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Por outro lado, o grupo econômico também não é forma de incorporação de uma
empresa por outra, sendo certo que os entes integrantes da coligação permanecem com
personalidades jurídicas e patrimônio distintos, embora, para fins trabalhistas, possam
ser chamados à responsabilidade pelos empregados contratados pelas empresas
integrantes do grupo.
Posteriormente, a CLT, em seu art. 2º, §2º, manteve a responsabilidade solidária entre
todas empresas integrantes do grupo econômico, permitindo fossem demandadas pelo
empregado quanto a eventuais créditos inadimplidos decorrentes da relação de emprego.
Orlando Gomes e Elson Gottschalk indicam que uma das principais finalidades da
norma seria a proteção quanto ao tempo de serviço do empregado, evitando prejuízos
caso fosse transferido entre empresas integrantes do mesmo grupo, de forma
fraudulenta, com o fito de obstar a aquisição da antiga estabilidade decenal.
3 Atividade econômica
Alice Monteiro de Barros destaca, porém, que excepcionalmente pode haver formação
de grupo econômico envolvendo uma pessoa jurídica beneficente, desde que instituída
por uma empresa que explore atividade econômica e que detenha controle sobre ela.
O grupo econômico vertical encontra-se previsto na originária redação do art. 2º, §2º, da
CLT, que estabelece requisitos mais rígidos para o reconhecimento do conglomerado
empresarial: exige que as empresas envolvidas estejam ligadas por laço de direção,
controle ou administração. No entanto, há quem defenda que a subordinação e controle
podem ser meramente potenciais, dispensada a demonstração do seu efetivo exercício
pela empresa líder.
A Lei 13.467/2017 promoveu alteração na redação do art. 2º, §2º, da Consolidação das
Leis do Trabalho, que passou a prever:
§ 2o Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas,
personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de
outra, ou ainda quando, mesmo guardando cada uma sua autonomia, integrem grupo
econômico, serão responsáveis solidariamente pelas obrigações decorrentes da relação
de emprego.
Em que pesem as críticas à Reforma Trabalhista, muitas delas justas, é de ver-se que,
em alguns dispositivos, o legislador reformista assimilou críticas doutrinárias e até
mesmo posições jurisprudenciais. Foi o que aconteceu no caso em apreço, em que a lei
nova consagrou figura jurídica já há muito tempo defendida pela doutrina majoritária no
Direito do Trabalho.
Importante destacar que a Reforma Trabalhista não substituiu o grupo vertical pelo
grupo horizontal. O que houve foi uma ampliação do instituto: além do tradicional
grupo econômico formado por subordinação (controle, direção ou administração) a uma
empresa líder, também será possível o reconhecimento do grupo econômico entre
empresas que não possuam qualquer relação hierárquica, conquanto estejam coligadas
no desenvolvimento de sua atividade econômica.
Aliás, um outro aspecto que poderia gerar dúvidas ao operador do direito diz respeito à
supressão, no dispositivo mencionado, da expressão “atividade econômica”, além das
referências aos grupos industrial e comercial.
Tais supressões não afetam o requisito básico para a configuração do grupo econômico:
que os entes envolvidos exerçam atividade econômica, conforme se depreende da
própria expressão “grupo econômico” utilizada pela nova lei. Ademais, a lei prevê que o
grupo será formado por empresas, definição que também pressupõe o exercício de
atividade econômica.
À primeira vista, a lei nova parece restringir o alcance do grupo econômico, com efeito
deletério à garantia que ele proporciona ao trabalhador. No entanto, trata-se, novamente,
de hipótese de assimilação, pelo legislador reformista, de tese que já era encampada
pela jurisprudência pátria.
No entanto, com a alteração procedida pela Reforma, o grupo horizontal passa a ser
reconhecido pela ordem jurídica, pelo que surge o seguinte questionamento: se agora a
subordinação não é mais requisito essencial, se a mera identidade de sócios não forma
grupo econômico, quais seriam os elementos caracterizadores de tal coligação
empresarial?
A atuação conjunta é figura muito próxima do que acima delineado e diz respeito à
atividade econômica das empresas envolvidas. Assim, quando um banco institui uma
empresa de seguros e outra de previdência privadas, produtos que serão comercializados
dentro do seu próprio estabelecimento e pelos seus empregados, tem-se a atuação
conjunta e também a comunhão de interesses.
Exemplo disso ocorre quando uma empresa que vende móveis de fabricação própria
resolve criar uma outra empresa, apenas para comercializar seus produtos, reservando
para si apenas a tarefa de produzi-los. Apesar das personalidades jurídicas distintas, as
empresas atuam com diversos empregados em comum, voltados ao mesmo interesse
(venda dos móveis produzidos), no mesmo estabelecimento. Tais elementos
demonstram a comunhão e integração de interesses, além da atuação conjunta.
Por outro lado, se duas empresas, embora possuindo o mesmo sócio, atuam em
atividades econômicas completamente distintas, sob direção totalmente diversa, sem
que haja qualquer compartilhamento de clientes, estabelecimento ou produtos, não se
tem, a princípio, a configuração do grupo econômico.