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Núcleo de Pós-Graduação
Contribuições da
Neuropsicologia à Aprendizagem
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INTRODUÇÃO
Um dos grandes referenciais da mudança educacional da última década está pautado nos
avanços neurocientíficos, representados pela palavra “Neurociências”, que conforme
Herculano-Houzel (2004), ainda é uma ciência nova, tendo em torno de 150 anos, mas que
a partir da década de 90 alcançou um maior auge e vem proporcionando mudanças
significativas na forma de perceber o funcionamento cerebral. Estes avanços ocorreram
devido a neuroimagem, ou seja, o imageamento do cérebro. As contribuições provindas
das Neurociências despertaram interesse de vários seguimentos e entre estes a
Educação, no sentido da maior compreensão de como se processa a aprendizagem em
cada indivíduo.
Uma das áreas que vem abrindo espaço dentro âmbito de conhecimento é a
Neuropsicopedagogia. Fernandez (2010) afirma que a Neuropsicopedagogia traz
importantes contribuições à educação, pois existe a possibilidade de se perceber o
indivíduo em sua totalidade. Para Hennemann (2012) a Neuropsicopedagogia apresenta-
se como um novo campo de conhecimento que através dos conhecimentos
neurocientíficos, agregados aos conhecimentos da pedagogia e psicologia vem contribuir
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para os processos de ensino-aprendizagem de indivíduos que apresentem dificuldades de
aprendizagem e que estão inseridos no processo de inclusão.
FUNDAMENTOS DA APRENDIZAGEM
No que se refere ao processo de aprendizado, existe uma interface entre duas áreas de
atuação: a educação e a saúde. Na primeira, agem os educadores, orientadores
educacionais, pedagogos e psicopedagogos; na segunda, atuam pediatras, neurologistas,
neuropediatras, psicólogos, psiquiatras da infância e adolescência, fonoaudiólogos,
psicomotricistas, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, entre outros. A rigor, essa
interface entre saúde e educação, na qual o assunto é a aprendizagem e seus principais
problemas, poderia ser denominada neuropedagogia (ROTTA, 2006).
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O processo de aprendizagem é foco constante das pesquisas em psicologia, educação e
neurociências, a preocupação não envolve apenas como se aprende, mas como se ensina
também. Os conhecimentos sobre como esses dois processos podem ser implementados
fazem parte do universo de educadores e de estudiosos da área, isto é, que tipo de
métodos, estratégias, perspectivas e contextos diferenciados, além dos estilos de ensinar e
de aprender, servem de base para o processo educacional.
Neste sentido, Coll (2003) enfatiza que as práticas educativas são fenômenos complexos,
mesmo que aparentemente classificadas como mais simples. Doyle, citado por Coll (2003)
reafirma o nível de complexidade que é inerente aos processos de ensino e aprendizagem,
sublinhando que as relações professo-aluno se evidenciam pela multidimensionalidade
(vários eventos estão presentes), simultaneidade (sucessão de tópicos e condições),
imediação (rapidez que os eventos se sucedem), imprevisibilidade (elementos não
esperados e não planejados que ocorrem), publicidade (as atividades que envolvem os
sujeitos da aprendizagem são públicas e reconhecidas), história (há uma continuidade das
ações e atos pedagógicos relacionados às aulas ou situações anteriores). Acrescentam-se
ainda, os fatores afetivos, os interativos e os de comunicação que interferem no processo
ensino-aprendizagem.
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Envolve uma dupla condição: a de assimilação e a de conversação do conhecimento que
conecta com o controle e mudança no ambiente, retratando a experiência humana e sua
história.
Importante
Vygotsky (2004) afirma que o ser
humano nasceu com uma potencialidade de
aprender, sendo, então, a condição básica
Dentro de uma perspectiva
do psiquismo humano, afinal a consciência construtivista, a aprendizagem
pressupõe uma condição intencional, escolar traduz dois aspectos
entrelaçados, o primeiro refere-
organizada, sistematizada, ilustrando o
se ao processo de construção de
dinamismo das funções mentais superiores. significados e de atribuição de
Na perspectiva histórico-cultural, sentidos que resulta em uma
diferenciada atividade mental
aprendizagem se constitui como um
direcionada às interfaces entre
processo dinâmico da apreensão da conteúdos e experiências.
experiência humana, sendo sempre Devido à natureza social e
cultural dos conteúdos
mediada pelo seu meio físico e social. A
escolares, organizados e
aprendizagem então deve se antecipar ao construídos sistematicamente,
desenvolvimento, e para isso a mediação de neste processo, o
estabelecimento da relação
indivíduos mais capazes se faz essencial.
entre significados, necessidades
Piaget (2001) destaca que os e atribuições de sentido é
processos de equilibração e desequilibração fundamental para promover o
seu emprego no universo social
são mecanismos auto reguladores que
(COLL, 2003.
propiciam a interação contínua do sujeito
com o seu meio ambiente.
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Em síntese, na abordagem piagetiana, o equilíbrio cognitivo depende das inter-relações
entre a acomodação do conhecimento, nas estruturas de pensamentos, e de sua
conservação. Assim, se o sujeito apenas assimilasse, desenvolveria somente alguns
esquemas cognitivos que não permitiriam, então, que ele desenvolvesse a capacidade de
diferenciação, por exemplo, não conseguir distinguir o sentido da palavra manga fruta da
manga parte da camisa. No caso de ocorrer apenas acomodação, haveria uma restrição
significativa no tocante aos processos de generalizações imprescindíveis ao aprender, por
exemplo, a dificuldade em empregar a noção de mamíferos aos animais como cachorro,
gato, baleia e morcego.
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A aprendizagem é um processo que se direciona do sincretismo à diferenciação, devendo,
então, os professores estarem atentos e planejarem atividades que contemplem essa
passagem.
Para Wallon (2003), os conflitos gerados da relação do sujeito com o seu ambiente
dinamizam tanto o processo de desenvolvimento quanto os de aprendizagem, porque
possibilitam a busca de uma maior e melhor diferenciação no que tange a relação eu e
outro enquanto que os conhecimentos adquiridos promovem as transformações e a
evolução da pessoa. Dessa forma, ao interagir com o conhecimento formal, o indivíduo
apreende as diferenciações que são oriundas da organização do conhecimento pela
cultura que, paralelamente, contribuem para que a pessoa possa então realiza-la. O
aspecto cognitivo entrelaça um conjunto de funções que possibilita a aquisição
manutenção e ampliação do conhecimento por meio de imagens, noções, ideias e
representações. Por meio dele, há a integração do passado, presente e futuro. Quanto ao
primeiro, a condição de rever e reconhecer os fatos, o segundo, analisar como eles se
programam, e o terceiro, a projeção do futuro que implica a possibilidade de transformação
deles (ALMEIDA, 2005).
A aprendizagem se incrementa por meio da interação do aprendiz com o seu mundo físico
e social, pela mediação dos procedimentos de ensino, pelas formas de intervenção no
mundo, por meio das diversas linguagens e dos conhecimentos elaborados culturalmente,
considerando a sua função coletiva, a sua organização dentro das suas potencialidades e
especificidades em cada momento histórico. A complexidade do processo de
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aprendizagem se estabelece quando os significados são contextualizados e
compreendidos, possibilitando a generalização e a discriminação, nesse processo, a
linguagem promove que os códigos elaborados coletivamente e imbricados na situação
social representem a dinâmica cultural das pessoas (MARQUES, 2000).
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aluno, aluno-aluno, escola-família e na seleção dos conteúdos e na maneira de
implementá-los.
DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM1
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temporária e não impede o desenvolvimento de ouras áreas. É comum que períodos de
regressão normal aconteçam enquanto a pessoa está “se preparando” para um momento
de pico de desenvolvimento em uma determinada área. Por exemplo, um pouco antes do
estirão de crescimento físico da puberdade, é comum que o púber apresente um período
de irritabilidade e “regressão psicológica”. Em algumas ocasiões, entretanto, um jovem
pode apresentar o que se chama de regressão neurótica, que é caracterizada por
isolamento, afastamento dos estímulos e interrupção do desenvolvimento de diversas
áreas simultaneamente. Uma pessoa que demonstra um estado de regressão neurótica
está em risco e merece atenção, a fim de ser reconduzida ao caminho do desenvolvimento
normal.
Pesquisas na área do desenvolvimento têm demonstrado que, apesar de cada um dos marcos
evolutivo amadurecer de forma independente, o sucesso ou o fracasso de um deles pode
influenciar na evolução dos demais. Por exemplo, uma criança com dificuldades na área cognitiva
pode apresentar problemas para fazer amigos (desenvolvimento social) ou se controlar
(desenvolvimento emocional). Diz-se que uma criança apresenta um atraso no desenvolvimento
quando, por algum motivo, ela não esteja apresentando a maturidade esperada em uma ou mais
das áreas citadas.
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pelo aperfeiçoamento dos sistemas sensoriais, motores e das funções cognitivas. Assim, a
partir do amadurecimento do cérebro, o ser humano torna-se gradativamente mais capaz
de centrar sua atenção, de compreender e utilizar a linguagem e de formar
relacionamentos sociais complexos.
Aos 5 anos, uma criança já tem 90% do volume do cérebro de um adulto. Atingir esse
volume tão cedo, no entanto, não significa que a maturidade cerebral da criança seja igual
à de um adulto. Pelo contrário, nessa idade ela é um processo em construção que ao
longo dos anos permite a aquisição de habilidades conforme o amadurecimento de áreas
específicas do cérebro. Nesse sentido, acredita-se que o processo de maturação siga uma
sequência. Por exemplo: as regiões frontais do cérebro que determinam as chamadas
“funções executivas” – ou seja, nossa capacidade de planejamento, autocontrole e
raciocínio – amadurecem mais tarde do que as áreas mais posteriores do cérebro, como
as que determinam nossas funções sensório-motoras. Esse fenômeno é bastante
conveniente para a vida escolar, na qual habilidades básicas vão possibilitando aquisições
cada vez mais refinadas.
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A figura acima demonstra os lobos cerebrais, as funções e direção do amadurecimento
cerebral. Todo o processo de desenvolvimento cerebral é influenciado pela herança
genética da pessoa e pelas experiências de vida pelas quais ela passa.
MARCOS DO DESENVOLVIMENTO
As brincadeiras de “faz de conta”, que começam entre 2 e os 3 anos, nas quais as crianças
representam o mundo utilizando a imaginação, fazendo um objeto se passar por outro (um
galho de árvore passe a ser uma espada, por exemplo) e imitando situações do dia a dia,
ficam cada vez mais complexas até os 4 ou 5 anos, quando passam a ser construídas em
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conjunto com outras crianças. Dramatizações como brincar de casinha, de médico e de
super-herói são consideradas muito ricas para o desenvolvimento por fortalecerem as
capacidades cognitivas e socioemocionais.
A busca dos pais ainda é estratégica de resolução de problemas mais utilizada. Enquanto
na primeira infância a resolução de problemas era baseada em tentativas e erros, na pré-
escola a criança usa sua capacidade intelectual associada a experiência anteriores para
esses fins. Nesse momento, ela já pode se utilizar de uma fala interna, dialogando consigo
mesma, pensando e planejando seu comportamento.
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As explosões de birra que normalmente ocorriam em resposta a frustação, cansaço ou
fome, bem como os comportamentos agressivos de morder e bater, são menos frequente
por volta dos 4 ou 5 anos de idade. Em seu lugar, surgem conflitos verbais (discussões),
mais calculados e voltados a um objetivo. As crianças podem se tornar bastante
resistentes em atender aos desejos dos pais, passando a confrontá-los com seu próprios
desejos. Se, em relação aos pais, a agressividade vai se transformando em debate, entre
os amigos, ela passa a ser canalizada frequentemente para a competição. A mudança
nesses comportamentos acontece devido à aquisição de uma maior habilidade de
autocontrole físico, associada a um aumento da autoconsciência e da capacidade de
verbalizar o que pensa e sente.
Este período é marcado pelo surgimento das primeiras amizades significativas, que
ganham cada vez mais importância até que atinja a idade escolar. Compreendendo melhor
suas emoções e as emoções dos outros, a criança, desenvolve características emocionais
mais complexas, como o sentimento de simpatia e a empatia, que é a habilidade que uma
pessoa pode ter de se identificar com as emoções e as preocupações soa demais. A
empatia é a base para a compaixão e o cuidado com os outros, além de ser fundamental
para que se estabeleçam parâmetros morais adequados, como o que é certo ou errado.
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No último ano pré-escolar, com aproximadamente 5 anos de idade, as crianças se tornam
cada vez mais autossuficientes em função dos avanços intelectuais e da linguagem.
Comunicam-se de forma clara, utilizam o banheiro sozinhas e alimentam-se de forma
independente. Com isso, desenvolvem os requisitos básicos em preparação para receber a
educação formal no ano que está por vir.
Dos 6 aos 8 anos, com o amadurecimento gradual do lobo frontal do cérebro, a criança
desenvolve mais autocontrole. Com isso, passa a respeitar melhor as regras de convívio
social (como ficar sentado na sala de aula) e a ampliar seu círculo de amigos (o
autocontrole é um trunfo para que se falam novas amizades). Com a consolidação das
habilidades básicas de leitura, escrita e aritmética, a criança passa a ter a possibilidade de
buscar novos conhecimentos, como, por exemplo, explorar sua cultura.
Com a evolução do autocontrole entre os 6 e aos 8 anos, a maioria das crianças passa a
se manter mais atenta em sala de aula e a ser capaz de ignorar a maioria dos estímulos
distratores. Quando a distração acontece, aprendem a redirecionar sua atenção para o
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foco anterior rapidamente. Poder prestar mais atenção possibilita o aprendizado de uma
série de novas informações e permite que se desenvolva um raciocínio crítico sobre as
coisas. Além disso, a maior capacidade de memorização. Com isso, uma criança de 6 a 8
anos, ainda que não consiga memorizar várias coisas ao mesmo tempo, passa a conseguir
relembrar situações que viveu utilizando-se de elementos centrais dos acontecimentos.
Por volta dos 7 ou 8 anos, as criança desenvolvem maior orientação espacial e temporal.
Com isso, já conseguem distinguir direita de esquerda em si próprias e nos outros e
lembrar-se do dia do seu aniversário. Com essa idade passam a antever melhor e esperar
por intervalos curtos de tempo, como “esperar 15 minutos para o almoço estar pronto” ou
“aguardar até amanhã para irmos para a casa da vovó”. Intervalos mais extensos ainda
podem ser difíceis de assimilar, portanto, quando estabelecemos um planejamento a longo
prazo para uma criança dessa idade (preparação para um trabalho com muita
antecedência ou castigos muito duradouro), é possível que os resultados não sejam os
melhores. Capacidades ainda não consolidadas são “portas abertas” para estímulos. No
caso do estímulo à orientação temporal, podemos utilizar como estratégia incentivar a
criança a fazer uma pequena “poupança” de moedas e registrar seus resultados ao longo
do tempo ou plantar um pé de feijão e registrar o tempo de seu crescimento.
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posta à prova e, muitas vezes, apresenta uma queda se comparada ao seu nível elevado
dos anos pré-escolares. A criança fica muito sensível a críticas, e é possível que a
comparação com os outros a faça desistir de atividades que gostava até então, por julgar-
se incompetente.
A maturação social evolui à medida que a atenção que antes era devotada quase
exclusivamente à família passa ser um pouco mais direcionada para os amigos. Ao
distanciar-se um pouco dos pais, a criança passa a ter uma percepção um pouco mais
clara de suas qualidades e defeitos e, em última instância, de quem ela é.
Nessa idade, a criança redireciona cada vez mais o foco da atenção de si para os outros,
passando a compreender que o outro pensa, sente e se comporta de maneiras diferentes
da sua. “Olhar” para o outro pode levar a comparações e submeter a autoestima a um risco
maior. Durante esse período, como resultado de tudo que foi desenvolvido até então, o
jovem passa a se auto definir como competente (e, portanto, independente) com relação a
seus desafios ou como dependente de outras pessoas para enfrenta-los.
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Com o avanço da atenção e da memória, os jovens seguem expandindo seu vocabulário,
que chega a aproximadamente 10 mil palavras por volta dos 10 anos. Ao dialogar, o pré-
adolescente passa a ser mais espontâneo, aprende a modificar o tema da conversa e
passa a entender palavras e mensagens de duplo sentido. No entanto, essas habilidades
linguísticas dependerão das habilidades intelectuais da pessoa e apresentarão variações
de acordo com o contexto cultural e o ambiente no qual a criança está inserida.
Embora emoções mais complexas, como orgulho, vergonha e culpa, já sejam conhecidas
durante os anos pré-escolares, a consciência dessas emoções torna-se mais refinada na
pré-adolescência. Com isso, os comportamentos que surgem como respostas às emoções
sentidas tendem a ser mais adequados à medida que as crianças desenvolvem mais
maturidade. Por exemplo, um menino que antes referia ter raiva dos colegas diante de
diversas situações, começa, com o tempo, a ter uma compreensão mais correta dessas
mesmas situações, passando a classifica-las como eventualmente causadoras de tristeza
ou frustação (até por vezes assumindo a maior parte da culpa pelo evento), o que leva a
comportamentos mais adequados e resolutivos.
Dos 9 aos 11 anos, meninos e meninas passam a se comparar em tudo. Portanto, usar
roupas de marcas conhecidas ou ter um telefone moderno passa a ser uma maneira de se
auto afirmar. Nessa fase, a autoestima se baseia na auto percepção de competência em
tarefas, no retorno que os amigos e outras pessoas possam oferecer e na identificação
com pais, professore ou outros adultos próximos.
Nesse momento, o grupo de amigos começa a ser tão importante quanto a família. As
amizades são formadas com base na confiança e no prazer mútuo por meio de hobbies
como esportes ou jogos eletrônicos. As crianças de 9 a 11 anos passam a se interessar
mais pelos pensamentos e sentimentos alheios, a direcionada para pessoas
desconhecidas (por exemplo, a vontade de doar coisas ou participar de uma festa
beneficente).
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Nessa faixa etária, leis e regras são vistas como mais flexíveis ou negociáveis e passam a
se sustentar pelo senso de justiça e da autoconsciência, e não mais pelo medo de punição
externa, como ocorria anteriormente. O senso de moral e ética, ou seja, a percepção
interna do que é certo e errado, passa por refinamento a partir do momento em que se
adquire melhor compreensão do ponto de vista do outro. Muitos estudiosos advogam que o
desenvolvimento da moral depende de aspectos pessoais de desenvolvimento e da
instrução dos adultos, que podem estimulá-lo por meio de demonstrações de
generosidade, altruísmo e prontidão para ajudar os outros. Nesse sentido, a percepção
que a criança tem sobre o que são comportamentos adequados ou não pode variar muito
com base na sua exposição a comportamentos agressivos ou desviantes.
NEUROCIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
O que é Cérebro?
Cérebro é a palavra para tecido encontrado dentro do crânio. O cérebro tem duas metades
relativamente simétricas, chamadas hemisférios, uma no lado esquerdo e outra no lado
direito (KOLB, 2002). Apesar da aparente semelhança anatômica entre os dois
hemisférios, as diferenças funcionais são bem grandes.
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Os hemisférios cerebrais são dois, o esquerdo e o direito, e estão separados e ao mesmo
tempo unidos por estruturas de conexão. A mais importante é chamada corpo caloso.
Para as funções mais complexas, tais como a linguagem, ambos os hemisférios atuam
juntos, mas existe o que chamamos de dominância hemisférica, ou seja, um trabalha
melhor certos aspectos daquela função enquanto que o outro trabalha melhor com outros
aspectos da mesma função (ROTTA, 2006).
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HEMISFÉRIO ESQUERDO
HEMISFÉRIO DIREITO
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A camada externa do cérebro consiste em um tecido pregueado. As pregas são chamadas
giros. Essa camada externa é conhecida como córtex cerebral (chamado simplesmente de
córtex). A palavra córtex que significa “casca “ em latim, é uma escolha adequada em
razão da aparência rugosa do córtex e também porque ele recobre a maior parte do
restante do encéfalo (KOLB, 2002).
A ativação de uma área cortical, determinada por um estímulo, provoca alterações também
em outras áreas, pois o cérebro não funciona como regiões isoladas. Isto ocorre devido a
existência de um grande número de vias de associação, precisamente organizadas,
atuando nas duas direções (ASSENCIO-FERREIRA, 2005).
O córtex de cada hemisfério é dividido em quatro lobos, denominados a partir dos ossos
cranianos localizados acima deles, que são: lobo occipital, lobo parietal, lobo temporal e o
lobo frontal.
O lobo occipital realiza a integração visual à partir da recepção do estímulos que ocorre
nas áreas primárias. Processam os estímulos visuais recebidos do exterior, esta região é
especializada na visão da cor, do movimento, da profundidade e da distância. Depois de
passarem por está área, chamada área visual primária, as informações são direcionadas
para a área de visão secundária, onde são comparadas com dados anteriores, permitindo
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assim que o indivíduo identifique, por exemplo, um gato, uma moto ou uma maça. Todo
aprendizado de conteúdo visual necessita passar pelo lobo occipital.
O lobo parietal está localizado na região superior do cérebro, constituídos por duas
subdivisões, a anterior e a posterior. A primeira, também chamada de córtex
somatossensorial, tem a função de possibilitar a percepção de sensações como o tato, a
dor e o calor. Por ser a área responsável em receber os estímulos obtidos com o ambiente
exterior, representa todas as áreas do corpo humano. É a zona mais sensível, logo ocupa
mais espaço do que a zona posterior, uma vez que tem mais dados a serem interpretados,
captados pelos lábios, língua e garganta. A zona posterior é uma área secundária e que
analisa, interpreta e integra as informações recebidas pela anterior, que é a zona primária,
permitindo o indivíduo se localizar no espaço, reconhecer objetos através do tato.
O lobo temporal também é sensitivo e tem várias funções. Esta área está envolvida com a
vida de relação social, visto que recebe as informações auditivas. Quando a área auditiva
primária é estimulada, os sons são produzidos e enviados à área auditiva secundária, que
interage com outras zonas do cérebro, atribuindo um significado e assim permitindo ao
indivíduo reconhecer ao que está ouvindo.
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A área de Wernicke situada no lobo temporal é um processador de sons que os reconhece
para que sejam interpretados como palavras e sejam utilizados, posteriormente, para
evocar conceitos. É a área de compreensão da linguagem onde as regras gramaticais são
utilizadas para elaborar mensagens significativas. É também a região que nos permite
adquirir novas informações.
A área de Broca contém um circuito necessário para a formação da palavra. Esta área está
localizada parcialmente no córtex pré-frontal e parcialmente na área pré-motora. É onde
ocorre o planejamento dos padrões motores para a expressão de palavras individuais.
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O aprendizado não está localizado a um único local no cérebro. Nesse evento ocorre uma
modificação estrutural do sistema nervoso através dos circuitos formados pelas conexões
entre os neurônios.
Relvas (2008) desenvolveu um novo olhar dirigido à formação cerebral, a fim de refletir
melhor sobre as várias maneiras que o cérebro pode se apresentar e realizar tarefas.
Desta forma, fica mais fácil conversar sobre múltiplas eficiências para melhor incluir o
sujeito que aprende. Eficiências, tais como:
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quanto é importante conhecer a Neurofisiologia muscular, pois, em muitos dos
casos, alterações nesses comandos aconteceram, trazendo então transtornos na
locomoção que, muitas vezes, atrapalham ou não a aprendizagem. Isto dependerá
de como esse sujeito será estimulado para realização de suas atividades. O
importante é sempre integrar o sujeito em sua plenitude biológica, psicológica e
social. É necessário que todos os aspectos promovam a qualidade de vida e a
autonomia dio humano, e a acolhida sempre será primordial para o sujeito construir
a sua autoestima.
O cérebro criativo, inventivo, genial – É esse que nós humanos estamos buscando,
ou seja, usar todas as potencialidades do hemisfério direito para resolver problemas
e, por meio dele, expressar melhor os nossos desejos, vontades e sentimentos. O
fascínio pelas descobertas das pesquisas em neurociências aumentou com grande
estímulo advindo da década do cérebro. O principal ensinamento dessa década é
que o cérebro tem muito mais capacidade de sofrer modificações do que se
pensava até alguns anos atrás. Hoje está claro que, antes mesmo, o cérebro adulto,
o qual se pensava ser imutável, pode ser desse de renovação, a partir de algumas
áreas com capacidade para gerar novas células. Essa possibilidade abre inúmeras
portas em pesquisas para o estudo de novas drogas com efeito sobre o
desenvolvimento do sistema, bem como para a utilização de técnicas de reabilitação
que usam as janelas de oportunidades para o desenvolvimento de determinadas
funções.
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Outras regiões do Cérebro
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A via dos estímulos emocionais, tomando o hipotálamo como referência, ocorre de duas
maneiras: os estímulos entram pelos receptores sensoriais, passam pelo hipotálamo, vindo
sistema límbico (amigdala), e se dirigem às glândulas; porém, retornam ao sistema límbico,
vindo do próprio hipotálamo para os centros límbicos e destes aos núcleos pré-frontais,
aumentando, por um mecanismo denominado de retroalimentação ou feedback negativo, a
ansiedade, podendo até chegar a um estado de pânico.
Tecido nervoso
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O neurônio
Cabe aos neurônios, também, guardar as instruções de nosso comportamento, isto é, eles
devem codificar as memórias e originar nossos pensamentos e emoções. Ao mesmo
tempo, é necessário regular todos os vários processos do organismo com os quais
raramente nos preocupamos, como respiração, batimentos cardíacos, temperatura
corporal e ciclo sono-vigília. Essa é uma tarefa difícil, mas aparentemente desempenha
com facilidade por estruturas pequenas como os neurônios.
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Os neurônios são células altamente excitáveis, que se comunicam entre si ou com as
células efetuadoras, por meio de modificações no potencial de membrana. As cargas
elétricas dentro e fora da célula são responsáveis pelo estabelecimento de um potencial de
membrana (ROTTA, 2006).
Corpo celular: é a parte principal da célula nervosa, local onde está situado o
núcleo, que permitem a elaboração do estímulo elétrico ou impulso nervoso em
respostas às sensações recebidas por sua membrana citoplasmática e seus
prolongamentos. No retículo endoplasmático rugoso e nos ribossomos são
produzidas substâncias químicas, os neurotransmissores, elementos ativo nas
sinapses.
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Os neurotransmissores produzidos no corpo celular têm que atingir as sinapses
situadas nas terminações distais dos axônios. Para facilitar esse transporte existe
inúmeros micro túbulos que se originam no corpo celular e percorrem toda a
extensão do axônio.
Sinapses
Os neurônios precisam se comunicar uns com os outros para que as informações possam
ser transmitidas. É o local onde ocorre a transformação do estímulo elétrico (gerado no
corpo celular) em estímulo químico, mediada pelos neurotransmissores.
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Neurotransmissores
Quando uma sinapse está ativa e transmite informações, supostamente ocorre a fusão das
vesículas na terminação pré-sináptica e a membrana pré-sináptica libera seu conteúdo de
neurotransmissor no espaço sináptico. As moléculas transmissoras difundem-se pela
estreita fenda sináptica e ligam-se a moléculas receptoras químicas específicas na
superfície da membrana pós-sináptica, o que ativa a célula-alvo pós-sináptica
(THOMPSON, 2005).
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Evidências recentes relatam que a neurose da ansiedade, é um distúrbio cerebral de base,
por falta do neurotransmissor GABA. Duas formas importantes de neurose da ansiedade
são as crises de pânico e a ansiedade generalizada. No distúrbio do pânico, a pessoa
sofre crises repentinas e aterradoras de medo, episódicas e de ocorrência imprevisível. Os
sintomas de uma crise de pânico são pupilas dilatadas, batimento cardíaco rápido,
sensações de náusea, desejo de urinar, sufocação, tontura e sensação de morte iminente.
A atividade do sistema nervoso aumenta e o hormônio do estresse, cortisol, é liberado. O
distúrbio da ansiedade generalizada é uma sensação persistente de medo e ansiedade
não associados a um fato ou estímulo específico (THOMPSON, 2005).
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contato com a realidade. Elas têm falsas crenças e processos de pensamentos
perturbados. Muitas vezes te alucinações auditivas, vozes que se dirigem a elas
Quando a dopamina é liberada nas sinapses e liga-se aos receptores dopaminérgicos, ela
ativa os neurônios que a recebem.
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irritabilidade e menos valia, crises de choro, alterações do sono e uma série de outros
problemas emocionais.
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2
AS UNIDADES FUNCIONAIS DE LURIA NA APRENDIZAGEM
2
O conteúdo deste tópico foi retirado do livro: Transtornos da Aprendizagem: Abordagem Neurobiológica e
Multidisciplinar – Newra Tellechea Rotta, Porto Alegre: Artmed, 2006. Págs. 54-55.
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A base da aprendizagem se localiza nas modificações estruturais e funcionais do neurônio
e suas conexões. As funções cerebrais são executadas por um conjunto de neurônios
formando sistemas funcionais.
As áreas primárias são aquelas onde terminam as fibras sensitivas que vêm do tálamo. No
lobo temporal, as áreas 41 e 42 recebem as mensagens auditivas; no lobo parietal, nas
áreas 3, 1 e 2 se projetam as fibras relacionadas à somestesia; no lobo occipital, a área 17
corresponde à área visual.
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As áreas secundárias se localizam junto às primárias. A principal função destas áreas é de
processar a informação e dar significado, integrando dessa forma as percepções e
gnosias. No lobo temporal se localiza a área 22, no lobo parietal as áreas 5 e 7, e no
occipital as áreas 18 e 19.
As áreas terciárias são de associação entre áreas corticais para elaboração de funções
complexas; neste processo intervém várias modalidades perceptivas onde se alcança o
nível simbólico e conceitual, como a linguagem oral e escrita, a noção de esquema
corporal e a dominância hemisférica. A localização no sistema nervoso central não é tão
precisa.
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As unidades funcionais do cérebro estão organizadas de forma hierárquica. A teoria do
desenvolvimento neurológico sequencial leva em conta as modificações anatômicas,
funcionais e as habilidades intelectuais de adaptação da criança. Podemos dividi-la em
cinco etapas:
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As alterações destas áreas podem levar a disfunção que vão desde dificuldades na leitura
e em matemática até o retardo mental.
Esta etapa corresponde ao período das operações concretas de Piaget, que inicia aos
doze anos de idade.
Para finalizar, podemos dizer que, segundo a literatura considera que o impacto do
ambiente, incluindo o social e escolar, é determinado pelo desenvolvimento interno, o que
abrange a maturação física e anatômica do cérebro da criança. Por sua vez, as diferentes
formas de influências sociais na criança determinam a formação mental das funções e
estimulam a maturação das estruturas cerebrais. Em outras palavras, a atividade da
criança, em colaboração do ambiente, leva a um funcionamento do cérebro fortalecido, de
forma que contribui para uma aprendizagem consolidada.
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REFERÊNCIAS
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VYGOTSKY, L. Obras. Fundamentos de defectologia. Madrid: Portugal: Visor, 19
42