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1.3.
O género como
categoria social
O
género é uma das primeiras longo dos anos subsequentes são múltiplas as
categorias que a criança aprende, influências que podem ocorrer suscetíveis de
facto que exerce uma influência afetar quer o desenvolvimento posterior das
marcante na organização do seu várias componentes do género, quer as suas
mundo social e na forma como se avalia a si manifestações situacionais. Por esse motivo,
própria e como perceciona as pessoas que a numa situação particular uma rapariga pode
rodeiam. Para corresponder às normas sociais, exibir um comportamento habitualmente mais
e como parte integrante do processo de comum nos rapazes e vice-versa.
socialização, a criança aprende a comportar-se
de acordo com os modelos dominantes de A análise da composição sexual dos grupos
masculinidade e de feminilidade. Este processo de crianças formados por iniciativa própria em
é movido por uma complexa interacção entre os situações lúdicas fornece dados que destacam
fatores individuais e contextuais, neles incluindo a importância do género enquanto categoria
a relação com o pai e a mãe, os/as amigos/as, social, especialmente durante a primeira década
os/as educadores/as e os/as professores/as de vida. Sobrepondo-se a outras características
e outras pessoas significativas. individuais como a etnia ou a raça, o sexo surge
como um dos principais critérios na escolha de
Algumas investigações no domínio da psicologia um/a potencial companheiro/a de brincadeiras,
têm mostrado que as crianças iniciam o por parte da criança9. Assim, por exemplo,
processo de desenvolvimento respeitante ao um rapaz branco de quatro anos brinca mais
género (e a categorização de si e dos outros prontamente com um rapaz negro do que com
daí decorrente) muito antes de tomarem uma rapariga branca da mesma idade.
consciência do seu sexo, ou seja, dos seus É importante referir que durante a infância
órgãos genitais8. Janet Spence (1985) defende a distinção entre os sexos remete para a
mesmo que o núcleo central da identidade de prevalência, no pensamento da criança, de duas
género começa a consolidar-se, em crianças categorias básicas (binárias): a dos homens e
de ambos os sexos, ainda numa fase pré- a das mulheres, categorias essas diretamente
verbal do desenvolvimento, ou seja, antes ligadas a um processo prévio de categorização
de a criança ter capacidade de expressar social que teve como fundamento as diferenças
por palavras o seu pensamento. Todavia, ao físicas aparentes entre os sexos.
8 Ver, a este respeito, os trabalhos de Diana Poulin-Dubois e colegas (1994), de Teresa Alário Trigueiros e outros/as autores/as
(1999) e de Ana da Silva e outros/as autores/as (1999), tendo estes dois últimos livros sido publicados pela Comissão para a
Igualdade e para os Direitos das Mulheres, no âmbito dos Cadernos Coeducação.
9 Ver os estudos citados por Carole Beal (1994) que se debruçaram sobre este comportamento sexista das crianças.
10 Consultar, por exemplo, Eleanor Maccoby (1998) para uma visão abrangente dos resultados destes estudos.
030 CIG
ENQUADRAMENTO TEÓRICO l Género e Cidadania