldades, os
resultados, suas expectativas e suas descobertas.
Esta ferramenta é um exercício muito rico para reflexão sobre os problemas, na
mesma medida que são delineadas suas soluções.
Outro ponto positivo é que mudam a dinâmica das aulas, e delega aos
participantes princípios de disciplina e sistematização das informações encontradas.
3. Inferências
Esta experiência exige tato do educador, para que atue como mediador, mas,
que ao mesmo tempo aguce a curiosidade dos discentes. Pode ser realizada em
diversos meios. Um cartaz, uma revista, um videoclip, um jingle, uma música, enfim,
cabe ao professor filtrar o meio que acha que vai contribuir para uma experiência
onde o aluno consiga utilizar estratégias para compreensão do texto e do contexto.
As inferências são um recurso muito útil para o aprendizado de língua inglesa,
nessa dinâmica o aprendiz adquire o conhecimento ao construir uma rede de
aprendizagem onde o fundamento é o seu conhecimento de mundo como elemento
de sentido de um novo conhecimento.
Inferir não é apenas ‗adivinhar‘. Exige técnica. Demanda estratégia. Resulta em
empoderamento.
linguísticos podem ser utilizadas perguntas, imitações de sons, e tudo o que fornecer
compreensão lexical. Por outro lado, os recursos paralinguísticos como apontar,
desenhar, fazer mímica, dão dinamismo à aprendizagem.
Os alunos sentem-se mais confiantes para experimentar a língua e conseguem
elaborar estratégias de backchanelling cues, onde arriscam-se, e exercitam o
entendimento verbalmente (Ok, Yes, yeah, uh-huh, right, Ah!, etc) e não verbalmente
com o uso de movimento da cabeça e/ou expressão facial.
Neste movimento o aluno não fica à espera do professor para se comunicar, mas
utiliza seus repertórios para experimentar a língua de forma mais ativa.
Considerações finais
Referências
BHABHA, H. K. O local da cultura. Tradução Myriam Ávila et al. Belo Horizonte: 338
UFMG, 1998.
HALL, S. Quem precisa de identidade? In: SILVA, T.T. (org.), HALL, S.,
WOODWARD, K. Identidade e diferença: A perspectiva dos estudos culturais.
Petrópolis: Vozes, 2000.
SKINNER, F. B. Walden II: uma sociedade do futuro. São Paulo: E.P.U. 1973.
31
Graduanda do Curso de Direito da Unidade Universitária de Dourados da Universidade Estadual de
Mato Grosso do Sul (UEMS). Professora de teatro e performance. E mail: jasmibete@gmail.com
32
Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação – FAED/PPGEdu/UFGD.
Servidora Técnica na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS. Linha de Pesquisa
Política e Gestão. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas ―Estado, Política e Gestão da
Educação‖ – GEPGE e do Grupo de Pesquisa ―Conselhos Municipais de Educação no Brasil‖ –
GPCMEbr. E mail: marcia_484@hotmail.com
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Palavras-chave: educação; inclusão social; formação profissional; teatro.
1 INTRODUÇÃO
Neste trabalho apresentamos o relato de experiências e resultados
alcançados a partir de um projeto institucional de extensão da Universidade Estadual
340
de Mato Grosso do Sul (UEMS) em que foram trabalhadas questões relativas a Arte
e a Educação como meios possíveis para se promover a ―inclusão social‖.
O projeto em questão, intitulado ―Teatro e técnica vocal como instrumentos
para formação profissional‖ foi concebido a partir da demanda dos próprios
estudantes da universidade que expressaram a necessidade de uma formação
complementar ao currículo acadêmico que pudesse trabalhar suas dificuldades de
retraimento, comunicação, criatividade e entre outros.
Sendo assim, o projeto de extensão foi composto por oficinas teórico-prática
construídas com base nas ferramentas das artes para os estudantes de graduação
no ano de 2016 nas Unidades Universitárias da UEMS localizadas nos municípios
de Maracaju e Glória de Dourados; e contou com o financiado do Programa Nacional
de Assistência Estudantil para as Instituições de Educação Superior Públicas
Estaduais (PNAEST).
Os objetivos gerais da proposta eram: trabalhar a comunicação, a postura
corporal por meio das técnicas do teatro; e trabalhar a qualidade vocal dos
acadêmicos de forma a melhorar projeção vocal e buscar a sustentação da voz
através da respiração.
A construção, execução e análise dos resultados do projeto nos
proporcionaram reflexões sobre questões relacionadas a Educação, mais
precisamente sobre a formação profissional para o trabalho, em que a Arte, em
especial o Teatro e técnica vocal, mostrou-se como um possível instrumento a ser
utilizado pelas instituições de ensino na formação completar dos ―futuros
profissionais‖.
Uma das reflexões geradas durante o processo das oficinas diz respeito a
relação entre a educação e o trabalho. Considerando que a educação e o trabalho
são pilares dos direitos sociais fundamentais da nossa carta fundamental, a
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
efetividade destes depende da qualidade de vida e o bem-estar-social. Nesse
sentido as oficinas abordaram algumas ferramentas do teatro e da técnica vocal na
busca pela qualidade profissional, humano e social.
Sendo assim, apresentamos as discussões teórico-legais que permearam
todo o processo e a concepção do projeto; em seguida apresentamos o projeto, seu
desenvolvimento e resultados; e por fim, as considerações finais. 341
4 DOS RESULTADOS
As oficinas foram ministradas com base nas exposições discorridas
anteriormente, aspirando à qualidade profissional, promoção do ensino público, o
bem-esta do trabalhador e principalmente na valorização do trabalho.
Todas as oficinas foram elaboradas com nos instrumentos básicos da técnica
vocal, como alongamentos, exercícios respiratórios, postura corporal, canto e
exercícios de projeção vocal. E esses instrumentos foram trabalhados juntamente
com as dinâmicas teatrais utilizadas no processo de construção dos atores, como a
performance, jogos teatrais, domínio de palco, controle emocionais, atenção,
criatividade, reconhecimento de espaço, interação coletiva, reconhecimento corporal
e estimulação dos sentidos.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Todas as oficinas se iniciaram com dinâmicas de percepção corporal,
despertando o consciente do participante para postura, respiração e reação do
corpo. A música foi à ferramenta chave dentro das dinâmicas corporais de ação e
reação, através delas os participantes puderam exercitar o controle de suas
emoções.
As dinâmicas com o corpo buscaram aguçar primeiramente os sentidos dos 349
350
6 REFERÊNCIAS
MELLO, Edmée Brandi de Souza. Educação da voz falada. Rio de Janeiro: Livraria
Atheneu, 1988.
NEVES, Libéria Rodrigues. O uso dos jogos teatrais na educação: uma prática
pedagógica & uma prática subjetiva. Disponível em:
<http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/handle/1843/FAEC-
85TQGF/1000000613.pdf?sequence=1>. Acesso em: jul de 2017.
OLIVEIRA, Romualdo Portela de; ARAÚJO, Gilda Cardoso de. Qualidade do ensino:
uma nova dimensão da luta pelo direito à educação. Revista Brasileira de
Educação, n.28, p.5-23, abr. 2005. Disponível em:
<www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
24782005000100002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 16 nov. 2007.
PACHECO ,Claudia ; Baê ,Tutti. Canto– Equilíbrio entre corpo e som. Irmãos Vitale,
2010.
SARLET, Ingo Wolfganf. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 6 ed. rev. atual.
ampl. Porto Alegre: Livraria dos Advogados, 2006.
VIEIRA GRANERO, Vic. Como usar o teatro na sala de aula. Contexto, 2011.
Nelson Dias
Doutorando em Ensino de Ciências – INFI/UFMS
Eixo temático: Educação e Diversidade
Comunicação Oral 355
Resumo: Este presente artigo traz uma discussão sobre o método de pesquisa positivista
frente às questões da educação dos surdos. O objetivo deste trabalho é discutir e correlacionar
o positivismo dentro da abordagem oralista que perdurou por séculos na educação dos surdos.
As ideias iluministas e o período do renascimento são os precursores da formação do
pensamento anti-absolutista da burguesia em ascensão. O homem passa a ser objeto de
investigação e com o rompimento do paradigma religioso frente às questões da deficiência
abre a possibilidade abrem-se espaço para uma metodologia de ensino na educação dos surdos
nunca estudada anteriormente. As primeiras tentativas são as práticas oralistas fundamentada
na concepção positivista, já que as leis naturais também regem a sociedade pensou-se que
ensinar os surdos a falar com uma metodologia adequada fosse possível. O resultado disso são
séculos de tentativas frustradas, entretanto, tal método contribui pelo fato pela primeira vez
dar um olhar no processo comunicativo e educacional do sujeito surdo.
Abstract: This article presents a discussion about the method of positivist research on the
issues of deaf education. The objective of this work is to discuss and correlate positivism
within the oralist approach that has lasted for centuries in the education of the deaf.
Enlightenment ideas and the period of rebirth are the forerunners of the formation of the anti-
absolutist thinking of the rising bourgeoisie. The man becomes an object of investigation and
with the disruption of the religious paradigm facing the issues of disability opens the
possibility open space for a methodology of education in the education of the deaf never
studied previously. The first attempts are the oral practices based on the positivist conception,
since the natural laws also rule society it was thought that teaching the deaf to speak with a
suitable methodology was possible. The result of this is centuries of frustrated attempts,
however, this method contributes for the first time to look at the communicative and
educational process of the deaf subject.
INTRODUÇÃO
Como um método de pesquisa pode ter difundido uma filosofia centenária como a
abordagem oralista na educação dos surdos? Antes de responder, é importante discutir sobre
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
a metodologia positivista como ferramenta de pesquisa. E procurar também discutir sobre a
abordagem oralista no processo de educação dos surdos.
A questão do método enquanto ciência no período dos pré-socráticos e socráticos não
era uma questão que precisa necessariamente ser definida. A retórica, a oratória, a persuasão e
o discurso eram as formas de manifestação do pensamento filosófico não necessitando de um
método de pesquisa para fazê-lo. O poder de convencimento dependia da habilidade do orador 356
e com isso disseminava seu pensamento entre aqueles que o ouviam. Quando essa realidade
passa a ser questionada? Em que momento necessitou-se de uma metodologia para afirma que
tal situação dava-se como verdadeira? De onde vem a grande transformação?
Podemos dizer que essa grande transformação inicia-se na Itália e estendendo-se para
todo Europa “no decorrer do século XIV esse sentimento ganha corpo” (VVAA, 1987, p.188),
revisitar valores da Antiguidade clássica faz com que o contato com obras advindas do mundo
greco-romano, reler os velhos escritos reafirmam esse sentimento de renascimento.
Quando se fala em educação dos surdos pode-se dizer que nem sempre houve
necessidade de um método, de acordo com Werner (1949) por muito tempo os surdos ficaram
a mercê da sociedade, sem mesmo de ter direito a uma língua, antes mesmo da
democratização da educação, os surdos dificilmente tinham algum preceptor que pudesse
instruí-lo. Os surdos desde o início da Idade Moderna, assim como outros deficientes, foram
alvos de dois tipos de atenção, a médica e a religiosa. A surdo-mudez, como assim era
chamada, consistia em um desafio para a medicina já que era relacionada a uma deficiência
orgânica e na concepção religiosa colocaria a deficiência como um castigo divino.
Os médicos em suas primeiras atuações no campo da surdez lançaram mão
prioritariamente de práticas puramente pedagógicas, ou seja, práticas que utilizariam não só o
campo da medicina preocupando-se apenas com componente orgânico da surdez, mas práticas
de investigação sobre a capacidade do surdo adquirir algum conhecimento. Para Werner
(1949) tal investigação não havia sido realizada antes por influência do pensamento
O positivismo surge, em fins do século XVIII - princípio do século XIX baseada nas
ideias iluminista onde coloca o homem no centro de tudo. Essa metodologia, para ser
reconhecida como ciência precisa apoiar-se nos métodos das leis naturais, acreditava-se que o
universo era regida por essas leis, sendo assim, a sociedade formada por elementos da 358
natureza obedeceria as mesmas leis e por esse motivo poderia ser estuda por meios de
métodos. Outro ponto interessante do positivismo é a neutralidade, ou seja, analisar o objeto
sem interferir no mesmo, livre de julgamentos e preconceitos.
O surgimento do positivismo está relacionado também como uma “utopia crítico-
revolucionária da burguesia anti-absolutista, para tornar-se, no decorrer do :-século XIX, até
os nossos dias, uma ideologia conservadora identificada com a ordem (indústria /burguesa)
estabelecida” (LOWY, 2009, p.18) De acordo com Lowy (2009) Essa reação anti-absolutista
assinalava uma mudança na economia política com a ascensão da burguesia no poder que
começou a se espalhar na Europa, principalmente depois de 1830 que passou de “economia
„clássica‟ à economia „vulgar‟” (LOWY, 2009 p.18)
ORALISMO
forma, percebe-se que nesse período o oralismo é visto como uma forma clínica de tratar a
surdez colocando como uma deficiência que poderia ser vencida com exercícios clínicos
terapêuticos.
Para reforçar a concepção oralista e ligado a uma forma de acumulação de capital,
meios de ampliação do som vinham sendo pensados pra superar a deficiência, afinal, o surdo
poderia ser um sujeito produtivo já que sua deficiência não física e nem aparente. Iorio,
Almeida e Dishtchekenian (1996). Afirmam que só a partir de 1876 surge a prótese auditiva
elétrica com base na invenção do telefone desenvolvida pro Alexandre Grahan Bell, professor
de surdos e defensor do oralismo. Dessa forma o ensino da língua por meio de sinais perde
força e ganha espaço o método oral de ensino dos surdos, colocando no mercado um produto
que prometia facilitar a aprendizagem da fala pelo surdo. Correlacionado a isso, em 1880, no
Congresso Internacional de Ensino de Surdos (Congresso de Milão) fica proibida a utilização
das línguas de sinais pelos surdos, o oralismo passa a ser utilizado como meio oficial de
instrução dos surdos.
Essa prática do oralismo perdurou por mais de 100 anos de correção, Skliar (1998)
afirma que a padronização foi numa tentativa de negar a existência de uma comunidade surda,
da sua identidade, do uso dos sinais práticas normatizada por instituições especiais e pela
cultura social da época. No início do século XX vários autores já pesquisavam sobre a questão
da comunicação do sujeito surdo, Vygotsky (1997) em suas primeiras discussões sobre a
surdez, defende que através da língua de sinais não é possível construir conceitos ou
representações abstratas, entretanto, considera que para o surdo seria mais fácil aprender os
sinais ou a linguagem gestual, no entanto afirma, em primeiro momento, que a ”mímica” é
uma linguagem limitada e que o surdo ficaria envolvido em um mundo isolado, ou seja,
apenas em contato com aqueles que conhecem a linguagem de sinais.
tradicionais de ensino da oralidade, faz referência ao método alemão que proibia nas escolas o
uso da “mímica” e utilizava de modos cruéis para atingir os objetivos no ensino da fala,
enfatiza que os surdos aprendiam de forma mecânica com vários exercícios de articulações de
som. Dessa forma, Vygotsky (1997) reconhece que a forma natural de linguagem do surdo é
por gestos, entretanto, afirma que a uso exclusivo da “mímica” seria uma solução radical e
deixaria o surdo excluído da coletividade e essa exclusão impediria simultaneamente tanto a
educação social como o desenvolvimento linguístico.
A língua de sinais era considerada uma forma rudimentar de comunicação como
mímica e gestos, que esboçavam apenas o concreto. Essa ideia também parte do positivismo,
afinal era preciso uma sistematização e neutralidade para que a língua de sinais pudesse ser
considerada uma língua de fato. Quando comparada a uma língua oral com todas as suas
estruturas ( gramática, pragmática, semântica, morfologia e sintaxe) a língua de sinais acabava
esbarrando nessas estruturas, isso porque em uma ciência positiva não se admite a formação
histórico social que faz parte da formação de uma língua e principalmente de uma linguagem
que utiliza o espaço como parte da gramática.
Só a partir da década de 60 com pesquisas realizadas sobre língua de sinais nos
Estados Unidos chega à conclusão que as línguas podem ser visual-espacial ou oral-auditiva.
De acordo com Albres (2005) Willian Stokoe foi o primeiro a estudar os sinais
minuciosamente e pode descrever a formação dos sinais bem como suas configurações e suas
sentenças com valor gramatical Trazendo esse recorte para o Brasil, Albres (2005) ainda
salienta que a década de 60 e 70 mesmo com concepções oralistas, estudos sobre línguas de
sinais já estavam sendo feitas no Brasil, o próprio INES (Instituto Nacional de Educação dos
Surdos), já produzia materiais com seus educadores de surdos pautadas em técnicas da
Alemanha e da Bélgica, posteriormente baseando-se em técnicas dos Estados Unidos.
melhor forma de comunicação dos surdos. De acordo com Streiechen (2012), as práticas
oralistas tiveram como consequências milhões de surdos analfabetos e que ficaram marcados
negativamente em suas vidas até os dias atuais, os surdos não desenvolveram a fala e o que só
conseguiram foram pronunciar algumas palavras sem saber o sentido do seu significado as
pronunciando de forma mecânica e aleatória.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, percebemos que toda filosofia oralista está fundamentada na base
epistemológica do positivismo. Os eixos que norteiam o positivismo são os mesmo que dão
origem a proposta da oralidade na educação dos surdos. Ainda mesmo com outras concepções
como o bilinguismo abordado pelo materialismo histórico cultural o oralismo ainda não foi
superado isso porque a ciência positivista trouxe um caráter de cientificidade das ciências
naturais, ou seja, método sistematizado que poderia ser reproduzido para todos os outros
sujeitos.
A abordagem oralista pode ter causado muitos surdos analfabetos e muitos surdos com
aversão em aprender a comunicação escrita, entretanto é importante salientar que foi só a
partir dos estudos da ciência positiva, impulsionados pelos ideários do renascimento que a
questão da educação do deficiente, especificamente do surdo que também passa a ser objeto
de inquietações, de investigação. Para que isso acontecesse era preciso romper com o
paradigma que estava posto pela religião – o deficiente como castigo divino.
O que o positivismo traz de contribuição nesse processo é a busca por uma forma em
que o deficiente seja um ser ativo e produtivo na sociedade, mesmo que seja em uma lógica
de acumulação, afinal, anteriormente estes sujeitos eram deixados de lados e em tempos mais
remotos eram descartados. Outra contribuição deixada foi a possibilidade de compreender a
formação da linguagem dos sujeitos, mesmo que o objetivo do método oralista não seja esse,
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
chegou-se a conclusão que a forma natural de linguagem dos surdos é a forma gestual.
Mesmo os métodos mais repetitivos e terapêuticos possíveis na articulação da fala, não foi
possível chegar a uma forma oral de comunicação efetiva e isso possibilitou abrir uma nova
forma de pensamento frente a questão da surdez como os estudos sobre cultura, bilinguismo e
identidade.
363
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Kátia de. Próteses Auditivas, fundamentos teóricos e aplicações clínicas. São
Paulo: Lovise, 1996.
Resumo: O presente estudo tem por objetivo verificar de que forma as danças 364
folclóricas estão inseridas no currículo das escolas do município de Dourados-MS no
Ensino Fundamental, observando a sua relevância entre os professores de
Educação Física e áreas afins. Esta foi uma pesquisa de campo de natureza
quantitativa e qualitativa, em que os dados foram obtidos por meio de questionário
composto de nove questões sendo três abertas e seis fechadas, aos professores de
Educação Física e áreas afins de seis escolas municipais, os quais orientaram os
alunos na elaboração das danças do Concurso de Quadrilhas da 39° Festa Junina
de Dourados realizado nos dias 23 e 24 de junho de 2016. Os resultados obtidos
foram que os professores demonstraram conhecimentos sobre o âmbito geral das
danças folclóricas, porém não contemplam esse conteúdo em seus planejamentos
curriculares. Os resultados apontaram alto índice de respostas negativas referente
ao trabalho com as danças folclóricas da própria região, demonstrando a falta de
valorização da identidade cultural da cidade de Dourados-MS.
Abstract: The objective of this study is to check how the folk dances are inserted in
the curriculum of the schools of Dourados City - MS in elementary school, observing
its relevance to the Physical Education teachers and related areas. This was a
quantitative and qualitative field research where the data were obtained by a
questionnaire with three open questions and six closed questions, to the Physical
Education teachers and related areas of six municipal schools, who helped the
students with the creation of the dances to the Quadrilhas contest of the 39º June
Celebration of Dourados realized in 23 to 24 June 2016. This research indicated the
teachers have knowledge about folk dances but they don't have this content in their
curriculum planning. The results pointed high indices of negative answers about the
work with folk dances from their own region, showing lack of appreciation of the
cultural identity of Dourados-MS.
33
Graduada em Educação Física Licenciatura na Universidade Federal da Grande Dourados
E-mail: biancalimacuevas1@gmail.com.
34
Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá. Docente da Universidade Federal da
Grande Dourados. E-mail: jacquelinenunes@ufgd.edu.br. Orientadora deste trabalho.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
INTRODUÇÃO
FOLCLORE E DANÇA
Em 1878, em Londres, foi aceito o termo folk-lore, para caracterizar o estudo 368
de todas as manifestações de saber popular, em que folk significa povo e lore quer
dizer conhecimento (MEGALE, 2003). No ano de 1951, foi realizado no Brasil o 1°
Congresso de Folclore no Rio de Janeiro, em que foi ampliado o conceito de folclore
para tudo que se relaciona com o saber popular, desde a medicina caseira,
crendices, superstições, danças e folguedos, habitação, culinária (SOARES, 2002).
Dessa forma, diversas formas de conhecimentos de cunho popular foram
designadas a partir do termo folclore, resgatando a cultura e valorizando-as
(SIGRIST, 2000).
Segundo Megale, (2003 p. 19) ―[...] a dança folclórica é um elemento
indispensável na Educação Física porque proporciona ao aluno agilidade,
resistência, além de um agudo senso de responsabilidade e iniciativa‖, exemplo
disso são danças como frevo, valsa, quadrilhas entre outros, as quais se trabalham
aspecto individual, duplas e grandes grupos, trazendo aspectos básicos da formação
física e social no indivíduo.
As danças folclóricas podem ter várias classificações, uma delas é a
composição coreográfica, dependendo do número de participantes como solistas,
quando uma única pessoa dança, como no frevo; de par enlaçado, como na valsa;
de par solto, como a chimarrita, e existem aquelas em que o par se enlaça e se
separa dependendo do momento da música como, por exemplo, ciranda e quadrilha.
De acordo com Sigrist (2000, p. 37), o estado do Mato Grosso do Sul recebe
forte influência de várias regiões, devido a sua localização mais central no país,
sendo um estado mais receptivo do que emissor de sua cultura:
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Mato Grosso do Sul limita-se ao Norte, ao Sul e a Leste com os
Estado brasileiros de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo,
Paraná e, portanto, recebeu influência direta das migrações deles
provenientes. A Oeste e ao Sul limita-se com a Bolívia e o Paraguai,
tendo, por isso, recebido influência, principalmente, deste último na
alimentação, na medicina caseira, na linguagem e na música.
Portanto, fazendo fronteira com os outros países o estado apresenta
peculiaridades histórico-culturais que o distingue dos demais Estados
brasileiros. 369
Dessa forma, apesar de sua cultura não ser disseminada em âmbito nacional,
há alguns lugares que ainda preservam as tradições, podendo ser divididas em três
grandes regiões que são: ―1) a região do Bolsão, que compreende a porção
nordeste do Estado [...] 2) a região do Pantanal, porção oeste e, 3) a região de
Fronteira, porção sul e sudoeste) [...]. A terceira é a forte influência da cultura
paraguaia que prevalece na região‖ (SIGRIST 2000, p.37, grifos do autor).
Na região do Bolsão se tem as danças Revirão, Catira, Engenho de
Maromba, etc. Já no pantanal existem os ritmos, Cururu e Siriri. E na região de
fronteira as danças de maior disseminação são Polca e Chamamé, contribuição dos
paraguaios a partir do último quartel do século XIX (SIGRIST, 2000, p. 62, grifos do
autor), mas existem outros ritmos como Chupim, Toro Cantil e Mazurca.
O estado de Mato Grosso do Sul possui uma diversidade de etnias indígenas,
sendo oito ao total, conforme Urquiza (2017) que são: Atikun, Guarani, Kaiowá,
Guarani Ñandeva, Guató, Kadiwéu, Kiniquinau, Ofaié e Terena, sendo na cidade de
Dourados somente as comunidades Guarani, Kaiowá e Terena. Há também a
influência da cultura japonesa por meio dos imigrantes japoneses, diversificando
ainda mais o âmbito cultural e as danças do estado (DOURADOS, 2017).
Com isso, se tem um leque de possibilidades na Educação Física escolar
com conteúdos do próprio estado, onde se pode valorizar a cultura local e resgatar
costumes que estão sendo perdidos com influências de outros locais.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÕES
36
Ver em anexo I.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
2- É uma dança que busca resgatar tradições e ensinar valores.
3- É uma manifestação popular originaria da região que se trata, onde se trabalha
coreografias, ritmos e músicas que enfocam o povo, a tradição e a cultura
daquela região.
4- Danças folclóricas representam as tradições e a cultura de uma determinada
região.
5- É uma dança típica voltada para a representação do folclore brasileiro.
6- São expressões culturais de determinadas regiões ou povos.
7- Danças folclóricas são danças simples com letras tradicionais que lembram 373
lendas, festas, regiões, tradições etc.
QUADRO II. 2-Em sua prática pedagógica, como você explora a pluralidade cultural,
étnica e social (manifestações culturais)?
Resposta dos professores
1- Durante os bimestres, são trabalhadas atividades rítmicas e expressivas que são
distribuídos em samba, axé, funk, xote, vanerão, quadrilha, figuras de movimentos,
teatro, country.
2- Em parceria com o estagiário de Ed Física, de certa forma as manifestações
culturais são exploradas através de danças e costumes.
3- Trabalho mais jogos, brincadeiras, lutas e quase não exploro essas questões em
minha aula.
4- Por meio das regiões do Brasil (norte, nordeste, centro-oeste, sudeste, sul) com
suas tradições na culinária, danças e tradições.
5- Aqui a pluralidade cultural é trabalhada através de dança, música e teatro. No ano
de 2016 desenvolvemos atividades tendo o foco na cultura indígena e africana
matogrossense do sul.
6- A pluralidade cultural esta presente diariamente no contexto social, exploro por
meio da dança principalmente.
7- Uso as danças folclóricas para valorizar culturas e trabalhar o ritmo, socialização
etc.
conteúdos, para que tenham conhecimento de qual realidade eles estão inseridos.
Já os professores 2, 6 e 7, argumentaram que trabalham com as
manifestações culturais, dentro do contexto social, com a valorização das culturas,
porém não especificaram como a dança está atrelada a esses conhecimentos,
Sborquia e Gallardo (2002), enfatizam que não basta só reproduzir movimentos
acerca das danças, mas tambem requer uma análise e reflexão sobre seus
significados.
A resposta do professor 3, em que disse que não trabalha com questões de
pluralidade cultural, corresponde aos argumentos apresentados por Marques (1997),
a falta de conhecimento, os pré-conceitos em relação ao ensino da dança, a divisão
entre arte e educação na formação desses professores, talvez tenha comprometido
a atuação deste profissional na escola.
43% Sim
57% Não
De acordo com o Quadro III, com a pergunta ―Sabe-se que o Dia do Folclore
comemora-se no mês de agosto e, consequentemente, as escolas trabalham esse
conteúdo somente neste mês. Na sua opinião quais são as dificuldades que se
apresentam no cotidiano escolar para que se trabalhe os temas referentes ao
Folclore no decorrer do ano‖, segundo as respostas dos professores 1, 2 e 6, a
dificuldade de trabalhar a dança folclórica seria o tempo. Isso pode ser justificado
7
6
5
4
3 Sim
2
1 Não
0 Não respondeu
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS 378
ANEXO I 380
Questionário
Escola____________________________________________________________________________________
____
Etapa de
Ensino:_______________________________________________________________________________
Prof.:_______________________________________________________
Contato:__________________________
Disciplina: Educação Física
Formação:
____________________________________________________________________________________
2. Em sua prática pedagógica, como você explora a pluralidade cultural, étnica e social (manifestações
culturais)?
3. No seu planejamento curricular, (plano de ensino, plano de aula) utiliza a Dança Folclórica como
conteúdo curricular da educação física?
( ) Sim ou ( ) Não
Se a resposta for sim, complemente: Quantos semestres trabalha com esse conteúdo curricular?
( )1( )2( )3 ( )4
5. Você já trabalhou com as danças folclóricas do estado e da região centro oeste? ( )SIM ( )NÃO
Se SIM, indique quais danças você já utilizou. Se NÃO, justifique:
( )Engenho de Maromba
( )Cururu
( )Siriri
( )Chupim
( )Polca
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
6. Você ja trabalhou com as danças do Sul?( )SIM ( )NÃO
Se SIM assinale quais. Se NÃO, justifique:
( ) Rancheira
( )Fandango
( )Pau de fitas
( ) Tirana do Lenço
381
( ) Caranguejo
( )Chimarrita/Chamamé
( )Pezinho
Resumo: Este estudo tem como objetivo analisar artigos científicos sobre a temática
Avaliação e Procedimentos realizados com crianças com deficiência e ou atraso
global do desenvolvimento na educação Infantil, por meio de uma pesquisa
documental, no sentido de identificar ações e produções de conhecimentos recentes
mais desenvolvidos e de apontar lacunas existentes em se tratando desta temática.
Embora não encontrados estudos específicos referentes à avaliação e
procedimentos realizados com crianças com deficiência e ou atraso global do
desenvolvimento na educação Infantil, a pesquisa revela como este estudo tem
avançado e o quanto são úteis para contribuição de novos estudos e planejamentos
no sentido de concentrar investimentos em aspectos exploratórios investigativo.
Para o levantamento bibliográfico foi realizado uma busca no site do banco de tese e
dissertações da Capes, Scielo e Google Acadêmico, com os descritores ―Educação
Infantil e Educação Especial‖; ―Educação Infantil e Deficiência‖; ―Educação Especial
e Estimulação Precoce‖; ―Avaliação e Educação Infantil‖; ―Professor Especializado e
Educação Infantil‖, presentes nas indagações da proposta do projeto, num recorte
temporal de 10 anos. Verificamos menor produção de estudos sobre procedimentos
e encaminhamentos de crianças consideradas Público Alvo da Educação Especial -
PAEE e um aumento do número de crianças com deficiência e ou atraso global do
desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, matriculadas e identificados
como PAEE nos centros de educação infantil na cidade de Dourados/MS, por ser
esse nosso foco e objeto de estudo. Essa busca identificou 4.930 artigos que se
tratavam de assuntos ligados a educação especial na educação infantil, dentre eles
somente 1.350 contemplaram os descritores citados acima que passaram por uma
delimitação temporal de dez anos para realização desta pesquisa. Essa busca
identificou 22 artigos que foram previamente selecionados, pois entendemos que os
mesmos contribuirão para o desenvolvimento de nossa pesquisa científica. Entre as
considerações finais espera-se que novos estudos sobre a temática sejam
ampliados.
Palavras-chave: Educação Infantil. Educação Especial. Avaliação.
37
Graduada em Pedagogia, Especialista em Educação Especial, Gestão Escolar, Psicopedagogia,
Neuropedagogia e Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação pela
UFGD – Área de Concentração – Educação e Diversidade.simone2dgf@hotmail.com
38
Doutora em Educação Especial, Pós Doutora em Educação, Professora Associada do curso de
Pedagogia e Docente do PPGEdu- FAED/ UFGD. morganamartins@ufgd.edu.br
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
EVALUATION STRATEGY AND PROCEDURES CONDUCTED WITH CHILDREN
WITH DISABILITIES IN CHILDREN EDUCATION: THE STATE OF ART OF
ACADEMIC PRODUCTIONS
Abstract: This study aims to analyze scientific articles on the Evaluation and
Procedures of Children with Disabilities and the Global Delay of Development in
Early Childhood Education, through documentary research, in order to identify
actions and productions of recent and more developed knowledge. Existing gaps in 383
this issue. Although no specific studies have been found regarding Evaluation and
procedures performed with children with disabilities and or overall developmental
delay in Early Childhood education, the research reveals how this study has
advanced and how useful they are for contributing new studies and planning to
concentrate investments In exploratory exploratory aspects. For the bibliographical
survey, a search was made on the site of the thesis and dissertations bank of Capes,
Scielo and Google Academic, with the descriptors "Infant Education and Special
Education", "Infant Education and Disability", "Special Education and Early
Stimulation" , "Evaluation and Early Childhood Education", "Specialized Teacher and
Early Childhood Education", present in the inquiries of the project proposal, within a
10-year time frame. There was lower production of studies on procedures and
referrals of children considered Special Education Target (PAEE) and an increase in
the number of children with disabilities and / or developmental delays and high skills /
giftedness, enrolled and identified as Centers of early childhood education in the city
of Dourados / MS, as this is our focus and object of study. This search identified
4,930 articles that dealt with subjects related to Special Education in Early Childhood
Education, among which only 1,350 included the descriptors mentioned above that
went through a 10 - year temporal delimitation to carry out this research. This search
identified 22 articles that were previously selected, since it is understood that they will
contribute to the development of our scientific research. Among the final
considerations it is expected that further studies on the subject will be expanded.
1 Introdução
A pesquisa em questão integra um projeto aprovado no edital
(FUNDECT/CAPES N° 11/2015 – EDUCA-MS) que busca contribuir com a formação
de professores para a Educação Infantil em diferentes frentes.
Tem como perspectivas fortalecer a pesquisa em rede, como caminho para
pensar, repensar e reencaminhar ações tanto no contexto das universidades
parceiras, quanto da Secretaria de Educação dos municípios envolvidos e escolas
participantes do projeto.
experimental, visto ser essa a fase de maior desenvolvimento das bases cognitivas,
linguísticas e motoras necessárias para a construção do conhecimento e
desenvolvimento da criança.
Nos últimos dez anos, muitos estudos foram efetuados buscando a
identificação dos fatores de risco para o desenvolvimento infantil, não só por
questões teóricas e científicas, mas também pelo interesse das organizações
governamentais e não governamentais envolvidas com os direitos e cuidados com a
criança. Entretanto, muito ainda há para se pesquisar sobre a origem e remediação
das alterações do desenvolvimento infantil. (OPAS, 2005). Desta maneira,
programas e intervenções que visem à prevenção ou minimização dos problemas do
desenvolvimento infantil parecem ser propostas eficazes.
A educação especial, compreendida como uma área do conhecimento que
oferece suporte teórico e técnico para se pensar o desenvolvimento infantil e
estratégias de estimulação precoce aos CEIMs é o enfoque dado a esse trabalho,
esta previsto o atendimento para crianças com necessidades especiais da educação
infantil no artigo 58, do capitulo V da LDB/96, mesmo que ainda nos pareça precário
este atendimento, nos resta acreditar que de uma forma geral esta bandeira vem
sendo construída.
Para Bobrek (2014) as ações de Estimulação Precoce (EP) eram dirigidas
basicamente às crianças com deficiência, com o objetivo de atenuar os efeitos
destas, incluindo-se no nível terciário de prevenção. Com base nos progressos
científicos, ocorreu a incorporação de novos conhecimentos relacionados aos
fatores de risco, e então o campo da EP transcendeu seus limites iniciais, abarcando
a esfera de atuação com a criança que, sob o impacto dos fatores de risco, é
2 Método
Para que se construa uma metodologia da pesquisa com base científica sólida
é necessário concretizar sua autoafirmação caracterizando sua identidade de forma
investigativa, fazendo com que nossos interlocutores, especialistas de outros
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
campos, compreendam e articulem com as contribuições que estão presentes em
nosso estudo. Sendo de suma importância a identificação e a interpretação clara do
campo relativo às pesquisas educacionais, sendo necessário que sejamos
compreendidos, com contribuições realmente relevantes.
Segundo (GATTI, 2002, p. 9), ―Pesquisa é o ato pelo qual procuramos obter
conhecimento sobre alguma coisa‖, dito isso, entende-se que pesquisar é a busca 390
3 Resultados
Essa busca identificou 4.930 artigos que se tratavam de assuntos ligados a
educação especial na educação infantil, dentre eles somente 1.350 contemplaram
os descritores citados acima. Desta forma, verificou-se que ainda deveriam ser
delimitados então foi sugerido à delimitação temporal de dez anos.
Seguindo então, as orientações, essa busca identificou 22 artigos que foram
previamente selecionados, para isso foram utilizados os critérios sobre o ano e título
dos artigos, pois, entendemos que os mesmos contribuirão para o desenvolvimento
de nossa pesquisa científica. Ressaltamos que para realização deste artigo não foi
possível citar todos os documentos e ou dissertações encontradas, porquanto para
conclusão do mesmo temos um limite de páginas a serem seguidas, portanto este
resultado segue em anexo. A análise de documentos oficiais, artigos, periódicos
permitiram ampliar conhecimentos sobre o assunto bem como seguir orientação das
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
políticas públicas e norteamento das práticas educacionais voltadas às crianças que
fazem parte dos CEIM. Dentre os documentos utilizados, destacam-se: leis,
decretos, normas em âmbito nacional e local que fazem referência à política de
educação especial no âmbito nacional, estadual e municipal, no caso específico do
município envolvido nesta pesquisa.
Os objetivos deste estudo envolveram a análise de artigos, periódicos e 391
4 Considerações Finais
Esperamos contribuir com o campo de pesquisa em educação especial e
educação infantil na apreensão das práticas avaliativas na escolarização de crianças
pequenas com deficiência e ou atraso global do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação.
A ideia foi realizar um mapeamento de práticas avaliativas e de
encaminhamento que possam ser disponibilizadas para a rede de ensino, além de
favorecer a discussão sobre as políticas de inclusão escolar adotada pelo município
até o momento.
Os dados e análises obtidos poderão favorecer e ampliar a oferta de
formações para gestores e professores sobre desenvolvimento infantil e
intervenções no ambiente escolar e principalmente processos de avaliação
pedagógica. Apresentar resultados e veicular os dados da pesquisa em diferentes
espaços de discussão da temática, como reuniões e associações científicas,
eventos locais, regionais, nacionais, internacionais e fóruns, no sentido de promover
o diálogo e o debate que poderão fomentar a implantação e implementação de
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
novas proposições e políticas nas redes públicas de educação infantil no estado de
Mato Grosso do Sul.
Referências
ALONSO, R. G.. Práticas pedagógicas na educação infantil: possibilidades e
desafios frente à inclusão escolar. São Carlos: UFSCar, 2016. 169 f. (Dissertação 392
em Educação Especial) – Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade
Federal de São Carlos, São Carlos, 2016.
393
Resumo
Introdução
Objetivo
399
Metodologia
Resultados
400
A coleção analisada possui 3 livros, sendo que o primeiro ano apresenta
conteúdos de citologia, reprodução e desenvolvimento, histologia e origem da vida.
Este livro apresenta figuras, textos, textos complementares e exercícios, contento
312 páginas. No que se refere ao tema transversal Pluralidade Cultural encontramos
um excerto no texto introdutório do capítulo referente ao conteúdo de reprodução e
desenvolvimento, na página 180, assim expresso:
―(...) Nos seres humanos, as relações sexuais e a reprodução envolvem também
emoções. E cada pessoa tem sua personalidade, sua maneira de pensar e de agir,
seus valores éticos e espirituais, seus projetos de vida. (...)‖
A esse excerto classificamos como uma abordagem superficial, pois,
apresenta tais aspectos descritos em Farezim-Knapp & Pansera-de-Araújo (2009).
O segundo livro refere-se a conceitos que envolvam os seres vivos, possui
320 páginas; neste livro não encontramos nenhum excerto referente ao tema
transversal.
O livro que apresentou mais excertos foi o do terceiro ano, que apresenta
conceitos sobre genética, evolução e ecologia; este livro possui 312 páginas. No que
se refere ao tema transversal encontramos 5 excertos, destes, 2 são classificados
como abordagem superficial, assim expressos:
―(...) Ainda são discutidas leis para garantir a privacidade de uma pessoa
nesses casos e para prevenir discriminações genéticas. (...)‖ p. 50.
―(...) Primeiro, porque nossa espécie não está sujeita apenas à evolução
biológica, mas também à evolução cultural - estudada em História, Sociologia e
outras disciplinas. Com o desenvolvimento de um cérebro complexo, que nos dá
grande capacidade de aprendizagem, houve também o desenvolvimento da
linguagem, da cultura e da consciência. (...)‖ p. 176.
Considerações finais
Referências bibliográficas
Amaral, C. L. C., da Silva Xavier, E., & Maciel, M. D. 2016. Abordagem das
relações ciência/tecnologia/sociedade nos conteúdos de funções orgânicas em livros
didáticos de química do ensino médio. Investigações em Ensino de Ciências, 14(1),
101-114.
Pes, D., Güllich, R. I. C., Caramâo, G. 2006. Educação e Saúde: o livro didático,
conceitos e processos que envolvem os primeiros socorros. Três de Maio: SETREM.
ABSTRACT
The research titled "Ethnic-Racial Diversity: educational inclusion by means of
affirmative actions" has as purpose analyze the politics of inclusion in brazilian
406
education, having as object the ethnic-racial diversity, due to the existence of inherit
dates about researches of official bodies and in the academic scope, highlighting the
strong presence of disparities wherein regards the access and permanence in
educational sphere, when compared between blacks and whites. In this perspective,
the history of black population in Brazil and the eugenic politic shall be deemed to be
elements of hierarchisation of societies, with consequent increase of discrimination in
the whitening ideia, resulting a denial of afro-descendents participation as active
parts in the social context, as well as the popularization of the "racial democracy"
speech, under which hides the most perverse forms of segregation. Our country has
a significant percentage of afro-descendents, being this part of the population
severed from the possibilities of participation in the everyday productive lives, as well
as the benefits offered by this. The research will have as base documents analyzed
by official bodies (IBGE), bibliographical reading and scientific articles. The article
has two fundamental points: the first aspect to be pointed is the analysis of the self
declaration of blacks and browns in the IBGE, in different periods, in other words, in
the sensus of 2000, 2010, 2015 and in a second moment seeks the comprehension
of the path in the black movement fights in our country, the resulting public politics in
this mobilization, the State operations in order to promote the effectiveness of
affirmative actions and its necessity as a factor of transformation and achievement of
the democratic state of law. In this logic, the actual affirmative actions has the
intention to correct racial and social disparities, which differentiated treatment to a
specific group aim to amend the absence of opportunities and the marginalization
created and maintained in the context of a social structure that exclude and
discriminate.
Key-words: education, inclusion; discrimination; affirmativeactions.
1. INTRODUÇÃO
Cumpre salientar que essa concepção, segundo Santos (2005,p. 08) não se
restringiu a um pequeno grupo de acadêmicos no país, ao contrário: ―Apesar de
possuir uma série de ambiguidades, a eugenia se transformou num discurso
corrente e amplamente legitimado no meio científico, político e social brasileiro‖.
Essa política de branqueamento estribada no movimento eugenista
acarretou, ao longo dos anos, a perda da identidade por parte da população negra e
parda, o racismo aliado à essa ideologia resultou numa cultura de desvalorização de
tudo o que se referia à ascendência africana, fato plenamente identificável nas
pesquisas estatísticas quanto à declaração de etnia e cor.
Somente após o surgimento das primeiras políticas públicas voltadas aos
afrodescendentes, conquistadas pelo árduo trabalho do movimento negro no Brasil é
brasileira.
Segundo pesquisa do IBGE, no ano de 2015, apenas 12,8% dos negros
entre 18 e 24 anos chegaram ao ensino superior, contra 26,5 dos brancos na
mesma faixa etária. Para a melhor compreensão desses números, fundamental que
sua interpretação se dê em conjunto com os aspectos históricos que marcaram a
população afrodescendente no Brasil. Segundo Santos( 2005, p. 13):
Nesse diapasão, a trajetória histórica dos negros no país tem como traço a
busca constante pela superação das desigualdades, seja através da resistência
presente na luta contra a escravidão, elemento que restou presente na realidade
política, econômica e social do Brasil por três séculos, seja pela luta contra o
racismo que perdura até os dias atuais e se revela através dos números, onde a
dificuldade no acesso às condições dignas de vida, à educação, ao trabalho, à
saúde são claramente demonstráveis. Theodoro e Jaccoud (2005, p.
118)estabelecem um parâmetro entre a complexidade dos fatores que
desencadeiam a exclusão social negra e as necessidades de implantação de
medidas para a efetiva mudança dessa realidade:
acadêmico, bem como para a dedicação exclusiva que muitos cursos requerem.
Cumpre destacar que as referidas medidas tem por escopo atender a
pessoas em condições de desvantagem historicamente reconhecidas, no sentido de
estabelecer a igualdade material contemplada na Constituição Federal de 1988.
Nesse diapasão, a busca pela igualdade que assuma uma nuance
substancial requer que esta tenha um caráter dinâmico, que leve em conta as
desigualdades presentes no bojo da sociedade, demandando um olhar diferenciado
para a diversidade que compõe a população, com vistas a evitar que conceitos
generalistas imponham a presença da igualdade formal sob a égide da estrita
observância da letra fria da lei. Para Piovesan (2005, p. 36):
Dizer que dois entes são iguais sem nenhuma outra determinação nada
significa na linguagem política; é preciso que se especifique com que entes
estamos tratando e com relação a que são iguais, ou seja, é preciso
responder a duas perguntas: a) igualdade entre quem?; e b) igualdade em
quê?
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
4.REFERÊNCIAS
MACIEL, Maria Eunice de S. A eugenia no Brasil. Anos 90, Porto Alegre, n. 11, julho
de 1999.
39
Mestre em Educação pelo Centro Universitário Moura Lacerda (CUML). Docente e coordenadora
do curso de licenciatura Letras Libras da Faculdade a Distância da Universidade Federal da Grande
Dourados (EaD/UFGD). Pesquisadora do grupo de Pesquisa GELES – Grupo de Estudos em Libras e
Educação de Surdos. E-mail: rosanajanes@ufgd.edu.br
40
Mestre em Letras pela Universidade Federal da Grande Dourados, no Programa de Pós-Graduação
em Letras, área Linguística e Transculturalidade. Docente da Universidade Federal da Grande
Dourados na Faculdade de Ensino à Distância (EaD/UFGD), atuando no ensino da LIBRAS. E-mail:
anapaulafernandes@ufgd.edu.br
41
Cursando Mestrado em Educação/2017; possui graduação em Administração e especialização em
Gestão Pública pela UFMS; atualmente é assistente em administração da Universidade Federal da
Grande Dourados. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração Pública
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
orientações do estágio para formação e aquisição de conhecimentos que
fundamentarão a prática pedagógica dos futuros licenciandos.
Esta supervisão foi filmada para que o grupo docente pudesse avaliar as
estratégias, os recursos e a singularidade do jeito de narrar em língua de sinais os
diversos gêneros literários que foram abordados durante a disciplina refletindo sobre
as metodologias utilizadas para tal atividade. As abordagens, recursos e estratégias
utilizados pelos estudantes podem implementar nesta esfera educacional melhorias
buscando o fortalecimento da utilização adequada para difusão da literatura, do
conhecimento dos diversos gêneros literários onde os objetivos são alcançados pela
propagação da cultura surda.
Com base nos estudos de Tripp (2016), o modo como se espera alcançar os
objetivos do estágio são incorporados na prática da observação, participação e
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
regência considerando as ideias e experiências dos estudantes que possuem
fluência linguística e competência tradutória.
3. DISCUSSÕES GERAIS
língua de sinais é suficiente para prática pedagógica bilíngue? Existe uma equidade
de práticas pedagógicas bilíngues e biculturais? Qual a realidade de estudantes para
esta formação do professor da disciplina de Libras? Como se dá o processo de
inclusão entre surdos e ouvintes? O que é ensinado de Libras?
De tais questões provem o caminho para a reflexão dos estágios buscando a
compreensão e a construção do significado de entender toda uma antítese onde
tudo é tenso. Todo o processo vivenciado durante a realização dos estágios, nos
espaços com surdos e ouvintes apresenta toda uma preocupação onde ambos
precisam compreender as peculiaridades linguísticas de cada um retratando a
questão do sujeito e da alteridade.
Para LODII e NOGUEIRA (2011) oportunizar o uso e a disseminação de
Libras corrobora não somente no ensino da língua, mas no entendimento de uma
cultura possibilitando uma nova visão sobre o processo de inclusão. Neste sentido
há fortes entraves, discussões e estudos sobre a quem compete o ensino da Libras.
A língua tem dono? Como garantir o ensino de Libras apenas em um semestre? É
possível considerar que de fato houve aprendizagem da língua?
Os Estudo Culturais nos ajudam a refletir:
4. CONCLUSÃO
STUMPF, Mariane Rossi. Mudanças estruturais para uma Inclusão Ética. In:
QUADROS, Ronice Muller (Org.). Estudos Surdos III. Petrópolis, RJ: Arara Azul,
2008, p. 16-31.
Resumo
O presente artigo contempla um projeto de extensão desenvolvido nos Centros de
Educação Infantil de Dourados/MS, onde buscou-se compreender e orientar acerca
das práticas cotidianas desenvolvidas no autocuidado dos cuidadores/educadores e
no cuidado desempenhado com as crianças. Em encontros semanais, previamente
marcados, foi feito um período de observação do método de trabalho e
funcionamento das atividades do CEI‘s, seguido de discussões, rodas de conversa,
onde pontuamos as necessidades a serem abordadas nas reuniões. Verificamos a
necessidade de olhar com atenção acerca da saúde das funcionárias, pois muitas
delas afastavam-se do trabalho, sempre com as mesmas queixas: lesões
relacionadas ao trabalho. Observado isso, realizamos oficinas de orientação teórico-
prática sobre exercícios e medidas preventivas que ajudam a evitar tais problemas,
bem como também foram orientadas acerca do cuidado com as crianças, incluindo
como proceder em casos de urgência e emergência dentro do Centro de Educação
Infantil, visando colaborar para um cuidado e atenção completo e eficiente. Entre os
temas abordados, estão inclusos: Prevenção de acidentes, higienização do
ambiente, manobras de emergência, cuidados com a alimentação da criança, a
importância de ensinar higiene aos pequenos, os educadores e o autocuidado, entre
outras vertentes que foram abordadas ao longo das semanas. Ao final da
experiência, foi concluído que a equipe multidisciplinar tornou-se bem mais unida ao
compartilhar entre si e conosco suas dúvidas, e vendo-as sanadas, os educadores
sentiram-se motivados a participar das reuniões e trocar experiências de modo a
contribuir para um cuidado efetivo e de qualidade as crianças, que muitas vezes
permanecem em período integral nos centros de educação infantil. Os resultados
foram plenamente atingidos, e sobretudo foi satisfatório ver saúde e educação
trabalhando em conjunto e trocando experiências para oferecer um atendimento
digno a população, além de contribuir para a formação dos acadêmicos, que tiveram
a oportunidade de explanar seus conhecimentos e exercitar habilidades de diálogo
com a equipe.
42
Acadêmica do curso de Enfermagem (UEMS), E-mail: leticia_alencastro1@hotmail.com
43
Orientadora e Docente do curso de Enfermagem da (UEMS), E-mail:
margagiacomassa@hotmail.com
Introdução
devem tomar precações para que suas práticas não se transformem em ações
mecanizadas, guiadas por regras (RUIZ, 2005).
As ações educativas tem entre suas finalidades ―desenvolver no indivíduo a
capacidade de analisar criticamente a sua realidade, de decidir ações conjuntas para
resolver problemas e modificar situações e de organizar e realizar as ações e de
avaliá-las com espírito crítico‖.(Brasil/MS,1997, pg 12)
A ação educativa sempre esta dentro de um processo para capacitação e
formação de indivíduos e de grupos sociais para assumir a solução dos problemas
de saúde, processo este que inclui o [...] ―crescimento dos profissionais de saúde,
através de reflexão conjunta sobre o trabalho que desenvolvem e suas relações com
a melhoria das condições de saúde da população.‖ Esta deve ocorrer em todo e
qualquer contato entre o profissional de saúde e a população (BRASIL, 1997, p. 13).
Em seu sentido mais limitado, a educação para a saúde geralmente define um
trabalho planejado ou formal que visa incentivar e fornecer informação no momento
oportuno, através de técnicas e situações que desenvolvem os conhecimentos,
atitudes e comportamentos mais adequados para a saúde do indivíduo, do grupo ou
da comunidade‖ (BRASIL, 1997).
Neste sentido, a educação para a saúde, ganha um papel importante para a
enfermagem atingir seus objetivos, e transpõe a função de ser somente uma
instituição onde se estabelece a educação e saúde no processo de cuidado de quem
trabalha na instituição e das crianças; passando a possibilitar estruturalmente a
desenvolver uma função mais abrangente no educar atendendo a manutenção da
saúde e prevenção de doenças, e promoção de saúde.
Objetivos
435
Acompanhar atividades teórico-práticas em cuidados integrais e educação em
saúde, através da orientação e capacitação dos educadores dos Centros de
Educação Infantil de Dourados - MS, com ênfase em educação e saúde.
Metodologia
Resultado
Referências
OLIVEIRA Z. M. R. et alii. Creches: crianças, faz de conta & cia. Petrópolis: Vozes,
1992.
BARROS, A. J. D., 1996. Health Risks among Child Day Care Centre Attendees:
The Role of Day Care Centre Characteristics in Common Childhood Illnesses.
Ph.D. Thesis, London: London School of Hygiene and Tropical Medicine, University
of London.
ARTIGOS
ÁREA TEMÁTICA
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
RESUMO 441
INTRODUÇÃO 442
44
Dermeval Saviani, ao longo de sua extensa obra, se refere ao inusitado e surpreendente
esquecimento que se acerca das características óbvias e elementares de diversas questões
relacionadas à Educação.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Liebig (p. 267) e Lehmann (p. 268). Como se percebe, grande parte do arrazoado do
autor é assentada sobre os alicerces da medicina, adentrando, por intermédio desta
área do conhecimento, os campos da nutrição, da fisiologia e da anatomia. Isto não
nos causa, de forma alguma, qualquer surpresa, posto que a Educação Física do
final do século XIX caracterizava-se pela ênfase na aquisição e preservação da
saúde, com significativo aporte de conhecimentos da área médica (PACHECO 445
Vejamos que o autor advoga que a ludicidade – sem, no entanto, usar esta
palavra – é um atributo importante para a continuidade ou constância das práticas
físicas. Através do linguajar característico do final do século XIX – hoje arcaico –
Spencer expressa a ideia de que é importante que haja diversão – excitação mental
agradável –, como fator estimulante para a prática de exercícios físicos, assim
evitando o abandono destas sabidamente salutares atividades.
O detimento que fizemos até agora, na análise do livro Educação Intellectual,
Moral e Physica, deve-se ao fato de que esta obra faz parte das mais profundas
raízes da Educação Física brasileira. Pensamos, na verdade, que o entendimento
acerca da Educação Física em nosso país passa, necessariamente, pelo
entendimento deste trabalho de Herbert Spencer, que como já escrevemos, foi
exaustivamente estudado por Rui Barbosa, que primeiramente ocupou-se de
compreendê-lo, em profundidade, antes de escrever seus famosos pareceres. Na
obra intitulada Rui Barbosa: Paladino da Educação Física no Brasil, Inezil Penna
Marinho debruçou-se longamente para analisar o papel desempenhado pelo
intelectual baiano, no que diz respeito ao granjeio de respeitabilidade para as
atividades corporais no contexto escolar, as quais conotava como de grande
relevância pedagógica. Logo nos Prolegômenos, Marinho ressalta a influência
exercida pela obra de Spencer – Educação Intellectual, Moral e Physica – no
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
parecer de Rui Barbosa, além de destacar a ascendência das postulações do
sociólogo inglês sobre a classe médica brasileira dos últimos anos da centúria
oitocentista:
Spencer (1820-1903), [...] motivo de justo orgulho para a Inglaterra,
com o seu ensaio ―Educação Intelectual, Moral e Física‖ contribuiu
poderosamente para que o povo inglês se afeiçoasse aos jogos e
aos desportos no final do Século XIX. Em sua obra [...] Ruy Barbosa 448
encontra importante subsídio para seu alentado Parecer. Spencer
exerce diretamente grande influência no Brasil, pois numerosos são
os médicos que, no Rio de Janeiro e na Bahia, apresentam teses de
conclusão de curso com o título igual ao do ensaio em tela
(MARINHO, 1980, p. 27).
das aulas de Educação Física, como não poderia deixar de ser, foram trabalhados,
predominantemente, na perspectiva do rendimento, na busca da performance. Foi
assim com as modalidades ―clássicas‖ (basquete, futsal, voleibol, handebol e
atletismo) que, postadas no âmbito do treinamento desportivo, alijaram-se de suas
possibilidades de fato educativas, no sentido lato da palavra.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: História da Violência nas Prisões. 11 ed. Rio de
Janeiro: Ed. Vozes, 1994.
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. 8 ed. São Paulo: Cortez Editora, 1985.
RESENDE, Helder Guerra; VOTRE, Sebastião Josué (Orgs.). Ensaios sobre
Educação Física, Esporte e Lazer: tendências e perspectivas. Rio de janeiro:
SBDEF:UGF, 1994.
SPENCER, Herbert. Educação Intellectual, Moral e Physica. 2 ed. São Paulo:
Teixeira & Irmão Editores, 1888.
456
RESUMO: Esta pesquisa pretende analisar as diferentes brincadeiras e movimentos
realizados pelas crianças de turmas de Pré I em dois tipos de parques infantis de
dois Centros de Educação Infantil Municipal de Dourados-MS. Objetiva-se assim,
comparar o modo com o qual as crianças interagem com os elementos dos parques
na construção de seu brincar, sendo que os parques a serem observados são de
estruturas distintas, umcom brinquedos de ferro considerado um parque
convencional por possuir brinquedos mais populares como balanço, gangorra,
escorregador e gira-gira e o outro é uma proposta sustentável com
brinquedosdesenvolvidos a partir de pneus inutilizáveis, no intuito de que cada
estrutura criada possa contribuir com uma das habilidades físicasbásicas da criança.
Os dados foram coletados através de rodas de conversas e observações de
brincadeirasnos dois espaços ea partir de então, identificar as diferentes interações
e movimentos corporais que as diferentes estruturas poderão proporcionar também
como a relevância desses ambientes, apontando a funcionalidade dos brinquedos e
sua contribuição para o desenvolvimento motor e global das crianças. A pesquisa
ainda traz uma breve descrição e análise das estruturas, sobre a sua forma e modo
de se utilizar dos dois parques. Além das observações das brincadeiras e
movimentos a pesquisa pretende contribuir para que gestores de outras instituições
de educação infantil possamrefletir sobre qual espaço de parque pode ser o mais
adequado para suas crianças, o de ferro, o de pneu ou os dois. Os resultadosvão
além do esperado, demonstram que os dois parques contribuem para a brincadeira
e para os movimentos, apontam outras importâncias motoras no desenvolvimento
das crianças e o que realmente se diferencia é mediação e a postura do educador
45
Artigo apresentado ao curso de Especialização, do Programa de Pós-Graduação Docência na
Educação Infantil (FAED/UFGD) 2015/2016, como critério para conclusão.
46
Profissional de Educação Física pelo Centro Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN)Aluno
graduado de capoeira pela Associação Brasileira de desenvolvimento e apoio da arte capoeira
(ABADA-Capoeira/RJ).Especialista em Docência na Educação Infantil pela FAED-UFGD (2015/2016).
Atualmente (2017) é coordenador do programa Novo Mais Educação na E.M. Prof.º Álvaro Brandão
Dourados/MS e Professor Tutor no curso de Educação Física da UNOPAR - Polo Dourados MS
(Universidade Norte do Paraná),
47
Professora orientadora do presente artigo, no Programa de Pós-Graduação Docência na Educação
Infantil da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Grande Dourados. (FAED/UFGD.
Possui Mestrado em Educação pela(FAED/UFGD). É Pedagoga pela mesma instituição, é professora
concursada no município de Dourados-MS, trabalha na Educação Infantil tem seis anos, neste ano de
2017 assumiu mais um concurso na rede municipal também em Educação Infantil. É membro do
grupo de Pesquisa Educação e Processos Civilizadores (FAED/UFGD).E Até o primeiro semestre de
2017 trabalhou no Núcleo de Educação Infantil da Secretária Municipal de Educação de
Dourados/MS e-mail: cindyadnil@yahoo.com.br
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
frente as estruturas entre os dois modelos de parque e as diferentes situações que
podem surgir nas interações das crianças com o espaço e suas socializações.
INTRODUÇÃO
e com outras crianças de diferentes idades e culturas étnicas (FARIA, 1999, p 63).
Por trabalhar com a construção de parques de pneus e também desenvolver
atividades nesses lugares convencionais durante a prática docente, percebi uma
diferença interativa das crianças. Ea fim de compreender melhor esse processo
de interação, interesse e possibilidades da construção do brincar das crianças
nesses espaços é que me propus a essa pesquisa. Os resultados dessa
pesquisa poderão contribuir na decisão dos gestores de educação infantil em
escolher um parque. Um parque de ferro ou um de pneu? Qual é o mais adequado?
Diante de várias ações que constituem os planos de atividades das
instituições de Educação Infantil, a brincadeira é a que mais está inserida. O brincar
é um direito garantido na Declaração Universal dos Direitos da Criança, na
Convenção de Direitosda ONU e no Estatuto da Criança e do Adolescente – lei nº
8069/90, sendo fundamental para o desenvolvimento global da criança,
principalmente das pequenas nos parques nas instituições de educação infantil. A
brincadeira também se apresenta nas Diretrizes Curriculares da Educação Infantil de
2009:
[...] Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e
práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e
coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa,
experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e
a sociedade, produzindo cultura. (BRASIL, p 12, 2012).
48Na cidade de dourados-MS o IMAM (Instituto de Meio Ambiente Municipal) faz um controle de pneus que não possuem mais utilidades nos carros, os
pneus são destinados ao um galpão chamado de eco-ponto. Como não são levados para locais inapropriados como terrenos baldios, margens de rodovias e
córregos não recebem o nome de ‗descartados‘ e sim de ‗inservíveis‘ por não ter mais utilidade nos veículos, mas sim um local apropriado para o material.
49
Projeto que surgiu a partir da intenção de construir um espaço com estruturas de pneus, para
servirem como brinquedos as crianças com objetivos de contribuir nas habilidades físicas básicas das
crianças.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Ainda sobre as diretrizes podemos incluir o Art. 9º que articula com alguns
aspectos abordados pela pesquisa quediz respeito às práticas
pedagógicas,objetivando as interações e brincadeiras, experiências, ampliação de
conhecimentos em relação à natureza, espaços físicos e sociais, com atividades
individuais e coletivas e desenvolvimento dos movimentos corporais (BRASIL,
2012). Uma criança que brinca constantemente adquire novos conhecimentos de 459
ambientes por Mario de Andrade, esse espaço está ligado diretamente ao brincar e
a criança.
Com o passar dos tempos as instituições foram surgindo com parques de
ferro, pobres de movimentos, estruturas físicas simples e escassas de
ludicidade,mesmo este podendo ser o único lugar de interação e de brincadeira, pois
com avanço das cidades e aumento do fluxo de veículos nas ruas ficaram mais
perigosas e menos frequentada pelas crianças e suas brincadeiras (BORGES, 2013,
p 149).
CONHECENDO OS PARQUES
Os parques mais comuns são os de ferro com quatro brinquedos:
escorregador, gangorra, balanço e gira-gira. Observo que estas estruturas ainda são
utilizadas sempre da mesma forma, sem uma análise prévia de como pode contribuir
para as brincadeiras, as crianças permanecerem em uma inércia de movimentos
encima do brinquedo,pensando assim vamos observar o formato das estruturas e
suas contribuições no desenvolvimento motor das crianças.
O escorregador possui uma escada e uma prancha. Dessa forma, possibilita
a criança a enfrentar a altura e conquistar o plano mais alto, além do desafio de ir
para o alto com a subida ela pode conquistar mais uma etapa do brinquedo, a de
escorregar. Esse brinquedo lida com a autoconfiança e auxilia o desenvolvimento do
corpo com a escalada, exigindo força nos membros inferiores e superiores.
A gangorraas crianças sentam uma de cada lado, enquanto o brinquedo se
movimenta uma fica para o alto e a outra para baixo e vice-versa, conseguindo além
de exercitar flexão de joelho e quadril o impulso, praticam também, a comunicação e
a negociação para criar um vínculo.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
O balançoa criança senta e se segura nas correntes impulsionando o corpo
com o uso das pernas ou do tronco para frente e para traz.
O gira-gira as crianças sentam, e o impulsionam para girar com os pés que
ficam em contato com o solo o por impulsão de outra criança fora do brinquedo.
Proporciona algumas capacidades motoras relevantes, como controlar o movimento
do brinquedo com o próprio corpo,lateralidade, além do valor de cooperação. 461
O Parque de Pneus.
50
A ideia inicial foi confeccionar um brinquedo como um cubo, todos os lados com mesmo número de
pneus, por questão técnica o grupo decidiu mudar a estruturação do projeto tornando-o mais firme
para as brincadeiras,perdendo a característica de cubo porem permanecendo o mesmo nome.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
parafusos51. O cubo foi pensado para brincar sem o receio de subir e se pendurar,
desenvolver habilidades locomotoras como a escalada e habilidades de
estabilização, equilíbrio e posições invertidas.
3º Túnel: formado por 6 pneus de caminhão e 1 de trator, os pneus são
enterrados cerca de 30 a 40cm em fileira com distância de 30cm um do outro para
que se posso sair do brinquedo facilmente em caso de alguma fobia da criança. Pelo 462
51
Os parafusos utilizados não apresentam riscos as crianças pois têm as suas ―cabeças‖ redondas
não contendo partes pontiaguda.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Para facilitar na leitura e manter sigilo sobre os locais pesquisados adotei
para esse artigo as seguintes siglas:CEIM PF para a instituição que possui parque
de ferro eCEIM PPpara a instituição que possui parque de pneus. Ainda falando de
sigilo os nomes aqui tratados referindo-se às crianças e professores são fictícios.
Devido as condições climáticas as observações puderam ser realizadas em
dois dias, 23 e 27/09/2015.A primeira etapa da pesquisa foi entrar em contato com 463
Para dar mais impulso ao colega, nesse momento, uma das crianças começa
e demonstrar outras possíveis formas de utilizar o brinquedo, quando utiliza da
lateral da estrutura. Essa ação proporciona a criança o desenvolvimento do
equilíbrio do corpo, a coordenação motora e força.
Desse primeiro dia de observação, percebi que uso das estruturas foram
poucas, notei que os pequenos se divertindo imensamente sem uso de materiais,
somente com os colegas da turma, com corridas, personagense a própria areia do
solo do parquinho se transformou em brinquedos que podiam ir de um simples bolo
á cortinas mágicas. Seria função de o professor tornar as estruturas úteis?
No segundo dia de observação após as atividades planejadas pela professora
regente retomei as observações.
27 de Novembro 2015. CEIM PF 14 crianças
Chamei as crianças para conversar, iria iniciar a minha parte, todas
sentaram em círculo. Perguntei qual o lugar que mais gostavam de
brincar.Com exceção do Murilo que respondeu ―Na grama!‖, as
outras responderam apontando para o parque (Diário de campo,
27/11/15).
Mais uma vez um brinquedo recebe outro nome, dessa vez, um nome bem
diferente, talvez criado por eles mesmos ou ouviram algo parecido em outras 468
situações. A forma de brincar nessa estrutura foi a de cavalgar.
Ainda com entusiasmo:
[...] Laura disse: ―Vem ver a montanha!‖, correndo até um brinquedo
dizendo: ―Essa é a nossa montanha‖. Percebi que as crianças diziam
um nome diferente ―Tom‖, se referindo ao o último pneu de cima da
Montanha, que foi fixado de pé. Ricardo: ―Tom? O que é Tom?‖,
Laura bateu a mão no pneu, me indicando que era o Tom, e disse:
―Esse é o Tom‖. Isabeli: ―Essa é a nossa montanha, mas tem apelido
de Tom‖ (Diário de campo, 27/11/15).
―Pai... Pai... me ajuda, joga a boia, ela vai se afogar‖. Gabrieli estava
deitada na grama com outra menina reproduzindo uma situação de
resgate, uma vítima de afogamento, as duas saíram se rastejando
até um brinquedo cavalinho, e se seguraram como se estivessem
nadando até uma pedra e ali estavam mais seguros (Diário de
campo, 27/11/15).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
outros modelos de brinquedos com outros tipos materiais que poderão ser
analisadas e observadas suas relevâncias para as brincadeiras na educação infantil.
REFERÊNCIAS
BORBA, Ângela Meyer. O brincar como um modo de Ser e estar no mundo. In: Brasil.
Ministério da Educação. Ensino fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da
criança de seis anos de idade, 2006.
BORGES, Monna Michelle Faleiros da Cunha. Diretrizes para projetos de parques infantis
públicos. Repositório institucional-UFSC. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
ARQUITETURA E URBANISMO. Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Florianópolis, Junho de 2008. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/90896. Acesso em: 10 jan. 2016.
MARTINS, I. C.; CRUZ, M. N. Brincar por brincar ou brincar para aprender? O lugar da
brincadeira na educação infantil. Educação e fronteiras (UFGD), v. 2, p. 187-202, 2008.
PERREIRA. S. T. O brincar e o desenvolvimento integral das crianças.
Abstract: The present work had as general objective to observe and to verify in what
way has happened the communication between professor of physical education and
52
Acadêmica do curso Letras Libras da EaD/UFGD. <karlinhaben@gmail.com>
53
Graduado em Educação Física pelas Faculdades Magsul. <Jeff.pkd2015@gmail.com>
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
deaf students, taking into account to the cultural and linguistic particularity of these
students emphasizing also one of the components of its natural language in the case
the corporal expression . The guiding question of this work was the extent to which
corporal expression in physical education classes helps in communication with deaf
students? In this way, a qualitative research was carried out, starting from a
bibliographical study, with authors that deal with the issue of inclusion and
specifically about the education of the deaf. This research contributed to the
collection of information about the theory of scholars on the subject as well as the 473
legal issues that involve it, since since 2002, the Brazilian deaf community had its
linguistic right recognized by law 10436. Thus, the research used as a data collection
instrument a questionnaire with 6 closed questions, applied to 8 deaf students of a
school. The results show that most of the students enjoy and participate in physical
education classes, but they report that many teachers are unaware of the Brazilian
Sign Language (Pounds), so they communicate through physical expressions or
written words. In relation to the communication in Libras, 3 students reported
communicating only in Pounds in the school environment, therefore, there is less
socialization in this case, since a small minority of students, teachers or Portuguese
Sign Language Interpreters (TILSP ) Is able to communicate in this language.
Because the research points to the great relevance of the use of corporal expression
in physical education classes, as a facilitating means of understanding the students,
since they were unanimous in affirming the importance of this practice at the time of
the classes.
Introdução
Deve se ter claro que o professor de alunos surdos precisa ter uma
compreensão básica da língua deste aluno, contudo este fato não implicará na
ausência do intérprete nas aulas (QUADROS,2007 ), pois o professor ensina e o
intérprete que faz mediação através da Libras. Dessa forma sabendo que as aulas
de Educação Física acontecem de forma prática na maioria das vezes, e que
através de expressões corporais tais como: mimicas, teatros, expressões faciais e
gestos este aluno conseguirá ter uma compreensão básica para desenvolver as
habilidades motoras na qual o professor deseja alcançar, lembrado que também
este o professor tem seu papel de ensinar utilizando estas expressões.
Porquanto, objetiva-se descobrir no contexto das aulas de educação física
quais as formas mais utilizadas de comunicação com o aluno surdo e a socialização
com o professor de educação física e seus colegas. A pergunta norteadora deste
trabalho foi em que medida a expressão corporal nas aulas de educação física
auxiliam na comunicação com alunos surdos?
Tendo em vista, que ao observar e participar de determinadas aulas de
educação física nota se que nesta disciplina o professor pode ter contato direto com
este aluno, sabendo que sua metodologia quase sempre acontece de forma prática,
por isso buscou se saber como acontece a expressão corporal como um meio de
comunicação com estes alunos.
Resultados e Discussão
com a cultura e a vida cotidiana dos alunos surdos. Desse modo percebeu se a
relevância da expressão corporal nas aulas de educação física para esta minoria
linguística presentes em escolas na qual este público está incluído.
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
CASTRO, Alberto Rainha de; CARVALHO, Ilza Silva de. Comunicação por língua
brasileira de sinais: livro básico. 3. ed . Brasília: SENAC/ DF, 2009.
FREIRE, Ana Vitória: Angel Vianna, uma biografia da dança contemporânea. Rio de
Janeiro: Dublin, 2005.
MANTOAN, Teresa Eglér. Inclusão escolar: O que é? Por quê? Como? 1. ed. São
Paulo: Moderna, 2003.
PERLIN, Gladis. Identidades surdas. In: SKLIAR, Carlos (Org.). A surdez – um olhar
sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 2005. p. 51-73.
SKLIAR, Carlos (org.). Atualidade da educação bilíngüe para surdos. Porto Alegre. 481
Ed: Mediação, 1999.
Introdução
Historicamente os métodos de ensino da Educação Física foram constituídos
para reproduzir movimentos mecanizados pelo homem. No qual apenas a
reprodução sistematizada com excelência era vista como objetivo da aula
(MARINHO, s/d).
Ao longo da história da humanidade observamos um movimento contínuo de
aproximação e distanciamento nas relações com o corpo. Os símbolos que rodeiam
que a razão pudesse fluir melhor a partir desse físico preparado (GONÇALVES-
SILVA; MOREIRA, 2014).
Na civilização romana a ginástica perde força como instrumento de equilíbrio
entre corpo/mente, ela é utilizada para fins militares, sendo que o objetivo é apenas
deixar os corpos fortes e o culto ao corpo é visto como um sacrilégio. A ginástica só
volta a ganhar força com o período renascentista (VENÂNCIO; CARREIRO, 2008).
A ideia de ―corpo são e mente sã‖ foi repassada ao longo dos anos, como se
a razão fosse condutora de tudo que o homem realizava e seu corpo deveria estar
―são‖ para que ela desempenhasse o seu papel em sua totalidade.
No início do século XIX, iniciavam-se os movimentos ginásticos que
sistematizaram a prática da Educação Física. Países como a Alemanha, Suécia e
França, norteados por suas particularidades, buscavam manter a saúde, a disciplina
e o civismo de seus povos a partir destes exercícios (SOARES, 2005).
A Educação Física foi influenciada pelos aspectos militares, considerando a
rigidez dos movimentos, a conduta do praticante e o objetivo de selecionar o
indivíduo forte e saudável; pelos aspectos médicos com o objetivo de afastar a
população dos vícios desenvolvendo-os para, sem deixar isso evidente, trabalhar
longas horas, gerar filhos saudáveis, entre outros; pelos aspectos educacionais
sendo a ginástica realizada desde a mais tenra idade para contribuir com a disciplina
(ainda considerado um elemento importante na educação física escolar) e com o
desenvolvimento motor padronizado e saudável (GALLARDO; TRUZZI, 2013).
Do mesmo modo, a concepção esportivista foi enfatizada quando o governo
quis expandir a propaganda do regime militar, utilizando o auge da seleção brasileira
na copa do mundo o que contribuiu para a política do ―pão e circo‖ instaurada no
país e de certo modo, influenciou para que o esporte se instalasse dentro da escola
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
nas aulas de Educação Física. O pensamento esportivista causou a segregação dos
alunos entre os mais e os menos habilidosos, já que as aulas eram voltadas apenas
para o rendimento. Dessa forma, o papel do professor era unicamente descobrir
atletas e, para isso, sistematizava as aulas em repetições mecânicas, já que a ideia
central era transformar o país em um potência mundial sob diversas perspectivas,
sejam elas econômicas, políticas ou esportivas (DARIDO; RANGEL, 2005). 484
fragmentada de sujeito. Ou seja, buscou-se escolas de tempo integral, mas não uma
educação integral.
A educação integral, seja numa escola de mais ou menos tempo, deve ser
alcançada por uma visão integral de sujeito, a partir da compreensão do mesmo sob
a ótica da corporeidade (GONÇALVES-SILVA et al., 2016).
A partir da década de 80 do século passado, vimos no Brasil um retorno às
experiências de ETI e mais recentemente, especificamente no ano de 2007,
principalmente por meio do estímulo do Governo Federal com a criação do
Programa Mais Educação54, temos acompanhado a implementação de diversas
propostas que objetivam alcançar uma educação integral em tempo integral (MOLL,
2012).
O município de Campo Grande – MS é um daqueles que tem buscado realizar
experiências de educação integral em tempo integral. Nesta cidade percebemos
iniciativas da própria secretaria municipal, como também do governo do estado.
Neste sentido, entendendo que: a concepção de educação integral vem
atrelada à corporeidade e que a educação física, componente curricular essencial à
constituição de propostas de ETI, já apresenta propostas amparadas nesta visão de
corpo integral; busca-se investigar qual o olhar acerca do corpo por professores de
educação física de uma Escola de Tempo Integral de Campo Grande – MS.
Metodologia
54
O Programa Mais Educação é uma proposta do Governo Federal iniciada pela proposta
interministerial nº17 de 2007 e institucionalizada pelo decreto 7083/2010, sendo modificada em sua
formatação original pela portaria 1144/2016, mas que em sua concepção fundamental propõe o
aumento da carga horária diária das escolas públicas por meio da inserção de outros conhecimentos
que historicamente foram relegados à escola, tais como aquelas de cunho artístico, esportivo e
culturais.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Essa é uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva. Foi realizada com
os professores de Educação Física em uma Escola de Tempo Integral na periferia
de Campo Grande-MS. É um estudo de campo, e utilizamos como técnica de coleta
de dados a entrevista estruturada, para investigar a fala dos sujeitos, analisadas
posteriormente por meio da técnica de elaboração e análise de unidades de
significado, de abordagem fenomenológica. 486
1. Como o corpo dos alunos é trabalhado nas aulas de Educação Física? 487
Por meio da análise da fala dos sujeitos a partir dessa questão pudemos
elaborar três categorias: a de corpo objeto, corpo sujeito e os que não responderam
à pergunta.
A primeira categoria foi denominada de ―corpo sujeito‖. Essa ideia está
relacionada a fala de três sujeitos entrevistados que veem o corpo de maneira
integral, sem a divisão de matéria e espírito ou matéria e alma (essência), o corpo
como um todo, que sente, que pensa, que se move e que vive. O entrevistado B
apresenta a seguinte fala: “Olha... Como eu disse, assim... O corpo ele, ele é
trabalhado de maneira integral, né? Então, a gente busca trabalhar a... O corpo, a
mente, é... Tudo num contexto só”.
Seguindo essa fala percebemos que o sujeito B tem percepção de corpo
baseada em Merleau-Ponty, citada por Nóbrega (2009) ―O ser humano define-se
como tal pelo seu corpo e não pelo pensamento‖, assim reconhece que é através do
corpo, com todos os seus sentidos que se dá o significado de estar vivo, você está
no mundo de corpo inteiro e não através apenas do pensamento cognitivo.
Desse mesmo modo a fala do sujeito F é a seguinte “O corpo dos alunos, a
princípio é trabalhado dentro de uma percepção é... ampla, na questão de um
problema para que ele se perceba dentro, esse corpo se perceba dentro dessa
realidade, e que a realidade seja transformada através das suas atitudes.” Por essa
fala podemos reafirmar que ―Com meu corpo, atuo no mundo‖ (Nóbrega, 2009),
assim é a percepção dos professores dessa categoria que acreditam no corpo
sujeito, o ser humano integral.
Já denominação de ―corpo objeto‖ que é oposta da categoria anterior, é uma
classificação que vem da influência do pensamento de Platão e Aristóteles, que
tinham a ideia de corpo fragmentado, com um corpo físico e uma alma
o indivíduo vai ter ao longo da vida”. Conseguimos verificar que o sujeito tem um
olhar aprofundado sobre um dos significados do que é corporeidade, mas, teve
dificuldades em traduzir corporeidade em seu pleno significado, como os sujeitos A,
C e o E expuseram em suas falas quando utilizam a frase ―forma integral, corpo
inteiro...‖.
Porém buscamos a essência na frase do sujeito F, e traduzimos seu olhar
sobre corporeidade, compondo a categoria denominada Corpo Integral. Mas,
importante elencar que corporeidade não é só vivência do ser, que corporeidade não
é só experiência, corporeidade é o corpo em comunicação com o mundo.
Nas falas dos quatro sujeitos, identificamos que eles possuem o
conhecimento de corpo como um todo, o que para nós é muito prazeroso. E se
tratando de uma escola de tempo integral, que em seu nome já está implícito a
totalidade, é importante perceber que o conhecimento e significado de corporeidade
já está no discurso desses professores.
Podemos perceber que na categoria corpo integral, os sujeitos
não encontraram muitas palavras para traduzirem e ampliarem suas falas sobre
corporeidade, talvez, por ser um conhecimento novo para eles, mas, em suas falas,
verificamos o significado de totalidade e integralidade que é corporeidade.
Encaramos a corporeidade como algo que é tudo aquilo que é vivido, mas,
torna-se difícil traduzir seu significado, mesmo quando se utiliza palavras breves ou
profundas, isso se dá pela amplitude do conceito de corporeidade.
Moreira e Simões (2005) nos ajudam a compreender a corporeidade como
tudo aquilo que vivemos, aprendemos e transcendemos no individual e coletivo, é o
significado que somos no mundo, que cada corporeidade é única, pois vivências são
únicas em cada corpo. Cada corpo traz um sentido do que foi vivido, corporeidade é
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
o ser no mundo, por isso, tão próximo quando utilizamos da palavra integral para
clarificar a corporeidade.
Na categoria movimento corporal verificamos que o sujeito D entende por
corporeidade o estudo do movimento do corpo, articulado em sua fala:
“Corporeidade ela... É um, é um estudo do nosso corpo através... É um estudo de
desenvolvimento do nosso corpo, de movimento, um estudo da... Da nossa... Da 490
esse corpo, como a espiritual e cognitiva, dividindo o corpo com uma percepção
dualista corpo-mente. Verificamos que o sujeito apresenta dificuldades para
entender esse corpo integral e divide o corpo quando ele vai traduzir esse ser
integral na entrevista, expressa então essa visão de que o corpo é desenvolvido
separadamente, voltando o corpo como objeto da mente. De acordo com Gallo
(2006, p. 21)
Fica claro, pois, que, para Descartes, o corpo não é capaz de mover-se, de
sentir, de pensar, mas, ao contrário, o corpo é movido por alguma outra
coisa, alheia a ele, pela qual é tocado. E essa outra coisa que move o corpo
é a alma. A ele resta ser apenas e tão somente a extensão da alma [...].
empregarem o conceito de sujeito integral em suas aulas plenamente. Ora pela falta
de conhecimento, ora pelas cobranças do sistema educacional empregada em
nossas escolas.
De acordo com as respostas dos entrevistados para a primeira pergunta,
podemos perceber que os professores compreendem que a criança, é um ser
humano integral e desse modo nas aulas de Educação Física eles devem trabalhar
o corpo dos alunos dessa forma, completa, em sua totalidade.
Conforme as respostas dos seis entrevistados da segunda pergunta,
percebemos que cinco professores possuem o conhecimento sobre corporeidade e
que só um respondeu de maneira negativa o que entendia sobre corporeidade. A
forma negativa que discutimos é sobre o sujeito ter o conhecimento errôneo do
significado de corporeidade e não de julgar o sujeito.
Dos sujeitos que responderam de forma positiva, podemos verificar que eles
sentiram dificuldades em traduzir corporeidade em sua plenitude, mas que
conseguiram demonstrar a essência da corporeidade, da forma individual que cada
um traduz esse saber, podendo visualizar nesses professores de Educação Física a
mudança do olhar acerca do corpo
De acordo com as respostas dos seis entrevistado(a)s da terceira pergunta,
quatro professore(a)s responderam que ―SIM‖ afirmando que a escola de tempo
integral trabalha a corporeidade em todas as suas dimensões, seja pelos objetivos
que este sistema educacional propõe, ou pelo entendimento de corporeidade que
este professores possuem. E que trabalhar a corporeidade em sua plenitude, auxilia
estes aluno(a)s a se tornarem cidadõ(a)es emancipados e críticos, os
emponderando a transformar à sua realidade social.
REFERÊNCIAS
ARTIGOS
ÁREA TEMÁTICA
EDUCAÇÃO INFANTIL E LETRAMENTO
Resumo: As crianças, muitas vezes até antes do nascimento, já são esperadas, 498
depois cuidadas e educadas de modo a atender padrões entendidos como naturais,
que as identificam como meninas ou meninos. E as determinações não param por
aí, pois ao chegarem às instituições de educação que atendem a infância, vivenciam
diferentes situações nas quais quase sempre acontecem divisões, começando pelas
tradicionais filas, onde meninos são separados de meninas. No entanto,
diferentemente disso, entendemos que nos constituímos sujeitos de gênero e
sexualidade ao longo de toda a nossa vida, nas diversas culturas, sociedades e
tempos históricos. Nesse contexto, o artigo que ora apresentamos traz recorte de
pesquisa cujo objetivo foi conhecer e compreender os conceitos de gênero e
sexualidade que perpassam as brincadeiras e os brinquedos de meninas e meninos.
A metodologia constituiu-se, primeiramente, de ampla pesquisa bibliográfica em
autoras/es das áreas de Educação Infantil, brinquedos/brincadeiras, gênero e
sexualidade que nos deram suporte teórico para a investigação. Depois, realizamos
observações de caráter etnográfico em uma turma da Pré-Escola, distrito de
Indápolis, Dourados, Mato Grosso do Sul, com dados registrados em Diário de
Campo. Com os estudos foi possível apreendermos que as crianças chegam às
instituições de Educação Infantil com concepções sobre o que é ser menina e ser
menino, aprendidas em diferentes instituições e nas relações que ocorrem naquele
espaço elas expressam muito do que já sabem. Observamos que a Escola dispunha
de poucos brinquedos, mas a professora permitia que as crianças levassem
brinquedos de casa. Quase sempre os meninos brincavam de montar armas,
carrinhos, e como eram crianças da zona rural, gostavam de montar tratores,
colheitadeiras e maquinas de passar veneno, levando para suas brincadeiras na
Escola as vivências de seu cotidiano. Já as meninas, em muitos momentos,
brincavam de casinha e de montar prédios e quando elas brincavam com a massa
de modelar construíam utensílios de casa tais como xícara, panelinha e bolos,
reproduzindo, de certa forma, uma feminilidade entendida como sendo natural delas.
Em contrapartida, presenciamos as crianças transgredindo o que a sociedade
considera pré-determinado para cada gênero, quando meninas e meninos
brincavam juntos, com os diversos brinquedos disponíveis e nas brincadeiras
trocavam os lugares sociais. Assim, concluimos que meninos e meninas podem
relacionar-se de maneiras não sexistas e menos preconceituosas, possibilitando
relações de gênero mais igualitárias e uma educação que respeita as sexualidades.
Palavras-chave: Educação Infantil. Brincadeiras. Brinquedos. Gênero. Sexualidade.
Introdução
Percursos teóricos
No final do século XIX surgiram, no Brasil, as primeiras instituições de
atendimento às crianças pequenas, as creches e jardins de infância. Com o
55
A Cartilha, intitulada ―VOCÊ já ouviu falar sobre a ‗Ideologia de Gênero‘? Conheça essa ideologia e
entenda o perigo que você e seus filhos estão correndo!‖, não traz autor, nem ano, nem o local e
órgão da publicação.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
mães que a escola está ensinando as crianças que as mesmas não seriam mais
meninas e meninos.
Furlani (2015) explica que devemos entender que as crianças irão nascer
homem ou mulher, menino ou menina, pois sua identidade biológica será definida ao
nascer56. O que estudiosas/os da área entendem, e querem, é que a escola
problematize que as relações de gênero e sexuais, ou seja, o ser menino e o ser 503
menina é uma construção social, histórica e cultural nas quais perpassam relações
de poder.
Hoje temos verificado nas escolas uma repetição do que muitas famílias e
algumas religiões ensinam. Afirmam que as meninas são naturalmente frágeis,
comportadas e meigas e os meninos são fortes, agitados e se dão bem em público.
Nessa perspectiva, a escola que deveria ser um ambiente inclusivo é por sua vez
um ambiente excludente, pois se ela não discutir relações de gênero e sexual, bem
como as novas formações familiares da sociedade, como irá incluir todos os
sujeitos? Como irá contribuir para acabar com o sexismo, o racismo, a homofobia e
as diversas outras formas de discriminação existentes na sociedade?
Especificamente em relação às crianças, quase sempre quando são
concebidas no ventre materno, já são classificadas e diferenciadas pela sociedade
de acordo com seu sexo biológico. Se for menina ou menino já se tem objetivado um
determinado comportamento. E muitas vezes isso se mostra também nas
instituições que cuidam e educam essas crianças, como afirma Finco (2010, p. 122):
Homens e mulheres adultos educam crianças definindo em seus
corpos diferenças de gênero. As características físicas e os
comportamentos esperados para meninos e meninas são reforçados,
às vezes inconscientemente, nos pequenos gestos e práticas do dia-
a-dia na Educação Infantil. O que é valorizado para a menina não é,
muitas vezes, apreciado para o menino, e vice-versa.
56
Furlani (2015, p. 4) nos alerta para o fato de que ―[...] nem todas as crianças nascem com "essa
biologia" definida. Embora, estatisticamente, em número menor, crianças INTERSSEXUAIS são
aquelas que nascem com ambiguidade biológica (ausência ou formação incompleta dos genitais).
Isso torna difícil determinar, ao seu nascimento, se são meninos ou meninas‖.
orientação sexual das mesmas. Campos (2014, p. 5) nos mostra isso quando
escreve:
Ressalto acerca das brincadeiras, que elas quase sempre acontecem
cercadas de preconceitos em relação a gênero e sexualidade, ou
seja, às vezes, meninos e meninas não podem brincar livremente
experimentando todas as possibilidades de aprendizagens e
crescimento.
Percursos empíricos
A instituição pesquisada fica localizada no distrito de Indápolis, cidade de
Dourados, estado de Mato Grosso do Sul. Não informaremos neste artigo o nome da
uma professora regente que ministrava atividades na segunda, terça, quinta e sexta.
Além da professora regente, realizavam atividades com as crianças mais três
profissionais. Duas professoras que eram responsáveis pelas atividades de artes e
patrimônio cultural e um professor que regia as atividades de educação física.
Os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido foram enviados aos
responsáveis pelas crianças e contamos com um número de 08 crianças autorizadas
a participarem do nosso estudo, sendo 07 meninos (Antônio, Carlos, Diego, Felipe,
Gustavo, Marcelo, Marcos) e 01 menina (Maria).
Criança, segundo o Artigo 1º do Estatuto da Criança e do Adolescente é a
pessoa de até doze anos de idade incompleto (BRASIL, 1990). Assim, neste
trabalho, estamos entendendo a criança como sujeito de direito, que deve ser
educada e cuidada pela família e sociedade, que vivencia, interioriza e produz
cultura. Segundo (FINCO, 2003, p. 90) ―um indivíduo capaz, produtor de cultura e
portador de história‖, que sabe o que quer, toma decisões e expressa de diferentes
formas sua compreensão do mundo.
As crianças de nossa pesquisa, como já citado, são todas da zona rural e suas
brincadeiras quase sempre giravam em torno de acontecimentos do seu dia a dia.
Quando estavam na instituição tinham acesso aos seguintes brinquedos: massa de
modelar; peças de montar e alguns bichos de pelúcia. Observarmos que a instituição
não tinha muitos brinquedos e os que estavam à disposição das crianças deram a
impressão de estarem sendo utilizados há algum tempo. Com isso, meninas e
meninos não desfrutavam de muitas opções.
Kishimoto (2010) nos mostra a importância de se ter brinquedos de qualidade
nas instituições:
Esta atitude tomada por Diego demonstra como, às vezes, é dificil descontruir o
que as crianças aprendem em casa, pois afinal os/as pais/mães são referências
muito importantes e significativas nas vidas de todas as crianças. Depreendemos, a
partir disso, que a professora precisa trabalhar essas questões diariamente, estar
atenta ao que é trazido pelas crianças, repeitando suas ideias e construções, mas
aos poucos e com cuidado, ir atuando de forma a possibilitar às meninas e meninos
perbecerem que essas concepções são criadas e não são verdades absolutas.
No registro que apresentamos em seguida, atentamos para o fato de como a
professora agiu de maneira simples, calma e criativa ao se deparar com uma
situação envolvendo os órgãos sexuais e o entendimento que algumas crianças já
demonstaram os conceitos que têm, mesmo sendo pequenas.
Durante uma brincadeira de massinha o Antonio falou para a Maria
fazer um pinto de massinha, ela ficou muito brava e foi falar com a
professora. A mesma perguntou para a Maria ‗o que você acha que é
um pinto Maria?‘ e ela respondeu mostrando na professora que era o
pênis, a professora falou ‗Maria um pinto é o que nós chamamos de
pintinho que é o filhinho da galinha, isso que você me mostrou se
chama pênis é o órgão masculino‘. Mas a Maria não estava
conformada e a professora pediu para o zelador da escola que
buscasse um pinto de galinha para mostrar para a Maria, ele trouxe
numa caixa e a professora mostrou para a sala inteira explicando que
58
Estudiosas/os da área têm orientado para utilização do termo ―vulva‖, pois se trata da parte externa
do órgão feminino, portanto aquele que as crianças veem. Nós concordamos com tal orientação, mas
tal fato não invalida a atitude da professora, que corretamente disponibilizou para as crianças as
informações que as instituições precisam trabalhar com elas.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
A professora sai para o intervalo e na volta o Diego disse para ela
que pegou o Marcelo e o Antonio se beijando na boca, e as crianças
da sala ficavam falando que eles estavam namorando. A professora
perguntou para o Antonio ‗seu pai beija os amigos dele na boca
Antonio‘ e o mesmo ficou quieto. Depois a professora falou que ia
contar tudo pro pai do Antonio, mais tarde ela disse que era pra ele
mesmo contar o que fez quando chegasse em casa. Com isso a
professora fez o seguinte comentário ‗como vou trabalhar cartinha
com as crianças, se ocorre situações como essa em sala‘ depois se 511
contradiz dizendo que ‗esse tipo de comportamento acontece por
causa dos próprios pais que incentivam desde cedo os filhos a serem
os ‗pegadores‘ e isso desperta certa curiosidade nas crianças, e elas
vão testar essas curiosidades com os amigos‘ (DIÁRIO DE CAMPO,
21/06/16).
Considerações finais
Entendemos, a partir dos estudos realizados, que desde o nascimento a
sociedade tem posicionado as crianças em dois polos, feminino e masculino, homem
e mulher, não levando em conta as diferentes manifestações de gênero e as demais
orientações sexuais. Quase sempre a sociedade, família e educadoras/es têm uma
conduta vigilante em relação às meninas e meninos para que estas/es não saiam da
norma socialmente definida para a sexualidade, quer seja, a heterossexualidade.
Mas, aprendemos, as crianças são muito mais complexas do que essa classificação
entre feminino e masculino, heterossexual e homossexual. E compreendemos,
também, que as construções das identidades de gênero e sexuais acontecem ao
longo de toda vida e não somente durante a infância.
A pesquisa empírica que realizamos nos mostrou que as crianças, na maioria
das vezes, já chegam às instituições de educação trazendo conceitos e concepções
sobre o que é ser menina e menino. E que dentro das relações que ocorrem em sala
elas expressam o que sabem. Mas foi possível percebermos, também, que as
meninas e os meninos não têm comportamentos predefinidos para cada um dos
gêneros e sexualidades, e que podem se relacionar de maneiras não sexistas e
menos preconceituosas no seu dia a dia, modificando padrões determinados a priori,
abrindo um caminho para relações de gênero mais igualitárias e uma compreensão
equânime sobre as sexualidades.
Concluímos, portanto, que as crianças através de seus brinquedos e
brincadeiras transgridem os vários discursos e práticas sociais tidos como corretos,
pois as mesmas questionam, aceitam e/ou rejeitam normas e buscam explorar seus
corpos e o de outras crianças. Aludimos, para finalizar, o quão significativo é
Referências
513
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988.
SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação &
Realidade, v. 2 n. 16, p. 5-22, julho/dezembro. 1995.
Geisa de Carli59
Giana Amaral Yamin60
Educação infantil e letramentos
515
Resumo
O artigo analisa a contribuição de atividades desenvolvidas na Educação Infantil
para a ampliação do campo de experiências de crianças de dois a três anos e idade.
A metodologia da investigação tomou como base o fazer docente de duas
professoras em formação, acadêmicas da Universidade Estadual de Mato Grosso do
Sul, especificamente do Curso de Pedagogia, da Unidade de Dourados. As
licenciandas desenvolveram um planejamento com crianças do maternal II, de dois a
três anos de idade, centrado no eixo interações e brincadeiras. A proposta foi
construída a partir de estudo bibliográfico baseado em estudiosos que apontam o
brincar como atividade principal da criança, sujeito de direitos, com especificidades e
potencialidades a serem respeitadas. Com o proposto, além de ampliar
conhecimentos das licenciandas, aproximando-as do futuro ambiente de trabalho,
objetivou-se que as crianças brincassem com materiais confeccionados para e com
elas, movidas pelo jogo simbólico. Esse direcionamento atendeu às indicações das
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. O tema da pesquisa e do
estágio das acadêmicas, apesar de exaustivamente discutido academicamente, não
foi superado no contexto das creches, pré-escolas e escolas. Pelo contrário, foi
agravado, atualmente, com a obrigatoriedade da matricula de crianças de quatro
anos de idade na Educação Básica. A antecipação do ingresso acelerou o processo
de escolarização e o brincar passou a ser visto como perda de tempo, esquecido
enquanto linguagem fundamental. No trabalho realizado, no planejamento das
atividades das estagiárias com as crianças, articulou-se o brincar com diferentes
linguagens no cotidiano da turma do maternal II, por meio da ação mediada. Como
resultado, por meio da experiência, as estagiárias perceberam quão importante é a
manutenção dessa atividade principal na vida das crianças. Constataram que,
brincando, os meninos e meninas impuseram desafios a si e aos companheiros,
elaboraram regras de convivência, interagiram, resolveram conflitos, confrontos,
recriaram enredos, produziram cultura, decidiram, traçaram planos, reconstruíram
contos literários, participaram de situações de letramento com função social, enfim,
tiveram oportunidades para se apropriar do mundo e de agir sobre ele.
Palavras-chave: Educação Infantil. Brincar. Estágio Supervisionado em Educação
Infantil. Formação de professores.
61
Parte integrante da disciplina Estágio Supervisionado em Educação Infantil, do Curso de
Pedagogia, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, da Unidade Universitária de
Dourados – UEMS.
62 Centro de Educação Infantil Ramão Vital Viana, localizado na cidade de Dourados (MS),
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Alguns conceitos que guiaram os caminhos percorridos
para o qual estão sendo formados. Nesse contexto, a disciplina é uma das etapas
importantes desse processo, pois configura-se como um dos momentos nos quais
as futuras professoras63 dialogam com os conhecimentos apropriados durante o
curso. De acordo com Pimenta (1995, p.76), durante o estágio, é preciso participar e
atuar em todos os momentos, o que implica em ―[...] saber observar, descrever,
registrar, interpretar e problematizar a realidade das crianças‖.
Partindo deste princípio, as crianças do Maternal II foram concebidas pelas
estagiárias como sujeitos histórico e de direitos, as quais, nas interações, relações e
práticas cotidianas que vivenciam, constroem identidades pessoais e coletiva e
sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2010). Os
meninos e meninas fazem construções por meio do brincar, do encenar, do
estabelecimento de vínculos afetivos e de situações que vivenciam durante as
brincadeiras, as quais servem de auxílio para a construção das ideias e sentimentos
sobre o mundo, sobre as pessoas e sobre si. Nas brincadeiras, as crianças criam a
capacidade de imitar, de imaginar e de representar.
Nesse contexto, é importante sinalizar que a brincadeira cria para as
crianças possibilidades para atuação na zona de desenvolvimento proximal,
discutida pela teoria Histórico-cultural. As crianças que participaram das atividades
são seres lúdicos, cidadãs que, conforme indica Redin (2004), agem sobre o mundo
e os outros através da fantasia, da imaginação e do símbolo, recriam o mundo e a
natureza, o formam e o transformam. Isso também deve ser considerado pelas
instituições que elas frequentam, que tem a função de cuidar e educar em um
contexto de interações e brincadeiras. O brincar está associado à necessidade das
63
Como a maioria dos profissionais atuantes na Educação Infantil é composta por muçhres, este artigo
usará o termo professoras.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
crianças há muito tempo, contudo, muitas vezes tem sido ignorado em detrimento de
propostas escolarizantes. Nesse sentido, vale ressaltar as palavras de Almeida
(2003, p.37), de que essa atividade ―[...] faz parte da vida da criança, simboliza a
relação pensamento ação e torna possível o uso da fala, do pensamento e da
imaginação‖.
518
519
520
522
Referências
527
RESUMO: A crescente demanda por vagas, a inserção cada vez mais cedo das
crianças, o aumento de horas que elas permanecem dentro das instituições de
educação infantil, os ritmos e diferenças individuais, nos levam a refletir sobre a
organização e utilização dos espaços na rotina da educação infantil e especificidade
do trabalho pedagógico. É com as mudanças sociais e legais que se observa um
movimento em busca de significar o espaço da infância, transformando-o em um
ambiente pedagógico. Nesse sentido, esta pesquisa propõe um estudo sobre a
importância do espaço e seu papel pedagógico na rotina da educação infantil.
Através da análise dos documentos oficiais do Ministério da Educação busca
compreender a concepção de espaço e ambiente nas publicações dedicadas à
educação infantil, datados a partir de 1998 até 2010. Com o estudo teórico e
ponderações de autores como Barbosa, Faria, Horn, Zabalza, busca analisar as
implicações da organização dos espaços na rotina da educação infantil e o papel
que esse desempenha para o desenvolvimento integral da criança. Este trabalho
caracteriza-se como uma pesquisa exclusivamente exploratória, servindo de
aproximação ao tema, com uso da técnica da pesquisa documental e bibliográfica.
Como resultados, são apontados duas questões fundamentais: na primeira, fica
explícita a responsabilização direta dos professores em relação à oferta de
oportunidades para o desenvolvimento de atividades significativas, vinculadas ao
ambiente e ao espaço. O professor é responsabilizado por questões que não
dependem somente de boa vontade, formação, conhecimento e planejamento, mas
compreendem aspectos estruturais e materiais que demandam decisões políticas,
de financiamento e administrativas. Na segunda, os documentos não apresentam de
forma clara a diferenciação entre ambiente e espaço, o que é considerado sério,
pois tal discernimento é fator importante para que o professor possa se posicionar
perante as suas responsabilidades, dificuldades e acertos vivenciados no cotidiano
de sua atuação. Por fim, cabe mencionar que esta pesquisa foi desenvolvida durante
a especialização em Docência para Educação Infantil, na Universidade Federal da
Grande Dourados e, como pretensão futura, pretende explorar a temática a partir de
outros enfoques metodológicos.
Introdução
Com o aumento significativo das instituições de educação Infantil, após a
década de 1980, estimulado pelo crescente aumento da inserção da mulher no
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
mercado de trabalho, fruto das lutas feministas e contra a ditadura militar, aumentam
também os estudos, pesquisas e artigos sobre o tema, assim o espaço físico ganha
visibilidade com uma abordagem pedagógica.
Historicamente, no Brasil, um grande número de ambientes destinados à
educação de crianças de 0 (zero) a 6 (seis) anos funcionavam em condições
precárias, em espaços que surgiram para atender a demanda da sociedade de mães 529
teses, dissertações, artigos entre outros, relatando o espaço físico como atuante no
processo educacional. (Agostinho, 2004; Barbosa, 2008; Cerisara, 2002; Faria,
1998;1999; Forneiro, 1998; Horn, 2004; Zabalza, 1998).
Na 20ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa
em Educação (ANPED), o Grupo de Trabalho (GT) sobre educação com crianças de
0 a 6 anos (GT07, 0-6, 1997), elaborou um parecer sobre as propostas do Ministério
da Educação (MEC) para o Plano Nacional de Educação (PNE), dentre as
sugestões apresentadas pelo grupo, algumas voltaram-se ao espaço físico.
Dessa forma, consideramos que o estudo é relevante para aqueles que
atuam na educação infantil, pois com a crescente demanda por vagas, a inserção
cada vez mais cedo das crianças, o aumento de horas que elas permanecem dentro
das instituições de ensino, os ritmos e diferenças individuais, nos levam a refletir
sobre a organização e utilização dos espaços na rotina da educação infantil e
especificidade do trabalho pedagógico.
Partimos para uma pesquisa exploratória, fazendo uso das técnicas da
pesquisa em documentos nacionais produzidos entre 1990 até 2010, utilizando
técnicas da pesquisa bibliográfica para levantamento da literatura analisando
também as ponderações de alguns autores sobre a temática, considerando um
espaço/tempo em que a qualidade da educação infantil passa a compor cenário de
discussões.
Com isso, pretendemos discutir a organização e utilização do espaço e seu
papel pedagógico na rotina da educação infantil para o desenvolvimento integral da
criança, fomentando a autonomia e aumentando as possibilidades de aprendizagem.
1998).
O termo ambiente, procedente do latim, significa ―ao que cerca ou envolve‖;
dito de outra forma poderia ser assim definido:
Como um todo indissociável de objetos, odores, formas, cores, sons
e pessoas que habitam e se relacionam dentro de uma estrutura
física determinada que contem tudo e que, ao mesmo tempo, é
contida por todos esses elementos que pulsam dentro dele como se
tivessem vida. [...] o ambiente ―fala‖, transmite sensações, evoca
recordações, passa-nos segurança ou inquietação, mas nunca nos
deixa indiferentes (FORNEIRO, 1998, p. 233).
preciso criar um ambiente que estimule os sentidos das crianças e que permitam a
elas receber estimulação do ambiente externo.
O professor deve organizar os espaços tornando-os ambientes interessantes
e instigantes de maneira a incentivar as explorações, a observação, as brincadeiras
e as interações.
Acredita-se que ambientes variados podem favorecer diferentes tipos
de interações e que o professor tem papel importante como
organizador dos espaços onde ocorre o processo educacional. Tal
trabalho baseia-se na escuta, no diálogo e na observação das
necessidades e dos interesses expressos pelas crianças,
transformando-se em objetivos pedagógicos (BRASIL, 2006, p. 08).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BARBOSA, M. C. S. Por amor e por força: rotinas na educação infantil. Porto Alegre:
Artmed, 2006.
Introdução
64
Bolsista PIBIC e estudante do curso de Pedagogia-UFGD (anapaulabsagrilo@hotmail.com)
2
Docente do Curso de Pedagogia-UFGD (thaisesilva@ufgd.edu.br)
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Este trabalho é proveniente da Pesquisa de Iniciação Científica (PIBIC-
UFGD), que tem como objetivo retratar questões a cerca dos discursos que estão
presente nos Livros Didáticos (LD) de uma das coleções do Programa Nacional do
Livro Didático (PNLD) direcionados ao processo de alfabetização do 1º ano do novo
Ensino Fundamental de nove anos, para tanto realizamos uma pesquisa qualitativa
do tipo documental onde analisamos uma das coleções que permaneceu três anos 545
consecutivos no Guia do Livro Didático e que foi uma das mais escolhidas pelas
escolas do município de Dourados.
Neste artigo analisaremos os Manuais do Professor da coleção Porta Aberta.
Os artefatos escolhidos apresentam todas as propostas pedagógicas que se
encontram no material dos alunos, no entanto esses ajudam a nortear as atividades
por meio de apontamentos e alternativas para tornar os exercícios mais ricos, além
disso, auxiliam na formação dos educadores. Desta forma, para este estudo fizemos
um recorte em que foi selecionada a estrutura das atividades de uma das
consoantes. A consoante escolhida foi a letra B, por se tratar da primeira consoante
do alfabeto e a primeira trabalhada em um dos livros analisados. Optamos pelo
estudo de uma letra, pois a estrutura das demais se repetem, sendo este um modelo
representativo de todo o livro.
Esta pesquisa faz uso de vários autores para sistematizar seu campo teórico
de análise, entre eles, evidencio (SOARES, 2003) que realiza um estudo, sobre a
nova concepção denominada construtivismo, a qual repeliu as concepções que
antes existiam, incluindo os métodos de alfabetização; (BRITO, 2005) que aborda
sobre letramento e alfabetização, sendo que, com relação ao primeiro conceito ele
mostra um panorama de diversos conceitos apresentados por diferentes estudiosos;
(SILVA, 2012) que apresenta pontos históricos contundentes com relação ao nosso
objeto de análise, isto é, livro didático.
Este artigo, além de contar com introdução, foi organizado em outras três
sessões. A primeira ―Pontuando passos marcantes na trajetória do objeto de estudo:
LD no Brasil‖, se constitui de um resgate histórico sobre o material didático em
análise. A segunda ―Abrindo as páginas e analisando os eleitos‖, mostra e analisa os
alfabetização, uma vez que esta tecnologia possui uma importante fonte de dados
registrados por meio da escrita, além disso, o mesmo é usado pela maioria dos
docentes e discentes do nosso país, sendo os sujeitos de menor alcance aos
recursos econômicos e culturais que mais o utilizam. Assim, este artefato didático
possui papel essencial na trajetória do ensino escolar no Brasil, desempenhando na
maioria das atividades diárias o papel de principal parâmetro para o
desenvolvimento e entrada no universo da escrita (LIMA, 2011).
Na tentativa de definir o que é livro didático, Lajolo (1996) coloca, que
Didático refere-se à obra usada em práticas pedagógicas, sendo que esta
certamente passou por um processo em que primeiramente foi escrita,
posteriormente organizada e por último comercializado. Ela é ainda mais útil em
nações que apresentam uma situação educacional escassa, como no Brasil, pois
exerce uma forte influencia nos conteúdos e procedimentos de ensino, apontando de
maneira determinante os itens que se ensina e como esse ensino vai se desenvolver
na prática educativa. Dessa forma, o livro didático é uma ferramenta de grande
importância para aproximação à cultura e para o progresso da educação, pois o
mesmo apresenta amplo valor educativo e é planejado e estruturado com o
propósito de ser utilizado em ocasiões de ensino.
Esses materiais didáticos perpassaram por uma longa história em nosso país.
Primeiramente, existiram as cartilhas relacionadas à alfabetização, como afirma
Maciel (2002), foram criadas na metrópole portuguesa e surgiram na colônia
brasileira durante o final do século XVI. Este foi o momento em que a nação
brasileira recebeu os primeiros materiais (Primeiras Cartas ou Cartinhas),
direcionadas para o processo de alfabetização. Maciel (2002), ainda chama atenção
ao fato de que são raras as referências e dados a respeito dos livros didáticos
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
designados ao processo de alfabetização brasileira ao longo do período que se
refere ao século XVI e XVII. No entanto Silva (2012) ressalta que:
Deste modo, as discussões que permeiam esse registro oficial nos leva a
entender que os livros didáticos por possuírem vínculo com o currículo, do mesmo
modo tiveram que passar por alterações, e uma das transformações dizem respeito
aos discursos de alfabetização.
Corroborando a isso, Martins (2013, p.04) coloca que no texto do Programa
de Ampliação do Ensino Fundamental já se destacava os contratempos para a
efetivação dessa medida, como a indispensabilidade de reestruturar a proposta
pedagógica, o currículo, o ambiente físico, os materiais didáticos entre outros
fatores. Nesse sentido é analisando essa nova sistematização dos utensílios
didáticos ―adequados‖ aos alunos de seis anos que estão no 1º ano, que essa
Figura 01: Atividades presente no livro Porta Aberta: letramento e alfabetização linguística: 1º ano/Isabella
Pessoa de Melo Carpaneda, Angiolina Domanico Bragança- São Paulo: FTD, 2008, p.66.
02).
Figura 02: Atividade presente no livro Porta Aberta: letramento e alfabetização: 1º ano/Isabella Pessoa de Melo
Carpaneda, Angiolina Domanico Bragança- São Paulo: FTD, 2011, p.45.
Marzola (2003, p. 211), pois esta autora coloca que se ―Produz, assim, a ideia de
que o melhor método, o mais eficaz e eficiente, é sempre o que surgiu mais
recentemente, o que foi ‗descoberto‘ por último.‖ Neste ponto de vista, percebe-se
que o discurso denominado ―letramento‖ começa a ganhar espaço, porque é mais
―atual‖, no entanto é significativo lembrar que mesmo sendo o mais moderno,
devemos considerar que os anteriores a este, também são indispensáveis no
desenvolvimento da aprendizagem da alfabetização.
O último material didático pesquisado foi elaborado para o Guia do Livro
Didático do ano de 2016. Este artefato apresenta uma diferença muito marcante,
quanto à sistematização de suas atividades com relação aos materiais anteriores,
pois o mesmo é dividido em unidades que se organizam por temáticas, as versões
de 2010 e 2013 trabalhavam com uma letra para cada unidade, dentro destas há
primeiro propostas de ―Leitura‖, e posteriormente ―Reflexão sobre a escrita‖, dado
que é neste segundo momento que se trabalha as letras. Ao examinar atentamente
os grupos de atividades destinadas ao ensino das letras notam-se algumas
assiduidades, pois apresentam em média de quatro a oito exercícios, na qual a
maior parte apresenta propostas de leituras, ora de palavras soltas, ora de diferentes
gêneros textuais, tais como: lista, poema, adivinhas, bilhete e tirinhas. Também
apresentam em sua grande maioria atividades que trabalham questões silábicas. É
importante destacar que em comparação com os materiais já analisados
anteriormente este não evidencia a consoante estudada de maneira solta, visto que
busca sempre mostrá-la dentro de palavras e de trabalhos que envolvem gêneros
textuais diversos do cotidiano.
Ainda, ao sondar as páginas que se refere ao estudo das letras, mais uma
vez constatamos uma pluralidade de discursos, no entanto observa-se um destaque
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
ainda maior para a concepção do letramento e da psicogênese. Isso pode ser
notado nas seguintes atividades da página destacada (Figura 03).
555
Figura 03: Atividade presente no livro Porta Aberta: letramento e alfabetização: 1º ano/Isabella Pessoa de Melo
Carpaneda, Angiolina Domanico Bragança- São Paulo: FTD, 2014, p.58.
Nessa parte, observa-se que no primeiro momento há uma proposta
pedagógica que concerne ao letramento, pois nas ―Orientações específicas‖ do
professor, os alunos devem escrever a lista conforme desejam e posteriormente com
a turma acrescentar um item na mesma, neste caso o docente será o escriba
mediador, isso porque serão as próprias crianças que irão ditar as letras que devem
usar e a ordem delas. Nessa mesma atividade, os alunos terão que comparar as
listas, e em seguida identificar palavras que iniciem com a consoante estudada,
nesse caso a letra B. Depois, novamente farão um exercício de escrita e
reconhecimento da mesma consoante.
Ao examinar essas sugestões de atividades, sobretudo a primeira, notamos o
que Soares (2003, p.09) chama de ―Desinvenção da alfabetização‖, uma vez que
segunda a autora alfabetização é a aprendizagem do sistema ortográfico e
alfabético, que de alguma maneira foi deixada de lado pelo discurso do letramento,
pois este passou a predominar sobre o primeiro, e como resultado o mesmo acabou
deixando de lado suas peculiaridades. Na sessão que trabalha com a letra B deste
livro, ao contrário dos livros anteriores, localizamos poucas atividades de
apresentar por meio dos discursos e características das atividades, os aspectos que
permanecerem e modificaram-se nesse objeto durante o perpassar dos anos.
Conclusões finais
Referências bibliográficas
LIMA, Elicio Gomes. Para compreender o livro didático como objeto de pesquisa. In:
____. Pesquisa sobre o livro didático: uma introdução ao tema. 1ª ed. Pará de
Minas: Virtual Books, 2011. p. 25-37;
Fontes consultadas
CARPANEDA, Isabella Pessoa de Melo; BRAGANÇA, Angiolina Domanico. Porta
Aberta: letramento e alfabetização: 1º ano/ - São Paulo: FTD, 2014.
_____. Porta Aberta: letramento e alfabetização: 1º ano/ - São Paulo: FTD, 2011.
Introdução
65
Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). E-mail:
anapaulabsagrilo@hotmail.com
66
Graduanda do Curso de Pedagogia da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). E-mail:
soaresadri26@gmail.com
67
Professora Doutora do Curso de Pedagogia (UFGD). E-mail: edvonete.s.alencar@hotmail.com
não deve estar desvinculado desses outros grupos sociais, mas sim articulados.
Ainda, acreditamos ser significativo destacar que a LDB de 1996, em seu
Art.30 retrata uma divisão na Educação Infantil, uma vez que, as instituições de
ensino intituladas de creche ou que sejam semelhantes a estas, recebem crianças
com até três anos de idade, já as nomeadas pré-escolas são ofertadas as crianças
de quatro a seis anos. Porém é momentoso salientarmos que as creches também
atendem as crianças com quatro a seis anos, dado que o nosso projeto será
aplicado com cidadãos que se encontram nesta faixa etária de idade e que estão em
um Centro de Educação Infantil Municipal- CEIM.
Posteriormente, analisamos outro ponto crucial destacado pela LDB 1996, no
seu Art.31, o qual trata a cerca da avaliação, que deve ser praticada por meio de um
acompanhamento processual do desenvolvimento de cada aluno, sem a finalidade
de promover as crianças, mesmo que seja para a próxima etapa da Educação
Básica, isto é, Ensino Fundamental.
Com relação ao estudo das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Infantil (DCENEI) Resolução CNE/CEB Nº 05/2009, se percebeu que
nelas constam às definições curriculares.
Frente às questões curriculares frisamos o Artigo 3º das DCNEI que declara:
Este artigo indica que na Educação Infantil todo educador precisa preocupar-
se em praticar um conjunto de ações pedagógicas que abarquem as diversas
que foi aplicado o PAP do estágio supervisionado, estes aspectos são: interação e
brincadeira. Interação é um ponto marcante, porque é essencial uma boa interação
entre as crianças e os professores, as crianças e seus colegas, as crianças e os
artefatos do qual fazem uso para brincar, as crianças e o meio no qual estão
inseridos e a relação criança, instituição e família, visto que, a partir destas
interações é possível garantir um melhor desenvolvimento dos pequenos. A
brincadeira da mesma forma é crucial, devido o currículo da educação infantil, ser
criado e fundamentado por brincadeiras, assim apresentando-se distinto dos
currículos que contém somente conteúdos de disciplinas.
Acompanhando esse ponto de vista a Base Nacional Comum (BNCC) da
mesma forma trás a ideia de que os eixos estruturantes das ações pedagógicas da
etapa inicial da educação básica são as interações e as brincadeiras, pois por meio
delas as crianças podem edificar e construir conhecimentos, além disso, por meio
das relações estabelecidas com seus colegas e demais sujeitos que os cercam, as
aprendizagens e a sociabilização são viabilizadas com maior facilidade.
No âmbito do município de Dourados-MS, verificamos que a educação infantil
é regulamentada pela Deliberação COMED n.80/214. Esta diz que é necessário:
Nesse sentido, essa estratégia que consta na meta um, expõe o quanto a
Educação Infantil é um trabalho sério e que precisa de pessoas capacitadas para
assumir a função, dado que é necessário os profissionais da área possuírem uma
68
Contação da história com o recurso saia literária. Projeto de Ação Pedagógica (PAP) 2017.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
566
69
Plantação de milho. Projeto de Ação pedagógica (PAP) 2017.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
No dia seguinte, continuamos a trabalhar com a literatura do dia anterior,
sendo que iniciamos relembrando sobre ela. Após esse exercício, realizou-se uma
dramatização da história, na qual cada criança se caracterizou com as máscaras dos
personagens.
Kishimoto e Freyberger (MEC/SEB, 2012) mencionam que toda e qualquer
atividade que envolva musicalização, belas artes, retrato, dança, teatralização, 568
nessa ideia, buscamos trabalhar com esse gênero textual e maneira de expressão,
porque além de diversificar as atividades ansiávamos em propiciar o contato dos
pequenos com os mais diversos tipos de textos.
Além das músicas citadas anteriormente, colocamos em prática a parlenda ―A
galinha do vizinho‖ que vai ao encontro das ideias de (KISHIMOTO, 2010), que
foram mencionadas anteriormente.
No transcorrer desses dias também foram efetuadas brincadeiras e jogos,
entre elas: a corrida da espiga de milho, ovo no galinheiro, corrida dos pintinhos e
ovo na colher. Estas além de envolverem a área do conhecimento da Educação
Física, abarcaram conceitos matemáticos como, por exemplo, quantidades, noção
de grande/pequeno, pesado/leve e duro/mole.
Para Giardinetto e Mariani (2007, p.188)
Considerações finais
Educação Infantil- CEIM Claudina da Silva Teixeira pode-se dizer que essa vivência
pedagógica muito contribuiu e contribuíra para refletirmos a respeito da realidade
encontrada nas instituições de Educação Infantil, da mesma forma essas
experiências farão parte da nossa futura atuação como docentes das etapas que
atendem crianças de quatro a cinco anos de idade.
Referente aos aspectos sobre as dimensões de ensino e aprendizagem das
diversas áreas de conhecimento da Educação Infantil foi perceptível à importância
da ludicidade para facilitar a aquisição de saberes, pois por meio de atividades
diferenciadas das rotineiras, os discentes se mostraram muito mais interessados em
vivenciar e aprender o que propomos nessas 18h de aplicação do Projeto de Ação
Pedagógica, visto que saímos daquele mundo fechado de atividades que na maioria
das vezes é algo sem significado e sentido para eles. Assim, podemos confirmar que
de fato é possível ensinar valores, tal como a solidariedade por meio de propostas
pedagógicas que envolvam trabalho em equipe e que a ludicidade é uma excelente
ferramenta no processo de ensino e aprendizagem das crianças que estão na
primeira etapa da Educação Básica, sendo que ela ensina por meio da interação
com os outros.
Isso foi confirmado em todas as atividades, independente da área de
conhecimento, visto que, no letramento ao trabalharmos com recursos diferenciados
para contar história, com músicas, parlendas e receitas as crianças tiveram contato
com os diversos gêneros textuais o que acaba desempenhando uma aprendizagem
significativa e não cansativa. Com relação às noções matemáticas, os pequenos
descobriram de forma prazerosa os números e demais conceitos, pois estes foram
ensinados por meio de jogos e brincadeiras, que viabilizavam contagem e conceitos
de topologia, além do contato com materiais concretos, pois buscamos apresentar
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
ovos de codorna e de galinha, estando alguns crus e outros cozidos, deste modo a
partir deles se trabalhou os conceitos de grande e pequeno, duro e mole. Com
relação à Natureza e Sociedade, adquirirão conhecimentos interagindo com o
próprio meio, a partir da plantação do milho. Ao que concerne a artes, os pequenos
tiveram contato com tintas e com diversos materiais, entre eles recicláveis para
confeccionar o galinheiro da galinha ruiva e seus pintinho, além disso, produziram 572
Referências bibliográficas
Fontes consultadas
SAGRILO, Ana Paula Bolsan; SILVA, Adrielly Soares. Projeto de Ação
Pedagógica: despertando ação solidária por meio de atividades interdisciplinares.
Dourados: UFGD/FAED, 2017.
Introdução
71
Não podemos deixar de apontar a necessidade de boas estruturas físicas, mobiliários e
equipamentos também são muito importantes para uma educação infantil de qualidade. Para os
professores é necessário além de boas formações (inicial e continuada) condições de trabalho, que
envolvem vários aspectos: boa remuneração, concursos públicos, planos de cargos e carreiras e etc.
constroem e reconstroem seus saberes, suas práticas a partir das experiências das
crianças.
Metodologia
72
Optei por trabalhar com a terminologia professora considerando que ela é o público majoritário na educação
infantil.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
investigativa com as crianças considerando o nosso posicionamento de
pesquisadora que considera a autenticidade autônoma das crianças.
A permanência da pesquisadora na instituição ocorrerá por um período de
seis meses, entre 2 a 3 vezes na semana. Os dados estão sendo coletadas por meio
de filmagens, fotografias, gravações em áudio e registro no diário de campo.
Na observação participante, o pesquisador é um instrumento de coleta de 580
dados devido à sua participação ativa no mundo social. A meta de entender esse
universo é reforçada concretamente pela consideração de como eles são afetados
pela cena social, o que acontece nela e como as pessoas, incluindo eles mesmos,
atuam e interpretam nas suas situações sociais (MAY, 2004).
May (2004) concorda com Gergen e Gergen (1991) ao considerar parte
central do processo analítico as relações entre o investigador e os participantes da
pesquisa. May (2004) ainda cita quatro papéis que podem ser assumidos pelo
pesquisador na pesquisa de campo identificados por Gold (1969): o primeiro é o do
participante completo que se engaja totalmente nas atividades do grupo ou
organização em investigação; o segundo é o do participante como observador que
deseja conhecer e entender mais sobre as pessoas da situação e sua presença e
intenções são conhecidas pelo grupo; o terceiro papel é o do observador como
participante onde este atua como observador formal da situação sem envolver-se ou
participar; e em quarto há o papel do observador não-participante onde o
pesquisador é removido das interações e se ocupa em realizar apenas registros
mecânicos do comportamento.
Para obter o acesso ao grupo que pretende investigar, o pesquisador deve
ser aceito e esse período de inserção no grupo ou situação é importante para a
análise de todo o processo. Também deve estar ciente das relações de poder
envolvidas na situação bem como entender as reações que surgem devido à sua
presença no ambiente (MAY, 2004).
Como apoio às observações também é importante fazer anotações de campo,
permitindo que os interesses teóricos orientem a condução da pesquisa. Nessas
anotações normalmente se registra a natureza dos relacionamentos e a ordem e
situação nas quais os eventos desdobram-se, assim como as regras empregadas e
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
suas reflexões sobre os eventos observados. Qualquer que seja a forma escolhida
para anotar, o importante é a consistência dos dados e a acessibilidade a eles
(Idem).
No entanto, ao fazer anotações, surgem dúvidas em relação à condução da
pesquisa. O autor Severyn Bruyn (1966) citado por May (2004) nos auxilia listando
seis índices para reforçar o entendimento do pesquisador e a validade da pesquisa, 581
pesquisa em educação, mas é fato pacífico que temos que beber nas ciências da
humanidade, assim como em bases filosóficas para que esta seja possível.
A entrevista não estruturada [...]
visa obter do entrevistado o que ele considera o que ele considera os
aspectos mais relevantes de determinado problema: as suas
descrições de uma situação de em estudo. Por meio de uma
conversação guiada, pretende-se obter informações detalhadas que
possam ser utilizadas em uma análise qualitativa. A entrevista não
estruturada procura saber que, como e por que algo ocorre, em lugar
de determinar a frequência de certas ocorrências, nas quais o
pesquisador acredita. (RICHARDSON, 1999, p. 208).
A entrevista não estruturada pode ser entendida como qualitativa, pois quer
compreender o mundo vivido, experienciado do sujeito entrevistado, seu uso pode
contribuir de maneira significativa para outras formas e modelos de pesquisa, pois
por meio dela, pode-se obter uma definição de um meio social. A entrevista
qualitativa é um instrumento, uma técnica que auxilia na construção do
conhecimento em varias disciplinas das ciências sociais (GASKELL, 2002, p. 65-66)
Segundo Minayo (1998) ―ao lado da observação participante, a entrevista [...]
é a técnica mais usada no processo de trabalho de campo‖ 73. A entrevista deve ser
sempre utilizada na pesquisa quando se quer saber algo próprio do sujeito, pois ela
é um meio para se conhecer aquilo de mais profundo, algo que só pode ser
apreendido na presença do outro, logo deve ter o pesquisador deve ter consciência
que pode ser desperdício de tempo fazer entrevista para obter dados que pode se
conseguir levantar em fontes como censo, estatísticas, registros, etc.
73
Entendemos por campo, na pesquisa qualitativa, o recorte espacial que corresponde a abrangência, em termos
empíricos, do recorte teórico que corresponde ao objeto da investigação. (MINAYO, 1998, P. 105)
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
REFERÊNCIAS
______. Sociologia da Infância. Tradução Lia Gabriele Regius Reis. Porto Alegre:
Artmed, 2011.
PRADO, P. D.. A gente gosta é de brincar com os outros meninos!. Relações sociais
entre crianças num jardim de infância. Educ. Soc., Campinas, vol. 26, n. 91,
Maio/Ago., 2005, p. 683-688.
Resumo: Este trabalho descreve uma atividade de extensão, cujo objetivo foi
realizar ações de intervenções nas práticas de alfabetização da professora
supervisora na instituição parceira do subprojeto na Escola Municipal José Martins
Flores, a partir do contexto das ações do Programa Institucional de Bolsa a iniciação
a Docência (PIBID/CAPES) do Curso de Licenciatura em Pedagogia da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS, Câmpus de Naviraí. Com o
intuito de compreender em que condições a prática se revela como espaço de
mobilização saberes sobre alfabetização. Caracterizada como estudo de caso, teve
como cenário do estudo a Universidade, o PIBID e a Escola de Educação Básica.
Torna-se necessária como atividade inicial uma sondagem da escrita por meio da
teoria da Língua Escrita desenvolvida por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1984),
Mortatti (2000), Soares (2004) dentre outros, no qual o nível de alfabetização e
letramento dos alunos foi analisado por meio da escrita e leitura. Por meio destes
dados analisamos e posteriormente os alunos foram encaixados em níveis pré-
estabelecidos, sendo eles: pré-silábico, silábico, silábico alfabético e Alfabético. A
partir do levantamento feito em uma sala de aula do 1º ano do ensino fundamental,
verificamos grande diversidade de níveis, porém o nível pré-silábico foi identificado
em número superior aos outros e o nível alfabético em número inferior. Durante
nossa pesquisa preliminar constatamos que o Diagnóstico da Hipótese de Escrita se
fez importante, pois a partir da mesma o trabalho e planejamento das atividades
desenvolvidas no PIBID tiveram foco e uma maior sensibilidade para as
especificidades e dificuldades dos alunos em aprender a ler e escrever e que com
74
Professora Supervisora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência –
PIBID/CAPES.
75
Professor Assistente e Coordenador de área do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência – PIBID/CAPES.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
essa visão direcionada, poderíamos realizar um trabalho efetivo para uma
aprendizagem significativa dos alunos. Portanto, a relevância deste trabalho se dá
em compreender a importância deste diagnóstico inicial para atividades de
alfabetização e letramento no 1º ano do ensino fundamental.
3. METODOLOGIA
1900ral
PS
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral SSV
1900ral
1900ral 1900ral 1900ral
SCV
1900ral 1900ral 1900ral
1900ral
1900ral
1900ral
1900ral SA
1900ral
1900ral 1900ral 1900ral
ALF
Abril Maio Junho Julho
Fonte: Material fornecido pela professora supervisora.
Se ele não encontrasse a peça igual, ele passava a vez. Venceu o jogo aquele que
ficou sem nenhuma peça primeiro.
Por meio desses momentos prazerosos dos jogos e brincadeiras percebe-se
que é possível proporcionar aulas diferenciadas, modificando o panorama atual
deixando as aulas mais ricas e agradáveis. Assim, em um novo contexto, porém já
conhecidos, as crianças poderão aprender de forma envolvente e significativa por
meio dos jogos que já fazem parte do seu dia a dia.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Referências
Resumo:
Esse artigo apresenta os resultados parciais de um projeto desenvolvido em uma
turma de pré escolar, da rede municipal de educação infantil de Dourados, intitulado
―O Jornal do Pré I C‖. A turma é composta por 15 crianças, entre 4 e 5 anos sob a
responsabilidade de uma pedagoga76. O principal objetivo do projeto foi de que o
mesmo pudesse ser um dos instrumentos de registro das atividades desenvolvidas
com a turma, além de propiciar às crianças contato com recursos tecnológicos e
midiáticos, possibilitando assim vivências e experiências com as linguagens oral e
artística, incentivando a curiosidade dos pequenos e ampliando a confiança e
autonomia dos mesmos. Metodologicamente, o projeto iniciou a partir de rodas de
conversas, onde foi feito levantamento dos conhecimentos prévios das crianças
sobre o que é um jornal. Numa sequencia foram apresentados vídeos de edições de
jornais veiculados na imprensa. Durante todo o processo de construção, as crianças
foram convidadas a participar, criando o nome, slogan, trilha sonora, gravação das
notícias, entretanto, no que se refere ao processo de edição dos vídeos, ficou a
cargo da professora. Esse projeto se justifica e se fundamenta, nas Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, uma vez que esta aponta que as
crianças devem ter experiências com os instrumentos de tecnologia em geral. As
crianças, assim como os pais e os demais profissionais da instituição, têm se
mostrado bastante entusiasmados com as edições do jornal. Todos têm participado
ativamente das gravações, decidindo quais as atividades que serão noticiadas,
gravando as cenas, ajudando os colegas com os ―textos‖ do jornal, filmando e
fotografando as atividades e acompanhando a repercussão do jornal por meio da
internet com a ajuda da professora. ―O jornal do Pré I C‖ têm se revelado como um
importante recurso pedagógico para a construção e ampliação dos conhecimentos
dos pequenos, nas mais variadas áreas, e com uma especificidade muito
significativa, uma vez que a temática se entretece às práticas sociais das crianças e
suas famílias.
76
Pedagoga pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), é professora efetiva da rede
municipal de Dourados-MS há 10 anos, trabalha na Educação Infantil. É especialista em Docência na
Educação Infantil pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Especialista em
Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Faculdade Iguaçu e é também a autora desse artigo.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Abstract:
This article presents the partial results of a project developed in a pre-school group,
of the municipal network of early childhood education of Dourados, titled "O Jornal do
Pre I C". The class consists of 15 children, between 4 and 5 years under the
responsibility of a pedagogue. The main objective of the project was that it could be
one of the tools for recording the activities developed with the class, as well as
providing children with technological and media resources, thus enabling
experiences and experiences with oral and artistic languages, encouraging Curiosity 599
of the little ones and increasing their confidence and autonomy. Methodologically, the
project started from the wheels of conversations, where a survey was made of
children's previous knowledge about what a newspaper is. In a sequence were
presented videos of editions of newspapers published in the press. Throughout the
construction process, the children were invited to participate, creating the name,
slogan, soundtrack, recording of the news, however, as far as the process of editing
the videos was concerned, the teacher was in charge. This project is justified and
based on the National Curriculum Guidelines for Early Childhood Education, since it
indicates that children should have experiences with the technology instruments in
general. Children, as well as Parents and other professionals of the institution, have
been very enthusiastic about the editions of the newspaper. Everyone has actively
participated in the recordings, deciding what activities will be reported, recording the
scenes, helping colleagues with the "texts" of the newspaper, filming and
photographing the activities and accompanying the repercussion of the newspaper
through the internet with the help of the teacher. "The newspaper of the Pre-IC" has
proved to be an important pedagogical resource for the construction and expansion
of the knowledge of the small ones, in the most varied areas, and with a very
significant specificity, since the theme intertwines with the social practices of children
and your families.
Vamos começar?
conhecimento de si e do mundo.
Comunicar-se é uma necessidade humana. Desde os primórdios os homens
tentam se comunicar uns com os outros e com o passar do tempo os meios de
comunicação foram evoluindo com vistas a facilitar esse processo de interação.
A interação com os meios de comunicação aguça a curiosidade das crianças,
assim trabalhar com os mesmos desperta a criatividade e a ludicidade tornando o
processo de aprendizagem mais prazeroso e significativo.
Dentre os meios de comunicação encontra-se o jornal que pode ser impresso,
televisivo e digital com a função de apresentar notícias de uma cidade, estado e/ou
do mundo além de entreter o público.
Assim primeiramente, em roda de conversa foi feito levantamento dos
conhecimentos prévios das crianças sobre o que é um jornal e em seguida
apresentado vídeos de edições de jornal veiculados na imprensa.
As crianças em sua maioria, disseram que já assistiram jornais com os pais,
ou que já viram flashes dos mesmos na televisão, e que os jornais apresentam
pessoas, artistas de novelas, acidentes, mas não souberam dizer que aquilo se
tratava de notícias.
As crianças foram convidadas a dar suas impressões quanto ao que tinham
assistido e sobre a idéia de fazerem um jornal da turma contando sobre as
novidades da sala, quais sejam as atividades e brincadeiras desenvolvidas. Nesse
momento os pequenos já animados começaram a falar e relembrar as atividades já
desenvolvidas e que poderiam ser apresentadas no jornal.
Diante da aceitação e do entusiasmo da turma, a professora pediu para os
pequenos inventarem o nome do jornal, criar uma identidade visual/uma abertura e
um jingle para o mesmo juntamente com ela.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Para a identidade visual/abertura do jornal, a professora ocupou o papel de
escriba e registrou em uma folha o nome escolhido pela turma para o jornal, o que
oportunizou para as crianças o contato com a linguagem escrita e sua função social.
Como nos ensina Baptista
Algumas considerações
Esse artigo pretendeu compartilhar uma prática pedagógica que vem sendo 605
Referências Bibilográficas
607
Resumo: O presente artigo tem por objetivo expor reflexões nas áreas de
alfabetização, letramento e matemática. As experiências relatadas no texto se deram
através de observações e intervenções realizadas por acadêmicos que fazem parte
do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID/CAPES), no
curso de Pedagogia da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS),
Campus de Naviraí (CPNV) em parceria com uma escola municipal. Ressaltamos
ainda que o programa PIBID tem como propósito oportunizar o ingresso de
acadêmicos dos cursos de licenciatura no espaço de atuação escolar. A intervenção
tem contribuído para a construção de saberes e conhecimentos profissionais, e a
reflexão sobre a prática vem auxiliando os acadêmicos na superação das
dificuldades, crenças e atitudes articulando discussões teóricas. A metodologia
adotada nas ações de intervenção refere-se às tentativas de propiciar o raciocínio,
tanto da língua portuguesa, quanto da matemática, fazendo com que as crianças
passem a refletir e se apropriar dos conhecimentos transmitidos durante as ações de
intervenções desenvolvidas pelo grupo, destacando sempre que estas são feitas de
forma lúdica, com brincadeiras e jogos para facilitar a aprendizagem das crianças.
Relatamos em forma de quadro comparativo 5 (cinco) projetos que foram sendo
realizados durante os 3 (três) anos em que o PIBID- Pedagogia se estabeleceu no
CPNV, ressaltando que cada projeto tem suas especificidades e dificuldades, pois
são projetos distintos, mas que possui a mesma finalidade, instruir as crianças. Para
a fundamentação teórica desses projetos, nos apropriamos de vários autores, como
Smole (2001), Soares (2003), Smole; Diniz; Cândido, (2000), dentre outros que
conceituam e retratam o letramento e a matemática de forma indissociável,
77
Professora Supervisora do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência –
PIBID/CAPES.
78
Professor Assistente e Coordenador de área do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência – PIBID/CAPES.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
mostrando que essas práticas de ensino devem andar juntas. Por fim, a proposta de
trabalho do grupo PIBID/Pedagogia, baseia-se em uma metodologia que prioriza a
ludicidade como foco nas práticas pedagógicas da sala de aula.
1 Introdução
609
Este texto tem por objetivo apresentar as propostas de intervenção, no
contexto dos anos iniciais do Ensino Fundamental, de um Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES/UFMS Campus Naviraí. Para tanto,
recorremos a um referencial teórico que contempla questões ligadas à
aprendizagem tanto da leitura e escrita quanto de noções matemáticas previstas
para o trabalho docente no ciclo da alfabetização (1º ao 3º ano).
As vivências que serão relatadas dizem respeito à prática de iniciação à
docência de oito acadêmicas do curso de Pedagogia em turmas de uma escola
pública municipal parceira do projeto. Discorremos sobre possibilidades de atuação
no ambiente da escola, bem como da experiência adquirida pelo grupo a partir do
contato direto com a dinâmica do trabalho pedagógico no sentido de auxiliar as
crianças a serem alfabetizadas na perspectiva do letramento.
Nas próximas sessões destacaremos a constituição do referencial teórico
adotado nas ações de gerenciamento do PIBID, a metodologia para as intervenções,
como também a descrição das potencialidades, limites e perspectivas do que já
temos feito desde o surgimento do grupo em 2014.
Fonte:
Os autores, 2014.
5 Considerações finais
Referências
Resumo: Esse artigo trata de uma análise das práticas de leitura literária realizadas com as
crianças do primeiro ano do ensino fundamental do E.E Vilmar Vieira Matos. A pesquisa
documental ocorreu com o acesso ao Projeto Político Pedagógico (DOURADOS, 2015) e
por meio das anotações do caderno de planejamento da professora regente. Para promover
essa breve discussão, a pesquisa se baseia no levantamento de documentos bibliográficos
e os autores como Soares (1998), Kleiman (2007) e Cosson (2011). No debate da educação
literária, verificou-se a importância da literatura para as crianças do primeiro ano do Ensino
Fundamental, as vivências das práticas para o aprendizado da leitura literária, que
possibilitam uma maior compreensão do mundo letrado nos anos iniciais.
Palavras-chave: Ensino Fundamental. Leitura Literária. Crianças.
Abstract: This article deals with an analysis of the literary reading practices carried out with
the children of the first year of the elementary school of E.E Vilmar Vieira Matos.
Documentary research was carried out with access to the Pedagogical Political Project
(DOURADOS, 2015) and through the annotations of the teacher's planning notebook. To
promote this brief discussion, the research is based on the collection of bibliographic
documents and authors such as Soares (1998), Kleiman (2007) and Cosson (2011). In the
debate on literary education, the importance of literature for children in the first year of
elementary school, the experiences of literary reading practices, which made possible a
better understanding of the literate world in the initial years was verified.
Keywords: Elementary Education. Literary Reading. Children.
INTRODUÇÃO
Esse trabalho tem como propósito refletir sobre as temáticas relacionadas às
práticas pedagógicas de letramento literário no primeiro ano do
Ensino Fundamental, o estudo de caso foi realizado na Escola Estadual Vilmar
Vieira Matos, localizado no bairro Jardim Rasllem, região periférica da cidade de
79
Artigo apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Licenciatura em Pedagogia,
junto a Faculdade de Educação da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), sob a
orientação da Me. Markley Florentino de Carvalho. Dourados/MS. Abril de 2017.
80
Discente do 8º. Semestre de Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal da
Grande Dourados. E-mail: adeilzalombardo@hotmail.com.
81
Mestrado em Letras pela Faculdade de Artes, Comunicação e Letras (FACALE-UFGD). Membro do Grupo de
Pesquisa, História da Educação, Memória e Sociedade (GEPHEMES).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Dourados-MS. A escola tem sua história relacionada ao perfil socioeconômico do
bairro periférico em que se encontra, pois iniciou suas atividades no ano
de 1983, conforme consta no Diário Oficial n. 1.013 (apud DOURADOS,
2015), construída no próprio centro comunitário do bairro.
Durante a pesquisa, primeiramente identificamos os documentos escolares
que auxiliaram na reconstrução da história da escola, e por fim, acerca da turma do 619
82
Esses livros literários utilizados no projeto e são disponibilizados como recursos didáticos do
Programa Pacto Nacionais pela Alfabetização na Idade Certa (BRASIL, 2012).
83
Relato da professora S.B. [jun., 2016].
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
literatura serve ludicamente e didaticamente de apoio a outros conteúdos das várias
outras disciplinas da grade escolar.
A utilização dos textos literários pela professora propõe trazer uma
aprendizagem significativa ao aluno nos demais conteúdos escolares, dessa forma,
a literatura certamente, abre portas para a compreensão de outras áreas de
conhecimento, no quais, a criança se depara nos anos inicias do Ensino 627
Fundamental. Corsino (2010, p.184) afirma que: ―além de agenciar o imaginário das
crianças, de penetrar no espaço lúdico e de encantar, a literatura é porta de entrada
para o mundo letrado‖.
De forma subjacente às práticas formais nessa escola, registramos que a
professora regente, instituiu uma ação em forma de acesso ao livro, por meio de
uma política pessoal, que ela disponibiliza, sobretudo, de outros tipos de leitura de
fruição, ao partilhar em sala de aula, os gibis e as revistas, como materiais de leitura
disponibilizados a partir do seu próprio acervo. Entre os registros das práticas, vale
destacar as propostas de incentivo à leitura para crianças 1° Ano, especificamente, a
qual, o aluno leva o livro literário para o ambiente familiar, para além do espaço
considerado escolarizado. Notificam-se nas devolutivas apresentadas pelas crianças
que constam nos ―cadernos de registro de leitura‖, nesta experiência de contato na
relação ―criança- livro-família‖, registros e resultados de interação, conforme o
planejamento da professora.
Segundo Corsino (2010, p.186), ―quando o livro chega à criança, ainda é
preciso que alguém leia para ela. Geralmente, cabe aos pais, aos familiares ou à
professora a leitura em voz alta, com seus acentos apreciativos e interpretações‖.
Essa relação entre os livros e as crianças se fortalece nas vivências de
leituras realizadas no ambiente familiar ou escolar, de certa forma essa ação resulta
para um aprendizado onde a interação desses fatores se tornam determinantes para
a formação do aluno leitor, principalmente nas experiências que envolvem os
familiares dessa criança. De acordo com Corsino (2010, p.186), ―é preciso, ainda,
que a criança estabeleça relações entre o texto, as imagens, suas histórias e
experiências pessoais. A mediação do adulto é o ponto-chave das primeiras
leituras‖.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Com a entrada do livro no espaço familiar, por exemplo, como propõe o
projeto pedagógico, há a possibilidade de transformar o espaço onde a criança está
em constante contato com os membros de sua família, num espaço também, de
vivência de letramento literário familiar, e assim, por meio dessa estratégia,
promover a participação significativa da família, nesse processo importante para
uma formação leitora de qualidade social. 628
84
Relato da professora S.B. [jun., 2016].
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Na aprendizagem da leitura e da escrita, a professora utiliza como recurso
pedagógico, as histórias literárias que são mediadas durante as aulas de Língua
Portuguesa. Esses textos literários servem como apoios pedagógicos para
apresentar às crianças, as famílias silábicas e auxiliar na formação de frases durante
a aula. De acordo com Soares, (2007, p. 31):
629
Assim, ler, sob a perspectiva de sua dimensão individual, é um
conjunto de habilidades e conhecimentos linguísticos e psicológicos,
estendendo-se desde a habilidade de decodificar palavras escritas
até a capacidade de compreender textos escritos. Não são
categorias polares, mas complementares: ler é um processo de
relacionamento entre símbolos escritos e unidades sonoras, e é
também um processo de construção e interpretação de textos
escritos.
REFERÊNCIAS
______. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). Brasília: MEC,
2012.
COSSON, Rildo; SOUZA, Renata Junqueira de. Letramento literário: uma proposta
para a sala de aula. UNESP: 2011. Disponível
em:<http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40143/1/01d16t08.pdf>.
Acesso em: 20 de agosto de2016.
634
INTRODUÇÃO 636
Levando em consideração que todos os alunos não são iguais, tanto em suas
capacidades, quanto em suas motivações, modo de aprendizagem, condições
ambientais, é preciso valorizar o processo de interação ensino-aprendizagem. Sabe-
se que este é um processo complexo em que estão inseridas diversas variáveis.
Mas, a aprendizagem do aluno não depende apenas dele, e sim do grau que a ajuda
do professor proporcionará a ele.
A educação infantil oferece oportunidades únicas para o desenvolvimento das
linguagens, quando oferecido o material como bloco de montar, empilhar, jogos de
encaixe as crianças tem o contato exploratória com os primeiros insucessos e
fazem as frustrar-se, diante dessas situações surgem também as primeiras
hipóteses, forçam seu pensamento.
Neste momento percebemos a lógica de coordenação de ações, a origem das
operações lógicas encontra-se nas coordenações gerais da ação que controlam
todas as atividades dos pequeninos, inclusive a linguagem. Esta linguagem, por sua
vez, é condição necessária na construção das estruturas lógicas elementares, mas
não é condição suficiente, pois a verbalização por si só não explica a aquisição das
operações.
Mesmo os bebês sem linguagem verbal, comunicam-se e respondem, por
exemplo, com gestos, palmas, sorrisos e avançam na sucessão dos estágios de
desenvolvimento e aplicam outras linguagens como o uso do movimento, o gestos,
o uso do corpo para expressar sentimento ao ouvirem uma musica, o próprio choro
ou caretas deixando claro a linguagem do gosto ao experimentar certos alimentos.
Por essas e outras ações muitas vezes deixamos de observar as suas
funções cognitivas inseridas como linguagem, mas elas estão ali comunicando e se
fazendo entender. Sabemos que a linguagem representa um papel muito importante
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
na formação do pensamento, temos então por obrigação criarmos situações para
que a criança manifeste seu pensamento por intermédio dos jogos das criações
artísticas do movimento, da imitação, do teatro, dança, fantoches e fantasias, o faz
de conta é muito importante, pois a criança é capaz de criar, reinventar e apresentar
situações de resolução de problemas.. O desenvolvimento da linguagem ocupa cada
vez mais um papel importante na educação infantil, priorizando muito as propostas 637
METODOLOGIA
Este estudo é de caráter de relato de experiência para subsidiar a discussão
fizemos uma revisão da literatura no banco de teses e dissertações da Capes com
os descritores: Educação Infantil e Múltiplas linguagens.
Algumas experiências como professoras da educação infantil são relatadas e
discutidas ao longo do texto fundamentadas com autores relacionados à educação.
O referencial teórico da suporte para abrir novos olhares quando discutimos sobre
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
múltiplas linguagens na educação infantil. Quebrando a barreira de uma ideia
exclusivamente orientada pela utilização de apenas uma linguagem, no caso em
questão da linguagem escrita.
DISCUSSÃO
O conceito de múltiplas linguagens se refere às diferentes linguagens 638
naquela árvore‖.
Naquela manhã, tive a certeza que as múltiplas linguagens o quanto tento
inserir no meu dia a dia estavam começando ter efeitos, todos as crianças queriam
registrar uma foto para contar na creche aos demais colegas de sala e também para
os professores da disciplina de arte e movimento.
Após retornarmos do nosso passeio observei nas crianças alegria no olhar
deles ao reencontrar alguns colegas de outras salas e dizerem assim: ―hoje o dia foi
muito legal aprendi na aula de passeio que os cavalos comem grama seca também‖.
Nas experiências relatadas consigo ver a felicidade em cada rosto daquelas
crianças, aprendi com minha prática a necessitada de ser muito mais dinâmica,
inovada, criativa e que aprendizagem adquirida fora dos muros da creche foi muito
mais prazerosa do que as rotinas diárias que nos submetemos e também aos
nossos alunos.
A partir desses relatos e aprendizados comecei a buscar nas minhas
incertezas e curiosidades novos olhares para cada criança da minha sala, hoje estou
aprendendo cada dia mais com eles e sou capaz de criar novas expectativas e
novas descobertas aproveitando as múltiplas linguagens para enriquecer o ensino e
aprendizagem de todos e buscarmos juntos uma aula mais satisfatória e alegre.
Sabe-se também que, somente a partir da incerteza, pode-se ver sempre
novos e diferentes ângulos e que é importante prestar atenção a tudo buscando
enxergar além da escrita. No livro de literatura infantil ―QUEM SOLTOU O PUM?"
DE Charlie Harper propõe-se a desmascarar verdades tidas como indiscutíveis e
relativizar as certezas afirmando que as coisas têm muitos jeitos de ser, dependendo
do jeito da gente ver.
era um cachorro.
O que interessa chamar a atenção neste exemplo é que na história não
descrevia a pelagem do animal e nem como se alimentava, mas as crianças
inventaram variadas cores para descrever o personagem da história, além desta
característica observei também que as crianças criavam o tipo de alimento que o
personagem comia.
Consegui visualizar meus conhecimentos teóricos embasados nas leituras
onde os indivíduos, com seus atos e ações modificam o ambiente em que vivem e
isso se dá a partir da interação e convivência com outras pessoas, por meio da
capacidade que os mesmos adquirem no que implica a observar, manipular objetos,
refletir sobre suas ações entre outras.
Nesta perspectiva, Paulo Freire costumava dizer que é preciso que o aluno
seja "sujeito da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do
educador, igualmente sujeito do processo.‖ (Freire, 1996, p. 29). Corroborando com
esse pensamento Vygotsky (1991) afirma que ―o que a criança é capaz de fazer hoje
em cooperação, será capaz de fazer sozinha amanhã. Portanto o único tipo positivo
de aprendizado é aquele que caminha à frente do desenvolvimento, servindo-lhe de
guia. ( Vygotsky, 1991,p 89).―
Os caminhos mediados por esses educadores vêm-nos à lembrança no
exercício de reflexão que busca as múltiplas linguagens na Educação e um ensino
cujo objetivo maior é a formação de cidadãos que sejam capazes de lerem e
conseguirem compreender o mundo que o cerca. Nesta perspectiva percebemos a
importância do trabalho do educador onde as múltiplas linguagens não se limitam ao
campo educacional, mas compreende a dimensão sociocultural.
CONCLUSÃO
Considerando que a criança é o centro da atenção e que deve se ter um olhar 644
voltado para ela como um agente transgressor de limites, cabe ao professor o papel
principal de mediar as múltiplas linguagens e mediar o conhecimento de forma a
preservar o conceito de cada criança, não se esquecendo que ela é autora de sua
própria aprendizagem.
Cada criança tem seus meios, seu tempo e maneira de olhar o mundo, o
professor precisa respeitar esse momento de cada individuo e incentivar o
crescimento da criança encorajando e renovando sua prática pedagógica com aulas
motivadas, dinâmicas, prazerosas e que tenham sentido para a criança.
O professor não pode esquecer jamais que sua prática deve ser sempre
reflexiva, critica e que as múltiplas linguagens devem ter uma função social para o
crescimento e desenvolvimento de cada criança.
REFERÊNCIAS
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. SP. Martins Fontes Editora, 1991 645
Introdução
O trabalho ora apresentado é resultante de uma prática educativa
desenvolvida numa aula do componente curricular denominado ―Prática de Ensino
na Educação Infantil‖, que faz parte do terceiro semestre da matriz curricular do
curso de Educação Física da Universidade Nove de Julho – Uninove que teve como
propósito apresentar uma prática educativa para as aulas de Educação Física do
primeiro ano do Ensino Fundamental, com o objetivo de desenvolver a motricidade
infantil e, para tal, nos apoiamos no jogo de faz de conta enquanto estratégia lúdica.
Zaporózhets (1987) deixa claro que as crianças precisam ter motivos que as
levem a executarem as tarefas e que estes precisam ser claros, pois o uso do faz de
conta acaba por ser uma linguagem que facilita essa comunicação.
Em nosso relato de experiência pretendemos deixar claro que as atividades,
divididas em forma de circuitos, precisavam ser cumpridas para que ao final os
personagens fossem salvos. O enredo estabelecido pretendeu levar as crianças a
Metodologia
Como já afirmamos no início desse texto, este relato de experiência é 652
Discussão da Atividade
Observando os pressupostos teóricos anteriormente explicitados é que
empreendemos o trabalho que passamos a relatar. Para encaminhar o processo da
aula nos utilizamos de um enredo com um motivo explícito para a realização das
tarefas motoras propostas, ou seja, salvar as ―crianças‖ (personagens) que estavam
perdidas no mundo da matemática. Assim, a aula agora apresentada tem como
objetivo o desenvolvimento da motricidade infantil e a ampliação do repertório
referente às habilidades locomotoras, estabilizadoras e manipulativas. Para tal se
estabeleceu um circuito de três estações que compõem cada qual com motivos
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
distintos para a realização de cada tarefa, de modo que juntas permitam que se
alcançasse o objetivo final.
O tema central das atividades foi o uso de conceitos matemáticos e as
estações continham operações básicas de somar, por exemplo, todavia, com a
preocupação que fossem atividades que utilizassem de situações que envolvessem
o cotidiano infantil, de modo que fosse possível estabelecer relações com as 653
Professora A: Tchaaaaram!!!! Olha o que trouxemos um motorista que vai nos 656
A sala será dividida em três grupos cada um com seus respectivos coletes de
cores variadas de modo a colocá-los nas respectivas estações.
encaminha.
[...] um pedaço de madeira torna-se um boneco e um cabo de
vassoura torna-se um cavalo. A ação regida por regras começa a ser
determinada pelas ideias e não pelos objetos. Isso representa uma
tamanha inversão da relação da criança com a situação concreta,
real e imediata, que é difícil subestimar seu pleno significado. A
criança não realiza esta transformação de uma só vez por que é
extremamente difícil para ela separar o pensamento (o significado de
uma palavra) dos objetos (VIGOTSKI, 2003, p. 111).
lançamento da bola, ora com o pé, ora com a mão, variando o lançamento com
outras partes do corpo como a cabeça, a região peitoral, a coxa dependendo do
nível de desenvolvimento das crianças. Os alunos poderão propor variações na
execução dos movimentos.
O objetivo desta estação será trabalhar com as três habilidades básicas. As
manipulativas serão as mais enfocadas em decorrência dos lançamentos. Já nos
movimentos presentes no posicionamento da criança para executar os lançamentos
será exigida a locomoção. A estabilização estará presente quando for necessário
que a criança se reequilibre após a realização do lançamento ou quando utilizar
como apoio, apenas, uma das pernas. (GALLAHUE, 2005)
Uma criança de cada vez jogará o dado e o número que sair será a
quantidade de vezes que a criança terá que quicar a bexiga. Quanto maior o número
que sair nos dados melhor, já que nessa para que se possa obter a aprendizagem
motora e ampliar o repertório, a repetição é se extrema importância. A execução do
movimento será levada em conta mais do que a quantidade de movimentos, ou seja,
se a criança não atingir o número de movimento determinados pelo dado ela poderá
jogá-lo novamente para poder, assim, repetir as execuções e cumprir a sua tarefa.
As professoras, ao longo da atividade, mudarão a parte do corpo a ser
utilizada para a realização do quicar da bexiga, com o intuito de aumentar o grau de
dificuldade, por meio do trabalho de diversas formas da habilidade manipulativa. Os
alunos, também, poderão propor variações nas execuções.
os problemas, pois a faixa etária exige um cuidado maior e é preciso que se deixe
que a autonomia do aluno prevaleça.
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
ARTIGOS
ÁREA TEMÁTICA
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
INTRODUÇÃO
para mudanças.
Ao se mencionar o termo ‗docente‘, rapidamente nos vêm uma imagem
desse profissional; contudo, essa imagem pode desconsiderar os conflitos a que
esse profissional está sujeito. Este gesto, na maior parte do tempo, é fortalecido no
próprio círculo social em que o professor se insere. Diante disso, observa-se que o
docente que se propõe a atuar na EaD, não apenas se preocupa com as adaptações
necessárias a sua atuação na modalidade, mas, também enfrenta o descrédito e,
em alguns casos, a falta de incentivo de seu próprio meio. Como se nota nas falas
que se seguem:
Para ser sincera considero que foi a experiência que foi nos
formando, mostrando o jeito de lidar com o aluno, com os recursos
da plataforma. Porém, os cursos e treinamentos posteriores foram
um pouco mais adequados, especialmente para a elaboração do
material didático. (PROFESSORA P1)
Não basta dar aula para ser professor... O professor tem de ter uma
identidade... Uma identidade que foi construída ao longo da sua vida,
foi influenciada pelos professores que ele teve, por teóricos, e
especialmente acreditar na educação e compreender a importância
de sua disciplina na formação profissional do aluno, ser
comprometido e admitir que a cada nova turma é uma nova
aprendizagem para ele também. (PROFESSORA P1)
[...] Esses dias eu percebi que eles estavam meio cansados em sala
de aula, aí eu parei, eu estava trabalhando com aula expositiva
nesse dia e eu falei assim: ‗bom, agora a gente vai pensar numa
frase à respeito do conteúdo, estava trabalhando com políticas né?
aí, falei assim: nós vamos pensar numa frase, só que vocês não vão
falar, você vão passar isso por meio de mímica‘, e aí, eles
acordaram. Mas, assim, é legal, eu tenho que buscar algumas
estratégias diferentes. (PROFESSORA P4)
673
As particularidades da modalidade a distância estão sujeitas a esssa
mudança e reavaliação do pensamento, faz-se necessário ―Mudar a forma pela qual
interpretamos, lemos e nos relacionamos com um mundo em constante mudança‖
(2011, p.15). De modo que, os docentes na construção de sua identidade,
incorporam também, recursos e meios para a atuação dentro de um espaço
diferente da sala de aula tradicional; a medida que se percebe essas necessidades,
o processo de ensino-aprendizagem torna-se mais acessível e seguro, assim, os
docentes que ingressam na EaD deparam-se com novas metodologias e
aborgdagens. As professoras fizeram relevantes pontuações concernente as
especificidades da EaD, como se observa nas seguintes falas:
Meu material tem que ser diferenciado, a metodologia tem que ser
diferenciada, porque uma coisa que é você ter semanalmente um
contato com seus alunos, ali no ‗tet-a-tet‘, vamos dizer assim, outra
[...] existem aqueles alunos que são mais próximos; eu sou uma
pessoa assim, muito fácil – pegajosa vamos dizer assim – no sentido,
assim, de estar junto, de chamar atenção – a educadora mesmo – de
chamar atenção se o aluno: ele está faltando muito; eu presto
atenção. Eu chamo: - fulano o que está acontecendo? Eu sou muito
assim. Agora no à distância você tem essa facilidade, quando você
percebe que o aluno não está participando do fórum, quando você lê
uma atividade que ele não desenvolveu adequadamente você tem
como chamar: ‗O que está acontecendo?‘. Então, eu vejo que há
vínculo tanto no presencial como no à distância você consegue,
principalmente no nosso modelo que a gente vai ao pólo, a gente
consegue estabelecer esse vínculo. (PROFESSORA P8)
Eu sou muito envolvida e comprometida com os meus alunos e com
as minhas aulas. Mesmo porque não tem como desenvolver essa
modalidade de ensino se não tiver uma disponibilidade, o ruim é que
exige muito do professor, pois você acaba trabalhando mais do que
na educação presencial, pois não tem feriado, final de semana.
Nesse sentido é exaustivo e negativo, pois não consigo me desligar,
fico preocupada e checando com frequência. (PROFESSORA P1)
Considerações Finais
que a modalidade exige, tem sido adquirido, de acordo com as falas das
entrevistadas por meio da vivência no Ambiente Virtual de Aprendizagem, bem como
a cada momento de relação com as plataformas, as ferramentas e, sobretudo, o
discente. A educação a distância tem marcado a cada dia suas possibilidades de
êxito e desenvolvimento social, cultural e histórico, de modo que, é válido considerar
que as instituições que se propuserem mediar o ensino a distância tornar-se-ão
parte fundamental desse desenvolvimento.
REFERÊNCIAS
FARIA, Ederson de & SOUZA, Vera Lúcia Trevisan de. Sobre o conceito de
identidade: apropriações em estudos sobre formação de professores. In: Revista
Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, SP.
Volume 15, Número 1, Janeiro/Junho de 2011: 35-42.
INTRODUÇÃO
85
Mestranda no PPGEdu/UFGD e Orientadora de Estudo do PNAIC/MEC do Município de
Dourados/MS.
86
Orientadora. Docente do PPGEdu/FAED/UFGD. Coordenadora do Projeto de Pesquisa intitulado
―Política, Gestão e Avaliação da Educação Básica: O Processo Alfabetizador da Criança em Foco‖ -
Chamada FUNDECT/CAPES N° 11/2015 EDUCA-MS - CIÊNCIA E EDUCAÇÃO BÁSICA.
eixos.
Compreende-se que o Ciclo de Alfabetização contempla os 03 primeiros anos
do Ensino Fundamental e atende crianças de 06, 07 e 08 anos. As referidas crianças
de 06 anos foram integradas ao Ensino Fundamental de 09 anos, conforme
estabelecido pela a Lei90 nº 11.114 de 16 de maio de 2005, que dispôs no seu Artigo
6º que ―é dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos menores a partir
dos seis anos de idade, no ensino fundamental‖ (BRASIL, 2005).
Neste sentido, ―Com a referida lei, houve uma mudança em relação às
crianças de 06 anos, que não mais seriam da Educação Infantil e sim, passariam a
pertencer ao Ensino Fundamental‖ (LINS e TEIXEIRA, 2016, p. 08). Diante disso:
88
Promulgado sob o governo da presidenta Dilma Vana Rousseff.
89
Redação dada pela portaria Nº 1.094, de 30 de Setembro de 2016.
90
Promulgada sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva- A referida Lei altera os Artigos
6º, 30, 32, 87 da Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996, com o objetivo de tornar obrigatório o início
do ensino fundamental aos seis anos de idade.
alfabetização‖.
Nesse viés, realizaram-se formações voltadas à temática que teve como
público alvo os professores alfabetizadores e coordenadores pedagógicos. Neste
basilar, o presente artigo, parte da compreensão que a linguagem oral, a leitura e a
escrita são imprescindíveis para as relações humanas. Assim sendo, considera-se
que:
Gráfico 1- Perfil da Turma/ Linguagem - Mapeamento das Turmas dos 1ºs, 2ºs e 3ºs Anos do
Ciclo de Alfabetização–2016
Esvreve Escreve
Produz textos Produz textos
Lê palavras Lê textos palavras palavras
escritos orais
simples complexas
I 301 377 351 380 425 371
EP 786 910 793 918 1070 1004
NT 10 18 11 15 125 14
C 1283 1075 1225 1067 760 991
Neste contexto, quanto mais a criança ler, escrever, falar e escutar nos seus
contextos sociais, mais ela se desenvolverá, cabendo então à escola, que é um dos
contextos vivenciado pela criança, visar a sua formação integral, desenvolvendo-a
em todos os aspectos, cognitivo, emocional, social, cultural, entre outros, ampliando
o seu conhecimento de mundo.
Neste viés, as leituras deleites abrem um leque de possibilidades para
contextualizar o falar, o escutar e a escrita. Entre elas o texto: ―Quando a escola é
de vidro‖- Autora Ruth Rocha, onde os cursistas escreveram sobre o que os
―deixaram no vidro‘ ou os ―tiraram do vidro‖ na época de sua escolarização‖.
Após a produção leram o texto que redigiram e foi um momento de muito
aprendizado, permeado pela retratação de situações tanto alegres quanto tristes
vivenciadas na infância. Também refletiram, escreveram, ouviram e falaram das
suas experiências escolares. Foram selecionados alguns trechos dos textos
redigidos e transcritos a seguir:
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
[...] Sou filha de pais analfabetos, essa experiência foi horrível, fiquei
totalmente perdida, me cansei de ouvir da professora falar ‗você não
sabe de nada‘ e não sabia mesmo, tinha que aprender. No final do
ano o resultado foi reprovação, o que já se esperava. Mas no ano
seguinte tudo foi diferente, minha professora era maravilhosa,
elogiava e valorizava tudo o que fazíamos. Aos poucos fui
compreendendo a leitura e escrita. E para a minha alegria e dos
meus pais aprendi a ler, já não era mais necessário pedir aos 688
vizinhos ler as cartas que recebiam dos parentes distantes
(CURSISTA 01).
Analisa-se neste segundo relato, que uma sala ―bem disciplinada‖ não é
sinônimo de aprendizado, pelo contrário, pode levar as crianças a terem medo de se
expressar oralmente e isso impede que os educadores conheçam as dificuldades
e/ou potencialidades dos seus educandos.
Considerações Finais
cobrado em relação à criança, lhes possibilitam que ―sintam na pele‖ e reflitam sobre
o processo de ensino e aprendizagem relacionado à suas realidades e às suas
crianças.
Reafirma-se, portanto, sobre a importância da necessária atenção às
diversidades pessoais, culturais, regionais, comportamentais entre outros aspectos,
ligados às crianças e também aos professores alfabetizadores e coordenadores
pedagógicos. Pensar e repensar questões históricas, teóricas e metodológicas
ligadas à oralidade, à leitura e à escrita, é indubitável.
Foi possível também ampliar o campo de visão dos próprios formadores por
meio das trocas de experiências, das apresentações dos grupos, enfim, de todas as
atividades desenvolvidas, porque possibilitaram ampliar o conhecimento de modo
compartilhado.
Neste viés, ficou notório a importância de sempre rever conceitos, planejar,
pensar em recursos diversificados e metodologias várias para o desenvolvimento
das ações inerentes ao processo alfabetizador da criança. Daí, a necessidade do
comprometimento teórico e do compromisso social em torno de uma equipe
compromissada.
Em suma, a experiência foi de grande relevância porque colaborou,
significativamente para uma reflexão aprofundada a respeito dos reflexos da
formação na efetivação das práticas pedagógicas, bem como fomentou a pesquisa
ligada ao PNAIC no município de Dourados. Em concordância com Vygotsky (1996),
entende-se: ―o que se torna essencial para o ser humano não é o simples fato de
perceber o mundo, mas de compreendê-lo‖ (VYGOTSKY, 1996, p. 365).
REFERÊNCIAS
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
ARANDA, Maria Alice de Miranda. A política educacional com enfoque na
alfabetização da Criança. In: VI Simpósio Internacional da Linha de Políticas e
Gestão da Educação: O Estado e as Políticas Educacionais no Tempo Presente e II
Seminário internacional de Educação de Pontal do triângulo Mineiro. Anais... ISSN
2237- 6445. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia/ MG, 2011. 1 CD- ROM
BRASIL. Lei nº 11.114 de 16 de maio de 2005. Altera os arts 6º, 30, 32, 87 da Lei nº
9394 de 20 de dezembro de 1996. Com o objetivo de tornar obrigatório o início do
ensino fundamental aos seis anos de idade. Presidência da República Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília: DF, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
LINS, Cristina Pires Dias. Projeto de Formação do PNAIC com vistas à qualidade:
Diversidade Textual na Sala de Aula: Uma Proposta Interdisciplinar- ANPAE.
Anais... Campo Grande, 2016a.1 CD- ROM
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
LINS, Cristina Pires Dias. Relatório Técnico Referente Tarefa III/PNAIC/2016:
Radiografia do Processo de Alfabetização e Letramento em Mato Grosso do Sul.
Dourados, MS, 2016b.
LINS, Cristina Pires Dias. Relatório Técnico das Orientações de Estudos
Desenvolvidas no Mês de Dezembro/2016: Formação Continuada do Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa- PNAIC/MEC/UFMS/SEMED. Dourados, 692
MS, 2016c.
LINS, Cristina Pires Dias. TEIXEIRA, Olga Cristina da Silva. Educação Básica, o
Ciclo de Alfabetização e a Garantia de Direitos: (1988 a 2012)- ANPED. Anais...
Brasília, DF, 2016. 1 CD- ROM
91
Izabele Brandl Dolci / Universidade Federal da Grande Dourados
92
Tânia Bianca Fagundes do Nascimento / Universidade Federal da Grande Dourados
93
Jaqueline Batista de Oliveira Costa
693
Formação de Professores
Resumo: Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência vivenciada durante o
estágio de formação de professores do curso de licenciatura em psicologia da
Universidade Federal da Grande Dourados – UFGD, na qual nos foi proporcionado
um contato direto com a dinâmica real da sala de aula. A metodologia utilizada
durante a realização deste estágio consistiu em observações sistemáticas
desenvolvidas diariamente, com duração de três semanas, em uma sala de aula do
1º ano do ensino médio, no período noturno, durante o primeiro semestre letivo do
ano de 2017. A atividade de estágio culminou com a realização de uma regência
com o tema sexualidade, escolhido com base na demanda apresentada pela turma
observada. As observações das aulas possibilitou-nos perceber o quanto o contato
com os alunos exige de um professor dentro de sala de aula, principalmente quando
se trata da didática utilizada pelo professor, e oportunizou também uma visão de que
diante dos conflitos o diálogo é a melhor forma de se construir soluções, tentando
entender o aluno contextualmente, sendo perceptível que somente impor regras,
deixando de proporcionar que aluno seja ativo nas aulas pode ser muito prejudicial,
pois ambos, professor e aluno, fazem parte do processo de ensino-aprendizagem,
ou seja, um processo de construção de conhecimento de mão dupla. Consideramos
que a regência foi bastante produtiva, pois os alunos relataram sanar muitas dúvidas
a respeito do tema discutido, assim como aprender conhecimentos que ainda não
tinham entrado em contato. Com isso, o estágio se perpetuou como um instrumento
reflexivo da pratica docente, proporcionando um espaço onde o futuro professor
pode intervir e inovar suas práticas assim compreendendo realmente o papel de ―ser
professor‖, discutindo e pensando em atitudes, práticas, a postura ética e quais
possíveis soluções para o enfrentamento de problemas que podem ocorrer dentro
de sala de aula. Assim, considera-se que a disciplina de Estágio de formação de
professores é essencial para os licenciandos em formação.
91
Graduanda do curso de Psicologia - izabelebrandldolci@hotmail.com
92
Graduanda do curso de Psicologia - bianca_fagundes@hotmail.com
93
Professora do Curso de Psicologia e Coordenadora de Área do Programa de Iniciação à Docência
PIBID/UFGD– Subprojeto Psicologia–Dourados
estágio de formação de professores, por sua vez, tem por objetivo promover essa
abertura, da possibilidade de discussões de temas pertinentes a psicologia, com
turmas do ensino médio da cidade de dourados, retratando que a psicologia no
ensino médio poderia ser o lugar que possibilitasse uma localização melhor do aluno
frente à sua cultura, a educação, à escola e à sua vida. Para isso torna-se
necessário que o professor tenha mais claro a sua forma de atuação neste
processo. Algo a ser trabalhado, algo a ser construído.
Metodologia
Resultados e discussão
professores.
O desenvolvimento das aulas, durante as observações, limitava-se aquilo que o
professor tinha que passar, isto é, alguns professores se preocupavam mais em
passar o conteúdo na lousa, do que permitir a participação dos discentes na aula.
Talvez isso se deva ao fato dos alunos já não demonstrarem interesse pelas aulas,
ou pelo fato da metodologia adotada pelos professores serem sempre as mesmas, e
de alguns não valorizarem a participação dos alunos. Na aula de artes, por exemplo,
os alunos não nutriam respeito pela professora, e esta revidava o desrespeito
gritando com os alunos. Dessa forma, também transcorriam as aulas de história,
apesar do professor ignorar as afrontas dos alunos, por vezes se mostrava
impaciente com a turma.
Percebemos então que as aulas em que os alunos participavam mais e
demonstravam mais liberdade de questionar eram as disciplinas de língua
portuguesa, matemática e física; mas acreditamos que isso acontecia pelo fato da
relação amigável que os professores regentes destas disciplinas nutriam pelos seus
alunos e por usarem de metodologias estimulantes com esses alunos, para
participação em sala. Compreendemos então que em geral, a participação e o
envolvimento do aluno com cada disciplina dependem da relação mútua de
afetividade e da boa relação entre professor e aluno, e também está relacionada
com a maneira que o professor conduzia sua aula, que alternava entre um modelo
tradicional de aulas meramente expositivas, em que os alunos não demonstravam
interesse, e um modelo mais dinâmico dos conteúdos promovendo interação com o
pensamento dos alunos, assim como, articulações reflexivas, em que os alunos
correspondiam de forma participativa.
Considerações finais
Referências
94
Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade Federal da Grande Dourados
(UFGD)/jonatacristina@gmail.com
95
Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade Federal da Grande Dourados
(UFGD)/jacimara.apmendes@gmail.com
96
Professora Doutora do Curso de Pedagogia da Universidade Federal da Grande Dourados
(UFGD)/AndreiaAlves@ufgd.edu.br
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Introdução
amplo que a influência e que pode ser por ela influenciado‖. É um dos meios pelo
qual os membros da comunidade escolar podem participar democraticamente, [...] ―é
o definidor de critérios para a organização curricular e a seleção de conteúdos‖
(VEIGA, 2013, p.22).
O plano de trabalho escolar acompanha as atividades docentes e
pedagógicas, em busca de melhorar a qualidade do ensino. A instituição visa
atender a comunidade de forma clara e objetiva, buscando uma relação estreita com
a família dos alunos.
Identificamos propostas de trabalho para melhoria da organização da escola e
do desempenho dos alunos, dos professores e da comunidade educativa; notamos a
articulação de estratégias que visam aumentar a eficácia da escola e da avaliação,
com o objetivo de promover os processos educacionais e aumentar a qualidade do
ensino-aprendizagem.
A escola desenvolve projetos motivadores que auxiliam na aprendizagem,
estes projetos ajudam os alunos à construir seus conhecimentos, interligando as
diversas áreas da aprendizagem e para que compreendam as relações existentes
entre as linguagens; oferecendo aos alunos a oportunidade de transformar a sala de
aula em uma comunidade de investigação e pesquisa.
Para a observação da prática docente, escolhemos uma turma de 1º ano do
Ensino Fundamental, por ser um pré-requisito para a realização do estágio, pois a
turmas contempladas poderiam ser do 1º ao 3º ano, e estar em fase de
alfabetização e letramento.
A turma tinha um total de 28 alunos, com idade entre seis e sete anos,
praticamente alfabetizada, possuía um ou outro aluno que ainda estava em processo
713
Considerações finais
Referências
RESUMO: Este estudo pretende investigar o corpo estranho, que é aqui entendido
como o corpo cultural, um corpo que aprende e apreende com o colégio e com
mundo. Todavia, para ocorrer na Escola essa mesma relação, tem-se que vê-lo por
inteiro e compreender que cada corpo é um corpo que deve ser apreciado, analisado
e, especialmente, entendido com suas singularidades e não taxados como iguais
como ainda vem ocorrendo na contemporaneidade, visto que ele vem rompendo
com os locais produtores de saberes, por exemplo, a Escola, que impõem corpos
disciplinados históricos: um corpo coerente, vestido com valores históricos que são
passados de gerações para geração. Esses corpos com valores tradicionais e
disciplinados continuam ainda dentro da sala de aula reproduzindo os mesmos
conhecimentos e preconceitos ensinados a séculos aos corpos latino-americanos
pelos mesmos discursos históricos e hegemônicos – quase sempre europeus e/ou
norte-americanos. Para tanto, tomaremos como base investigativa as perspectivas
teórico–críticas de Michael Foucault (1997), Eneida de Souza (2002), Bessa-Oliveira
(2016), entre outros autores, que nos fazem pensar que o corpo cultural é o corpo
que precisa ser aceito e valorizado pela escola da contemporaneidade e não mais
corpos adestrados, afagados com conceitos eurocêntricos. Este estudo pretende
apresentar subsídios para que a Escola possa repensar a concepção sobre corpos
estranhos, vendo este não como indisciplinado, mas sim como corpos culturais que
podem contribuir com suas estranhezas, inquietudes com outros corpos que se
sentem, como ele, estranhos à Escola: lugar que passará a ser a morada desses
corpos e não mais a prisão, onde a desunião entre corpo e mente insiste em reinar.
Assim a Escola passará a ser um lugar que pulsa vida para além dos muros, se
tornado um local de encontro e desencontro de culturas diferentes, igualmente corpo
e movimento não se desassociaram da educação transformando a Escola em lugar
com aulas de artes para corpos da contemporaneidade.
INTRODUÇÃO
97
Graduando do 3º ano do curso de Artes Cênicas. Pesquisador PIBIC/Modalidade Avançada/UEMS
– ―A REPRESENTAÇÃO DE FRIDA KAHLO NO ―CENÁRIO‖ DAS ARTES CÊNICAS‖. Membro do
NAV(r)E/CNPq/UEMS.
98
Doutor em Artes Visuais IA/UNICAMP. Professor do curso de Artes Cênicas e no PROFEDUC da
UEMS/UUCG. Líder do Grupo de Pesquisa NAV(r)E/CNPq/UEMS. Membro do NECC/UFMS e do
Núcleo de Estudos Visuais/UNICAMP.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Sabemos que seu corpo é estranho, mas você nega tal fato por viver em uma
sociedade onde, desde pequeno, seu corpo é reprimido, vigiado, punido, seja pelos
seus pais, colegas e amigo, ou seja pela Escola. Já parou para pensar que seu
corpo então é uma massa de modelar e que ele nunca pertenceu a você e sim ao
sistema europeu moderno e capitalista, modelo que é comandado pelos homens
brancos, eurocêntricos, heterossexuais que elegeram os conteúdos que você 717
[...] o ônibus em que se encontrava foi abalroado por um bonde, tendo sido
vitimada por uma tríplice fratura na região pélvica. Uma barra de ferro
atravessou seu corpo, fraturando a coluna vertebral. A pressão medular
aumentou a atrofia da perna direita, já afetada pela poliomielite. O corpo de
Frida foi lançado ao chão. Ela parecia agonizar, coberta de sangue e pó de
ouro que algum passageiro levava e, quebrado o vidro, espalhou-se sobre
seu corpo. ―A bailarina se feriu‖, diziam todos.
Depois do acidente, em uma cama de hospital, Frida abre os olhos para uma
nova vida, cujos estudos seriam agora sobre si mesma. Momento para muitos que
poderia parecer o fim do seu ―corpo‖ já estranho aos olhos dos outros, para Frida a
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
condição agora se abriu em muitas outras oportunidades. Sobre seu corpo
destroçado até aquele momento, pois no futuro ocorreria outro acidente, mesmo
tendo Diego Rivera o seu grande amor ao seu lado, aquele acidente ainda foi o
causador dos seus melhores quadros; pinturas que carregam elementos da cultura
mexicana e traços selvagens da alma de um corpo que agora era de fato estranho
até para si mesma. Frida Kahlo se vale da sua própria vida – dos autos e baixos 719
momentos, das alegrias e das tristezas, dos ódios e dos amores, das políticas
públicas e de fatos privados –, da sua memória para construir seus autorretratos
narrativos dessas histórias e memórias vividas pela persona. ―Seus trabalhos são,
em esmagadora maioria, autorretratos catárticos de sentimentos de angústia,
incapacidade e dor.‖ (BENEVIDES, 201799).
O espectro de Frida Kahlo está presente em alguns corpos estranhos dentro
das escolas que transbordam suas biografias, suas identidades culturais multíplices
e o seus próprios lóci geoespaciais. Corpos estranhos que fazem com que a Escola
reconheça e considere o infinito universo de aparências corporais que cruzam e
atravessam a sala de aula com seus biotipos, etnias, gêneros, orientação sexuais,
idades, classes sociais, volumes diferentes, entre outros. O corpo estranho é o corpo
que carrega sua memória, suas histórias, seus fios coloridos! Mas quais são eles?
Não sabemos, pois, só vamos descobrir quando tivermos contato com suas
produções artísticas: seja no desenho, no movimento do corpo, na comunicação,
assim como Frida Kahlo, e se soubermos compreende-los. A única coisa que
sabemos é que ―o belo também pode ser o feio‖ (BESSA-OLIVEIRA, 2010, p. 83).
Para o corpo estranho o que importa é a sensibilidade dos seus pavios dentro si que
revelam quem são através das cores e dos traços dos movimentos (im)perfeitos. Os
corpos estranhos são, portanto, corpos vivos descolonizadores da memória e da
história postas pelos nossos colonizadores sobre o nosso corpo latino.
99
Texto ―Frida kahlo e a massificação da cultura‖. Disponível em: http://www.aescotilha.com.br/artes-
visuais/visualidades/frida-kahlo-e-a-massificacao-da-cultura/ - acessado em: 17/06/2017.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Quando o professor de arte leva uma atividade pronta, calculada,
desenvolvida sistematicamente pela tradição, o aluno apenas se veste, se acomoda
com o exercício, reproduzindo e tornado-se um ser engessado; seja em seus traços
ou na forma de colorir seus desenhos, seja nos seus movimentos onde acaba
surgindo o corpo disciplinado problemático, perfeccionista com si próprio e com
outro que divide os mesmos espaços. Bessa-Oliveira (2010, p. 74) nos explica sobre 720
[...] é uma prática de ensino de Artes voltada para a prática técnica como
temática principal e central no seu fazer artístico, tanto no ensino como no
aprendizado. Poderíamos até dizer que é um ensino robótico, ou mesmo
formatado, pois tende a formatar tanto o sujeito que ensina, o professor de
Arte-Educador, como o aluno, seja ele de classe for.
invés de ensinar.
100
Em decorrência da escrita deste artigo algumas dessas leis tramitavam nos seus respectivos
órgãos mentores. Portanto, tratamos delas aqui a partir da noção de não aprovação na sua
integralidade.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Entretanto, reconhecemos que o Renascimento italiano, os Modernismos,
entre tantos outros movimentos artísticos, têm os seus valores históricos,
cabendo aos professores, principalmente aos Arte-educadores, do século
XXI, contextualizá-los para os seus alunos, valendo-se da multiplicidade e
da identidade cultural desses alunos, e não somente das características
estéticas desses movimentos artísticos com o sentimento escolar de
correção trazido ao ensino de Artes pelas disciplinas tradicionais.
O corpo estranho, já está faz tempo (ou sempre esteve) na sala de aula, é só
724
o professor se valer dos vestígios que ele apresenta para dialogar com sua aula e a
transformar na mais bela aula de artes da contemporaneidade. Por exemplo, a
imagem 1, a seguir, apresenta a obra realizada e pensada sobre a orientação de um
corpo estranho na aula do professor Marcos Antônio Bessa-Oliveira na disciplina
Itinerário cientifico III-2017, com os alunos do 3º e 1º anos do curso de Artes
Cênicas da UEMS/UUCG. Como exemplo do trato desse corpo estranho, a escultura
tem como nome ―bugrinho‖ por possuir uma estética fora dos padrões tradicionais,
aqueles estabelecidos pela estética moderna, e por ter sido realizada com a ajuda
de sujeitos subalternos que carregam sua memória e história da Escola (quase
sempre tradicional). Gostaria de salientar que o nome bugrinho está, ―sem nenhum
sentido pejorativo da ideia de bugres subalternos mantida pelos discursos
dominantes‖. (BESSA-OLIVEIRA, 2016, p. 16).
dessa nossa ideia de corpo estranho, são marcas dos indivíduos que ajudaram a
desconstruí-lo porque antes ele era um corpo prefeito, o corpo certo da nossa
sociedade. O bugrinho nasceu de vários toques biogeográficos (BESSA-OLIVEIRA,
2016) para revelar à sociedade que hoje não existe tão somente um corpo como
certo e belo (modelo) e que existem vários corpos estranhos rondando a ―escola,
corpo e movimentos‖, para além desses recipientes, que querem ser vistos por
inteiro e não por partes separadamente razão e emoção.
O corpo estranho sonha com um ensino multicultural, mas reconhece que a
Escola parece que nunca vai tratar a cultura popular e erudita de igual para igual.
Nesse sentido, Bessa-Oliveira (2010, p. 81) reforça a ideia ao afirmar que:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
101
Texto Frida Kahlo. ―Señoras Mestizas, Niñeras Tojolabales‖. Disponível em:
https://www.contranarrativas.org/narrativa-1/2017/7/7/frida-kahlo-seoras-mestizas-nieras-tojolabales -
acessado em: 09/07/2017
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
BESSA-OLIVEIRA, Marcos Antônio. ―O corpo que habito: esse não é o corpo da
sala de aula, do museus, nem o corpo da academia!‖ In: Acervo do autor. Campo
Grande, MS, 2017, p. 1-15. (Texto no prelo).
SOUZA, Eneida Maria de. Crítica Cult. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. 177p.
Introdução
esta ligado ao espaço semiótico, que é onde as culturas e línguas juntas evoluem e
se adaptam. (TORCHI; SILVA, 2014).
Na próxima seção será apresentada a evolução dos programas de formação
continuada em serviço para professores de educação básica dos municípios da
região de fronteira contextualizando as especificidades presentes nas políticas
educacionais para os profissionais de educação destas localidades.
Municípios Escolas
Aral Moreira Escola Municipal Adroaldo Da Cruz
Escola Polo Municipal Indígena Arandu
Renda Guarani Kaiowa
Conclusão
REFERÊNCIAS
RESUMO
Este artigo discute a formação inicial e continuada de professores, bem como o seu preparo
profissional para atuar com alunos da Educação Especial. A Educação Especial vem tendo
grande destaque nesta última década devido ao processo de inclusão do aluno com
deficiência no Ensino Regular. Isso possibilitou que a escola enfrentasse os seus gargalos,
tanto estruturais, quanto o de preparação de pessoal para tratar com esse tipo de aluno, que
requer uma atenção mais aproximada e especializada. Diante disso, proposições como o
PEI – Plano de Ensino Individualizado – surgiram como proposta e ferramenta subsidiária
para que o professor pudesse atender esses alunos e ao mesmo tempo se qualificar para o
exercício da docência com o aluno especial. O processo construtivo do artigo partiu do
aporte bibliográfico e documental sobre a temática abordada e a empiria se deu pelo
desenvolvimento de questionário semiestruturado aos docentes, tidos como alvo neste
estudo. As questões permitiram ao entrevistado refletir e discorrer tanto sobre suas
vivências acadêmicas e escolar, quanto à perspectiva inclusiva. As questões versam sobre
a formação inicial e continuada e a base de conhecimentos construídos acerca da Educação
Especial, as quais dão suporte para a atuação escolar. Nessa direção, os dados levantados
sinalizam que há necessidade de cursos de formação continuada para o exercício
pedagógico, voltado ao docente para que este possa centrar as suas ações no aluno
especial, sem se esquecer do aluno regular sob seus cuidados. Portanto, pode-se concluir
que a formação acadêmica, bem como a formação continuada, em serviço, deve abordar
conteúdos mais abrangentes, especialmente os do PEI, que tragam discussões pertinentes
e valorativas sobre o desenvolvimento da Educação Especial, transformando a escola em
espaço de fomento de saberes coletivos e inclusivos. Isso porque a escola se constitui em
agente integralizador de cidadania e de participação de todos os alunos, que nela estão
matriculados.
Abstract
This article discusses the initial and continued formation of teachers, as well as their
professional preparation to work with students of Special Education. Special Education has
been prominent in the last decade due to the inclusion process of students with disabilities in
Regular Education. This made it possible for the school to cope with its bottlenecks, both
structural and the preparation of staff to deal with this type of student that requires closer and
more specialized attention. Therefore, proposals such as the PEI - Individualized Education
Plan - emerged as a proposal and a subsidiary tool so that the teacher could attend these
students, while at the same time qualify for teaching with the special student. The
constructive process of the article, started from the bibliographical and documentary
Introdução
De acordo com Moreira (2009) ―É preciso não perder de vista que um dos
desafios dos cursos de formação de professores é preparar profissionais da
educação para organizar o trabalho pedagógico com todos os alunos.‖ (MOREIRA,
2009, p. 261). Após a publicação da Lei 9394/96 e de suas alterações, muito tem
sido discutido sobre o papel das instituições superiores e reavaliado o ensino
prestado, levando a temática formação de professores a assumir maior importância,
especialmente, após as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de
Professores da Educação Básica, em nível superior (MOREIRA, 2009). Através do
CCNE/ CP nº 1, do ano 2002, foi ressaltada a importância de conteúdos que tratem
especificamente de necessidades educacionais especiais para os cursos superiores
que formam docentes.
Sobre o Parecer CNE/ CP nº 1, Neres (2015) acrescenta que o currículo da
Pedagogia foi expresso contemplando disciplinas, seminários e atividades de
natureza teórica, também práticas de docência, gestão educacional. Sobre a
educação inclusiva, as Diretrizes Nacionais direcionam que o docente pedagogo
deverá ter conhecimento quanto as políticas educacionais na perspectiva inclusiva,
bem como compreensão quanto as implicações organizacionais e as pedagógicas.
Ao tomar a fala de Neres, entende-se que a inclusão necessita ser percebida como
o início do trabalho educativo, que associada a atenção voltada às necessidades
educacionais especiais, fomentem um trabalho firmado tanto na ética como no
profissionalismo.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Nesse tocante, cita-se Moreira (2009), que desenvolveu uma pesquisa sobre
os cursos de licenciatura com bases inclusivas, sendo marcantes as narrativas dos
entrevistados. Relato de Nádia, aluna entrevistada:
Nosso curso não toca no assunto. Mesmo nas disciplinas pedagógicas, não
há lugar para estudar as disciplinas sobre as necessidades especiais. É
incrível, mas esse tema nunca foi focado. Parece fora da realidade, embora
seja a realidade. É como se na universidade a discussão sobre esses
alunos fosse desnecessária. (MOREIRA, 2009. p. 264).
P2: O gosto pelo ensino e o modo especial do ensino. Tenho um primo com
necessidades especiais (PC) que também me motivou a conhecer melhor e
ser uma profissional.
P3: Tive um aluno autista quando comecei a dar aula e como não conseguia
trabalhar com ele, surgiu então o interesse em se especializar.
Considerações finais
REFERÊNCIAS
GAUTHIER C. (et al) tradução Francisco Pereira. Por uma teoria da pedagogia:
pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. Ijuí. RS: UNIJUI,1998.
Formação de professores
RESUMO: Nosso objetivo foi analisar a formação continuada destinada aos 759
professores do Ensino Fundamental de um município situado na Grande
Dourados/MS. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa. A formação oferecida
pela Secretaria Municipal de Educação é caracterizada fortemente por cursos e
palestras, as ações formativas foram fragmentadas, pontuais, com data, local e
temáticas previamente definidas pela secretaria, sem a participação direta na sua
concepção das escolas e dos professores e não geraram compromissos no sentido
da melhoria contínua da prática pedagógica, nem por parte da Secretaria de
Educação, nem dos envolvidos nas ações. Assim sendo, as análises apontaram
para a necessidade de vivências no âmbito das escolas que ampliem a participação
política dos atores sociais, possibilitando assim criar bases tanto para fazer cumprir
o princípio constitucional da gestão democrática, como qualitativamente na
construção de uma escola mais democrática.
Introdução
Metodologia
Considerações finais
docentes.
Os resultados deste estudo revelam que a participação nas ações de
formação continuada merecem ser revista e priorizada no planejamento da
Secretaria Municipal de Educação a fim de garantir a participação dos professores
na definição dos rumos da sua formação para que esta adquira sentido para os que
dela participam e possa se configurar como uma política de intervenção para a
melhoria da prática pedagógica.
É preciso que gestores e professores reflitam criticamente sobre a formação
continuada e que os processos avaliativos dessas ações formativas sejam olhados
para a identificação de demandas de formação, em que os professores possam
colocar as dificuldades que encontram no exercício profissional, haja vista que essas
informações são fundamentais para o planejamento e redimensionamento das ações
formativas, o que poderá dar mais legitimidade e possibilidade de sucesso.
As análises apontam para a necessidade de vivências mais democráticas,
pois as questões organizativas relacionadas ao planejamento, implementação e
avaliação do processo de formação continuada no âmbito investigado, não foram
vivenciadas de forma articulada entre a Secretaria de Educação, escolas e
professores, não gerando compromissos no sentido da melhoria na participação e
autonomia. Ressaltamos que essas vivências democráticas devem ampliar a
participação política dos atores sociais, possibilitando assim criar bases tanto para
fazer cumprir o princípio constitucional da gestão democrática, como
qualitativamente na construção de uma mais escola democrática e inclusiva.
REFERÊNCIAS
102
Esta pesquisa é parte de um Projeto de Pesquisa maior – desenvolvido como PIBIC/Modalidade
Avançada UEMS – sob o título: INCLUIR O TÍTULO DO SEU PROJETO DE PIBIC.
103
Graduanda do terceiro ano do curso de Artes Cênicas pela UEMS – Universidade Estadual de
Mato Grosso do Sul. Pesquisadora PIBIC/Modalidade Avançada UEMS. Membro do NAV(r)E –
Núcleo de Artes Visuais em (re)Verificações Epistemológicas. marina.m.noronha@gmail.com.
104
Doutor em Artes Visuais IA/UNICAMP. Professor do curso de Artes Cênicas e no PROFEDUC DA
UEMS/UUCG. Líder do Grupo de Pesquisa NAV(r)E/CNPq/UEMS. Membro do NECC/UFMS e do
Núcleo de Estudos Visuais/UNICAMP.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
PALAVRAS-CHAVE: Corpo Cênico Pedagógico; Ensino de Artes; Danças; Artes
Cênicas.
INTRODUÇÃO
O corpo cênico pedagógico trazido neste estudo tem muito a contribuir para o 769
entendimento de qual o corpo que dança, que atua e que representa nos ―palcos‖ do
ensino de Artes nas escolas. Tomando do exemplo do corpo cênico revelado pelos
bailarinos no espetáculo ―Cultura Bovina?‖ do Grupo Ginga Cia de Dança de Mato
Grosso do Sul105, sendo este o objeto que ―ilustrará‖ este trabalho, já que estão se
valendo também da dança contemporânea, discutiremos o corpo que é
―representado‖ (na arte e na educação) como um corpo outro de possibilidades para
se pensar a dança na arte e nas escolas.
Nossa perspectiva é tratar de um corpo outro – nominamo-lo aqui de corpo
pedagógico sem nenhuma rotulação de corpo disciplinado –, a fim de tratar de
corpos que não são compreendidos pelas disciplinas escolares, especialmente Arte.
Esta ideia de corpo pedagógico toma, prioritariamente, da relação corpo/sujeito,
contexto sociocultural e sujeito biográfico tratados como unidade corpórea. Ou seja,
uma noção de corpo que é constituído pelo contexto vivificado dos sujeitos
biográficos. Por conseguinte, as ideias ainda em formulação partem do princípio de
que o corpo é constituído das suas relações com, para e do espaço geográfico ao
qual está inserido. Portanto, no caso do corpo pedagógico em Mato Grosso do Sul,
este está inegavelmente atravessado pela cultura do boi e pela cultura de boi106,
igualmente pela cultura de fronteiras como atravessamentos de múltiplas culturas.
105
O professor doutor Marcos Antônio Bessa-Oliveira, pesquisador desses movimentos e
características (bovinoculturismo e bovinocultura, respectivamente) da arte e cultura locais sul-mato-
grossenses a mais de 10 anos, está preparando um novo material em que discute a relação nesses
produtos artísticos do bovinoculturismo e/ou como bovinocultura. Portanto, isso ficará mais bem
exposto nesse trabalho do pesquisador, por isso não tomaremos a fundo aqui essas questões.
106
―[...] partindo do princípio de que a imagem do boi se repete na produção artística e nas práticas
culturais com tão grande intensidade por pertencer à cultura local enquanto artefato da cultura de boi
do estado, supostamente em Mato Grosso do Sul o boi como representante da cultura de um lócus
enunciativo onde a imagem do animal e o próprio são os mais marcados dos fragmentos da cultura
do estado (econômica, política, social e cultural), deixamos de tomá-lo como marca iconográfica ou
imagética estilizadas que caracterizam as práticas e produções artísticas numa dada estética
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Visando o contexto cultural, social, econômico e político sul-mato-grossense
podemos melhor compreender as diferenças dos corpos (humano e boi) que se
misturam no coletivo. Mas, ainda assim, é possível perceber que cada um desses
corpos que atravessam os lados das fronteiras discursivas tem características
específicas, seja na dança, na cultura ou no ensino perpassados por diferentes
discursos (históricos e/ou contemporâneos). Compreendemos com Antonio 770
homogeneizante. Quero dizer com isso que o boi passa a ser um fragmento da cultura sul-mato-
grossense tão quão o são os ícones religiosos para o cristianismo, por exemplo: construções
imagético-discursivas. Dessa forma, imagem do boi, ícone bovino, cultura do boi ou o próprio animal
tornam-se comuns, não mais aparatos exóticos que se manifestam melhor em determinadas práticas
e produções artísticas de determinados sujeitos, que caracterizam a cultura curralista desta porção
sul do centro-oeste brasileiro.‖ (BESSA-OLIVEIRA; NORONHA, 2015, p. 89)
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Entretanto, quando essa familiarização está situada nas diferentes
possibilidades (do/de) boi, a diluição do boi dá-se de maneira diferente também
nesses corpos espectadores. Primeiro, quando tomado pela cultura do boi os
sujeitos são levados a verem-se como massa de manipulação do sistema discursivo
do agronegócio, por exemplo, comercial que supervaloriza a ―couraça‖ do animal
mais que as identidades dos sujeitos sul-mato-grossenses. Já de outra perspectiva, 771
bicho pelos corpos dos bailarinos, questionamentos aos discursos hegemônicos que
polarizam uma cultura regionalista Sul-mato-grossense ancorado em paisagens
exóticas como únicas narrações.
O mesmo tema (re)significação não diferencia quando pensamos também no
corpo cênico pedagógico na atualidade, no qual atravessa essas discussões e
instiga analisarmos uma educação que tem que ser modificada e repensada. A
dança no âmbito do ensino tem como objetivo direcionar os alunos a se integrarem
ao convívio social no ambiente da escola e no mundo através da situação de seus
corpos. Relacionando a dança na educação à ideia de modificação é possibilitar a
ampliação, a construção e a desconstrução de movimentos a partir de uma
linguagem corporal consigo próprio e com o outro, entendendo qual dança o meu
corpo deseja dançar na escola ou em qualquer outro lugar que esse corpo queira
movimentar-se. Portanto, Isabel Marques faz uma ressalva:
[...] a dança tem possibilidade de deixar de ser uma disciplina escolar pré-
moldada, isolada. Ela passará a fazer parte dos conteúdos curriculares que
se multiplicam e tecem redes com outras disciplinas, com os alunos, a
escola, a cultura e a sociedade, de modo a desconstruí-los e transformá-los;
poderia passar a ter espaço próprio nessa rede de comunicações entre o
real e o imaginário na contemporaneidade (MARQUES, 2011, p. 100).
REFERÊNCIAS
LABAN, Rudolf. Dança educativa moderna. Edição Organizada por Liza Ullmann.
Tradução: Maria da Conceição Parayba Campos. São Paulo: Ícone, 1990.
MILLER, Jussara. Qual é o corpo que dança?: dança e educação somática para
adultos e crianças. São Paulo: Summus, 2012.
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo realizar um mapeamento dos Trabalhos de Conclusão de
Curso (TCC) do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal da Grande
Dourados (UFGD), com enfoque no levantamento de pesquisas que tenham como tema
central o ensino e/ou aprendizagem de Matemática de Alunos com Necessidades
Educacionais Especiais (ANEE). Inspirados na metodologia quali-quantitativa, tomamos
como material de análise as monografias apresentadas como TCC no período de 2003 a
2016. Em outra frente, analisamos os Projetos Pedagógicos do Curso (PPC) referente ao
ano de 2015. Com base na análise documental de Bardim, organizamos nossas categorias
de análise dos dados considerando as diferentes deficiências encontradas nos trabalhos,
em triangulação com o PPC e a fala de uma coordenadora do curso de Matemática. Nossa
análise aponta que, para além da carências de pesquisas que relacionem o ensino e/ou
aprendizagem de Matemática para ANEE, os dados sugerem a ausência no curso de
qualquer política curricular que vise despertar o interesse de pesquisas e ações nessa área,
deixando tal proposição exclusivamente ao desejo dos licenciandos.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1. FORMAÇÃO DE PROFESSORES
783
Ultrapassando uma formação generalista, mudanças e aperfeiçoamentos na
Educação apontam a necessidade de uma formação específica para atuação na
Educação Especial, e alunos especiais passam a frequentar a educação básica,
exigindo que os professores sejam preparados para atender a essa demanda, como
reforçado em Brasil, (2002, p. 26):
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Falta, carência. 2- Insuficiência‖. Optamos por apresentar tal definição devido ao fato
da mesma estar acessível na sociedade através do dicionário, seja para os alunos,
professores ou a população em geral, podendo influenciar o modo de cada cidadão
pensar sobre o que vem a ser uma pessoa com deficiência. Percebemos que, diante
da definição apresentada, a pessoa com deficiência é definida como ―imperfeita‖,
sujeito ao qual ―falta‖ alguma coisa, que no caso as outras pessoas possuem.
Reforçando ainda que, segundo Miranda 2012, p.126 as pessoas com deficiência
são: ―[...] aquelas que têm impedimentos de natureza física, mental, intelectual ou
sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas‖.
Ao comparar as duas definições apresentadas anteriormente, sendo uma
retirada do dicionário e a outra de uma pesquisadora da área da Educação Especial,
percebemos o quanto se diferem ao abordar o assunto, sendo a primeira mais
direta, ―fria‖ e até mesmo depreciativa, o que se agrava diante da possibilidade de
maior acesso a todas as pessoas.
Por outro lado, tomando como referência a segunda definição, percebemos
uma explicação detalhada, e esclarecedora na forma como podemos perceber a
deficiência, ganhando tonalidade as dificuldades ou impedimentos que uma pessoa
possa encontrar ao interagirem com a sociedade. Tal esclarecimento nos remete a
ideia de uma sociedade deficiente, com uma infraestrutura deficiente, que não
oferece condições a todos o direito de circular pelas ruas e praças, que não
possibilita uma escola que considere suas potencialidades em detrimento de suas
dificuldades, que assegure a todos o direito a vivenciar a cultura, a história, a
matemática, a arte, enfim, a aprendizagem em um ambiente saudável. Que lhe
permita uma vida digna em suas diferenças.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
2.1 O DEFICIENTE COMO ―OUTSIDER”
4. ANÁLISE
Percebe-se que são poucas ainda as deficiências das quais se têm TCC que
as enfoquem, sendo mais comum o enfoque nas deficiências auditiva e visual como
mostra a tabela 1. Consideremos para uma melhor visualização e análise, o
percentual dos dados representando a divisão das pesquisas em Educação Especial
no curso.
Um número baixo, visto que ao tratar sobre esse tema em seu TCC, o
acadêmico do curso se mostra preocupado e busca contribuir com sua
formação como futuro professor para atuar no ensino de matemática para
alunos com necessidades educacionais especiais. Participei da defesa de
alguns desses TCC como banca, e observei que estes acadêmicos tinham
ou tiveram contato com alguma pessoa com necessidades especiais e
devido a este fato, perceberam o quão é importante a educação especial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
RESUMO
Este texto traz o recorte de uma pesquisa realizada como Trabalho de Conclusão de Curso
no curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal da Grande Dourados
(UFGD) e, a partir de uma seleção de fatos, dá origem a este artigo. De cunho
predominantemente qualitativo, propomos como tema central a metodologia de Investigação
Matemática na formação inicial de professores no curso de licenciatura em Matemática da
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Para atender tal pesquisa, buscamos
investigar e analisar a proposta curricular do curso de Licenciatura em Matemática da
UFGD, com o objetivo de evidenciar o enfoque dado à metodologia de Investigação no
currículo do curso e, por conseguinte, compreender o processo de articulação entre o que
propõe o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) e os procedimentos observados na prática
docente, na perspectiva dos licenciandos. Para tanto, nos apoiamos nos aporte teórico
propostos por Ponte, além de outros estudiosos e pesquisadores da Educação Matemática
como: Fiorentini, D‘Ambrosio, Bicudo e Perez. Após a análise do PPC, aplicamos um
questionário aos acadêmicos do curso, a fim de verificar o enfoque dado a Investigação
Matemática no decorrer da licenciatura. As informações obtidas foram organizadas na forma
de três categorias de análise, são elas; Objetivos do Curso, Perfil do Egresso e Disciplinas e
Ementas. Nossa olhar sobre as categorias citadas busca apoiar-se em dados quantitativos
para realizar uma análise qualitativa dos dados .Os resultados obtidos apontam que, ainda
que a proposta acerca da metodologia de Investigação Matemática tenha sido elencada no
PPC, e apareça como proposta relevante para a formação do futuro professor, esta aparece
timidamente na prática docente, estando ainda bastante restritas a algumas disciplinas da
área de Educação Matemática, carecendo ser ampliada de modo a permear outras
disciplinas do curso. Como resultado de uma abordagem ainda insuficiente para assegurar o
conhecimento teórico-prático desta metodologia, observa-se nesse contexto que os
licenciandos ainda demonstram insegurança na utilização da Investigação no futuro
exercício da profissão.
Introdução
2. Investigar em Matemática
constituído não só por raciocínio rigoroso ou formal, mas também por processos
informais, entre outros: ―generalizar a partir da observação de casos, argumentos
indutivos, argumentos por analogia, reconhecer ou extrair um conceito matemático
de uma situação concreta.‖ (FONSECA, BRUNHEIRA, PONTE, 1999, P. 4)
Assim, a investigação como atividade na Educação Matemática vem para
colaborar com o desenvolvimento destes raciocínios, pois o seu desenrolar e todos
os caminhos necessários para expandir esta atividade, oferece todo aportes para
desenvolvermais que habilidades e conceitos matemáticos.
(i) ter um ambiente natural como sua fonte direta de dados e o 804
pesquisador como seu principal instrumento; (ii) coletar dados
predominantemente descritivos; (iii) ter maior atenção ao processo que com
o produto; (iv) o processo de analise tende a se indutivo, sendo que os
pesquisadores não se preocupam em buscar evidencias que comprovem
hipóteses definidas antes do inicio dos estudos. As abstrações formam-se
ou se consolidam, basicamente, a partir da inspeção de dados num
processo de baixo para cima.
Gráfico 2 -
Como podemos observar 65% dos acadêmicos já tiveram contato, leu ou teve
atividades práticas com a metodologia de Investigação Matemática, 15% afirmam ter
tido contato apenas vagamente e, segundo os mesmos, gostariam de ter estudado
mais a fundo. Outros 15% asseguram que não experimentaram tal metodologia em
nenhum momento ou disciplina.
Essas respostas fazem impõem uma reflexão, pois em se tratando de uma
tendência da Educação Matemática, e que prevê a exploração de conceitos
matemáticos e até mesmo atividades práticas, e estando tal proposta elencada no
PPC do curso, entendemos que a mesma deveria ter sido abordada e/ou ser mais
amplamente trabalhada. A partir dos dados questionamos: Por que razão notamos
índices tão baixos? Estariam os formadores despreparados para aplicar esta
metodologia? Poderia ainda ser que estes a conhecem, mas não se sentem seguros
em desenvolver tal metodologia?
Sobre a abordagem das denominadas tendências atuais da Educação
Matemática Micotti (1999, p.160) argumenta:
4. Considerações Finais
Referências Bibliográficas
Resumo
O presente artigo apresenta noções presentes em um curso de formação continuada
oferecido aos professores-formadores das Oficinas Pedagógicas do DF109, em 2016. 814
O curso recebeu como nome oficial: Rodas de Brincar: a importância dos brinquedos
cantados, cirandas e brincadeiras na escola. Após a formação dos professores-
formadores, o curso foi ministrado em oito Regionais de Ensino diferentes,
evidenciando o caráter de trabalho em rede que emana do coletivo das Oficinas
Pedagógicas. Esta formação, cuja pesquisa continua em expansão, busca suscitar
reflexões sobre o brincar, além de ampliar o repertório de brincadeiras corporais dos
professores. Um dos objetivos específicos é a promoção do encontro entre as
pessoas, que se tocam, dançam, brincam e cantam, contribuindo para que
memórias poéticas sejam despertadas em momentos simples do cotidiano. Rubem
Alves (2014), Cipriano Luckési (2000, 2005 e 2014), Elias José (2012) são alguns
dos aportes teóricos que subsidiam as noções de ludicidade e memórias poéticas
neste texto apresentadas.
1. Giro Introdutório
Este artigo expõe noções presentes em um curso de formação continuada de
professores, denominado Rodas de Brincar: a importância dos brinquedos cantados,
cirandas e brincadeiras na escola, o qual foi ministrado aos professores-formadores
das catorze Oficinas Pedagógicas do DF, em 2016.
Segundo consta no documento Cadernos Pedagógicos, disponível no site da
EAPE110, o Projeto Pré-Escolar, executado por um grupo de professores das
Regiões Administrativas de Taguatinga, Brazlândia e Ceilândia, deu origem ao que
hoje conhecemos como Oficinas Pedagógicas, no ano de 1986. Consistiu em um
projeto de pesquisa, confecção e utilização de materiais lúdico-pedagógicos, que
subsidiassem a operacionalização do currículo da Educação Pré-escolar à época.
109
Espaços de formação continuada dos professores, vinculados à EAPE (Centro de Formação dos Profissionais
da Educação) e à CRE (Coordenação Regional de Ensino). Em algumas passagens deste texto, usarei a sigla
OPs, referindo-me a estes espaços.
110
https://issuu.com/eapegpav/docs/caderno_pedagogicos
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
As origens das Oficinas Pedagógicas não estão, portanto, vinculadas a
nenhum programa ou projeto de governo específico, ao contrário: surgiram a partir
dos próprios professores. Talvez por isso as OPs constroem uma história de
sucesso que já dura três décadas. Logo no início, esta experiência pela pesquisa de
materiais de auxílio ao professor foi chamando a atenção de profissionais de outras
etapas do Ensino, além da Educação Pré-escolar. Dessa maneira, as próprias 815
permite à brincadeira. Portanto, existe um preconceito social, que julga ser ridículo
um adulto brincando.
Rubem Alves (2014) traça uma analogia, que se adequa ao texto que ora
apresento, entre duas caixas que carregamos. Uma delas, segurada pela mão
direita, seria a caixa de ferramentas, representando o lado prático, prosaico da vida,
a realidade, a utilidade. Do lado esquerdo, o lado do coração, teríamos a caixa dos
brinquedos. Nesta caixa, estariam os nossos sonhos, o lado poético da existência, a
fruição, as coisas que, não levando a lugar algum, justificam-se apenas pelo prazer
e pela alegria que promovem. Ainda segundo o autor, ―a vida não se justifica pela
utilidade. Ela se justifica pelo prazer e pela alegria‖ (ALVES, 2014, p. 15). Neste
sentido, o que legitima nossa existência seriam exatamente os elementos guardados
na caixa dos brinquedos. Mas será que conseguimos acessá-los, após tanto tempo
entendendo que a caixa das ferramentas é a mais importante? Dessa maneira,
muitos de nós vamos admitindo uma postura automatizada frente à existência,
cumprindo apenas os deveres, deixando os prazeres em segundo plano, quando
não ficam relegados. A caixa de brinquedos só se justifica ser acessada, então,
pelos infantes. Mas, sobre a infância, Patrícia Corsino esclarece:
Bemvenutti (2009):
Brincando se aprende, porque o prazer e a descoberta estão envolvidos
nessa relação (visceral). Quem brinca age, coloca-se, vivencia situações
que lhe expõe a conflitos, a evoluções, ou à conservação de valores. Nós,
educadores, devemos tomar cuidado em deixar que o brincar se faça, na
sua ―inutilidade‖, na sua gratuidade, na sua graça. Cuidarmos do brincar é
atuarmos de forma com que ele não seja um dever ou uma série de
ordenações automáticas que devem obedecer a determinado objetivo, mas
que ele se crie na inventividade da criança, e com a intervenção, quando
necessária, de um adulto que também sabe brincar (BEMVENUTTI, 2009,
p. 182).
permanece conosco e pode ser ativada a qualquer instante. Há, portanto, uma
possibilidade de solução a ser sugerida: uma gradativa reeducação do professor,
pessoa fundamental para qualquer mudança que se queira ver no âmbito
educacional.
Os estímulos externos são importantes para que tenhamos consciência desse
universo encantador que brota a partir da brincadeira. Afinal, existe a questão do
contágio, que acontece nas atividades grupais. Nesse sentido, a formação
continuada oferecida nos espaços das Oficinas Pedagógicas constitui uma postura
vanguardista frente a essa questão. São três décadas de pesquisas e defesa do
lúdico na educação. Considero inclusive como uma experiência personificada de
ludicidade, concreta e real, por buscar integrar, em suas atividades, o pensar, o
sentir e o agir. A recepção a estas propostas costuma ser positiva, tendo em vista as
avaliações dos professores-cursistas. Tomando-as como base, podemos inferir que
as vivências conseguem propiciar momentos de inteireza e plenitude entre os
participantes, que costumam sugerir ampliação de carga horária dos cursos.
Assim, participar de um curso em uma Oficina Pedagógica do Distrito Federal
é algo visceral, pois as propostas são executadas seguindo-se os princípios da
aprendizagem vivencial, em que a educação dos sentidos se torna importante. É
pegando com as mãos, vendo com os olhos, escutando com os ouvidos, sentindo
com o coração... não da forma automática como estamos acostumados, mas de
uma maneira poética, atenta, sensível. A formação continuada surge como uma
possibilidade de descobertas. Nesse aspecto, a experiência lúdica dos professores
participantes dos cursos é sempre um objetivo a ser alcançado. Entendemos que, ao
perceber, de maneira integrada (corpo, mente e sentimento), será mais significativo
poderemos estar mais perto daquilo que deveria ser um dos objetivos das
instituições escolares: a alegria de aprender e ensinar. Além do efeito junto aos
estudantes, alcançado de forma indireta, existe outro, talvez mais significativo, que
diz respeito ao próprio professor. Ao abrir-se ao ser brincante que é, pode perceber-
se envolto com sua criança interior, refazendo vínculos e resgatando memórias junto
a suas experiências culturais, sejam negativas ou positivas. Quando o professor se
permite brincar, torna-se mais animado com sua prática docente. Isso porque a
brincadeira relaciona-se ao emocional e ao psicológico. Animar, em sua raiz
etimológica111, vem do latim animus, que significa a alma, os pensamentos. No
latim, o animus estava ligado ao conceito de anima, que era a força que dava vida a
todo ser. Em português, anima seria o espírito. Anima também significava o ar, a
respiração, o sopro de vida. A experiência nos mostra que as atividades lúdicas têm
o potencial de apresentar este ―sopro de vida‖ à prática docente, conforme podemos
perceber nas avaliações e relatos dos participantes dos cursos nas Oficinas
Pedagógicas. Neste sentido, dialogamos com o que defende Bernadete Porto
(2002):
Um professor que não goste de jogar, que não goste de expressar-se pela
arte, dificilmente poderá incrementar uma educação onde a ludicidade seja
elemento presente. Investir numa educação de qualidade passa, então, por
permitir e estimular a expressão do professor, da sua linguagem interior,
exterior, sensível e artística, onde a brincadeira se expande à medida que
as crianças aprendem (PORTO, 2002, p. 12).
111
Conforme dicionário etimológico disponível em: http://www.dicionarioetimologico.com.br/animo/ Acesso
em 10/04/2017.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
atividades lúdicas, o educador precisa investir em sua formação pessoal, de modo
que seja estimulado a criar, experimentar, conhecer as possibilidades do jogo para si
próprio no momento presente e, não como se fosse voltar à infância. ―O jogo na
escola precisa ser visto como atividade do aluno e do educador. Assim, não é
possível que o educador desenvolva um jogo com os alunos sem nunca ter
vivenciado‖ (SANTOS, 2014, p. 26). A metodologia vivencial presente nos cursos 822
112
http://www.dicionarioetimologico.com.br/coracao/
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
memória ―viaja leve. Não leva bagagem desnecessária.‖ (ALVES, 2014, p. 72). Ele
ainda defende que a memória guarda o que deu prazer, pois é o que oferece
alegrias, dando sentido à existência. ―Somente as coisas amadas são guardadas na
memória poética, lugar da beleza‖ (ALVES, 2014, p. 89). Memórias poéticas
constituem, pois, a próxima noção que trago neste texto, referindo-me a lembranças
que, aguçadas, mexem com nosso afetivo, levando a lugares do nosso passado, 823
permeados de boniteza.
São memórias de infância, cheiros, lugares, pessoas, canções, momentos,
situações, vivências, sentimentos. Essas lembranças podem ser motivadas por
várias situações, dentre elas as cantigas tradicionais de infância. Quando ouço: ―Oh,
alecrim, alecrim dourado/ Que nasceu no campo/ sem ser semeado/ Foi meu amor/
Que me disse assim/ Que a flor do campo/ é o alecrim‖, com olhos rasos d‘água,
vem-me à memória a lembrança de uma estudante aos cinco anos, balançando um
chocalho feito de grãos de arroz, sentada junto a outros colegas em uma
apresentação escolar. Sou eu. Cabelos amarrados em um rabo de cavalo com
uniforme vermelho e branco. Lembranças de um tempo bom, com cheiro de
eucalipto, um tempo mágico repleto de sonhos e de esperanças.
Estas cantigas povoam nosso imaginário cultural e fazem com nossas
memórias deixem de ser individuais e passem a ser coletivas, pois são cantigas que
se fizeram presentes na infância da maioria dos atuais professores. Umas marcam-
nos com maior intensidade, outras com menos força, mas em algum momento, elas
se encontram e dialogam.
De repente, quando alguém começa a cantar: ―Se essa rua, se essa rua fosse
minha... basta chegarmos ao fim do primeiro verso para que tenhamos a companhia,
em coro, dos presentes. A cantiga, que começa solitária e fria não demora a se
tornar coletiva e cheia de energia. Que magia é essa? Que lembranças estão
envolvidas nestas memórias que, partindo de uma pessoa, dialoga com as outras,
constituindo o que podemos entender como memória coletiva?
Ao propormos estas atividades aos professores, buscamos conectar o adulto
que somos com a criança que fomos, em um diálogo relacional, enfatizando, como
Lembranças são, pois, palavras, escritas ou faladas. É por meio delas que
nossas memórias revivem. As cantigas que cantamos, as brincadeiras que
brincamos também nos constituem enquanto o adulto que somos hoje, pois
deixaram marcas em nossos corpos e em nossas memórias. Ter a oportunidade de
entrar em contato com essas lembranças pode promover o avivamento do ser
brincante que fomos e que ainda podemos ser.
A oralidade é fundamental para perpetuar tanto as cantigas quanto as
brincadeiras tradicionais da infância. No entanto, na contemporaneidade, as crianças
estão cantando menos, conforme constatou a pesquisadora Lydia Hortélio113 em
suas andanças pelo Brasil. Segundo ela, o repertório de cantigas tem ficado mais
pobre com o passar do tempo. Nesse sentido, a presença de um professor que
possibilite essas vivências em sala de aula se torna fundamental.
Conforme defendem Maristela Loureiro e Sônia Lima:
O curso Rodas de Brincar tem sido uma grata surpresa. Ao ler tantas
avaliações positivas e receber várias sugestões de que sua carga horária seja
ampliada, percebo que tem sido impresso um ―gostinho de quero mais‖. A forma
geométrica circular se torna significativa, pois simboliza a integração, a plenitude.
Nesse sentido, a proposta do curso busca integrar o aspecto prosaico (a dimensão
da utilidade, a caixa de ferramentas, por se tratar de uma formação continuada,
devidamente certificada e com todas as cobranças burocráticas que aí se inserem) e
o aspecto poético (a dimensão da fruição, da caixa de brinquedos, que se relaciona
com o prazer proporcionado durante os momentos vivenciados).
As propostas do curso convidam o professor a despertar o próprio corpo,
ampliando sua percepção sensível, de modo a notar seus limites e possibilidades.
Brincadeiras de mãos, de pés, percussão corporal, desafios rítmicos colaboram para
alcançar os objetivos estabelecidos. Estas atividades desbloqueiam resistências,
afloram emoções e, ao mesmo tempo, instrumentalizam o professor com atividades
que possam ser inseridas em suas aulas, favorecendo para que o docente se torne
ainda mais autônomo em suas propostas potencialmente lúdicas. Um relato
recorrente é de que a formação foi significativa, tanto para o aspecto profissional
quanto para o pessoal dos participantes, que se percebem mais brincantes em sua
própria vida, junto aos seus estudantes e às pessoas de suas famílias.
Por serem executadas coletivamente, as atividades lúdicas vivenciadas no
curso contribuem para que o grupo se torne coeso e mais próximo, estabelecendo-
se relações de maneira horizontal, pois em roda, não há hierarquias. Essa
convivência grupal favorece, também, para que as memórias poéticas sejam
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
ativadas, por meio de várias vivências, como a contação de histórias, os brinquedos
cantados, as cirandas. O exemplo de uma atividade que colabora para a
experienciação coletiva dessas memórias poéticas é o desafio das cantigas de roda.
Nele, dois participantes vão ao centro da roda. Cada um precisa cantar duas
cantigas tradicionais da infância e desafiar outros dois participantes a darem
sequência à brincadeira. Não é permitido que sejam cantadas canções repetidas. É 826
7. Considerações Giratórias
8. Referências
ALVES, Rubem. Educação dos sentidos e mais... Campinas, SP: Verus Editora, 2014.
BROUGÈRE, Gilles. Brinquedo e Cultura. 8 ed. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
CORSINO, Patrícia. Pensando a infância e o direito de brincar. Salto para o futuro. 2ª ed.
Ano XVIII, boletim 7 – maio de 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. SP:
Paz e Terra, 1996.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
JOSÉ, Elias. Memória, cultura e literatura: o prazer de ler e recriar o mundo. São Paulo:
Paulus, 2012.
_______________. Brincar II: Brincar e seriedade. Publicado em 2005 (c). Disponível em:
https://goo.gl/UKVwbA. Acesso em 17/03/17.
RESUMO
Este trabalho tem por finalidade contextualizar a importância da implantação do NTE
– Núcleo de Tecnologia Educacional em Naviraí-MS e a implementação das
formações mediadas pelas TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação nas
unidades escolares da rede pública. O NTE de Naviraí foi criado juntamente com
outros cinco NTEs, segundo Feitosa (2013), ―Com a finalidade de promover a
inclusão digital, realizaram-se parcerias entre o Governo Federal, Estados e
Municípios Brasileiros para a implementação dos Núcleos de Tecnologias
Educacionais, para que estes disseminassem conhecimentos técnicos e
pedagógicos. Desde a implantação do NTE de Naviraí, em 2007, vindo ser
estruturado em 2008, este tem por missão contribuir para a qualidade do ensino e da
aprendizagem nas escolas públicas do município sede e dos municípios de sua
jurisdição, através de ações que possibilitem a integração das tecnologias e
respeitem a diversidade do cidadão sul-mato-grossense. Destacamos que a
implantação do mesmo oportunizou a capacitação dos professores num momento
em que os avanços tecnológicos estavam cada vez mais rápidos e fazendo parte do
cotidiano das pessoas em todos os lugares, pois a escola não deve ficar alheia a
essa realidade. Inicialmente foi trabalhado com os cursos oferecidos pelo PROINFO:
Introdução à Educação Digital (60h), o curso Tecnologias na Educação: Ensinando e
Aprendendo com as TICs (60h), curso Elaboração de Projetos (40h) e Redes de
Aprendizagem (40h). Cabe ressaltar que simultaneamente o NTE ofertava outros
cursos elaborados por sua equipe com a finalidade de oferecer aos professores
ideias de práticas pedagógicas cada vez mais inovadoras. Sabemos que a
tecnologia, por si só, não produz avanço e por isso a necessidade da formação do
professor para poder inserir em sua prática como mais um recurso que desperta o
interesse dos alunos. Neste contexto das formações verificamos que quando o NTE
iniciou suas atividades muitos dos nossos professores não tinham conhecimentos
114
Mestre em Educação pela UFGD/2017, membro do GEPRAFE – Grupo de Estudo e Pesquisas
sobre Educação, relações étnico-raciais e formação de professores. Professora Formadora da
CRE8/Gestão de Tecnologia Educacional.
115
Mestre em Geografia pela UFGD/2009. Professora Formadora da CRE8/Gestão de Tecnologia
Educacional.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
das tecnologias fazendo um retrospecto, observamos que atualmente esses já
fazem uso dos recursos midiáticos com muita propriedade, podendo-se asseguar
que essa realidade é fruto da implantação do NTE. Suas formações, suas
orientações e o trabalho articulado aos Técnicos da COTED, professores
multiplicadores e PROGETECs fizeram a diferença nesses nove anos de existência.
E podemos afirmar que a formação foi e sempre será a pérola do NTE de Naviraí.
INTRODUÇÃO
Cabe ressaltar que o Proinfo fora instituído através da portaria nº 522/97 com
a denominação de Programa Nacional de Informática na Educação e tinha por
finalidade promover o uso da tecnologia como ferramenta de enriquecimento
pedagógico no ensino público fundamental e médio. Todavia, em 2007 foi instituída
uma nova versão do Programa pelo decreto nº 6.300/07, em que o Programa passa
a ser denominado por Programa Nacional de Tecnologia Educacional – Proinfo e
postulava a integração e articulação de três componentes:
116
O Ambiente Colaborativo de Aprendizagem (e-Proinfo) é um ambiente virtual colaborativo de
aprendizagem que permite a concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos de
ações, como curso a distância complementa a cursos presenciais, projetos de pesquisa, projetos
colaborativos e diversos outras formas de apoio a distância e ao processo ensino-aprendizagem.
Disponível em<http://portal.mec.gov.br/expansao-da-rede-federal/114-conhecaomec-
1447013193/sistemas-do-mec-88168494/138-e-proinfo> acesso 7 de jun de 2017.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Após aplicação da ―Introdução à educação digital‖ o NTE ofereceu o curso
―Tecnologia na educação: Ensinando e Aprendendo com as TICs‖, com carga
horária de 100 horas. O Curso visava:
834
Oferecer subsídios teórico-metodológico-práticos para que os
professores e gestores escolares possam:
Compreender o potencial pedagógico de recursos das TICs no
ensino e na aprendizagem em suas escolas;
Planejar estratégias de ensino e aprendizagem integrando recursos
tecnológicos disponíveis e criando situações de aprendizagem que
levem os alunos à construção de conhecimento, à criatividade, ao
trabalho colaborativo e que resultem, efetivamente, na construção
dos conhecimentos e habilidades esperados em cada série;
Utilizar as TICs na prática pedagógica, promovendo situações de
ensino que aprimorem a aprendizagem dos alunos. (TORNAGHI,
2010, p.10).
Quanto à estruturação,
117
O Prezi é um software na modalidade computação em nuvem feito em HTML utilizado para a
criação de apresentações não lineares. No lugar, tudo é criado em uma estrutura única, parecida com
uma palheta de designer real disponível em < https://pt.wikipedia.org/wiki/Prezi > Acesso em 07 de
jun. de 2017.
118
Um é dos ambientes de educação a distância mais utilizados no Brasil e no Mundo. É um software
livre, de apoio à aprendizagem, executado em ambiente virtual. Foi criado em 2001 Por Martin
Dougiamas, mas a plataforma está em constante evolução. Disponível em < http://moodle.org/>
Acesso em 02 de jun. de 2017.
QUANTITATIVO
ANO CURSO
Introdução a Educação Digital 396
Oficina Tux Paint 18
Conhecendo e Explorando e Site-Portal do Professor 24
2008 Curso Básico de Instalação e Configuração 27
Curso de Informática Básica 09
Conhecendo o Geogebra 15
Introdução a Educação Digital 168
Tecnologia na Educação: Ensinando e Aprendendo com as TICs 254
2009 Formação Pela Escola: Competências Básicas 43
Informática Básica 134
Formação Pela Escola- Pdde 23
Curso: PITEC- Projeto Integrando Tecnologia e Currículo 234
Tecnologia Na Educação: Ensinando e Aprendendo com as TICs 146
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAVELLUCCI, Lia Cristina Barata. Prado, Maria Elisabette Brisola Brito; Almeida,
Maria Elizabeth Bianconcini. Elaboração de Projetos: guia do formador. 1. ed. –
Brasília: Ministério da educação, secretaria de educação à distância, 2009.
PRENSKY, M.: Digital Natives Digital Imigrantes. In: PRENSKY, Marc. On the
Horizon. NCB University Press, Vol. 9 No. 5, October (2001a). Disponível em
<http://www.marcprensky.com/writing/>. Acesso em 07 jun. de 2017.
842
SEED, PROINFO. Programa de Informática na educação, 2009. Disponível:
<http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/proinfo_diretries1.pdf.
Acesso em 12 de jun. de 2017.
Introdução
dias e depois partiu para o exílio no Chile, pelo motivo de que estava preocupado
em desenvolver um plano/programa que alfabetizasse os adultos do País. Isto
aconteceu porque a ditatura militar considerou e publicou que ele era um perigoso
subversivo120 internacional, um inimigo do povo brasileiro e até de Deus. O autor
relata que os militares contribuíram somente para o crescimento do autoritarismo, da
violência e da mentira, sendo tudo isto muito trágico para a nossa sociedade.
Entretanto, durante o exilio, Freire buscou não se apegar na saudade e nem ficar se
lamentando por estar ali, o autor procurou amar o contexto que estava e aproveitar
para pensar mais sobre suas teorias educacionais, e foi assim que surgiu o seu livro
sobre uma educação libertadora.
Sabe-se então, que Paulo Freire propunha uma pedagogia para liberdade,
isto a partir da realidade do nordeste brasileiro, local que possuía muitos analfabetos
pelo número de habitantes. O autor criou uma metodologia totalmente revolucionária
para época, pois pretendia alfabetizar adultos em curto tempo, com intuito também
de conscientizar estes cidadãos sobre a realidade política que viviam, não pretendia
apenas impor seus pontos de vista, mas que a população em um processo de
alfabetização pudesse formar suas próprias opiniões sobre o contexto histórico e
político e atuar na sociedade em que vive, pois esta época foi marcada pela
desigualdade social e pela opressão.
A proposta pedagógica de Paulo Freire ficou conhecida como movimento
popular brasileiro, proposta esta que buscava resultados em relação as implicações
sociais e políticas. A proposta tomou nome de círculo de cultura, pois fugia aos
modelos tradicionais e autoritários das escolas e para isso precisou eleger um
120
Subversivo: aquele que prega ou executa atos visando à transformação ou derrubada da ordem
estabelecida; revolucionário. (DICIONÁRIO ONLINE)
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
coordenador e alguns homens interessados em abraçar a causa em prol da
alfabetização da população de adultos não alfabetizados. Uma das características
do círculo de cultura era respeitar a liberdade dos educandos e nunca os chamar de
analfabetos e sim de alfabetizandos.
O círculo de cultura no momento de alfabetização partia dos conhecimentos
que os próprios educados possuíam sobre as palavras, então trabalhavam em cima 846
individual, porém só se realiza em relação com outro ―existires‖. O autor enfatiza que
o transcender, discernir e dialogar (comunicar e participar) são exclusividades do
existir, pois o transcender o liberta, o ato de discernir é o existir e não apenas o viver
atingindo o ontem, reconhecendo o hoje e descobrindo o amanhã. Isto ocorre
porque o homem não está preso a um tempo reduzido a um hoje permanente, o
homem existe, está dentro, fora, herda, incorpora e modifica o mundo, tendo
domínio do que lhe é exclusivo – a História e a Cultura.
Quando se trata da integração ao contexto, Paulo Freire entende que não
significa acomodação, mas sim que integrar-se ao contexto é ajustar-se à realidade
expandindo-se para a possibilidade de transformá-la, considerando uma opção,
sendo a criticidade a nota fundamental deste processo. O autor enfatiza que a partir
do momento que o homem é submetido a prescrições alheias e vai perdendo a
capacidade de opinar, este já não se integra no contexto. Portanto, o homem
integrado é um homem Sujeito. A adaptação é um conceito passivo, o pensador
utiliza este aspecto passivo porque não seria o homem capaz de alterar a sua
realidade, mas de alterar-se para se adaptar ao contexto, tornando-se então
submisso ao seu contexto.
O autor revela que o que se sente no dia a dia, é o homem simples
esmagado, diminuído e acomodado, sendo dirigido pelo poder dos mitos que as
forças sociais poderosas criam para ele e caso voltar-se contra estes mitos, eles o
destroem e o aniquilam. O homem acaba sendo, um homem assustado, temendo a
convivência autêntica e até duvidando de sua possibilidade, ao lado do medo e da
solidão, que se alonga para o ―medo da liberdade‖, pois falta nestes indivíduos um
vínculo crítico e amoroso.
participação.
Compreende-se, que o papel do professor é fundamental neste processo e
que este educador necessita ter um pensamento crítico para então mediar
conhecimento e estimular em seu educando a criticidade. Portanto, assim como
Freire (1967) afirma, a educação é primordial no processo de modificação do povo,
pois irá refletir na mudança da sociedade. Assim, como Candau ( 1999, p. 112)
afirma:
Educar para a cidadania exige educar para a ação político-social e esta,
para ser eficaz, não pode ser reduzida ao âmbito individual. Educar para a
cidadania é educar para a democracia que dê provas de sua credibilidade
de intervenção na questão social e cultural. É incorporar a preocupação
ética em todas as dimensões da vida pessoal e social.
Considerações finais
Referências
121
Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal da
Grande Dourados (FAED/UFGD). Email: soaresadri26@gmail.com
122
Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal da
Grande Dourados (FAED/UFGD). Email: anapaulabsagrilo@hotmail.com
123
Professor do curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade Federal da
Grande Dourados (FAED/UFGD). Doutor em Educação. Email: alcimarqueiroz@ufgd.edu.br
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Palavras-Chave: Ideologia; Disciplina; Currículo; Didática; Teoria do Currículo
Introdução
Este trabalho foi criado a partir das aulas do curso de Pedagogia, com base
nas disciplinas "Didática" e "Teoria e Prática do Currículo", do terceiro e quarto
semestre do curso de Pedagogia da Universidade Federal da Grande Dourados, 856
À guisa de conclusão
Assim, o que se espera das escolas é que elas formem cidadãos capazes de
produzir, trabalhar de acordo com o discernimento ideológico do Estado. E, de certa
forma sejam conduzidos a reprodução das estruturas sociais já impostas. Os
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
discursos observados nos debates demonstraram que se busca conhecimento e
saberes para a contribuição do sistema de capital e a contribuição para formação de
cidadãos, no qual pressupõe o art. 36 da LDB (BRASIL, 1996) que apresenta a
seguinte diretriz:
A preparação geral para o trabalho e, facultativamente, a habilitação
profissional poderão ser desenvolvidas nos próprios 863
estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação com
instituições especializadas em educação profissional (LDBEN,
1996, p.36).
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 7.ed. São Paulo: Perspectiva,
2007a. 361p.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciencias humanas. São
Paulo, SP: Martins Fontes, 2002. 541p.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 24. ed. Rio de Janeiro, RJ: Graal, 2007. 295p.
____. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 41. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. 291p.
______. Lei Nº. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Brasília, 1996.
DÍAZ, Mario. Foucault, docentes e discursos pedagógicos. In: SILVA, Tomas Tadeu (org.)
Liberdades Reguladas: A pedagogia construtivista e outras formas de governo do eu. 2.
ed. Petrópoles, RJ: Vozes, 1998. p. 7-46
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. 42. ed. Petrópolis, RJ: Vozes,
2014. p. 133-190.
865
Resumo
Este artigo125 tem como foco o trabalho desenvolvido pelas Oficinas Pedagógicas do 866
Distrito Federal (OPs), que, em 2017, completam 31 anos de existência. Atualmente,
cada Regional de Ensino possui sua própria Oficina Pedagógica, totalizando catorze
unidades, estrategicamente distribuídas pelo Distrito Federal: no Plano Piloto e nas
cidades-satélites. Nesses espaços, observam-se algumas categorias que permeiam
o trabalho, sendo a ludicidade o eixo norteador das propostas dos cursos oferecidos.
Para fundamentação teórica deste texto, são importantes os documentos oficiais que
normatizaram as Oficinas, bem como o relato (extraído de dissertações) de
profissionais que mencionam o valor da experiência proporcionada pelas OPs para
sua formação acadêmica e profissional. Com uma trajetória de mais de três décadas
na formação continuada, os professores participantes dos cursos avaliam-nos, na
maior parte das vezes, de forma positiva, sendo uma sugestão recorrente a
ampliação da carga horária dos cursos. Já foram ofertados mais de cinquenta cursos
diferentes, sendo estes os mais atuais: A arte de contar histórias, Rodas de Brincar,
Linguagem Musical, Scrapbook Pedagógico, A magia do Origami, O lúdico na
Matemática, Educação Ambiental Lúdica, Brincando com os saberes na Educação
Infantil, Jogos Corporais. Os cursos possuem especifidades mas há autores que se
fazem presentes na maioria deles, como: Johan Huizinga, Lev Vigotski, Paulo Freire,
Rubem Alves, Tizuko Kishimoto, dentre outros.
1. Introdução
124
Mestra em Artes Cênicas pela UnB, especialista em Língua Portuguesa (UNIVERSO), graduada em Letras e
em Dança. Professora da SEEDF desde 1993, atuando com formação continuada de professores na Oficina
Pedagógica de Ceilândia desde 2008.
125
Trata-se de um recorte da minha pesquisa em nível de Mestrado na Universidade de Brasília, pelo PPG-CEN,
sob orientação da Prof. Dr. Luciana Hartmann.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
essência do homem que, antes de pensar e ser homo sapiens é feito para fabricar
coisas e para fabricar a si mesmo‖ (DUROZOI, 2005, p. 500).
Em educação, a ideia do fazer também não é recente. Já em Comenius
(Século XVII), o pai da didática moderna defendia que o conhecimento precisaria
servir para a vida, devendo ir para além da escola e partir da experiência do próprio
educando. O princípio dos saberes a serem repassados deveria ser a observação da 867
própria natureza, assim como faziam os artesãos, que buscavam imitá-la. Além
disso, os conhecimentos científicos não poderiam ser impostos, mas repassados e
recebidos com alegria e satisfação.
Segundo o Dicionário Etimológico de Língua Portuguesa, a palavra oficina
remonta a duas origens:
1. Do francês, usine (1732): Loja, ateliê, oficina. Atualmente, designa
estabelecimento industrial equipado com máquinas, onde se processa a
transformação de matéria-prima em produtos finais ou semiacabados.
2. Do francês atelier, que significa ―oficina‖ ou ―estúdio‖. Atualmente, o ateliê
é o local onde trabalham os artesãos, artistas e demais profissionais que
inventam coisas a partir da criatividade (DICIONÁRIO..., 2008).
2. Um pouco de história
126
A portaria Nº 116 foi publicada no DODF de 31 de julho de 2012. É o documento mais recente sobre as OPs.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
No documento Cadernos Pedagógicos, que consta do site da EAPE, há um
capítulo sobre o trabalho das Oficinas Pedagógicas. Segundo ele, em 1986, o
Projeto Pré-Escolar, executado por um grupo de professores das Regiões
Administrativas127 de Taguatinga, Brazlândia e Ceilândia, deram origem ao que hoje
conhecemos como Oficinas Pedagógicas. Consistiu em um projeto de pesquisa, 871
127
Regiões Administrativas - RAs: Brasília não é dividida em cidades e bairros, portanto não há prefeituras. A
capital é composta por 31 Regiões Administrativas (RA’s) oficialmente constituídas como dependentes do
Governo de Brasília (DISTRITO FEDERAL, Portal do GDF, s/d).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo
e espaço (LARROSA, 2015, p. 25).
Hoje observo que havia uma visão ainda pequena a respeito das
possibilidades lúdicas, não só com relação à utilização dos jogos, como
também no aprofundamento das discussões e estudos teóricos sobre o
tema. Entretanto, considero que esse início foi o impulso necessário para
despertar em mim o interesse pela utilização das atividades lúdicas na
aprendizagem e buscar o aprofundamento nas questões educacionais (...)
Por reconhecer que a experiência na oficina foi um dos componentes que
me levou ao mestrado, justifica-se aqui explicar resumidamente as fases por
que passei (CARREIRA, 2003, p. 7-8, grifo meu).
4.2 Interdisciplinaridade
4.3 Andragogia
5. Considerações finais
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Atuar, como professor-formador, em uma Oficina Pedagógica do Distrito
Federal é uma oportunidade de grande crescimento profissional e pessoal. A
necessidade de estudo e pesquisa contínuas faz com que precisemos nos reinventar
criativamente, a cada encontro dos cursos. Nesse sentido, o trabalho em parceria, a
noção de coletividade, a docência compartilhada muito nos acrescenta e fortalece. 879
6. Referências
ALVES, Rubem. Receita para comer queijo. In: _______. O desejo de ensinar e a arte de
aprender. Campinas, Fundação Educar D‘Paschoal, 2004.
DOMÍNIO Público. Projeto escola viva. Cartilha 3: Oficinas Pedagógicas: um espaço para o
desenvolvimento de competências e habilidades na educação profissional. Disponível em:
<http://goo.gl/y8YaFG>. Acesso em: 16 jun. 2016, às 10h.
SOUZA, Mônica. M. D. Jogo de Regras: uma proposta lúdica para a retenção de conteúdos
e procedimentos algébricos. Brasília: UCB - Dissertação de Mestrado, 2002
881
(Formação de Professores )
RESUMO 882
A pesquisa objetiva investigar sobre as possibilidades da aprendizagem em Geografia por
meio da poesia, especialmente a partir da leitura da paisagem. A criança pode aprender a
ler e a escrever o mundo vivido, por meio da leitura da paisagem, que traz as marcas da
vida dos homens. A pesquisa foi qualitativa com a teorização de um projeto envolvendo a
criação de poesias sobre paisagem. Para isso foram analisadas as leituras que as crianças
realizam da paisagem por meio da poesia e entrevistas realizadas com professores,
coordenadores que trabalham com poesia na escola. Os alunos envolvidos no projeto são
do quinto ano de uma escola integral, denominada Mauricia Paré Gomes - Extensão
Laurindo Stragliotto, cidade de Maracaju, estado de Mato Grosso do Sul. Apresentou como
referencial Castrogiovanni (2003), Callai (2005, 2011), Costella (2003), Fazenda (2001),
Rojas (2007), Santos (2004), Leite (1982), Paz (1972), Lyra (1986) e outros. A pesquisa
apresenta como justificativa a importância da aprendizagem em Geografia por meio da
poesia. Esse processo pode fazer a criança conhecer a si mesma, o lugar em que está, as
relações com outros lugares e contribuir para uma leitura e escrita do mundo vivido. Os
principais resultados mostram que as crianças apresentem diferentes leituras da paisagem
por meio da poesia. A criança pode tornar-se capaz de saber olhar, observar, descrever as
paisagens dos lugares, que são formados de cores, movimentos, odores, sons e também
são constituídos de raízes nas histórias das pessoas, grupos que ali vivem ou viveram. São
lugares que estão no mundo e o mundo também está nesses lugares, na incrível dinâmica
chamada vida.
APRESENTAÇÃO
artesão, formam os tecidos, as colchas, os retalhos. Tecitura talvez seja a mais bela
metáfora sobre interdisciplinaridade, seja ela a da dos ―tecidos, da elaboração, das
tramas que compõem os panos, os tapetes, as colchas que nos envolvem, que nos
protegem, que nos ornamentam, marcadas pelos compassos cotidianos, que são
representações de nossas vidas [...]‖ (FAZENDA, 2001, p. 128)
Essa Geografia, que aqui optamos por falar de interdisciplinar, é profundamente
poética. Acreditamos na possibilidade do aprendizado sobre o mundo vivido por
meio da poesia, do que se há de mais lindo para rimar, fantasiar, ou seja, quebrar as
barreiras do aprender. Transformar os limites da imaginação em realidade. Ser real
ao compreender e aprender sobre o mundo. Isso pode não ser tarefa fácil, para
quem muitas vezes não observa o que esse mundo transpira: beleza, alegria,
tristeza, mistério, liberdade, sensações, ideais, amor, fantasia, dor, medo, sabor.
Isso sem deixar que o mundo seja mundo, por meio da realidade.
O professor tem a possibilidade de criar condições para que a criança aprenda a
pensar sobre a paisagem, e para isso, é necessário aprender a ler a mesma
(CALLAI, 2005). Para isso nada melhor que aulas que não se limitam as meras
paredes de uma sala, onde o mesmo vive somente a paisagem das carteiras, do
lápis e da borracha. Ser livre ao ensinar e aprender Geografia, fazendo uma leitura
de mundo real, do cotidiano, da vida, da história de cada criança, de cada lugar.
Para isso é significativo trabalhar com uma Geografia viva, que está presente no ser
criança, no que ela observa todos os dias. A observação se torna fundamental, para
uma boa leitura de mundo, mas não somente a observação de um livro didático, ou
de uma apostila.
Essa pesquisa, com abordagem qualitativa, aborda sobre a aprendizagem em
Geografia, especialmente a leitura da paisagem por meio da poesia. Traz uma
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
revisão bibliográfica sobre aprendizagem em Geografia por meio da poesia, bem
como as produções das crianças de uma escola municipal de Maracaju, estado de
Mato Grosso do Sul, que realiza projetos envolvendo a criação de poesias sobre
paisagem.
Para falar em uma Geografia por meio da poesia, consideramos importante que
as crianças aprendam a fazer a leitura do mundo vida. Callai (2005, p. 228) nos diz
que ―é fazer a leitura do mundo da vida, construído cotidianamente e que expressa
as nossas utopias [...] Ler o munda da vida, ler o espaço e compreender que as
paisagens que podemos ver são resultado da vida em sociedade, dos homens na
busca da sua sobrevivência‖. Assim a criança passa a pensar o espaço. ―Mas isso
requer a necessidade da alfabetização cartográfica, um processo que se inicia
quando a criança reconhece os lugares, conseguindo identificar paisagens. Para
tanto, ela precisa saber olhar, observar, descrever, registrar e analisar‖. (CALLAI,
2005, p. 229). O papel da Geografia com crianças é compreender o ―eu‖ no mundo,
considerando a sua complexidade atual. Quando a criança aprende a ler o espaço
em que vive e consegue estabelecer relações, representar e escrever o que está
lendo. Tudo isso resulta das vivências dos alunos. Para Callai (2005, p. 237)
paisagens que podemos ver, são resultado da vida em sociedade, dos homens na
busca da sua sobrevivência‖. Assim a criança passa a pensar o espaço. O
professor, as suas concepções de educação e de geografia, é que podem fazer a
diferença.
Em uma atividade em que a criança escolhe um lugar para desenhar que lhe
seja conhecido ou mesmo muito familiar, ela terá que fazer opções, escolhas. Assim
ela se dará conta de aspectos que não eram percebidos, ―poderá levantar novas
hipóteses para explicar o que existe, poderá fazer críticas e até encontrar soluções
para as quais lhe parecia impossível contribuir‖ (CALLAI, 2005, p. 244). Ao
representar um determinado espaço, a criança poderá criar um conhecimento para
além da realidade que está sendo representada, e assim estimula o
desenvolvimento da criatividade, o que, de resto, lhe é significativo para a própria
vida e não apenas para aprender, simplesmente. ―Para saber ler o mapa, são
necessárias determinadas habilidades, tais como reconhecer escalas, saber
decodificar as legendas, ter senso de orientação‖ (CALLAI, 2005, p. 241).
A prática de fazer a leitura do mundo nasce com a criança, por meio de seus
contatos, seja por intermédio da mãe, seja pelo esforço da própria criança, ou seja
ela busca a conquista de um espaço. ―Um espaço que não é mais o ventre materno
onde ela está protegida, mas um espaço amplo, cheio de desafios e variados
obstáculos, e que, para ser conquistado, precisa ser conhecido e compreendido‖.
(CALLAI, 2005, p. 233). A criança vai fazendo isso por meio dos desafios e quando
desafiada, superando e ampliando cada vez mais a sua visão linear do mundo.
Assim ela consegue ir avançando a sua capacidade de reconhecimento e de
percepção. Ao caminhar, correr, brincar, ela está interagindo com um espaço que é
social, está ampliando o seu mundo e reconhecendo a complexidade dele.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
[...] na alfabetização espacial, faz-se necessário que a criança tome
consciência do espaço ocupado por seu corpo. A escolarização deve ajudá-
la a orientar-se no espaço. A delimitação dos objetos e a posição relativa
que ocupam é indispensável nos estudos espaciais. A alfabetização
geográfica requer o trabalho com a esquematização espacial a partir do
corpo, lidando com os intervalos através de referências não apenas obtidas
pela observação, mas já com recursos do euclidianismo (lógico-
matemático). (CASTROGIOAVANNI et al, 2003, p. 22-3),
886
A escola, por sua vez, desafia a criança a ler palavras com o sentido de
compreender melhor esse mundo vivido. Para Callai (2005, p. 233) ―quando se lê a
palavra, lendo o mundo, está-se lendo o espaço128, é possível produzir o próprio
pensamento, fazendo a representação do espaço em que se vive‖. Aprender a
representar o espaço é muito mais que simplesmente olhar um mapa, uma planta
cartográfica. Saber como fazer a representação gráfica significa compreender que
no percurso do processo da representação, ao se fazerem escolhas, definem-se as
distorções. ―As formas de projeção cartográfica e o lugar de onde se olha o espaço
para representar não são neutros, nem aleatórios. Trazem consigo limitações e,
muitas vezes, interesses, que importa manter ou esconder‖. (CALLAI, 2005, p. 233).
A noção de espaço é construída socialmente e a criança vai ampliando e
complexificando o seu espaço. ―A capacidade de representação do espaço vivido, se
esta for desenvolvida assentada na realidade concreta da criança, pode contribuir
em muito para que ela seja alfabetizada para saber ler o mundo‖. (CALLAI, 2005, p.
244)
A Geografia ao falar das coisas da vida, fala dos espaços construídos pelos
homens, que em sua trajetória marcaram os lugares com os resultados da
luta pela sobrevivência. A tarefa da Geografia na análise da sociedade é
exatamente debruçar-se sobre a realidade com o olhar espacial. (CALLAI,
2003, p.64)
2 PAISAGEM
887
A poesia nos leva a outra dimensão de mundo, onde toda a fantasia tenta ser
repassada para o papel, através da escrita, sendo resultado do trabalho, daquilo que
foi proposto pelo tema tratado. ―Poesia não compra sapato, mas como andar sem
poesia?‖ Emanuel Marinho129, poeta sul-matogrossense, revela através desses
pequenos versos, a importância da poesia em nossas vidas. Como andar sem
poesia? Sem a beleza dos versos e rimas que dizem o que nosso coração esta
sentindo em momentos, duvidas, confusões, emoções. Fazer acontecer o mais
lindo, aquilo que os poetas deixaram como herança para a humanidade, entre as
linhas que nos levam a viver aquilo que transformamos em realidade. Na sala de
aula é assim. Viver o que há de mais lindo, na aprendizagem, através da fantasia e
da imaginação. Apresentar os mares, os oceanos, descobrir as matas, entender a
beleza das aves e das flores, transformando em poesia. Versos que traduzam a
aprendizagem e o conhecimento.
129
MARINHO, Manoel. Poesia não compra sapato, mas como andar sem poesia. Disponível em:
http://pensador.uol.com.br/autor/emmanuel_marinho/. Acesso: 20 agos. 2012.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Assim, vamos brincar de poesia, de falar e de dizer, de construir e de
aprender. Permitamo-nos brincar com o movimento que as palavras vão
traçando, ao desenrolar significados e sentidos do viver, das experiências
do pequeno Ser. Esmiuçar desejos, desvelar caminhos, abrir espaços para
ensinar com prazer, porque educar é estar com, e só tem sentido em uma
ciranda que corre e que gira, formando linhas sinuosas, coloridas,
interessantes... Construções significativas, transformando sabores em
saberes. Trocas em experiências e afetos. Generosidades em doar-se. 889
Entrelaçamentos, parcerias e presenças, contextualizando-os. (ROJAS,
2007, p.8)
METODOLOGIA
alunos a escreverem poesias. Uns diziam: estou livre, sinto-me leve, tranquilo.
Alguns relembraram a infância, pois acharam ―coquinhos‖ e na alegria de criança,
comiam felizes pois, iriam traduzir todo esse sentimento através da poesia. No
terceiro momento os alunos conheceram um riacho próximo a escola, no qual foi
permitido que ficassem descalços e molhassem os pés no mesmo. A liberdade e
alegria reinaram naquele lugar. Comentários como: aqui é lindo, surgiram em meio a
grande beleza. Mas havia um segundo riacho que estava poluído com papéis. Isso
causou espanto nos alunos, pois eles já apresentam consciência do que é poluição
e como ela é prejudicial para o ser humano.
Esses diferentes momentos foram inspiradores para a construção das
poesias, pois observaram diferentes paisagens, que fazem parte do próprio cotidiano
das crianças. Algumas das poesias estão descritas a seguir, com as diferentes
possibilidades de leitura da paisagem.
Como podemos observar a aluna realizou uma leitura envolvendo vida das
flores na escola, que muitas vezes não são percebidas, admiradas. Deu vida aquilo
que chamamos de rotina na escola, transformando seu dia-a-dia, em poesia, em
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
algo que para ela realmente tem valor, pois é o lugar onde ela passa a maior parte
de seu tempo, longe da família, mas aprendendo o valor da vida por meio da poesia.
Escrever, e observar a alma de nossos pequenos poetas, que traduzem o que
há de mais belo no mundo. ―Estou na escola, andando e observando, vejo uma
única nuvem no céu, sinto gosto de mel, sinto o vento balançando como lindos
Arcanjos brincando... Um sonho de criança através de palavras encantadoras‖. 893
Temos poesias que fazem uma leitura da paisagem marcada por sentimentos
de revolta, de tristeza, analisando a realidade de contextos poluídos, destruídos pelo
ser humano. A criança F (2012) revelou que viu um rio poluído perto da unidade de
ensino. Disse que devemos cuidar do que é nosso, cuidar da nossa vida. Partes de
seus versos evidenciam que ―Nos devemos ficar com grande vontade. Vontade de
viver com muito amor. Se ficarmos poluindo, todos nós. Vamos ficar doentes de
morrer de tanta dor...‖ (CRIANÇA F, 2012).
Esses pequenos poetas, por meio da leitura da paisagem, descobriram que
há belezas, alegrias e tristezas em diferentes contextos. Através da poesia,
desvendaram mistérios da natureza, perceberam o cotidiano com toda a sua
complexidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
130
Soneto de Fidelidade. In: MORAES, Vinicius. Antologia Poética. Editora do Autor: Rio de Janeiro, 1960.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
contextos. Quem dera um dia poder escutar de alguma criança os versos de Luis
Vaz de Camões131 ―é ferida que dói e não se sente‖. O poeta se refere ao amor,
aquele que não machuca, que cuida, que traz felicidade. Que a educação, por meio
da poesia, possa ser um ato de amor a vida, de encantamento pelo mundo.
REFERÊNCIAS 895
CALLAI, Helena Copetti . Cad. Cedes, Campinas, maio/ago 2005, vol. 25, n. 66, p.
227-247. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br. Acesso: 29 maio 2012.
CAMÕES, Luiz Vaz de. Amor é fogo que arde sem se ver. Disponível em:
http://www.suapesquisa.com/biografias/amor_e_fogo.htm. Acesso em: 20 agos
2012.
CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos; CALLAI, Helena Copetti; KAERCHER, Nestor
André. Ensino de Geografia. Práticas e Textualizações. 3. ed. Porto Alegre:
Mediação, 2003.
131
CAMÕES, Luiz Vaz de. Amor é fogo que arde sem se ver. Disponível em:
http://www.suapesquisa.com/biografias/amor_e_fogo.htm. Acesso em: 20 agos 2012.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
MARINHO, Manoel. Poesia não compra sapato, mas como andar sem poesia.
Disponível em: http://pensador.uol.com.br/autor/emmanuel_marinho/. Acesso: 20
agos. 2012.
MORAES, Vinicius. Antologia Poética. Editora do Autor: Rio de Janeiro, 1960.
PAZ, Octávio. El arco e la lira. 3.ed. México. Fundo de Cultura Econômica, 1972.
KAERCHER, Nestor André. Mais que ensinar geografia; ensinamos quem somos: 896
sonhamos projetos de vida e sociedade. In: CHAIGAR, Vânia Alves Martins.
PORTUGAL, Jussara Fraga (orgs.). Cartografia, cinema e outras linguagens no
ensino de Geografia. Curitiba: editora CRV, 2012.
SILVA, Priscila Orsoline. Como a poesia está sendo trabalhada em sala de aula.
Disponível em: hermes.ucs.br/cchc/dele/esp. Acesso: 20 agos. 2012.
ARTIGOS
ÁREA TEMÁTICA
EDUCAÇÃO, POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO
EDUCACIONAL
1 INTRODUÇÃO
tempo. Nos dias atuais existem diversos documentos que garantem o amparo legal
da pessoa com deficiência na rede pública de ensino.
A escola se apresenta como instituição comum a todos. Logo, um direito
adquirido das pessoas, principalmente as com deficiência. Neste aspecto, o projeto
desenvolvido apresentou relevância em relação a promoção de intervenção
educativa no município de Santo Amaro-Ma, onde fundamenta-se, na atual Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, no artigo 59, que
preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos, com deficiência,
currículos, métodos, recursos e organização específicas para atender às suas
necessidades.
Diante disto, torna-se viável destacar, sobre o processo de aprendizagem dos
mesmos, onde a relação do ensino ao seu aprendizado contribuem para que sua
limitação não se apresente como forma de interagir com o meio educacional, que,
nisto, evidencia-se, como as escolas trabalham a inclusão deste aluno, em meio as
dificuldades de materiais pedagógicos e não acessíveis á pratica pedagógica voltada
a estas deficiências.
Assim, o objetivo do projeto é promover intervenção educativa no município
de Santo Amaro, com formações pedagógicas na área da educação especial,
visando a melhoria da qualidade do ensino, com propostas de currículos viáveis ao
aprendizado dos alunos com deficiência. Os objetivos específicos compreenderam:
o desenvolvimento de estudos teóricos para identificar as orientações existentes na
Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva e a
sua relação com o ensino fundamental público; o planejamento de ações
interventivas de formação com professores da rede pública na área de educação
especial; realização do projeto em quatro ciclos de formação com professores do
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
município, através de estudos e oficinas pedagógicas; promoção de um seminário
final para consolidar os estudos e as produções dos professores.
A opção metodológica dessa pesquisa se fundamenta em uma abordagem
qualitativa em função da afinidade com o que defende Ludke e André (1986, p.18),
ou seja: o estudo qualitativo ―[...] se desenvolve numa situação natural, é rico em
dados descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma 900
2.OBJETIVOS
2.1GERAL :
2.2 ESPECÍFICOS :
3. FORMAÇÃO DE PROFESSORES
evidenciadas pelos alunos com deficiência (PRIETO, 2006). De acordo com essa
autora, os professores devem ser capazes de analisar os domínios de conhecimento
atuais dos alunos, as diferentes necessidades demandadas nos processos de
aprendizagem, bem como, elaborar atividades, criar ou adaptar materiais, além de
prever formas de avaliar os alunos para que as informações sirvam para
retroalimentar seu planejamento e aprimorar o atendimento aos alunos (PRIETO,
2006, p. 58).
Segundo Marin (1995) o termo Educação Continuada, traz um novo sentido
de educação, considerando-a como um processo contínuo.
4.MATERIAL E MÉTODOS
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
132
Programa Institucional Mais Extensão Universitária fomenta ações extensionista da UEMA, a serem
desenvolvidas no período de julho de 2016 a janeiro de 2018, proporcionando a participação da comunidade
acadêmica no desenvolvimento de projetos de extensão nos 30 municípios de menor Índice de Desenvolvimento
Humano – IDH do Maranhão, abrangendo três dimensões básicas do desenvolvimento humano: educação,
saúde e produção/renda. O programa vem de encontro a apoiar as ações governamentais nos municípios
maranhenses de menor IDH, materializadas no Programa Mais IDH do Governo Estadual
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
proporcionar que as ações fossem traçadas de uma forma melhor para contribuir e
colaborar com a Educação do Município de Santo Amaro -MA. Investindo em uma
grande ação pedagógica que possibilitou uma formação continuada dos educadores
o que possibilitará uma prática didática mais favorável ao processo de ensino e
aprendizagem dos alunos com deficiência.
907
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
MS.
Em relação ao tempo que atuam como educadoras na instituição religiosa. A
Professora 1(2016) atua há mais de 20 anos; a Professora 2 (2016) há dez anos; e a
Professora 3(2016) há 11 anos.
Pode-se considerar que as professoras entrevistadas possuem formação
adequada, bem como buscam o aperfeiçoamento constante por meio de graduação,
especialização e mestrado, sendo este último o caso da primeira Professora. No que
concerne o tempo de atuação, percebe-se que todas têm grande experiência como
educadoras no campo religioso (catequese – escola sabatina).
Depois deste contato inicial, questionou-se quais foram as razões que
levaram estas professoras a estar atuando em um espaço de educação não-formal
(igreja), como profissional da pedagogia? A Professora 1(2016) respondeu que ―Na
igreja eu já desenvolvo o papel de educadora, mas dentro da própria perspectiva
que a igreja tem, que é a escola sabatina, e dentro da escola tem professores nas
unidades para discutir as temáticas bíblicas, que é então, um papel de educador‖. A
Professora 2(2016) informa que é pelo ―Amor as crianças, em primeiro lugar amor a
Deus, em poder levar o evangelho para elas‖. Já a Professora 3 (2016):
ambiente profícuo para aprendizagem diferenciadas para além das escolas formais
de ensino, mas também se constitui em um espaço complementar a escola.
Já Santos (2008) explica que em comparação com a educação formal, a
educação não-formal de cunho cristão, é uma forma particular de educar. Ela pode
ser simplesmente definida como a instrução feita sob a perspectiva do cristianismo,
buscando ―[...] o desenvolvimento da pessoa e de seus dons naturais à luz da
perspectiva cristã da vida, da realidade, do mundo e do homem‖, como de forma
mais específica ela tem sido conceituada como ―a tentativa de organizar
sistematicamente o pensamento quanto à educação conforme os ensinamentos
bíblicos‖ (SANTOS, 2008, p.157), mesmo que em um formato diferenciado, ou seja,
o não-formal.
Na sequência questionou-se como se dá a atuação e prática das educadoras
no espaço investigado no que concerne a fase infantil? A Professora 1 (2016)
explicou que o currículo adventista é organizado trimestralmente, ―[...] a cada três
meses uma temática bíblica, em todas as faixas etárias‖. Em relação ao
departamento infantil em específico tem-se:
Para a Professora 3 (2016) ―[...] o meu objetivo é poder tirar essas crianças,
esses adolescentes dos coisas ruins, apresentar a eles uma oportunidade onde
poderão reconstruir suas vidas, através do amor e respeito, dar a eles a
oportunidade de escolha, ter uma educação que servirá para a construção de sua
vida futura‖.
Há um consenso na fala das professoras no que diz respeito a proposta da
igreja, mesmo que em alguns casos as entrevistas se coloquem no objetivo, como
se elas tivessem determinado tal objetivo, seja de orientação espiritual, moral e/ou
social.
Santos (2008, p.173) considera que, por sua própria natureza, a educação
cristã requer que seus instrutores sejam eficientes em algo mais do que o domínio
de técnicas pedagógicas. Para o autor, ―a perspectiva cristã de educação exige que
o educador seja hábil para interpretar as diferentes áreas do conhecimento a partir
de uma cosmo visão cristãs e assim, ensiná-las aos outros‖.
Contudo, Santos (2008, p.174) ressalta como importante, o fato de que, esta
―[...] tarefa requer do educador um cuidado com o seu caráter e o seu procedimento,
pois o divórcio entre teoria e prática pode ser desastroso neste processo‖. E, ainda
destaca que, em qualquer outra abordagem educacional, conhecimento e vida
podem ser interpretados como realidades distintas, mas o compromisso da
educação cristã com uma ―ética holística e normativa‖ torna qualquer separação
(teoria e prática) semelhante inviável.
Diante do trabalho que vem sendo realizado na escola sabatina indagou-se se
tem surgido algum resultado com a atuação do pedagogo a frente dessa
atividade/catequese? Sobre isso a Professora 1(2016) aponta que:
Tem sim! Inclusive, essa semana uma mãe me ligou, falando que iria
tirar o filho da escola sabatina, porque ele está dando muito trabalho
na escola, ele está muito indisciplinado. Então falei para a mãe que
iria conversar com ele. Quando cheguei para conversar com ele,
ficou meio com vergonha, perguntei para ele o que tinha acontecido
na escola. A criança começou a me contar o tal fato, como eu tinha
levado os nossos ideais comecei a ler para ele, expliquei, refletimos
juntos, falei que ele deveria dar orgulho para mãe e no final fiz uma
oração com a família junta. Também falei para mãe como seria a
conduta dele dali para frente, ele se comprometeu mudar, e
realmente a criança mudou de uma certa maneira que a mãe veio
nos agradecer a transformação do filho.
aprendizagem individual não são julgados. Isso não significa, no entanto, que não
haja avaliação. Ela é, em regra geral, inerente ao próprio processo de
desenvolvimento e integrada no programa de atividades. Assume vários formatos e
é participada por todos: formadores e formandos no sentido de aferir progresso ou
reconhecer necessidades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
LIBÂNEO,J. C. Pedagogia e Pedagogos, para quê?. 12. Ed. São Paulo: Cortez,
2012.
RESUMO
As crianças com dificuldades de aprendizagem podem apresentar uma lentidão,
sendo o seu ritmo o responsável pelo processo de ensino-aprendizagem
considerado insuficiente. Nesse contexto, é essencial uma formação que capacite o
profissional docente para atuar de forma a superar as suas próprias defasagens,
pois elas repercutem no processo de ensino-aprendizagem. Com o objetivo de
efetuar um estudo transversal sobre as dificuldades de aprendizagem no Ensino
Fundamental e as ações que podem ser realizadas dentro e fora de sala de aula
com as crianças da Educação Especial, realizamos um estudo bibliográfico em
artigos e livros, com o intuito de buscar informações acerca do objeto em questão,
foram consultados principalmente textos dos seguintes autores: Machado (1992);
Kauark & Silva (2008) e Santos (2009), cujas obras estão especificadas nas
referências bibliográficas. Durante as leituras, compreendemos que, diversos fatores
estão relacionados com o processo educacional, entretanto, não há uma receita
pronta para a prática do professor e que, dê garantia de que, os conteúdos foram
significativos para o educando. Entretanto, o estudo possibilitou a compreensão de
que, a formação inicial e a formação continuada com qualidade são de extrema
importância para que o educador obtenha bases, fundamentos, teorias e saiba o
modo mais adequado de agir e utilizar métodos, pertinentes a cada caso, para
proporcionar um melhor desempenho escolar, considerando as particularidades,
além disso, é fundamental que o educador tenha domínio do conteúdo que será
ministrado, organização de seu planejamento considerando no contexto da sala de
aula os indivíduos que nela estão inseridos, aspectos do micro, ou seja as questões
biopsicossocial. Com este trabalho, buscamos analisar o processo educacional e as
possíveis práticas e intervenções pedagógicas dos professores, diante de seus
educandos que apresentam algum tipo de dificuldade de aprendizagem. Os
resultados mostraram que, primeiramente o profissional que atua no ambiente
escolar, precisa compreender como se dá a construção do conhecimento e que este
processo passa por diversos estágios, ter interação com seus educandos e, buscar
estratégias para propiciar situações de aprendizagem para o estudante
Palavras chave: Ensino e Aprendizagem. Ensino Fundamental. Educação Especial.
ABSTRACT
133
Graduandas do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
Pesquisadoras da Linha de Pesquisa "Educação, Saúde e Práticas Educacionais", do Grupo de
Estudos e Pesquisas sobre Educação, Desenvolvimento Humano e Inclusão
(GEPEDHI/CNPq/UFMS).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Children with learning difficulties may present some slowness, being their rhythm
responsible for the teaching-learning process deemed insufficient. In this context, it is
essential a formation which capacitates the teaching professional to act in order to
overcome their own lags, because they have repercussions on the teaching-learning
process. With the objective to carry out a cross - sectional study on the learning
difficulties in Primary School and the actions that can be taken inside and outside the
classroom with the Special Education children, we carried out a bibliographic study in
articles and books, in order to search for information about the object in question the 929
texts mainly consulted were from the following authors: Machado (1992); Kauark &
Silva (2008) and Santos (2009), whose works are specified in the bibliographical
references. During the reading, we understand that, several factors are related to the
educational process, however, there is no ready recipe for the teacher's practice that
ensure that the contents were meaningful to the student. However, the study made it
possible to understand that, the initial formation and continuing education with quality
are of extreme importance for the educator to obtain bases, fundamentals, theories
and to know the most appropriate way to act and use the methods, pertinent to each
case, to provide a better school performance, considering the particularities, besides
it is fundamental that the educator has mastery of the content that will be taught, the
organization of its planning considering the classroom context and the individuals
that are inserted in it, aspects of the micro, that is the biopsicosocial issues. With this
work, we seek to analyze the educational process and possible practices and the
pedagogical interventions of the teachers, in front of their students who present some
type of learning difficulty. The results showed that, firstly the professional that acts at
the school environment, need to comprehend the how is the construction of
knowledge and that this process goes through several stages, has to interact with its
students and search for strategies to provide learning situations for the student.
Keywords: Teaching and Learning. Primary School. Special Education.
1 Introdução
A autora cita Weiss & Cruz (2007) para pontuar que o processo de
aprendizagem da criança não se dá apenas pelo cognitivo, conforme aponta:
De acordo com Weiss e Cruz (apud GLAT, 2007, p. 67), o sujeito que
está em processo de construção de seu conhecimento, seja em
situação de aprendizagem formal ou informal, não é determinado
somente pelo seu potencial cognitivo. Ele é o resultado da interação
entre seu aparelho biológico, suas estruturas psico-afetiva e psico-
cognitiva, nas interações com o meio social no qual ele está inserido.
(SANTOS, 2009, p. 5).
A ciência, por sua vez, não pode ser enquadrada no conjunto das 934
atividades naturais dos homens. Não pode ser compreendida como
puro impulso intuitivo de pesquisa sensível das qualidades objetivas
dos materiais que correspondem às necessidades biológicas.
Diferente desses, aquela é uma atividade histórica e culturalmente
constituída, datada em um momento no qual surgiram necessidades
e interesses sociais que a determinaram como atividade humana.
(MARINHO FILHO, s/d, s/p).
Essas dificuldades podem vir por diversos fatores, sejam eles orgânicos ou
emocionais, essas crianças se sentem rejeitadas, isso faz com que acentue o seu
fracasso escolar. 935
Para Marchesi e Martín (1995, p. 11) o termo necessidades educacionais
especiais refere-se ao sujeito que:
horária e salário docente, porém o objetivo não é discutir essas questões, mas
buscar meios que favoreçam a resolução do problema, sabendo-se que vem
aumentando nas escolas nos dias atuais. Mesmo assim, porém, as condições de
trabalho e a valorização do professor, bem como a estrutura do espaço escolar e as
ferramentas pedagógicas, atrapalham para que o educador realize as intervenções
pedagógicas necessárias para atender as necessidades dos alunos em matéria de
dificuldades de aprendizagem.
A formação docente incompleta, que não prepara o profissional para tomar
decisões e usar ferramentas em frente a uma situação de dificuldade de
aprendizagem e a falta de investimentos no que se refere à formação continuada,
esses fatores também induzem a que não haja, durante o percurso escolar, um
aproveitamento satisfatório, um aproveitamento que considere as particularidades de
cada indivíduo, com tomadas de decisão eficazes, para o aprendizado escolar
integral ‒ um aprendizado que permita ao estudante a apropriação dos elementos
para a construção de um sujeito crítico e atuante no meio em que está inserido.
7 Considerações finais
que o aluno desenvolve o seu potencial e transforma a sua realidade; por isso o
trabalho da escola deve sempre procurar compensar e superar as limitações do
aluno e isso exige um específico conhecimento técnico-pedagógico, a partir dos
parâmetros já estabelecidos por pedagogos como Piaget e Vygotski, acima
mencionados.
REFERÊNCIAS
RESUMO: O aumento da violência sofrida pela sociedade brasileira atinge dados 945
alarmantes, um fato preocupante é o aliciamento de crianças e jovens pelas facções
criminosas. A escola, ao invés de ser um lugar de educação e preparação para
cidadania, torna-se um ambiente de recrutamento de jovens para a criminalidade.
Em decorrência destes fatores, este estudo aborda a criminalidade exercida por
jovens dentro e fora do âmbito escolar, bem como, busca entender as práticas sobre
o sujeito que pertence a facções criminosas no Brasil com base no contexto atual e
nos escritos de Michel Foucault. Assim, tem como objetivo apresentar alguns fatores
que levam os estudantes das escolas brasileiras se voltarem para a criminalidade no
interior e no exterior da escola, por isso, e analisar o cenário da guerra das facções
criminosas brasileiras. Objetiva-se também pensar na escola como um ambiente que
vise o cuidado de si do sujeito aprendiz. Deste modo, procura-se entender o
funcionamento das organizações criminosas e possíveis motivos que fazem com
que os alunos se associem a elas. Indicadores do Governo de Estado do Mato
Grosso do Sul revelam que o Estado possui 10 Unidades Educacionais de
Internação e que das 283 vagas, 274 estão ocupadas, são jovens que muitas vezes
não viram na escola um atrativo maior do que a criminalidade. De fato, muitos
sujeitos são forçados a ingressar no mundo do crime, contudo, uma parte também
ingressa por interesses próprios. Deste modo, o poder educador da escola acaba
sendo substituído por outros interesses subjetivos dos alunos, tais como o
imediatismo, típico da política neoliberal, que o envolvimento em crimes pode
oferecer, no sentido de auferir bens de uso pessoal, e de se sentir realizado pelo
reconhecimento possibilitado pelo crime. São anseios que a escola não consegue
satisfazer e que estão presentes em muitos adolescentes. A instituição escolar ainda
aparece como lugar de punição, ao invés de reconhecimento as habilidades dos
seus alunos. Portanto, a escola necessita criar práticas capazes de cuidar do
cuidado dos seus alunos, assim, ouvir os anseios e as expectativas dos jovens são
fundamentais para que o professor consiga mostrar que se preocupa com os
aprendizes.
1. Introdução
Assim, vê-se que regiões caracterizadas por uma população de baixa renda
facilitam o aliciamento, já que, em regra, a presença estatal é menor e a do crime
organizado é maior. As escolas destas localidades se tornam alvos para o
recrutamento de jovens.
Na atividade docente não é difícil saber de fatos criminosos que envolvem
estudantes como tráfico, roubo ou mesmo uso de drogas dentro e fora das escolas.
Portanto, verifica-se que o medo toma conta até do ambiente que serviria para
educar os jovens brasileiros.
Jovens sem muita perspectiva de vida buscam se firmar na indústria do crime
por acharem que estão se envolvendo em algo mais atrativo do que a educação
escolar. Parece ser um movimento sem solução, já que a contemporaneidade
Temos em suma que admitir que esse poder se exerce mais que se possui,
que não é o ―privilégio‖ adquirido ou conservado da classe dominante, mas
o efeito de conjunto de suas posições estratégicas — efeito manifestado e
às vezes reconduzido pela posição dos que são dominados. Esse poder,
por outro lado, não se aplica pura e simplesmente como uma obrigação ou
uma proibição, aos que ―não têm‖; ele os investe, passa por eles e através
deles; apoia-se neles, do mesmo modo que eles, em sua luta contra esse
poder, apoiam-se por sua vez nos pontos em que ele os alcança.
(FOUCAULT, 2014, p. 30)
voluntariam. Sendo assim, ser um membro de uma facção criminosa seria uma
possibilidade de o jovem ser visto e lembrado em um lugar onde por vezes se sente
coagido e inútil, a instituição escolar.
A escola deveria ser um ambiente de educação pacífica e saudável da sua
população, que visa o desenvolvimento da pessoa e preparo para o exercício de
cidadania, conforme os anseios constitucionais.
Em contrapartida, em alguns casos percebe-se que a promessa estatal,
agora é ―satisfeita‖ pelas facções criminosas. Reconhecendo estes fatos como
preponderantes e importantes no contexto político brasileiro atual, cabe ressaltar
que, como lembra Foucault, ―não cabe à nós sugerir uma reforma. Queremos
apenas fazer conhecer a realidade.‖ (FOUCAULT, 2012, p. 2).
O Brasil precisa tirar das mãos das facções criminosas o controle das suas
prisões e garantir segurança a todos os presos, disse hoje a Human Rights
Watch. Nas últimas décadas, as autoridades brasileiras gradativamente
abdicaram de sua responsabilidade de manter a ordem e a segurança nos
presídios‖, disse Maria Laura Canineu, diretora do escritório Brasil da
Human Rights Watch. ―O fracasso absoluto do Estado nesse sentido viola
os direitos dos presos e é um presente nas mãos das facções criminosas,
que usam as prisões para recrutar seus integrantes. (HUMAN RIGHTS
WATCH, 2017)
De fato, a verdadeira herança da lepra não é aí que deve ser buscada, mas
sim num fenômeno bastante complexo, do qual a medicina demorará para
se apropriar.
Esse fenômeno é a loucura. Mas será necessário um longo momento de
latência, quase dois séculos, para que esse novo espantalho, que sucede à
lepra nos medos seculares, suscite como ela reações de divisão, de
exclusão, de purificação que no entanto lhe são aparentadas de uma
maneira bem evidente. Antes de a loucura ser dominada, por volta da
metade do século XVII, antes que se ressuscitem, em seu favor, velhos
ritos, ela tinha estado ligada, obstinadamente, a todas as experiências
maiores da Renascença. (FOUCAULT, 2014, p. 8)
O discurso apela para valores morais os quais estão em voga, pois caminha
em direção à exaltação do desejo, do ego, do bem estar individual. Tem um
único objetivo: preservar sua ―moral‖ individual frente às relações comerciais
e de interesse na sociedade, neste caso, marginal. (GUERRA, 2010, p. 51)
O bem estar individual comumente deve se ligar a uma ordem, já que, nem
tudo pode ser feito quando se pensa em participar de uma sociedade civil ou de uma
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
facção criminosa, por isso devem haver ―mecanismos de regulação individual, de
saberes, de ocupação dos corpos‖ (GUERRA, 2010, p. 47), as funções hierárquicas
são imprescindíveis para a ordem e disciplina (AMARAL, 2015).
Características bastante parecidas com a instituição escolar, mas que às
vezes possui um significado maior do que a escola para o sujeito. Deste modo, há
uma sujeição pactuada, pois o sujeito que se torna um faccionado faz isto por seu 955
De fato, o que está implicado nesse volver-se sobre si mesmo dos presos é
um particular modo de se constituir e de se reconhecer como sujeito de
preocupações, de precauções, enfim, de estratégias. Em suas miras,
concomitantemente, o cuidado para não serem ―humilde demais‖ – beirando
o estado de existência daqueles contra quem se diz serem ―sem disposição‖
– bem como para não serem ―cabuloso pra carai‖ (SIC) – beirando o estado
―bandidão. Em suma, esse singular modo de voltar as próprias atenções
sobre si mesmo, caracteriza um particular modo de existir: ―ser ladrão‖.
(MARQUES, 2009, p. 63)
6. Considerações finais
Aparentemente, são características mais visíveis nas periferias, mas que estão em
todas as redes de relações.
Os sujeitos não pensam no que é melhor para si, mas como se tornar mais
poderoso perante os outros, poder para dominar, poder para dar medo. Logo, a
escola quando descrê do sujeito, reforça mais ainda a possibilidade de que ele
possa ser um criminoso.
Desta maneira é urgente haver um compromisso por parte dos professores na
sua lida diária. Assim abre-se a possibilidade de instigar uma ética do sujeito
consigo mesmo, uma meditação de si e para si, encontrar nos livros uma
interpretação filosófica para o que é visto como problema para os jovens, ao invés
de aprofundar ou de ter conhecimento da obra de um autor.
Igualmente, encontrar possibilidades de aula que se voltem para uma
meditação como um exercício de apropriação de um pensamento sem se esforçar
sobre o que ele quer dizer de um pensamento significativo para o sujeito que esteja
atrelado a uma ação experiência, onde se exercita na coisa que pensa, são fatores
que podem fazer com que haja uma redução do número de jovens que veem na
criminalidade a verdadeira realização de si.
Por fim, o Estado tem o dever de instigar políticas públicas que façam o
sujeito a refletir sobre o cuidado de si. Enquanto este dia não chega, o professor, por
meio das brechas existentes nas diretrizes institucionais, pode fomentar as práticas
de cuidado do cuidado dos seus alunos, não como compromisso de retribuição ao
salário que ganha somente, mas antes de tudo pelo fato de ser um guiador de vidas.
Referências
ALVAREZ, Marcos César; SALLA, Fernando; DIAS, Camila Nunes. Das comissões
de solidariedade ao primeiro comando da capital em São Paulo. Tempo Social, v.
25, n. 1, p. 61-82, 2013.
AMARAL, Emanuel. ―Cartilha‖ lista regras para integrantes do PCC em Alcaçuz. 959
Tribuna do norte. Natal, 22 abr. 2015. Disponível em:
<http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/cartilha-lista-regras-para-integrantes-do-
pcc-em-alcaa-uz/311767>. Acesso em: 05 jul. 2017.
FELLET, Joao. Ruptura entre PCC e Comando Vermelho pode gerar 'carnificina', diz
pesquisadora. BBC Brasil. São Paulo, 18 out. 2016. Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37663153>. Acesso em: 05 jul. 2017.
________. A hermenêutica do sujeito. Tradução Márcio Alves da Fonseca. 3ª. ed. 960
São Paulo: Martins Fontes, 2010.
ZALUAR, Alba; TORRES, Lilian de Lucca. Entrevista: Alba Zaluar. Ponto Urbe.
Revista do núcleo de antropologia urbana da USP, n. 5, 2009.
Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar uma análise inicial das relações
entre educação e política, tendo em vista o delineamento ideológico destas nas
sociedades política e civil. Configura-se como um estudo de natureza teórico-
bibliográfica em uma perspectiva qualitativa de interpretação. Em termos estruturais,
o texto divide-se em três seções: na primeira, a educação é concebida como um
componente estrutural, enquadrado na instância ideológica; na segunda, busca-se o
estabelecimento de uma maior vinculação entre ideologia e política no interior do
Estado e da sociedade civil; e, na terceira e última seção, apresenta-se algumas
considerações sobre política educacional, sendo esta construída pela base
conceitual discutida nas seções anteriores. A construção teórica desenvolvida neste
texto assinala que o poder de imposição do Estado caracteriza-se como político,
mas, por isso mesmo, educador. Nesse sentido, todo ato político é educativo e,
consequentemente, toda ação direcionada ao sistema educacional não pode deixar
de ser essencialmente uma prática política, ou seja, um ato de poder a partir de um
posicionamento de classe. Infere-se disso, que a ideologia realiza-se nos
organismos sociais, vinculando-se de modo efetivo à educação, tendo, portanto, o
sistema escolar como um desses organismos; no que diz respeito a relação entre
política e ideologia, esta é percebida como mecanismo fundamental acionado para o
exercício do domínio de classe, ou uma parte dela, tendo em vista o conjunto em
sua totalidade, ou ainda, como instrumento indispensável para a luta de classes
dentro do ―bloco histórico‖ ou da formação social; em outra perspectiva (efeitos), no
que concerne a questão da educação como instrumento ideológico, nem sempre o
aparelho estatal consegue impor sua concepção ideológica, pois, no contexto
educacional, o educador (sujeito/ator do processo) educa-se no confronto com
situações contraditórias. Nesse movimento, pode-se considerar que a educação é
processo de imposição da hegemonia dominante, tanto no interior do Estado, como
no interior da sociedade civil. E, ao mesmo tempo, num movimento contraditório,
pode se revelar instrumento de resistência das classes subordinadas.
Introdução
Desse modo, impõe-se a explicitação das relações entre ambas às áreas, educação
e política ou, de um conceito que englobe esse conjunto de relações a que
denominamos de política educacional.
Este trabalho tem como ponto de partida o estudo das relações entre
educação e política, tendo em vista a elucidação do desencadeamento destas.
Assim sendo, em termos estruturais, o texto divide-se em três seções: na primeira, a
educação é concebida como um componente estrutural, enquadrado na instância
ideológica; na segunda busca-se o estabelecimento de uma maior vinculação entre
ideologia e política e, entre estas e a sociedade; e, na terceira e última seção,
apresenta-se apontamentos e entendimentos sobre política educacional, sendo esta
construída pela base conceitual discutida nas seções anteriores.
Educação e ideologia
Por isso, a ideologia tem sido tomada como uma representação imaginária,
produto da divisão do trabalho e da propriedade privada, ambas dando origem à
contradição entre o ―interesse do indivíduo singular ou interesse coletivo‖ (MARX;
Ideologia e política
Referências
Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar duas parcerias público-privadas,
firmadas na área da formação continuada docente na rede municipal pública de
Dourados-MS. Para tanto foram realizados estudos teórico-bibliográficos e a
pesquisa documental junto aos arquivos da Secretaria Municipal de Educação
(SEMED). Os resultados informam duas situações de parcerias público-privadas -
Além das Letras e Projeto Trilhas. O contexto investigado nos permite observar que
as políticas educacionais em curso apresentam um objetivo político bem definido,
que envolve a estrutura administrativa e pedagógica da escola, a formação
continuada de professores, os conteúdos a serem ensinados, os aportes teóricos a
serem adotados, enfim, tudo o que possa estar relacionado com o processo de
escolarização. As mudanças que invadem os muros da escola parecem estar
ancoradas nas mudanças, em sua grande maioria pautada por intenções
hegemônicas. São mudanças que interferem tanto na organização da escola como
nas formas de relacionamento, da formação do professor e no seu trabalho, bem
como na maneira como os alunos e professores aprendem. Diante dos dados
coletados (cronogramas, planejamentos, cadernos de estudo), que estas parcerias
foram estabelecidas pelo município sem uma análise prévia no que diz respeito o
caráter empresarial explicitado nas propostas formativas, pelo contrário, as
concepções mercantis de gestão nas ações de formação docente surgiram
naturalmente como uma alternativa de oferta do serviço, no sentido de atender a
demanda por formação com custos reduzidos e com a suposição de induzir
melhorias na área da alfabetização infantil do município. Nessa perspectiva, as
orientações em relação à formação e ao trabalho docente são formuladas, levando-
se em conta o novo papel que o Estado assume como regulador, descentralizando
as ações e verificando resultado. Tais parcerias configuram-se como uma política de
formação continuada docente centrada, exclusivamente, nos conteúdos, na
avaliação e na gestão gerencial. Assim, observamos que as ações governamentais
têm se ajustado pelo direcionamento de propostas assinaladas pela metodologia de
caráter técnico-instrumental.
como responsabilidade política e legal dos municípios com os anos iniciais do ensino
fundamental, bem como o processamento dessa responsabilidade neste âmbito,
levando em consideração a dinâmica de atuação dos entes federados na garantia da
prestação de serviços educacionais; não devemos prescindir de uma breve análise
dos efeitos decorrentes da reforma e assunção do novo papel do Estado, a partir do
final do século XX, que tem como pano de fundo as políticas neoliberais que
atendem um projeto estatal que busca redirecionar a educação para os interesses
do mercado, fazendo com que a regulação assuma o caráter central.
Como indica Freitas (2007, p.1215), ―[...] é este caráter do Estado, regulador,
que orienta as diferentes políticas e suas medidas de implementação‖. Do mesmo
modo, reforça Oliveira (2003), as políticas educacionais inseridas no Brasil têm
privilegiado, ainda que com resistência, um tipo de educação voltada para
legitimação e manutenção da ideologia neoliberal implantada nas sociedades
capitalistas.
Nessa conjuntura, as reformas na educação têm como características
principais a regulação e o controle em decorrência da nova configuração do papel do
Estado, correspondendo aos requisitos necessários de adequação, com o objetivo
de ―[...] transferir a educação da esfera da política para a esfera do mercado‖
(GENTILI, 1998, p. 19). Consequentemente, a educação é vista como mercadoria,
visando a atender às necessidades do mercado decorrentes do modo de produção
vigente.
Lessard e Tardif (2008, p.260-261), apontam quatro elementos que induzem o
processo da regulação à ―[...] disputa entre uma política educativa neoliberal e uma
política humanista-igualitária; à transformação do papel do Estado; à ascensão do
134
É um modo de regulação que serve de críticas, comparações e exposições como meios de
controle e mudança. O desempenho (de sujeitos individuais ou organizações) serve como medida de
produtividade e rendimento. Significa, engloba e representa a validade, a qualidade ou valor de um
indivíduo/organização dentro de um determinado âmbito de julgamento/avaliação (BALL, 2002).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Nessa concepção, a formação continuada se constitui parte integrante de
todas as propostas educativas que estão se processando, tendo como desígnio
maior a busca de um alinhamento dos professores que já estão em exercício com as
últimas decisões em matéria de política educacional (MAUÉS, 2003). O fato em si,
de acordo com Maués, sem uma análise mais aprofundada, não parece trazer
nenhum problema no tocante aos fins da educação. Porém, quando essa proposta é 976
136
É uma organização não governamental (ONG) criada em 1986 trabalha com a qualificação de
professores das redes públicas. Disponível em: <http://www.avisala.org.br/index.php/quem-somos/>.
Acesso em: set. de 2016.
137
Esse Instituto foi criado em 2002, por um grupo de empresas representantes da Gradiente,
Gerdau, Instituto Camargo Corrêa, Promom e McKinsey. Disponível em:
<http://www.promon.com.br/pt-br/sala-de-imprensa/Paginas/IRS_encerraatividades.aspx>. Acesso
em: dez. de 2016.
138
Fundação Suíça pelo Meio Ambiente apoia ações de educação em escolas públicas. Disponível
em: <http://www.brasilcidadao.org.br/parceiros/textos.asp?id=12> . Acesso em: nov. de 2016.
139
É uma organização mundial que trabalha e apoia o empreendedorismo na área social. Disponível
em: <http://www.ashoka.org.br/sobre-a-ashoka/quem-somos/>. Acesso em: dez. de 2016.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
e a Cultura (UNESCO) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o
patrocínio da Gerdau140. A carga horária da formação continuada ofertada totalizou
120 horas, configurando-se como uma formação totalmente a distância.
O segundo momento de parceria firmada com o setor privado, aconteceu
sequencialmente nos anos de 2012, 2013 e 2014 por intermédio do ―Projeto
Trilhas‖141, desenvolvido pelo Instituto Natura142 e o Ministério da Educação (MEC). 979
A carga horária de formação somou 50 horas para cada ano, o formato operacional
é do tipo semipresencial (incluídas atividades individuais a distância). O Trilhas
propõe um conjunto estratégias no processo de alfabetização, que tem como
objetivo o alcance do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) de 6
pontos até o ano de 2022. Também informa que está alinhado com o Plano de
Metas Compromisso Todos pela Educação que estabelece, entre outros objetivos, a
alfabetização de todas as crianças até os 8 anos.
Na primeira formação (parceria público-privada) em 2008, a proposta é
organizada pela Comunidade Além das Letras, que presta consultoria especializada
na área da formação continuada em alfabetização. O formato dos cursos é
organizado via reuniões online, acesso a conteúdos para estudo, como também
materiais produzidos pelos próprios municípios participantes a partir das orientações
dos cadernos de estudo.
O Instituto Avisa Lá oferece as formações por meio da prévia inscrição 143 das
secretarias de educação, pertencentes a municípios que comprovem estar
desenvolvendo políticas de formação de professores na área de alfabetização, que
no caso do município investigado, a SEMED apresentou o Programa de
140
É uma empresa líder no segmento de aços nas Américas. Disponível em:
<http://www.gerdau.com.br/sobre-gerdau/perfil-da-empresa.aspx>. Acesso em: dez. de 2016.
141
Trata-se de uma formação continuada direcionada a partir de um conjunto de materiais elaborado
para auxiliar o trabalho dos professores em leitura, escrita e oralidade. Disponível em:
142
É uma organização sem fins lucrativos. Disponível em:
<http://www.institutonatura.org.br/institucional/perfil/>. Acesso em: nov. de 2016.
143
Os interessados preenchem o formulário de inscrição encontrado no site
<www.alemdasletras.org.br>.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Acompanhamento Escolar (PAE)144, como projeto de formação continuada na área
de alfabetização.
De acordo com o Manual do Formador do Programa Além das Letras
(INSTITUTO AVISA LÁ, 2008), somente os municípios que desenvolvem ações de
formação continuada dirigidas aos professores da rede pública, em consonância
com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e as diretrizes do 980
144
Constituiu-se como um programa próprio do município, direcionado como reforço,
acompanhamento e avaliação do processo de alfabetização escolar. Esta iniciativa foi mantida
durante os anos de 2005 a 2012, ao final deste último ano o executivo municipal extinguiu o
programa, com a justificativa de enxugamento dos gastos públicos.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
permanente. ―Nós temos o desafio de ajudá-lo a redimensionar sua função na
escola, para que construa resultados observáveis sobre a importância de um projeto
de formação para seus professores e da escolha de conteúdos claros e
consistentes‖ (INSTITUTO AVISA LÁ, 2008, p. 5).
A partir da orientação dos cadernos do Além das Letras, a SEMED propõe
estudos pelo ―Eixo Leitura Feita Pelo Professor‖, que se refere a ―[...] situação 981
145
Nesse conjunto há cinco cadernos com propostas de atividades a serem realizadas com as
crianças a partir da leitura, cada caderno propõe oito atividades (BRASIL, 2012, p.07).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
As formações oferecidas por intermédio deste projeto têm como objetivos:
apropriar-se de concepções do projeto vivenciando possibilidades de uso e apoio
pedagógico para o ensino das crianças dos anos iniciais do ensino fundamental
especialmente as de seis anos de idade; construir formas pedagógicas de
potencializar o uso do projeto nas escolas; definir as possibilidades e demandas
para implantação de formação continuada no município e de ações para incentivo à 982
Considerações finais
Referências
Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar a gestão escolar no nível da
educação básica a partir do modelo de gestão democrática estabelecido pelo
arcabouço normativo-legal brasileiro. A opção metodológica deu-se pelo
levantamento bibliográfico dentro de uma abordagem qualitativa de interpretação da
produção teórica sobre a gestão no espaço educacional. O texto está estruturado da
seguinte forma: primeiro, adentra-se ao papel da gestão, observando os aspectos
democráticos que a definem; segundo, apresenta-se as orientações normativo-legais
que dizem respeito a gestão; e, por fim, na terceira e última parte, trazemos as
considerações finais. A gestão das unidades escolares é a instância de organização
e administração voltada à atividade da educação básica, abarcando suas etapas e
modalidades. Tendo definido seu âmbito de atuação, a própria legislação – CF/1988
e LDB/1996 - que a determina, também estabelece como princípio orientativo a
gestão democrática da educação pública, ao fixar incumbências dos entes
federativos para sua concretização, deixando aos sistemas de ensino a tarefa de
definir e/ou disciplinar esse formato de gestão. Desse modo, no âmbito legal, a
gestão democrática estabeleceu-se como a concepção de gestão que deve
prevalecer no sistema educacional. Diante disso, a gestão ganha na sua dinâmica
de ação um caráter complexo, o que demanda conhecimento e assunção princípios
constitucionais, cuja aplicação deve se subordinar às condições concretas da
escola, como: autonomia da escola e da comunidade educativa; relação orgânica
entre direção e a participação dos membros da equipe escolar; envolvimento da
comunidade no processo escolar; planejamento das atividades; formação
continuada para o desenvolvimento do pessoal e profissional dos integrantes da
comunidade escolar; utilização das informações concretas e análise de cada
problema em seus múltiplos aspectos, com ampla democratização das informações;
avaliação compartilhada; relações humanas produtivas e criativas, assentadas em
uma busca de objetivos. Portanto, a prática de gestão (democrática) tem como
potencial a possibilidade (reflexiva e crítica) de se estabelecer e praticar relações
proximais entre a proposta (unidade escolar – PPP) em andamento e aquilo que é
preconizado nas definições legais gerais.
atendimento escolar.
Esclarecemos que este estudo assume como perspectiva de análise a
concepção de gestão democrática, tendo em conta o ordenamento legal brasileiro -
Constituição Federal Brasileira (CF) de 1988 e Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) Lei nº 9.394 de 1996 -, e produção acadêmica da área
(PARO, 2007 e 2010; LIBÂNEO, OLIVEIRA e TOSCHI, 2010; CURY, 2002; VEIGA,
2002 e 2007; entre outros).
Embora, saibamos que o espaço educacional é permeado por condições
contraditórias, haja vista que, historicamente, seu contexto é marcado por tomadas
de decisões verticalizadas e formas de ações centralizadas, que em diferentes
momentos impedem as interações com a comunidade local, bem como inviabiliza a
autonomia para gestar de modo adequado as diversidades sociais, culturais e
econômicas.
Todavia, também entendemos que as atuais reflexões sobre a gestão nas
escolas consistem na compreensão de uma concepção de poder a serviço dos
propósitos traçados e almejados coletivamente.
No cotidiano da sociedade vemos a reivindicação de uma escola democrática
que atenda de forma eficiente as necessidades educacionais da comunidade. A
escola é assumida como espaço de mediação e troca de conhecimentos, nesse
sentido a proposta gestada deve prever uma ação preocupada com o envolvimento
e a participação efetiva do coletivo.
Nesse espaço existem muitos fatores que contribuem para o seu ―bom
funcionamento‖ (SILVA, 2007; PARO, 2010), com o intento de alcançar uma
aprendizagem de qualidade, por meio do diálogo contínuo.
comum.
Para isso, é fundamental que a gestão escolar seja permeada por princípios
democráticos de ação. Assim, compreender o seu significado constitui-se um dos
primeiros passos do processo.
Gestão nos lembra gestação, gerir, dar a vida, e, como tal, nos
agrada, porque, em se tratando da escola, nosso objetivo principal é
fazer com que a vida dos seres humanos que passam por ela
[escola] se torne mais promissora, mais digna, mais justa, mais
humana. Isto para nós é mais viver, mais gerir, é mais felicidade.
Nesse sentido, gestão vai além do seu conceito primeiro que diz
respeito à ação de dirigir, administrar (SILVA, 2007, p.22).
Sendo assim, Veiga (2002, p. 58) orienta que ―o projeto da escola é ação
consciente e organizada porque é planejado tendo em vista o futuro‖, o que envolve
a participação de todos ―[...] na construção do projeto, ao desencadear uma reflexão
coletiva, promove a adoção de uma prática educativa, na medida em que reflete 996
individual e coletivamente sobre ela‖.
Para Salles e Faria (2012) o PPP é a busca de construção de identidade, da
organização e da gestão do trabalho de cada instituição educativa. O projeto
reconhece e legitima a instituição como histórica e socialmente situada, constituída
por sujeitos culturais que se propõem a desenvolver uma ação educativa a partir de
uma unidade de propósitos.
De acordo com o Parecer nº 07 (BRASIL, 2010a, p.49) a comunidade escolar
deve assumir o PPP ―não como peça constitutiva da lógica burocrática, menos ainda
como elemento mágico capaz de solucionar todos os problemas da escola‖, mas
como instância de construção coletiva, que respeita os sujeitos da aprendizagem,
―entendidos como cidadãos de direitos à proteção e à participação social‖, de tal
modo que:
Referências
Resumo
As últimas três décadas foram marcadas por intensas reivindicações da sociedade
civil por uma maior participação nas Políticas Públicas do país. O direito à educação
e a qualidade do ensino oferecido são pontos marcantes dessas manifestações.
Desse modo, as Políticas Educacionais e as especialmente relacionadas à
avaliação, surgem de modo a abarcar estratégias na busca pela qualidade da
educação brasileira, assim como no acesso e permanência do educando na escola.
Com efeito, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, temos a aplicação da
Provinha Brasil, uma avaliação diagnóstica que não possui finalidades
classificatórias e fornece informações sobre o processo de alfabetização em Língua
Portuguesa e Matemática aos professores e gestores das redes de ensino,
possibilitando a reavaliação de métodos aplicados para a alfabetização dos alunos,
estabelecimento de metas, entre outros. Nesse sentido, o presente trabalho busca
apresentar as concepções de professores e gestores em relação à Provinha Brasil,
aplicada no 2º ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental, articulando-as com as
Políticas Educacionais de Avaliação nesta etapa escolar. Para isso, foi realizada
pesquisa qualitativa, em que se recorre à análise de entrevistas concedidas por
professores do 2º ano, e coordenadores de 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental.
Além de utilizar pesquisa bibliográfica a partir de autores como Luckesi (1992),
Castro (2009), dentre outros, além de pesquisa em documentos, a saber: Lei de
Diretrizes e Bases (1996), Parâmetros Curriculares Nacionais (1997). Ressalta-se
que, segundo as falas das participantes da pesquisa, ainda há muitas lacunas com
relação à aplicação da Provinha Brasil, tais como não considerar o contexto social e
familiar do aluno, bem como sua realidade regional, a difícil interpretação das
questões pelas crianças, entre outras. Contudo, por meio dos resultados obtidos
com a Provinha, torna-se possível que os professores tenham uma ferramenta na
busca por estratégias de modo a melhorar o processo de ensino e aprendizagem
escolar.
146
Mestranda em Educação, na linha de Políticas e Gestão da Educação, pela Universidade Federal
da Grande Dourados (UFGD). Bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - CAPES. E-mail: caarinaanogueira@hotmail.com.
147
Acadêmica do 7º semestre do curso de Pedagogia, da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul. E-mail: marciellicremoneze@hotmail.com.
148
Doutora em Educação. Professora Adjunta, curso de Pedagogia da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul. Tutora do Grupo PET Pedagogia e Ciências Sociais. E-mail: gmgrg46@gmail.com.br.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Palavras-chave: Políticas Educacionais. Políticas de Avaliação. Ensino
Fundamental.
Introdução
149
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Nesse sentido, tem avançado no Brasil, um conjunto de ações no âmbito da
avaliação educacional, que dentre outros objetivos volta-se para a melhoria da
qualidade dos sistemas de ensino ofertados em território brasileiro. Dentre os
programas contemplados pelas Políticas de Avaliação Escolar, inclui-se o Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Básica – Saeb, o Exame Nacional do Ensino
Médio – Enem, pelo Exame Nacional de Desempenho do Ensino Superior – Enade, 1003
A realização da pesquisa
A Provinha Brasil ela é bom... Muito bom porque ela não avalia só a
criança não! Eu acredito que ela está ai avaliando também o
professor, (...) a provinha Brasil realmente é importante porque faz
com que cada escola, é... Vá estar procurando estar trabalhando pra
melhoria da educação e do ensino da escola, da criança, do
desenvolvimento escolar do aluno, porque a preocupação maior tem
que ser o aluno. A1
Eu gosto, acho pertinente sim, mas acho que ela deveria ser feita de
acordo com a região. Cobrado de acordo com o que tá acontecendo
naquela sociedade, naquele âmbito escolar, naquele âmbito
enquanto família poderia fugir um pouquinho de... Do que tão
cobrando fora, é... Focar na... Naquele lugar. Naquela população,
naquela realidade. Não dizendo que ela é ruim né? Mas eu acredito
que ela poderia ser melhorada nesse sentido. A2
Considerações finais
Referências
PILET, N. Psicologia Educacional. 17. Ed. São Paulo: Ática, 2000, 323 p.
ABSTRACT: The present article intends to explain a brief history about the new
approaches, facing the educational system referring to High School, bringing as a
150
Aluno Especial do Curso de Pós Graduação Mestrado em Educação (UFGD). Graduado em
Ciências Matemática com Ênfase em Informática, Especialista em Metodologia do Ensino Superior.
E-mail: marciofranca2@hotmail.com
151
Graduada em Pedagogia, Especialista em Educação Especial, Gestão Escolar, Psicopedagogia,
Neuropedagogia e Mestranda em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação pela
UFGD-Área de Concentração-Educação e Diversidade. simone2dgf@hotmail.com
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
discussion its actions, concepts and contradictions regarding public policies within
the educational system. In this context the school context is a key part of the
obstacles caused by the new proposal of High School, in the creation and fulfillment
of new regulations and new goals. However, today the ideas that have emerged
about education for youth and adults are embedded in society, contributing to the
performance and development of youth and adults, through the foundations and
contradictions of the reform in the education system. This scenario is changing and
requires a commitment of training and development of teachers, in relation to their 1018
concepts, procedures and attitudes applied in the didactics of the school year.
Forming and developing requires acquiring "teaching and learning" that are based on
epistemological principles, that is, knowledge science that assists in the decisions
and actions of the teacher to guide students in their future needs. With the advent of
this new reform in the education system, the Ministry of Education establishes criteria
for high school education, such as identity in Brazil, adopting a minimum annual
workload, and it is mandatory to control attendance and also evaluations of
developmental and learning processes in education for all. The Curriculum
Framework in Basic Education is a set of actions that help the teacher to reflect on
the learning conditions offered and adjust their practice to the needs that will be
adopted in the schools. It is concluded that the government's incessant effort to
change in secondary school reform starts from the immediate need for changes
inherent to the curricular formation of our students, since, new paradigms have been
implemented in our society.
INTRODUÇÃO
REVISÃO TEÓRICA
152
―Em sua essência, a aprendizagem ao longo da vida se baseia na integração entre aprender e
viver e cobre atividades de aprendizagem para pessoas de todas as idades (crianças, jovens, adultos
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
A educação inclusiva tem como intuito analisar o ambiente que servirá de
apoio para os alunos com necessidades especiais, identificar as necessidades e
viabilidades do ensino para que haja melhor acolhimento e inclusão na sala de aula.
e idosos, meninas e meninos, mulheres e homens), em todos os contextos da vida (família, escola,
comunidade, ambiente de trabalho etc.). Por meio de uma gama de modalidades (formal, não formal
e informal), que juntas, atendem a uma ampla gama de necessidades e demandas de aprendizagem.
Os sistemas educacionais adotam uma abordagem holística e setorial, que envolve todos os
subsetores e níveis para garantir a oferta de oportunidades de aprendizagem para todos os
indivíduos‖ (UIL. Lifelong Learning. Hamburg: UNESCO Institute for Lifelong Learning. [s.d.].
Disponível em: http://uil.unesco.org/fileadmin/keydocuments/LifelongLearning/en/UNESCOTechNo
tesLLL.pdf).
(CARVALHO, 2009).
Avaliar seus processos, verificar suas debilidades e qualidades e planejar a
melhoria do processo educativo. Da mesma forma, deveriam permitir aos
organismos responsáveis pela política educacional desenvolver
mecanismos de compensação que superem gradativamente as
desigualdades educacionais. (BRASIL, 1998, p. ).
Vale salientar que o ensino médio é uma das etapas para o ensino da
educação básica, em que a cada ano vem diminuindo o número de jovens e adultos,
visando assim a ampliação do ensino que terá de fazer um maciço trabalho dentro
da esfera governamental, ou seja, uma rigorosa e intensa análise para se chegar as
necessidades educacionais, visto com que os alunos tenham uma maior
permanência no âmbito educacional (BRASIL, 2016).
A proposta ofertada por nossos governantes nos levam a acreditar que a
implementação da reforma do ensino médio será executada e efetivada
progressivamente até 2019, uma das atribuições do Governo Federal é implementar
o período integral nas escolas, segundo o Ministério da Educação serão oferecidos
recursos financeiros aos Estados e Municípios. Recursos estes que serão
gradativamente distribuídos conforme a demanda ofertada. Vale resaltar que mesmo
entendendo que este recurso dever ser melhorado, o Ministério da Educação, o
tesouro Nacional investe na formação continuada de professores R$1,8 bilhões de
reais por ano (BRASIL, 2016).
Uma das metas do Governo Federal é dobrar o índice de matrículas nos
próximos três anos, no período integral. As diretrizes do ensino médio serão
reformuladas e simplificadas, tendo assim diversos conflitos textuais e diferentes
interesses de ambas as partes, reformando estratégias para melhorias no ensino
médio previstas no Plano Nacional de Educação (PNE, 2016, p. 22), em que:
Para que ocorra uma gestão escolar, é necessário que haja políticas,
estrutura e organização. Tais, aspectos são indispensáveis para o bom
funcionamento da instituição escolar, e tem como intuito alcançar os objetivos para a
realização da gestão democrática na escola.
Logo, pode-se falar que a gestão pedagógica necessita sempre ser avaliada
pela equipe de gestão e também por todos que estão envolvidos no ensino-
aprendizagem, norteando ações de aprendizagem eficiente para formação dos
alunos.
Assim definido, a gestão democrática também é firmada na Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDBEN), ou Lei nº 9.394/96, mais especificamente no
art. 14, onde consta que:
METODOLOGIA 1029
Para maior relevância nos artigos que abordam o tema de pesquisa, para o
conhecimento da problemática levantada, constitui-se a análise de materiais da
literatura que ainda não tiveram sua interpretação exaurida, que podem ser
reavaliados com objetivo de buscar novos textos que contribuam para pesquisa
sobre as mudanças no sistema educacional e as reformas no Ensino Médio.
DISCUSSÃO
Quando se fala em reforma no sistema educacional, toda escola deve ter uma
identidade definida, assim sendo, para que haja a definição desta identidade é
CONSIDERAÇÕES FINAIS
escolas com a falta de recursos e tantos outros itens e reivindicações. Além disso,
seria incorrer, de certa forma, no mesmo erro para a qual se procura alertar. Assim
como não se pode atribuir aos professores e os gestores exclusivamente a
responsabilidade por seus fracassos e tão pouco pela evasão.
REFERÊNCIAS
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
Resumo: Este artigo decorre da análise crítica da obra de Max Weber, A Ciência
como Vocação, como parte integrante do plano de pesquisa em andamento no
Curso de Mestrado em Educação do Programa de Pós-Graduação da Universidade
Federal da Grande Dourados, na Linha de Pesquisa ―Política e Gestão da
Educação‖. O artigo proposto tem o objetivo de compreender das lições weberianas
indicadas para o jovem cientista e como pode se dar uma aplicação prática desse
conteúdo em nosso contemporâneo. A metodologia utilizada para esse estudo foi a
pesquisa bibliográfica e documental. Para melhor compreensão e apreensão
didática de seu conteúdo, coube ao resenhista optar por dividi-la em quatro partes, a
saber: Condições exteriores da profissão acadêmica, Da vocação íntima para
ciência, os paroxismos íntimos da ciência, e, O significado da ciência para
humanidade.
Resumen: Este artículo se deriva del análisis crítico de la obra de Max Weber, La
Ciencia como Vocación, como parte integrante del plan de investigación en curso en
el Curso de Maestría en Educación del Programa de Postgrado de la Universidad
Federal de la Grande Dourados, Investigación "Política y Gestión de la Educación".
El artículo propuesto tiene el objetivo de comprender las lecciones weberianas
indicadas para el joven científico y cómo puede darse una aplicación práctica de ese
contenido en nuestro contemporáneo. La metodología utilizada para este estudio fue
la investigación bibliográfica y documental. Para comprender mejor la aprehensión
didáctica de su contenido, le correspondió al resenhista optar por dividirla en cuatro
partes, a saber: Condiciones exteriores de la profesión académica, De la vocación
íntima para la ciencia, los paroxismos íntimos de la ciencia, y, El significado de la
ciencia para Humanidad.
Introdução
pueril existência. Vi nisto uma lição para qualquer área das nossas vidas, façamos o
que quisermos, mas só o façamos por um propósito maior e elevado.
Nesse sentido é que vem a afirmação weberiana sobre que ―Nenhum
sociólogo, por exemplo, se pode lamentar de ter de se dedicar, durante meses, e
talvez na sua velhice, a realizar operações perfeitamente triviais‖. (WEBER, 2005, p.
9).
Vislumbro ainda uma quarta lição para o jovem cientista conforme
professada por Weber, qual seja, é preciso dedicar-se com afinco ao seu trabalho,
porquanto, ―Só no terreno de um duro trabalho se prepara normalmente a
inspiração‖. (WEBER, 2005, p. 9).
E mais, sua quinta lição para o jovem cientista será de que além do
trabalho duro, é necessário ter estrito respeito e obediência ao método científico,
será esse procedimento meticuloso que permitirá separar o cientista profissional e
de carreira de um simples amante da ciência mas que a pratica no plano amador.
Quer nos parecer que nesse particular a lição weberiana busca nos inspirar
no sentido de que o necessário é dedicar-se à sua causa, sem se preocupar em ser
inédito ou paradigmático, o aprofundamento dos seus estudos provocará
naturalmente esse reconhecimento, sem que para isso você tenha que agir de forma
artificial ou arranjada.
Sobre essa necessidade de marcar a história pelos seus feitos, Weber faz
uma importante distinção entre a ciência e as artes. ―O trabalho científico está
inserido na corrente do progresso. No campo da arte, pelo contrário, não existe –
neste sentido – nenhum progresso‖. (WEBER, 2005, p. 11).
Com efeito, a ciência é medida pela perspectiva de progresso, as artes
pelas sensações que provocam no gênero humano no seu tempo em que foram
editadas, portanto a escala evolutiva das gerações não permite classificar uma obra
artística sobre a outra, entre ambas não há uma relação hierárquica vertical.
Essa questão me faz refletir sobre qual o propósito de se dedicar por toda
uma vida para realizar algo que se sabe, será superado e esquecido amanhã.
Ao meu singelo sentir, apenas o que pode justificar essa realidade, é a
compreensão e aceitação de que este é um elemento indissolúvel da ciência, ela
está em qualquer hipótese, fadada a uma espiral de progresso infinito, logo, também
por isso, devemos ter humildade para compreender a nossa diminuta contribuição
neste processo.
Ainda assim, a ciência não pode ser vista como a chave ou o caminho para
a felicidade. A ciência pode ser outra coisa, mas seguramente não é a chave para
compreensão do sentido da vida.
Conclusão
Bibliografia
1047
WEBER, Max. A Ciência como Vocação. Trad: Artur Morão. Tribuna da História,
Lisboa, 2005, Disponível em
<http://www.lusosofia.net/textos/weber_a_ciencia_como_vocacao.pdf>, acesso em:
06 de jun. 2017.
Introdução
153
Mestranda em Educação – elitriches@hotmail.com
154
Doutora em Educação. Docente da Graduação e Pós-Graduação em Educação/UFGD.
Coordenadora dos seguintes Projetos de Pesquisa em andamento ―A gestão do processo
alfabetizador com enfoque na política educacional: do nacional ao local (COPQ/PROPP/UFGD) e
Política, gestão e avaliação da educação básica: o processo alfabetizador da criança em foco
(Chamada FUNDECT/CAPES N° 11/2015 - EDUCA-MS - CIÊNCIA E EDUCAÇÃO BÁSICA)‖.
mariaaranda@ufgd.edu.br
155
Mestranda em Educação - paula_abrao@yahoo.com.br
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
No Brasil, a defesa de que os currículos precisam de uma base comum em
nível nacional não é recente, desde os anos 1980, com a promulgação da LDB
9394/96 no período pós-ditadura, consolidou-se uma demanda já existente por uma
base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características
regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos (Artigo 1049
261).
Para Macedo (2014) as articulações políticas que levaram à menção da base
nacional comum na LDB seguiram produzindo outras normatizações, ainda que a
referida Lei não tenha indicado a necessidade de tais normatizações. Entretanto, por
meio de outras normatizações, dentre elas as Diretrizes Curriculares Nacionais
Gerais da Educação Básica - DCNs (BRASIL, 2009) e sobretudo o Plano Nacional
da Educação – PNE (BRASIL, 2014), o Ministério de Educação e Cultura – MEC
institui por meio da Portaria156 n° 592 (17/06/2015), uma comissão de especialistas,
composta por 116 membros, que inclui professores de 34 universidades e das redes
estaduais do todo o país com a finalidade construir a Base Nacional Comum
Curricular – BNCC.
Assim, esse artigo busca delinear as etapas de construção da BNCC e nesta
trajetória, fazer uma breve análise, a partir do posicionamento de estudiosos do
campo das políticas curriculares e de alguns marcos regulatórios do currículo, às
possíveis hegemonias subjacentes no processo de (re) formulação da BNCC.
156
De acordo com a Portaria, a tarefa dessa comissão é a de: produzir documento preliminar da
Proposta da Base Nacional Comum Curricular, bem como produzir relatório consolidando os
resultados da discussão pública para entrega ao Conselho Nacional de Educação – CNE, até final de
fevereiro de 2016. Ver Portaria Nº 592, de 17 de junho de 2015. Disponível em:
<http://www.editoramagister.com/legis_26906831_PORTARIA_N_592_DE_17_DE_JUNHO_DE_201
5.aspx>. Acesso em02 mar. 2017.
157
Conf. site: <http://movimentopelabase.org.br/a-base/>.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
autora, o currículo ultrapassa a relação de conteúdos e envolve o conjunto de ações
formativas empreendidas pelas instituições educativas. Ao se formalizar o currículo
na sala de aula, as intencionalidades e as ideologias presentes em sua formulação
são efetivadas tornando-se base comum.
Ainda nessa direção, Cóssio (2014, p. 1587) ressalta que ―[...] a atual
proposta de base nacional comum, identificada como um currículo único - mesmo 1051
que este não seja o nome oficial.‖ Ao trazer o entendimento de que a Base Nacional
Comum deveria ser chamada de currículo único, a autora destaca o viés
hegemônico do documento.
Peroni e Caetano (2015) entendem que a definição da Base está relacionada
diretamente à influência da iniciativa privada. À luz do entendimento das autoras,
Freitas (2014) declara que o setor privado garante o controle ideológico da escola e
o acesso ao conhecimento básico para a formação do trabalhador, ao disputar a
agenda da educação, ―responsabilizando a escola por não garantir o domínio de
uma base nacional e comum a todos‖. (PERONI E CAETANO, 2015, p. 1089).
A associação (ANPED), ao elencar o panorama de visões158 sobre a BNCC,
explicita o entendimento dos estudiosos do campo curricular. Entre as várias
declarações, destaca-se: "A Base não garante o direito à educação e à diversidade.
Só é possível pensar currículo se estiver atrelado à flexibilização, e não à
unificação.‖ (Andreia Gouveia, presidente ANPEd) "Temos que discutir se somos
contrários à metodologia ou à própria ideia de uma Base." (Maria Luiza Sussekind -
Coordenadora do GT Currículo/ANPEd).
A partir do posicionamento de diferentes entidades e pesquisadores do
campo curricular, é possível compreender que o campo de currículo configura-se
como um decisivo território de disputas relacionadas a políticas públicas (LIMA
VERDE, 2015), tendo em vista que diferentes sujeitos com interesses diversos estão
permeados ―[...] por um conjunto de sistemas de significação numa sociedade
contemporânea em que a cultura é um território híbrido de significação‖ (SOUZA,
2015, p. 324). Isso nos leva à compreensão de que a definição do que é currículo,
158
Conf.:< http://.anped.org.br/news/base-nacional-comum-curricular-bncc-foi-tema-de-debate-entre-
associacoes-cientificas>. Acesso em: 10 fev.2017.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
conhecimento e formação está sendo determinada por um jogo de negociação entre
os sujeitos que estão na articulação de um dado projeto hegemônico (SOUZA,
2015).
Assim, compreendemos a articulação da Base Nacional Comum Curricular no
Brasil como sendo uma política de currículo (SOUZA, 2015) que objetiva a definição
de conteúdos básicos no contexto de um projeto de currículo nacional, possibilitando 1052
159
Organizada pelo Fórum Nacional de Educação (FNE) que resultou em um documento sobre as
propostas e reflexões para a Educação brasileira e é um importante referencial para o processo de
mobilização para a Base Nacional Comum Curricular.
Link para o Documento: <http://fne.mec.gov.br/images/doc/DocumentoFina240415.pdf>. Acesso em
10. mar. 2016.
160
Este Seminário foi um marco importante no processo de elaboração da BNC, pois reuniu todos os
assessores e especialistas envolvidos na elaboração da Base. A Portaria n. 592, de 17 de junho de
2015, Institui Comissão de Especialistas para a Elaboração de Proposta da Base Nacional Comum
Curricular. Link para Portaria de Nomeação:< http://www.jusbrasil.com.br/diarios/94124972/dou-
secao-1-18-06-2015-pg-16> Acesso em 10 fev. de 2016.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
BNCC para consulta pública.
16 de setembro 2015 a 13 de Recebimento das contribuições via portal do
março 2016 MEC
03 de maio 2016 Apresentação da 2ª versão do documento da
BNCC
16 de junho 2016 Fim do prazo para aprovação da BNCC (se
esgota data limite estipulada pelo PNE sem que 1053
o documento seja finalizado)
23 de junho a 10 de agosto 2016 Realização de Seminários Estaduais sobre a
BNCC
15 de setembro de 2016 Adiamento da base do Ensino Médio
26 de janeiro 2017 MEC apresenta trabalhos de revisão da terceira
versão da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC)
Fevereiro de 2017 Lançamento da 3ª versão da BNCC
06 de abril de 2017 Apresentação da 3ª versão da BNCC (Educação
Infantil e Ensino Fundamental) e entrega do
documento para o CNE.
Burgos, (2015) constituem o quadro político que levam o MEC a ter que enfrentar o
penoso desafio de elaborar uma proposta para a Base Nacional Comum. Nestes
termos, em junho de 2015 o MEC constituiu um comitê de assessores e
especialistas (dos estados, do Distrito Federal e dos municípios) com a atribuição de
elaborar a versão preliminar do documento. Compuseram esse Comitê professores
(as) universitários (as) de diferentes áreas de conhecimento da educação básica,
docentes da educação básica e técnicos das secretarias de educação, esses dois
últimos indicados pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED) e
pela União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME).
A divulgação da primeira versão da BNCC se dá num contexto político em
que se acirram as disputas que acabam repercutindo no processo de
impeachment162 da presidente Dilma Roussef (2015-2016). Incorporado a esse
cenário político, econômico e social, dá-se prosseguimento às políticas curriculares
em que se discute a tessitura de uma Base Nacional Comum (BNCC) para a
educação básica brasileira.
Nessa trajetória de (re) formulação da BNCC, quatro diferentes ministros
passam pela pasta da educação. Embora ocorra a mudança de ministros, dá-se
prosseguimento aos trabalhos e a BNCC vai sendo desenhada. Em outubro de 2015
161
Uma primeira iniciativa, no Brasil, na direção de estabelecer bases gerais para o ensino ocorreu,
em 1949, com a proposição do documento denominado Leitura e linguagem do curso primário:
sugestões para a organização e desenvolvimento de programas, cuja finalidade era ―organizar as
bases gerais para os programas das disciplinas dos cursos primários, como sugestões às
administrações estaduais‖ (BRASIL, 1949, p. 8).
162
O processo de impeachment de Dilma Rousseff teve início em dois (02) de dezembro de 2015,
quando o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha deu prosseguimento ao pedido
dos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal. Com uma duração de 273 dias, o
caso se encerrou em 31 de agosto de 2016, tendo como resultado a cassação do mandato, mas sem
a perda dos direitos políticos de Dilma. Disponível em:
<http://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/12/28/impeachment-de-dilma-rousseff>. Acesso
em 12. jun.2017.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
o MEC abre um portal163 de comunicação com a sociedade apresentando ao público
a versão preliminar do Documento e estabelecendo canais de comunicação e de
participação com a sociedade.
Para acessar o portal, os participantes precisaram se cadastrar de acordo
com as normas estabelecidas. Três categorias foram definidas para direcionar a
participação dos interessados: indivíduos, organização e redes, conforme versa a 1055
figura abaixo:
163
Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br.>
164
http:<//www.nte.ap.gov.br/basecomum/processo_de_construcao.html>.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Nesta última, categoria é possível constatar a baixo índice de participação,
tendo em vista o portal registrar a participação de apenas 45.049 escolas, sendo
que, conforme censo165 de 2016, o País conta com 186,1 mil escolas de educação
básica. Os números demonstram que somente um quarto das escolas acessou o
portal e registrou participação. Quanto às contribuições por área de conhecimento,
veja o resultado processado, conforme informa o site da Base166: 1056
165
Informações retiradas do site:
http://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/notas_estatisticas/2017/notas_estatistica
s_censo_escolar_da_educacao_basica_2016.pdf. Acesso em: 11 jul.2017.
166
Site: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/numeros-contribuicao>.
167
Ver site: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/numeros-contribuicao>. Acesso em: 16
mar. 2017.
168
Ver:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12796.htm>. Acesso em 18 mar. 2017.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Quadro 3 - Números apresentados pelo Consed e Undime sobre os seminários
realizado entre os meses de junho a agosto 2016
169
Conf. < http://basenacionalcomum.mec.gov.br/#/site/numeros-seminarios>.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
muitas vezes se misturam ao papel do Estado defendem a livre iniciativa do capital e
propõe que o Estado divida, ou transfira a responsabilidade para o setor privado.
Essa descentralização para o mercado (KRAWCZYK, 2005) outorga novas funções
aos governos central, estadual e/ou municipal alcançando também o âmbito escolar.
Na definição da BNCC, não é diferente, tal fenômeno político que resulta de
uma nova pedagogia da hegemonia, (NEVES, 2005) tem inspirado o projeto de 1059
170
“know-how‖é um termo em inglês que significa literalmente "saber como". Pode ser definido como
o conjunto de conhecimentos práticos (fórmulas secretas, informações, tecnologias, técnicas,
procedimentos, etc.) adquiridos por uma empresa ou um profissional, que traz para si vantagens
competitivas. Disponível em: https://www.significados.com.br/know-how/. Acesso em jul.2017.
171
No apoio institucional ao Movimento pela Base, estão as instituições Cenpec, Comunidade
Educativa- Cedac, Instituto Inspirare, Instituto Natura, Fundação Lemann, Instituto Unibanco,
Fundação Roberto Marinho e Instituto Ayrton Senna. Essas instituições também fazem parte do
Movimento Todos pela Educação. (PERONI; CAETANO, 2015)
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
integrantes da Fundação Lemann172. É mister destacar o entendimento das autoras
no que concerne ao envolvimento dos agentes na criação da base:
172
Ver: Peroni; Caetano (2015) e Freitas (1992).
173
Representantes do MEC anunciam adiamento da base do Ensino Médio devido às reformas que
ainda não foram consolidadas nessa etapa de ensino.
174
Disponível em:< http://portal.mec.gov.br/ultimas-noticias/211-218175739/44571-terceira-versao-da-
bncc-inova-na-estrutura>. Acesso em 22 mar. 2017.
175
Disponível em < http://www.valor.com.br/brasil/4929556/mec-implementacao-da-base-nacional-
curricular-deve-comecar-em-2019
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
(Consed), da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime),
aumenta a expectativa de que o projeto seja aprovado com facilidade‖. Após o
parecer do Conselho Nacional de Educação a base volta para ser homologada no
MEC com previsão de aprovação para o mês de novembro de 2017.
Referências
BRASIL, ANPED - Associação Nacional de Pós‐graduação e Pesquisa em
Educação. ABdC - Associação Brasileira de Currículo. Exposição de Motivos
sobre a Base Nacional Comum Curricular. Ofício n.º 01/2015/GR . Rio de Janeiro,
nove de novembro de 2015.
BRASIL. Plano Nacional de Educação. Lei 13.005 de 25.06.2014. Disponível em: 1062
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso
12 set. 2016.
CÓSSIO, Maria de Fátima. Base Comum Nacional: Uma Discussão Para Além do
Currículo. 2014.Revista E‐Curriculum, São Paulo, V. 12, N. 03 P. 1570 ‐ 1590
Out./Dez.
MELLO, Paulo Eduardo Dias de. Base Nacional Comum, Direitos e Objetivos de
Aprendizagem e Desenvolvimento e o IDEB: nexos, contextos, rastros e o lugar
do professor, 2015. Disponível em: <www.academia.edu/9809465/.edu/9809465
Considerações
Referências
176
Mestranda do Programa de Graduação Mestrado Profissional em Educação da Universidade Estadual de Mato
Grosso do Sul - Campo Grande – MS, Especialista em Educação e Gestão Ambiental, Graduada em Ciências
Biológicasm integrante do grupo Gepenaf,fabiborgesbio@gmail.com.
177 177
Doutora em Educação (Unicamp), professora do Programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em
Educação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), líder do grupo Gepenaf.
eg.nogueira@uol.com.br
178
Mestrando profissional em Educação pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (2016), especialista
em Educação, Esporte e Inclusão pela Associação Educacional do Vale do Itajaí-Mirim (2010), graduado em
Educação Física, licenciatura e bacharelado, pela Universidade Católica Dom Bosco (2004).
kleitonramires@yahoo.com.br.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Palavras-chave: Narrativas (auto) biográficas; Alfabetização e Letramento, Projeto
AJA-MS; Jovens em distorção idade/ano.
Introdução
O presente artigo problematiza as questões de políticas públicas no que
tangem a alfabetização e letramento de jovens de 15 a 17 anos em distorção
1080
idade/ano que não concluíram o ensino fundamental, por meio da abordagem
qualitativa, utilizando o método (auto)biográfico a partir de narrativas dos sujeitos
envolvidos no Projeto Avanço do Jovem na Aprendizagem em Mato Grosso do Sul -
AJA-MS.
De acordo com Souza (2008, p. 40), ―Os modelos biográficos assentam-se na
inserção individual e coletiva da memória e nas histórias de vida, os quais centram-
se na temporalidade, nos territórios, na individualização e individuação da existência
e do sentido da vida‖. A partir desses pressupostos, ao utilizar entrevistas e vídeos
gravados, o pesquisador pode compreender alguns aspectos referentes à
subjetividade, sinalizados pelos sujeitos envolvidos nos processos e na relação entre
pesquisador e pesquisado, considerando as emoções e valores apontados em suas
narrativas.
Dessa forma, a pesquisa favorece a compreensão do indivíduo, por meio da
amplitude de sentidos das informações concebidas pelos sujeitos para a pesquisa,
relacionando-os às teorias de conhecimento científico, a fim de entender o mundo
contemporâneo sob a ótica da educação de jovens em distorção idade ano em
processo de alfabetização e letramento.
Segundo Barreiro e Erbs (2016, p. 68), a pesquisa narrativa implica: ―[...]
mudança na relação entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa; os tipos de
informações coletadas em um estudo, consideradas como relevantes; o foco no
particular; e o reconhecimento de outros tipos de saberes/conhecimentos‖.
A escolha do método (auto)biográfico está em consonância com os
paradigmas de pesquisa que priorizam a participação dos sujeitos envolvidos,
estabelecendo vínculos e considerando-os como atores ativos do processos que
perpassam os acontecimentos sociais, que precisam ter suas vozes incluídas nas
análises sobre esses fenômenos. O fenômeno social que nos propomos a investigar
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
trata-se da trajetória ou percurso escolar de jovens de 15 a 17 anos em distorção
idade/ano de escolaridade. Entendemos o percurso escolar, assim como Santos
(2016, p. 359), ―[...] como a garantia do direito à educação pelo cidadão, através do
acesso, permanência e fluxo escolar – trânsito pelas etapas e níveis do sistema
escolar vigente.‖ Dessa forma,
1081
Bloco Inicial I e II: Cada Bloco com quatro bimestres, com ênfase no
letramento, carga horária de 640 (seiscentas e quarenta horas) e duração
de 192 dias letivos cada Bloco. Esses dois blocos destinam-se à
sistematização do processo de leitura, da linguagem escrita, linguagem
visual, da realização das operações fundamentais e uso das tecnologias e
com a consolidação do processo de aprendizagem inicial, ampliado com os
conteúdos do estudo da sociedade e da natureza, e da Informática I e II,
formação do conhecimento do estudante visando à continuação dos seus
estudos e o mercado de trabalho. (PROJETO AJA-MS, 2015, p. 26).
[...] a análise dos dados do período 2004 a 2010 revela que, embora tenha
havido avanços importantes nas formas de oferta de EJA, há resistência
aos formatos mais tradicionais de alfabetização e educação escolar,
possivelmente associada à dura realidade da desigualdade. Assim,
argumentamos que a lenta queda dos índices de analfabetismo no período, 1084
a pouca articulação entre o Programa Brasil Alfabetizado e os programas de
ensino fundamental ofertados pelos estados, Distrito Federal e municípios, e
a queda geral na matrícula na EJA exigem um repensar das atuais
estratégias para jovens e adultos fora da escola. (IRELAND, 2012, p. 5).
179
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-continuada-alfabetizacao-diversidade-e-
inclusao/apresentacao. Acesso em 12 mar. 2017.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Dados do IBGE (PNAD/IBGE, 2005) desse início do período em estudo
mostram uma população em torno de 182 milhões. Desse total, 137.7
milhões tinham mais de 15 anos de idade e 34 milhões estavam na faixa
etária de 15 a 29 anos. Desse mesmo segmento da população, 14.654.000
foram classificados como analfabetos (com menos de um ano de
escolaridade) e mais 16 milhões possuíam menos de 4 anos de
escolaridade, sendo considerados como analfabetos funcionais e, assim,
constituindo-se um índice de 24,1% de analfabetismo funcional brasileiro.
Acrescentando as 37 milhões de pessoas acima de 15 anos que não
concluíram o ensino fundamental às pessoas analfabetas e funcionalmente 1085
analfabetas, chegamos à cifra de 68 milhões de brasileiros acima de 15
anos que não concluíram o ensino fundamental. Isto significa quase 50% da
população total (acima de 15 anos). Na faixa etária de 15 a 24 anos, 12
milhões de jovens não concluíram o ensino fundamental e quase 2 milhões
foram considerados analfabetos.
Figura 1. Pessoas não alfabetizadas acima de 15 anos de idade por faixas etárias
Projeto AJA-MS segue as ideias de Paulo Freire (2014), Neuzi Berbel (1999, 2012),
Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1985) e Leda Tfouni (2010), dialogando entre a
metodologia da problematização e a utilização dos temas geradores, considerando
as experiências dos sujeitos envolvidos no processo de alfabetização e letramento.
A Metodologia da Problematização, sob o prisma de Berbel (1999, p. 2), tem
embasamento teórico na teoria de Paulo Freire, o qual defendeu ―[...] uma Educação
problematizadora, uma Pedagogia problematizadora, aquela que, contrapondo-se à
educação bancária ou à pedagogia bancaria pudesse servir para libertar o homem
dos seus opressores e pudesse servir para a emancipação do homem, para a sua
humanização.‖
Como Berbel destaca, o conhecimento liberta e, nessa perspectiva
compreendemos a importância da alfabetização e do letramento, além do desafio de
atender esse público de jovens excluídos do processo de escolarização formal.
Portanto, em sua concepção pedagógica, é necessário que o Projeto oferte
metodologias ativas com estratégias diferenciadas que atenda esse público.
Aplicação da metodologia da problematização é um grande desafio, pois
provoca no professor a necessidade de sair da zona de conforto, conhecer o Jovem
estudante, seu mundo, suas aptidões, para que o planejamento inicial siga uma
proposta que aproxime o letramento de mundo dos sujeitos e os referencias
curriculares, transformando o conhecimento proveniente do senso comum em
conhecimento científico significativo, por meio das cinco etapas propostas na
metodologia, elencadas por Berbel (1999): ―Observação da Realidade; Pontos-
chave; Teorização; Hipóteses de solução; Aplicação da realidade.‖
Com a aplicação da metodologia, os olhares se voltam para a realidade
dos sujeitos (estudantes e professores) e suas manifestações, com suas
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
experiências transformando as suas práxis, propiciando o desenvolvimento de
práticas de pesquisa em uma relação dialógica. Na alfabetização, ressaltamos a
importância da proposta e do uso de uma linguagem significativa com a utilização
das diversas tecnologias da informação.
A pesquisa realizada por Mello (2007) analisa as contribuições da teoria da
psicogênese da língua escrita de Emilia Ferreiro e Ana Teberoski (1985), 1088
180
Os participantes da pesquisa assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os
nomes são fictícios, a fim de resguardar suas identidades.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Saber que todo indivíduo constrói conhecimento, que as propostas de
ensino devem ser ajustadas as necessidades da aprendizagem dos alunos,
que é preciso levar em conta o que eles sabem, que se aprende melhor em
colaboração, que as propostas interdisciplinares são metodologicamente
interessantes [..] (SOLIGO, VAZ, 2005, p.83)
Assim, em cada parada, uma nova experiência, uma nova cidade, um novo
público, uma sensação de liberdade. Mas, aos 13 anos resolveu voltar para casa,
percebeu que no circo não teria como seguir carreira de artista, já que se priorizava
a família circense. Como os sonhos e as ambições foram aumentando, percebeu a
necessidade de voltar para a família e para a escola. Matriculou se no ensino regular
e concluiu o terceiro ano, mas, conforme narra, ―aquela necessidade de algo mais
voltava a tomar conta do seu coração.‖ Nesse intervalo, chegou a voltar para o circo,
mas resolveu sair e continuar seus estudos. Nesse retorno, já com 15 anos,
conheceu a proposta do Projeto AJA-MS, por meio de divulgação nas escolas.
A primeira semana, segundo narra, não foi fácil, pois estar em um grupo
diferente, ter a sua professora trocada duas vezes, fizeram com que as dúvidas
tomassem conta do seus pensamentos. Estaria no caminho certo? ―Com o tempo,
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
veio a Prô 3, uma professora gentil, preocupada com a nossa aprendizagem, as
vezes brava, pois quer que a gente aprenda, os colegas um caso a parte, até me
acostumar.‖ (Sirius).
Para Sirius, um dos desafios para os estudantes do Bloco Inicial II é vencer
suar dificuldades. ―Somos só 8 estudantes na sala, é uma turma tranquila, aí tem os
professores que dão aula nas salas dos Bloco intermediários e finais, e chegam com 1091
todas as suas emoções, meio que gritando e querendo que a gente saiba de tudo‖
(Sirius).
Foram os estudantes, segundo Sirius, que resolveram esse problema:
―Tivemos que dar uma dura, peraí professor, o senhor está na sala errada, lembra?
Somos o Inicial! Paciência!‖ (Sirius). Assim, entre conflitos e diálogos, Sirius narra
que ―[...] as coisas se resolveram. É legal perceber que os professores procuram
tratar a gente como adolescentes, ouvir as nossas opiniões trazer atividades
voltadas para o nosso mundo jovem‖.
Esse trabalho diferenciado, que procura se aproximar das representações de
mundo dos estudantes, traz a eles o empoderamento necessário para que se
aumente sua autoestima, para que se sintam capazes de aprender. Sirius conta: ―O
mais legal é que quando chega visita eu sou um dos indicados para apresentar a
escola, fico todo orgulhoso, até chorei na visita do pessoal do Espírito Santo‖.
Compreender o processo de ensino e aprendizagem é superar a cultura do
repasse. Nas palavras de Sirius: ―afinal, eles tem que entender que mais do que
ensinar a saber ler e escrever, os professores precisam nos respeitar, com amor,
nos incentivar a vir, pois matamos cada leão para estar na escola.‖
Este sentimento de pertença, de que há, naquele espaço, quem se preocupa
com seu desenvolvimento pessoal, mais do que com a simples escolarização, tende
a diminuir problemas com evasão e aumentar o rendimento escolar dos alunos. Para
Sirius:
Hoje eu saio de casa para ir para a escola, porque vou para o AJA-MS, pois
sei que lá eu tenho mais do que uma escola, tenho um lugar que eu
aprendo, que posso conhecer outros lugares, outras possibilidades de
aprendizagem, temos dificuldades temos, nem todos os estudantes
acordaram para a vida, eu já acordei e sei que a minha experiência de vida
Entender que sua experiência de vida, mesmo aos 15 anos, pode auxiliá-lo
em sua aprendizagem e ser compartilhada com os colegas significa que, para esse
aluno, o Projeto está cumprindo seus objetivos e configurando-se como uma
1092
proposta diferenciada.
Considerações Finais
Referências
CORAZZA, Sandra Maria. Tema Gerador: Concepções e Práticas. Ijuí: Ed. UNIJUI,
1992.
181
Mestranda do Programa de Graduação Mestrado Profissional em Educação da Universidade
Estadual de Mato Grosso do Sul - Campo Grande – MS, Especialista em Educação e Gestão
Ambiental, Graduada em Ciências Biológicasm integrante do grupo
Gepenaf,fabiborgesbio@gmail.com.
182
O termo manual didático será utilizado para definir o instrumento Livro didático.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Palavras-chave: Organização do Trabalho didático, Mediação de Recursos
didáticos, Interdisciplinaridade e Projeto AJA-MS;
INTRODUÇÃO
Este artigo propõe a discussão da categoria Organização do Trabalho
didático, no eixo mediação dos recursos didáticos, com o objetivo de analisar o livro
1096
Natureza, História e Sociedade Mato Grosso do Sul, nível intermediário e sua
relação com o processo de ensino e aprendizagem no Projeto AJA-MS Avanço do
Jovem na Aprendizagem em Mato Grosso do Sul, uma política pública da Secretaria
de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul (SED/MS) destinada aos jovens de
15 a 17 anos que não concluíram o ensino fundamental. O manual didático em
questão traz uma proposta interdisciplinar, que visa favorecer o desenvolvimento
dos pressupostos metodológicos aplicados no Projeto AJA-MS, contemplando a
problematização, a construção de projetos e a significação dos saberes regionais.
A partir das contribuições dos pressupostos teórico-metodológicos aplicados na
organização do Projeto AJA-MS - Avanço do Jovem na Aprendizagem em Mato
Grosso do Sul e dos autores que dialogam sobre o tema organização do trabalho
didático, este artigo está organizado em duas etapas de reflexão: apresentação da
categoria Organização do Trabalho Didático e sua relação educativa na perspectiva
do Projeto AJA-MS; análise do manual didático: Natureza, História e Sociedade
Mato Grosso do Sul e as considerações sobre as contribuições e desafios de sua
utilização no Projeto AJA-MS.
Nessa perspectiva, faz-se necessário, primeiramente, discorrer sobre o
contexto em que o manual didático em questão é utilizado.
Fonte: SED/MS(2015).
A partir das concepções dos textos clássicos, iniciamos a análise do manual didático
no próximo tópico.
REFERÊNCIAS
Resumo:
Este Artigo apresenta algumas discussões teóricas sobre as características da
Educação Integral, bem como, sobre as condições de ensino em Tempo Integral,
buscando trazer reflexões sobre as diferenças de significados no uso dessas
terminologias, analisando as vertentes dessas políticas públicas voltadas à
qualidade do sistema escolar. Para alcançar esses objetivos fez-se primeiramente
um levantamento bibliográfico sobre os temas, fundamentado em autores como:
Candau (2008/2010), Cortella (1999), Carvalho (2006) e Ferraz (2011), além de
documentos oficiais do governo Federal e Estadual. A fim de aprofundar essas
discussões e reflexões, elegeu-se aqui um estudo de caso que exemplifica a
proposta de Educação Integral do governo para o Estado de Mato Grosso do Sul. No
uso dessa metodologia realizou-se uma entrevista semi-estruturada com a Gestora
Pedagógica da CRE8185 responsável por acompanhar o desenvolvimento dos
trabalhos na Escola Estadual Presidente Médici que foi inserida no programa de
reforma do Ensino Médio do Governo Federal, com a implantação da Educação
Integral e com a possiblidade dos alunos escolherem algumas disciplinas para
compor seu currículo, de acordo com suas aptidões. O programa adotado no Estado
segue modelo implantado desde 2002 em Pernambuco. O objetivo desse programa
é reduzir o índice de abandono e aumentar a aprovação dos estudantes no ensino
médio da rede pública estadual. A proposta amplia para nove horas o tempo de
permanência dos jovens na escola. "Estamos chamando este modelo de Escola da
Autoria porque o objetivo é estimular o protagonismo juvenil em uma educação
pautada no jovem e seu projeto de vida, que incentive as publicações de alunos e
professores" afirmou a secretária de Educação, Maria Cecília da Motta, em
entrevista ao site de notícias do governo. Este programa de educação em tempo
integral foi implantado em 12 escolas de Mato Grosso do Sul a partir deste ano de
2017. Com menos de 06 meses de implantação efetiva, é cedo para atestar o
183
Mestre em Geografia pela UFGD/2009. Professora Formadora da CRE8/Gestão de Tecnologia
Educacional.
184
Mestre em Educação pela UFGD/2017, membro do GEPRAFE – Grupo de Estudo e Pesquisas
sobre Educação, relações étnico-raciais e formação de professores. Professora Formadora da
CRE8/Gestão de Tecnologia Educacional.
185
Coordenadoria Regional de Educação de Naviraí-MS
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
sucesso do programa, ou analisar se este cumpre com as propostas pretendidas,
porém, na Escola da Autoria Presidente Médici, é visível a empolgação e a
esperança colocada nesse sistema de ensino por seus integrantes. Ao final deste
trabalho apresentamos os pontos positivos e negativos enfrentados pela equipe até
o momento.
Os caminhos percorridos
permanece na escola, mas o tempo estendido das aulas é fator importante para
alcançar os objetivos da Educação em sua integralidade.
Maria Alice Setubal, ao escrever o editorial do Caderno Cenpec 2006
sobre a Educação Integral esclarece que essa ideia ressurge num cenário de
enfrentamento aos problemas relacionados ao sistema educativo nacional público,
como ―alternativa importante para a melhoria dos índices educacionais do País‖ e
―como estratégia de convocação de muitos espaços de aprendizagem‖, com a
―possibilidade de alargamento da participação de diferentes políticas sociais e da
sociedade organizada no processo educativo‖. Em suas palavras esclarece:
curricular citado.
Com relação ao Projeto de Vida, o caderno expõe que: ―Ele é o caminho
traçado entre aquele que ―eu sou‖ e aquele que ―eu quero ser‖. (ICE, 2015, p. 09), e
aponta as dimensões trabalhadas nesta Metodologia de Êxito da Escola da Escolha:
―Autodeterminação, Planejamento, Otimismo, Autonomia, Perseverança, Espirito
Gregário186, Responsabilidade, Respeito, Solidariedade, Autoconhecimento,
Autoconfiança, Iniciativa, Capacidade de Fazer escolhas, entre outros‖. (ICE, 2015,
p.10).
O destaque na Escola da Autoria, não está apenas no currículo, mas
principalmente no fato de que são os estudantes que constroem a partir deste as
bases do próprio conhecimento. Construir um projeto de vida na Escola da Autoria é
escrever a própria história, planejando de maneira efetiva os objetivos pessoais a
serem alcançados. Os professores nesse programa são orientadores, que tem o
papel fundamental de provocar os alunos para tais entendimentos.
As Práticas e Vivências em Protagonismo são apresentadas no caderno,
conjugadas ao Projeto de Vida, e trata essa Metodologia de Êxito da Escola da
Escolha como:
[...] práticas educativas providas pela própria escola e/ou por algumas de
suas instituições parceiras, bem como pelos próprios estudantes que
objetivam, por meio de oportunidades educativas, o desenvolvimento de
valores e competências pessoais e sociais, bem como a ampliação do
repertório de conhecimento e valores [...]
[...] ações concretas e intencionais empreendidas por toda equipe escolar
considerando a presença dos estudantes no espaço escolar e no seu
entorno social. (ICE, 2015, p.18).
186
Baseia-se no fato de pensar e agir coletivamente.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
É por meio das práticas e vivências que o estudante tem a possibilidade
de crescer como sujeito competente e seguro de si, de intensificar suas relações
com a escola e seu entorno e de desenvolver uma autonomia responsável, deixando
de ser um receptor passivo para ser uma fonte autêntica de iniciativa, compromisso
e liberdade. (ICE, 2015, p. 19).
Efetivamente as práticas e vivências são exercidas na escola 1119
[...] oportunidade para estimular uma das mais genuínas práticas do jovem
solidário e do jovem protagonista: as atividades de monitoria. Quando um
jovem é estimulado e coloca à disposição de um colega aquilo que sabe,
aliado ao seu tempo e talento, está se dispondo a fazer parte (com o que
sabe) da solução do problema do seu colega (que ainda não sabe).
Portanto, são desenvolvidas não apenas competências cognitivas, mas
também competências socioemocionais. (ICE, 2015, p. 31)
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
IBAIXE Jr. João. Sócrates: o primeiro terapeuta. Revista Filosofia. Disponível em:
filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/.../artigo178918-3.asp. Acesso em:
Junho/2014.
1123
187
Pedagoga. Curso de Pedagogia/FAED/UFGD. E mail: yaraalexandre.ya@gmail.com
188
Mestranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em Educação/FAED/UFGD. Bolsista
CAPES.E mail: evallyrodrigues@gmail.com
189
Doutora em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Professora do Programa
de Pós-Graduação em Educação – Mestrado e Doutorado - na Universidade Federal da Grande
Dourados – UFGD.
Coordenadora do Projeto de Pesquisa intitulado ―Política, Gestão e Avaliação da Educação Básica:
O Processo Alfabetizador da Criança em Foco‖ - Chamada FUNDECT/CAPES N° 11/2015 EDUCA-
MS - CIÊNCIA E EDUCAÇÃO BÁSICA. E-mail: mariaaranda@ufgd.edu.br
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Nacional da Alfabetização (ANA); bem como os imperativos legais que dão suporte
ao estabelecimento dos conselhos municipais de educação e suas respectivas
incumbências sobre a alfabetização. Constatou-se que o COMED rege por meio de
orientações legais tomadas para o processo alfabetizador, condizentes com o que
está posto na legislação educacional nacional, por isso a presença de vários
projetos e programas, bem como a indicação do Bloco Inicial de Alfabetização (BIA)
para as escolas pertencentes à Rede Municipal de Ensino de Dourados/MS. 1125
Abstract: The objective of this research is to identify how the Municipal Education
Council of Dourados (COMED), in Mato Grosso do Sul (MS), has been deliberating
on orientations directed to the child literacy process, based on the changes arising
from educational policy in the present time . This research results from studies
carried out in conjunction with the Network Research Project - Universal Call - MCTI /
CNPq No. 14/2014 - entitled: The Municipal Council of Education in Brazil and the
Socially Referenced Quality of Public Education; (UFG), Federal University of Mato
Grosso (UNEMAT), Federal University of Goiás (UFG), and the general coordination
is with UFU. Two basic themes support the study in focus: the Municipal Council of
Education (CME) and the child literacy process. The CME is considered as one of
the instruments of democratic management of education, a principle of prominence in
educational legislation and; Child literacy has been a constant concern in educational
policies since the 1990s. Methodologically, this qualitative research has been used to
review and understand the existing discussions on the subject in question and; The
document analysis technique was also used to interpret legislation that establishes
the main programs related to the child's literacy process, such as: Pro-Literacy, the
Articulated Actions Plan (PAR), the National Literacy Pact In the Right Age (PNAIC),
Provinha Brasil, the National Literacy Assessment (ANA); As well as the legal
imperatives that support the establishment of the municipal education councils and
their respective incumbencies on literacy. It was verified that the COMED governs
through legal guidelines taken for the literacy process, consistent with what is
established in the national educational legislation, so the presence of several projects
and programs, as well as the indication of the Initial Block of Literacy (BIA ) For
schools belonging to the Municipal Network of Teaching of Dourados / MS.
estruturado à luz da abordagem qualitativa, uma vez que esse enfoque ―[...] ocupa
um reconhecido lugar entre as várias possibilidades de se estudar os fenômenos
que envolvem os seres humanos e suas intrincadas relações sociais, estabelecidas
em diversos ambientes.‖ (GODOY, 1995). Com o intuito de embasar teoricamente o
estudo, lançou mão de revisão bibliográfica, pois conforme sinaliza Gil (2010, p. 30),
essa estratégia de pesquisa possibilita ―[...] a cobertura de uma gama de fenômenos
muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente‖.
Recorreu-se, também, à técnica de análise de documento para interpretar
legislações que institui os principais programas ligados ao processo de alfabetização
da criança, tais como: Pró-Letramento, o Plano de Ações Articuladas (PAR), o Pacto
Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC), a Provinha Brasil, a Avaliação
Nacional da Alfabetização (ANA); bem como os imperativos legais que dão suporte
ao estabelecimento dos conselhos municipais de educação e suas respectivas
incumbências sobre a alfabetização.
Dois temas básicos sustentam o estudo em foco: o Conselho Municipal de
Educação (CME) e o processo alfabetizador da criança. O CME é considerado como
um dos instrumentos de gestão democrática do ensino, princípio de destaque nas
legislações educacionais. Segundo Ferreira (2001, p. 167) ―[...] é hoje, um valor
consagrado no Brasil e no mundo, embora ainda não totalmente compreendido e
incorporado à prática social global e à prática educacional brasileira e mundial‖.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDBEN/96), em
seu artigo XIV, a gestão democrática é citada observando a incumbência dos
sistemas de ensino de definir as normas da mesma, de acordo com suas
peculiaridades, e com a participação das comunidades escolar e local em conselhos
escolares ou equivalentes (BRASIL, 1996).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Sobre o processo alfabetizador, no entendimento de Mortatti (2010), A
alfabetização escolar – entendida como processo de ensino e aprendizagem da
leitura e escrita em língua materna, na fase inicial de escolarização de crianças – é
um processo complexo e multifacetado que envolve ações especificamente
humanas e, portanto, políticas, caracterizando-se como dever do Estado e direito
constitucional do cidadão. 1127
O artigo está estruturado em três tópicos, onde o primeiro tem como objetivo
contextualizar o surgimento dos CMEs como instrumento de gestão e controle social
de políticas públicas; já o segundo apresenta um levantamento das principais
políticas nacionais vigentes para a alfabetização da criança; e no terceiro e último
ponto estão colocada as deliberações do Conselho Municipal de Dourados
(COMED) para o processo alfabetizador da criança.
adotada e que serve como lente epistemológica para a construção deste estudo.
Assim, entende-se por políticas educacionais tudo aquilo que o Estado faz ou deixa
de fazer em educação escolar, isto é, são as ações governamentais que tem
interferência direta no ambiente de ensino e aprendizagem institucional (AZEVEDO,
2003).
Nos últimos anos, o discurso da qualidade do ensino tem se mostrado
crescente nos debates acadêmicos e nas políticas educacionais, culminando na
elaborando de novas normativas; na reestruturação do sistema de financiamento, na
avaliação e monitoramento da educação; bem como em programas de formação e
aperfeiçoamento de professores; uma vez que o aspecto mais importante consiste
na ―[...] necessidade de um currículo e de novos projetos políticos pedagógicos que
sejam capazes de dar conta dos grandes desafios educacionais da
contemporaneidade‖. (BRASIL, 2013, p. 103). Neste contexto, destaca-se o Pró-
Letramento, o PAR, o PNAIC, a Provinha Brasil e a ANA, como ações
governamentais ligadas ao escopo da qualidade educacional.
O Pró-Letramento, criado em 2005, foi desenvolvido com intuito de oferecer
meios para a melhoria da qualidade da educação, sendo assim um programa de
formação continuada de professores nas áreas de leitura, escrita e matemática dos
anos iniciais do ensino fundamental. O Programa é responsável pela capacitação de
duas áreas de conhecimento: Língua Portuguesa e Matemática.
O financiado era feito pelo Ministério da Educação (MEC) e o desenvolvido do
programa se deu por meio da cooperação das universidades públicas e dos estados
e municípios brasileiros. Ao todo são 21 instituições de ensino superior pública que
participaram da ação formativa desenvolvida pelo Pró-letramento por meio da
escolha e elaboração do material didático a ser utilizado.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Agregada a incumbência de subsidiar financeiramente o programa, ao MEC
recai a responsabilidade de reprodução e distribuição dos materiais; promover a
capacitação dos tutores envolvidos, bem como avaliar o desempenho das atividades
inerentes ao programa. Nesse processo de implementação do Pró-letramento as
Secretarias de Educação desempenham a função de selecionar os tutores do
programa e, as universidades por sua vez, oferecem os cursos de capacitação para 1131
190
A Lei 11.273 de 06 de fevereiro de 2006 prevê a autoriza a concessão de bolsas de estudo e de
pesquisa a participantes de programas de formação inicial e continuada de professores para a
educação básica (BRASIL, 2006).
5 Considerações Finais
O artigo objetivou identificar como o Conselho Municipal de Educação de
Dourados, em Mato Grosso do Sul, vem deliberando sobre orientações voltadas 1136
Referências
AGÊNCIA Brasil. Número de conselhos municipais de educação. Disponível em:
<http://noticias.terra.com.br/educacao/numero-de-conselhos-municipais-de-
educacao rescemas-ainda-
hdesafios,47bcda10ff474410VgnCLD2000000ec6eb0aRCRD.html >. Acesso em 10
jan. 2017.
BRASIL. Portaria nº. 867, de 4 de julho de 2012. Institui o Pacto pela Educação na
Idade Certa e as ações do Pacto e define suas diretrizes gerais. Ministério da
Educação, 2012. Disponível em:
<http://pacto.mec.gov.br/images/pdf/2016/Portarias/PORTARIA_N_867_DE_4_DE_J
ULHO_DE_2012.pdf >. Acesso em 10 fev. 2017.
GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010.
GODOY, A.S. Pesquisa Qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração
de Empresas. São Paulo, v. 35, n.3, p. 20-29, mai./jun. 1995.
191
Mestre em Educação pelo Programa de Pós-Graduação em Educação – Mestrado e Doutorado –
FAED/PPGEdu/UFGD. Servidora Técnica na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS.
Linha de Pesquisa Política e Gestão. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas ―Estado, Política e
Gestão da Educação‖ – GEPGE e do Grupo de Pesquisa ―Conselhos Municipais de Educação no
Brasil‖ - GPCMEbr. E mail: marcia_484@hotmail.com
192
A elaboração desse trabalho contou com a orientação e colaboração da Professora Dra. Dirce Nei
Teixeira de Freitas e das discussões realizadas durante as reuniões do Grupo de Pesquisa
GEPGE/FAED/UFGD.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
1 INTRODUÇÃO
A qualidade da educação tem ganhado destaque tanto na política educacional
brasileira quanto na literatura da área. Contudo, a questão da ―qualidade‖ é
reconhecidamente complexa e polêmica (DOURADO; OLIVEIRA; SANTOS, 2007).
Muitos são as abordagens e as perspectivas sobre o conceito do que venha a ser
―qualidade‖ na área da educação. 1141
193
A transparência da qualidade de ensino tem se dado pela divulgação de resultados de avaliações
em larga escala, como é o caso das avaliações do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes) e da Prova Brasil, bem como os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (Ideb). A concepção de qualidade expressa nessas avaliações restringe-se a ―mensuração‖ do
desempenho cognitivo dos alunos por meio de testes padronizados, bem como pelo
acompanhamento do fluxo escolar (no caso do Ideb). Sobre a metodologia do Ideb ver Fernandes
(2007) e sobre o Pisa ver Ações Internacionais (INEP, 2011).
194
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciências e a Cultura.
195
O Instituto foi criado em 13 de janeiro de 1937 sob a denominação de Instituto Nacional de
Pedagogia, como órgão ligado ao então Ministério da Educação e Saúde Pública tinha por objetivo
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Este Instituto, em parceria com os organismos internacionais e administradores dos
governos subnacionais, desde então, investem em estudos, pesquisas e avaliações
em larga escala no sentido de produzir indicadores de qualidade da educação
pública no país (FREITAS, 2005a).
Considerando tal panorama, neste artigo, apresento algumas reflexões sobre
estudos comparativos e pesquisas internacionais e nacionais que o Brasil tem 1143
mapear os problemas educacionais. Em julho de 1938, passa a ser denominado Instituto Nacional de
Estudos Pedagógicos e conhecido pela sigla atual: Inep. Já em março de 1997, o Inep passa por uma
reestrutura organizacional e redefinição de objetivos, recebendo a atual denominação e sendo
transformado em uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (cf. INEP, 2011a).
Inep 70 anos. 2011a. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/institucional/70Anos.htm>. Acesso em:
jan. 2011.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
suporte ao monitoramento educacional que vem sendo realizado desde os anos de
1950, nos Estados Unidos, seguidos por iniciativas de países europeus e latino-
americanos.
Enquanto Vianna se concentrou na revisão conceitual da literatura de norte-
americana e européia, S. Sousa (2005) realiza uma revisão da produção publicada
pela Fundação Carlos Chagas sobre a avaliação educacional, no período de 1972 a 1144
2003.
Ambos os autores identificam a evolução conceitual da pesquisa em
avaliação educacional tanto na literatura internacional quanto nacional. A avaliação
inicialmente era, em um primeiro momento, restrita a ―mensuração‖ da
aprendizagem dos alunos por meio de testes padronizados (VIANNA, 1997; A.
SOUSA, 2005). No segundo momento, passa a implicar em medida e juízo de valor,
evoluindo para o momento em que seus resultados passam a implicar na
interferência do processo, portanto, de planejamento (racionalização) e tomada de
decisões (Ibid.).
Nesse processo a avaliação passa a ter, não só dimensões pedagógicas
(somativa e formativa), como também políticas ao ser útil ao monitoramento da
educação e a sua utilização na produção de políticas públicas educacionais (Ibid.).
Assim, as pesquisas sobre o efeito escola, a eficácia da escola e o ―melhoramento
escolar‖, desde os anos de 1950, têm um crescimento exponencial no número de
adeptos, tanto na academia quando na administração pública, e de críticos. O
resultado desse movimento foi uma extensa produção sobre tais temas e
alternativas para ―mensurar‖ e ―melhorar‖ a qualidade da educação pública (Ibid.).
Considerando tal panorama, Brooke e Soares (2008), com o auxílio de uma
equipe de pesquisadores e tradutores e apoio da Fundação Ford, organizaram o
livro ―Pesquisa em eficácia escolar: origens e trajetórias‖. Como bem ilustra o título,
propuseram-se a mapear as pesquisas que possibilitaram apontar fatores que
podem estar relacionados com a eficácia da escola. Os autores analisaram desde os
textos clássicos, como o Relatório Coleman, até os textos nacionais sobre a eficácia
(Ibid.).
Dada a importância e variedade, tanto em número quanto em abordagem,
vários estudos de revisão de literatura sobre a temática foram elaborados, muitos
destes com qualidade e o mérito de ser o ―estado-da-arte‖ da pesquisa em eficácia
escolar, como é o caso de Madaus et all.; Reynolds e Teddlie; Sammons; Torrecilla,
entre outros (BROOKE; SOARES, 2008).
Reynolds e Teddlie (In: BROOKE; SOARES, 2008), por exemplo, apontam
alguns elementos que podem contribuir para que uma escola seja de fato eficaz:
liderança firme e objetiva do diretor, o envolvimento do vice-diretor, monitoramento
do progresso, formação continuada dos docentes, entre outros fatores.
Complementando as revisões de literatura realizadas pelos autores, analisei,
ainda, alguns estudos e pesquisas dos quais o Brasil tem participado/realizado:
Pesquisas WEI (Programa de Indicadores Mundiais da Educação, 2008); Mec, Inep
e Unicef (2007); Parandekar, Oliveira e Amorim (2008); Carnoy, Gove e Marshall
(2009); Unicef (2010).
As pesquisas WEI (2008), com base na metodologia desenvolvida pelo
Instituto de Estatísticas da Unesco, têm realizado levantamentos em onze países
com vista a construir indicadores sobre a estrutura e funcionamento de escolas
primárias, bem como, sobre o ensino e a aprendizagem em leitura e matemática, a
partir de 2005. Os países participantes são: Argentina, Brasil, Chile, Filipinas, Índia,
Malásia, Paraguai, Peru, Sri Lanka, Tunísia e Uruguai.
Já a pesquisa realizada por pesquisadores do Mec, do Inep e do Unicef do
Brasil (2007), teve por base as abordagens da eficácia escolar, ao buscar identificar
―boas práticas‖ que podem estar associados aos ―bons resultados‖ de algumas
escolas na Prova Brasil, e do ―melhoramento escolar‖, considerando que o objetivo
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
principal da pesquisa era ―[...] disseminar as boas práticas das 33 escolas
visitadas [...]‖, como também ―[...] contribuir para que os gestores educacionais e
escolares, estudantes, professores, funcionários, famílias e comunidade garantam,
no dia-a-dia de suas escolas, o direito de aprender de cada uma de suas
crianças‖ (MEC; INEP; UNICEF, 2007, p. 3, grifos meus).
Parandekar, Oliveira e Amorim (2008), por sua vez, seguiram a mesma lógica 1147
que a pesquisa citada, com algumas diferenças: foi encomendada pelo Inep e se
centraram nas ―boas‖ práticas de secretarias municipais de educação das cidades
selecionadas. Os autores encontraram evidências de que a formação continuada de
professores, o acompanhamento e assessoramento da secretaria municipal de
educação às escolas são práticas de gestão que podem ter contribuído para que
algumas das redes municipais pesquisadas obtivessem melhores resultados do que
se esperava.
O trabalho realizado por Carnoy, Gove e Marshall (2009) consiste em uma
pesquisa empírica, com ênfase em funções de produção197, em escolas de três
países: Brasil, Chile e Cuba. Os autores se propuseram a investigar os insumos das
escolas e atitudes dos profissionais da educação que podem contribuir para o
desempenho positivo dos alunos nas avaliações em larga escala. Os resultados
permitiram afirmar que um conjunto convergente de fatores pode contribuir para a
qualidade da educação198, entre os quais cito: as atitudes dos gestores escolares
(diretores, vice-diretores, coordenadores e supervisores) voltadas para a supervisão,
orientação e acompanhamento dos professores, entre outros fatores, podem estar
associadas ao ―sucesso educacional‖ das escolas cubanas e em alguns casos
específicos de escolas brasileiras e chilenas.
A pesquisa promovida pelo Unicef (2010) contou com o apoio do Mec, do Inep
e da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Tendo por
suporte as abordagens da função de produção e do melhoramento escolar, os
197
Essa abordagem busca identificar possíveis relações entre origem, insumos e resultados, no caso
da pesquisa em educação, os resultados, muitas vezes, são mensurados por meio de testes
padronizados (VIANNA, 1997).
198
Os fatores aos quais os autores se referem dizem respeito, especialmente, à educação cubana, a
qual se mostra ―superior‖ em relação aos outros dois países (Brasil e Chile) nos resultados em
avaliações internacionais (cf. CARNOY; GOVE; MARSHALL, 2009).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
autores dessa pesquisa buscaram identificar junto aos atores das escolas –
gestores, docentes, comunidade, discentes - os fatores associados à variação
―positiva‖ no Ideb de 2005 e 2007. Os resultados foram publicados em um relatório
com caráter programático e uma linguagem ―acessível‖, porém não simplista.
No conjunto dessas pesquisas – Mec, Inep e Unicef, 2007; Parandekar,
Oliveira e Amorim, 2008; Unicef, 2010 − os principais indicadores de qualidade são 1148
Conforme visto, há uma gama variada de produções que tiveram por objetivo
a construção de indicadores de qualidade da educação. Tais trabalhos podem ser
classificados nas abordagens: efeito escola, eficácia escolar, funções de produção,
psicologia da educação e melhoramento escolar. 1151
OLIVEIRA, Romualdo Portela de; ARAÚJO, Gilda Cardoso de. Qualidade do ensino:
uma nova dimensão da luta pelo direito à educação. Revista Brasileira de
Educação, n.28, p.5-23, abr. 2005. Disponível em:
<www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
24782005000100002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 16 nov. 2007.
1154
1 INTRODUÇÃO
O tema da ―qualidade da educação‖ tem sido alvo de intensas e profícuas
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
discussões e, especialmente nas políticas públicas, gerando questionamentos sobre
seu conceito e concepção: qual a qualidade da educação almejada? A concepção
de qualidade explicita nas políticas educacionais? Qual a ―qualidade‖ almejada pela
sociedade? O que de fato os pesquisadores entendem por qualidade da educação?
Antes de tudo, cabe lembrar que, ao menos na percepção popular, há uma
tendência em se estabelecer uma associação direta entre os resultados de 1156
199
Projeto de Pesquisa em Rede - Chamada Universal – MCTI/CNPq Nº 14/2014 - intitulado ―O
Conselho Municipal e Educação no Brasil e a Qualidade Socialmente Referenciada do Ensino
Público‖, envolvendo as seguintes Universidades: Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Universidade do Estado de Mato Grosso
(UNEMAT), Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
(UFMT).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
2 A QUALIDADE EDUCACIONAL NA LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL
Com vistas a buscar conceitos e concepções presentes do termo ―qualidade
educacional‖, importa destacar a sua prevalência na legislação educacional vigente.
No caso, selecionamos os seguintes aportes legais: a Constituição Federal (BRASIL,
1988), a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/1996) e o Plano
Nacional de Educação 2014-2024 (PNE). 1157
Entendemos que a ―qualidade‖ como meio e como fim, portanto como o eixo
de sustentação da política educacional, pela qual será possível ter um parâmetro de
busca em direção ao alcance dos objetivos mais amplos da educação brasileira, no
processo a ser implementado pelos sujeitos sociais e educacionais. Entretanto,
apenas anunciar a qualidade de/ou para uma ação não implica em uma
compreensão que demonstre que o significado, o conceito e principalmente a
concepção que se busca e que se quer estão postos.
200
Outras listas são igualmente válidas e demostram a quantidade e variedade da produção recente
sobre a temática como exemplo o texto de Dourado, Oliveira e Santos (2007) apresenta as seguintes
obras Unesco (1998, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004); Inep (2004); Brasil: MEC/SEB (2005);
Lima(1998); Nóvoa (1999); Dourado, Paro (2001); Banco Mundial (1996, 1999, 2002); Bourdieu
(1998, 1975); Ação Educativa (2004); Morduchowicz (2003); Izquierdo (2003); Brock, Schwartzman
(2005); Darling-Hammond, Ascher (1991); Paro (1998); Rios (2002); Unesco, OECD (2003);Verhine
(1998); Gajardo (1999).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
insumos, processos e resultados; e c) abordagens que procuram identificar
elementos objetivos e elementos subjetivos que proporcionam, ou favorecem uma
educação de qualidade.
Para cada uma dessas formas de analisar a questão são possíveis diferentes
perspectivas de interpretação da realidade e múltiplas formas de análise, que levam
invariavelmente a visões um tanto diferentes do que seria uma escola de qualidade, 1162
ou quais os elementos que constituem uma educação de qualidade, uma vez que a
própria noção do que seria o objeto a ser alcançado, ou seja, a qualidade da
educação também sofre da mesma multiplicidade de interpretações e não é um
tema novo (AZEVEDO, 2011).
Uma vez que o tema da qualidade pode ser tratado sob vários pontos de
vista, destacamos que o desafio situa-se na tarefa que os pesquisadores têm no que
se refere a retomá-lo no âmbito dos debates sobre as políticas públicas de educação
na atualidade, em que se estreitam as definições e se vincula a qualidade aos
índices e resultados derivados das avaliações externas e em larga escala.
As críticas a essas políticas de avaliação como mecanismos para a melhoria
da qualidade da educação se colocaram em dois campos: 1) a ênfase em processos
de avaliações como instrumentos para as reformas educacionais; e 2) críticas a
desvinculação entre a produção acadêmica da área e as políticas educacionais
(PERBONI, 2016).
Nessa direção, quanto ao significado de qualidade, com vistas a ser articulada
a uma concepção teórica, a contribuição de Azevedo (2011), mais uma vez, atende
ao teor que se pretende ao expor que em uma definição mais comum, é tomada
como propriedade, atributo ou condição das coisas ou pessoas. Pressupõe
parâmetros comparativos que permitam a distinção entre o que se julga uma boa ou
má qualidade, sobretudo ao serem focalizados fenômenos sociais. Na condição de
atributo, a qualidade e seus parâmetros constituem o sistema de valores que
predominam em cada momento histórico, sistema este que resulta de uma
construção humana (AZEVEDO, 2011).
Nessa mesma perspectiva, a análise de Arelaro (1990, p. 100) tem toda
relevância ao afirmar que ―[...] que a categoria ‗qualidade‘ traduz um conceito
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
histórico-social, não havendo, científica e pedagogicamente, uma ‗qualidade‘ em si,
ou seja, não existe uma ‗escola de qualidade‘ independente do contexto social em
que a escola está inserida‖.
Situa-se assim uma realidade social em que diferentes concepções sobre a
qualidade educacional convivem em um ambiente de disputa por seu significado,
com implicações para definições das políticas educacionais. Questionamentos 1163
1164
Fonte: Elaborado pelos autores com base nos resultados obtidos no site http://bdtd.ibict.br
nos meses de maio e junho de 2017.
201
O Ideb foi instituído pelo Decreto n. 6.094 em abril de 2007 (BRASIL, 2007), que o definiu como
parâmetro para mensuração e monitoramento da qualidade da educação e da implementação de
políticas pelo governo federal.
202
O Observatório da Educação é um projeto de fomento ao desenvolvimento de estudos e pesquisas
em educação que foi instituído pelo Decreto n. 5.803/2006, coordenado conjuntamente pela
Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
avaliação da educação, avaliação institucional, formação de professores, currículo e
inclusão‖ (GOMES, 2012, p. 4).
No Gráfico 2 buscamos observar a distribuição das pesquisas no país.
Fonte: Elaborado pelos autores com base nos resultados obtidos no site http://bdtd.ibict.br
nos meses de maio e junho de 2017.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A qualidade da educação é um princípio constitucional do ensino, e, em
decorrência, também é princípio orientador da educação da LDB/1996 e no PNE
2014-2024. Imperativos legais produtos de confrontos e acordos, portanto
resultantes de uma construção humana.
Contudo, apesar de legalmente instituído, o tema da ―qualidade educacional‖
é complexo e tem sido abordado a partir de múltiplos significados assumidos,
especialmente, na produção científica levantada. No que se refere as teses
analisadas, percebemos três grupos conforme a abordagem e foco de análise: a)
oito das 22 teses demonstraram preocupação quanto as definições do conceito de
qualidade educacional; b) apenas 3 teses se propuseram a analisar os instrumentos
produzidos/utilizados na construção da avaliação e do monitoramento de indicadores
de qualidade da educação, por gestores e organismos internacionais; e c) a maioria
das teses (11 das 22 analisadas) se ocuparam em analisar os fatores que
―produzem‖ a qualidade da educação, buscando identificar, enumerar ou analisar
aspectos das políticas educacionais ou das práticas escolares que podem promover
a qualidade do ensino.
Depreendemos desta análise que a temática da qualidade da educação está
presente como preocupação das pesquisas educacionais, com uma característica
REFERÊNCIAS
Introdução
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Na medida em que muito se tem falado em qualificar a educação brasileira
para que a mesma possa atender as necessidades dessa sociedade que tem sido
chamada de emergente por estar se desenvolvendo também se construiu um ideal
de que é preciso que se façam mudanças na gestão da educação e das escolas
para que ocorram transformações sociais condizentes com tais necessidades 1174
desenvolvimentistas.
Tal situação nos remete aos desafios da gestão educacional que englobam
tanto os enfrentamentos dos problemas do interior da escola (práticas pedagógicas,
financiamento, planejamento, relações interpessoais, indisciplinas, entre outros)
quanto os problemas que estão para além dos portões da instituição (problemas de
cunho social), ambos atingem diretamente a qualidade do processo de ensino e
aprendizagem.
Diante desse contexto, o modelo de gestão que vem sendo colocado em
prática no âmbito educacional é fruto de tentativas de suprir as necessidades da
sociedade atual, e por isso, o gestor escolar precisa fazer uso de instrumentos que
venham a contribuir para o sucesso de suas ações frente a tantos empecilhos. O
planejamento se destaca como ação colaborativa nesse enfrentamento e tem no
Projeto Político Pedagógico da escola um grande aliado na contextualização e
qualificação da educação local.
Nesse sentido, o estudo em questão tem por objetivo apresentar o espaço
atribuído pelo Plano Nacional de Educação (2014), pelo Plano Estadual de
Educação de Mato Grosso do Sul (2014), e pelo Plano Municipal de Campo
Grande/MS (2015), ao Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola. Para tanto,
foram utilizadas como metodologia de pesquisa as análises bibliográfica e
documental.
Tem-se por intenção aqui situar o PPP no âmbito desses grandes planos,
fazendo um paralelo de sua especificidade no cenário destes três entes federativos
tendo em vista a sua importância como identidade da escola e como instrumento de
qualificação da educação e da gestão escolar num contexto que se deve primar pelo
princípio da democracia.
destacar que para se chegar a esse projeto em sua fase final, ocorrem vários
embates de ideias, de perspectivas, de referenciais teóricos, enfim, conflitos próprios
de um procedimento democrático que devem ser estudados e trabalhados rumo a
um consenso do bem comum a todos.
Tais conflitos mencionados acima significam que a escola é um espaço
público, e por esse motivo, deve ser resgatada como lugar de debate, do diálogo,
fundado na reflexão coletiva. Portanto, é preciso entender que o projeto político-
pedagógico da escola dará indicações necessárias à organização do trabalho
pedagógico como num todo, abrangendo até o trabalho do professor em sala de
aula (VEIGA, 2002) e, por esse motivo, deve ser realizado nesse contexto de diálogo
e reflexão.
O ponto que nos interessa reforçar é que a escola não tem mais
possibilidade de ser dirigida de cima para baixo e na ótica do poder
centralizador que dita as normas e exerce o controle técnico
burocrático. A luta da escola é para a descentralização em busca de
sua autonomia e qualidade (VEIGA, 2002, s/p).
decorrer.
Como já fora citado anteriormente nesse estudo, planejar a educação é de
suma importância para que as ações dos gestores e docentes não fiquem a mercê
do improviso, da descontinuidade e do insucesso. Aqui em especial, será tratado o
Projeto Político Pedagógico – PPP – como projeto de planejamento de maior
destaque dentro de uma instituição escolar. Libâneo, Oliveira e Toshi (2011)
mencionam que o PPP ―é um documento que propõe uma direção política e
pedagógica para o trabalho escolar, formula metas, prevê as ações, institui
procedimentos e instrumentos de ação‖ (2011, p. 345).
Diante de tal importância dada a esse projeto, convém situa-lo no âmbito dos
grandes planejamentos educacionais, estes têm sido o ―carro chefe‖ das políticas
públicas educacionais da atualidade, a começar pelo Plano Nacional de Educação
instituído pela Lei 13.005/2014 (PNE/2014), que hoje se configura como o maior
planejamento da educação brasileira no qual todos os demais planos devem se
apoiar. Ao todo, são 20 metas que este plano propõe para as diversas etapas e
modalidades da educação brasileira.
No que diz respeito ao PPP, este aparece apenas uma vez no PNE/2014, na
estratégia 19.6, que trata sobre a necessidade de estimular alunos, professores e
pais a participarem de sua formulação. A meta correspondente a essa estratégia se
relaciona a gestão democrática na educação que diz que:
consistentes no PPP, tanto em seu conteúdo quanto na maneira com que é visto por
alunos, professores, administrativos e gestores.
Nesse sentido, diante do ponto de vista de um planejamento de concepção
transformadora, a educação assume sua dimensão política de instrumento de
participação social, podendo vir a ―mudar mentalidades e comportamentos, na
direção de um projeto educativo fundamentado na participação popular e na
democracia social, com função redistribuidora e integradora da sociedade‖
(FERNANDES, 2006, p. 11) não se limitando, portanto, ao fazer pedagógico, mas
também, às questões políticas e sociais.
Considerações finais
PEEMS/2014 voltam o PPP somente para essa função, demonstram seu viés de
estado regulador e descentralizador.
O PMECG/2015 vem de encontro com uma função mais coesa deste projeto
na medida em que o considera dentro de seu caráter planificador, político e
pedagógico, contemplando os aspectos de aprendizagem, burocrático e sociais que
permeiam cotidiano escolar dos quais o PPP não pode estar a margem. Porém,
agora se faz necessário acompanhar as ações de execução das metas deste plano
para verificar em que medida suas estratégias estão sendo realizadas no chão da
escola.
Há a necessidade de que se tenha o reconhecimento, por parte da
comunidade escolar, do PPP da escola como seu planejamento maior, como a
identidade da escola e mediador de suas ações e, por essa razão não pode estar
separado da prática. Nesse sentido, não proporcionar um contexto de participação
social significa ir contra as determinações legais, fere o direito dos envolvidos no
processo de ensino e aprendizagem e torna o projeto mais um documento a ser
criado como medida burocrática e engavetado por falta de utilidade e de
identificação com o mesmo.
Referências Bibliográficas
203
Este trabalho integra os seguintes Projetos de Pesquisa: (1) A gestão do processo alfabetizador
com enfoque na política educacional: do nacional ao local (COPQ/PROPP/UFGD). (2) Política, gestão
e avaliação da educação básica: o processo alfabetizador da criança em foco (Chamada
FUNDECT/CAPES N° 11/2015 - EDUCA-MS - CIÊNCIA E EDUCAÇÃO BÁSICA). Estão articulados
ao Projeto de Pesquisa em Rede - Chamada Universal – MCTI/CNPq Nº 14/2014 - intitulado ―O
Conselho Municipal e Educação no Brasil e a Qualidade Socialmente Referenciada do Ensino
Público‖, envolvendo as seguintes Universidades: UFU, UFGD, UNEMAT, UFMT, UFG.
204
Mestranda em Educação pelo programa de Pós-graduação em Educação/UFGD. Bolsista CAPES.
E-mail: evallyrodrigues@gmail.com
205
Mestrando em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação/UFGD. Diretor da EM
Sócrates Câmara. E-mail: nil0911@yahoo.com.br
206
Doutora em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Professora do Programa
de Pós-Graduação em Educação – Mestrado e Doutorado/UFGD. E-mail: mariaaranda@ufgd.edu.br
Abstract: With the end of the military regime (1964-1985) and the beginning of the
re-democratization of the country, the discussions to equate problems in the
educational sphere were increasing, mobilizing diverse sectors of society. It is worth
noting the militancy played by progressive professionals who defended the
democratization of educational establishments as a possible strategy to overcome
problems such as evasion, repetition and age / series gap, present in this historical
period. On the other hand, thinkers oriented by the neoliberal logic also defended the
need to redefine the role of the school and new standards for school management so
that it could contemplate the economic expectations deposited in this segment of
society in the context of training for work, since Knowledge came to be recognized as
a productive work force. Thus, throughout the 1990s new public policies and
guidelines in the field of education were drawn in an attempt to overcome the
educational model hitherto in force. In this context, educational failures were
attributed to a management problem. Issues such as school and educational
management were highlighted in the educational discussions aimed at changing the
way of conducting public education, affirming the need for new standards for school
work organization. As a result of discussions about the new patterns of conduction of
work within school spaces, including the principle of democratic management,
established by the Federal Constitution of 1988; In 1996, with the enactment of Law
9,394 / 96, the democratic principle for conducting educational processes was
reaffirmed and the political-pedagogical project was added as one of the
management instruments. Based on the articles of LDBEN / 96 that establishes this
study, which is linked to the "Education Policy and Management" Research Line of
the "State, Policy and Education Management Group" (GEPGE), the Postgraduate
Program -Graduation of the Federal University of Grande Dourados, Aims to present
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
a reflection on the political, epistemological and didactic presuppositions that support
the conception of political-pedagogical project. The methodological path covered in
this qualitative research encompasses the literature review based on authors from a
critical perspective, whose research is part of the theme discussed in this text; As
well as documentary analysis. The results obtained throughout this research indicate
the relevance of the adoption of solid theoretical-methodological contributions as
bases for the construction of a democratic teaching.
1189
Keywords: Democratic management. School management. Political-pedagogical
Project.
1 Introdução
A busca por uma gestão democrática da escola pública, permeada entre as
décadas de 1980 e 1990, teve seu início nos anos de 1920 e 1930 com as
discussões em prol da democratização do ensino para as massas populares, na
tentativa de romper com as concepções e paradigmas que advogava ser melhor ―[...]
uma boa escola para poucos do que uma escola deficiente para muitos‖ (SAVIANI,
1994, p. 22).
Desse modo, ao longo da década de 1990 novas políticas públicas e
diretrizes no âmbito da educação foram traçadas na tentativa de superar o modelo
educacional até então vigente. Neste contexto, os insucessos no âmbito educacional
foram atribuídos a um problema de gestão. Temas como gestão escolar e
educacional foram postos em destaque nas discussões educacionais que visavam a
mudança da forma de condução do ensino público, afirmando a necessidade de
novos padrões para organização do trabalho escolar.
O embate em defesa da democratização da educação pública e gratuita para
todos foi marcado pela militância política, sendo que de um lado estavam os
educadores defendendo a democratização da escola e do conhecimento por meio
da autonomia administrativa, financeira e pedagógica, porém, sem a isenção do
Estado no âmbito das responsabilidades sociais para com a educação; e, de outro
lado, estavam presentes os discursos governamentais focado em questões
funcionais, pragmáticas e imediatista, criando uma cidadania sob controle do mesmo
(ARANDA, 2008).
2 O que é o PPP?
A LDBEN/1996 em seu artigo 12, inciso I, define como uma das incumbências
das instituições de ensino, a responsabilidade de elaborar sua própria proposta
pedagógica, a partir das normas comuns estabelecidas pelos sistemas de ensino. A
proposta pedagógica na qual a legislação se refere, embora existam divergências
conceituais, essa pode ser compreendida como o projeto político-pedagógico, que
3 Conjecturas do PPP
Ao tratar do PPP é necessário salientar que esse tem suas bases firmadas
sobre a teoria pedagógica progressista, na qual parte da prática social e está
comprometida em equacionar os problemas da educação relativos ao currículo e ao
processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, os pressupostos norteadores
para construção de uma proposta pedagógica de qualidade social correspondem
aos aspectos: filosófico-sociológicos, epistemológico e didático-metodológico.
Os aspectos filosófico-sociológicos correspondem à compreensão da
educação em sua dimensão política que visa formar o cidadão crítico e participativo
nos processos de tomada de decisão na sociedade. No entanto, para isso é preciso
que os sujeitos envolvidos no cotidiano escolar tenham consciência de que escola
se pretende construir, quais sujeitos almeja formar, para qual sociedade.
Estabelecida às respostas a essa indagações é imprescindível discutir sobre o
modelo educacional que contemplará esses anseios.
Os pressupostos epistemológicos consideram que a produção e a
transformação do conhecimento não ocorrem de maneira isolada, mas de forma
coletiva. Desse modo, a produção de conhecimento precisa estar fundamentada na
socialização e democratização do saber. O conhecimento difundido nas instituições
educativas é dinâmico e, por isso, não deve ser reduzida a mera simplificação do
conhecimento científico. Assim sendo, para Veiga (1998), o aspecto epistemológico
remete à questão curricular, uma vez que esse não pode ser reduzido ou dissociado
as dimensões teóricas e práticas, uma vez que ambas se complementam, em outras
palavras; segregar tais dimensões representam o empobrecimento do currículo e a
retirada do direito de uma formação plena.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Quanto aos aspectos didático-metodológicos esses correspondem à
compreensão da relevância da participação dos discentes na construção crítica dos
conteúdos por meio de estratégias de ensino e pesquisa que exaltem as relações
democráticas. Apresentam-se como ferramentas metodológicas ações em grupo que
possam dar forma a essa concepção, tais como: pesquisas de campo, oficinas
trabalhos em grupo, debates e discussões, visitas, estágios, sempre orientados pela 1195
lógica interdisciplinar.
As conjecturas apresentadas equivalem a elementos que devem nortear a
construção do projeto político-pedagógico que transcenda uma relação regulatória,
uma vez que está focado na coletividade, na concepção partilhada, por decisões
democráticas e, pela articulação entre a realidade vivida e o referencial estabelecido,
isto representa o rompimento com os modelos liberais que desconsideram a
competição desigual existente na sociedade (RESENDE, 2003).
O projeto político-pedagógico da escola delineia o rumo no qual a instituição
pretende tomar em prol da construção de uma educação de qualidade social, que se
faz por meio da coletividade ao criar espaços de participação e tomada de decisão
pelo grande grupo. No entanto, para que essas ações possam lograr êxito é preciso
propiciar a equipe escolar situações que lhe possibilitem aprender a pensar o fazer
pedagógico de forma coerente com o ideal desejado. Para isso, o conhecimento dos
fundamentos norteadores é imprescindível, pois funcionam como a base para
construção de uma escola que tenha suas práticas democráticas alargadas.
Além dos pressupostos norteadores, as instituições de ensino precisam ter
sua autonomia resguardada, uma vez que essa representa parte das condições
concretas para que o projeto político-pedagógico não se restrinja a mera burocracia.
A autonomia escolar envolve quatro dimensões principais, relacionadas e articuladas
entre si, sendo elas: administrativa, jurídica, financeira e pedagógica. Para Veiga
(1998, p. 16) ―Essas dimensões implicam direitos e deveres e, principalmente, um
alto grau de compromisso de todos os segmentos da escola‖. Cabe salientar que as
diferentes dimensões de autonomia são interdependentes, conforme ilustra a Figura.
Vale lembrar que a autonomia escolar não corresponde a simples anseio dos
segmentos da área da educação, mas representa essa intenção de forma
materializada por meio da LDBEN/1996, em seu artigo 15, que reconhece essa
questão como direito das unidades de ensino: ―Os sistemas de ensino assegurarão
às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos
graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas
as normas gerais de direito financeiro público‖ (BRASIL, 1996, p. 16).
A autonomia jurídica, embora não esteja explicitada no artigo 15 da
LDBEN/96, pode-se considerar que ainda assim essa dimensão está assegurada
pela própria Lei maior da educação, uma vez que esse tipo de autonomia
corresponde à possibilidade da escola elaborar suas próprias normas e orientações
escolares, como: matrícula, transferência, admissão de professores, etc.
A autonomia administrativa consiste na possibilidade da própria instituição de
ensino elaborar e gerir seus planos, programas e projetos. E, para isso, envolve
mudanças e adequações nas estruturas organizacionais à realidade da escola.
Corresponde à organização institucional e nela destaca-se o modelo de gestão, a
direção como coordenação das relações internas e externas à escola, isto é,
proporciona um rearranjo com o sistema educacional e com a comunidade na qual a
escola está inserida.
O direito à autonomia financeira na escola refere-se à existência de recursos
públicos capazes de dar condições para o funcionamento das instituições de ensino,
podendo ser gerido, parcial ou integralmente, pela própria escola. Essa dimensão,
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
embora remeta a certo receio a categoria docente, que se sente ameaça em vários
aspectos; representa a oportunidade das escolas decidirem coletivamente o destino
dos recursos públicos, de acordo com as prioridades da instituição.
Quanto à autonomia pedagógica consiste na liberdade de ensino e pesquisa.
Está relacionada à identidade, à função social, ao alunado, à organização curricular
e à avaliação. Embora mantenha relações com as outras dimensões, a autonomia 1197
4 Reflexões Finais
A instituição do PPP pela LDBEN/96 representa uma ferramenta de gestão
democrática e, como instrumento desse modelo de gestão não poderia ser diferente
senão um elemento de construção coletiva, conforme demostrado ao longo deste
trabalho. E, como toda ação desempenhada em conjunto, isto é, que envolve vários
indivíduos, a formulação desse documento norteador das intenções da escola se
constrói em um processo complexo de debates, porém, rico em resultados, uma vez
que pode propiciar reflexões e aprendizagens.
A complexidade da construção de um projeto político-pedagógico que tenha
como finalidade a emancipação e não a regulação não se dá apenas no âmbito das
discussões e consenso de opiniões, mas, no percurso que deve ser trilhado para
que isso ocorra. Mobilizar os integrantes das instituições escolares para participar de
ações conjuntas e desempenhar trabalho coletivo tem sido um grande desafio para
os gestores escolares, ainda mais na sociedade na qual a escola se insere que
incentiva o trabalho individual, por isso, destaca-se a relevância dos pressupostos
políticos (filosófico-sociológicos), epistemológicos e didático-metodológicos
explicitados neste trabalho, como elementos essenciais que devem fundamentar as
ações da escola.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Desse modo, considera-se que para a escola avançar na construção de um
ensino democrático é preciso que essa tenha para si um referencial teórico-
metodológico sólido, a fim de sedimentar o trabalho organizacional da escola, pois
como sinaliza Veiga (1998, p. 31): ―precisamos reconstruir a utopia e, como
profissionais da educação, refletir e questionar profundamente o trabalho
pedagógico que realizamos até hoje em nossas escolas‖. 1198
Referências
ANDRÉ, M.E.D.A. A contribuição da pesquisa etnográfica para a construção do
saber didático. In: OLIVEIRA, M.R.N.S. (org.). Didática: ruptura, compromisso e
pesquisa. 2ª ed., Campinas: papiros,1995.
207
anamariasilva@ufgd.edu.br
208
anamarran@yahoo.com.br
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
dados acerca dos efeitos/resultados decorrentes da implementação do Programa
nas IFES através de entrevistas semi-estruturadas. Considerando os resultados
obtidos até o momento, pode-se considerar a pertinência da pesquisa e seu
potencial que, até o momento, tem evidenciado que houve impactos e efeitos
importantes do REUNI nas Instituições federais de ensino superior brasileiras.
Introdução
Objetivo Geral:
Objetivos Específicos:
Para Bauer (2002, p.191) ―Ela é uma técnica para produzir inferências de um
texto focal para seu contexto social de maneira objetivada‖. Assim, acredita-se que
essa perspectiva de análise contribui para atingir os objetivos inicialmente propostos.
Resultados parciais
Por outro lado, trabalhos com abordagem mais voltada para o contexto da
prática, apontam que o Programa REUNI tem contribuído para relativa alteração no
perfil do estudante presente nas IFES brasileiras, quando se percebe o aumento da
presença de estudantes pertencentes às camadas menos abastadas da população
(RISTOFF, 2014; ARANHA, et al, 2012; PRESTES, et al, 2012; ARRUDA, A. L. B.;
GOMES, 2012).
Arruda e Gomes (2015) num estudo que aborda a implementação do REUNI
na UFPE apontam:
[...] um fato merece ser destacado nos achados da pesquisa: há
diferença significativa entre o número de aprovados egressos de
escola pública após a prática do Reuni na UFPE: o percentual de
candidatos classificados oriundos de escola pública cuja renda
familiar é de 1 a 2 salários mínimos cresceu significativamente após
o Reuni (p. 14).
Referências
Resumo: Este artigo tem como objetivo discutir a história da Educação de Jovens e
Adultos (EJA), partindo do pressuposto de que no princípio de sua jornada a EJA foi
pensada de modo mecanizado de se alfabetizar jovens e adultos em curto espaço de tempo,
com o intuito de erradicar o número de analfabetos no país, em suma entende-se que este
estudo torna-se pertinente por se tratar de uma breve apresentação da trajetória traçada
pela EJA que atualmente é reconhecida como uma modalidade de ensino da educação
básica brasileira. Este artigo foi elaborado a partir da inquietação obtida durante os estudos
realizados em uma das disciplinas ofertadas pelo curso de Pedagogia da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul, sendo que nesta disciplina tratou-se da organização da
educação básica e suas modalidades. Portanto, o estudo acerca da temática delineou-se a
partir do seguinte questionamento: Quais as influências históricas que a educação de jovens
e adultos sofreu em sua trajetória, nas quais a fizeram garantir sua existência até os dias
atuais no sistema público de ensino brasileiro? Para então fomentar os estudos acerca
desta temática, este artigo ancora-se em pesquisa bibliográfica quantitativa e qualitativa,
baseando-se nos estudos de Severino (2007). No entanto, os documentos oficiais que
subsidiaram a elaboração deste estudo foram, Brasil (1996), (1988) e (2009), Plano
Nacional de Educação (2014/2024), PROEJA (2007), além dos autores que auxiliaram
utilizados para dialogar sobre o tema, dentre eles os que mais se destacaram foram:
Haddad e Pierro (1994), Oliveira e Adrião (2007) e Lopes e Sousa (2005). Contudo, para se
ter uma melhor compreensão, este estudo foi organizado em duas seções, sendo a primeira
destinada a um breve levantamento histórico da EJA e a segunda para apresentação da
contextualização desta como uma modalidade de ensino e de direito dos cidadãos
brasileiros, sendo então amparada pelas políticas públicas brasileiras. Por fim, apresenta-se
as considerações finais levantadas sobre a temática.
Introdução
A EJA passou por vários momentos de instabilidade desde sua criação até a
concretização de seu desenvolvimento, pois ora progredia nas políticas
educacionais e em aspectos relevantes para sua realização isto por que por muito
tempo a EJA era pensada como ―recuperação do tempo perdido‖ e com isso só
eram implementadas pelas políticas educacionais em campanhas emergenciais e
nunca vista e pensadas como modalidade de ensino e como direito dos cidadãos
brasileiros e nem haviam os debates acerca da EJA que se intensificaram
atualmente, passando a ser entendida como um direito e a enxergar as
especificidades dos educandos. Ora regredia com mudanças de governo e das
propostas políticas que afetavam direta ou indiretamente esta modalidade de ensino,
no entanto, foi pelo número expressivo de analfabetos no Brasil que o país foi
indicado á Cúpula dos Nove209, no qual era formado por nove países que
apresentavam maior número de analfabetos e estes tinham prioridade para receber
investimentos internacionais, onde a exigência era de apresentar um plano decimal
para educação, dando prioridade a universalização do ensino fundamental e
erradicação do analfabetismo. (ARELARO; KRUPPA, 2007, p. 87-88)
Foi no governo de Fernando Collor de Melo que se acrescentou a proposta de
erradicar o número expressivo de analfabetos no país e para isso foram criados
209
A Cúpula dos Noves se caracterizava por reunir os países que obtinham o maior número de
analfabetos e foi através desta cúpula que os países que faziam parte passaram a receber ajuda
internacional. Os nove países que faziam parte desta cúpula eram: Bangladesh, Brasil, China, Egito,
Índia, Indonésia, México, Nigéria e Paquistão. (HADDAD;PIERRO, 1994)
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
programas de incentivo e investimento para este fim, no qual muitas vezes não eram
utilizados para contemplar a EJA, segundo Arelaro; Kruppa, (2007, p. 88):
Para Arelaro; Kruppa (2007) foi logo após o impeachment de Collor, e com o
então presidente Itamar Franco, que a EJA ganhou uma pequena ascensão, pois
nos próximos governos, no qual quem assumiu por duas vezes a presidência foi
Fernando Henrique Cardoso e logo após Luiz Inácio Lula da Silva a EJA novamente
regrediu, com a redução dos recursos para as políticas sociais o que
consequentemente acarretou na saída da EJA do Ministério da Educação, passando
então a ser uma ação social promovida pela então primeira dama do país que
administrava o Programa Comunidade Solidária, na qual segundo os autores
Arelaro; Kruppa (2007, p. 90): “[...] ainda que tenha sido criado como resposta aos
anseios populares de universalização do direito da EJA em tempos de democracia, o
Programa Comunidade Solidária não tem essa tarefa de universalização.”
Ainda dialogando com os autores Arelaro; Kruppa (2007) com o intuito de
buscar compreender como foi o processo de tentativa para a redução do número de
analfabetismo no Brasil, percebe-se que no ano de 1996 foi criado o Programa
Alfabetização Solidária (AlfaSol), é uma organização social, sem fins lucrativos e de
utilidade pública, com o objetivo de desenvolver ações que visam contribuir para a
redução dos altos índices de analfabetismo e também de ampliar a oferta de
Educação Profissional e de Jovens e Adultos. De acordo com dados do AlfaSol,
desde 1996 já atendeu mais de 5,5 milhões de alunos, capacitou cerca de 257 mil
educadores, beneficiou 2.271 municípios brasileiros (o que equivale à metade
deles), distribuiu mais de 131 mil óculos e distribuiu livros e acervos bibliográficos
para 618 mil alunos e educadores.
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) n° 9394 de 1996, que especifica com mais clareza
a EJA como uma modalidade da educação básica, quando salienta no:
O público alvo da EJA, na maioria das vezes são jovens e adultos que de
alguma forma tiveram dificuldades em frequentar as instituições escolares em sua
idade-ano correta, como por exemplo, a falta de vagas nas escolas, ou até mesmo
as condições socioeconômicas da família, situações estas que impossibilitam alguns
sujeitos de estudarem. Contudo, a EJA torna-se basicamente um ―resgate‖ para
essas pessoas que tiveram dificuldades em participar da escolarização em idade-
série.
Com base em Lopes; Sousa (2005) compreende-se que as práticas
educativas dos professores que atuam na EJA, devem ser diferenciadas das que
são utilizadas com crianças do ensino fundamental, pois são sujeitos que
apresentam características diferentes e não se pode querer que aprendam da
mesma maneira. Historicamente a EJA é caracterizada por utilizar práticas
educativas voltadas ao cotidiano do estudante, isto é, articula os processos de
aprendizagens que estão ocorrendo na instituição escolar, com a realidade do
educando, nos espaços sociais, na família, no trabalho, nas relações humanas, tudo
que acontece diariamente com o sujeito. Assim como afirma Brasil (2008):
modalidade de ensino da educação básica brasileira, sendo que sua oferta se dá por
meio de Cursos Técnicos, Formação Inicial e Continuada – FIC (qualificação) e de
Formação Docente. Contudo, para verificar se houve avanço ou não no número de
matrículas na educação profissional, apresenta-se a tabela 2.
Tabela 2: Número de matrículas na educação profissionalizante no Brasil
2008 - 2016
Ano Número de alunos
2008 18.915
2009 23.161
2010 52.278
2011 65.966
2012 108.238
2013 104.869
2014 101.018
2015 105.837
2016 95.752
Fonte: INEP (2016)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CURY, Carlos Roberto Jamil. Parecer CEB 11/2000. In: SOARES, Leôncio.
Educação de Jovens e Adultos. Rio de Janeiro, 2002 apud SAMPAIO, Marisa
Narcizo. Educação de Jovens e Adultos: uma História de Complexidade e
Tensões. Práxis Educacional. Vitória da Conquista, v. 5, n. 7, p. 13-27. Jul./dez.
2009.
210
Mestranda em educação na UFGD, na linha de políticas públicas; e-mail: annacsbrito@gmail.com
211
Mestranda em educação na UFGD, na linha de políticas públicas; e-mail: keleizeni@yahoo.com.br
212
Mestre em educação pela UFGD, na linha de políticas públicas; e-mail: llucasayao@hotmail.com
Introdução
A educação brasileira tem seus princípios na gestão democrática, conforme
se verifica no artigo 206 da Constituição Federal de 1988 e no artigo 3º da Lei de
1226
Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9394/ 96). Referidos dispositivos determinam
que o ensino público deve ser ministrado de acordo com os preceitos da gestão
democrática, na forma da lei.
O artigo 56 da Lei 9.394/96 trata da gestão democrática no âmbito do ensino
superior, quando diz: ―As instituições públicas de educação superior obedecerão ao
princípio da gestão democrática, assegurada a existência de órgãos colegiados
deliberativos, de que participarão os segmentos da comunidade institucional, local e
regional‖ (BRASIL, 1996).
A Lei 9.394/96 estabelece as diretrizes e bases da educação nacional,
confirmando a presença da gestão transparente, participativa e descentralizadora do
ensino em qualquer nível do ensino público.
A gestão democrática é marcada pela descentralização do poder,
transparência e participação de vários indivíduos, ou seja, é o modelo democrático
de administrar uma instituição de ensino superior tendo em vista a importância da
educação para a sociedade.
Nas instituições de ensino superior, a gestão democrática aparece, sob a
forma da lei, destacando ainda mais a importância da gestão participativa,
transparente e descentralizadora. Os colegiados, as votações para reitoria, a
participação da comunidade nas avaliações institucionais e a autonomia das
instituições dão forma a esse tipo de gestão.
No que se refere à gestão democrática, Ferreira (2001) aduz que é
incontestável sua importância nos dias de hoje como sendo ―um recurso de
participação humana e de formação para a cidadania. É indubitável sua necessidade
para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. É indubitável sua
importância como fonte de humanização‖ (FERREIRA, 2001, p. 167).
1230
(Ibid, p. 9).
Na seção que trata da metodologia do Plano, a instituição afirma possuir uma
cultura democrática desde a sua criação, para reforçar prática do processo coletivo
de tomada de decisões:
213
As fontes foram o Estatuto Geral, Regimento Geral e Plano de Desenvolvimento Institucional 2013-
2017 da UFGD.
ao referir-se a gestão democrática, o que não seria necessário, já que para Libâneo
(2005) o próprio conceito de gestão democrática só pode ser aplicado ao modelo de
gestão que garante a participação, a transparência e a descentralização, o que pode
conotar a falta de embasamento teórico na sua elaboração.
Apesar disso, constata-se que a comunidade universitária da UFGD considera
estruturantes e imprescindíveis os temas da democracia e participação colegiada e
da transparência das decisões. Assim, apesar de não explicitar de forma literal as
concepções do seu modelo de gestão, essa breve análise aponta que a instituição
se destaca na busca pela descentralização das decisões e de políticas institucionais.
Quadro 04 – Pesquisa.
Política Objetivo Vigência Valor Recursos
PIVIC – Programa Iniciar a vida científica Duração de Os estudantes não
Voluntário de com a coordenação de 12 meses recebem bolsa.
Iniciação Científica professores para
incrementar o currículo 1235
PIBIC – Programa Participação discentes Duração de R$ 400,00 UFGD e
Institucional de em pesquisas nos 12 meses (quatrocentos CNPq
Bolsas de Iniciação projetos desenvolvidos reais) mensais
Científica pelos docentes
PIBIC – PNAES – Iniciar na pesquisa Duração de R$ 400,00 UFGD
Programa tendo a orientação de 12 meses (quatrocentos
Institucional de um professor reais) mensais.
Bolsa de IC com o **aluno que
Plano Nacional de participa do
Assistência Programa
Estudantil Permanência/PRO
AE podem
participar, mas sem
recebimento de
bolsa.
PIBIC AF – Programa Iniciar participação de Duração de R$ 400,00 UFGD e
Institucional de alunos em projetos 12 meses (quatrocentos CNPq
Bolsas de IC de observando princípios reais) mensais
Ações Afirmativas éticos e isenção de
conflitos de interesses
PIBITI – Programa Incentivar a alunos em Duração de R$ 400,00 UFGD e
Institucional de pesquisas nas áreas 12 meses (quatrocentos CNPq
Bolsas de de tecnologia, reais) mensais
Desenvolvimento engenharias e exatas.
Tecnológico e
Inovação
PIBIC EM – Favorecer a Duração de R$ 100,00 (cem CNPq
Programa participação dos 12 meses reais) mensais.
Institucional de alunos antes do
Bolsas de Iniciação ingresso na graduação
Científica para o
Ensino Médio
Fonte: UFGD (2016). Elaborado pelos autores, 2016.
Verifica-se, diante do exposto, que a UFGD, por meio dos projetos e
programas desenvolvidos entre a academia e a sociedade, evidencia a preocupação
enquanto mantenedora desse conhecimento, da sua função social e cidadã, em
favor de uma educação pautada na participação, investigação (pesquisa) e
discussão, para constante aperfeiçoamento dos cursos oferecidos pela instituição,
bem como o fortalecimento de sua função social de propagadora do conhecimento.
As universidades são espaços importantes para a construção desse
214
A partir de uma visão humanizadora e emancipadora, fundamentada na gestão democrática da
educação (ARANDA; LIMA 2014), é possível compreender a qualidade socialmente referenciada da
educação. A qualidade socialmente referenciada, não diz respeito apenas à aquisição de conteúdos
ou competências, mas está intrinsecamente relacionada, à construção e apropriação dos
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Considerações finais
Ao analisar a legislação constitucional e infraconstitucional que rege a
educação brasileira e parte organizacional das instituições de ensino superior, as
universidades, as faculdades, os centros universitários, enfim, as instituições que
promovem o ensino superior, verifica-se a necessidade de uma estrutura de 1237
conhecimentos que refletirão numa maior inserção social e melhor formação para a cidadania
(DOURADO, 2007).
Referências
Daniel Stockmann215
Ronaldo Rodrigues Moises216
Abstract: The present article intends to raise a reflection on the importance of the
method and its implications in research on educational policies. The theoretical
approach, the research techniques, and finally, the paths to be traced by the
researcher are choices that will contribute to the safety of the results. From this
perspective, the text also shows the complexity of establishing regularities from
ephemeral phenomena, susceptible of changes coming from the interests of capital
from determinations of the State. This is a great dilemma to be faced by the
researcher in the humanities, given the uncertainties of a social-historical nature,
especially regarding the political and economic conjuncture. Making science is more
than a social need, it is a choice of life that depends on decisions, choices and
renunciations. It is verified that the subjectivity element, even in the face of any
presumption of noninterference in the results, is inevitably present in the trajectory of
215
Doutorando em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. E-mail:
danielstk@hotmail.com.br.
216
Doutorando em Educação pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. E-mail:
ronaldoedfisica@yahoo.com.br.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
the researcher. The discussion that follows has the pretension to reflect on the option
for a given method as the choice of a tool, among many possible, being considered
the safest means to reach a desired end, even in the face of a complex possibility of
readjustment of the same, In the face of the vulnerable political transformations that
constantly affect the qualitative approach and, consequently, the object.
217
A proposta de reformulação do Ensino Médio a partir de Medida Provisória nº 746/2016 que culminou na lei
nº 13.415/2017 onde 60% das disciplinas serão comuns a todos em conformidade com a Base Curricular
Nacional Comum e 40% por área de interesse é um exemplo de mudanças rápidas nas políticas educacionais.
Reportar se assertiva Gramsciana que observa a relação dialógica entre passado e presente e à tradição é
inestimável para se compreender a dinâmica da história da ciência e da educação.
219
Aqui torna-se muito oportuna citarmos a argumentação de Bourdieu (2013) no artigo Método científico e
hierarquia social dos objetos onde verifica-se que: A definição das coisas boas de se dizer e dos temas dignos de
interesse é um dos mecanismos ideológicos que fazem com que coisas também muito boas de se dizer não sejam
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
premeditadamente por representar menor complexidade para o trabalho. Assim, o
objeto se revela como um problema a ser resolvido ou uma dificuldade a ser
equacionada pelo bem da maioria, pois, o desenvolvimento sistemático da pesquisa
cientifica possui um papel social, uma utilidade pública. Daí a importância do
controle e incentivo institucional ao desenvolvimento da ciência e tecnologia. A
autonomia consolidada em institutos e centros de pesquisas ocorreu minimamente 1243
ditas e com que temas menos dignos de interesse não interessem a ninguém, ou só possam ser tratados de modo
envergonhado ou viciosos (p.37).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
O método é o caminho escolhido pelo pesquisador como mais adequado para
chegar a seu destino: a compreensão e explicação do objeto. Não é tarefa
realizável, sequer fácil, contemplar todas as dimensões de determinada realidade
uma vez que isso exigiria observação constante e rigorosa 220, estabelecimento de
indagações sobre as regularidades observadas nos fenômenos, a noção de causa e
efeito, entre outros qualificativos elencados pelo investigador. 1244
Nas ciências sociais é evidente que uma pesquisa com base empírica, por
mais imponente e rica de informações que seja, é, essencialmente, local:
não existem dados universais, na medida em que os ―fatos sociais‖
estudados pertencem a uma situação social particular dentro da qual eles
são histórica e socialmente produzidos. Alem disso, os instrumentos, os 1247
métodos e as teorias pelas quais os dados são coletados, estruturados e
interpretados pertencem, eles mesmos, a uma situação local, como por
exemplo, essa ou aquela tradição de pesquisa, ela mesma muitas vezes
enraizada em regionalismos teóricos: sociologia britânica do currículo,
teorias americanas das organizações, sociologia anglo-saxã das profissões,
ergonomia francesa, neo-estruturalismo parisiense... (TARDIF; LESSARD,
2005, p. 10).
221
Pretende-se que a concepção de certo modelo de educação seja idealizado por uma minoria e que
posteriormente seja executado de maneira subserviente por trabalhadores que deveriam fazer parte do processo
decisório. Nota se a dissonância entre o discurso dos ideólogos que planejam e a realidade dos afetados que
executam
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
concepção passa a ser dominado por aqueles que vão gerenciar o
processo de produção. Esse gerenciamento, por sua vez, tem a
finalidade de potencializar o trabalho e aumentar a produtividade por
meio da racionalização do processo produtivo. (OLIVEIRA;
DOURADO, 2005, p. 66).
Considerações finais
222
Essa é uma hipótese significativa e merece atenção especial, pois ao mesmo tempo em que pode significar a
precarização do trabalho com um viés consciente dos gestores públicos ao escolher determinado setor da
economia em detrimento da valorização dos servidores públicos, pode representar simplesmente o efeito não
intencional da legislação mas que atende as determinações do modo de produção capitalista. É evidente que ao
afirmar que a aplicação de normas legais apresentem efeitos não intencionais não se pretende isentar o Estado de
seu papel ideológico, de entidade aglutinadora das tensões e interesses sociais. O parlamento não age
tecnicamente, mas por tendências políticas. Assim, o monopólio legítimo da coerção, quando os recursos da
persuasão não surtem mais efeitos, tona-se uma estratégia legal e necessária.
223
A polêmica reforma da previdência é a mais clara expressão deste projeto em que se reduzem direitos
trabalhistas visando equacionar suposto endividamento público.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
precarização advinda da flexibilização de currículos, as transformações nos
investimentos em ensino, onde se privilegia por uma visão mercadológica da gestão
educacional.
A propositura de um projeto neoliberal, que tem na educação mais um de
seus sustentáculos, serve de alerta não só para a sociedade civil organizada em
termos de políticas públicas, mas também para o lócus por excelência da pesquisa: 1253
Referências
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 50 ed. Rio de Janeiro – RJ: Paz e Terra,
2011.
1254
GADOTTI, Moacir. Concepção dialética da educação: um estudo introdutório.
11 ed. São Paulo – SP: Cortez, 2000.
KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. 5 ed. São Paulo – SP:
Editora Perspectiva, 1998.
MARX, Karl. O 18 Brumário de Luis Bonaparte. 2 ed. São Paulo – SP: Martin
Claret, 2008.
OLIVEIRA, Regina Tereza Cestari de. A LDB e o contexto nacional: o papel dos
partidos políticos na elaboração dos projetos – 1988 - 1996. Campinas – SP:
Universidade Estadual de Campinas, 1997. (Tese de Doutorado).
POPPER, Karl. Lógica das ciências sociais. 3 ed. Rio de Janeiro – RJ: Tempo
Brasileiro, 2004.
ARTIGOS
ÁREA TEMÁTICA
HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
RESUMO
Este trabalho é um dos resultados da Dissertação de Mestrado ―A Revista Brasileira
de Educação Física e Desportos (1968-1984): um estudo sobre a Educação Física
escolar durante a ditadura militar‖ defendida na Universidade Federal da Grande
Dourados em 2016 e tem como objetivo apresentar a importância desse impresso
como fonte de pesquisa para compreender a história da Educação Física no
contexto educacional brasileiro durante o regime militar (1964-1985), contudo, o
recorte temporal da investigação se atém ao ciclo de vida da Revista Brasileira de
Educação Física e Desportos (RBEFD), desde o momento em que volta à cena em
1968 até o seu último número, em 1984. A metodologia aplicada na investigação foi
de caráter documental, com a análise de 59 textos (artigos, cartas, editoriais,
mensagem aos professores, etc) contidos nas 53 edições da RBEFD, dos quais 28
eram artigos com a temática Educação Física escolar, fundamentada nas
proposições teóricas da Nova História Cultural, tendo como objeto de investigação
as orientações governamentais no que diz respeito aos efeitos positivos das práticas
corporais e os esforços despendidos para que os professores de Educação Física
adotassem os discursos contidos na RBEFD, notadamente, por ser um instrumento
que permite visualizar o processo em que a Educação Física escolar foi apontada
como promotora da saúde e que o esporte passa a ser objeto de ensino nas
escolas, empregado de modo a atender os anseios políticos do Governo Ditatorial
Militar, bem como a importante contribuição que este impresso ofereceu para a
reorganização da disciplina Educação Física no ambiente escolar. Em linhas gerais,
o artigo traz a importância da imprensa periódica pedagógica como fonte de
pesquisa, uma vez que ela permite revelar o campo educacional em dimensões
distintas, como as particularidades que envolvem a teoria e a prática, os sistemas
escolares e processos educativos, além da formação de professores em diferentes
períodos, por fim, buscamos apresentar como essa revista foi produzida e colocada
em circulação visando chegar às mãos do maior número de profissionais.
224
Mestre em Educação. E-mail: saraujo@live.com
225
Doutora em Educação. E-mail: alessandra_furtad@yahoo.com.br
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
LA PRENSA PERIÓDICA COMO FUENTE DE INVESTIGACIÓN PARA LA
EDUCACIÓN FÍSICA BRASILEÑA (1968-1984)
RESÚMEN
Este trabajo es uno de los resultados de la disertación de maestría "A Revista
Brasileira de Educação Física e Desportos (1968-1984): um estudo sobre a
Educação Física escolar durante a ditadura militar‖ defendida en la Universidade
Federal da Grande Dourados en 2016 y tiene como objetivo presentar la importancia 1257
de ese impreso como fuente de investigación para comprender la historia de la
Educación Física en el contexto educativo brasileño durante el régimen militar (1964-
1985), sin embargo, el recorte temporal de la investigación se atiene al ciclo de vida
de la Revista Brasileira de Educação Física e Desportos (RBEFD), desde el
momento en que vuelve a la escena en 1968 hasta su último número, en 1984. La
metodología aplicada en la investigación fue de carácter documental, con el análisis
de 59 textos (artículos, cartas, editoriales, mensaje a los profesores etc.) contenidos
en las 53 ediciones de la RBEFD, de los cuales 28 eran artículos con la temática
Educación Física escolar, fundamentada en las proposiciones teóricas de la Nueva
Historia Cultural, teniendo como objeto de investigación las orientaciones
gubernamentales en lo que se refiere a los efectos positivos de las prácticas
corporales y los esfuerzos despendidos para que los profesores de Educación Física
acogían los discursos contenidos en la RBEFD, en particular, por ser un instrumento
que permite o proceso en que la Educación Física escolar fue apuntada como
promotora de la salud y que el deporte pasa a ser objeto de enseñanza en las
escuelas, empleado de modo a atender los anhelos políticos del Gobierno Dictador
Militar, así como la importante contribución que este impreso ofreció para la
reorganización de las prácticas corporales en el ambiente escolar. En líneas
generales, el artículo trae la importancia de la prensa periódica pedagógica como
fuente de investigación, ya que permite revelar el campo educativo en dimensiones
distintas, como las particularidades que envuelven la teoría y la práctica, los
sistemas escolares y procesos educativos, además de la formación de profesores en
diferentes períodos, por fin, buscamos presentar cómo esa revista fue producida y
puesta en circulación para llegar a las manos del mayor número de profesionales.
INTRODUÇÃO
abordagens, notadamente com base nas diferentes leituras que a história cultural
possibilita‖ (p. 108).
Sobre o uso de revistas periódicas como fonte, Marília Scalzo (2004) pontua
que esses impressos buscam entrar na intimidade de seus leitores, oferecendo
informações que os ajudarão em seu cotidiano, além de promover ―um encontro
entre um editor e um leitor, um contato que se estabelece um fio invisível que une
um grupo de pessoas e, nesse sentido, ajuda a construir identidade, ou seja, cria
identificações, dá sensação de pertencer a um determinado grupo‖ (SCALZO, 2004,
p. 12). A autora ainda esclarece que
Araújo (2002) diz que, por ser difusora de interesses, a imprensa periódica
não deve ser tomada como a única verdade, pois se mantém cheia de
intencionalidades, interesses próprios e representações. Por isso, o pesquisador
deve estar alerta para tais questões e recusar ―terminantemente a ideia de que a
imprensa seja apenas veiculadora de informações, [...] embutida de imparcialidade e
de neutralidade diante dos acontecimentos, como se essa imprensa pudesse
constituir uma ilha diante da realidade histórica na qual se insere‖ (ARAÚJO, 2002,
p. 94-95).
A esse respeito, o autor italiano Carlo Ginzburg (2002) também cita o
procedimento que o pesquisador deve realizar ao interrogar suas fontes:
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
[...] ao avaliar as provas, os historiadores deveriam recordar que todo
ponto de vista sobre a realidade, além de ser intrinsecamente
seletivo e parcial, depende das relações de força que condicionam,
por meio da possibilidade de acesso à documentação, a imagem
total que uma sociedade deixa de si. Para ‗escovar a história ao
contrário‘ [...] como Walter Benjamin exortava a fazer, é preciso
aprender a ler os testemunhos às avessas, contra as intenções de 1260
quem os produziu. Só dessa maneira será possível levar em conta
tanto as relações de força quanto aquilo que é irredutível a elas
(GINZBURG, 2002, p. 43).
RBEFD (1984) saiu com uma tiragem de 100.000 exemplares. Pode-se observar
que no Editorial da RBEFD n. 53, no intuito de manter a regularidade da publicação,
a editora Norma Marquez Eleutério (1984) anunciou as melhorias realizadas e
afirmou que a continuidade do programa editorial do MEC indicava benefícios para o
setor: ―a partir deste número as nossas revistas passam a ter o dobro de tiragem, ou
seja, cem mil exemplares. Mais leitores, regularidades das edições e ampliação e
sistematização na captação de matérias e informações – eis o saldo positivo de todo
esse trabalho‖ (ELEUTÉRIO, 1984, p. 1).
Apesar do esforço para manter o periódico em circulação, esse foi o último
número publicado, fato esse que pode ser atribuído ao que Ferreira Neto (2006)
indica como uma mudança de enfoque nessa área, passando da ―imprensa de
variedades para imprensa esportiva; para imprensa militar e de ensino; para
imprensa de ensino da Educação Física; para imprensa técnica de ensino da
Educação Física e Esportes; para imprensa científica de Educação Física [...]‖
(FERREIRA NETO, 2006, p. 108).
O autor enfatiza ainda que a imprensa pedagógica perdeu seu espaço para a
mídia esportiva, ora presente nas editorias da grande mídia impressa, da televisão e
da internet, afirmando que:
Mesmo com essa transformação, que fez com que a imprensa pedagógica 1266
perdesse seu espaço para a mídia esportiva, devido aos interesses financeiros
agregados à prática de esportes e disseminado por meio da mídia por seu interesse
comercial, há que se considerar os desafios conferidos à imprensa pedagógica por
seus conteúdos, sejam artigos, textos, entrevistas ou depoimentos, levando-se em
conta o seu cunho científico com um caráter específico que merece destaque.
Devemos considerá-los como sendo a unidade mínima da cultura e que todo
trabalho investigativo prima pelo levantamento dos elementos básicos, com o intuito
de averiguar como esse vem sendo e/ou foi conduzido. Porém, o pesquisador deve
estar ciente das dificuldades que poderá encontrar para localizar suas fontes ou
objetos, principalmente pelo espaço perdido, como vimos na afirmação do autor.
Na revista circularam trabalhos que abordavam, sobretudo, o tema Esporte
computado às suas subáreas (Treinamento Desportivo e Aprendizagem Desportiva),
e isso totalizou 34,7% dos artigos publicados, enquanto a Educação Física Escolar,
tema principal deste trabalho, totaliza apenas 6,39%, conforme demonstrado no
Gráfico 1:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LUCA, Tania Regina de. A Revista do Brasil (1916-1944): notas de pesquisa. In:
BEZERRA, Holien Gonçalves; LUCA, Tania Regina de; FERREIRA, Antonio Celso.
(Org.). O historiador e seu tempo. 1 ed. São Paulo: Editora Unesp, 2008, v. 1, p.
117-127.
1270
226 Mestranda do Programa de Pós Graduação em Educação, pela Universidade Federal da Grande
Dourados/UFGD, na linha História, Memória e Sociedade. Integrante do Grupo de Pesquisa
―Educação e Processo Civilizador‖ (GPEPC). Bolsista Capes. E-mail:
adrianahortadefariafaria@yahoo.com.br.
inteligência humana. Essa corrente visava explicar a história através do estudo dos
fatos, datas e personagens históricos considerados importantes, representava e
considerava o passado imutável, disposto a valorizar dimensões políticas e grandes
personagens históricos da humanidade, era a chamada ―história oficial‖.
Outra característica do positivismo é que era necessária neutralidade, isto é,
a separação entre o pesquisador e sua obra, esta, não poderia apresentar
apreciações ou julgamentos de quem a estudava, deveria ser apresentada de forma
neutra e clara, considerando a realidade partindo dos fatos, sem qualquer analise.
Os positivistas entendiam que o conhecimento se explica por si mesmo, a tarefa do
historiador se resumiria em narrar os fatos das vidas dos homens de prestígio da
época (BOURDÉ; MARTIN, 1983).
No século XIX desponta outra corrente filosófica, que iria influenciar na
concepção dos estudos históricos, o Marxismo. Marx e Engels, precursores da teoria
apresentam na obra Ideologia Alemã (1845-1846) a ―Teoria Geral das Sociedades
em Movimento‖ destacando sempre a oposição entre proletários e capitalistas, essa
posição defendem a tese de que a história era movida basicamente pela luta de
classes e as relações históricas que se erguem entre os homens são condicionados
por um determinado modo de produção, ou seja, no materialismo histórico, na
dialética (MARX; ENGELS, 2007).
Desta forma o arcabouço marxista sustenta-se numa análise dialética
materialista e histórica das incursões sociais da humanidade, determinada pela
interação entre desenvolvimento das forças produtivas, relações de produção e luta
de classe. A concepção materialista histórico-dialético caracteriza-se pelo
movimento do pensamento através da materialidade histórica da vida dos homens
Esse movimento pode ser dividido em três fases. Em sua primeira fase, de
1920 a 1945, caracterizou-se por ser pequeno, radical e subversivo,
conduzindo uma guerra de guerrilhas contra a história tradicional, a história
política e a história dos eventos. Depois da Segunda Guerra Mundial, os 1275
rebeldes apoderaram-se do establishement histórico. Essa segunda fase do
movimento, que mais se aproxima verdadeiramente de uma ―escola‖, com
conceitos diferentes (particularmente estrutura e conjuntura) e novos
métodos (especialmente a ―história serial‖ das mudanças na longa duração),
foi dominada pela presença de Fernand Braudel. Na história do movimento,
uma terceira fase se inicia por volta de 1968. É profundamente marcada
pela fragmentação (BURKE, 1991, p. 13-14).
Contudo, incluir o sujeito feminino na história, não foi tarefa fácil, pois, foi
necessário avançar por caminhos sinuosos, desconhecidos, como a esfera do
privado e das relações cotidianas, território em que os historiadores pouco tinham
explorado. ―Assim, singelezas sem importância maior para a história tradicional
tiveram de ser buscadas com um novo olhar, porque muito cedo se evidenciou que
eram nestes pequenos detalhes que se tornava possível detectar as fontes mais
preciosas‖ (SILVA, 2008, p.227). Nesse viés Scott destaca:
Dessa forma, os alunos e as alunas deveriam ser vistos como filhos e filhas
e a profissão docente não subverteria a função feminina, podendo, ao
contrário, ampliá-la ou sublimá-la. O magistério deveria ser entendido pelas
Considerações Finais
Referências
BURKE, Peter (Org.). A escrita da história: novas perspectivas. São Paulo: Edusp,
1992.
SCOTT, J. História das mulheres. In: BURKE, Peter (Org.). A escrita da história:
novas perspectivas. São Paulo: Edusp, 1992. p. 63-95.
RESUMO 1284
INTRODUÇÃO
227
Constitui-se rara exceção a abordagem de Gomes (1974, p. 78), que aponta Fernão Dias como
apresador, ao lado de Raposo Tavares e Manuel Preto.
228
O enforcamento de José Dias, ordenado por Fernão Dias, aparece em Corrêa (1955, p. 128) –
quase em tom enaltecedor – e em Azevedo e Darós (1988, p. 91).
229
Aliás, não apenas o enforcamento de José Dias se faz ausente dos livros didáticos, pois, muitas
vezes, o próprio nome desse filho mameluco e Fernão Dias, não é sequer mencionado como membro
da tropa, ao passo que o nome de Garcia Rodrigues – filho legítimo de Fernão Dias – avulta-se,
perceptivelmente, como o de um personagem admirável, tão fiel ao pai que, após a sua morte,
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Contudo, se os livros didáticos quase não apresentam Fernão Dias como
apresador de índios e sentenciador de seu filho, o mesmo não ocorre em relação à
heroicização do governador das esmeraldas, profusamente reiterada ao longo do
tempo. Silva (1952) atribuía a Fernão Dias as virtudes da intrepidez e da tenacidade,
afirmando ter sido ele o mais célebre bandeirante, um homem cuja glória foi
celebrada no poema de Olavo Bilac, intitulado O caçador de esmeraldas. Três anos 1287
transportou seus restos mortais para São Paulo, visando a depositá-los na Igreja de São Bento, como
queria Fernão Dias.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
heroico e não pode ser descripta com justeza em um resumo de narrativa histórica
rudimentar‖.
Pouco tempo depois, as bandeiras eram, para Benevides (1913, p. 25):
―...expedições [...] constituídas por indivíduos audazes [...] tendo sempre um chefe
destemido e valente‖.. No início do decênio seguinte, assegurava Pombo (1922, p.
33): ―chamavam-se bandeiras, expedições organizadas pelos colonos mais 1288
230
A primeira abordagem que se mostrou acentuadamente crítica ao heroísmo bandeirante foi a de
Azevedo e Darós (1988), sendo que a primeira abordagem despida do costumeiro viés épico, foi a de
Gomes (1974), porém, sem aprofundamento crítico em relação ao heroísmo paulista. Essas duas
abordagens, exceções raras em seus respectivos momentos históricos, configuram-se como os
primórdios (esparsos, espaçados e episódicos) dos textos didáticos críticos, que se tornariam
predominantes no início do século XXI.
231
Os trabalhos de Vicentino (2002), Campos et. al. (2002) e Panazzo e Vaz (2002) são exemplos
desse aprofundamento crítico.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
heroico, um marchador tenaz e destemido, envergando trajes e acessórios
europeus.
Não por acaso, escrevendo na metade da década de 1980, afirmou Volpato
(1985, p. 17):
O tema Entradas e Bandeiras tem sempre um espaço garantido nos
livros didáticos de História do Brasil [...] o bandeirante é apresentado, 1291
na grande maioria das vezes, como herói responsável pelas
dimensões continentais do país. As ilustrações do texto apresentam,
quase sempre, a figura de um sertanista de botas de cano alto,
chapéu de aba larga, gibão acolchoado, com uma escopeta ou um
bacamarte na mão. No texto é passada a visão heroica do bravo que,
vencendo dificuldades sem fim, conquistou áreas imensas para a
colônia e descobriu riquezas no interior do Brasil. Os livros didáticos,
na verdade, reproduzem uma visão mítica do bandeirante...
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAICK, Patrícia R.; MOTA, Myriam B. História: das cavernas ao terceiro milênio. 2
ed. São Paulo: Moderna, 2006.
CORRÊA, Viriato. História do Brasil para crianças. 19 ed. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1955.
LIMA, Afonso Guerreiro. Noções de História do Brasil. 10 ed. Porto Alegre: Editora
da Livraria do Globo, 1942.
PANAZZO, Silvia; VAZ, Maria Luísa. Navegando pela história. São Paulo: Quinteto
Editorial, 2002.
RIBEIRO, João. História do Brasil. 13 ed. São Paulo: Francisco Alves, 1935.
SILVA, Joaquim. História do Brasil para a Primeira Série Ginasial. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1952.
VALUCE, Ládmo. História do Brasil Colônia. São Paulo: Editora do Brasil, 1979.
Introdução
232
Disponível em: http://www.sbhe.org.br/ Acesso em: 25 de abr. 2017.
233
Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes-cientificas/nacional Acesso em: 25 de abr. 2017.
As reuniões disponíveis online iniciam-se a partir da 23ª a 37ª, as reuniões anteriores não estão
disponíveis online.
234
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issues&pid=1413-2478&lng=pt&nrm=iso
Acesso em: 25 de abr. 2017.
235
Disponível em: http://www.rbhe.sbhe.org.br/index.php/rbhe Acesso em: 25 de abr . 2017.
236
Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/che/index Acesso em:25 de abr. 2017.
237
Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/asphe/issue/view/2822/showToc Acesso em: 25 de
abr. 2017.
238
Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/issue/archive Acesso em:
25 de abr. 2017.
239
Disponível em: http://uniesp.edu.br/sites/jandira/revista.php?id_revista=23# Acesso em 26 de abr.
2017.
240
Disponível em: http://bancodeteses.capes.gov.br/ Acesso em: 25 de abr. 2017.
241
Disponível em: http://bdtd.ibict.br/vufind/ Acesso em: 25 de abr.2017.
242
Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp Acesso em: 25
de abr. 2017.
243
Disponível em: http://www.scielo.org/php/index.php Acesso em: 25 de abr. 2017.
244
Disponível em: http://www.ibict.br Acesso em : 25 de abr. 2017.
245
Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes-cientificas/regional Acesso em 26 de abr. 2017.
246
Disponível em: http://site.anpuh.org/ Acesso em 26 de abr. 2017.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
História da Educação do Centro Oeste (EHECO)247 do I (em Cuiabá, em 2011), II
(em Dourados, 2013) e III (em Catalão, 2015), os anais do Congresso de
Educação248 da Grande Dourados- FAED do I (em 2015) e do II (em 2016).
Dissertações do Programa de Pós Graduação em Educação (PPGEdu)249, Programa
de Pós Graduação em História (PPGH)250 e o Programa de Pós Graduação em
Letras (PPGL)251 da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Enquanto o 1297
1 Análise Quantitativa
247
Disponível em: http://eheco.com.br/ Acesso em 26 de abr. 2017.
248
Disponível em: http://congressodeeducacaoufgd.com.br/ Acesso em 26 de abr. 2017.
249
Disponível em: https://www.ufgd.edu.br/pos-graduacao/mestrado-doutorado-
educacao/dissertacoes-defendidas Acesso em: Acesso em 26 de abr. 2017.
250
Disponível em: http://www.ppghufgd.com/banco-de-teses-e-dissertacoes/ Acesso em 26 de abr.
2017.
251
Disponível em: https://www.ufgd.edu.br/pos-graduacao/mestrado-letras/dissertacoes-defendidas
Acesso em 26 de abr. 2017.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
brasileiras: o livro de desenho de
Abílio César Borges
Maria Betânia e Silva; 2009 Concepções de arte na educação UFMG Artigo HISTEDB
Ana Maria de Oliveira R
Galvão
José Alberto de 2009 História da disciplina de música e UEL Dissertação BDTD
Andrade de Lima canto orfeônico em duas escolas
Junior. secundárias públicas de Londrina
(1946- 1971)
Maria Betania e Silva 2010 Escolarização da arte: dos anos 60 UFMG Tese BDTD
1298
aos 80 do século XX (Recife-
Pernambuco)
Clarice Rego 2010 A escola de Belas Artes de Pelotas: UFPel Artigo RHE
Magalhães; Giana aspectos de sua gênese e
Lange do Amaral constituição
Maria José Dozza 2012 A lei n. 5.692/71 e a obrigatoriedade UEM Artigo RBHE
Subtil da educação artística nas escolas:
passados quarenta anos, prestando
contas ao presente
Elisangela Furlan; 2013 Ensino de Arte na Década de 70: As UNIOESTE Artigo SCIELO
Alexandre Felipe Diferentes Linguagens Visuais e sua
Fiuza influência na Formação Educacional
do Sujeito
Maria Célia Leme da 2014 Desenho e geometria na escola UNIFESP Artigo RHE
Silva primária: um casamento duradouro
que termina com separação litigiosa
Maria Célia Leme da 2014 Régua e compasso no ensino UNIFESP Artigo RHE
Silva primário? Circulação e apropriação
de práticas normativas para as
matérias de desenho e geometria
Elisangela Furlan 2015 O Ensino de Educação Artística UNIOESTE Dissertação TEDE
Durante a Ditadura Civil-Militar
Brasileira: Impactos da Legislação
Educacional
José Jassuipe da 2016 Práticas Políticas Autoritárias no UFPB Artigo REGS
Silva Morais; António Brasil e o Estudo da Arte: Entre o
Gomes Alves Ferreira; Ensino Técnico Profissional e a
Rayane de Lima Silva Educação Artística (1964-1992)
Nayanne do 2016 Um olhar para o ensino da arte UFGD Artigo II
Nascimento Silva congress
o de
Educação
Fonte: Quadro elaborado pelas autoras, com base no levantamento do mapeamento
Local TIPO Nº
Dissertação 2
BDTD Tese 1
II Congresso de Educação da Grande Dourados- FAED Artigo 1
HISTEDBR Artigo 1
RBHE Artigo 1
RHE Artigo 5
REGS Artigo 1
SCIELO Artigo 1
TEDE Dissertação 1
TOTAL 14
Fonte: Quadro elaborado pelas autoras, com base no levantamento do mapeamento
252
Os dados citados correspondem a Plataforma Lattes. Disponível em: http://lattes.cnpq.br/ Acesso
em: 30 de jun.2017.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
educacional II (QFEB) na Escola Estadual Jorge Nacli - ensino fundamental, Nova
Aurora - PR. Atualmente, docente na disciplina de arte na rede pública e privada de
ensino.
É notável o número maior de trabalhos destas duas autoras com a temática
proposta, tendo em vista que ambas possuem formação docente em Arte, com
Mestrado em Educação. 1302
2 Análise qualitativa
Considerações finais
Referências Bibliográficas
MAGALHÃES, Clarice Rego; AMARAL, Giana Lange do. A escola de Belas Artes de
Pelotas: aspectos de sua gênese e constituição. Revista de História da Educação
(RS), v. 14, n. 31, maio/ago, 2010.
SILVA, Maria Célia Leme da. Régua e compasso no ensino primário? Circulação e
apropriação de práticas normativas para as matérias de desenho e geometria.
Revista de História da Educação (RS), v. 18, n. 44, set.,/dez., 2014.
RESUMO
Este trabalho faz parte de uma pesquisa mais ampla, que busca analisar a história
da Escola Municipal Padre Anchieta da Vila Formosa, distrito do município de
Dourados, situada no Sul de Mato Grosso, no período de 1965 a 1974. Para tanto, o
presente trabalho emerge com o objetivo de discorrer sobre o processo de criação
dessa escola situada em áreas rurais do município de Dourados. O recorte temporal
entre 1965 a 1974, marca momentos importantes da história dessa instituição. O ano
de 1965 sinaliza o período de criação e instalação da Escola em Vila Formosa. O
ano de 1974 marca a elevação da Escola de Vila Formosa em Escola Municipal
Padre Anchieta, mediante o Decreto de Decreto nº 296/74, do prefeito municipal de
Dourados, Senhor João da Câmara. A pesquisa orienta-se com base nos
referenciais da História, História da Educação, ensino rural, entre outros. Recorre, a
uma documentação constituída por diferentes tipos de documentos, como
regulamentos, decretos, fotografias, cadernos, livros, entre outros. Utiliza, também,
entrevistas orais com antigos professores e alunos, sobretudo com a professora
Laurita Sampaio. A análise das fontes documentais revelou que, a Escola de Vila
Formosa, foi criada após a professora Laurita ter sido cedida pelo governo estadual
da Escola Rural Mista do Mercado da Vila Sapé, para a Escola em Vila Formosa.
Essas fontes permitiram verificar, ainda que, a existência histórica da Escola da Vila
Formosa, não pode deixar de relacionar com a trajetória da professora Laurita
Sampaio, pois, foi possível notar que, a criação dessa instituição e de seu
funcionamento na Vila Formosa, deve-se a atuação dessa professora leiga migrante
nordestina, desde o seu início. Contudo, no decorrer dos anos, a Escola da Vila
Formosa, posta em funcionamento com a atuação da professora Laurita Sampaio
passou por algumas transformações, entre elas, no final da década de 1960, foi
elevada de Escola Rural Mista do Mercado para Escola Reunida da Vila Formosa.
No início da década de 1970, mudança de escola estadual para instituição de ensino
municipal, passando a receber o nome, em 1974, de Escola Municipal Padre
Anchieta. Conclui-se, assim que, a criação da Escola da Vila Formosa, na década de
1960, ocorreu, principalmente, pela atuação da professora Laurita Sampaio. Espera-
se que este trabalho, ao discorrer sobre o processo de criação da Escola da Vila
Formosa, contribua para os estudos em História da Educação em Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul e, mais especificamente, para as pesquisas acerca tanto da
história das instituições escolares rurais quanto da história da profissão docente no
meio rural, sobretudo, a partir da atuação da professora Laurita Sampaio, neste
processo de escolarização ocorrido no Sul de Mato Grosso.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Palavras Chave: História de instituição escolar. Escola Rural. Vila Formosa.
Introdução
Este trabalho faz parte de uma pesquisa mais ampla, que visa analisar a 1307
253
Os depoentes estão assinando um termo de consentimento e livre e esclarecido. Por essa razão, utilizamos
o nome original dos entrevistados ao longo do texto, devido a sua concessão de uso para essa pesquisa.
saber, Adelina Tolentino Reis e Genoveva Stein, ambas foram contratadas pela
Prefeitura Municipal de Dourados. Nesse espaço, a escola funcionava o dia todo e
as professoras dividiam oito horas diárias em três períodos, cada uma tinha o seu
período para assumir suas responsabilidades dentro da escola, como ministrar
aulas, cuidar da limpeza, merenda, fazer planejamentos e receber pais dos alunos.
(Entrevista com a professora Laurita, em outubro de 2016). A esse respeito, a
professora Laurita ainda relatou em entrevista que,
Em 1967, tinha uma sala só. A escola funcionava o dia inteiro, nós
dividíamos às oito horas diárias em três períodos, os períodos eram
divididos para que os alunos fizessem atividades diferentes,
enquanto uns estavam na sala outros estavam na horta e a outra
turma na educação física. Também tinhas as séries, tinha mais
professoras e dava pra dividir. Quase não tinha recreio, para poder
dar tempo de estudar, a gente fazia a merenda e dava pra elas um
lanchinho, e voltava pra sala de aula. (Entrevista com a professora
Laurita, em outubro de 2016).
Não se pode deixar de mencionar aqui que, o Clube das Mães foi essencial
para o fortalecimento da relação entre família e escola, vale ressaltar, que para o
financiamento do projeto, as mães pagavam uma taxa mensalmente, para a
manutenção do Clube, todo dinheiro arrecado era destinado para a compra de
materiais como tinta, tecidos, panelas, pincéis, linhas, dentre outros. Essa taxa
também tinha o intuito de que a escola acolhesse todas as mães, inclusive as mais
humildes, que não podiam comprar os materiais.
No início da década de 1970, em plena vigência da Lei 5.692/71, . A Escola
Reunida de Vila Formosa passou por novas mudanças. Desde o final da década de
1960, quando a instituição foi elevada a escola reunida, os professores, os pais dos
alunos e outros membros da comunidade da Vila, não estavam satisfeitos com o
nome escolhido para a escola. Diante dessa situação, no início do ano de 1974,
esses resolveram fazer uma reunião e alterar o nome da instituição para Escola
254
Pessoa que não gosta de gastar dinheiro.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Padre Anchieta, em uma homenagem ao Padre José de Anchieta, sacerdote tido
com o primeiro professor que atuou em terras brasileiras.
Contudo, nesse período não ocorreu apenas a mudança no nome da escola,
pois, a instituição neste mesmo ano, deixou de ser um estabelecimento de ensino
estadual mantido pelo governo de Mato Grosso e tornou-se um estabelecimento de
ensino municipal por meio do Decreto nº 296/74, do então, prefeito municipal de 1315
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
SÁ, Nicanor Palhares; SÁ, Elizabeth Figueiredo. A escola pública primária mato-
grossense no período republicano (1900-1930). In: ______. (orgs). Revistando a
história da escola primária: os grupos escolares em Mato Grosso na primeira
república. Cuiabá: Editora da UFMT, 2011.
Introdução
255
As duas entrevistas foram realizadas pela acadêmica Jaíne Massirer Silva, do curso de Pedagogia
da UFGD, em julho de 2016, cabendo a nós a transcrição e análise.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
256
professora Antônia Bernardi Fernandes do município de Glória de Dourados, Mato
Grosso do Sul (MS). Além da lista com títulos de livros didáticos de diversas
disciplinas escolares utilizados na segunda metade do século XX, tentamos responder
sobre como era o acesso e o manuseio desses livros em sala de aula. Para expor as
análises, dividimos o texto em três partes: 1. O Livro Didático e a sua contribuição
para a História da Educação; 2. Metodologia de pesquisa com fontes orais; 3. Os 1318
256
Realizadas pela a autora, em 12 de setembro de 2016.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Depois da década de 1960, especificamente em 1966, com a criação
da Comissão do Livro Técnico e Didático (Colted), podemos falar de
fato em uma expansão do LD no Brasil. Nesse momento passam a
existir três categorias de usuários do LD: o Estado, que compra o livro;
o professor, que escolhe; e o aluno que o utiliza para seu aprendizado
(FREITAG et al., 1993, p.105).
257
O Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) é a Escola
de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas. Criado em 1973, tem o objetivo de abrigar
conjuntos documentais relevantes para a história recente do país.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Entre os procedimentos metodológicos escolhidos para essa pesquisa, são
utilizadas três entrevistas para a análise. Essas gravações equivalem a duas já
realizadas com professoras moradoras da região de Dourados-MS, Irene Nogueira e
Marina Wenceslau, professoras essas que deram seus testemunhos do nosso recorte
temporal mencionando como eram suas práticas de uso com o material didático,
como utilizavam esse recurso, além de informar títulos de obras didáticas que 1322
utilizavam. Foram escolhidas pelo investigador por serem docentes que contribuíram
significantemente nesse período e por possuírem trajetórias que fortaleceram a
educação nessa região.
A terceira entrevista realizou-se na cidade de Glória de Dourados-MS, sendo
uma escolha importante por opinar pela trajetória que batalhou por uma educação de
qualidade. Essa escolha é representada por uma professora que sempre buscou
oferecer educação, vendo nela a chave para o sucesso, assim Antônia Bernardi
Fernandes conduzia seu modo de ensinar. Nessas três entrevistas foram coletados
dados que contribuíram para reflexões e novos conhecimentos sobre o livro didático
entre os anos de 1951 a 2000, oferecendo memórias relevantes para relembrar a
materialidade desses livros e suas diversas formas de utilização, além de terem
oferecido a oportunidade de contato com essas obras didáticas.
Como procedimento metodológico, o repertório analítico também se fez
presente nessa pesquisa, pois através das entrevistas foram coletadas informações
sobre os títulos de obras didáticas utilizadas nesse período. Dessa forma, analisando
atenciosamente e criticamente criou-se um repertório analítico com esses títulos,
sendo uma lista de catalogação desses livros localizados pela fonte oral. Essa
catalogação consiste em informações básicas sobre essas coletâneas de forma
organizada que facilita encontra-los.
da análise das entrevistas realizadas. São obras didáticas manuseadas durante nosso
recorte temporal,
Quadro 2 - Títulos de obras didáticas localizados – Entrevistas
Antônia Bernardi Fernandes Irene Nogueira Rasllam Marina Evaristo Wenceslau
Livro Exercícios Grafo – Motores História Fundamental do Brasil Cartilha Caminho Suave
Livro Português Moderno História Antiga e Medieval Cartilha Barquinho Amarelo
Cartilha Como é fácil História Geral Moderna e ------
Contemporânea
Fonte: Elaborado pelas autoras
A investigação e análise dessas obras didáticas constituíram-se na criação da
catalogação de cada livro mencionado pelas docentes durante as entrevistas, a fim de
relatar suas descrições materiais.
Essa catalogação permite facilitar o acesso das obras utilizadas na segunda
metade do século XX, dando oportunidade de memorar as materialidades de cada
livro didático mencionado nas gravações. Esse procedimento metodológico de
entrevistas possibilitou também o contato com informações cotidianas desses livros
no ambiente escolar. Foram mencionadas pelas docentes entrevistadas as práticas
de uso desse material, como alunas e como professoras, além do acesso dos
professores e alunos aos livros didáticos e como eram utilizados em sala de aula. Nos
depoimentos, fica evidente o uso do livro didático, assim como, justificam em seus
testemunhos:
didáticos, em sua infância, mas também como professoras. Assumem que o livro
didático é importante para a educação direcionando as aulas, mencionam como eram
o acesso a esses livros há tempos e como mudou esse acesso nos dias atuais, mas
ainda é um material muito utilizado em sala por professores e alunos, pois carrega
conhecimentos importantes para a formação educacional. Dessa forma, mencionam
também nos testemunhos que durante esse período entre 1951 a 2000 o livro didático
era reutilizados vários anos, o que levava os alunos a estudarem assuntos que muitas
vezes já tinham sido atualizados. Durante toda a investigação e análise percebe-se a
presença do livro didático no cotidiano escolar. ―[...] ele constitui o suporte privilegiado
dos conteúdos educativos, o depositário dos conhecimentos, técnicas ou habilidades
que um grupo social acredita que seja necessário transmitir às novas gerações‖
(CHOPPIN, 2004, p. 553).
Podemos concluir que o livro didático é um material privilegiado por conter
conteúdos educacionais e por ser um recurso que transmite conhecimento para
fortalecer um ser crítico em um grupo social.
Considerações Finais
Por meio da História Oral foi possível realizar uma investigação no período da
segunda metade do século XX, resgatando, por meio de testemunhos, títulos de
obras didáticas utilizadas nesse tempo-espaço, além de obter informações sobre suas
diversas formas de uso dentro de sala de aula. Essa investigação contribuiu para
enriquecer os documentos históricos, pois essa pesquisa se torna um documento a
partir do momento que busca e resgata histórias que muitas vezes são esquecidas no
tempo.
Referências
Fontes:
Bibliografias:
ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. 3.ed. Rio de Janeiro: FGV, 2005.
CHOPPIN, Alain. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da
arte. Institut National de Recherche Pédagogique- INRP- URA CNRS 1937, França.
Tradução Revista Scielo. Educ. Pesqui. vol.30 no.3 São Paulo Sept./Dec. 2004.
COMENIUS, Jan Amos. Didáctica magna: tratado da arte universal de ensinar tudo a
todos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1985 [1657].
THOMPSON, Paul. A voz do passado: história oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1995.
INTRODUÇÃO
258
O objeto de pesquisa desta investigação esteve inserida em uma pesquisa maior do
Programa de Pós-Graduação em Educação (UFMS), intitulada: ―Ensino secundário no sul
de Mato Grosso (Século XX)‖ e financiada pelo Programa Casadinho –
MCTI/CNPQ/MEC/CAPES.
259
No período delimitado no estudo não existia a divisão do Estado oficialmente, porém
muitos embates políticos pela divisão entre o norte e o sul, que foi oficialmente decretada
pelo Governo Federal em 1977.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
chamado ―município pedagógico‖260, isto é, os munícipios assumiram a educação e
passaram a organizá-la dentro de seus limites. (GONÇALVES NETO; CARVALHO,
2015).
Para tanto, a fim de alcançar o objetivo do estudo abordaremos a partir dos
retratos da educação secundária nas autobiografias ―Mato Grosso do Sul: minha
terra‖ de Oliva Enciso (1986) e ―O mundo de que vi‖ de Luiz Alexandre de Oliveira 1331
261
Segundo Luchese (2015) a politica de subvenção foi criada pelo governo provincial e
ampliada pelas municipalidades no processo de expansão da educação.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
O foco deste tópico é compreender o processo de conformação da educação
no sul de Mato Grosso em estudos da historiografia educacional regional. Ao realizar
uma reconstrução histórica dos condicionantes envolvidos na implantação da
educação secundária na região sul de Mato Grosso (MARCILIO, 1963, BRITO,
2001), observa-se que Campo Grande e o sul de Mato Grosso, entre as décadas de
1920 a 1960 receberam investimentos reduzidos no campo educacional por parte do 1335
262
O Liceu Cuiabano foi criado pela Lei provincial n. 536, de 3 de dezembro de 1879, com a
denominação de ―Lyceu de Línguas e Sciencias‖, tendo como princípio proporcionar uma
educação capaz de acabar com a ―barbárie‖ ainda existente na província e seguir os
padrões (modelo) do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. Ver: SOUZA, R. S. O Ensino
Secundário em Corumbá, sul do estado de Mato Grosso: o Ginásio Maria Leite (1918-1937).
95 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Católica Dom Bosco. Campo
Grande, 2010.
263
A Escola Normal de Cuiabá foi fundada em 1910, no governo de Pedro Celestino (1908-
1911), tendo em vista a situação precária da instrução pública do início do século. A
contratação de professores normalistas em São Paulo foi o primeiro esforço do governo
para modernizar o ensino do Estado. (LEITE, 1970).
264
No governo de Julio Strubling Muller (1937-1945), com o Decreto n. 112, de 29 de
dezembro de 1937, as escolas normais foram desativadas, incorporadas novamente aos
Liceus como uma ―Seção Normal‖ e/ou um de ―Curso Especializado de Professores‖. Ver:
RODRÍGUEZ, M. V.; OLIVEIRA, R. T. C. História das políticas educacionais brasileiras do
século XX: a escola normal no sul do estado de mato grosso (1930- 1950). In: V Jornada da
Educação, Sorocaba, SP: 2005.
265
A estrutura da educação secundária do início do período da República até a década de
1970 foi composta pelos cursos ginasial e colegial, com variações em sua denominação.
Após o ano de 1931, o acesso se dava pelos exames de admissão, responsáveis pela
seletividade (Decreto n. 19.890 de 18 de abril de 1931). Após a implantação da Lei n.
5.692, de 11 de agosto de 1971, o Estado fixou novas diretrizes e bases ao ensino de 1º e
2º graus, modificando o ensino primário e a educação secundária.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
uma ordem dinâmica de relações entre grupos e classes em modificação. A escola é
produto de um ―conjunto de relações de forças‖ e ―trocas econômicas‖.
Essa relação fica clara na narrativa de Luiz Alexandre de Oliveira,
apresentada na obra de Sá Rosa (1990, p. 31).
266
Segundo Halbwachs (2004, p. 84), ―[...] um dos objetivos da história pode ser,
exatamente, lançar uma ponte entre o passado e o presente, e restabelecer a continuidade
interrompida.‖
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
equiparação ao Colégio Pedro II. Em 1927, o Instituto Pestalozzi passou a receber
novamente recursos da municipalidade. Nos arquivos da Câmara Municipal de
Campo Grande, a Resolução n. 124, de 10 de fevereiro de 1927, denomina-o como
―Gymnasio Municipal de Campo Grande‖ e a subvenção aos trabalhos da
equiparação do Gymnasio ao Colégio Pedro II.
1340
Art. 1º: O Gymnasio Pestalozzi, hoje Gymnasio Campo Grande, é
considerado estabelecimento municipal de ensino, passando a denominar-
se Gymnasio Municipal de Campo Grande. Art. 2º: O Gymnasio reger-se a
por estatuto próprio sob a condição de adaptar integralmente o programa de
ensino do Colégio Pedro II do Rio de Janeiro. Art. 3º: Ao poder executivo
caberá exercer a fiscalização que julgar conveniente ao bom nome do
estabelecimento, reservando-se-lhe o direito de interesses na orientação
dos seus trabalhos, fazer-se juridicamente ou pessoa de sua indicação. Art.
4º: Ao poder executivo caberá no corrente exercício o crédito que for
necessário ao custeio do serviço de fiscalização oficial do estabelecimento e
consignará nos custeios orçamentários a verba referente a cada exercício,
enquanto perdurar a equiparação do Gymnasio. (CAMPO GRANDE, 1927).
267
Em 1929, passou a denominar-se ―Ginásio Osvaldo Cruz‖, após avaliação da junta
examinadora deliberada pela Reforma Rocha Vaz (1925) que regulamentou a organização
administrativa e pedagógica da instituição nos moldes do Colégio Pedro II.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Osvaldo Cruz passou por muitas modificações administrativas, devido às mudanças
de proprietários e de diretores. Em 1942, o professor Luís Alexandre de Oliveira
adquiriu o Instituto. Em sua autobiografia relata que enfrentou grandes dificuldades,
pelas dívidas herdadas e pelos embates políticos, principalmente com os salesianos.
No decorrer da gestão de Luiz Alexandre de Oliveira a Câmara Municipal de
Campo Grande ofereceu através da Lei n. 109, de 09 de dezembro de 1949 subsidio 1342
268
Fundada em 1943, na cidade de Recife/PE, como Campanha do Ginasiano Pobre,
tornou-se em 1947 a Campanha Nacional de Educandários Gratuitos. Em 1969, passa a se
chamar Campanha Nacional de Escola da Comunidade. Até hoje, o mais expressivo
movimento de educação comunitária da América Latina.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
secundária em Campo Grande, reflexo das necessidades econômicas e sociais do
País.
As resoluções aqui apresentadas demonstram o interesse da municipalidade
na instalação da instituição na cidade, uma contribuição da prefeitura para resolver a
falta de estabelecimentos de ensino, pois na década de 1930 funcionavam apenas o
Instituto Pestalozzi (1917) e o Grupo Escolar Joaquim Murtinho (1921). Havia a falta 1343
Assim, os alunos que obtiveram distinção e que modificaram seus habitus por
meio da instrução tiveram oportunidades de modificarem suas trajetórias na inserção
nos cursos superiores, ou em cargos públicos com reconhecimento social.
A ação municipal em Campo Grande ofereceu bolsas de estudos para
estudantes pobres, conforme a Lei n. 429 de 19 de setembro de 1955. Foram
concedidas 30 bolsas de estudos para estudantes reconhecidamente pobres dos
cursos noturnos de escolas particulares. Em 1966, a Lei n. 666, de 08 de fevereiro
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
de 1960 ampliou de 30 para 40 o número de bolsas concedidas pela municipalidade.
Além do subvencionar o ensino de estudantes pobres na cidade, o poder municipal
subvencionou através das leis n. 376, de 16 de agosto de 1954 e n. 426, de 17 de
setembro de 1955 a Associação Matogrossense de Estudantes localizada na cidade
do Rio de Janeiro, cujos associados eram estudantes da cidade. A Câmara
Municipal novamente através da Lei n., de 31 de dezembro de 1947 criou a Seção 1344
Considerações Finais
Enciso (1986) e Oliveira (1986) em suas autobiografias contribuem para a
história da educação ao desvelarem através de suas memórias escritas a ação 1345
Referencias
BOURDIEU, P. A economia das trocas simbólicas. Tradução Sérgio Miceli et all 7.
ed. São Paulo, SP: Perspectiva, 2011.
ENCISO, O. Mato Grosso: minha terra. São Paulo: Editora Resenha, 1986.
269
Mestranda em Educação – elitriches@hotmail.com
270
Docente da Graduação e Pós-Graduação. Coordenadora dos seguintes Projetos de Pesquisa em
andamento ―A gestão do processo alfabetizador com enfoque na política educacional: do nacional ao
local (COPQ/PROPP/UFGD) e Política, gestão e avaliação da educação básica: o processo
alfabetizador da
criança em foco (Chamada FUNDECT/CAPES N° 11/2015 - EDUCA-MS - CIÊNCIA E EDUCAÇÃO
BÁSICA)‖. mariaaranda@ufgd.edu.br
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Palavras-chave: Paradigma do Conhecimento. Currículo. Base Nacional Comum
Curricular
Introdução
Não devendo estudar a vida senão ao que ela oferece de comum, em todos
os seres que dela gozam, os animais e os vegetais formam o domínio
próprio dessa ciência, se bem que ela seja finalmente destinada ao homem
cujo verdadeiro estudo ela apenas pode esboçar de modo grosseiro.
(COMTE 1978, p.214) 1353
A filosofia positiva tem esse nome por pretender ser a contraposição das
filosofias iluministas, que por sua vez, se caracterizavam por contestar as
instituições sociais que ameaçavam a liberdade dos homens. Comte tem como
preocupação organizar a realidade e não modificá-la. Os positivistas não consideram
os conhecimentos ligados às crenças, superstição ou qualquer outro que não
possam ser comprovados cientificamente. Para eles, o progresso da humanidade
depende exclusivamente dos avanços científicos. Dessa forma, a principal ideia do
positivismo era a de que o conhecimento científico devia ser reconhecido como o
único conhecimento verdadeiro, ou seja, só pode ser considerado verdadeiro o que
for comprovado através de métodos científicos válidos.
Para este filósofo, toda ciência e sociedade desenvolveram-se através de três
fases distintas. Esses três estados resumem o pensamento de Comte sobre a
evolução histórica e cultural da humanidade. O primeiro estado é o Teológico, o
segundo Metafísico e o último Positivo. Pode-se dizer que essa é a lei da evolução
intelectual da Humanidade, uma vez que foi por meio das concepções desses que,
ao longo da história a humanidade, tentou explicar os fenômenos externos, fazer
ciência. O último estado, segundo Comte (1976) substitui os dois estados anteriores
pelos princípios da observação. Assim o estado Positivo equivale ao ápice do
pensamento científico. Os anseios da reforma intelectual e social de Comte,
contudo, não se limitaram a uma política e se desenvolveram no sentido da
formulação de uma religião da humanidade. Isso aconteceu nos últimos quinze anos
de sua vida, quando estabeleceu os princípios fundamentais dessa nova religião na
obra ―O Catecismo Positivista‖.
271
É aquele que parte de questões particulares até chegar a conclusões generalizadas.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
no final do século XIX num momento em que o país passava por uma transição do
final do império e início da República, os ideais positivistas serviram para alavancar
essa troca de regime.
Nesse contexto de conturbações, em que era necessário reorganizar a Nova
República, os ideais positivistas foram importados da França, especialmente para o
1356
campo militar. A matriz positiva que se assenhoreava e tinha a simpatia da elite da
sociedade brasileira, molda a Nova República e adquire o perfil de doutrina com
influência geral e aceita pela maioria das lideranças da época. Com a proposição de
uma evolução ordeira da sociedade, incompatível com revoluções e mudanças
bruscas, a atuação doutrinária levada a cabo por Benjamin Constant Botelho de
Magalhães (1833-1891), professor da Escola Militar e defensor do princípio positivista
da valorização do ensino para alcançar o estado sociocrático272, ganha destaque
nesse contexto.
A ideologia positivista torna-se o guia nas Forças Armadas, de onde sai o
273
vitorioso movimento republicano e a ideia de adotar o lema ―Ordem e Progresso‖ .
Várias das medidas governamentais dos primeiros anos da República tiveram
inspiração positivista, como a reforma educativa e a separação oficial entre Igreja e
Estado, ambos em 1891.
Num contexto em que a educação do país se restringia apenas a elite e as
instituições de ensino eram todas ligadas ao clero, especialmente à ordem jesuítica,
os princípios do positivismo, que se implementa inicialmente nas escolas de cunho
militar, veio trazer novos conceitos voltados à descoberta das ciências, o que era
abolido pelas escolas religiosas274 da época. Para Comte,
272
Para alcançar o estado sociocrático é necessário o indivíduo se subordinar a família, esta aos deveres da
Pátria, só assim se alcança o bem da humanidade.
273
Lema estampado na Bandeira Nacional Brasileira.
274
A educação jesuítica baseada no Ratio Studiorum, espécie de doutrina rígida em que o professor
não se afastava em matéria filosófica de Aristóteles, e teológica de Santo Tomás de Aquino, existiu
no Brasil mesmo após a expulsão dos jesuítas em 1759.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
A presença do positivismo nas instituições de ensino, na luta contra a escola
tradicional ligado ao clero, foi vista com algo marcadamente importante para
lançamento de novas ideias que serviram para a contribuição do ensino leigo no
ensino das ciências, pois a educação comandada pela igreja repassava somente
conteúdos restritos a fim de não tornar o indivíduo um descobridor de novos
1357
conceitos ligados às descobertas das ciências e, assim sendo, o aluno afastava-se
das descobertas de métodos científicos.
Nessa perspectiva o método positivista se apoia numa educação que
une a teoria com a prática e que deixa de lado o poder supremo, já que este não tem
como comprovar a manifestação de sua existência e a sociedade precisa de fórmulas
comprováveis dentro da base científica, segundo a teoria. O conhecimento positivo
caracteriza-se pela previsibilidade: ―ver para prever‖ (COMTE, 1978)
O objetivo maior do positivismo, pretendido inicialmente por Auguste
Comte, e posteriormente por seus seguidores, era o de promover uma reforma
intelectual da sociedade, a reforma positiva do modo de pensar uma vez que a
filosofia positiva era a única capaz de responder às exigências que o saber científico
impunha à sociedade como um todo. ―Os resultados da atividade de nossas
faculdades intelectuais fornece-nos o único verdadeiro meio racional de pôr em
evidência as leis lógicas do espírito humano, que foram procuradas até aqui por
caminhos tão pouco próprios a desvendá-las.‖ (COMTE, 1978 p.13)
275
Para Descartes as partes estão sempre relacionadas com o todo.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
positivismo, já que prioriza a disciplina, a obediência e a hierarquia como funções
primordiais da escola. Essa tendência da escola positivista traz uma concepção
puramente profissionalizante que pode afetar o talento intelectual do aluno. Pavianni
(1991, p. 53), ao tratar do assunto, salienta que ―A concepção profissionalista [...] é o
principal entrave à existência de uma verdadeira formação universitária que tem a
1359
função de desenvolver a versatilidade intelectual da pessoa, de criar homens de
mentalidade e sensíveis às necessidades dos outros homens de seu tempo‖.
A concepção positivista se distancia da formação humana, primando pela
técnica e pelo imediatismo, Aceitar a ciência como o único conhecimento, como
queria o positivismo, é algo reducionista que perde uma considerável parcela de
conhecimento que não estão no dado; fica prejudicada tanto a criação como a
dedução.
A influência das ideias propagadas pelo positivismo não é algo novo, embora
venha perpetuando-se até a atualidade, estudiosos das teorias da globalização dos
currículos afirmam que desde o início do século passado, o currículo é a continuação
de um currículo mundial comum que se estabeleceu desde o final da Segunda
Guerra Mundial e que ao longo da história pode-se associar à ideia de propagação
dos valores e pressupostos da modernidade, tais como a racionalidade científica, o
individualismo e o progresso.
276
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: Proposta preliminar. 2ª versão
revista. Ministério da Educação. 2016. Disponível:
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/documentos/bncc-2versao.revista.pdf.acesso em mar. 2017.
Considerações Finais
Referências
Introdução
277
Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/issue/archive Acesso em:
25 de abr. 2017.
278
Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/asphe/issue/view/2822/showToc Acesso em: 25 de
abr. 2017.
279
Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/che/index Acesso em:25 de abr. 2017.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Educação280,(2001 a 2016), todas as publicações da Revista Brasileira de
História281(2000 a 2016), anais da EHECO282, anais da ANPUH283, anais da
ANPED284 GT2, anais do Congresso Brasileiro de História da Educação285, e o
banco de Teses e Dissertações286 da CAPES.
Como descritores de busca foram utilizados os termos ―Educação Corpo
Infantil‖, no total encontramos 21 trabalhos que permitiram uma análise quanti- 1365
Análise quantitativa
280
Disponível em: http://www.rbhe.sbhe.org.br/index.php/rbhe Acesso em: 25 de abr . 2017
281
Disponível em: http://www.anpuh.org/revistabrasileira/public Acesso em: 25 de abr . 2017
282
Disponível em: http://eheco.com.br/ Acesso em 26 de abr. 2017.
283
Disponível em: http://site.anpuh.org/ Acesso em 26 de abr. 2017.
284
Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes-cientificas/regional Acesso em 26 de abr. 2017.
285
Disponível em: http://www.sbhe.org.br/ Acesso em: 25 de abr. 2017.
286
Disponível em: http://bancodeteses.capes.gov.br/ Acesso em: 25 de abr. 2017.
Considerações Finais
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Jane Soares de. Os corpos perfeitos e saudáveis que a pátria necessita:
o concurso de robustez infantil e a imagem materna (São Paulo, 1928). Online,
2004.
MEURER, Sedar dos Santos; OLIVEIRA, Marcus Aurelio Taborda. A invenção dos
recreios nas escolas primárias paranaenses: o lugar da educação do corpo, dos
sentidos e das sensibilidades na escola.Rev. Bras. Educ. online, 2016.
OLIVEIRA, Marcus Aurelio Taborda de; BELTRA, Claudia Ximena Herrera. Uma
educação para a sensibilidade: circulação de novos saberes sobre a educação do
corpo no começo do século XX na Ibero-América. Rev. Bras. Hist. Educ. online,
2013.
SCHMITZ, Zenaide Inês. “É preciso plasmar na cera virgem, que é a alma da 1372
criança, a alma da própria pátria”: Cartilhas escolares e doutrinação infantil no
contexto da era Vargas (1937-1945). Online, 2015.
TOLEDO, Omar Schneider. ALMEIDA, Maria Rita de. A revista Educação Physica
(1932-1945): fórmula editorial, prescrições educacionais, produtos e
publicidade.Rev. Bras. Hist. Educ. online, 2009.
História da Educação
Introdução
1977), além dos autores que tratam da história do livro didático (CHOPPIN, 2004;
GATTI JÚNIOR, 1997; e MUNAKATA, 2012, dentre outros).
O texto a seguir está divido em três partes: 1. Considerações iniciais sobre livro
didático; 2. Entre fontes orais e memorialísticas; 3. Livros didáticos entre usos e
práticas.
E foi pela importância que o livro didático assume nas escolas, que
pesquisadores foram em busca da sua significação, da sua importância na história
da educação, e esse material passou a ser utilizado como fonte de investigação e
elaboração de pesquisas acadêmicas.
Munakata fala que em 1970 e 1980 a pesquisa sobre esse tema era muito
pequena que não passavam de 50 títulos, porém com o passar dos anos esse tema
de pesquisa só foi crescendo, a ponto de começarem a ―organizar eventos
específicos sobre o tema, caso do Simpósio Internacional ―Livro Didático: Educação
e História‖, realizado na Universidade de São Paulo, em 2007; sessões especiais
sobre o tema passaram a ser abrigadas nos eventos das grandes áreas‖
(MUNAKATA, 2012, p. 3).
Essas pesquisas são realizadas para encontrar vestígios de como era utilizado
o livro didático nos séculos anteriores e entender como funcionava o cotidiano da
escola e da sala de aula em relação ao manuseio desse manual que segundo
Corrêa (2000, p. 7) é ele que nos permite ―[...] olhar a instituição por dentro a partir
de sua análise interna‖.
287
Realizada pela acadêmica de pedagogia Jaíne Massirer da Silva no dia 14 de abril de 2016, e transcrita por
nós.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Nesse sentido, foi selecionado e realizado a leitura e a análise dos trabalhos
citados a seguir:
- Mato Grosso do Sul. Minha Terra (ENCISO, 1986), que narra à história de
vida da professora Oliva Enciso;
- O mundo que eu vi (OLIVEIRA, 1986), que conta sobre a vida do professor 1378
Luiz Alexandra de Oliveira;
- Memória da cultura e da educação em Mato Grosso do Sul (ROSA, 1990), que
conta com depoimentos de 14 professores que atuaram em Campo Grande
até os anos 1980;
- Lembranças de professores e alunos mato-grossenses (1920-1950)
(GONÇALVES; SÁ; SIQUEIRA, 2007), com 12 depoimentos, entre ex-
professores e ex-alunos;
- Amambaí: memórias e histórias de nossa gente (SOBRINHO, 2009), que ao
contar a história da cidade de Amambaí relata práticas de alguns professores
da região.
A pesquisa também teve como intuito buscar sobre como era à circulação do
livro didático nessa primeira metade do século para entendermos se esse livro era
comercializado e doado pelas escolas aos alunos ou se eram eles que deveriam
adquiri-los no percorrer dos anos. Sobrinho nos descreve um pouco sobre essa
prática da circulação do livro e de como uma parte desses livros chegaram ao Brasil.
Esses livros aquelas pessoa que vinham cada um, esse pessoal que
veio do Sul que o meu avô, por exemplo, chegou em 1908 [...], essa
gente toda trouxe livro de lá, tinham livros em casa e ai cada um
pedia em casa trazia aqueles livros e ia lendo e eu tive sorte que
tinha esse do meu pai que eram bons (SOBRINHO, 2016, p. 3).
Assim, podemos perceber que esses livros circulavam nas famílias para que
houvesse esse aprendizado sem precisar comprar os livros didáticos, pois naquele
século os preços não eram tão acessíveis.
Passavam de pai para filho de avô para neto, de geração em geração e era
dessa forma que as famílias esquematizavam a utilização dos livros didáticos
naquele século, além dessa circulação em famílias, os livros também circulavam
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
dentro da própria sala de aula, para que todos pudessem aprender um pouco de
cada livro.
Aqui enfatizaremos um pouco sobre a prática do uso dos livros didáticos no 1379
século XX, juntamente com citações do ex-aluno Almiro Pinto Sobrinho e de alguns
memorialistas que vai nos descrever como esse material era utilizado na sala de
288
aula .Porém Rosa no seu livro Memória da Cultura e da Educação em Mato
Grosso do Sul: Histórias de vida, relata que ―ao longo de sua trajetória, Mato Grosso
do Sul conta com poucas pesquisas voltadas para a análise dos fatores históricos e
educacionais de seu povo‖ (ROSA, 1990, p. 15).
Almiro Sobrinho escreveu um livro sobre a história de Amambaí que também
enfatizara as práticas do uso do livro didático, o nome do livro é ―Amambaí
Memórias e Histórias de Nossa Gente‖. O livro nasceu de sua preocupação com a
história que com o passar do tempo poderia não existir, pois se encontrava apenas
nas memórias das pessoas como ele mesmo cita, e sua preocupação é com o
futuro, pois essas memórias já não existiram mais.
Em seu livro tem um capítulo que fala da educação em Amambaí e, segundo
ele, ―a criatividade do professor era fundamental para o bom andamento da escola,
pois o material disponível era escasso. Como material didático, ele utilizava cartilhas
e livros velhos, muitas vezes sem capa e faltando folhas‖. (SOBRINHO, 2009, p.
173).
Segundo Sobrinho (2009) com o tempo isso começou a mudar, pois os
comerciantes da cidade começaram a encomendar matérias para os alunos como
cadernos, lápis, papel almaço, e começaram também a aceitar encomendas de
livros para os alunos.
Já no livro, Lembrança de professores e alunos mato-grossenses 1920-1950,
escrito pelos autores Marlene Gonçalves, Nicanor Palhares Sá, Elizabeth Madureira
Siqueira cita em seu livro uma entrevista realizada por Dimas S. S. Neves em
288
Almiro neste artigo será citado como ex-aluno, no entanto também fez parte da história de Amambaí como
ex-professor contribuindo com a história da cidade de Amambaí. A esse respeito cf. Sobrinho (2009).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
20/04/2003 na cidade de Cáceres a entrevistada Ana Sizina Guedes de Oliveira cita
que ―[...] não tinha livro escolar. Estudava gramática, história do Brasil, ciências,
geografia, francês, e catecismo, e tinha apenas um caderninho escrito à mão, e
porque cada aluna copiava um pedaço um dia, até eu copiava, história do Brasil,
essas coisas, no caderninho‖ (GONÇALVES; SÁ; SIQUEIRA, 2007, p.18).
Na entrevista realizada com o ex-aluno Almiro Pinto Sobrinho foi relatado 1380
também um pouco das práticas do uso do livro didático realizadas em sala de aula e
serão citadas partes dessa experiência para um melhor entendimento.
Almiro começa falando do livro de Felisberto de Carvalho, uma coleção que
continha cinco livros.
Eram os livros assim, tinha um livro que eu tinha, um que era do meu
pai, tenho um livro que era do meu pai no caso, chamava é ... era
uma coleção de Felisberto de Carvalho, então esse tinha o livro de
leitura número 1, número 2, número 3, número 4 e o 5º livro, então a
gente que tinha aquele as vezes lia o 3º primeiro depois voltava
quando conseguia o outro, ai que ia ler o 1º era assim. (SOBRINHO,
2016, p. 2).
Ele nos descreve como eram utilizados os livros em sala, e podemos perceber
que, quem possuía o material emprestava para quem não tinha, e assim os livros
circulavam para que todos pudessem ler a coleção inteira. E sobrinho também
estudou a Cartilha na Roça.
Logo se pode perceber que aquela época os livros para estudos vinham das
próprias casas dos alunos, quem os tinha os levavam e os emprestavam, para que
assim o professor conseguisse dar a sua aula.
E para ela por meio do livro didático também podemos ter uma noção de como
funcionava as escolas no século XX.
[...] Ele nos permite, como já dissemos, olhar a instituição por dentro
a partir de sua análise interna. Nesse sentido, entendo que a
contribuição avança pelo fato de não se restringir exclusivamente às
práticas escolares, mas também, e principalmente, ao seu conteúdo,
uma vez que os elementos contidos no livro dão vida e, ao mesmo
tempo, significado às práticas escolares. (CORRÊA, 2000, p. 7).
Portanto, conforme Corrêa se pode analisar as práticas escolares por meio dos
conteúdos que os livros traziam para a instituição, mesmo que esses livros não
fossem um modelo padrão como hoje.
As catalogações dos livros didáticos utilizados durante a primeira metade do
século XX no sul de Mato Grosso foram feitas segundo as citações do Almiro Pinto
Sobrinho, mas também foi feita uma catalogação do acervo de livros do Laboratório
de Documentação, História da Educação e Memória (LADHEME), este laboratório
está localizado na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), e as
catalogações foram feitas para que possamos encontrar os livros com mais
facilidade, através de seus títulos, ano de publicação, etc., sendo assim
organizamos essa catalogação por números para melhor localizá-los.
Em síntese, nossa pesquisa permitiu localizar as seguintes obras didáticas:
Considerações Finais
1382
Concluímos que as pesquisas que abarcam esse tema ainda hoje são um
pouco escassas em relação à materialidade do livro didático no século XX, pouco se
acha sobre como esse material era utilizado nas escolas nesse século.
E é por conta dessa escassez que os depoimentos relatados pelos
memorialistas são de extrema importância para a realização de trabalhos nesta
área, pois é esta fonte que nos proporciona um maior esclarecimento sobre as
práticas do uso do livro didático neste século, não apenas as obras dos
memorialistas, mas também as fontes orais onde do mesmo modo é citado sobre as
práticas do uso desse material.
As pesquisas são escassas, porém este tema tem um campo vasto para se
pesquisar, no entanto as fontes de pesquisas são ex-alunos e ex-professores desse
século e é por meio deles que pesquisas com essa linha de pensamento sucedem, e
nosso papel como pesquisadores é procurá-los e entrevista-los, pois é desta forma
que descobriremos um pouco mais sobre esse material, a maneira que eles eram
utilizados, e são esses ex-professores e ex-alunos que nos possibilitaram reviver
imaginariamente um pouco dessa história e registrá-las para que no futuro, isso não
seja apenas o passado do livro didático que poucas pessoas conhecem, mas sim a
história da educação com ênfase nos livros didáticos na sua utilização e
comercialização, para que futuros pesquisadores da educação também tenham
acesso a essa história e para que a pesquisa sobre esse assunto cresça cada vez
mais.
REFERÊNCIAS
Fontes:
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
ENCISO, O. Mato Grosso do Sul. Minha Terra. Campo Grande-MS, s/editora,
1986.
Referências:
CHOPPIN, A. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte;
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.30, n.3, p. 549-566, set./dez. 2004.
Resumo
O presente artigo tem por objetivo apresentar o levantamento da produção científica
referente a um estudo sobre o processo educacional desenvolvido em uma escola
normal situada em região fronteiriça entre Brasil-Paraguai entre 1954-1962. O
estudo busca evidenciar os trabalhos que tiveram essa região como pano de fundo e
a formação de professores no Paraguai como foco. Os resultados demonstraram
uma escassa produção acadêmica dessa temática no Paraguai, por outro lado, no
Brasil constatou-se um interesse gradual em construir a história das escolas normais
por Universidades da região sul-mato-grossenses, assim como estudos envolvendo
as questões relacionadas com fronteira paraguaia.
Palavras chaves: Produção cientifica. Escola Normal. Paraguai
Resumen
Este artículo tiene por objetivo presentar una revisión de la literatura científica que
se relaciona con un estudio del proceso educativo desarrollado en una escuela
normal situado en la región fronteriza entre Brasil y Paraguay en el período 1954-
1962. El estudio ubicar los trabajos que tuvieron esta región como fondo y la
formación de los maestros en Paraguay como enfoque. Los resultados mostraron
una escasa producción académica de este tema en el Paraguay, sin embargo, en
Brasil hubo un interés progresivo en la construcción de la historia de las escuelas
normales en las universidades del sur de Mato Grosso, así como el interés por
estudios en relación con las cuestiones fronterizas paraguayas.
Palabras clave: Producción científica. Escuela normal. Paraguay
Introdução
Método
seleção foi baseado em três pontos: a região de pesquisa do escrito (Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, Dourados, Ponta Porã e Pedro Juan Caballero). O segundo
ponto foi baseado nos trabalhos relativos às trajetórias de escolas normais ou de
professoras normalistas; aos trabalhos que apontaram manuais didáticos em
escolas normais. O tema para esta pesquisa centra-se nesses aspectos e esses
trabalhos poderiam indicar referências bibliográficas tanto de conotação teórica
como metodológica. Outro critério de seleção foi o recorte temporal,
aproximadamente 1950-1970. No banco de dados da Scielo291, o primeiro descritor
utilizado foi escola normal. Foram rastreados sete trabalhos, embora seguindo o
mesmo critério de seleção anterior, nenhum trabalho foi aproveitado. Os descritores
seguintes foram formação docente e fronteira, com isso o banco apontou um
trabalho, o qual foi selecionado; com o descritor escola normal, nenhum trabalho foi
encontrado.
Outro buscador empregado foi o Google Acadêmico292 e optou-se por utilizar
os descritores em dois idiomas. Na primeira busca usaram-se os descritores em
português: escola normal, formação docente, fronteira, Paraguai. Por acusar um
número muito alto de achados, preferiu-se por limitar os estudos feitos entre 2006 à
2016. Deste modo, o banco acusou 92 trabalhos, muitos deles já haviam sido
encontrados no banco de dados da Capes, no entanto, quatro estudos distintos
foram selecionados a partir do mesmo esquema de seleção anterior. A busca com
descritores em espanhol: escuela normal, Paraguay, Pedro Juan Caballero resultou
290
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, vinculado ao Ministério da Educação e
Cultura (MEC). Acesso: www.capes.com.br
291
Scientific Electronic Library Online, é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de
periódicos científicos. Acesso: www.scielo.br
292
Sistema de busca eletrônica de artigos científicos que oferece a estudantes e profissionais de diversas áreas.
Acesso em: 21/11/2016
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
muito frutífera para esta pesquisa. Foram acusados 100 trabalhos dos quais quatro
pertinentes. Abaixo segue um quadro organizando os trabalhos de acordo com o
autor, instituição, tipo de trabalho, banco de dados e ano de publicação.
O quadro abaixo organiza os trabalhos localizados, com o nome do (s) autor
(es), a instituição pela qual fizeram os trabalhos, o tipo de trabalho, o título, onde
foram localizados e ano de publicação. 1387
sua utilização nas escolas normais e o a formação que se esperava dos maestros e
professores da época.
As dissertações de Barrachi (2004), Fernandes (2007), Guedes (2009),
Oliveira (2010) Fin (2012) e Simoes (2014) trazem como tema central a formação de
professores em escolas normais, nesse sentido, estas dissertações além de ajudar a
identificar os teóricos desse tema auxiliam na identificação dos procedimentos
metodológicos mais comuns para estudar instituições escolares.
Por outro lado, as dissertações de Silva (2000), Oliveira (2010), Fin (2012),
Ortiz (2014) e Simoes (2014) também foram escolhidas para ajudar a formar um
panorama do início da formação de professores no Mato Grosso e sul do Mato
Grosso considerando os aspectos sociais, políticos e econômicos que as envolvem.
Os estudos de Silva (2008), Trevizan (2012), Bezerra (2015) e Josgrilbert
(2015) têm como foco de estudo a educação na cidade de Ponta Porã. A dissertação
de Bezerra (2015) refere-se ao começo da formação de professores na cidade de
Ponta Porã, intitulado A escola normal de Ponta Porã, Sul de Mato Grosso (1959-
1974). Esse escrito teve como alguns dos objetivos evidenciar as políticas nacionais
e estaduais relativas ao ensino normal, apontando como pontos de destaque as
legislações; a relação entre o ensino primário e o ensino normal da Escola Normal
de Ponta Porã naquele momento histórico. Embora Bezerra não adentre na
discussão sobre a formação docente em Pedro Juan Caballero, o seu trabalho
evidencia a formação no lado brasileiro e poderá ajudar a compreender ações
políticas e econômicas que justificaram a instalação de escolas normais em ambas
as cidades.
O escrito de Pereira (2014) tem como local de estudo a cidade de Pedro Juan
Caballero, mas seu tema centra-se no ensino da Geografia no Paraguai na
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
atualidade, portanto, encontra-se fora do recorte desta pesquisa. A dissertação de
Silva (2008) discute em parte a educação fronteiriça e faz uma contextualização
histórica de Ponta Porã. A dissertação de Josgrilbert (2015) aborda questões
relacionadas à educação e escolarização na região de fronteira, mas não adentra no
campo da formação de professores no lado paraguaio. No entanto, foi de extrema
importância para localizar a tese de Flavio Florentín (2009) História da Educação 1391
Conditions and Eductional problems (1931), de Arthur Elewood Elliot, contribui com
um estudo da realidade cultural, social e educativa do Paraguai, e presta significativa
importância à formação dos professores normalistas.
Dentre as publicações contemporâneas sobre a Historia da Educação
paraguaia, Florentín destaca o texto de Carlos C. Centurión, Historia de la Cultura
Paraguaya (1961). Nesse livro, encontra-se informação sobre os organismos que
regem a educação e as regulamentações sobre as escolas primárias e normais.
O escrito de Juan Speratti Historia de la Educación Pública en Paraguay:
1812-1932 (1979), de acordo com Florentín, oferece informações sobre a origem e
evolução histórica da escola ―España‖, de San Lorenzo, 1869-1972, e a biografia de
uma professora normalista Srta. Clotilde Emilia Paredes: Obras e ideias
pedagógicas.
A última obra assinalada por Florentín é La educación Escolar en el
Paraguay: Apuntes para una historia (1994), de Carmen Quintana de Horak. A obra
foi publicada para servir de fonte para professores e alunos de formação docente,
principalmente para aqueles interessados em pesquisas. O material abrange desde
o período colonial até a reforma de 1973.
Floretín aponta que em 1896, foi nomeado diretor da escola normal de
maestros, Francisco Tapia e como diretora da escola normal de maestras à
senhorita Adela Sperratti, e deste modo, começou a funcionar a Escola Normal n° 1,
cujo objetivo era ―formar el carácter moral, forjar el espíritu para el desenvolvimiento
independiente en la creación de recursos y la provisión de una educación basada en
los fundamentos de amor y entrega por el bien común‖. (FLORENTÍN, 2009, p. 104).
O autor descreve que junto à Escola Normal funcionava uma escola de
aplicação onde as futuras professoras realizavam as suas práticas. Em 1901, a
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Escola Normal foi beneficiada com local próprio, mobiliário, museu e biblioteca. A
carga horária diária era de seis horas contínuas para facilitar a ida das alunas. As
provas eram escritas, com exceção do exame de final de curso, que era oral e
público, constituindo-se um evento muito importante dentro do mundo acadêmico e
da sociedade, inclusive, sendo prestigiado com presença do presidente da nação em
certas ocasiões. Em 1909, foi elaborado um novo plano para a Escola Normal que, a 1393
Resultados e discussões
dentro das universidades, e quando são localizados os trabalhos são em sua maioria
artigos publicados em revistas, como o artigo, incompleto, de González (2016).
O que nos faz lembrar que a escrita da história paraguaia foi sendo e continua
sendo construída por distintos atores. Conforme Brezzo (2010, p. 13) essa
contribuição se dá por meio da produção de ―historiadores extranjeros, de
historiadores no profesionales, de viajeros, de recopiladores de documentos, de
ensayistas de todo tipo, de políticos, de novelistas, de poetas, de sedicentes
historiadores, de científicos y de periodistas‖. Portanto, a evolução da historiografia
paraguaia resulta de uma gama heterogênea de contribuintes com informações
ricas, mas dispares e imensuráveis. Nesse sentido, o Paraguai sempre contou com
ajuda de estrangeiros para ajudá-lo a escrever a sua história, no que concerne a
história da educação, a ajuda talvez precise ser ainda maior.
A esse respeito, é mister explicar o porquê dessa escassez. De acordo com
Giacon (2012, p. 2) esse fenômeno se explica por três fatores ―a falta de
investimento em pesquisa de caráter histórico, a falta de centro de pesquisas e a
condição do professor universitário, em especial no Paraguai‖.
Telesca argumenta sobre o tema, afirmando que ―las universidades, que
hasta la caída de la dictadura de Stroessner en 1989 eran sólo dos (Universidad
Nacional de Asunción y la Universidad Católica de Asunción) […], no son centros de
investigación sino de difusión de conocimientos.‖ (TELESCA, 2010, p. 2). Nesse
sentido, os professores não contam com as condições para dedicar-se as pesquisas.
Os trabalhos em sua maioria encontrados para esta pesquisa são artigos.
Telesca explica que os pesquisadores ―presentan más como una compilación de
artículos destinados a un público estudantil que frutos de investigaciones de larga
data‖ (TELESCA, 2010, p. 2). Essa realidade se dá devido à falta de verba, existe
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
um investimento na área das ciências humanas porque recebem verbas do
Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e esse órgão tem dado prioridade aos
setores de energia, agropecuária, indústria, recursos hídricos e o meio ambiente.
Por isso, os trabalhos encontrados nos sites das duas Universidades UNA e UCA se
dedicam a esse tipo de pesquisa.
Nos perguntamos então como acontece as pesquisas relativas a história da 1397
Referências
293
Docente no Programa de Pós-Graduação em Educação da FAED/UFGD. E-mail:
alessandrafurtado@yahoo.com.br
294
Discente no Programa de Pós-Graduação em Educação da FAED/UFGD. E- mail:
marizabackes@hotmail.com
INTRODUÇÃO
1399
O presente trabalho faz parte de uma pesquisa de mestrado em andamento,
que busca analisar a história da Escola Municipal de Primeiro Grau Antonio João
Ribeiro do distrito de Indápolis, situada na Linha do Barreirão, no município de
Dourados, no período de 1973 a 1983. Para tanto, busca examinar o processo de
criação da Escola no distrito de Indápolis, identificar as contribuições da Escola
Antônio João Ribeiro para a expansão educacional na região, caracterizar o perfil de
sua clientela e de seu corpo docente, e por fim, analisar a sua organização
curricular.
O recorte temporal é justificado por dois argumentos: o ano de 1973, marca a
construção da escola no distrito, mediante ao convênio MEC/ 8º RM, Ministro da
Educação Jarbas Gonçalves Passarinho, Comandante da 8º RM General de divisão
militar Tasso Villar de Aquino; e o ano de 1983 sinaliza o período de regularização
da respectiva Escola, com a solicitação de validação dos estudos dos alunos junto a
Secretaria Municipal da Educação de Dourados (SEMED), sob o processo de
número 01162/84.
Esta pesquisa está no arrolamento das investigações voltadas para a História
das Instituições Educacionais (HIE), viés da História da Educação, visando assim,
discorrer sobre a história, importância e a contribuição da escola para a Região da
Grande Dourados.
O interesse pela temática refere-se tanto a motivos subjetivos ligados à
trajetória profissional, quanto à necessidade de pesquisas sobre a História das
Instituições Educacionais na área rural, destacando o quanto isso, colaborou
precisamente para o desenvolvimento do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,
regiões que ainda são marcadas pelo silenciamento de estudos ligados à temática.
1400
Na área da História da Educação, pesquisadores, sobretudo aqueles que
dispõem de atividades nos Programas de pós-graduação stricto sensu tem se
debruçado, para originar estudos qualitativos acerca das produções historiográficas
sobre instituições escolares, dentre elas, as rurais. Brazil e Furtado (2010) destacam
em estudos o progressivo número de pesquisas defendidas em Programas de Pós-
Graduação em Educação, que tem como objeto de investigação a história das
instituições escolares. As autoras relatam que, no Brasil está vertente investigatória
cresceu substancialmente a partir dos anos de 1990.
Na perspectiva dos estudos acerca da história das instituições escolares,
presente trabalho emerge com o objetivo de analisar o processo de criação desta
Escola no distrito de Indápolis, na década de 1970, mais precisamente, em 1973. No
caso da História da Educação brasileira, percebe-se que o estudo de temáticas
ligadas à Educação Rural ganhou espaço nas produções científicas dos últimos dez
anos, fato que pode ser evidenciado com as inúmeras produções de teses,
dissertações, livros, artigos e trabalhos de congressos.
A pesquisa orienta-se com base nos referenciais da História, História da
Educação, Ensino rural. Esses referenciais estão subsidiando a escrita da história da
Escola Municipal de Primeiro Grau Antonio João Ribeiro. Recorre, também, a uma
documentação proveniente da Escola, da Secretaria Municipal de Educação de
Dourados, do Centro de Documentação Regional da UFGD, do Arquivo Público de
Mato Grosso, entre outros.
Na documentação fornecida, observou-se a data de fundação e fechamento,
quantitativos de alunos que a escola iniciou suas atividades, como eram divididas as
turmas, nomes de funcionários, quem fez a doação do terreno e principalmente
quais foram os motivos que levaram a escola ficar inativa. Sendo assim, este projeto
possui um riquíssimo acervo documental, cuja reprografia está sob posse da
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
pesquisadora, que possibilita uma pesquisa qualitativa e inédita no rol das
investigações das Instituições Educacionais Rurais na Região da Grande Dourados.
Este trabalho foi organizado em dois subtítulos. O primeiro aborda a
produção historiográfica sobre a Educação Rural no Município de Dourados. O
segundo trata da criação da Escola Municipal de Primeiro Grau Antonio João Ribeiro
do distrito de Indápolis. 1401
Figura 1- Vista parcial da Escola Municipal de Primeiro Grau Antonio João Ribeiro
Fonte: Acervo pessoal da pesquisadora.
295
Expressão dada a terras que são arrendadas para o trabalho de plantio e colheita realizado por outro.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
recebeu migrantes mais intensamente a partir de 1948 e foi consolidado durante a
década de 1950 (MENEZES, 2012). No que diz respeito, a autora assinala que, a
imigração japonesa para essa localidade, o maior movimento migratório ocorreu em
1952, quando 22 famílias vieram, totalizando 112 pessoas. Essas famílias de
imigrantes japoneses vieram diretamente para se estabelecer na Colônia Agrícola
Nacional de Dourados (CAND). 1406
Figura 2: Quadro de Antonio João (do monumento aos heróis da Laguna e de Dourados).
Fonte: Dourados News.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A História das Instituições Educacionais (HIE) está centrada num contexto 1408
REFERÊNCIAS
Introdução
296
Disponível em: <http://bancodeteses.capes.gov.br/banco-teses >
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Teses e dissertações sobre a história das instituições escolares rurais
cultura escolar da Escola Rural Mista Municipal Santo Antônio, criada no espaço
rural denominado ―Reserva‖, durante o período de colonização de Tangará da Serra
– MT, com desdobramentos na criação da primeira escola, a migração e a atuação
docente. A documentação é constituída por obras memorialísticas, estudos
bibliográficos, acervos escolares, particulares e paroquiais, iconografia e história
oral. Esses documentos foram encontrados no arquivo da Secretaria Municipal de
Educação e Cultura de Tangará da Serra, no Arquivo Público de Mato Grosso, em
arquivos particulares, na Sala de Memória de Tangará da Serra, no banco de dados
do Grupo de História da Educação e Memória/GEM/IE/UFMT.
Ainda no ano de 2015, Wilker Solidade da Silva defendeu no Programa de
Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Grande Dourados, a
dissertação intitulada ―Grupo Escolar Presidente Vargas, Dourados MT: a escola
primária urbano/rural em tempos de mudanças no ensino elementar brasileiro (1963-
1974)‖, que procurou investigar e discutir o processo de inserção da escola na zona
rural do município de Dourados, buscando analisar o modo como foram criadas
escolas nas regiões distantes do perímetro urbano central e como estas se
organizavam e realizavam suas atividades. A partir de um olhar mais atento sobre
essas localidades, considerando-se as suas singularidades e as práticas ali
exercidas, é possível compreender, a forma como o mesmo modelo de escola foi
implantado nos mais distantes rincões do país. Nesta dissertação, a documentação
analisada merece destaque, pois foram consultados e analisados diferentes
documentos como: Mensagens e Relatórios de Presidentes e Governadores do
estado de Mato Grosso (1920; 1936; 1937; 1940; 1942; 1948; 1949; 1950; 1952;
1953; 1954; 1955; 1956; 1957; 1959; 1962; 1963; 1964 e 1965); Legislação e
Relatórios referentes ao ensino em Mato Grosso, disponíveis nos arquivos da Escola
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Estadual Presidente Getúlio Vargas, bem como documentos do Centro de
Documentação Regional de Ensino da UFGD (CDR/UFGD), do Núcleo de
Documentação e Informação Histórica Regional (NADIHR) em Mato Grosso e do
Arquivo Histórico de Campo Grande (ARCA).
Em 2014, Clóvis Irala defendeu no Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade Federal da Grande Dourados, a dissertação intitulada 1418
das pesquisas há somente dois estudo do século XIX, que trata do cenário regional
da instrução pública desse período, a luz do século XX, com ênfase nas reformas
educacionais e seus desdobramentos no âmbito da escolarização rural. Os demais
estudos foram focados no século XX, desencadeados as análises que perpassam
os meados do século XXI.
No que diz respeito, aos referenciais teóricos das teses e dissertações que
tratam da história educação rural primária, elenco, sobretudo, oito autores que são
utilizados como aportes teóricos no decorrer desses trabalho, conforme pode-se
observar no quadro:
Considerações finais
Referências
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
ÁVILA, Virginia. P. S. História do ensino primário rural em São Paulo e Santa
Catarina (1921-1952): uma abordagem comparada. 2013. 216 f. Tese (Doutorado
em Educação Escolar) -Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual
Paulista Júlio de Mesquita Filho. Araraquara-SP, 2013.
INTRODUÇÃO
encontram pela primeira vez em Paris no ano de 1844, onde criaram a maior
colaboração mutua até a morte de Marx em 1883, a obra A ideologia alemã.
No segundo pressuposto, Marx e Engels (2007, p. 22) apontam que uma vez
satisfeita a primeira necessidade, a ―ação de satisfazê-la e o instrumento já
adquirido com essa satisfação levam a novas necessidades‖ (p. 22), sendo que
produção de necessidades novas levam ao primeiro ato histórico.
Já o terceiro pressuposto conforme Marx e Engels (2007, p. 23) seria que ―os
homens, que renovam a cada dia sua própria vida, passam a criar outros homens, a
se reproduzir‖. Os autores discorrem sobre esse pressuposto dizendo que a relação
entre homem, mulher, pais e filhos, geram a relação base das relações sociais, ou
seja, a família. Esta família que no início é a única relação social passa a ser uma
relação subalterna, quando as necessidades individuais geram novas relações
sociais.
Marx e Engels (2007) ressaltam que apesar serem explicadas
separadamente, não se deve compreender esses três aspectos da atividade social
como três estágios separados, mas sim como três aspectos que coexistem desde o
início da história e que ainda se manifestam na história. Os autores falam de uma
dupla relação que existe entre os pressupostos, onde se produzir a vida e a própria
vida é produção do trabalho, de modo que está tudo ligado por um lado como uma
relação social e por outro como relação natural.
297
Termo utilizado pela autora Mendes (2006)
298
Termo utilizado pela autora Mendes (2006)
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
direito de participar de atividades de educação com os demais colegas como todas
as crianças. (MENDES, 2006)
Os problemas que acompanharam esse processo, para Mendes (2006) foram
que a integração escolar assumiu um segundo sentido, onde a pessoa era
meramente inserida na escola, mais não necessariamente em uma classe com os
demais alunos. E o princípio da ―normatização‖ que causou confusão, pois muitos 1430
profissionais das escolas não compreendiam que era um princípio filosófico, que
estabelecia que todos os indivíduos dispostos de suas habilidades deveriam serem
tratados como seres humanos plenos. Outro problema do modelo de normatização,
era que a passagem da pessoa com deficiência do ambiente segregador para o
integrador dependia apenas de seus progressos, fato que não ocorria na prática o
que acabou contribuindo para o enfraquecimento do modelo
Em 1990 deu-se início ao discurso da inclusão escolar. Segundo Rosin-
Pinola e Dell Prette(2014) a proposta de inclusão escolar rompe com a de integração
escolar. A inclusão escolar defende que o sistema educacional precisa estar
adaptado para receber a pessoa com deficiência e não a pessoa com deficiência
tenha que se adaptar ao sistema. E para que esse processo ocorra a escola precisa
se inovar, buscando adequações que atendam às necessidades de todos os alunos.
A inclusão escolar da pessoa com deficiência é um direito previsto desde a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional- LDB nº 9394/1996, porém não
basta que o aluno seja apenas inserido na escola regular, é necessário que se
busque meios que venham a garantir seu aprendizado e participação no ambiente
escolar. Nessa lei a educação especial é entendida em seu artigo 58 como ―[...] a
modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino, para educandos portadores de necessidades especiais‖.
Apesar da legislação garantir aos alunos com deficiência acesso e recursos
disponíveis na escola regular, que contribuam com a sua formação social e
acadêmica, na prática a inclusão escolar não está sendo efetivada. Sant‘ana (2005,
p.231) aponta que o ―fato de esses alunos estarem no mesmo ambiente com os
demais não quer dizer que estejam incluídos, realmente, no contexto escolar‖.
sociedade capitalista, não havendo espaço nesse sistema para pessoa com
deficiência, por ela não ser considerada útil para manutenção da sociedade
capitalista.
Manter a educação pública abaixo da qualidade necessária serve como uma
ferramenta da imobilidade social e da práxis dominante. Esse modelo reproduz os
modelo de classe dominantes onde a classe dominante dita as regras. Assim torna-
se difícil investir no processo de inclusão escolar de pessoas com deficiência, uma
vez que esses ainda são considerados incapazes pelos pensamentos alienados da
classe dominante.
Conforme a obra utilizada como referência nesse trabalho, o modo de
enfrentar esse domínio de classes, seria por meio do conhecimento e por
possibilidades de mudanças. Nessa visão é importante que pessoas com
deficiência, familiares e simpatizantes continuem adquirindo conhecimentos e
lutando por direitos que levem efetivamente a inclusão escolar de qualidade para
todos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
(2005 p. 315), sobre história da educação na região Centro-Oeste, evidencia que até
o ano de 2004 somente as Universidades Federais (UFU, UFMT e UFMS) possuíam
programas de pós-graduação que trabalhavam com a temática história da educação
como ―parte orgânica dos programas‖. Diante disso é importante ressaltar que a
organização dos encontros do Eheco, a partir de 2011, evidencia não somente o
aumento da produção sobre educação na região, mas marca também o inicio de
uma articulação que se começa a construir entre programas e pesquisadores que se
dedicam a pensar essa produção. Para chegar ao objetivo proposto o texto
organizado em dois momentos: A apresentação em linhas gerais de cada um desses
eventos e em seguida a discussão de algumas temáticas mais trabalhadas em cada
evento.
1.1 I EHECO
1.2 II EHECO
também foi possível observar, uma mesma pesquisa sendo realizada por pessoas
de universidades diferentes. Por fim, pelo número de trabalhos aprovados podemos
definir que assim como o I Eheco, esse II Encontro foi um encontro de magnitude e
interação entre temáticas diversas.
Nesse Eheco tivemos abordagens sobre instituições escolares, mas não
foram as privilegiadas. Na verdade nesse evento o que observamos foi um conjunto
muito variado de abordagens como já foi explicitado acima. As abordagens sobre
literatura foram interessantes nesse encontro, entre elas destacamos um artigo de
autoria de Eislher Alves Ferreira Neves e Estela Natalina Mantovani Bertoletti
(2013), denominado Considerações sobre a história do ensino de Literatura: o caso
de Mato Grosso do Sul no qual foi trabalhado o processo histórico que o ensino de
literatura passou ao longo do tempo, questionando dessa forma o lugar que essa
literatura ocupa na atualidade. No ano de 2013 esta pesquisa ainda estava em
andamento e ela se torna importante para a compreensão do ensino de literatura
porque traz muitas indagações a respeito da inclusão da literatura e do surgimento e
consolidação do seu ensino.
Nesse segundo Eheco observamos um número mais reduzido de produções
voltadas para a instituição primária e grupos escolares em torno de 8 a 10 pesquisas
trabalharam essas temáticas especificas. Pesquisas voltadas para grupos escolares
e a institucionalização da educação em determinado tempo/espaço foi observável.
Destaco uma pesquisa de autoria de Caroline Hardoim Simões e Margarita Victoria
Rodríguez (2013), denominado A Escola Normal No Sul De Mato Grosso: Em Foco
A Escola Normal Joaquim Murtinho. As autoras têm como objetivo apresentar a
história dessa instituição (Escola Normal) mostrando através de documentos oficiais
da instituição, como o instrução pública no sul de Mato Grosso foi alvo de politicas
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
descontinuas. As autoras apresentam a historicidade do processo pelo qual essa
instituição passou. Ao longo da pesquisa as autoras buscaram evidenciar em que
condições a instrução pública se encontrou para se implantar no estado.
não elegeram o Mato Grosso Uno, tivemos pesquisas sobre a educação primaria no
Rio de Janeiro, Goiás, Rondônia, Minas Gerais entre outros, sobre o Mato Grosso
tiveram alguns trabalhos sobre instituição educacional. Entre as pesquisas que
trabalharam a instituição educacional no Mato Grosso antes da divisão do Estado,
destaco o de autoria de Maria do Carmo Brazil e Fanny S. Valdez (2015)
denominado Seminário Santo Antônio de Rio Brilhante/MS: gênese histórica e perfil
de funcionamento da instituição educacional (1959-1987). A pesquisa realizada
pelas as autoras está voltada para o estudo da história das instituições educacionais
que é um ramo da História da Educação e tem como objetivo conhecer a trajetória e
o funcionamento do seminário Santo Antônio no período proposto.
O estudo segue a época do funcionamento do seminário. As autoras tem
como base a perspectiva da História Cultural, utilizando vários referenciais teóricos
entre eles Chartier, Le Goff e Michel de Certeau que trabalham com memórias e
representações. Trata-se de uma pesquisa documental, mas que buscou
fontes/depoimentos orais de indivíduos que fizeram parte da história desse
seminário. De acordo com as autoras esse seminário apresentou em todo seu
período de funcionamento muitas limitações, mas teve uma importância impar para o
cenário educacional de sua época.
A educação primária e o funcionamento de grupos escolares no sul de Mato
Grosso não foram com frequência adotada nas produções nesse evento do eheco
que ocorreu em 2015, foram entre 10 a 15 produções que trabalharam essa temática
especifica. Outras abordagens foram feitas sobre essas temáticas como: ―memórias
dos sujeitos sobre o grupo escolar...‖ ou ―inspeção escolar na educação primária‖,
ou seja, não foi a instituição escolar o objeto central dos estudos, mas sim o que
compõe e norteia essas instituições. A temática educação apareceu bastante nas
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
produções, mas a partir de outras abordagens, como por exemplo, a educação das
mulheres e as práticas curriculares que apareceram com frequência nas produções.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De modo geral o que a princípio chama atenção nos eventos do Eheco é o 1449
REFERÊNCIAS
SOUZA, R.F. de. Lições da escola primária. In: SAVIANI, D. (org.). O legado
educacional do século XX no Brasil. Campinas: Autores associados, 2006 (Coleção
Educação Contemporânea).
BRAZIL, Maria do Carmo e MANCINI, Ana Paula Gomes. História das Instituições 1450
Formadoras de Professores na fronteira Brasil-Paraguai: O caso de Dourados, Mato
Grosso (Uno) -1940-1970. Dourados, MS: UFGD, 2012.
PAES, Ademilson Batista. Escola primária rural e migração no sul de mato grosso
(1916). I Eheco. Anais. Cuiabá, MT: 2011. CD-ROM.
Resumo:
O artigo tem como objetivo analisar a escrita feminina sobre comportamentos e
regras sociais femininas a partir da produção de duas autoras latino-americanas:
Clarice Linspector e Rosario Castellanos, vinculadas entre os anos de 1960 a 1970.
As fontes escolhidas são da literatura, através das publicações jornalísticas e da
produção de um conto, por apresentarem elementos que possibilitam compreender a
partir dos estudos foucaultianos, conceitos de formação sobre a mulher, além de
indícios e vestígios sobre a escrita feminina com relação à sua função social.
Delimitamos como objetivo, compreender como as redes de interdependência atuam
sobre os comportamentos e posturas femininas definindo as funções sociais e as
figurações de poder entre os indivíduos. Neste aspecto nos fundamentaremos,
também, nos estudos sociológicos de Norbert Elias que dispõe as figurações de
grupo a partir de uma condição interdependente de poder e que nos permite inferir
que a produção sobre a educação feminina pode ter sido construída como resultado
de interpretações, representações e disputas de poder. Para tanto, buscaremos na
escrita da brasileira Clarice Linspector e da mexicana Rosario Castellanos,
prenúncios, lacunas e rupturas que nos mostrem efeitos, estratégias e indicações
simbólicas sobre a educação feminina. Como resultados, apontamos que a
formação de comportamentos é disposta através de normatização de preceitos
sobre o feminino, determinados por práticas sociais, que se elaboram através de
figurações relacionais de poder.
1. Introdução
Tentaremos buscar nas memórias das autoras, prenúncios e marcas que nos
possibilitem verificar as aproximações e distanciamentos dos comportamentos
femininos latino-americanos acerca da educação familiar, mediados pelas relações
de poder como desvelamento de uma construção social sobre a mulher, ponderando
tanto o indivíduo como a sociedade com formatos antagônicos e distintos.
299
O termo pode aparecer como „configuracao‟; „figuração‟ ou „formação‟ termos desenvolvidos por Norbert
Elias em que significa uma situação concreta de interdependência, sugeridos desde um jogo de xadrez ou cartas
até a uma nação, em que se podem apl icar as mais diversas situações.
300
Pseudônimo significa nome falso, atitude muito comum entre autores brasileiros em final do século XIX e
início do século XX em que preferiam um anonimato enquanto atuavam como jornalistas para não incorrer em
problemáticas em relação às suas situações profissionais, pessoais ou acadêmicas.
301
Ilka Hach Soares começou ainda adolescente nas artes cênicas, atuando no cinema nacional, fazendo capa de
revistas e desfilando. Foi também vedete, assistente de palco e atuou em vários programas de televisão.
Destacou-se em telenovelas e dedicou-se ao cinema, estreando Iracema no ano de 1949. Disponível em:
http://www.museudatv.com.br/biografias/Ilka%20Soares.htm. (Data da consulta: 28/10/2015).
uma forma de falar desses padrões para depois subverter, modificar, denunciar,
buscando assim, revelar o humano.
Tal pressuposto pode ser averiguado pelo ‗lugar‘ do qual se fazia Clarice
naquele dado momento, produtora de uma coluna de jornal, de um meio,
exclusivamente, masculino que deveria promover um produto de uma indústria de
cosméticos, através de uma coluna feminina, sob os critérios jornalísticos e
editoriais.
As publicações das colunas femininas definiam as relações de poder que
impunha uma visão estigmatizada àquelas que, porventura, não seguissem seus
modos elaborados de ser e estar no mundo. A mulher era educada para desenvolver
um bom papel, com ideias de naturalização sobre a resignação e submissão
feminina.
Em todas suas publicações, há em sua escrita o reforço ao estereótipo
feminino daquele período histórico-cultural, com indicações sobre a mulher ideal,
sendo magra, elegante, discreta, amável, paciente, além de como deveria se
comportar, agir, atuar sendo esta dona de casa ou trabalhadora, contudo, podemos
perceber que apesar de referendar estes modelos femininos, Clarice consegue ir
minando, a partir de uma discreta subversão, contrapondo de maneira sutil tais
definições sobre a mulher.
Aparece mais de uma vez, em suas colunas, a colocação de que toda mulher
deveria fazer na sua casa um ‗cantinho‘ em que pudesse ser só seu, ―toda dona de
casa tem o dom de criar cantinhos‖ (Lispector, 2013, p. 16) como se pudesse
abstrair-se dos afazeres domésticos, das problemáticas do cotidiano, da realidade.
De forma sutil, em seus conselhos, vai falando também do comportamento
masculino, colocando-os como também, vaidosos, fracos, tímidos de maneira que a
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
mulher precisam tomar a iniciativa, até mesmo, nos primeiros encontros. Delata a
maneira incoerente o homem tratar a mulher, sem que ao menos faça elogios para
refeição que esta a preparou diariamente (Lispector, 2013, p. 72).
Consideramos, ainda, que as próprias receitas e dicas sobre culinária e
cuidados com a pele, incorressem em receitas que realmente não funcionassem,
assim podemos inferir que sua escrita contém indícios de ironia, ao inserir na receita 1457
o limão, que pelo seu teor cítrico, caso não fosse removido efetivamente da pele,
causaria grandes manchas ou ainda a receita para os cabelos, em que propõe
utilizar sabão de coco e limão, dois ingredientes que deixaram os cabelos totalmente
ressecados:
As sardas têm seus encantos. As certas louras acrescentam um ar brejeiro
e picante. Mas, nas morenas, as sardas perdem todo o atrativo e dão a
impressão de uma pele até (oh, horror!) pouco limpa. Uma maneira eficaz
de ver-se livre delas é a seguinte: Misture 2g de amoníaco com 3g de água
oxigenada de 20 volumes e suco de 1 limão. Aplique essa mistura 2 vezes
por dia, deixando-a secar no rosto. Em seguida, lave bem o rosto para evitar
irritações da pele e complete o tratamento com uma camada de um creme
emoliente. (Lispector, 2013, p. 107)
os espelhos da alma:
Para os olhos serem belos, não basta, porém, que sejam grandes, de um
colorido especial ou maquilados com requinte. É preciso que neles haja algo
mais. Pois, sendo ´os espelhos da alma´, devem refletir doçura
compreensão, inteligência. Em resumo, mais importante do que os olhos é –
olhar. (Lispector, 2013, p. 11)
casa, esposo, visitas, além de manter-se adequadamente bela e formosa para todas
as situações sociais que lhe convém para agradar a todos, sem precedentes.
A carne vai tomando sua condição de cadáver, assim como ela que não vê
situação diferente para si, do que fora antes de casar-se e, o que se tornou:
4. Algumas considerações...
identidades femininas.
Dentro deste contexto, tentaram elaborar de maneira crítica e reflexiva o
papel da mulher e sua educação não escolarizada, disposta tanto na família como
nos demais espaços públicos.
As autoras escreviam crônicas, contos, poesias. Viveram num período que a
educação se fazia por orientações descritas em regras de etiqueta e
comportamentos, como o caso de revistas e colunas jornalísticas.
Clarice Lispector escrevia para jornais, em colunas para mulheres, dando
conselhos, dicas, sugestões, orientações e receitas. Rosario Castellanos produziu
um conto sobre uma mexicana recém-casada que deveria cozinhar uma refeição ao
esposo.
As produções jornalísticas, editoriais, literárias estavam submetidas a práticas
femininas, na qual a mulher era modelada conforme um imaginário social vinculado
à ideias inferiorizadas e distorcidas.
Presas a um campo literário (Bourdieu, 1998, p. 69-70) tinham consciência
que para produzirem suas escritas, necessitavam utilizar de armamentos culturais
que diferenciassem suas produções e, consequentemente, elaborassem uma
identidade feminina que desligasse e negasse tais ‗verdades‘ estabelecidas.
Sabemos que o campo literário agia como um espaço de forças que
interferiam sobre as pessoas que estavam em seu interior, de uma maneira
particularizada, conforme a posição que ocupavam em seu meio social, o que
poderia implicar em certa concorrência.
Para isso, precisava irromper esse modelo através de estratégias de escrita,
sem que pudessem fazer de maneira explícita, livre, exposta, clara. Cada uma,
dentro de suas especificidades, incorreu suas produções de maneira rica, sobretudo,
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
disfarçada e enigmática, utilizando dois elementos marcantes e cruciais: o sarcasmo
e ironia.
As publicações nas colunas dos jornais, feitas por Clarice, assim como, o
conto elaborado por Rosario Castellanos demonstram a mulher era formatada
conforme os mecanismos impostos pela sociedade patriarcal.
Elas forjaram esses espaços colocando de maneira irônica e sarcástica suas 1465
302
Para Norbert Elias, as relações interdependentes dos indivíduos formam as configurações, que são
interpretadas como representações de seres humanos, ponderando tanto o indivíduo como a sociedade com
formatos antagônicos e distintos. A sociedade tem divisões das funções sociais, acentuando a dependência das
pessoas, alguns grupos utilizam da força ou da violência para formalizar a sua existência social ou ainda se
sobrepor sobre algum outro grupo.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Não eram dadas as mulheres condições de se colocarem como iguais aos
homens, principalmente nos espaços públicos, determinados como masculinos:
reuniões ou viagens de negócios, visitas sociais, entre outros. Assim, elas não
teriam condições de se impor, pois se tratava dos espaços públicos e, elas, tinham
como ‗seu‘ lugar social, os espaços privados, neste caso, geralmente, seu próprio
lar. 1466
Referências Bibliográficas
ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994a, Vol 2.
ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Zahar, 1994b, p. 175.
____, Aparecida Maria (coord.) Correio Feminino. Rio de Janeiro: Rocco, 2006b.
1468
RESUMO
Este projeto está inserido no campo de pesquisa da História da Educação, relacionado à
memória, às instituições escolares e à preservação de documentos. O projeto visa contribuir
para a produção e publicação da história educacional da comunidade japonesa, por meio da
publicação da produção científica baseada na experiência acerca das escolas,
fundamentados na documentação escolar. A pesquisa está localizada no sul de Mato
Grosso do Sul: Dourados, Fátima do Sul, Caarapó, Ivinhema, Nova Andradina e Maracaju.
O recorte temporal, diz respeito à década de 1970, período em que se deu o início às
atividades da Escola de Japonês na sede do Clube Nipônico em Dourados. As escolas
apresentam-se como espaços fundamentais para as pesquisas, o que permite a
compreensão do processo da cultura escolar e, consequentemente, da História da
Educação na grande Dourados-MS. Neste contexto da pesquisa universidade e escola,
realizou-se a organização e a catalogação de imagens dos eventos concretizados no interior
das escolas a respeito das práticas educativas vivenciadas pela comunidade escolar e
ministradas por professores. No Laboratório de Documentação, História da Educação e
Memória – LADHEME- FAED/UFGD são disponibilizados materiais bibliográficos a respeito
das instituições escolares étnicas japonesas para pesquisadores da temática. Pretende-se
com o projeto fomentar e estimular a conscientização acerca da importância da preservação
documental para a comunidade escolar.
Palavras-chave: Instituições Escolares, História da Educação, Escolas Étnicas.
ABSTRACT
This project is part of the research field of the History of Education related to memory, school
institutions and preservation of documents. The project aims to contribute to the production
and publication of the educational history of the Japanese community, through the
publication of scientific production based on experience about schools, based on school
documentation. The research is located in the south of Mato Grosso do Sul: Dourados,
Fatima do Sul, Caarapó, Ivinhema, Nova Andradina and Maracaju. The temporal cut refers
to the 1970s, when the activities of the Japanese School began at the headquarters of the
Nippon Club in Dourados. The schools present themselves as fundamental spaces for the
research, which allows the understanding of the process of the school culture and,
consequently, of the History of Education in the great Dourados-MS. In this context of the
research university and school, the organization and the cataloging of images of the events
materialized inside the schools regarding the educational practices experienced by the
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
school community and given by teachers were carried out. In the Laboratory of
Documentation, History of Education and Memory - LADHEME-FAED / UFGD, bibliographic
materials are available on Japanese ethnic school institutions for researchers of this subject.
The aim of the project is to encourage and raise awareness about the importance of
documentary preservation for the school community.
Keywords: School Institutions, History of Education, Ethnic Schools.
INTRODUÇÃO 1470
OBJETIVOS
METODOLOGIA
pedagógicas. Assumindo, assim que as escolas são espaços que podem partilhar
fontes de informações fundamentais para a formulação de pesquisas e análises, as
quais permitem a compreensão da cultura escolar japonesa e, consequentemente,
da História da Educação, no que diz respeito, a recuperação da sua história, das
suas práticas e a dos seus agentes: alunos e professores (HALBWACHS, 1990).
E, por fim, a terceira parte trata das práticas escolares representadas nas
aulas e produtos artísticos, pedagógicos e culturais mediados pelos professores e
produzidos pelos alunos. As instituições educativas inseridas nos clubes nipônicos
de cada cidade constituem independentemente de suas origens ou natureza, uma
amostra significativa de um diálogo sobre o contexto educacional japonês na região
do Mato Grosso do Sul.
Neste contexto da pesquisa entre universidade e a escola, fazemos a
pesquisa de campo para o registro das atividades e práticas educativas nos eventos
culturais escolares.
Posteriormente serão recebidas as escolas pesquisadas no projeto para
vivenciarem os resultados e discussões, por meio de palestras ministradas por
professores da UFGD realizadas no Laboratório de Documentação, História da
Educação e Memória – LADHEME- FAED/UFGD, as quais servirão de estímulo à
conscientização sobre a importância da preservação documental para a comunidade
escolar.
RESULTADOS
304
Kaikan: sede das associações culturais e/ou esportivas mantidas pelos japoneses
e seus descendentes, comumente usada para realizar reuniões sociais. É um colônia-go (v.). Fonte: HANDA,
Tomoo. O imigrante japonês: histórias de sua vida no Brasil. São Paulo: T.A. Queiroz/Centro de Estudos Nipo-
Brasileiros, 1987.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Ao fazer o levantamento de dados documentais nos acervos escolares,
coletamos documento administrativo escolar, livros de memórias e imagens
fotográficas. Nessa segunda fase do projeto catalogaremos os dados e as fontes
documentais, com o intuito para fomentar o conhecimento das fontes que fazem
parte vida documental e histórica da escola. Por fim, serão proporcionados os
resultados materiais bibliográficos, fotografias e trabalhos escolares para a pesquisa 1475
di
Fonte: Arquivo da Escola Modelo de Língua Japonesa (2016).
1476
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Carlos Henrique de. CARVALHO, Luciana Beatriz de Oliveira Bar de.
História/historiografia da educação e inovação metodológica: fontes e perspectivas.
In.: COSTA, Célio Juvenal; MELO, Joaquim José Pereira; FABIANO, Luiz
Hermenegildo. Fontes e métodos em História da Educação. Dourados-MS: UFGD,
2010.
HANDA, Tomoo. O imigrante japonês: histórias de sua vida no Brasil. São Paulo:
T.A. Queiroz/Centro de Estudos Nipo-Brasileiros, 1987.
THOMPSON, Paul. A voz do passado: história oral. Tradução de Lólio Lourenço de 1478
Oliveira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
Stephanie Amaya
(PPGEDU/FAED/UFMS/CAPES)
Jacira Helena do Valle Pereira Assis
(PPGEdu/FAED/UFMS) 1479
Adriana Espindola Britez (PPGEDU/FAED/UFMS/CAPES)
História da Educação
Introdução
305
Uma das pesquisas foi realizada na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e
no SCIELO(Scientific Electronic Library Online) com 5 palavras-chaves, destacamos o termo
―escolas étnicas‖, que foram encontrados, selecionados e lidos 3 artigos, 3 dissertações e 3 teses.
Possibilitará realizar as comparações das imigrações no Brasil de diferentes nacionalidades, o que
reforça a importância do trabalho é o fato que encontrarmos trabalhos sobre imigrantes japoneses
nessa busca.
306
Okinawa é uma região localizada ao sul do Japão, com costumes e cultura bem típicos do local.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Associação Esportiva e Cultural Nipo-brasileira e o livro: ―Terra de Esperança/Kibo
no Daitsi‖, da Associação Okinawa de Campo Grande – MS307.
Para realizar as reflexões e análises do objeto, partimos de uma perspectiva
histórica e sociológica, na qual utilizamos o referencial teórico dos estudos de Pierre
Bourdieu (2004; 2009).
Dessa maneira temos como problematizações iniciais: o que motivou a vinda 1481
dos imigrantes japoneses para Campo Grande – MS? Quando foram fundadas as
Associações? Quais foram as relações e estratégias desenvolvidas pela
comunidade japonesa entre as colônias, associações e escolas?
Organizamos o trabalho em três partes: na primeira trazemos apontamentos
sobre a vinda dos imigrantes japoneses para Campo Grande – MS; no segundo
relatos sobre a fundação das Associações japonesas e por fim, a relação das
colônias e associações com a fundação de escolas japonesas.
307
No decorrer da escrita identificaremos apenas como Associação Nipo (AECNB) e Associação
Okinawa, para melhor compreensão e análise. Os livros foram escritos na coletividade da
comunidade japonesa, por meio de comitês e gerenciados pelas Associações. Em alguns
textos/capítulos do livro Ayumi trazem os nomes autores no início de alguns capítulos e no livro Terra
de Esperança consta os nomes dos colaboradores. Em suma, ambos livros são compostos por
relatos memorialísticos.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Após muitos percalços navio Kasato Maru partiu do porto de Kobe no dia 28
de abril de 1908, com cerca de 783 emigrantes, que desembarcaram em
Santos no dia 28 de junho de 1908; foram transportados de trem para a
Hospedaria dos Imigrantes. (INAGAKI, 2008, p. 26).
308
Aprofundamento será descrito no próximo subtítulo;
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
costumes gastronômicos. Como exemplo o Festival do Sobá 309, prato típico
okinawano foi como patrimônio imaterial 310da cidade.
Em síntese, focalizamos a presença de duas principais associações com o
objetivo e preservar a cultura japonesa: a Associação Esportiva e Cultural Nipo-
brasileira e Associação Okinawa de Campo Grande.
1484
309
Prato japonês de origem okinawana adaptado na cidade de Campo Grande-MS. A base é um
macarrão caseiro, acompanhado de tiras de omelete, porco de porco, cebolinha e caldo com
ingredientes típicos.
310
Decreto de n. 9.685 de 18 de julho de 2006.
311
O governo nacionalista de Getúlio Vargas sancionou diversos decretos impedindo a entrada de
imigrantes, proibindo o uso da uso de línguas estrangeiras, bem como proibia que os imigrantes
tivessem bens no Brasil. Foi um período de perseguição ao grupo de japoneses e todo Brasil.
312
Jogo japonês criado logo após a Segunda Guerra, utiliza arco, bola e taco, similar ao críquete.
Municipal Kamé Adania. Daremos maior ênfase à Escola Visconde de Cairu pelo
fato desta estar vinculada à Associação Nipo, no momento atual como mantenedora
e administradora da escola.
Uma das características que diferenciam a comunidade japonesa em Campo
Grande na formação de instituição escolar étnica japonesa é ―[...] que nem todas as
escolas étnicas foram criadas após a organização das associações, pois em
algumas colônias, como é o caso da Chacrinha, criou-se primeiro a escola e depois
a associação [...]‖. (NISHIMOTO, 2011, p. 68). Pois a Associação Japonesa de
Campo Grande, atual Associação Nipo foi fundada em 18 de agosto de 1920
(AECNB, 2008). Assim:
314
Fundada como Escola de Língua Japonesa Hanja.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
Figura 1: Regimento atual - 2017 Escola Visconde de Cairu (Da administração)
1488
Fonte: AECNB.
A escola fundada nessa colônia (Mata do Ceroula) foi criada para ensino de
língua japonesa funcionava em um galpão com o crescimento da demanda, a escola
mudou de local e também alterou o nome passando ―Escola Boa Vista‖ e
posteriormente denominada ―Escola Franklin Cassiano‖ (ASSOCIAÇÃO OKINAWA,
2014).
Em meados de 1941 ―[...] os professores eram brasileiros, como o jornalista
José Barbosa Rodrigues e a esposa, Henedina Hugo Rodrigues (dona Eneida)‖.
(MINA SAN, 2008, p. 32). Nessa revista constam fotos de formatura do curso
primário da ―Escola Franklin Cassiano‖ nos anos de 1952, 1956 e 1957, localizada
na Mata do Ceroula.
O curso de língua japonesa fora fechado em 1942, ficando somente o de
português; aquele, porém, foi reiniciado em 1949, introduzindo-se também um curso
de costura [...] Nessa época, a escola contava com 64 alunos e quatro professores,
numa comunidade de 40 famílias. Em 1958, a escola atingiu o auge, com 80
estudantes de 59 famílias. (AECNB, 2008, p. 78). Devido às dificuldades e a ida dos
imigrantes para as áreas centrais da cidade a escola foi fechada no ano de 1965.
(AECNB, 2008).
A colônia Rio Negro foi fundada em 1953 e teve uma escola construída a
partir das folhas de bacuri pelo grupo jovem da região, dentre as dificuldades a
principal foi conseguir professores. ―Em 1954, graças ao empenho do deputado
Terenos relata sobre o ensino da língua japonesa somente dentro das famílias. Há
informação de duas escolas, uma na Jamic 315e outra em Terenos.
Na colônia Rincão ao norte de Campo Grande, ―[...] Oroku, segunda filha de
Nagamine Kosei, formada em Naha em então curso científico, e exercia a função de
professora na escola primária [...]‖ (ASSOCIAÇÃO OKINAWA, 2014, p. 241).
Demonstra a formação de sala ou grupo de estudos, ao qual denominavam como
escola. Os escritos e depoimentos encontrados nos livros e revistas da comunidade
japonesa local revelam que a preocupação era o ensino da língua japonesa para as
crianças.
As colônias Córrego da Anta, Paterinho e Rochedinho ―[...] se localizavam na
região norte da cidade de Campo Grande, distante 30 quilômetros, e começaram a
se desenvolver no início da década de 1940‖ (ASSOCIAÇÃO OKINAWA, 2014, p.
181). Nessa região constam dados da fundação de duas escolas:
315
[...] Jamic, estatal japonesa que antecedeu a atual JICA Agência Internacional de Cooperação do
Japão. Um rápido parênteses: a comunidade foi chamada de Jamic porque os recém-imigrados, com
um péssimo português, não conseguiam pronunciar de maneira inteligível o nome ―Várzea Alegre‖,
daí sempre dizendo que estavam na Jamic. (ASSOCIAÇÃO OKINAWA, 2014, p. 91).
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
como, por exemplo, tradição escolar anterior, instâncias de coordenação,
localização em área rural ou urbana, número de imigrantes e outros.
(KREUTZ, 2000, p. 169).
Referências
MINA SAN. 100 anos da Imigração japonesa. Campo Grande: Correio do Estado,
2008.
Resumo: Este estudo objetivou analisar artigos científicos, teses e dissertações, por
meio de uma pesquisa documental realizada em resumos de publicações científicas
disponíveis nas bases de dados eletrônicos: SCIELO e Banco de teses e
dissertações da CAPES. Trata-se de um estudo descritivo e não exaustivo, sujeito a
filtros perceptuais dos autores e a limitações de estudos desta natureza, visto que
foram utilizados os resumos das publicações. Das abordagens do estudo foram
destacadas as temáticas: história da educação - instituições escolares católicas -
Franciscanismo - curso normal (formação de professores), vinculada ao projeto de
pesquisa ―Escola Franciscana Imaculada Conceição: história da formação de
professores no sul de Mato Grosso – 1955-1971.‖.
Introdução
Desenvolvimento
Nº de Nº de
Banco de
Descritores material trabalhos Trabalhos selecionados
dados selecionad
encontrad
o os
Nº de Nº de
Banco de material trabalhos
Descritores Trabalhos selecionados
dados encontrad selecionad
o os
01 - Sangenis, Luiz Fernando Conde. Gênese
do Pensamento Único em Educação:
03
316
01 Franciscanismo e Jesuitismo na Educação
Brasileira.' 01/09/2004. Tese doutorado. UFF –
Franciscanism
Universidade Federal Fluminense.
o http://www.uff.br/pos_educacao/joomla/images/stories/Teses/l
uizfsangenis04.pdf
316
Trabalhos anteriores à plataforma sucupira 2013 a 2016. Selecionado 01 devido à relevância da temática para
a pesquisa proposta.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
02/04/2014 167 f. Mestrado em EDUCAÇÃO
Instituição de Ensino: FUNDAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO
GROSSO DO SUL, Campo Grande Biblioteca
Depositária: UFMS.
Após o estudo descritivo e seleção do material através dos títulos, resumos 1500
e palavras-chave das publicações encontradas na pesquisa, iniciamos a leitura dos
materiais selecionados. Adotaremos como metodologia de análise, partir dos
trabalhos selecionados, iniciar por aqueles, em que, os descritores aparecem em
ambos os bancos de dados SCIELO e CAPES conjuntamente e por fim analisar os
descritores singulares.
Para fins de entendimento e objetivando dar historicidade ao nosso objeto de
pesquisa, decidimos explorar o franciscanismo e sua atuação na educação. Jacques
Le Goff, historiador medievalista, em sua obra São Francisco de Assis (2001, p 124-
125) destaca que: ―O franciscanismo foi um grande movimento religioso que, mais
do que as outras ordens mendicantes, marcou, impregnou o conjunto da sociedade
cristã no século XIII‖, pois rompeu com o isolamento do monarquismo e despachou
seus membros pelas estradas, mas também os mantinham nas cidades, num
período de plena aceleração de desenvolvimento, ―no coração da sociedade‖. Os
primeiros biógrafos de Francisco de Assis, ―constituíram o essencial arsenal de que
se serviram os Franciscanos para agir sobre a sociedade de seu tempo‖. Le Goff
nos estimula a desvelar a ação e missão franciscana nos âmbitos da sociedade
douradense, tendo como foco o campo educacional, através de uma instituição
escolar confessional católica.
O artigo de Sílvia Regina Alves Fernandes e Elizabeth Santos de Souza
(2014) “As moças e os pobres: considerações sobre a comunidade feminina „Toca
de Assis‟.”, sob a perspectiva sócio histórica analisam duas representações a partir
de moças do Instituto Religioso das Filhas da Pobreza do Santíssimo Sacramento,
conhecido como Toca de Assis. A primeira dessas representações refere-se às
cosmovisões das integrantes sobre a sociedade contemporânea e alguns de seus
elementos, como por exemplo, a busca continuada pelo conhecimento e informação.
consideração do que diz uma das partes em litígio. Sangenis (2004), afirma que seja
por desconhecimento ou por falta de senso crítico, seja por preguiça ou por
facilidade de acesso às abundantes e mais acessíveis fontes da Companhia de
Jesus, foi comum tomar a ótica jesuítica como a mais abalizada para respaldar o
discurso historiográfico. As crônicas e as narrativas jesuíticas, tomadas como fontes
quase que exclusivas da historiografia existente, determinaram o sentido das
pesquisas e da literatura disponível, perpetuando as lacunas, as imprecisões, os
equívocos e os juízos de valor recorrentemente desfavoráveis aos franciscanos e às
outras ordens religiosas.
Observa também que ao realizar o levantamento bibliográfico e de
documentação relevante, que a quantidade de livros, trabalhos e documentos
disponíveis sobre o franciscanismo, no Brasil, é diminuta. Sendo assim o autor partiu
a procura de documentos já pesquisados, como, por exemplo, livros de tombo, atas
de capítulos conventuais e provinciais, inventários de conventos, manuscritos,
testemunhos escritos e livros de pastorais, todos sob a guarda do Arquivo Geral da
Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, em São Paulo.
Infelizmente, todo o esforço dedicado não produziu o esperado. Praticamente não
foram encontradas referências documentais mais específicas acerca da ação
educacional dos franciscanos no ensino formal, ainda que tenha tido acesso irrestrito
a todos os arquivos mencionados. Visando ampliar as possibilidades de pesquisa,
Sangenis buscou nos arquivos e bibliotecas portuguesas, em especial no Arquivo
Nacional da Torre do Tombo, na Biblioteca Nacional de Lisboa, no Arquivo
Ultramarino, no Arquivo e Biblioteca Regional de Évora, e demais instituições
congêneres, as fontes e a documentação necessária para levar adiante sua
pesquisa, o que só foi possível graças à bolsa de Doutrorado Sandwich financiada
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
pelo CNPq. Tal dedicação objetivou decifrar os enigmas contidos nos vazios da
história educacional brasileira.
Sangenis (P 48, 2004) destaca que o papel dos franciscanos na educação
no Brasil é um tema quase intocado - ―Para vir a lume, há que se juntar pedaços,
reconstituir fragmentos, identificar e valorizar indícios considerados secundários,
reler documentos e fontes, sob nova perspectiva, estabelecer conexões entre 1504
Referências
BRAZIL, Maria do Carmo.; MANCINI, Ana Paula Gomes. História das instituições 1510
formadoras de professores na fronteira Brasil-Paraguai. O caso de Dourados, Mato Grosso
(Uno) 1940-1970. Revista Educação, teoria e prática, Rio Claro, v. 15, n.1, p. 1-26,
jan./abr. 2012.
FARIA FILHO L. M., GONÇALVES I. A., VIDAL D. G e PAULILO A. L.. A cultura escolar
como categoria de análise e como campo de investigação na história da educação brasileira
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.30, n.1, p. 139-159, jan./abr. 2004.
JULIA, Dominique. A Cultura Escolar como Objeto Histórico. Revista brasileira de história
da educação n°1 jan./jun. 2001.
KNOB, Frei Pedro. A Missão Franciscana do Mato Grosso. Campo Grande-MS. Editora
Loyola, 1988.
Anais do 3º Congresso de Educação da Grande Dourados
8 a 11 de agosto de 2017, Dourados, MS
ISSN 2525-4480
MAGALHÃES, Justino. Tecendo nexos: história das instituições educativas. Bragança
Paulista SP: Editora São Francisco, 2004.