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CAIRO, Alberto. Infografia 2.

0: visualización
interactiva de información em prensa. Madrid:
Alamut, 2008, 125 p.
Francis Arthuso Paiva1

O eVpanhol Alberto Cairo é professor assistente da Escola de Jornalismo e Comunicação da


Universidade da Carolina do Norte, em Chape Hill, Estados Unidos, além de infograÀsta,
função que exerceu em jornais como o espanhol El Mundo. O autor mantém o site
albertocairo.com, onde se encontram referências sobre infograÀa de todo o mundo.

O livro Infogra¿a 2.0, de 2008, apresenta cinco capítulos intitulados InfograÀa e


visualização de informação; A visualização de informação na história; A visualização
interativa; O caso The New York Times; e Conclusões e tendências no futuro próximo,
além de uma introdução. O objetivo principal de Cairo é apresentar uma concepção
de infograÀa analítica, amparada na estatística, na cartograÀa e no jornalismo
de precisão, criada com recursos de interação da chamada web 2.0. Isso tudo em
oposição à infograÀa criada a partir dos anos 1980 e fortemente utilizada nos anos
1990, com uma concepção apenas estética, para Àns de chamariz para reportagens e
notícias convencionais do jornalismo impresso e que foi transposta para o ambiente
digital. Na sua introdução, Cairo estabelece três objetivos, que cumpre eÀcazmente.
Primeiro, deÀnir as etapas de transição: da infograÀa estática à interativa; segundo,
explicar como se chegou a essa mudança; e, por último, oferecer uma análise empírica
de infográÀcos do jornal norte americano The New York Times. Ele utiliza o termo
visualização de informação em vez de infograÀa por ser mais amplo ao incluir tanto
o processo de criação, quanto a materialidade do infográÀco, por isso, no livro, Cairo
utiliza visualização de informação e infograÀa como sinônimos, o que será adotado
também nesta resenha.

O autor inicia a obra com deÀnições do que seja infograÀa: uma “representação
diagramada de dados”. Critica algumas deÀnições de outros autores, como Valero
Sancho, que limita a infograÀa ao jornalismo, porém não é condição necessária um
infográÀco ser publicado em um jornal. Outra condição que Sancho impõe para que
se tenha um infográÀco é a necessidade de haver imagens acompanhando um texto
verbal, condição rechaçada por Cairo, para quem o texto verbal pode até atrapalhar
uma visualização de informação, pois a diagramação é a parte mais importante de
uma visualização. Essa visão do autor se justiÀca no momento em que ele apresenta
um esquema da relação entre disciplinas que fundamentam a visualização, entre elas
a cognição, a psicologia e a ergonomia. A partir desse ponto, Cairo separa um desenho
artístico de uma visualização informativa cuja diferença é a função prática deste
último. Por isso, um infograÀsta deve ser multidisciplinar, sob pena de haver risco de a 1 Doutorando em Estudos
visualização ter apenas Àns estéticos em uma publicação. Linguísticos
Faculdade de Letras – UFMG
paivafrancis@yahoo.com.br

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Essa concepção de infograÀa com Àns estéticos encontra apoio em alguns autores citados
por Cairo que aÀrmam ser a visualização uma necessidade contemporânea. No entanto,
Cairo aÀrma que a maneira de processarmos informações é a mesma, o que mudou
foi a tecnologia. Segundo ele, o que inÁuencia é o valor ocidental para o texto escrito,
relegando a imagem ao segundo plano. O que realmente existe, no entanto, na visão do
autor, é a necessidade de organizar a informação de modo como que ela seja mais bem-
entendida. Seja esse modo verbal ou visual.

O autor divide a visualização da informação em duas tendências: uma estetizante,


que é voltada para a preocupação estética, para tornar um jornal mais atrativo para
os leitores; outra analítica, cujo fundamento é o banco de dados, com inÁuência dos
desenhos cientíÀcos. O autor deixa claro que segue a tendência analítica, que não
prescinde do lado estético da visualização, mas não permite o predomínio deste sobre
a informação. Tampouco, na infograÀa analítica, a simpliÀcação da informação não
consiste em uma degradação dos dados, uma simpliÀcação da informação, mas, sim,
na explicitação da informação.

No segundo capítulo, Alberto Cairo faz uma retomada histórica do surgimento da


visualização da informação até chegar à tendência analítica. Da Antiguidade, a
partir de mapas da Roma Antiga, passando pelos desenhos de Leonardo da Vinci, no
Renascimento, até a criação dos primeiros gráÀcos com inÁuência positivista. Mas foi
na década de oitenta do século XX, com o advento do jornal, extremamente visual,
USA Today nos Estados Unidos, que a visualização da informação se consolidou,
contribuindo paradoxalmente para sua desvalorização, pois era forte o apelo apenas
estético das visualizações. Na década de noventa, isso foi fortalecido pelos infográÀcos
sobre a Guerra do Golfo. Impedidos de fotografar a guerra pelo governo americano, os
jornais passaram a ilustrar cenas que não tinham a Àdelidade das fotograÀas, muito
menos Àdelidade ao que acontecia no Golfo.

No entanto, já na década de noventa, também nos Estados Unidos, surgiu o jornalismo


de precisão, muito preocupado em informar com bases cartográÀcas, estatísticas e com
visualização cientíÀca. Os proÀssionais envolvidos possuíam formação em estatística,
programação, desenho gráÀco e artístico e conhecimentos de cartograÀa. Juntamente
com a ascensão de softwares e dos novos computadores, surgiram visualizações
analíticas que priorizavam os dados, de qualquer natureza, que permitem, segundo
Cairo, maior participação e manipulação da informação pelo leitor.

Alberto Cairo chama essa nova tendência de visualização interativa, assunto do


terceiro capítulo, cujo objetivo é apontar critérios para análise de infográÀcos do jornal
The New York Times. O autor enumera cinco princípios essenciais para a modelagem
da interação: primeiro a visibilidade das funções da visualização, por exemplo, criar
links em forma de botão, em relevo; segundo, o feedback, uma espécie de resposta a
um comando, isto é, um retorno para o leitor após realizar uma tarefa como mudar
de página, seja auditivo ou visual; na sequência, as affordances, que se resumiriam
nas possibilidades de ação percebidas pelo leitor, sua identiÀcação com dispositivos,
sem que seja necessário aprendê-los antes de executá-los. O quarto princípio é o de
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restrições criadas pelo infograÀsta para que o leitor, embora livre para escolher o que
ler, não se perca nessa tarefa (por exemplo, deixar um link habilitado apenas quando
for necessário usá-lo). O último princípio é o da consistência, que seriam elementos
que criam o hábito no leitor, uma espécie de regularidade na interface, por exemplo,
que tornariam autômato o uso dos infográÀcos.

Desse modo, a infograÀa passa a ser entendida como uma ferramenta com que
os leitores podem analisar os dados. De certa maneira, nas palavras de Cairo, “o
jornalista visual deixa de ser quem interpreta os dados para o leitor, para se converter
em quem desenha ferramentas que o leitor possa usar para desvendar a realidade
por si mesmo” (p. 68). Exemplos de infográÀcos assim são dados pelo autor: alguns
utilizados nas campanhas eleitorais americanas de 2008, em que foi usada em apenas
uma imagem a apresentação de três a quatro variáveis de informações (como votos
para o candidato, votos por estado e por partido), em vez de uma apresentação com
as variáveis separadas; ou em um infográÀco americano em que se podia entrar com
dados variáveis para veriÀcar se era melhor alugar ou comprar um imóvel naquele país.

O autor passa então a deÀnir as três classes de interação em um esquema. A interação,


segundo Cairo, é o “intercâmbio de informação entre um usuário e um sistema ou
dispositivo” (p. 70). Para ele são três níveis interligados de interação: instrução,
manipulação e exploração. A instrução é o nível mais básico, pois o usuário indica ao
dispositivo o que fazer por meio de botões (seguir e retroceder, por exemplo). Já na
manipulação, que também é um tipo de instrução, o usuário pode alterar aspectos
físicos da visualização (como arrastar ícones e imagens). Na exploração, que seria um
tipo de manipulação, os usuários teriam mais liberdade de movimento, ou seja, em
ambientes em 3D, eles poderiam explorar diversas faces do objeto.

Outra diferenciação que ele faz é na navegação entre cenas do infográÀco, seja através
de uma estrutura horizontal, seja numa estrutura vertical ou mista, sendo que quanto
mais analítica e interativa for uma visualização, mais ela tende a ter estrutura vertical,
com mais interação manipulável e exploratória. A estrutura horizontal compõe as
cenas de maneira mais linear, contado apenas com botões de avançar e retroceder.
Por Àm, apresenta o grau de multimidialidade, que consiste em ter mais ou menos
recursos de mídias sendo usados junto de um infográÀco.

No capítulo quatro, são apresentados 47 infográÀcos publicados no The New York


Times de setembro de 2007 a abril de 2008, que são tidos por Cairo como exemplos
de infográÀcos interativos de tendência analítica. Conforme sua análise, feita a partir
dos critérios apresentados no parágrafo anterior, dos 47 infográÀcos, 25 utilizam-se de
mapas e 19, de dados estatísticos. Isso em relação aos recursos narrativos. Em 20 dos
47 infográÀcos são usados três ou mais recursos e apenas 5 dos 47 utilizam um único
recurso narrativo. Os recursos são buscadores, fotos, áudio e vídeo, listas, diagramas
explicativos. Em relação ao nível de interação, a instrução é o tipo mais comum, mas
14 dos 47 incorporam a manipulação e apenas um combina os três níveis de interação.
Mas o autor ressalta que esses três níveis não são excludentes, mas complementares.

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Os infográÀcos do jornal americano, independentemente do nível de interação,
apresentam estilos variados de interface, não seguindo uma única planilha, como
algumas publicações fazem: criam apenas um modelo de infográÀco para todas as
informações. Em relação ao grau de profundidade, os infográÀcos utilizam vários
recursos. Com exemplo, Cairo apresenta um infográÀco da eleição americana em que
o leitor pode separar as informações por uma margem temporal, deÀnir por estado,
passando o cursor sobre ele, além de tabelas estatísticas de toda a eleição, além de um
buscador de informações para cada candidato.

Essa análise feita no livro contribui para estabelecer parâmetros para o estudo dos
infográÀcos digitais interativos, sobretudo para delimitar quais seriam realmente
interativos e quais seriam mera transposição do infográÀco impresso para o digital. O
modo como Alberto Cairo refuta os conceitos contrários ao uso infográÀco, como, por
exemplo, sua dependência de outros gêneros jornalísticos e seu objetivo estetizante,
contribui para reforçar a necessidade de se criarem infográÀcos que explorem os recursos
da web 2.0 para que possam servir realmente de ferramentas novas para o jornalismo e
para os leitores.

Ele aponta o The New York Times como o único jornal que possui trabalho especíÀco
de visualização de informações analítica, mas podemos apontar também o portal do
jornal espanhol El Mundo como um grande exemplo de trabalho mais analítico. De 2008
para cá, novas tecnologias foram criadas para promover infográÀcos mais interativos
ainda, possibilitando interação mais exploratória na visualização da informação. Uma
dessas tecnologias é a realidade aumentada, que fornece uma noção de espaço em 3D
do objeto para o leitor. O autor também acerta ao apontar a escolha do uso do modo
visual ou do verbal como uma escolha que depende do objeto a ser informado: ora é
melhor usar o visual, ora o modo verbal, ou ambos, como acontece com os infográÀcos.
Usados em boa medida, evitam a escolha de visualizações apenas estetizantes e não
implicam criar visualizações que pecam por não serem atraentes, com apelos lúdicos
no tratamento da informação.

EnÀm, Infogra¿a 2.0 contribui para um campo com poucos estudos publicados e, como
se viu, com alguns equívocos e dúvidas, sem uma devida proÀssionalização do fazer
infográÀco e de suas aplicações.

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