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interactiva de información em prensa. Madrid:
Alamut, 2008, 125 p.
Francis Arthuso Paiva1
O autor inicia a obra com deÀnições do que seja infograÀa: uma “representação
diagramada de dados”. Critica algumas deÀnições de outros autores, como Valero
Sancho, que limita a infograÀa ao jornalismo, porém não é condição necessária um
infográÀco ser publicado em um jornal. Outra condição que Sancho impõe para que
se tenha um infográÀco é a necessidade de haver imagens acompanhando um texto
verbal, condição rechaçada por Cairo, para quem o texto verbal pode até atrapalhar
uma visualização de informação, pois a diagramação é a parte mais importante de
uma visualização. Essa visão do autor se justiÀca no momento em que ele apresenta
um esquema da relação entre disciplinas que fundamentam a visualização, entre elas
a cognição, a psicologia e a ergonomia. A partir desse ponto, Cairo separa um desenho
artístico de uma visualização informativa cuja diferença é a função prática deste
último. Por isso, um infograÀsta deve ser multidisciplinar, sob pena de haver risco de a 1 Doutorando em Estudos
visualização ter apenas Àns estéticos em uma publicação. Linguísticos
Faculdade de Letras – UFMG
paivafrancis@yahoo.com.br
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Essa concepção de infograÀa com Àns estéticos encontra apoio em alguns autores citados
por Cairo que aÀrmam ser a visualização uma necessidade contemporânea. No entanto,
Cairo aÀrma que a maneira de processarmos informações é a mesma, o que mudou
foi a tecnologia. Segundo ele, o que inÁuencia é o valor ocidental para o texto escrito,
relegando a imagem ao segundo plano. O que realmente existe, no entanto, na visão do
autor, é a necessidade de organizar a informação de modo como que ela seja mais bem-
entendida. Seja esse modo verbal ou visual.
Desse modo, a infograÀa passa a ser entendida como uma ferramenta com que
os leitores podem analisar os dados. De certa maneira, nas palavras de Cairo, “o
jornalista visual deixa de ser quem interpreta os dados para o leitor, para se converter
em quem desenha ferramentas que o leitor possa usar para desvendar a realidade
por si mesmo” (p. 68). Exemplos de infográÀcos assim são dados pelo autor: alguns
utilizados nas campanhas eleitorais americanas de 2008, em que foi usada em apenas
uma imagem a apresentação de três a quatro variáveis de informações (como votos
para o candidato, votos por estado e por partido), em vez de uma apresentação com
as variáveis separadas; ou em um infográÀco americano em que se podia entrar com
dados variáveis para veriÀcar se era melhor alugar ou comprar um imóvel naquele país.
Outra diferenciação que ele faz é na navegação entre cenas do infográÀco, seja através
de uma estrutura horizontal, seja numa estrutura vertical ou mista, sendo que quanto
mais analítica e interativa for uma visualização, mais ela tende a ter estrutura vertical,
com mais interação manipulável e exploratória. A estrutura horizontal compõe as
cenas de maneira mais linear, contado apenas com botões de avançar e retroceder.
Por Àm, apresenta o grau de multimidialidade, que consiste em ter mais ou menos
recursos de mídias sendo usados junto de um infográÀco.
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Os infográÀcos do jornal americano, independentemente do nível de interação,
apresentam estilos variados de interface, não seguindo uma única planilha, como
algumas publicações fazem: criam apenas um modelo de infográÀco para todas as
informações. Em relação ao grau de profundidade, os infográÀcos utilizam vários
recursos. Com exemplo, Cairo apresenta um infográÀco da eleição americana em que
o leitor pode separar as informações por uma margem temporal, deÀnir por estado,
passando o cursor sobre ele, além de tabelas estatísticas de toda a eleição, além de um
buscador de informações para cada candidato.
Essa análise feita no livro contribui para estabelecer parâmetros para o estudo dos
infográÀcos digitais interativos, sobretudo para delimitar quais seriam realmente
interativos e quais seriam mera transposição do infográÀco impresso para o digital. O
modo como Alberto Cairo refuta os conceitos contrários ao uso infográÀco, como, por
exemplo, sua dependência de outros gêneros jornalísticos e seu objetivo estetizante,
contribui para reforçar a necessidade de se criarem infográÀcos que explorem os recursos
da web 2.0 para que possam servir realmente de ferramentas novas para o jornalismo e
para os leitores.
Ele aponta o The New York Times como o único jornal que possui trabalho especíÀco
de visualização de informações analítica, mas podemos apontar também o portal do
jornal espanhol El Mundo como um grande exemplo de trabalho mais analítico. De 2008
para cá, novas tecnologias foram criadas para promover infográÀcos mais interativos
ainda, possibilitando interação mais exploratória na visualização da informação. Uma
dessas tecnologias é a realidade aumentada, que fornece uma noção de espaço em 3D
do objeto para o leitor. O autor também acerta ao apontar a escolha do uso do modo
visual ou do verbal como uma escolha que depende do objeto a ser informado: ora é
melhor usar o visual, ora o modo verbal, ou ambos, como acontece com os infográÀcos.
Usados em boa medida, evitam a escolha de visualizações apenas estetizantes e não
implicam criar visualizações que pecam por não serem atraentes, com apelos lúdicos
no tratamento da informação.
EnÀm, Infogra¿a 2.0 contribui para um campo com poucos estudos publicados e, como
se viu, com alguns equívocos e dúvidas, sem uma devida proÀssionalização do fazer
infográÀco e de suas aplicações.
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