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1. Introdução
O objetivo destes exemplos é a aplicação dos conceitos das seções 17 e 18 da NBR 6118:2014. Vigas
de concreto armado, isostática e contínua, submetidas às solicitações tangenciais e normais em
aplicações simples de projeto são estudadas. Com o intuito de apresentar um roteiro prático para o
projeto de estruturas de concreto armado, serão desenvolvidos três exemplos:
20 20 20 20
3,0 m 4,0 m 3,0 m
100kN 100kN
20 kN/m
P1=200kN P2=200kN
200
140
40
Vk
40 (kN)
140
200
O concreto C25 atende a seção 7 da NBR 6118:2014 com relação à durabilidade (tabela 7.1), e adota-
se um cobrimento c=3,0cm, especificado na tabela 7.2. Admite-se altura útil d=72cm (d=0,9h).
O estudo do cisalhamento devido à força cortante será desenvolvido de acordo com a seção 17 da
NBR 6118:2014, verificando-se o estado-limite último (17.4.2) no cálculo da resistência (17.4.2.1) e
admitindo-se o modelo de cálculo I (17.4.2.2). Devem-se verificar, simultaneamente, as seguintes
condições:
− verificação da compressão diagonal do concreto (biela de compressão)
VRd 2 = 0, 27 ⋅ αV 2 ⋅ f cd ⋅ bw ⋅ d ;
f ck
αV 2 = 1 − e f ck , expresso em megapascal (MPa).
250
− cálculo da armadura transversal
Asw
VSw = ⋅ 0,9 ⋅ d ⋅ f ywd ,
s
a parcela resistida pela armadura transversal.
Sendo bw a largura da seção, d a altura útil da seção, s o espaçamento entre estribos, f ywd é
a tensão no estribo, considerando-o na vertical ( α = 90 ), f ctd a resistência à tração de
cálculo do concreto e f ctk ,inf a resistência à tração característica do concreto, explicitada na
seção 8, item 8.2.5, por f ctk ,inf = 0,7 ⋅ f ct ,m = 0,7 ⋅ 0,3 ⋅ f ck2/3 = 0,21 ⋅ f ck2/3 , sendo f ck
expresso em megapascal (MPa).
Asw VSd − Vc
Resultando para o cálculo da armadura transversal (estribo): = .
s 0, 9 ⋅ d ⋅ f ywd
Asw f
ρ sw = ≥ 0, 2 ⋅ ct ,m
bw ⋅ s f ywk
O diâmetro dos estribos ( φt - bitola) e seu espaçamento longitudinal ( s ), são apresentados no item
18.3.3.2:
bw
5mm ≤ φt ≤ ,
10
Para a viga V1 de concreto C25 e aço CA50, ρ sw , αV 2 e 0, 6 ⋅ f ctd são necessários para a verificação
do estado-limite último:
f ct ,m 0,7 ⋅ (25)2/3
ρ sw ≥ 0, 2 ⋅ = 0, 2 ⋅ = 0,001026 = 0,10%
f ywk 500
f ck 25
αV 2 = 1 − =1− = 0,90
250 250
0, 21 ⋅ (25) 2/3
0, 6 ⋅ f ctd = 0,6 ⋅ = 0, 77 MPa
1, 4
Para esta verificação basta verificar a maior força cortante na viga V1, Vk=200kN, portanto:
bw 200
O diâmetro da armadura transversal (bitola) deve atender 5mm ≤ φt ≤ = = 20mm , e o
10 10
100 ⋅ 2 ⋅ As1
espaçamento 7cm ≤ s ≤ 30cm . O espaçamento pode ser calculado por s = , onde
Asw
As1 é a área de uma barra, utilizando-se 2 ramos, e Asw a armadura calculada. Tem-se na tabela
2.2 os cálculos das bitolas e espaçamentos possíveis. Excluindo-se φ5mm, pois s < smín = 7cm, e
φ12,5mm, onde s >> smáx = 30cm, adota-se φ6,3c/10.
A
Vd = γ f ⋅Vk = 1, 4 ⋅ 40 = 56 < Vc ∴ sw
s mín
Onde:
Asw φ 5c / 20
ρ sw,mín = 0,10% ⇒ = 0,10% ⋅ bw = 0,10 ⋅ 20 = 0,020 = 2,0 φ 6,3c / 30
s mín % cm cm2 / cm cm2 / m
Tabela 2.3: Bitolas e espaçamentos.
φ (mm) 5 6,3 8
2
As1 (cm ) 0,20 0,315 0,5
scalculado (cm) 20 31,5 50 >> 30
Sadotado (cm) 20 ~ 30 ----
A figura 2.2 apresenta o detalhamento dos estribos. A força cortante no trecho extremo foi
considerada como sendo a reação de apoio, onde pode-se utilizar a força cortante na face do
apoio (item 17.4.2.1), além da redução prescrita em 17.4.1.2.1, considerando a força cortante à
distância d/2 da face de apoio.
P1 P2
(20/40) V1 (20/80) (20/40)
20 20 20 20
100kN 100kN
20 kN/m
P1=200kN P2=200kN
200 200
armação em degraus,
Vd/2 =188,8 140 trecho central com armadura mínima
d/2=36cm 14
40 40
Vk
74 74
(kN)
40 40
d/2=36cm
O detalhamento da armadura transversal (arranjo dos estribos) indicado na figura 2.2 mostra o
arranjo em degraus assim como a alternativa da redução da cortante na seção à d/2 da face de
apoio, Vk,d/2=188,8kN, que resulta:
Neste exemplo não há a necessidade de verificar a suspensão das cargas concentradas, pois como
indicado no esquema estrutural da figura 2.1, são oriundas de dois perfis sobre a V1.
2.4. Exemplo I – Carga uniformemente distribuída
Asw cm 2
Vd = γ f ⋅Vk = 1,4 ⋅ 200 = 280kN e = 6,0 → φ 6, 3c / 10 ,
s m
Asw
= 2, 0 → φ 6,3c / 30 e
s mín cm2 / m
50 167, 23
Vd ,mín = 2, 0 ⋅ 0, 9 ⋅ 0, 72 ⋅ + 110,88 = 167, 23kN ∴Vk ,mín = = 119, 4 ≅ 120kN
1,15 1, 4
P1 P2
(20/40) V1 (20/80) (20/40)
20 20 20 20
10,0 m
40 kN/m
P1=200kN P2=200kN
Vk
(kN)
120
2,0m 3,0m 200
200
V1 (20/60)
40
V2 V3
30 30 (20/40) 20 20 (20/60) 10 10
M2=200kN.m V3=100kN
M1=120kN.m V2=80kN
(hiperestático)
40 kN/m
20 kN/m 20 kN/m
Ve =120 Vd=180
P1=120kN P2=300kN P1=120kN
P1 P2 P3
(20/60) (20/40) (20/20)
V1 (20/60)
40
V2 V3
30 30 (20/40) 20 20 (20/60) 10 10
M2=200kN.m V3=100kN
M1=120kN.m V2=80kN
(hiperestático)
40 kN/m
20 kN/m 20 kN/m
Ve=120 Vd=180
P1=120kN P2=300kN P3=120kN
180
120
90 90
60
20
Vk
20 (kN)
80
90 90
120 120
Neste detalhamento observa-se a definição do trecho central de armadura mínima por meio da
cortante mínima Vk=90kN, e os trechos extremos dos vãos com as cortantes Vk=120kN e Vk=180kN,
sendo atendida a verificação da biela de compressão para a cortante máxima Vk=180kN – Vd=252kN.
Analisando-se a armadura de suspensão das cargas oriundas dos apoios indiretos, verifica-se a
necessidade de suspender estas cargas por armadura transversal calculada pela seguinte fórmula:
Rd h R
Asusp = ⋅ ≤ d ,
f yd ha f yd
onde,
1,4 ⋅ 80 40
Asusp = ⋅ = 1,72cm 2 (5φ 5 = 5 ⋅ 2 ⋅ 0, 2 = 2,0cm 2 ) → 5φ 5c / 15(60cm )
43,5 60 2 ramos A
s1
1,4 ⋅ 100 60
Asusp = ⋅ = 3, 22cm2 (4φ8 = 4 ⋅ 2 ⋅ 0,5 = 4,0 cm2 ) → 4φ8c / 20(60cm)
43,5 60 2 ramos A
s1
A armadura de suspensão especial não precisa ser somada com os estribos existentes. Na figura 3.3,
detalha-se a armadura de suspensão diminuindo-se os espaçamentos dos estribos nas regiões de
suspensão, definidas como sendo ha /2 para cada lado do eixo da viga que se apoia, portanto, 60 cm
no total.
P1 P2 P3
(20/60) (20/40) (20/20)
V1 (20/60)
40
V2 V3
30 30 (20/40) 20 20 (20/60) 10 10
M2=200kN.m V3=100kN
M1=120kN.m V2=80kN
(hiperestático)
40 kN/m
20 kN/m 20 kN/m
Ve=120 Vd=180
P1=120kN P2=300kN P3=120kN
180
120
90 90
60
20
Vk
20 (kN)
80 90
90
(suspensão) (suspensão)
120 120
30 30 30 30
40 50
V2 V3
30 30 (20/40) 20 20 (20/60) 10 10
M2=200kN.m V3=100kN
M1=120kN.m V2=80kN
(hiperestático)
40 kN/m
20 kN/m 20 kN/m
Ve =120 Vd=180
P1=120kN P2=300kN P1=120kN
2 2
As =8,0cm As =14,5cm
(4φ 16) (5φ 20)
200
120
Mk
(kN.m)
150
200
2 2
As =9,1cm As =12,2cm
(5φ 16) (4φ 20)
concreto C25 (fck=25 MPa), aço CA50 (fyk=25 MPa), cobrimento c=3,0cm;
estribo φt=8,0mm, φvib+1=5cm, φmáx,agr=19mm
ℓ bboa = 38φ ; ℓ bmá = 54φ ; aℓ = 40cm ; ah = 2,28cm ; av = 2,0cm .
ℓ b - comprimento de ancoragem
aℓ - comprimento de decalagem
ah e av - espaçamento livre entre as faces das barras longitudinais, horizontal e vertical.
− Detalhamento transversal
(Alojamento na seção; bs é a distância livre entre faces internas dos estribos)
O alojamento deve observar o disposto no item 18.2.1 da NBR6118:2014, atendendo a
função estrutural como também as condições adequadas de execução.
bs + eh (armadura inferior)
bs ≥ n ⋅ φ + (n − 1) ⋅ eh ∴ n ≤
φ + eh
bs + 2 ⋅ eh − (φvib + 1) (armadura superior)
bs ≥ n ⋅ φ + (n − 2) ⋅ eh + (φvib + 1) ∴ n ≤
φ + eh
40
V2 V3
30 30 (20/40) 20 20 (20/60) 10 10
M2=200kN.m V3=100kN
M1=120kN.m V2=80kN (hiperestático)
40 kN/m
20 kN/m 20 kN/m
Ve =120 Vd=180
P1=120kN P2=300kN P1=120kN
2φ 16 2φ 20
200 c=480 220
2φ 16 2φ 20
(4φ 16) 150 c=355 173 (5φ 20)
1φ 20
c=296
148
(5φ 20)
200
ℓb =54φ =108
10φ =16
Mk
(kN.m)
10φ =20
10φ =16
ℓb =38φ =61
150
(5φ 16)
ℓb=38φ =76 200
223
1φ 16
150 265 40
(5φ 16) 2φ 16 2φ 20 (4φ 20)
454 407
2φ 16 2φ 20
847 627 38
(2 grampos φ 10)
55
( )
Verifica-se que 2 barras, 2φ = As ,apoio > 1 / 3 As ,vão , atende o requisito da quantidade de armadura
de tração no apoio junto ao P3. A distância disponível para a ancoragem é dada por = −
= 20 − 3 = 17 . Para ancorar a última biela de compressão, a área de aço necessária é de:
aℓ Vd 1, 4 ⋅ 120
As ,apoio ≥ ⋅ = 0,75 ⋅ = 2, 9 cm 2 .
d f yd 43,5
As ,calc 2,9
ℓ b ,nec = α ⋅ ℓ b ⋅ = 0,7 ⋅ 38 ⋅ 2 = 24,50cm ≥ 22,8cm = ℓ b ,mín
As ,ef 2 ⋅ 3,15
Considerou-se α = 0,7 (presença de gancho) admitindo-se que se tenha cobrimento no plano normal
ao do gancho maior ou igual a 3φ.
Como o comprimento necessário para ancoragem é maior que que o comprimento disponível,
adiciona-se grampos horizontais localizados para que o valor do As,ef seja aumentado e, por
consequência, ℓ b,nec , diminuído.
Impõem-se ℓ b ,nec = adisp e encontra-se As,ef = 9,08 cm². Como já existem 6,3 cm² (2 φ20 mm)
adicionam-se dois grampos horizontais, indicados na figura 3.5, em forma de “U” com φ 10 mm
totalizando 3,2 cm² (2x2x0,8cm²), de comprimentos ℓ b = 38 ⋅ φ = 38 ⋅ 1,0 = 38cm da face do apoio
(ver Figura 3.5).