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Aula de canto no ensino regular

Leonardo Rio1
leonardorio01@gmail.com

Falarei um pouco sobre minha experiência com o ensino de canto na escola.


Iniciarei relatando uma de minhas primeiras experiências que aconteceram no PIBID*
em meados de 2011 e progredirei descrevendo as reflexões e soluções que surgiram de
acordo com o tempo.

PIBID*= Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

EMEIF Santos Dummont, Bom Jardim, turma de quinto ano do ensino


fundamental.

Na primeira proposta de aula tentei usar um cânone muito divertido que nos foi
passado na aula de regência ou canto coral, na minha cabeça algo extremamente
simples, na realidade: não tão simples.

Partitura para download em PDF

A maioria dos professores em formação tem sua primeira experiência de


docência no ensino regular como algo traumático ou desagradável no geral. Como quase
tudo na vida a primeira vez costuma ser meio desajeitada, com experiência as coisas
fluem mais naturalmente. Comigo não foi diferente: ao entoar a melodia para os alunos
1
Leonardo Lopes Lourenço do Rio, professor da rede de ensino básico do Ceará e de Fortaleza.
recebo como resposta bastante resistência e deboche dos alunos. Frases como: “Essa
música é mó paia fessor!”, “Diabé isso?”, “Eu num sei cantar não!” entre outras
similares e muitas risadas como um ruído branco na paisagem sonora caótica que se
construiu. Não esperava por isso e fiquei emocionalmente desestabilizado, insultado,
inseguro do meu lugar e de como resolver essa resistência. Recuei e encerrei ali mesmo
minha aula, deixando que a professora pedagoga retornasse ao roteiro usual de sua aula.

Voltei pra casa com reflexões e sentimentos conturbados, culpei a mim, aos
alunos, à cultura. Buscar culpados não iria resolver exatamente o problema, então ao
invés de buscar uma justificativa para meu fracasso, busquei uma solução para que não
se repetisse:

Por que houve resistência à prática de canto?

Essa é uma pergunta difícil de se responder, mas observando a minha própria


trajetória e tecendo uma análise sobre os construtos culturais de “cantores” e “artistas”
em nossa sociedade, proponho as possibilidades a seguir:

1.1.Dom artístico inato, o maldito dom inato.

Nossa sociedade constantemente reforça o paradigma de que artista é um ser


sobrenatural tão fantástico quanto vampiros que brilham a luz do sol, ou elfos imortais
da Terra Média.

“Artista é artista né, querida?”


“Ah, acho tão lindo quem tem esse dom.”
“Ai, queria muito ter dom pra música também!”

1.2. Cantar não ensina nada.

Crescemos e florescemos nossas mentes por pelo menos quinze anos de nossas
vidas dentro de uma educação bancária que forma o nosso habitus de como se aprende,
ou seja, nosso entendimento de como aprendemos as coisas, a se solidificar nesse
modelo tradicional de ensino - texto na lousa, livro aberto, sentados enfileirados, em
silêncio, absorvendo passivamente todo o conhecimento que o professor está nos
“transferindo”. Ao termos contato com uma possibilidade diferente de aprendizado,
como uma atividade lúdica de canto, percussão corporal ou outra, acabamos nos
aproveitando para transformar a aula em recreio, ou apenas rejeitamos essa nova
possibilidade por acomodação, rejeição as relações de aprendizado como um todo ou
preguiça de sair da zona de conforto. O novo é mais fácil de ser rejeitado pois não é
imposto desde que começamos a estudar, não estando legitimado como “forma de
aprender” o estudante não vê problema em dizer “não vou fazer isso”. Obrigar o
estudante sempre me pareceu problemático, não gostaria de inserir na música a mesma
relação que o estudante tem com outras matérias. Questões para outro diálogo.

“Pra quê rimar, amor e dor?”

Ligado a essas questões culturais em relação à arte há um ponto muito


importante no ensino para crianças e adolescentes: a afetividade. Eu, um jovem adulto
muito ranziza que sempre fui, mais ainda aos 19 anos (em 2011) quis ser uma figura
estritamente “profissional” no sentido tradicional da coisa, não tinha interesse em
formar vínculos emocionais com as crianças que, ao se sentirem rejeitadas, prontamente
me rejeitaram de volta. A afetividade deve ser um ponto a ser trabalhado em sala de
aula para fomentar a confiança no professor, para que o estudante possa sentir-se seguro
em caminhar a trilha que propomos para nossa aula. Caso isso não seja construído, o
estudante prontamente se recusará a entrar nessa trilha com você, um estranho.
Estratégias para facilitar isso podem ser atividades que incentivem os estudantes a
compartilharem de seus interesses, desejos e curiosidades com a turma e com você.
Nada necessariamente muito complexo, elaborando algumas questões abertas sobre o
assunto e dedicar um tempo para conversar sobre isso em algumas das aulas.
Infelizmente, nem sempre esse momento é possível ou viável, mas é de extrema
importância desenvolver atividades para esse fim com o público infanto-juvenil e
mesmo com adultos também há vantagens.

Reapresentação do tema e conclusões parciais

Essas reflexões posteriormente facilitaram meu entendimento da visão do


estudante sobre a aula de música e sobre o que é aprender em sala de aula para alguns
de meus estudantes. Devemos estar atentos em não confundir a resistência de alguns,
ligadas as questões apresentadas, a um desrespeito a figura do professor. Diálogos sobre
dom, talento e potencial artístico devem ser incentivados e desmitificados, não apenas
como um instrumento didático do ensino de música mas para a desconstrução definitiva
desse mito. Música não é dom. Aliado ao diálogo atividades lúdicas gradativas, que
insiram a dinâmica diferenciada(alunos de pé, sala de aula sem carteiras) em sala de
aula aos poucos, podem abrir um mundo de uma aula de música significativa, divertida
e por consequência bem sucedida. Esses dois pontos não podem se separar do ponto da
afetividade e criação de vínculo emocional, de confiança com os estudantes. Em minhas
próximas postagens listarei algumas possibilidades, em formato de planos de aula, sobre
esses pontos.

Observação:

Texto retirado na integra do blog de minha autoria https://relatosaoleo.blogspot.com.br/

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