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Anais da Constituição
de 1967
DISCURSOS PRONUNCIADOS EM SESSÕES
DO SENADO FEDERAL E DA CÂMARA DOS
DEPUTADOS
3. 0 VOLUME
BRASíLIA - D. F.
1968
íNDICE DE ORADORES
SENADOR AFONSO ARINOS
(Sessão de 14-12-66) Pág.
-Louva a preocupação salutar do Presidente da República de coroar sua
passagem pela chefia do Govêrno revolucionário com a instauração de
um documento que corresponde, de fato, ao assentamento do estado de
Direito em nosso País, terminando a fase do poder arbitrário. e inau-
gurando a fase do poder legal. Lembra que a Revolução de 1964 foi uma
revolução nitidamente politica. Estabelece a diferença existente entre
as revoluções politicas e as revoluções de tipo social. Atribui à nossa
revolução política dois aspectos: foi uma revolução rest1itiva no sentido
administrativo e repressiva no sentido limitadamente político. Acentua
que a restrição e a repressão, no caso brasileiro, não se poderiam exercer
num estado de Direito. Concorda em que vivemos, durante dois anos,
em uma era de arbítrio revolucionário, constituindo a remessa do Pro-
jeto de Constituição ao Congresso, intenção manifesta de se pôr têrmo
a essa era. Antes de entrar na matéria do Projeto propriamente dito,
caracteriza os tipos de constituições em função das situações politicas.
Apresenta-as sob as categorias de constituições-suma e constituições-
instrumento. Define-as, analisa-as. Aponta como exemplos de Constitui-
ções-instrumento as Constituições do Brasil de 1824 e 1937. Aponta como
constituição-suma a de 1946. Discorre sôbre o movimento civilista di-
rigido pelo Conselheiro Rui Barbosa, face a aparte do Senador Aloysio
de Carvalho. Considera o Projeto uma Constituição-instrumento, des-
tinada a compendiar tôda a carga de dinamismo da revolução e acrescenta
que a Constituição-Instrumento tem, nesta hora, a importância de
manifestar o empenho do Presidente da República em passar ao seu
sucessor um Estado de Direito. A aparte do Senador Josaphat Marinho
sôbre a institucionalização do arbítrio pelo Projeto, acentua que certa
dose de arbítrio é inerente a todo documento politico. Faz restrições,
entretanto, ao Ato Convocatório. Diz ser fato inédito na História
Constitucional do Brasil reunir-se o Congresso Nacional com podêres
constituintes, tendo seu sistema de trabalho limitado pelo Poder
Executivo, mas justifica a circunstância excepcional que reconhece ser
devida, menos à intenção do Govêrno do que ao processa1nento anterior
que o colocou nesta alternativa.
(D.C.N. - Sessão II - 15-12-66, pág. 6. 409) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
(Sessão de 15-12-66)
- Afirma que as condições especiais em que foi elaborado o Projeto de
Constituição muito contribuíram para os seus defeitos. Considera que
o Projeto teve uma fase de preparo estranha, eis que ficou submetido
a prazos iniciais pràticamente ilimitados e a u1n prazo final intrans-
ponível, o que determinou um desequilíbrio entre a fase de preparação
111111111111
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e a fase de ultimação. Nestas circunstâncias, concorda em que o Con-
gresso não tem condições para intervir de forma eficaz na tramitação
da Carta Constitucional. Refere-se ao fato de o Ministro da Justiça, na
introdução ao Projeto, haver salientado a incumbência do Congresso no
sentido de discutir e votar o mesmo projeto, omitindo-se quanto à com-
petência para modificá-lo ou emendá-lo. Quanto ao Texto, considera-o
como o produto, não de uma síntese, mas de uma soma inorgânica de
uma série de reivindicações e de uma série de opiniões, além de criticar-
.. , lhe a indigência total no que tange à linguagem. Aponta a inexistência
de uma .série de princípios comuns de Filosofia do Direito, de Ciência
Política, de Teoria do Estado- que levassem a um desenvolvimento con-
seqüente e alude à falta de um núcleo de pensamento comum. Afirma
que, dada a inexistência de unidade na concepção e desenvolvimento
do raciocínio que preside a confecção do Projeto; é êle contraditório
consigo mesmo. Aponta como contradição básica a que existe entre o
poder civil e o poder militar. Chama a atenção de civis e militares no
sentido de que, num sistema democrático, não há contradição entre poder
político, poder civil·,e poder militar, mas existe um só poder que é o do
Estado. Define o poder e tece considerações em tôrno da definição apre-
sentada. Discorre, longamente, a respeito da participação militar na
orientação politica civil e a explica como a resultante de um apêlo de
facções civis que, incapazes de resolver juridicamente os problemas in-
ternos do País, recorrem à intervenção das fôrças militares. Entende
que o trabalho politico do Congresso deve ter como meta construir
aquêle tipo de instituição que supere essa divergência e que faça do
poder civil e do poder militar dois ramos de um só poder - o poder
jurídico nacional.
(D.C.N. - Sessão II - 16-12-66, pág. 6.425) . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
(Sessão de 16-12-66)
- Tece comentários sôbre as revoluções políticas e deduz que o Projeto
de Constituição expressa a evolução natural dêsse tipo de revoluções
que se caracterizam, na primeira etapa, pela absorção do poder po-
lítico, na função executiva ou, como manifestação dessa absorção,
pelo domínio do Executivo sôbre o Legislativo. Declara que o texto que,
por um lado, diminui consideràvelmente as atribuições do Legislativo,
a sua iniciativa, o seu poder de contrôle, por outro lado, mantém a in-
tegridade das atribuições do Poder Judiciário. Não deixa, entretanto,
de expressar que, no terreno da competência dêsse Poder e de acôrdo
com as tradições do nosso Direito, houve certas distorções. Alude: a
recriminações levantadas contra os podêres de fiscalização do Tribunal
de Contas; a atribuições especiais concedidas ao Supremo Tribunal
Federal, como, por exemplo, a de se manifestar sôbre as decisões to-
madas pela Justiça Militar, em relação a acusados civis. Neste par-
ticular, manifesta-se favorável, se bem que declare a inovação con-
trária à nossa tradição jurídica. Focaliza a participação do Supremo
Tribunal Federal em decisões sôbre cassações de direitos políticos,
acentuando que o que pode ser incriminado não é, pràpriamente, a
participação do Tribunal, mas a extensão do processo cassatório, a am-
pliação dêsse poder de polícia política. Encarando os fatôres referentes
VII
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ao Poder Executivo, diz aparecer aí a primeira grande contradição do
texto: o fortalecimento do Executivo, a transformação dêle em poder
oligárquico, em poder emanado de uma eleição indireta. Assinala que se
vai instituir no Brasil um sistema de govêrno oligárquico, e que a elei-
ção para Presidente da República será uma eleição "menos que censi-
tária", uma eleição saída de um eleitorado composto de um colégio elei-
toral, constituído de uma oligarquia para manter o predomínio de uma
situação militar. Respondendo a aparte do Senador José Guiomard,
discorre sôbre a eleição do Presidente da República dos Estados Unidos
da América, dizendo não ser adotada naquele País a eleição indireta.
Aponta, em seguida, outros aspectos negativos do Projeto, tais como: a
fragilidade política do Executivo, porque investido de mandato que a
Nação não reconhece e a contradição entre o autoritarismo politico
e o liberalismo econômico. Entende que a filosofia do capitalismo pro-
gressista está ausente do Projeto; que a filosofia do Projeto o leva a
proibir a intervenção supletiva do Estado desde que corretiva. Chama
a atenção da Casa para o art. 157, § 8.0 que, no seu entender, põe
em risco a PETROBRÃS. Manifesta-se pela manutenção do monopólio
estatal, com o aprimoramento da administração do aludido regime.
(D.C.N. - Sessão II - 17-12-66, pág. 6.447) .. .. .. . .. .. .. .. . .. . . . .. . . 53
(Sessão de 19-12-66)
- Analisa a importância do capítulo dos direitos e garantias individuais,
quer no sistema das Constituiçõe~ escritas do ponto de vista técnico,
quer no Direito Constitucional democrático, sob o ponto de vista ju-
rídico. Transmite o conceito de "Direito da Constituição". Remonta
ao Cristianismo onde encontra a primeira afirmação concreta da idéia
da existência dos direitos do homem contra o Estado. Acompanha esta
idéia no decurso da evolução do pensamento politico. Apresenta re-
flexões sôbre a noção de liberdade citando Platão, Aristóteles e Cícero
e depois Santo Tomás. Focaliza a idéia de uma declaração de direitos
e se reporta à tradição do pensamento anglo-saxônico e à Revolução
Francesa. Refere-se à diminuição da ilimitada acepção de certos direi-
tos, mais sociais do que h um anos, em função da configuração de um
quadro em que os direitos se apresentam em número menor, sendo,
entretanto, mais bem definidos e mais bem defendidos no direito de-
mocrático. Respondendo a aparte do Senador José Ermírio, apresenta
esclarecimentos sôbre a diferença entre as Constituições Brasileira e
Americana. Passa a analisar o art. 149 do Projeto em que vê apenas
um ponto de partida da noção de declaração de direitos individuais,
mas repudia a técnica utilizada pelo Projeto, a qual, no seu entender,
não pode subsistir. Esclarece que ali não se reconhece o caráter au-
to-aplicável de nenhum direito, quando entre os direitos públicos in-
dividuais há numerosos que são auto-aplicáveis. Exemplifica com a in-
violabilidade do domicílio e aponta as graves possibilidades que nesse
setor poderão surgir, face à técnica adotada. Alude a outros direitos
que poderão também ser violados, referindo-se em particular à liber-
dade de imprensa. Acentua que a técnica empregada pelo Projeto criará
a figura legal e jurídica, mas repugnante, da censura prévia, que nunca
VIII
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existiu no nosso Direito. Mostra que a técnica da SUJeiçao dos textos
constitucionais aos azares da legislação ordinária sempre foi repelida
pelo nosso Direito Público.
(D.C.N. - Sessão II - 20-12-66, pág. 6.461) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
(Sessão de 20-12-66)
- Analisa o capítulo do Projeto de Constituição que trata dos direitos e
das garantias individuais. Critica acerbamente o art. 151 do Projeto.
Passa a analisar o capítulo do estado de sítio. Aponta as possibili-
dades existentes no Projeto, de se limitarem os direitos individuais;
chama a atenção para o § 3.0 do art. 152 onde, por sugestão do orador,
foram limitadas ao estabelecido em lei as medidas que poderão ser
adotadas pelo Presidente da República na vigência do estado de sítio .
Salienta que o art. 151 e o § 3.0 do art. 152 constituem duas inova-
ções do Projeto, no capítulo do estado de sítio; respondendo a aparte
do Senador Aloysio de Carvalho, detém-se sôbre o art. 206 da Cons-
tituição de 1946; refere-se à liberdade de reunião e de associação. Passa
a discorrer sôbre os podêres de emergência. Reporta-se ao art. 16 da
Constituição Francesa atual. Critica o fato de, no Projeto, o problema
da emergência ter ficado restrito ao problema da ordem, uma vez que,
segundo o Direito Constitucional, êsses podêres de emergência são, mui-
tas vêzes, podêres de outra natureza, que nada têm a ver com a de-
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sordem. Cita, como exemplo, o poder de emergência parlan1entar, exis-
:.~1
tente na Constituição alemã de Bonn. Apela para o Senado no sentido
~\ de que tome conhecimento de emenda de sua autoria que visa à ins-
tituição do govêrno parlamentar no Brasil. Salienta que o problema
do País é a transferência do poder político e que as mentalidades ju-
rídicas e politicas devem encontrar a solução, a fim de que ela se
faça legítima e pacificamente. Defende o sistema parlan1entar e expõe
as características da emenda apresentada.
(D.C.N. -Sessão II- 21-12-66, pág. 6.492) ....................... .. 78
DEPUTADO ANIZ BADRA
(Sessão de 14-12-66)
- Lê estudo de juristas de São Paulo relacionado com a reforma da
Constituição, no Capítulo referente ao Tribunal Regional Eleitoral.
(D.C.N. - Sessão I - 15-12-66, pág. 7.179) ... ·....................... 137
DEPUTADO ANTôNIO BRESOLIN
(Sessão de 17-12-66)
- Tece críticas ao Projeto de Constituição considerando que alguns de
seus dispositivos ferem as liberdades fundamentais da criatura huma-
na. Protesta contra a não-percepção de remuneração pelos vereadores
consignada no § 2. 0 do art. 15 e alude a emenda de sua autoria, que
visa à supressão do referido parágrafo. Refere-se à necessidade de
simplificação da legislação concernente a estrangeiros no País assunto
"
sobre que pretende oferecer emenda, a fim de facilitar-lhes a ' natura-
lização. Discorre sôbre os problemas da fronteira Sudoeste e põe em
relêvo a necessidade da destinação de recursos para essa região, co-
IX
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1nunicando que apresentará e1nenda obrigando o Govêrno Federal a
aplicar, em favor dela, anualmente, durante o prazo de 20 anos, quantia
não inferior a 1% de sua renda tributária.
(D.C.N.-- Sessão I-- 18-12-66, pág. 7.328) .. . . . ... . . . ... .. . . . . ...... 141
(Sessão de 6-1-67)
- Defende emendas ao Projeto de Constituição. Uma, restabelecendo a
remuneração para os Vereadores; outra, que visa a facilitar a natura-
lização do estrangeiro, e uma terceira, obrigando o Govêrno a aplicar,
anualmente, quantia não inferior a 1% de suas rendas tributárias,
para execução dos planos da Superintendência do Plano de Valorização
Econômica da Região Fronteira do País. Registra infonnação segundo
a qual a Comissão Especial teria decidido que a matéria relativa à re-
111 uneração dos vereadores seria regulada em lei especial. Refere-se à
legislação atinente ao estrangeiro residente no País; alude à Lei da
Faixa de Fronteiras e aponta os prejuízos que a legislação acarreta
àqueles que ali residem. Discorre sôbre as possibilidades de recuperação
da Região Fronteira, de intensificação de sua produção e do fortaleci-
mento daquela área para tranqüilidade da população do Sul.
(D.C.N.-- Sessão I-- 7-1-67, pág. 33) . . . . . . . . ... . . . ... ... .. . .. .. . . 151
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tituído, entre a Revolução dominante e a ordem constitucional vigente.
Confessa que, pelo Ato Institucional n. 0 1, art. 3.0 , estava a Lei Magna
sujeita a ser emendada por iniciativa do Presidente da República, mas
chama a atenção no sentido de que o referido Ato perdera a vigência,
a 31 de janeiro de 1966. Refuta o argumento de que a Revolução
teria tido continuidade e de que outros Atos poderiam ter sido editados
a partir de 31 de janeiro de 1966. Conclui pela· impossibilidade de o
Congresso Nacional conhecer e processar o Projeto remetido pelo Pre-
sidente da República.
(D.C.N.- Sessão II- 20-12-66, pág. 6.465) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
(Sessão de 5-1-67)
-Argumenta que o Presidente da República, tendo enviado ao Congresso
nôvo projeto de Constituição, eximiu-se da responsabilidade dos pe-
cados que lhe pudessem atribuir. Assinala que "se a Carta, na ver-
dade, não vem em ordem, se a Carta, na verdade, não consulta prin-
cípios normais da Democracia e não respeita as altas prerrogativas do
Congresso Nacional e mais, atenta contra direitos individuais e é con-
traditória no seu conteúdo, a responsabilidade não cabe ao Sr. Pre-
sidente da República." "Perante a História, à Câmara e ao Senado cabe
a responsabilidade pela aprovação da Carta Constitucional - boa ou
má- pela sua promulgação para restabelecer a ordem jurídico-cons-
titucional no País." Afirma que quem examina o projeto verifica as
maiores contradições, os maiores atentados, as anomalias mais eviden-
tes. Condena: a eleição indireta para o Presidente da República; a
nomeação de prefeitos para as Capitais dos Estados; a gratuidade da
função de Vereador; a exclusão de dispositivo constitucional que obri-
gava a União a empregar certa percentagem da renda tributária na
defesa dos nordestinos, contra os efeitos das secas; a exclusão de dis-
positivo concernente ao desenvolvimento da Amazônia.
(D.C.N. - Sessão II - 6-1-67, pág. 13) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
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XI
Pág.
SENADOR AURÉLIO VIANNA
(Sessão de 29-11-66)
- Afirma que defende:_á a tese de que a Oposição deverá participar do
processo de elaboraçao da nova Carta da República mas condenará a
sua colaboração com os atuais detentores do Pode~. Assinala ainda
que a Oposição vem pleiteando sejam eliminados, do Ato Institucionai
n. 0 2, os artigos 14 e 15, porque representam uma ameaça, garroteiam
a liberdade do constituinte no período de elaboração constitucional.
Critica o voto a descoberto. Declara que a Oposição pleiteará, não a
aceitação de suas reivindicações, mas o direito de emendar, de defender
suas emendas, o direito de serem elas discutidas, aprovadas ou rejeita-
das, mas dentro de um processo democrático legítimo.
(D.C.N. - Sessão II - 30-11-66, pág. 6. 327) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
DEPUTADO BENJAMIN FARAD
(Sessão de 13-12-66)
- Anuncia e justifica a apresentação de emenda ao Projeto de Cons-
tituição, a fim de conceder aos servidores públicos a aposentadoria aos
30 anos de serviço.
(D.C.N. - Sessão I - 14-12-66, pág. 7 .153) . . .. . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . 130
(Sessão de 5-1-67)
- Congratula-se com os servidores civis eis que, a emenda de sua au-
toria sôbre a aposentadoria aos 30 anos de serviço recebeu parecer fa-
vorável da Comissão Constitucional. Refere-se à pesquisa levada a
efeito pelo ffiGE e à transferência dos militares para a reserva, itens
que falan1 a favor da aprovação da emenda, também, pelo Plenário.
(D.C.N. - Sessão I - 6-1-67, pág. 7) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
(Sessão de 9-1-67)
- Congratula-se com o funcionalismo civil, pelo acolhimento que a Gran-
de Comissão Constitucional deu à emenda que dispõe sôbre a efetiva-
ção de funcionários que contem ou venham a contar cinco anos de
exercício.
(D.C.N. - Sessão I - 10-1-67, pág. 74) ............................. · 156
(Sessão de 11-1-67)
- Tece consideracões a respeito da Emenda n. 0 2, de sua autoria, que
concede apose~tadoria aos servidores civis, aos 30 anos de ~x:rcício
e assinala que o Movimento De1nocrático Brasileiro tomou pos1çao fa:
vorável à mesma e1n recente Convenção. Esclarece que a emenda e
pertinente aos artigos 98 e 99 do Projeto, lamentando a reje.ição, pela
Comissão Especial, da parte que tange ao art. 98, :eferente a aposen-
tadoria dos funcionários civis aos 30 anos de serv1ço ·
(D.C.N. - Sessão I - 12-1-67, pág. 146) .. · ... · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · 160
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XII
Pág.
clara que as leis que circundam as instituições de um povo devem
ser modeladas em consonância com os hábitos e a formação das so-
ciedades em que atuam. Alega que temos, sen1pre, copiado normas
legais tanto da Europa como da América do Norte, o que nos tem man-
tido em marginalismo jurídico. Aponta nossos erros relativamente à
concepção de nossas leis desde o Brasil-Colônia até a Constituição Re-
publicana e tece considerações e cita exemplos em tôrno das conse-
qüências dêsses erros. Faz uma análise de tôdas as Constituições Brasi-
leiras. Critica-as, considerando-as afastadas da nossa realidade social.
Apresenta sugestões aos elaboradores da reformulação constitucional.
(D.C.N. - Sessão I - 28-4-66 - Suplemento ao n. 0 54, pág. 6) . . . . . . . . 4
DEPUTADO CARVALHO SOBRINHO
(Sessão de 20-12-66)
- Comenta as omissões do nôvo Projeto de Constituição e lê cartas onde
são formuladas críticas ao mesmo Projeto.
(D.C.N.- Sessão I - 21-12-66, pág. 7.413) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
DEPUTADO CESARIO COIMBRA
(Sessão de 23-8-66)
- Apela ao Presidente da República para n1anter no nôvo projeto de
Constituição, o artigo 153 incluído na nossa atual Carta Magna pelo
Dr. Artur Bernardes, a fim de evitar que o País sofresse a influência
da ação de companhias estrangeiras.
(D.C.N.- Sessão I - 24-8-66, pág. 5.326) ........................... . 14
DEPUTADO CLóVIS PESTANA
(Sessão de 19-12-66)
- Demonstra sua grande tristeza, ao constatar que o Projeto de Cons-
tituição não aborda o tema do planeja1nento, nem ton1a posição clara
relativamente à luta contra o subdesenvolvimento.
(D.C.N. -Sessão I - 20-12-66, pág. 7.363) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
DEPUTADO CUNHA BUENO
(Sessão de 13-12-66)
- Deixa consignado nos Anais o seu protesto pela fórmula regimental en-
contrada para a tramitação do Projeto de Constituição.
(D.C.N.- Sessão I - 14-12-66, pág. 7.157) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
DEPUTADO DERVILLE ALEGRETTI
(Sessão de 19-9-66)
- Comenta a posição do Presidente da República, contrária à revogação
dos artigos 14 e 15 do Ato Institucional n. 0 2, durante o período de
discussão da Reforma Constitucional. Entende que, cerceado o direito
dos Srs. Congressistas, de alterar a nova Constituição, o melhor s€ria
que o Congresso fechasse suas portas, deixando o Brasil à mercê do
Presidente Castello Branco.
(D.C.N. - Sessão I - 20-9-66~ pág. 5. 981) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
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Pág.
DEPUTADO DIAS MENEZES
(Sessão de 20-12-66)
- Rende homenagens ao Dr. Francisco de Paula Vicente de Azevedo
pelo artigo, intitulado "O Fim da Federação", publicado no Diário de
São Paulo, em que o autor critica o Projeto de Constituição.
(D.C.N" - Sessão I - 21-12-66, pág. 7 .414) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
XIV
Pág.
entre 18 e 25 anos, um estágio, em hospitais e casas de saúde, a fim
de se fazerem enfermeiras socorristas de emergência; a terceira, sôbre
o combate ao desemprêgo e a quarta, sôbre a socialização da medicina.
(D.C.N.- Sessão I - 14-12-66, pág. 7.155) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
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XV
Pág.
(Sessão de 6-1-67)
- Considera tecnicamente desaconselhável a receita vinculada, entre-
tanto, aceita-a, tendo em vista a falta de sensibilidade dos nossos go-
vernos às necessidades do País. Refere-se, especialmente, ao problema
da educação e neste sentido defende emendas ao Projeto. A primeira,
visando a manter a vinculação para a aplicação no desenvolvilnen-
to do ensino; e a segunda, estabelecendo outra vinculação com o obj e-
tivo específico de aplicação no desenvolvin1ento da pesquisa científica
pura e aplicada.
(D.C.N.- Sessão I - 7-1-67, pág. 59) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
XVI
Pág.
DEPUTADO GETúLIO MOURA
(Sessão de 19-8-66)
- Combate a exigüidade de tempo para a elaboração de uma nova Cons-
tituição que afirma não ser documento que se possa elaborar para aten-
der a situações de emergência. Analisa as Constituições da República,
dizendo que na Carta de 1946, havia preocupação de justiça social.
Confessa estar inquieto quanto ao sentido da nova Carta, face à de-
claração do Senhor Ministro da Justiça de que o P1·oj e to da Comissão
de Juristas seria revisto pelo Poder Executivo e de que a redação final
seria dada pelo Ministério da Justiça. Teme a desfiguração do Projeto
pelo Poder Executivo. Rejeita a idéia de uma Carta outorgada, mas a
considera menos penosa do que a da tramitação do Projeto num Con-
gresso sem meios para imprimir-lhe o verdadeiro sentido democrático.
Receia que a futura Carta não reflita a realidade brasileira mas, tão-
somente, a diretiva do Poder Executivo. Apela ao Presidente da Re-
pública no sentido de que o Projeto seja submetido aos novos repre-
sentantes do povo, eleitos no dia 15 de novembro. Lamenta que o atual
Congresso seja pressionado a aceitar, homologar e promulgar a Carta
em elaboração. Apela para que a Revolução, que considera improfícua,
ajude pelo menos os constituintes no estudo e aprovação de uma
Carta capaz de bem orientar os destinos do Brasil. Finaliza dizendo
esperar que essa Constituição não reflita os erros dos atos institucionais
e complementares e possa atender, pelo menos em parte, os anseios de
liberdade, de justiça social, que são os anseios legítimos do povo bra-
sileiro.
(D.C.N. - Sessão I - 20-8-66, pág. 5.195) ........................... . 11
(Sessão de 29-11-66)
- Tece considerações face à convocação extraordinária do Congresso Na-
cional para elaborar a nova Carta, apoiando-se em noticiário do jornal
O Estado de São Paulo. Refere-se, de início, ao problema da Presidên-
cia do Senado, deduzindo, pelo noticiário em aprêço, que os trabalhos
da Constituinte seriam dirigidos por nova Mesa. Enaltece, no ensejo,
a figura do Presidente Moura Andrade. Ressalta, em seguida, que o
Govêrno, atribuindo ao Congresso podêres constituintes, retira-lhe a
faculdade de legislação ordinária o que deixa o Presidente da República
de mãos livres para continuar a exp~dir decretos-leis. Critica o prazo
concedido ao Congresso para apresentar emendas a uma constituição,
considerando-o irrisório em face daquele concedido à Comissão de Ju-
ristas. Admite a hipótese de a Oposição participar da elaboração cons-
titucional, salvo se o Govêrno houver estabelecido normas que tornem
inócuos os esforços no sentido de melhorar o texto do Projeto. Tece
considerações sôbre as principais normas que presidirão a reforma cons-
titucional, nos têrmos do noticiário publicado pelo O Estado de São
Paulo: a atribuição ao Congresso de podêres constituintes; a atribui-
ção de funções legislativas ao Executivo no período destinado à elabo-
ração constitucional; o prazo concedido ao Congresso para o estudo da
nova Carta; a aprovação autmnática do Projeto, na hipótese de o
Congresso não votar a Constituição até o término ela convocacão. Volta
XVII
Pág.
a discorrer sôbre a possibilidade de eleição de Mesa especial para dirigir
os trabalhos, ainda segundo a apreciação de o Estado de São Paulo,
considerando que, de acôrdo com aquêle órgão da imprensa paulista, o
Senador Aura Moura Andrade estaria condenado por haver preferido
ater-se às normas constitucionais e regimentais, a subordinar-se aos
interêsses políticos do Govêmo. Prevê a instalação, no País, de um re-
gime de fôrça institucionalizado por uma Carta. Diz ter o Govêrno
optado pelo a tual Congresso para a votação do Projeto, por temer que
os novos Deputados apresentem idéias outras que não as dêle, Govêrno,
e porque dêste Congresso logrou medidas contrárias às nossas tradições
republicano-liberais. Conclama os congressistas no sentido de resisti-
rem a tôda e qualquer espécie de coação, a fim de que a nova Cons-
tituição represente, pelo menos, algo de melhor que o atual estado de
fato.
(D.C.N.- Sessão I - 30-11-66, pág. 7.001) .......................... . 23
(Sessão de 6-1-67)
- Argumenta que o atual Congresso, não tendo recebido podêres cons-
tituintes, não poderia votar uma Constituição e que tais podêres po-
deriam ter sido dados ao Congresso pelo Presidente da República, se
fôsse sua intenção fazer votar um texto necessário à continuidade de-
moerá ti c a no Brasil.
(D.C.N. - Sessão I - 7-1-67, pág. 32) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
(Sessão de 7-1-67)
- Tece considerações sôbre o Projeto de Constituição. Apela aos Srs.
Congressistas para que aprovem emenda relativa à valorização dos Mu-
nicípios da Baixada Fluminense, apontando as necessidades da região.
Assinala que a boa técnica repudia as vinculações constitucionais em
matéria de verbas, mas considera que a prática, no Brasil, tem de-
monstrado o contrário. Afirma que o Projeto lhe merece reservas sob
os aspectos político, jurídico e econômico e apela no sentido de que,
ao menos, se procure salvar os recursos destinados à Amazônia, ao
Nordeste, ao sul do País e à Baixada Fluminense. Analisa a impor-
tância do Rio Paraíba, relativamente à Baixada Fluminense e chama
a atenção para o abandono a que tem sido relegado. Volta a criticar o
Projeto taxando-o de documento autoritário. Conclama as Bancadas
do Norte e do Sul, a fim de se unirem para que alguma coisa se salve
em benefício do povo brasileiro .
(D.C.N. - Sessão I - 8-1-67, pág. 58) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
~,·.. : ,1
XVIII
Pág.
DEPUTADO JAMIL AMIDEN
(Sessão de 19-12-66)
- Anuncia a apresentação de emenda ao Projeto de Constituição asse-
gurando ao funcionário público e autárquico, ex-combatente da Fôrça
Expedicionária Brasileira, do 1.0 Grupo de Caça da Fôrça Aérea Bra-
sileira, da Marinha de Guerra e Marinha Mercante, que tenha parti-
cipado da 2.a Guerra Mundial, o direito à aposentadoria após 25 anos
de serviço e demais vantagens previstas na legislação em vigor, à data
da promulgação da nova Carta.
(D.C.N. - Sessão I - 20-12-66, pág. 7. 372) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146
DEPUTADO JOÃO MENDES
(Sessão de 19-9-66)
- Afirma que nem o atual ou mesmo o futuro Congresso pode transfor-
mar-se em Constituinte, pois somente o povo tem capacidade para
atribuir a seus mandatários poder constituinte. Argumenta que, assim
como o Presidente da República fêz baixar o Ato Institucional n. 0 2,
pode outorgar uma Constituição.
(D.C.N. - Sessão I - 20-9-66, pág. 5. 948) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
DEPUTADO JOÃO MENEZES
(Sessão de 26-8-66)
iT - Comenta a confusão reinante na elaboração do nôvo Projeto de Cons-
tituição. Critica o silêncio que se fêz em tôrno do documento elaborado
pela Comissão de Alto Nível, assim como a opinião emitida por figuras
do Govêrno sôbre o mesmo documento. Entende que se cria um clima
de confusões incompatível com o debate, que acarreta a deturpação
da vida pública brasileira e determina a inquietação em todos os se tores.
(D.C.N. -Sessão I - 27-8-66, pág. 5.439) ........................... .. 14
SENADOR JOSAPHAT MARINHO
(Sessão de 29-11-66)
-Estranha a edição de um Ato destinado a regular o encaminhamento
ou a tramitação de emenda constitucional. Entende que há preceito
constitucional ou institucional regulando a matéria. Reporta-se ao
art. 217, § 2. 0 da Carta de 1946, que prescreve a discussão e votação
de emenda constitucional em sessão legislativa ordinária. Lembra que
o Congresso Nacional, por um Grupo de_ Trabalho designado pelo Se-
nador Moura Andrade, elaborara estudo sôbre a reforma do Poder
Legislativo e que tal estudo que fôra encaminhado ao Senhor Presiden-
te da República, fixara normas referentes a emenda constitucional.
Considera que o A. I. n.0 2/65 adotou algumas disposições dêsse es-
tudo. Conclui, quanto à tramitação de emenda constitucional, que há
preceito de ordem institucional regulando-a, inclusive no sentido de que
ela pode ter curso em sessão legislativa extraordinária. Pronuncia-se,
entretanto, pela competência soberana e exclusiva do Poder Legis-
lativo no tocante à parte adjetiva ou processual do estudo da emenda.
Prevê a hipótese de substituição da Carta de 1946, caso em que caberá
~
r- --
XIX
Pág.
ao Congresso capacidade plena para decidir, uma vez que estará exer-
cendo a tarefa soberana de Constituinte. Tacha de ato de subversão
o presumir-se uma Constituinte sem poder pleno de decisão.
(D.C.N. - Sessão II - 30-11-66, pág. 6. 326) ......................... . 1
SENADOR JOSÉ CANDIDO
(Sessão de 11-1-67)
- Analisa as dificuldades do Estado do Piauí e defende emenda de sua
autoria ao Projeto de Constituição, destinando meio por cento da re-
ceita da União à valorização e ao aproveitamento do Vale do Parnaiba
(D.C.N. - Sessão II - 12-1-67 - n.0 5, pág. 60) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
SENADOR JOSÉ ERMíRIO
(Sessão de 19-12-66)
- Critica o anteprojeto de Constituição. Declara que pontificam desa-
certos em todos os capítulos da pretendida Carta, dizendo divisar-se no
docurnento, tão-somente, uma pretensão retrógrada de fazer com que
o País seja um padrasto para com os próprios filhos e o doador bene-
merente para com os interêsses alienígenas. Fala sôbre o capítulo
que se refere à defesa mineral do País, que considera precária e sem
garantias para o interêsse nacional. Alude à emenda que ofereceu sôbre
a matéria. Estabelece um estudo comparativo entre o Brasil e outros
países a fim de dar uma idéia da ausência de conscientização política
que emana do Projeto. Cita o México e suas emprêsas supernacio-
nalizadas. Respondendo a aparte do Senador Attílio Fontana, tece con-
siderações sôbre os investimentos estrangeiros no País, os quais, afirma,
só se concretizam quando há grande vantagem para os investidores.
Dá a soma atingida pelos investimentos a partir de 1959. Reporta-se
às Instruções 289, 276 e 113. Cita o exemplo da composição da Com-
panhia de Fertilizantes Ultrafertil onde o capital estrangeiro predo-
mina, apesar da Resolução do GEIQUIM. Tece considerações sôbre a
PETROBRÃS, Volta Redonda. Analisa a fragmentação da Resolução
n.O 2/66, do GEIQUIM. Volta a falar do México e do encampamento da
Azufera Pan-Americana Sociedade Anônima. Aponta o exemplo do Chi-
le relativo à compra da maioria das ações da Braden Coper Company.
Cita publicação segundo a qual minério brasileiro de exportação proi-
bida é transferido para o patrimônio de outro Govêrno e oferecido ao
mercado internacional. Refere-se ao comércio do manganês, mercúrio,
estanho, enxôfre, apresentando dados retirados de publicações norte-
americanas. Conclama os responsáveis pela feitura das leis a se unirem
em função da defesa das riquezas minerais do País. Alude à acumu-
lação de reservas no estrangeiro, além do limite da segurança nacional.
Responde a apartes dos Senadores Attílio Fontana e Aurélio Vianna.
Conclui com referências elogiosas ao Líder do Govêrno, Senador Daniel
Krieger, pela maneira como se desencumbe de suas responsabilida-
des e fonnula um voto de confiança ao País e ao Congresso no sentido
de que continuem como sentinela avançada na fronteira dos protestos
em funcão de um Brasil mais independente e mais feliz.
(D.C.N. ~- Sessão II - 21-12-66, pág. 6 .489) · · · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·... . 92
lirr =-
XX
Pág.
DEPUTADO .JOSÉ MANDELLI
(Sessão de 19-12-66)
- Tece considerações em tôrno de duas emendas suas ao Projeto de
Constituição. A primeira, concedendo isenção de impôsto para a ope-
ração do pequeno produtor nacional; a segunda isentando de qualquer
tributo, mesmo do impôsto territorial, a propriedade até 25 hectares.
(D.C.N. - Sessão I - 20-12-66, pág. 7. 367) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
(Sessão de 10-1-67)
- Demonstra tristeza pela rejeição, na Comissão Constitucional, de emen-
da que restabelece preceito da Constituição de 1946, no seu artigo 19 e
seu parágrafo 1.0 , com a finalidade de amparar o pequeno agricultor.
Discorre sôbre o abandono em que vive esta classe e conclama os lí-
deres da ARENA e 1\IDB, no sentido de que seja sua emenda destacada
e aprovada, dispensando-se, dessa maneira, ao rurícola, um pouco
de justiça e reconhecimento.
(D.C.N. - Sessão I - 11-1-67, pág. 104) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
DEPUTADO LINO BRAUN
(Sessão de 20-12-66)
- Comunica que na votação do Projeto de Constituição ado tará na ín-
tegra o voto do 1\IDB, emitido na Comissão Especial.
(D.C.N. - Sessão I - 21-12-66, pág. 7 .408) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 146
DEPUTADO MANOEL NOVAIS
(Sessão de 13-12-66)
- Afirma que apresentará emenda restabelecendo o art. 29 do Ato das
Disposições Transitórias da ConstitUição de 1946, que assegura ao São
Francisco 1% da renda tributária do País.
(D.C.N. - Sessão I - 14-12-66, pág. 7 .155) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 131
DEPUTADO MARIO TAMBORINDEGUY
(Sessão de 14-12-66)
- Manifesta esperança de que a nova Constituição se constitua em ins-
trumento capaz de assegurar a prosperidade e o bem-estar de todo o
povo brasileiro. Afirma que pretendia reivindicar um elenco de me-
didas em favor do Estado do Rio, com a destinação de um percentual
de aplicação obrigatória para a Valorização do Rio Paraíba e da Bai-
xada Fluminense. Entretanto, subordinado às diretrizes fixadas no
nôvo projeto de Constituição, aguarda o momento oportuno para de-
fender as reivindicações do povo fluminense.
(D.C.N. - Sessão I - 15-12-66, pág. 7 .176) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
DEPUTADO MEDEIROS NETO
(Sessão de 16-12-66)
- Examina a luz da História as denominações "Estados Unidos do Brasil"
e "Brasil", face à preferência do Projeto Constitucional pela última.
Manifesta-se pelo exame do Texto por parte de um filólogo à guisa
do que foi feito em 1946.
(D.C.N.- Sessão I - 17-12-66, pág. 7.285) . . . .. . .. . .. . . .. .. .. .. . . .. . 138
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11111111
XXI
Pág.
(Sessão de 20-12-66)
- Apela no sentido de que se restaure, no texto da Constituição que o
Congresso vai aprovar, os artigos 76, 77 e parágrafos da Constituição
de 1946.
(D.C.N. - Sessão I - 21-12-66, pág. 7 .411) ......................... . 146
(Sessão de 10-1-67)
- Congratula-se com a Comissão Constitucional pela aprovação das
emendas que atendem às reivindicações formalizadas pela Igreja Cató-
lica. Demonstra apreensões com a adoção do casamento religioso de
efeitos civis. Refere-se à necessidade de se dispensar assistência re-
ligiosa às Fôrças Armadas em tempo de paz e de guerra, expressando
satisfação por se tratar de matéria constante de emenda oferecida pelo
Deputado Arruda Câmara, já aprovada pela Comissão. Reivindica in-
serção, no texto Constitucional, de preceito que torne obrigatória a
representação diplomática. do nosso País, junto ao Vaticano.
(D.C.N. - Sessão I - 11-1-67, pág. 106) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
(Sessão de 23-11-66)
-Demonstra seu aprêço pela Constituição de 1946, acentuando que os
nossos grandes documentos políticos padecem sempre de efemeridade
e não por culpa imanente à sua elaboração, mas por nossa incapacidade
de aplicá-los, de nos adaptarmos a êles quando convenha e de entendê-
los quando preciso. Atribui a efemeridade dos nossos grandes documen-
tos à volubilidade do temperamento brasileiro, pouco afeito a moldes
rígidos. Sob êsse aspecto, analisa as constituições republicanas, de 1891
a 1946. Detem-se na Constituição de 1946, que considera documento
eficiente, fazendo referência a diversos pontos, especifican1ente criti-
cados por muitos: a atuação politica da Capital Federal; a delegação
de atribuições. Discorre sôbre as Seções: "Das Atribuições do Poder
Legislativo", "Das Leis" e sôbre o Capítulo e Seção, respectivamente,
"Do Poder Executivo" e "Da Responsabilidade do Presidente da Re-
pública". Alude aos Títulos "Da Declaração dos Direitos" e "Da Ordem
Econômica e Social", estendendo-se sôbre a controvérsia que se esta-
belece sôbre a atuação do Estado na ordem econômica e na orien-
tação neo-capitalista daquela Carta. Conclui afirmando que a nova
Constituição enfrenta um dilema: ou repete a atual, ou a modifica
fundamentalmente, criando novos motivos de conflitos, não devendo,
nesta hipótese, ser discutida ou votada antes que amadureça. Formula
críticas à nossa sofreguidão e afoiteza na tarefa legislativa. Exempli-
fica essa sofreguidão com o fato de o Presidente da República haver
baixado no último dia do recesso manu militari à que levou o Congresso,
quarenta decretos-leis e apela no sentido de que se deixe em paz a
Carta de 1946, incorporando-se-lhe ao texto a matéria que se julgar
conveniente.
(D.C.N. - Sessão I - 24-11-66, pág. 6.815) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Pág.
DEPUTADO PADRE NOBRE
(Sessão de 17-12-66)
Pág.
DEPUTADO ROMULO MARINHO
(Sessão de 11-1-67)
r--
I \
íNDICE DE ASSUNTOS
Pág.
ACUMULAÇÃO DE CARGOS
- A~lau~e o art. 9? _do Projeto que permite a acumulação de dois cargos
pnvat1vos de medico. Senador Silvestre Péricles - Senado Federal -
Sessão de 19-12-66. . . . . . . . . . ........................................ . 67
ADVOGADOS
- Lembra a oportunidade de se fazer a inserção definitiva, na Carta
Magna, dos direitos que assistem aos de terem uma representa-
ção nos Tribunais Regionais do Trabalho. - Deputado Padre Nobre-
Câmara dos Deputados. - Sessão de 17-12-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140
AGRICULTOR
- Refere-se à rejeição, pela Comissão Constitucional, de emenda que res-
tabelece preceito da Carta de 1946, visando a amparar o pequeno pro-
dutor.
- Defende a isenção de tributos para a propriedade que não ultrapasse 25
hectares, assim como para a operação do pequeno produtor nacional.
Deputado José Mandelli Câmara dos Deputados Ses-
são de 19-12-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
AMAZóNIA
- Critica a inexistência, no Projeto, de recursos, não só para a - como
para a Bacia do São Francisco.
- Reporta-se à emenda à Carta de 1946 que destina 3% da arrecadação
total do País ao desenvolvimento da . Deputado Antunes de Oli-
veira - Câmara dos Deputados - Sessão de 13-12-66 . . . . . . . . . . . . . . 133
- Condena a exclusão, do texto do Projeto, de dispositivo concernente ao
desenvolvimento da . Senador Argemiro de Figueiredo. Senado
Federal - Sessão de 5-1-67 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
- Reclama a ausência de recursos no Texto Constitucional para o Nor-
deste e para o Plano de Valorização Econômica da Senador Ed-
mundo Levi - Senado Federal - Sessão de 6-1-67. . . . . . . . . . . . . . . . . 107
- Formula apêlo no sentido de que se procure salvar, no Projeto de Cons-
tituição, os recursos destinados à ao Nordeste, ao sul do País e
à Baixada Fluminense. Deputado Getúlio Moura - Câmara dos Depu-
tados - Sessão de 7-1-67. . .................. · · · ·. · · · · · · · · · · · · .. · .. · 154
APOSENTADORIA
- Anuncia a apresentação de emenda ao projeto de Constituição, a fim
de conceder aos servidores públicos a - - - aos 30 anos - Deputado
Benjamin Farah _ câ 1nara dos Deputados - Sessão de 13-12-66 . . . . 130
XXIV
Pág.
DEPUTADO RôMULO MARINHO
(Sessão de 11-1-67)
r
I!
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I
I)
íNDICE DE ASSUNTOS
Pág.
ACUMULAÇAO DE CARGOS
AGRICULTOR
- Refere-se à rejeição, pela Comissão Constitucional, de emenda que res-
tabelece preceito da Carta de 1946, visando a amparar o pequeno pro-
dutor.
·- Defende a isenção de tributos para a propriedade que não ultrapasse 25
hectares, assim como para a operação do pequeno produtor nacional.
Deputado .José Mandelli Câmara dos Deputados Ses-
são de 19-12-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
AMAZôNIA
Critica a inexistência, no Projeto, de recursos, não só para a - como
-
para a Bacia do São Francisco.
- Reporta-se à emenda à Carta de 1946 que destina 3% da arrecadação
total do País ao desenvolvimento da . Deputado Antunes de Oli-
veira - Câmara dos Deputados - Sessão de 13-12-66 . . . . . . . . . . . . . . 133
- Condena a exclusão, do texto do Projeto, de dispositivo concernente ao
desenvolvimento da . Senador Argemiro de Figueiredo. Senado
Federal - Sessão de 5-1-67 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
- Reclama a ausência de recursos no Texto Constitucional para o Nor-
de~te e para o Plano de Valorização Econômica da Senador Ed-
mundo Levi - Senado Federal - Sessão de 6-1-67. . . . . . . . . . . . . . . . . 107
- Formula a pêlo no sentido de que se procure salvar, no Projeto de Cons-
tituição, os recursos destinados à ao Nordeste, ao sul do País e
'
I
~ à Baixada Fluminense. Deputado Getúlio Moura - Câmara dos Depu-
tados - Sessão de 7-1-67. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154
APOSENTADORIA
- Anuncia a apresentação de emenda ao projeto de Constituição, a fim
de conceder aos servidores públicos a aos 30 anos - Deputado
Benjamin Farah - Câmara dos Deputados - Sessão de 13-12-66 . . . . 130
1 nmr 11
XXVI
Pág.
- Protesta contra o dispositivo do nôvo projeto de Constituição que dá ao
funcionário público a aos 35 anos de serviço - Deputado Pedro
Marão - Câmara dos Deputados - Sessão de 13-12-66. . . . . . . . . . . . . 130
- Anuncia a apresentação de emenda que visa a assegurar ao funcio-
cionário público e autárquico ex-combatente da Fôrça Expedicionária
Brasileira o direito à após 25 anos de serviço -Deputado Jamil
Amiden - Câmara dos Deputados - Sessão de 19-12-66 . . . . . . . . . . . . 146
- Defende emenda ao projeto de Constituição no sentido de conceder aos
funcionários públicos a aos 30 anos de serviço - Deputado
Unírio. Machado -·câmara dos Deputados - Sessão de 19-12-66. . . . . 145
Congratula-se com os servidores civis pelo parecer favorável, do Sub
Relator da Comissão Constitucional, à emenda sôbre a aos 30 anos
de serviço -Deputado Benjamin Farah - Câmara dos Deputados -
Sessão de 5-1-67 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
- Assinala que o M.D.B tomou posição favorável a emenda que concede
aposentadoria aos servidores civis, aos 30 anos de exercício - Deputado
Benjamin Farah - Câmara dos Deputados- Sessão de 11-1-67 . . . . . . 160
ASSIST~NCIA RELIGIOSA
- Refere-se à necessidade de se dispensar às Fôrças Armaàas em
tempo de paz e de guerra. Deputado Medeiros Neto- Câmara dos Depu-
tados - Sessão de 10-1-67. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
ATO CONVOCATóRIO
·- Critica o Senador Afonso· Arinos - Senado Federal - Sessão
de 14-12-66 ........................................................... . 28
ATO INSTITUCIONAL N.o 2
- Comenta a posição do Presidente da República contrária à revogação dos
arts. 14 e 15 do , Deputado Derville Alegretti- Câmara dos Depu-
tados - Sessão de 19-9-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
- Pleiteia a revogação dos arts. 14 e 15 do Senador Aurélio Vianna
- Senado Federal - Sessão de 29-11-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Pág.
BRASíLIA
- Apresenta emenda que visa a tornar "anexada ao Estado de Goiás
como sua Capital efetiva." Deputado Eurico de Oliveira - Câmara do~
Deputados - Sessão de 13-12-66. . ................................... . 131
CAPITAIS, AUTONOMIA DAS (Vide "MUNICíPIOS")
CARTA OUTORGADA
- Afirma que se o Sr. Presidente da República garantir que o Congresso
não vai referendar uma e que o trabalho dos Srs. Congressistas
será para ajustar a nova Constituição à realidade nacional, o M.D.B.
estará pronto a prestar a sua colaboração leal e desinteressada- Depu-
tado Humberto El-.Jaick- Câmara dos Deputados- Sessão de 17-8-66 11
CASAMENTO RELIGIOSO
- Demonstra apreensão quanto à adoção na Carta, do com efeitos
civis. Deputado Medeiros Neto - Câmara dos Deputados - Sessão
de 10-1-67............................................................ . 158
CASSAÇõES DE DIREITOS POLíTICOS (Ver SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL)
-··""'-~---·-~
2LL&
XXVIII
Pág.
- Alude à omissão, na introdução ao Projeto, quanto à competência do
---para modificá-lo e emendá-lo. Senador Afonso Arinos - Senado
Federal - Sessão de 15-12-66 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
- Assinala que se a Carta, na verdade, não vem em ordem, não consulta
princípios normais da Democracia e não respeita as altas prerrogativas
do e mais, atenta contra direitos individuais e é contraditória no
seu conteúdo, a responsabilidade não cabe ao Sr. Presidente da Repú-
blica; perante a História, à Câmara e ao Senado cabe a responsabilidade
pela aprovação da Carta Constitucional, boa ou má, pela sua promulgação
para restabelecer a ordem jurídico-constitucional no País - Senador
Argemiro de Figueiredo - Senado Federal - Sessão de 5-1-67 101
CONSTITUIÇAO-INSTRUMENTO
- Considera o projeto uma Constituição Instrumento. Senador Afonso
Arinos -Senado Federal- Sessão de 14-12-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
CONSTITUIÇõES
-Tipos de--- segundo as situações políticas. Suma. Ins-
trumento. Senador Afonso Arinos - Senado Federal Sessão
de 14-12-66lo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
CONSTITUIÇõES BRASILEIRAS
-
Analisa as afirmando que sempre copiamos normas legais, pro-
cessos europeus e estadunidenses e que não podemos manter êsse velho
marginalismo jurídico- Deputado Brígido Tinoco- Câmara dos Depu-
tados - Sessão de 27-4-66 ........................................... . 4
-Analisa as Constituições da República, pondo em evidência a preocupa-
ção de justiça social existente na Carta de 1946. Deputado Getúlio Mou-
ra- Câmara dos Deputados- Sessão de 19-8-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
-Demonstra seu aprêço pela de 1946 e entende que o Govêrno deve
dominar seu furor legislativo.
- Atribui a efemeridade das à volubilidade do temperamento do
nosso povo, pouco afeito a moldes rígidos.
- Analisa as Republicanas de 1891 a 1946.
- Discorre sôbre diversas Seções, Títulos e Capítulos da de 1946,
elogia a aludida Carta e formula apêlo no sentido de que seja preser-
vada, incorporando-se-lhe ao texto a matéria que se julgar conveniente.
Deputado Oscar Corrêa- Câmara dos Deputados- Sessão 23-11-66 17
CONSTITUINTE
- Alude à Comissão de Juristas encarregada de concretizar a consolidação
constitucional e pronuncia-se pela convocação de uma Deputado
Brígido Tinoco - Câmara dos Deputados - Sessão de 27-4-66. . . . . . . 4
- Afirma que nem o atual nem o futuro Congresso podem transformar-se
em Constituinte, pois somente o povo tem capacidade para atribuir a
seus mandatários poder constituinte - Deputado João Mendes _ câ-
n1ara dos Deputados - Sessão de 19-9-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
XXIX
Pág.
DECRETOS - LEIS
- Critica a sofreguidão legislativa do Presidente da República que, no re-
cesso manu militari imposto ao Congresso, baixou quarenta . Depu-
tado Oscar Corrêa- Câmara dos Deputados- Sessão de 23-11-66 .... 17
DELEGAÇÃO DE ATRIBUIÇõES
- Manifesta-se desfa vará vel à no regime presidencial, tanto quanto
a admite no regime parlamentarista. Deputado Oscar Corrêa - Câ-
mara dos Deputados - Sessão de 26-8-66 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
DESEMPRÊGO
- Anuncia a apresentação de emenda que diz respeito ao combate ao -
Deputado Eurico de Oliveira - Câmara dos Deputados - Sessão
de 13-12-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS
- Analisa a importância do Capítulo dos . Focaliza o art. 149 do
Projeto. Esclarece que ali não se reconhece o caráter auto-aplicável de
nenhum direito, quando entre os direitos públicos individuais há nume-
rosos que são auto-aplicáveis. Critica e considera insubsistente a técnica
empregada no dispositivo. Senador Afonso Arinos - Senado Federal -
Sessão de 19-12-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
- Continua analisando o Capítulo do Projeto de Constituição que trata dos
- - - . Senador Afonso Arinos- Senado Federal- Sessão de 20-12-66 78
EDUCAÇÃO
- Critica a eliminação da gratuidade do ensino superior, que fica restrito
à concessão de bôlsas, no projeto de Constituição. Aplaude, porém,
o art. 168 do projeto que garante a liberdade de cátedra - Deputado
Ewaldo Pinto- Câmara dos Deputados -Sessão de 13-12-66 . . . . . . . . 132
- Assinala que é sua intenção incluir dispositivo que restabeleça a vin-
culação existente na Constituição de 1946, ampliando a percentagem de
10 para 12%, para o desenvolvimento do ensino, da , como tam-
bém estabelecer a vinculação de 2% para aplicação na pesquisa cientí-
fica e tecnológica - Deputado Ewaldo Pinto - Câmara dos Depu-
tados - Sessão de 14-12-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
- Defende emenda que visa a manter na nova Carta percentual que se
destine ao desenvolvimento da Deputado Ewaldo Pinto, Câ-
mara dos Deputados - Sessão de 6-1-67 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
ELABORAÇÃO CONSTITUCIONAL
- Comenta a confusão reinante na elaboração da nova Carta - Depu-
tado João Menezes- Câmara dos Deputados- Sessão de 26-8-66 . . . . 14
- Formula apêlo a todos os Congressistas no sentido de que, durante a
- - - , esqueçam as prevenções, resistam a qualquer espécie de coação,
considerando que a futura Carta será promulgada pela Mesa do Congres-
so e tendo em vista a necessidade da obtenção de um Texto que possa
servir de instrumento à prosperidade do Brasil. Deputado Getúlio Mou-
ra - Câ1nara dos Deputados - Sessão de 29-11-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
XXX
Pág.
·- Afirma que defenderá a tese de que a Oposição deverá participar do
processo de elaboração da nova Carta da República, mas condenará a
sua colaboração com os atuais detentores do Poder - Senador Aurélio
Viana- Senado Federal- Sessão de 29-11-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
- Afirma que não entende como, num final de mandato de congressistas, se
possa votar uma Constituição inspirada num Govêrno que não foi, na
realidade, um Govêrno den1ocrático - Deputado Renato Celidônio -
Câmara dos Deputados - Sessão de 14-12-66 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
ELEIÇAO INDIRETA
-Critica a para o Presidente da República - Deputado Ewaldo
Pinto - Câmara dos Deputados - Sessão de 13-12-66 . . . . . . . . . . . . . . 132
-Discorre sôbre a transformação do Executivo em poder oligárquico,
em poder emanado de uma . Diz não serem os Estados Unidos
da América governados por via de . Senador Afonso Arinos -
Senado Federal - Sessão de 16-12-66 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
-Condena a para Presidente da República. Senador Argemiro de
Figueiredo - Senado Federal - Sessão de 5-1-67. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
I'
XXXI
Pág.
- Assinala que o atual projeto de Constituição tem o propósito de destruir
o sistema federativo brasileiro- Senador Edmundo Levi- Senado Fe-
deral - Sessão de 6-1-67 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
FRONTEIRA DO SUDOESTE
- Defende emenda de sua autoria ao projeto de Constituição que obriga
o Govêrno Federal a aplicar, anualmente, durante 20 anos, quantia
não inferior a 1% de sua renda tributária, para execução do Plano de
Valorização Econômica da região da do País - Deputado An-
tônio Bresolin - Câmara dos Deputados - Sessão de 17-12-66 . . . . 141
FUNCIONARIOS, EFETIVAÇÃO DE
- Congratula-se com o funcionalismo civil, pelo acolhimento que a Comis-
são Constitucional deu à emenda que dispõe sôbre a efetivação de fun-
cionários - Deputado Benjamin Farab - Câmara dos Deputados -
Sessão de 9-1-67 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
- Congratula-se com a Co1nissão Constitucional pela aprovação da Emen-
da n. 0 14, que regula a Deputado Rômulo Marinho - Câmara
dos Deputados - Sessão de 11-1-67 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160
IGREJA CATóLICA
- Congratula-se com a Comissão Constitucional pela aprovação de emen-
das contendo as reivindicações formalizadas pela Deputado Me-
deiros Neto - Câmara dos Deputados - Sessão de 10-1-67 . . . . . . . . . . 158
I:MPEACHMENT
- Critica o Anteprojeto por conservar o instrumento do Deputado
Oscar Corrêa - Câmara dos Deputados - Sessão de 26-8-66. . . . . . . . . 15
IMPôS TO
- Afirma que apresentará emenda ao projeto de Constituição que concede
isencão de impôsto para a operação do pequeno produtor nacional -
Dep~tado José Mandelli - Câmara àos Deputados - Sessão de 19-12-66 145
D &&a
XXXII
Pág.
IMPOSTO TERRITORIAL
-Afirma que apresentará emenda ao projeto de Constituição, que isenta
de qualquer tributo, mesmo do impôsto territorial, a propriedade até
hectares- Deputado José Mandelli- Câmara dos Deputados- Sessao
:s
de 19-12-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
IMPRENSA
- Analisando o Capítulo "Dos Direitos e Garantias Individuais", alude a
direitos que poderão ser violados, referindo-se em particular a liber-
dade de . Acentua que a técnica empregada pelo Projeto criará a
figura legal e jurídica, mas repugnante, da censura prévia que nunca
existiu em nosso Direito. Senador Afonso Arinos - Senado Federal
- Sessão de 20-12-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
INCO:MPE~NCIA DO PRESIDENTE DA REPúBLICA (Vide "PRESI-
DENTE DA REPúBLICA")
INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS
- Tece considerações sôbre os no País. Senador José Ermírio- Se-
nado Federal - Sessão de 19-12-66 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
JURISDIÇÃO MILITAR
- Considera absurda a jurisdição militar sôbre os civis - Senador Afon-
so Arinos - Senado Federal - Sessão de 16-12-66.................. . 53
MEDICINA, Socialização da
-Anuncia a apresentação de emenda referente à - Deputado Eurico de
Oliveira- Câmara dos Deputados- Sessão de 13-12-66. . . . . . . . . . . . . . . 131
MINERAL, Defesa
- Critica, no Projeto de Constituição, o Capítulo que se refere à - - -
Senador José Ermírio- Senado Federal- Sessão de 19-12-66. . . . . . . . . 92
MIN~RIO, Exportação de
- Comenta que minério brasileiro de exportação proibida é transferido
para o patrimônio de outro Govêrno e oferecido ao mercado interna-
cional. Senador José Ermírio - Senado Federal - Sessão de 19-12-66 92
MULHER
-Anuncia a apresentação de emenda que torna obrigatório para as mu-
lheres, entre 18 e 25 anos, um estágio em hospitais e casas de saúde a
fim de se fazerem enfermeiras socorristas de emergência. Deputado
Eurico de Oliveira- Câmara dos Deputados - Sessão de 13-12-66 131
Pág.
-
Anuncia emenda ao Projeto de Constituição que concede autonomia às
Capitais dos Estados. Deputado Argilano Dário - Câmara dos Deputados
- Sessão de 14-12-66. . .. 135
- Condena a nomeação de p~~f~lt~; ·~~;~. ~~. c·~;it~.i~. d~~. E;t;d~~ ·~ .s~~
nadar Argemiro de Figueiredo- Senado Federal- Sessão de 5-1-67 .. 101
- Defende a autonomia das Capitais - Deputado Argilano Dário - Câ-
mara dos Deputados - Sessão de 5-1-67 ......... 147
II
o ••••••••••••••• o ••
NATURALIZAÇÃO DE ESTRANGEIROS
I
- Defende emenda que visa a facilitar a residentes no Brasil -
Deputado Antônio Bresolin - Câmara dos Deputados - Sessão
de 17-12-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
- Defende emenda ao projeto de Constituição que facilita a Depu-
tado Antônio Bresolin - Câmara dos Deputados - Sessão de 6-1-67 151
PARLAMENTAR,GOV~RNO
PESQUISA CIENTíFICA
- Defende emenda que tem por objetivo manter na nova Carta percentual
I
destinado ao desenvolvimento da pura e aplicada. Deputado
Ewaldo Pinto- Câmara dos Deputados -Sessão de 6-1-67 . . . . . . . . . . 150
I PETROBRAS
- Vê no art. 157, §8.o do projeto de Constituição perigo para a Se-
nador Afonso Arinos -Senado Federal- Sessão de 16-12-66. . . . . . . . .
- Tece considerações sô bre a . Senador José Ermírio - Senado Fe-
53
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XXXIV
Pág.
PIAUí- Estado do (Ver VALE DO PARNAíBA)
PLANEJAMENTO
- Demonstra sua tristeza ao· constatar que o projeto de Constituição não
aborda o tema do planej amento - Deputado Clóvis Pestana - Câmara
dos Deputados - Sessão de 19-12-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
PODER CIVIL E PODER MILITAR.
- Declara existir, no texto do Projeto, contradição entre o poder civil e
o poder militar e discorre sôbre o assunto. Senador Afonso Arinos- Se-
nado Federal - Sessão de 15-12-66............................ o o o o o. 40
PODER EXECUTIVO
-Examina o problema da atribuição de funções legislativas ao Executivo
no período destinado à elaboração constitucional. Deputado Getúlio
Moura- Câmara dos Deputados- Sessão de 29-11-660 o o o ••• o o o o. o . . . 23
- Sustenta a preliminar da inoportunidade da elaboração constitucional e
protesta contra a usurpação por parte do , determinando normas
ao Congresso Nacional para a tramitação do projeto de Constituição-
Deputado Flôres Soares- Câmara dos Deputados -Sessão de 13-12-66 128
- Discorre sôbre o fortalecimento do , como conseqüência da institu-
cionalização das revoluções politicas. Senador Afonso Arinos - Senado
Federal- Sessão de 16-12-66.. o ••• o. o o o o o •• o o •••••••••• o o o ••••••• o o... 53
PODER JUDICIARIO
- Assinala que o Projeto de Constituição mantém ·a integridade das atri-
buições do , aludindo, porém, a distorções existentes no terreno da
competência dêsse Poder. Senador Afonso Arinos - Senado Federal-
Sessão de 16-12-66. . . o o o o ••• o o o o ••••••••• o o ••• o •• o • o o •• o o • o o •• o • o o • o • 53
PODER LEGISLATIVO.
-
Pronuncia-se pela competência soberana e exclusiva do no to-
cante à parte adjetiva ou processual do estudo da emenda Constitu-
cional. Senador J"osaphat Marinho - Senado Federal - Sessão
de 29-11-66. . .. o ••••••• o •• o • o o •••••••• o ••••••••••• o •••••• o •• o o o ••• o • • • 1
- Esclarece que constitui característica da revolução politica o fato de o
Projeto diminuir consideràvelmente as atribuições do , a sua lm-
ciativa, o seu poder de contrôle, transferindo a soma destas atribuições,
desta iniciativa e dêste poder de contrôle para as mãos do Executivo.
Senador Afonso Arinos - Senado Federal - Sessão de 16-12-66 . . . . • 53
- Expressa seu pesar pela rejeição na Comissão Constitucional de emenda
no sentido de ser mantida no a atribuição de regular o pagamento
dos vencin1entos de seus funcionários - Deputado Nelson Carneiro -
Câmara dos Deputados - Sessão de 9-1-67 ......... o •••• o •••••• o. o . . . 157
POD~RES CONSTITUINTES
- Ressalta que o Govêrno, atribuindo ao Congresso , retira-lhe a
faculdade de legislação ordinária. Deputado Getúlio Moura - Câmara
dos Deputados - Sessão de 29-11-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
...
·1
XXXV
Pág.
- Argumenta que o atual Congresso não tendo recebido , não pode-
ria votar uma Constituição - Deputado Getúlio Moura - Câmara
dos Deputados - Sessão de 6-1-67 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
POD~RES DE EMERG~NCIA
PRESID~NCIA DO SENADO
-Alude ao problema da , e à hipótese de os trabalhos da Consti-
tuinte serem dirigidos por nova Mesa. Deputado Getúlio Moura - Câ-
mara dos Deputados- Sessão de 29-11-66. ..... ..... .... ............. 23
PRESIDENCIALISMO
- Critica o regime presidencialista a que atribui os fracassos da vida pú-
blica brasileira. Deputado Oscar Corrêa- Câmara dos Deputados- Ses-
são de 26-8-66. . ..................... · . · · . · · · · · .... · ........ · . . . . . . . . . 15
Pág.
REGIAO FRONTEIRA
- Defende emenda ao projeto de Constituição que obriga o Govêrno a apli-
car, anualmente, durante 20 anos, quantia não inferior a 1% de suas
rendas tributárias para execução dos planos da Superintendência do
Plano de Valorização Econômica da do País- Deputado Antônio
Bresolin- Câmara dos Deputados -Sessão de 6-1-67 .............. . 151
REPRESENTAÇAO DIPLOMATICA
- Reivindica inserção no Texto Constitucional, de preceito que torna obri-
gatória a do País, junto ao Vaticano. Deputado Medeiros Neto -
Câmara dos Deputados- Sessão de 10-1-67. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158
Pág.
TRABALHADOR- GRATIFICAÇÃO ANUAL DO
- Reporta-se a proposição de sua autoria, inspirada na Constituição de
1946 referente à concessão de . Deputado Pedroso Júnior - Câ-
mara dos Deputados - Sessão de 11-1-67 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
VALE DO PARNAíBA
- Analisa as dificuldades do Estado do Piauí e defende emenda de sua
autoria ao projeto de Constituição que destina meio por cento da
receita da União à valorização e ao aproveitamento do Senador
José Cândido - Senado Federal - Sessão de 11-1-67. . . . . . . . . . . . . . . . 118
VOLTA REDONDA
- Tece considerações sôbre - - - . Senador José Ermírio - Senado Fe-
deral - Sessão de 21-12-66. 92
VOTO
- Critica o a descoberto. Senador Aurélio Vianna - Senado Fe-
deral - Sessão de 29-11-66. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
DISCURSOS PRONUNCIADOS NO SENADO FEDERAL E NA CÂMARA
DOS DEPUTADOS ANTES DO ENVIO DO PROJETO DE NOVA
CONSTITUIÇÃO AO CONGRESSO NACIONAL
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'mwg!! &
-4
defender os seus direitos, participan- Mas, Sr. Presidente, o Ex.mo Sr.
do da elaboração de uma Constitui- Presidente da República acaba de
ção e combatendo todo o processo nomear uma comissão de notáveis
antidemocrático, todos os pensa- juristas, presidida pelo meu ilustre
mentos e idéias que firam os direi- e digno conterrâneo, Professor Levi
tos fundamentais do homem brasi- Carneiro, para cuidar da consolida-
leiro, do cidadão brasileiro e porfi- ção constitucional, com o objetivo
ando e trabalhando para que a Cons- de consagrar um corpo institucional
tituição a ser elaborada represente uniforme.
aquêles ideais pelos quais se bateram Confesso, Sr. Presidente, sou pela
os brasileiros durante a última ca- convocação de uma Constituinte que
tástrofe universal, a segunda guerra modifique o teor dos nossos passos,
universal, defendendo aquêles prin- que proceda, pelo menos, a uma re-
cípios que estão esculpidos na Carta visão de práticas mentais. As leis
das Nações Unidas e que tiveram o que circundam as instituições de
nosso apoio, o nosso placet, o nosso um povo devem ser modeladas com
referendo." precaução, em consonância com os
hábitos e a formação das sociedades
CÃMARA DOS DEPUTADOS em que atuam. Sem isso, o Direito
O Deputado NORONHA FILHO CMDB- não poderá preservar seus princi-
Guanabara) (3) dá conhecimento à Câ- pais objetivos, tais como a justiça
mara dos Deputados de telegrama que e a segurança sociais.
enviou ao Professor Orozimbo Nonato, Sempre copiamos normas legais e
como seu antigo aluno e discípulo, estra- processos europeus, bem como esta-
nhando o seu silêncio diante das repe- dunidenses. Não podemos manter
tidas notícias de que fará parte da me- mais o velho marginalismo jurídico
lancólica e triste Comissão de Juristas, que nos proporcionou um conflito
com a finalidade de outorgar uma nova de cultura e contradições que até
hoje laceram a alma do País. Na-
Constituição Fascista à Nação Brasileira.
buco de Araújo dizia muito bem que
Na sessão de 27 de abril de 1966, o "a melhor qualidade das leis é a sua
Deputado BRíGIDO TINOCO (sem le- relação com as circunstâncias lo-
genda-Rio de Janeiro (4) faz um his- cais". Mas o Brasil ainda não se
tórico de tôdas as Constituições brasi- quis aperceber desta realidade. Num
leiras. Vamos recordá-lo: acinte ao espírito dominante, as
transformações irrompem à sombra
"Sr. Presidente, como antigo Consti- de leis inadaptáveis. Não são orgâ-
tuinte, que pôde prestar serviços, nicas, não vêm de dentro para fora,
pequeninos embora, à nossa Carta o que redunda em permanente ins-
Magna, quero confessar que ela já tabilidade. Por indolência espiritual,
se encontra ultrapassada, batida não sistematizamos as ocorrências
pelo tempo, alheia à realidade bra- fundamentais de nossa história.
sileira. Além disso, a Revolução Nessa vilegiatura do espírito, com-
acrescentou emendas e atos que a plicamos problemas de clareza me-
tornaram paradoxal em alguns pon- ridiana, como São Bernardo, que,
tos. Devo proclamar, desde logo, com antes de descobrir os dramas da
espírito de justiça que a Revolução
também corrigiu alguns erros e dis- (3 ) D.C.N. (Seção I) de 14-4-66 - pág. 1.706
torções. ( 4) D.C.N. (Scção I) - Suplemento ao n.o 54
-- 28-4-66 - púg. 6
5-
alma, dizia ser Deus incompreensí- seu mais alto sentido, no dizer de
vel. Assim, nossos males vêm dos Gurvitch, é fruto da experiência
homens e das instituições fantásti- crucial de populações organizadas e
cas que criamos. Montaigne, o irre- amadurecidas à pressão moduladora
verente Montaigne, dizia muito bem do meio. Na concepção de nossas
que o homem nunca deve afirmar leis, erramos no Brasil-Colônia; er-
que tem sarna no traseiro, antes de ramos com os Andradas na Consti-
saber o que é sarna e o que é tra- tuição projetada; erramos com Car-
seiro. neiro de Campos e Nogueira da
Gama, na Constituição outorgada
Pois bem, hoje, para o estudo dos que êles prepararam para D. Pedro
preceitos supremos do Estado, en- I, e voltamos a errar com Rui na
contra-se em pauta o método his- Constituição Republicana e nas de-
tórico-filosófico de que nos fala mais porque tivemos acima de tudo
Gaetano Mosca, o preclaro consti- o amor ao traslado, à cópia arbi-
tucionalista de Turim. Nêle mergu- trária e irreverente.
lham raízes os contingentes da so- É fácil demonstrar o que nos custa-
ciologia e da história. A Constitui- ram em tragédia todos êsses equí-
ção de um povo e sua a ti vidade são vocos. No Brasil-Colônia não tratou
a tualmen te dissecados, tendo em o legislador português de conhecer
vista a dinâmica da política preco- o verdadeiro estado da consciência
nizada em largos moldes pelo escan- jurídica do povo que o habitava. No
dinavo Kilen. Por outro lado, o entanto, à revelia da própria me-
chamado Direito Social conseguiu, trópole fundá vamos nova ordem
em nossos dias, extraordinária res- econômica, social e poli ti c a. Uma
sonância jurídica subvertendo de população inquieta reformulava
maneira sensível as regras do clas- quase insensivelmente, com os seus
sicismo liberal. Brethe de La Gras- erros e costumes, os dispositivos le-
saye, ao estudar o papel do coope- gais importados. O arbítrio e a in-
rativismo, já o sentia vivo, palpi- justiça, através dos anos, armaram
tante em suas autênticas dimensões os braços de índios, de negros e
diante de uma realidade indissimu- mestiços, de trabalhadores em geral
lável que punha por terra o indivi- e de homens de tôdas as classes,
dualismo fundamental de alguns para os movimentos de protesto e
juristas. Em seu "Tratado de Direi- de libertação que enriqueceram a
to Operário", Jesus Castorena põe História Pátria.
diante de nós o quadro atual da Aqui se arraigou, de longa data, o
classe trabalhadora com sua norma hoje conhecido direito de resistên-
jurídica peculiar, intangível, emol- cia, que foi nosso escudo na vida
durando uma nova fôrça política de dos pleitos, em face do descumpri-
poder, espécie de constituição pro- mento ou da agressividade das leis.
letária paralela à constituição polí-
Autêntica revelação de desígnios
tica. Tais direitos específicos que
humanos, essas atitudes heróicas
edificaram a democracia social pai-
entre nós modificaram, em plena
ram acima dos interêsses profissio-
caminhada, o estalão assistencial, o
nais, projetam-se em sentido sócio-
conceito jurídico e a relação dos ho-
econômico na alma da Nação e
importam na preservação do regilne mens entre si.
político. J!:sse direito social que con- E podemos exemplificar, para que
substancia o direito trabalhista no observem a fôrça do povo na orga-
6-
nização das leis de uma nação: no dias antes do seu supremo sacrifí-
Maranhão, há três séculos e meio, cio, desafiara o Conde de Assumar,
o Padre Luiz Figueira, à frente da nestes têrmos: "A lei não vos au-
arraia miúda, conseguiu revogar a toriza a agir sumàriamente, e em
Lei dos Machados, acêrca do cati- nome da lei nos rebelamos".
veiro perpétuo; no Ceará, à mesma
época, a classe média rebelada obri- Ainda neste ano de 1720, na cidade
gou o Governador a criar um qua- baiana de Dhéus, João Figueira
dro de salários; no Recife, durante fundou a agremiação dos peixeiros,
o domínio holandês, o povo inva- que marcou o advento do sindica-
diu o Conselho dos Escabinos e fêz lismo no Brasil. Foi um protesto de
que os escultetas assinassem a de- homens pardos que provocou a Lei
cisão legislativa que modificava as de 1774, pela qual foram facultados
leis do trabalho. aos indivíduos de côr todos os ofí-
cios e dignidades. O idealismo de
Nas planícies goitacazes, em terras Tiradentes, ao postular o abono fa-
fluminenses a tirania dos Astecas miliar aos pais com mais de 5 fi-
levou-nos a proclamar a República lhos, floriu século e meio depois do
século e meio antes da instauração seu enforcamento. A República dos
do regime republicano. Há quase Pallnares, a Inconfidência Mineira,
três centúrias protestos gerais mo- a Revolução Baiana de 1798 e o seu
tivaram o Aviso de 6 de agôsto de Estatuto de Trabalhadores, o Movi-
1681, que proibia a acumulação de mento de 1817, todos êles estão sa-
empregos. Em 1700 é apedrejada a turados de espírito de resistência e
--..-·~~: Câmara do Maranhão, que anulara formulam estado d'alma ou um ato
a eleição de um almotacé por ser de julgamento. A nossa própria in-
mulato e vendedor de sardinhas e dependência política, logo a seguir,
berimbaus. Na Bahia, em outubro veio da reação nacional contra a
de 1711, à frente da população, João subversão de nossa organização po-
Costa, cognominado "Maneta", pro- lítico-administrativa pelas Côrtes
testou contra a opressão dos escra- de Lisboa, que retiraram podêres
vos e o encarecimento do custo de outorgados ao Príncipe Regente
vida. No Piauí, em 1713, o índio Ma- para assim retomar aos velhos tem-
nuel, educado numa aldeia de je- pos coloniais. Mas a nossa maiori-
suítas, arrebanha elementos e vai dade política não nos fêz caminhar
pedir ao Govêrno o descanso sema- de acôrdo com as circunstâncias do
nal obrigatório. Em 1716, no Morro País. A primeira Constituição do
Velho e na Vila Nova do Caeté, em Brasil independente, oferecida por
Minas Gerais, explode a sedição Pedro I à Nação, é de feitura mar-
contra a ajuda do quinto. Também ginalista. Tanto a projetada em 1823
nessa província, em 1719, o prêto como a outorgada em 25 de março
Francisco, cognominado Chico Rei, de 1824 não acusam qualquer iden-
convoca a negraria afro-brasileira e tidade com o meio nacional. A Cons-
funda em Vila Rica o reinado do tituição planejada pelos Andradas
Rosário. Ainda nas Gerais, em 1720, era ilógica, artificial, contraditória
a insurreição de Felipe dos Santos aos nossos costumes. O próprio An-
fêz cessar os despachos aviltantes e tônio Carlos, em 1840, confessou que
coibiu por meses o arremate do ne- copiara a Constituição brasileira da
gro em praça pública, desde o mo- Noruega e da França. Mas Carneiro
mento em que o tribuno popular, de Campos e Nogueira da Gama,
7-
que deram a Pedro I uma Consti- Acredito que os nobres juristas que
tuição para ser outorgada, copia- aí estão designados possam recolher
ram-na também da França, da No- os elementos necessários para dar
ruega e, ainda mais, de Cádis. ao Brasil uma Carta autêntica que
O Estado, Sr. Presidente, é a ordem não seja cópia de outras, mas, ao
normativa e não pode ser alicerça- contrário, possa refletir a realidade
do em bases falsas, mas mediante brasileira. Quero também aprovei-
pesquisas, desde que os fatos Já tar o ensejo para felicitar a Casa
constituem teoria, no dizer de Goe- e o Brasil por ter V. Ex.a novamente
the. Sem a visão dos fatos, dos ho- na tribuna que honrou por treze
mens e das épocas não pode a rea- anos."
lidade vir à superfície, e, assim sen-
do, o Estado não se identifica com O SR. BRíGIDO TINOCO - "Muito
obrigado ao nobre Deputado e dileto
a coletividade. Princípios jurídicos
amigo Getúlio Moura, que me co-
supõem círculos sociais a que per-
tençam. move com seu aparte. Mas desejo,
já que V. Ex.a citou Oliveira Viana,
Sr. Presidente, assim, dentro dêsses falar também sôbre o eminente so-
mesmos equívocos, penetramos na ciólogo da nossa terra. A respeito
República. O advento da República justamente da Constituição de 1891,
não mudou a mentalidade. O libe- dizia Oliveira Viana que Rui Bar-
ralismo revolucionário substituiu ve- bosa era perdulário de talento, era
lhos dogmas e plasmou no papel as homem excepcional, fora do espaço
mais fagueiras reivindicações popu- acanhado de seu tempo, mas não
lares. Não obstante, o Brasil mudou conhecia Sociologia. E dizia que,
apenas de zona de influência. Os certa vez, enviou a Rui o seu livro
Estados Unidos, com o federalismo, "Populações Meridionais do Brasil".
quebraram o predomínio europeu."
O Sr. Getúlio Moura - "Queria tra- Depois, morto o mestre, quis Olivei-
zer em apoio ao seu formoso e eru- ra Viana conhecer a Casa de Rui
dito discurso, que está sendo ouvido Barbosa. Percorrendo os santuários
com muita atenção por esta Casa, de seus estudos, pediu o livro "Po-
uma observação de ilustre contem- pulações Meridionais do Brasil". Fi-
porâneo nosso, o saudoso sociólogo cou satisfeitíssimo, quando a funcio-
Oliveira Viana, que, comentando a nária o passou às suas mãos. Por
Constituição de 91, a apontou como certo, o dedo de Rui havia deslisado
um documento admirável de inteli- sôbre aquelas páginas. Mas, com
gência, de sabedoria, mas que, na grande decepção, verificou que tal
verdade nunca tivera aplicação no não ocorrera. Estava intacto o livro."
Brasil. E fazia o seguinte comentá- O Sr. Hamilton Nogueira - "Meu
rio: ela, como as crianças mal nas- caro colega Brígido Tinoco, esta
cidas morreu do mal de sete dias. Casa está ouvindo, com encanta-
'
Mas, de qualquer forma, V. Ex. a h'a mento, o brilhante discurso de V.
de verificar que o n1aior mal de Ex.a E, para mim, é un'l prazer es-
nossas leis é não serem aplicadas. pecial estar ouvindo o velho colega
E faz n1uito bem o nobre colega, da Constituinte, que nos ajudou a
neste resun1o retrospectivo, em tra- elaborar a Carta. V. Ex.a disse mui-
zer para nós, nesta hora tão ingra- to bem que as modificações trazidas
ta e tão difícil para o regime cons- pela Revolução tornaram-se contra-
titucional, êsse precioso subsídio. ditórias. Não vou entrar na polêmi-
--
-~
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ca, porque se vê de que lado está a em conta êsse aspecto sôbre que
contradição. Mas estou de acôrdo V. Ex.a já falou, contrário ao libe-
com V. Ex.a sôbre todos os pontos ralismo, é diferente, é preciso não
de vista aqui reafirmados, sendo o confundir a nossa democracia hu-
primeiro o de que há necessidade manística de hoje, em que consta o
de uma nova Constituinte. Agora, direito trabalhista, com as democra-
Constituição verdadeira, legítima, cias em que Fulton Sheen, grande
com as suas bases populares. Por bispo americano, sociólogo e políti-
mais eminentes que sejam tôdas as co, condenava aquela liberdade de
pessoas que compõem essas Comis- interferência. Não pode ser. A liber-
sões Mistas para elaborar uma re- dade seria adequada aos direitos da
forma, uma readaptação da nossa pessoa humana."
Constituição às modificações trazi- O SR. BRíGIDO TINOCO - "Agra-
das por várias reformas, por mais deço ao meu prezado mestre e ami-
eminentes que sejam êsses ilustres go, Deputado Hamilton Nogueira, a
brasileiros, êles não têm o poder le- gentileza do aparte. V. Ex.a citou
gítimo. :a:ste poder só pode ser ou- Barres e foi muito bom havê-lo ci-
torgado pelo povo." tado, porque êle havia dito isto tam-
O SR. BRíGIDO TINOCO - "Estou bém que estamos afirmando - que
de acôrdo com V. Ex. a" sem realidade nacional não pode
haver Constituição nacional."
O Sr. Hamilton Nogueira - "Disse
muito bem V. Ex.a que tôdas as O Sr. Pedroso Júnior - "V.Ex.a re-
Constituições foram cópias. De ma- edita aqui uma daquelas memorá-
neira que só pode haver uma Cons- veis páginas da oratória que nos
tituição dentro daquele sentido do acostumamos a apreciar ao tempo
grande Maurice Barres, quando fa- da Constituinte, em que todos esti-
lava sôbre a França e se referia às vemos juntos. Mas dizia eu, antes
verdades francesas. Nós temos as de V. Ex.a assomar à tribuna, dos
nossas verdades brasileiras. E só le- meus receios de que viéssemos a in-
vando em conta essas verdades po- correr nos mesmos erros, nos mes-
demos estabelecer as leis de acôrdo mos riscos dos Constituintes que fi-
com a nossa índole, de acôrdo com zeram as Cartas anteriores. É que
as nossas instituições. V. Ex.a falou não temos um clima de tranqüili-
muito bem sôbre a questão da lei, dade. E para que possamos, real-
o conceito de lei. A de Montequieu, mente, elaborar uma Constituição
é, ao meu ver, a melhor definição: seria mister que os atos institucio-
A lei é a relação necessária que de- nais fôssem revogados.
riva da essência das coisas. Usando
uma linguagem filosófica, tomista E mais, que nos esquecessemos dos
ou aristotélica, a natureza é o prin- dias tão recentes, para não incor-
cípio da atividade dos seres e das rermos no êrro de 1946, em que a
coisas. É dêsses princípios vivos que Carta Magna foi elaborada com as
decorrem as leis legítimas para cada prevenções do regime anterior."
país. De maneira que estou de pleno O SR. BRtGIDO TINOCO - "Mas
acôrdo com V. Ex.a, em que qual- vamos animar-nos, meu caro Depu-
quer reforma, qualquer Constituição tado Pedroso Júnior, de expectativas
nova que seja elaborada deva ser de salutares. Muito grato pelo aparte
acôrdo com a realidade brasileira de V. Ex.a, meu prezado colega e
em tôda a sua extensão. E, levando amigo.
9-
Mas estávamos na República. En- rigível marginalismo jurídico. Mas a
tão, dizia, o advento da República República Corporativista prometida
não mudou a mentalidade. o libe- mantém também, para a euforia po-
ralismo revolucionário substituiu ve- pular, os princípios liberais da Car-
lhos dogmas. Não obstante, o Brasil ta de 1824 e das Constituições de
mudou apenas de zona de influên- 1891 e 1934; isto é: todos são iguais
cia, dizia eu. Mas D. Antônio Ma- perante a Lei; instrução para todos
cedo Costa, que havia sido mestre os brasileiros, de graça etc.
de Rui Barbosa, escreveu-me ime-
diatamente, logo depois de procla- Mas, chegamos à Constituição de
mada a República. Dizia êle: 1946. É a mais experimentada das
nossas Constituições. Entretanto, o
"Não seja a França de Gambetta legislador constituinte não mediu as
o modêlo do Brasil, mas a Cons- vicissitudes já enfrentadas pela Na-
tituição americana." ção, nem se lembrou de que o mun-
do não é estático. Fomos mais rea-
Quer dizer, sempre o espírito de imi- listas que o rei em nosso fetichismo
tação. E assim foi feito. No que con- pela Federação. E, nesse plano, a
cerne à elaboração da Carta !\1:agna, política municipal tornou-se, em al-
a inexperiência de Rui venceu-lhe o guns setores, num antro de cobiças
talento e o sincero desejo de bem e disputas sem grandeza humana.
servir. Reservatório incomparável de
erudição, manipulou artificiosamen- Só adotamos o sistema do prefeito
te a Constituição Nacional. Ao exa- por eleição, quando a América do
minar a metodologia clássica de Norte admite a lei do tipo comum
Rui, Oliveira Viana enquadra-o en- que nós admitimos, o tipo "comis-
tre os homens marginais de que nos sion", o tipo gerencial. Isto é, o tipo
fala Park, os que vivem entre duas "comission" como função executiva
culturas, a do seu país, que lhes e legislativa, ou o tipo gerencial,
forma o subconsciente coletivo, e a com um grande engenheiro admi-
cultura estadunidense, ou da velha nistrando o município.
Europa, que lhes traça as diretrizes Mas, Sr. Presidente, eu desejava re-
do pensamento, as forn1ulações po- sumir as minh!is considerações. E já
líticas e os paradigmas constitucio- que fiz críticas, desejava apresentar
nais. também algumas sugestões aos emi-
A ausência do conhecimento de so- nentes mestres - e peço perdão por
ciologia em Rui o levou a êsses esta ousadia - aos que estão fa-
deslises. Mas, Sr. Presidente, a Cons- zendo a nossa reformulação consti-
tituição de 1934 também desceu a tucional, ou consolidação constitu-
nunuCias desnecessárias, e, como cional.
a de 1891, é diploma de intenções 1.o) As normas legais inspiram-se
teológicas. Não construiu o futuro; nos costumes. Isso pôsto, é mister
ratificou o passado, respeitada a considerar as tradições e os elemen-
conjuntura. Adotou certas regras e tos constitutivos do povo, a fim de
recusou outras tantas, sem procurar que a lei melhor regule o COlnpor-
as causas, as funções sociológicas. tamento da sociedade.
A Carta de 1937 tinha um pouco do
rigorismo do então sistema polonês, 2. 0 ) Atualmente, o princípio consti-
e uma dose mais forte da Carta dei tucional da separação dos podêres
Lavoro, para não fugirn1os ao incor- é inflexível, aplástico, carece evo-
__....-'-'~
~uz.rQF..
•
- 10
luir para delegação legislativa e am- Entretanto, não vamos negar a im-
pliação do poder normativo gover- portância da questão."
namental. O SR. BRíGIDO TINOCO - "Não o
3.
0) Desenvolvimento e difusão do nego. Apliquemos a Federação. De-
ensino capaz de transformar em vemos fazê-lo. Mas os Estados Uni-
realidade o dispositivo que o consi- dos têm um outro sentido quanto
dera dever do Estado, inclusive com ao regime federativo. Estamos sendo
o que se relaciona com a demanda mais realistas que o rei."
de mão-de-obra no Brasil. O Sr. Hamilton Nogueira - "O que
4. 0 ) Moderar os exagêros do regime temos de fazer são as nossas leis."
federativo, sem preocupação iguali- O SR. BRíGIDO TINOCO - "As imi-
tária, considerando a autonomia tações salutares devem ser seguidas.
municipal em proporção maior ou
menor de conformidade com as pe- Há regras comuns a todos os povos,
culiaridades locais, de vez que onde desde que há necessidades comuns
há diversidade de cultura deve ha- a todos êles. Devemos distinguir o
ver pluralidade de sistemas eleito- essencial do subalterno."
rais." O Sr. Hamilton Nogueira - "Agora
O Sr. Hamilton Nogueira- "A nossa se completou nosso pensamento. Na-
Carta de 1946 tem aspectos bons e da de isolacionismo. Temos de acei-
novos, que não existiam nas outras, tar as contribuições. Estou de acôrdo
inclusive essa parte relativa ao mu- com V. Ex. a num ponto: o da atua-
tjll
nicipalismo. Há uma contradição lidade brasileira. V. Ex.a disse que
nas afirmativas do nobre colega; só admite prefeito eleito, não pre-
perdoe-me, talvez seja minha a in- feito nomeado. Com a nomeação de
compreensão. V. Ex.a disse muito prefeitos iríamos voltar ao totalita-
bem que não se pode confundir o rismo, que é sempre um espantalho
Estado com a coletividade e, depois, para todos nós, democratas legíti-
discorda da mística - não sei a pa- mos, nascidos na província das li-
lavra que usou - do federalismo. berdades, a Província do Rio de Ja-
neiro."
Quer dizer, ou admitimos a Fe-
deração ou então vamos admitir o O SR. BRíGIDO TINOCO - "Muito
que V. Ex.a condena - o Estado grato pelo aparte com que me hon-
totalitário, o Estado com letra rou o ilustre colega.
miiiúscula, que se identifica, às vê-
zes, com os ditadores: "l'État c'est Infelizmente, não poderei prosseguir
moi" de outras eras e dos tempos em minhas considerações. Pretendia
de hoje em alguns países. De ma- falar, ainda, sôbre o aprimoramen-
neira que a tônica municipalista foi to da organização sindical, sô bre a
uma reação. Houve erros. Nós erra- proibição de empréstimos estaduais
mos e a experiência vem confirmar e municipais externos, sôbre a mo-
o nosso êrro, porque fragmentamos dificação do aparelho arrecadador,
demais os Estados." sôbre o aprimoramento dos partidos
etc. Mas, Sr. Presidente, devo ter-
O SR. BRíGIDO TINOCO -"Esta- minar, à vista da hora implacável.
mos, então, de pleno acôrdo."
Somos uma geração angustiada, que
O Sr. Hamilton Nogueira - "Nesse enfrenta o mundo já envolvida por
ponto, siln. todos os problemas da inquietação
- 11
-~~
-12-
mn~ wa
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bem feita. Quanto aos propósitos do presentativos para, reunidos em
Govêrno chamo a atenção para um uma com1ssao a que se deu o pom-
ponto. Num processo revolucionário, poso nome de Comissão de Alto Ní-
o detentor do Poder Executivo é o vel, opinarem sôbre o assunto. Pois
primeiro que se apressa em fazer bem, êsse órgão, depois de uma ta-
com que o País reencontre os cami- refa ingente, apresentou os resulta-
nhos normais da constitucionalida- dos das suas observações, em tra-
de. Em 1932, o glorioso Estado de balho entregue ao Poder Executivo.
São Paulo teve de fazer uma revo- Silêncio total sôbre o documento. A
lução para que o Brasil se reconsti- Comissão já não é mais de alto ní-
tucionalizasse, e não o conseguiu. A vel, está ultrapassada. Desejava-se
luta foi brava, heróica. Alguns di- a feitura de uma Constituição de
vergiram dela por motivos políticos acôrdo com a realidade a tual. Mas,
evidentemente, mas o ideal então qual é a realidade a tual? Será ela
perseguido pela gente paulista não democrática? Será que o ambiente
foi conseguido àquela altura. So- em que o povo brasileiro vive ofe-
mente dois anos depois, em 1934, rece condições para se organizar
tivemos a Constituição. Respeitando uma nova Constituição?
o direito de crítica que assiste a to-
Enfim, o que se vê é a confusão
dos os Deputados penso que se deve
em todos os sentidos. Figuras das
fazer justiça ao atual Presidente da
mais eminentes, do Govêrno que aí
República que, sponte sua, pediu a
está, têm dado opiniões esparsas,
uma Comissão dos mais conspícuos
aqui e acolá, sôbre êsse Projeto de
juristas dêste País uma Constitui-
Constituição, considerando que o es-
ção, depois de tantos anos de expe-
.......... ...,._. tudo feito pelos juristas é antiqua-
riência histórica, não para que tivés-
do, é démodé, como se democracia,
semos aquela bela Carta, romântica
como se liberdade, como se princí-
como a de 1891, mas que tivéssemos
depois de larga vivência republica- pios gerais de Direito se mudassem
como se muda roupa.
na, um documento digno da tradi-
ção democrática e da necessidade O que se faz é criar um clima que
do povo do Brasil." não oferece condições para o deba-
te. Seria mais interessante, talvez,
Na sessão de 23 de agôsto de 1966, o que, ao invés de se estar idealizando
Deputado CESARIO COIMBRA (MDB - uma nova Constituição, se colocasse
Maranhão) (9) apela ao Presidente da um ponto final na edição de a tos
República para manter no nôvo Projeto complementares, já expedidos em
de Constituição, o art. 153 incluído na número de 21, e de atos institucio-
Carta Magna de 1946 pelo Dr. Artur nais, já em número d.e 3. Na ver-
Bernardes, a fim de evitar que o País dade, tantos atos não têm feito se-
sofresse a influência da ação de compa- não estabelecer grande confusão no
nhias estrangeiras. País, pois, através dessa côlcha de
Na sessão de 26 de agôsto de 1966, o retalhos, apenas ficamos cientes da-
Deputado JOÃO MENEZES CMDB - quilo que não podemos fazer.
Pará) (lO) comenta a confusão reinante Se nós, que temos contato diário
na elaboração do nôvo Projeto de Cons- com essas leis, princípios e normas,
tituição, nos seguintes têrmos: que estão sendo editadas, não as
conhecemos tôdas, que dizer do povo
"Primeiro ouviu-se falar que o Go-
( 9)
vêrno havia escolhido homens re- (10)
D.C.N. (Seção I) de 24-8-66 - pág. 5.326
D.C.N. (Seção I) de 27-8-66 - pág. 5.439
...
,"1'
- 15
brasileiro, espalhado neste enorme Analisa, a seguir, o orador, a Comis-
território? Simplesmente não tem o são de Juristas composta de homens de
menor conhecimento do que está alto gabarito, idoneidade moral mais
passando. Por conseguinte, estamos ilibada, competência mais reconhecida,
perdendo, sobretudo, a nossa uni- do espírito público mais acentuado, mas
dade. todos êles afastados da vida pública bra-
sileira e reconhecidos neste País como
É nesse ambiente que se procura
oferecer ao País uma nova Consti- Presidencialistas convictos. E prossegue:
tuição. Mas, como fazê-la nesta al- "Sr. Presidente, essa falta de vivên-
tura dos acontecimentos, em que cia popular e êsse apêgo ao presi-
atos continuam de pé, em que a si- dencialismo marcarão desde logo o
tuação política é instável, em que a Anteprojeto da Constituição. Nós
incerteza domina o dia de amanhã? que tivemos a experiência de todos
Como elaborar uma Constituição êsses anos de presidencialismo, que
nessas circunstâncias? Homens do vimos a experiência do parlamen ta-
maior gabarito, pertencentes a uma rismo, embora absolutamente mar-
comissão de alto nível, tiveram seus cado pelo desinterêsse e pela con-
estudos postergados, a um segundo tradição dos que o executaram, po-
plano, apenas porque pretenderam demos dizer isto sem mêdo de errar:
exprimir um pensamento e uma a experiência presidencialista no
idéia que refletissem, na realidade, Brasil tem sido o permanente mo-
a média da opinião do povo brasi- tivo dos fracassos e de todos os des-
leiro. temperas da vida pública brasileira.
Quem conheceu os governos passa-
Então, o que se tem, em todos ês-
dos, quem viu os governos Juscelino
ses fatos, é apenas a deturpação da
Kubitschek, Café Filho, Jânio Qua-
vida pública brasileira, com a in-
dros e João Goulart, e quem vê o
quietação constante em todos os se- atual Govêrno do Presidente Cas-
tores." tello Branco, marcadamente presi-
O Deputado OSCAR CORR~A (sem le- dencialista, pode salientar que não
genda - Minas Gerais) ( n) pronuncia é êste o regime que serve à Nação.
discurso argumentando da inoportuni- "Além disso, Sr. Presidente, marcou
dade da reforma constitucional que se a comissão aquêle outro equívoco: a
quer fazer neste final de legislatura, não vivência do problema político.
num ambiente de intranqüilidade~ inse- A Constituição é, sem dúvida, um
gurança, incerteza e de perigos para o aparelho técnico, uma aparelhagem
próprio regime democrático. Salienta a ou instrumental técnico da realiza-
necessidade da publicação imediata, pelo ção da vida política. É preciso a
Govêrno do texto do projeto da nova
'
Constituição a fim de ser estabelecido
. vivência do problema político; é
preciso o contato com o problema
um amplo debate com as entidades ca- político; é preciso ter-se amor à
pazes de opinar a respeito e para que vida pública. Algumas das melhores
todos neste País tenham conhecimento Constituições do mundo, sob o as-
do que se prepara em matéria de defi- pecto técnico - tomaremos a Cons-
nicão de direitos e garantias e também tituicão austríaca, devida a Kelsen,
pa~ra que os eleitores, antes de votarem
ou ~ alemã de Weimar, devida a
nos seus candidatos, conheçam os pon- Preuss, ambas modêlo de tecnicismo
tos de vista, que sustentam sôbre deter-
minadas matérias . (11) D.C.N. (Seção I) de 27-8-66 - pág. 5.441
- 16
jurídico, modêlo de formalismo ju- Supremo Tribunal Federal para de-
rídico - não resistiram senão pouco cidir, em tese, sôbre inconstitucio-
tempo. Enqüanto que outras como a nalidade de leis federais - o que é
americana, devida muito mais a ho- como se se estabelecesse um conluio
mens de vivência política do que a entre o Poder Executivo e o Poder
técnicos de Direito, porque juristas Judiciário para acabar com a com-
não eram Maddison, Hamilton, Ja- petência do Congresso para legislar.
mes, perdurou, e é ainda um mo-
numento de sabedoria política que Segundo se diz, implantaria um pre-
o mundo conhece. Por isso, Sr. Pre- sidencialismo à imagem e seme-
sidente, muito mais do que a obe- lhança dos presidencialistas ferre-
diência ao formalismo jurídico, ao nhos que a redigiram e do Presiden-
tecnicismo jurídico que levaram à te atual, que impera no Brasil com
deformação da própria realidade podêres francamente de rei e impe-
política, muito mais do que isso rador. Não podemos, pois, recebê-la
precisávamos e precisamos, num an- sem temores e sem uma advertên-
teprojeto constitucional, de uma cia séria e severa ao Executivo. Não
realidade jurídica que sirva à rea- tememos o desaparecimento do Con-
lidade política contemporânea que gresso, fôrça indestrutível contra a
estamos vivendo à nossa intranqüi- qual se esbatem tôdas as ondas mais
lidade, à nossa dificuldade da hora. violentas da autocracia. Não recea-
mos por sua sorte e seu destino,
E só no povo podem os que elabo- porque todos os que entre nós se
ram as Cartas constitucionais bus- levantaram contra o Congresso ti-
car um estímulo, um incentivo e a veram nisso o seu fim. Vejam -se os
base para a elaboração de obra tão exemplos unânimes, até o último,
importante." do Govêrno deposto, que marcou
seu destino trágico no instante em
que desejou impor ao Congresso sua
"Segundo se sabe, o anteprojeto vontade. Mas evitem-se os atritos c
consagra limitações ao poder de le- as pressões, as ameaças para se
gislar e ao poder de fiscalização do poupar à Nação novas convulsões.
Congresso, mantendo ilimitado o
poder de veto, e o alto "quorum" Todos os que agrediram o Congres-
para sua rejeição. Permaneceremos, so sucumbiram da agressão. Por
portanto, naquela deformação pre- mais que a vontade do Poder auto-
sidencialista e na diminuição cres- ritário cegue os homens, não se des-
cente que se vem fazendo dos podê- lembrem os que o usam, desta ver-
res desta Casa. Conserva, segundo dade: da mesma forma que o Poder
se diz, o inócuo, inaplicável e risível se reforça, se fortalece, se enfra-
instrumento do "impeachment", que quece do uso indiscriminado e sofre
nunca foi aplicado neste País, não a erosão das frustrações. Se abas-
é, e não será aplicado. Conserva e tardam os que o desempenham, tor-
acolhe os disparates da Emenda nados sobre-humanos e inerrante,
Constitucional n. 0 18, em que os dentro de reinado terreno, rodeados
Estados e os Municípios são des- dos áulicos prestimosos, também
pojados, sem recursos, dos seus fun- corrói as fontes da permanência,
damentos financeiros e de sobrevi- que são os imanentes à obediência,
vência. Consagra o atenta do ao ao poder soberano do povo, que só
Legislativo, que é a competência do êle as confere e sustém.
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Quem oficia o Poder deve descon- menos esta Câmara já que a revolu-
fiar de si e dos que o endeusam, ção a legitimou.
que quase nunca perdura o mando,
corrompido pelo próprio uso abu- "Cerceado, assim, o nosso direito de
sivo. alterar a nova Constituição, eviden-
temente nada temos a fazer aqui,
Esta a advertência que desejáva- o melhor é fecharmos esta Casa de
mos fazer ao Govêrno e à Nação, vez e retirar-nos para nossas resi-
nesta hora grave: os anseios popu- dências, deixando que o Brasil corra
lares estão constrangidos pelas me- como pretende o Sr. Castello Bran-
didas do Govêrno; as dificuldades co. ~le é o Rei Sol; o Estado; êle e
dos que trabalham se acrescentam somente êle. É o apêlo que faço ao
a cada sol que se põe, ou a cada Presidente desta Casa e ao Presi-
alvorada que desponta. A insatisfa- dente do Senado; que o Congresso
ção domina todos os espíritos. deixe definitivamente de funcionar."
O Govêrno convenceu-se de que
Afirmando que nem o atual ou mes-
tem o dom da inervância e perma-
mo o futuro Congresso pode transfor-
nece, e insiste nas medidas que
mar-se em Constituinte o Deputado
aterrorizam a Nação.
JOÃO MENDES (sem legenda - Bahia)
Que, pelo menos, não lhe imponha (13) acentua:
agora, sem remédio, uma Carta
Maior que cristalize as deformações "Só e exclusivamente o povo, a essa
desta hora, hora passageira quere- altura da vida política nacional, tem
mos nós, mais difícil e atribulada." capacidade para atribuir a seus
mandatários, reunidos em assem-
Em 19 de setembro de 1966, o Depu- bléia com êsse específico objetivo,
tado DERVULE ALEGRETTI (MDB - poder constituinte. É o que se cha-
São Paulo) (12) comenta a posição do ma, em Direito Constitucional, "po-
Presidente da República contrária à re- der constituinte originário".
vogação dos arts. 14 e 15 do Ato Insti- E adiante:
tucional n. 0 2, durante o período de
discussão da Reforma Constitucional. "Assim como S. Ex.a o Sr. Presiden-
te da República faz baixar o Ato
Afirma que diante dessa decisão a Câ- Institucional n.0 2, pode outorgar
mara terá de aceitar a proposta de revi- uma Constituição.
são da Carta Constitucional, nos têrmos
"O que se não justifica é compelir-
pretendidos pelo Marechal-Presidente.
se o Congresso à prática de um ato,
Entende que é inútil a permanência dos inexcedível em gravidade na vida
Srs. Depu ta dos na Câ1nara. Diz, a se- de um povo, para o qual lhe falece
guir, que competência."
"a Carta Suprema é a manifestação Em 23 de novembro de 1966, o Depu-
do povo. Do povo emana o poder tado OSCAR CORR~A (sem legenda -
para reformar a Lei Maior do País. Minas Gerais) (14) pronuncia o seguinte
discurso:
Atender apenas ao desejo do Pre-
sidente da República, nos têrmos "Sr. Presidente, Srs. Deputados, o
da proposta a ser enviada é incons- tema que me traz à tribuna é dos
titucional e amoral, porque Sua Ex-
(12) D.C.N. (Seçáo I) de 20-9-66 - pág. 5.981
celência não representa o povo, eis (13) D.C.N. (Seção I) de 20-9-66 - pág. 5.948
que o povo não o elegeu, e 1nuito (14) D.C.N. (Seção I) de 24-11-66 - pág. 6.815
- 18-
-
•
-20
É bom que se diga, porém, que nossa deve ser vedada no regime presi-
Constituição de 1946 merecia e me- dencial, tanto quanto autorizada no
rece melhor tratamento e melhor regime parlamentarista. Permiti-la
sorte. Ela correspondeu não apenas no presidencialismo é armar de· ins-
às tradições jurídicas nacionais, nem trumentos ainda mais poderosos e
só às conveniências da hora. Nem incontroláveis um Presidente já de
constituiu obstáculo ao nosso pro- si todo-poderoso.
gresso, ao nosso desenvolvimento. No capítulo das leis e da compe-
Pelo contrário. É instrumento legal tência do Legislativo, poucas dis-
eficiente para permiti-lo e facili- cordâncias haveria que fixar. E ain-
tá-lo. da assim poderiam elas, em muitos
Releia-se-lhe o texto. Medite-se sô- casos, resolver-se no Regimento In-
bre êle sem parti pris politico ou terno das Casas do Congresso, sem
ideológico, e ver-se-á que é nosso, necessidade de recurso ao processo
atende à nossa realidade e não há de retalhamento constitucional.
por que denegri-lo ou invalidá-lo. No que diz respeito ao Poder Exe-
As críticas incidem sôbre vários cutivo, a disputa poderia estabele-
pontos. Façamos referência expres- cer-se quanto ao regime a adotar-
sa a alguns. se. Mas, escolhido o presidencialis-
mo (embora não nos pareça esta
A discriminação de rendas. Onde o
a melhor solução, parlamentarista
êrro que demandasse correção? Aca-
convicto que somos) não há como
so a União reservou-se a melhor
recusar a procedência da formula-
parte? Mas tem ela os maiores ônus.
ção feita, inclusive pela assegura-
O mal não é da discriminação, mas
ção da eleição direta do Presidente
do nosso subdesenvolvimento, da
e Vice-Presidente da República;
nossa penúria de receitas, do irri-
sório do nosso produto nacional. E como não somos partidário do cri-
a prova é que as emendas que, de tério da maioria absoluta, que ofi-
cializa a "chantagem" nas eleições
qualquer forma, a alteraram, não
presidenciais, convida ao subôrno e
eliminaram as queix~,s, nem melho-
à corrupção.
raram a sorte dos queixosos. Em
alguns casos, agravaram as difi- Se no capítulo da responsabilidade
culdades. do Presidente se poderia alegar a
A atuação politica da Capital Fe-
inocuidade da medida de impeach-
deral - Emenda foi votada, que não ment, o defeito não é do texto cons-
lhe alterou substancialmente o tex- titucional mas do exercício das ins-
to. No que se refere às Capitais dos tituições, que ainda não tornou pos-
Estados a melhor tese ainda é, a sível sua aplicação tal a soma de
nosso ver, a que sustentou entregar- podêres incontrastáveis de que dis-
se a solução do problema aos Esta- põe o Chefe do Executivo.
dos, nos têrmos do que, supletiva- O mal é do regime adotado, não da
mente, resolverem as respectivas formulação que se deu à matéria.
Constituições (art. 28, § 1.0). Quanto a outras matérias, discorde-
Delegação de atribuições - Ainda se da formulação, mas admita-se
aqui as discussões posteriores, em que, dentro de nossa realiàade, ela
nosso entender, não invalidaram a a tendeu aos reclamos da hora e
solução da Constituição de 46. Con- ainda hoje não é empecilho ao nos-
tinua a parecer-nos que a delegaçã.o so desenvolvilnento.
r
- 21
A declaração dos direitos é ampla e Adotou-se nela fórmula de transa-
eficaz e marca o c ará ter liberal da ção, que concilia a livre iniciativa
Constituição assegurando aos cida- com intervenção do Estado, tendo
dãos uma ordem jurídica que lhes por base o in terêsse público e por
garante a honra, a vida e a liber- limites os direitos fundamentais que
dade. a Constituição garante.
Sôbre a ordem econômica e social, O uso da propriedade foi limitado
de preferência investem os que que- pelo bem-estar social; os abusos do
rem anular a Carta de 46. Dedique- poder econômico reprimidos; disci-
mos-lhe, por isso, mais atenção. Diz- plinado o exercício de certas ativi-
se que ela é retrógrada, obsoleta, dades econômicas; vale dizer nem
individualista, século XIX etc. se anularam os direitos essenciais
do cidadão, nem se prejudicaram os
Para quem a leia sem ânimo pre- que representam o bem-estar social.
concebido, a recusa às acusações se
impõe. Que diz ela? As fórmulas brandas, as expressões
meio rígidas, são, nessas hipóteses
Garante o trabalho e a liberdade as mais convenientes. De nada vale
de iniciativa, valorizando o traba- querer estabelecer conceituações rí-
lho humano, e nisso não há quem gidas, ou limitações rigorosas, quan-
discorde. do a realidade não se prende em
Onde a controvérsia se estabelece é fórmulas e as conveniências gerais
na a tuação do Estado na ordem suplantam os preconceitos ideológi-
econômica e na orientação neo- cos.
capitalista da Constituição. Não ve- Verdade é que, a não ser na URSS,
mos, entretanto, como se pudesse na China e um ou outro satélite,
fugir a essa orientação, a única, sem talvez, não haja essa preocupação
dúvida, compatível com a nossa tra- de a tender a concei tuações rigorosas
dição histórica, nossas vinculações em obediência a princípios ideológi-
ao regime ocidental de vida e às cos. Mesmo na zona de influência
próprias noções mais assentes da socialista as concessões, as fórmulas
ciência econômica. transacionais predominam. Isto para
não se dizer que o próprio coleti-
Não faltam, porém, os que, discor-
vismo soviético passa por uma fase
dando dela, acusando-a de excessi-
de abrandamento, na vocação per-
vamente liberal ou capitalista, de-
manente de todo regime de se adap-
sejariam transformá-la numa estru-
tar mais à realidade.
turação socialista, com o predomí-
nio da ação larga1nente intervento- Por outro lado, todos os excessos
ra do Estado, retirando muitas das liberais e capitalistas dos países oci-
garantias que assegura a atuação dentais foi lin1itado pela ação in-
individual. tervencionista do Estado, que, em
todos êles, procurou podar e impe-
Queremos deixar patente nossa dis- dir os abusos da concorrência, as
cordância dêsses socialistas ou so- distorções da ação individual, os
cializantes, para reafirmar nossa desbordamentos do interêsse dos
convicção neo-capitalista de que a grupos.
fórmula adotada pela Constituição
de 46 é a única possível nesta hora Não vemos, por isso, como, senão
e a única compatível com a nossa para mudar palavras menos do que
própri~ vocação histórica. o significado, se deseje alterar fun-
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•
- 22
damentalmente as fórmulas consa- desnecessária e a tende apenas à vai-
gradas na ordem econômica da dade de quem deseja ligar o nome
Constituição de 1946. à iniciativa despicienda; ou altera
fundamentalmente a atual, e é in-
Os temas gerais de discussão con- conveniente, e criará novos motivos
tinuarão os mesmos de há muito de conflito, e não deve ser discutida
tempo: os limites da intervenção do nem votada agora, antes que ama-
Estado, na ordem econômica e no dureça.
campo político; os limites à atuação
do Poder Executivo, cada vez mais O nosso mal, o nosso grande mal é
ampla, mais bem equipada e ins- não darmos tempo, em nossa sofre-
trumentada enquanto o Poder Le- guidão e afoiteza, não darmos tem-
gislativo sofre as dificuldades oriun- po a que a lei sofra o embate da
das de um despreparo para a super- realidade, a interpretação a amolde
visão e contrôle da ação adminis- aos fatos, a experiência a adapte ao
trativa e sente as deficiências de aplicá-la.
seus instrumentos de informação e Para isso se inventou a interpreta-
ação; os problemas da discrimina- ção sociológica, para isso os herme-
ção das rendas, quando enorme é o neutas existem, nisso está a sabe-
campo de intervenção do poder pú- doria do político.
blico em qualquer dos seus escalões,
e as receitas são insuficientes para Entre nós, não: a lei não atende ao
atender às solicitações; as matérias nosso desejo de hoje? Revoga-se.
políticas das atribuições do Executi- Altera-se. Substitui-se. Amanhã, va-
vo e do Legislativo, tendendo aquê- ria o desejo. Novamente se revoga,
le, cada vez mais, a fazer dêste mero altera-se. Substitui-se. Amanhã, va-
instrumento de ratificação de sua riamos aos sulcos profundos, dura-
vontade; a pendenga, a velha pen- douros. E acabamos mais ou menos
denga entre parlamentarismo e pre- onde começáramos. E poderíamos
sidencialismo, hoje transformada ter evitado o longo caminho das
numa luta pela contenção dos po- idas e vindas das reformulações le-
dêres do Executivo ou seu contrôle gislativas.
pelo Legisla tiv o, não conservando as Também em matéria constitucional,
anteriores características de debate infelizmente.
de princípios; o problema crucial
Estas minhas palavras são um a pê-
das relações executivo-legislativas,
lo à paciência, à calma, à prudência
no que se refere à tramitação das
dos responsáveis pela vida politica
leis e de que temos tido permanen-
brasileira, no momento em que dei-
tes exemplos: a vexata quaestio da
responsabilidade presidencial com o xo esta Casa do Parlamento Nacio-
nal.
inócuo impeachment sempre inapli-
cado e inaplicável etc. etc.; questões Deixem as leis como estão e tratem
fundamentais, que se subdistinguem de cumpri-las. Abandonem a vai-
em outras para as quais não há so- dade custosa da permanente elabo-
luções unânimes nem geniais, e que ração de textos novos para uma
continuarão na mesma indefinição realidade que varia muitas vêzes nos
sujeitas a outras fórmulas que nas- acessórios e não na substância.
cerão da mesma idade das atuais.
Ainda hoje, Sr. Presidente, vi nos
A Nova Constituição está diante de jornais que o Sr. Presidente da Re-
um dilema: ou repete a atual, e é pública, valendo-se do último dia
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Constituinte, cuidando exclusiva- Não é preciso ser um "expert" em
mente do exame e da votação da política para compreender qual, em
nova Carta. Quer isto dizer que verdade, o desejo do Presidente da
a legislação ordinária ficará a República. Convoca o Congresso no
cargo apenas do eminente Sr. período menos propício a uma ela-
Presidente da República. boração da importância da Reforma
Segundo, tratando-se de um re- Constitucional, período das festas
gime especial de funcionamento, natalinas e de Ano Nôvo, em que os
seus trabalhos poderão não ser parlamentares não poderão dar as-
dirigidos pela Mesa normal, mas sistência ao Congresso Nacional. As-
por uma a ser especialmente eleita sim, o decurso do prazo vai verifi-
para isso." car-se fatalmente sem que tenha-
Aí está o grande golpe. Com o nôvo mos concluído o estudo dessa nova
Ato Institucional, o de n.o 4, por- Carta, e o Presidente da República,
que foi afastada a idéia de um Ato tranqüilamente, a promulgará, che-
Complementar, o Presidente irá des- gando ao mesmo resultado das suas
tituir sumàriamente as duas Mesas, especulações iniciais, que seria o da
a da Câmara e a do Senado, para, outorga pura e simples de uma Car-
em lugar delas, eleger uma nova ta, sem qualquer consideração pelo
Mesa, que seria a da Constituinte. Congresso Nacional.
"3.0 - Nesse período, o Executivo Mas, dir-se-á, o Presidente convo-
atribuirá a si mesmo as funções cou o Congresso, o Presidente esta-
legislativas normais do Congres- beleceu prazos, a desídia foi do Con-
so." gresso que, num tão curto prazo,
E note-se que O Estado de São Pau- não logrou concluir os trabalhos de
lo é órgão da situação. Não se trata elaboração constitucional, e o Pre-
de jornal que tenha simpatias pela sidente da República viu-se na con-
Oposição; ao contrário, êle goza da tingência, para êle difícil, e até com
simpatia do Govêrno e dispõe de um pouco de constrangimento, de
elementos informativos da mais alta promulgar a Carta cuja elaboração
categoria. foi feita pelo ilustre Promotor Pú-
blico, Procurador-Geral da Repúbli-
"4.o - A nova Constituição será
ca e Ministro aposentado do Supre-
votada em dois turnos. No primei-
mo Tribunal Federal, Dr. Carlos
ro, votar-se-á o projeto original e,
Medeiros da Silva. Porque, se a
no segundo, as emendas ofereci-
Constituição a ser promulgada fôs-
das no Congresso.
se aquela elaborada pelos grandes
5.0 - o funcionamento do Con- juristas brasileiros, ainda que me-
gresso irá de 12 de dezembro a 20 reçam restrições muitos dos seus
de janeiro, com intervalo de dez dispositivos, seria uma Carta de
dias para as festas de fim de ano." sentido liberal, que não envergo-
Os Senhores verificam o que de útil nharia nem os nossos foros de civi-
vai restar, em matéria de dias, de lização, nem a cultura jurídica do
te1npo, para a elaboração da Carta Brasil. Mas não sei agora o que vai
Constitucional. sair dêsse laboratório n1isterioso em
"6.0 - Ocorrerá a aprovação au- que pontifica Carlos Medeiros da
tomática da nova Constituição, se Silva e o bacharelismo nôvo do Pre-
o Congresso não votar a Carta sidente Castello Branco, que, no en-
até o término da convocação." tender de n1uitos, é o principal
-26
27-
I
com os dois terços que compõem sua bém almejo -, porque, mesmo que
maioria, o êxito das emendas que ela não represente o documento
possam dar ao texto aquêle sentido ideal, será pelo menos alguma coisa
nacional, amplo, sem paixão, isto melhor do que o estado de fato que
porque Constituição deve ser o re- estamos atravessando, sem garan-
positório das regras indispensáveis tias de qualquer natureza.
à felicidade do povo brasileiro, e JJ.:ste o apêlo que faço neste instante
nunca um regulamento ou um có- a todos os Congressistas do Brasil.
digo penal para punir os adversá- Não devemos esquecer que o povo,
rios do Govêrno e apenas prestigiar que sufragou a quase totalidade
aquêles que o servem. dêste Congresso, com a pequena di-
Já se disse que o Govêrno optou pelo ferença de um têrço, ou pouco mais,
Congresso a tual no tocante à ela- revelou certa confiança ainda na-
boração da Carta, porque receia que queles que aqui se encontravam.
os novos Deputados que cheguem a Estamos com nosso mandato reno-
esta Casa tragam idéias outras con- vado; fomos buscar nas urnas os
trárias àquelas que êle, Govêrno, elementos indispensáveis a essa
tem como dogmas da sua própria construção de futuro. Sejamos, nes-
atuação. E, porque logrou dêste ta hora, dignos do Brasil. Sejamos,
Congresso medidas liberticidas e nesta hora, dignos da a tenção e da
contrárias às nossas tradições repu- esperança do povo e vamos dar ao
blicano-liberais, entende que êste presente e ao futuro uma Carta
Congresso já se habituou a aceitar Constitucional que sirva a todos os
a imposição do Planalto e tem as brasileiros, e não um documento de
condições m1n1mas indispensáveis uma corrente partidária, nem um
para votar, no prazo exíguo, por êle instrumento de oposição entre ten-
concedido, a Carta que nos vai re- dências políticas. A Carta Constitu-
meter. cional deve refletir a média das
duas correntes políticas nesse tra-
É o apêlo que faço a meus eminen- balho da elaboração, de transigên-
tes colegas; deixemos tôdas as nos- cia, o Brasil espera que não há de
sas prevenções de lado, esqueçamos faltar a inteligência, a cultura e o
mesmo que somos Oposição ou que patriotismo de todos os Congressis-
somos Govêrno, porque, com o es- tas."
pírito prevenido de tais tendências, Em 30-11-66, o Deputado FRANCE-
não seremos capazes de aqui elabo- LINO PEREIRA (ARENA - Minas Ge-
rar um texto que honra a nossa in- rais) (16) pede a publicação imediata do
teligência e cultura e possa servir Texto do Projeto de Constituição, antes
de instrumento à prosperidade do de sua remessa ao Congresso, a fim de
Brasil. propiciar um amplo debate sôbre a ma-
Que nós, na elaboração constitu- téria.
cional, saibainos resistir a tôda e (16) D.C.N. (Seção I) de 1-12-66 - pág. 7.076
DISCURSOS PRONUNCIADOS NO SENADO FEDERAL E NA CÂMARA
DOS DEPUTADOS NO PERíODO DE CONVOCAÇÃO EXTRAORDINÁRIA
DO CONGRESSO NACIONAL PARA APRECL.t\.ÇÃO DO
PROJETO DE CONSTITUIÇÃO
I
a minha atividade política. O exer- veres de oposição e de cumprimento
cício do mandato de Senador propi- dos encargos de apoio à situação.
ciou-me as horas mais gratas, mais
plenas de satisfação cívica e de res- Formar-se-á aquêle núcleo de legis-
ponsabilidade funcional. Desligo- ladores brasileiros q u e poderão
me, assim, desta Casa, ao fim do acompanhar, até a sua ultimação
período do meu mandato. Volvo às frutuosa e pacífica, o processo de
minhas atividades, não direi priva- restauração do estado de Direito no
das, mas especiais de Professor da nosso País.
Universidade do Brasil, com a satis- É,portanto, não apenas com a des-
fação do convívio estimulante, do pedida aos meus atuais companhei-
convívio enriquecedor dos meus co- ros, mas com a minha palavra de
legas, com a profunda gratidão pe- estímulo e confiança aos futuros
'I
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las atenções, pelos ensinamentos, pe- componentes que saem da consa-
los conselhos e exemplos memoráveis gração elei torai, que afirmo a minha
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que dêles pude auferir no transcurso
do meu mandato.
Retiro-me do Senado da República
convicção de que ao Congresso vai
caber ainda agora, como sempre
coube no passado, a tarefa final de
aperfeiçoamento das instituições
com a consciência - apesar do co- nacionais às contingências históri-
nhecimento das minhas insuficiên- cas do Brasil.
cias e das minhas limitações - com
a consciência do dever cumprido. Ao iniciar o exame do Projeto de
Constituição da República, não que-
I
Faço-o com tristeza, com melanco-
lia, mas sem amargura, sem ressen- ro deixar, por outro lado, de mani-
timento. E deixo aqui, Sr. Presiden- festar uma palavra de aprêço, de
te, neste momento, a minha mensa- aplauso e de confiança à ação do
gem inicial de profunda amizade, de Govêrno e, particularmente, do Sr.
profunda atenção e admiração pelos Presidente da República, que se ex-
meus colegas e os meus votos para prime através da apresentação do
que aquêles que a esta Casa retor- documento que estamos começando
nem no decurso da próxima legisla- a analisar. Porque, Sr. Presidente,
descontadas, superadas ou afastadas
tura o façam com todo êxito, com
quaisquer divergências que possamos
tôda possibilidade de contribuir, com
ter, e que temos, e que devemos ter,
a sua experiência, com as suas luzes,
e que daqui, quanto a mim, procura-
com a sua capacidade e com o seu
rei manifestar a respectiva existên-
patriotismo, para as tarefas memo-
cia- quaisquer que sejam as diver-
ráveis que se abrem diante do Con-
gências, as objeções e as críticas que
gresso Nacional.
possamos formular ou apresentar ao
Sr. Presidente, também desejaria texto do projeto que será votado pelo
aqui ter uma palavra de estímulo e Congresso, há uma consideração ini-
de confianca aos novos companhei- cial que é indubitável e que merece
ros que vi~:ão integrar esta grande ser salientada e exaltada pelos legis-
vmsr --~
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-32
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- 33
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trumento constitucional, as conquis-
tas da independência nacional. E
por quê?
do foi votado o Ato Adicionai.
l!:ste Ato Adicional é que veio incor-
porar à Constituição de 1824, ou seja,
de dez anos antes, aquela experiên-
Porque, Sr. Presidente, não era ape- cia do federalismo brasileiro, aquela
nas o problema interno que preva- necessidade de autonomia das auto-
lecia naquela época, mas, sobretudo, ridades estaduais. Enfim, aquela
o problema internacional. O Brasil série de reivindicações da nossa exis-
representava um dos maiores pro- tência e da nossa vida política que
blemas internacionais do princípio não tinham podido ser objeto de
do século XIX. O problema era o do considerações no preparo daquele
reconhecimento de un1 Estado inde- documento-instrumento. Então, a
pendente, com a quebra de todos os partir do Ato Adicional é que a Cons-
processos, tôdas as alianças, todos tituição do Império passou a ser uma
os tratados, assentados pela Europa Constituição-Suma, isto é, uma
Ocidental, no que diz respeito à mo- Constituição que integrava no seu
narquia legitimista, e o Congresso texto não apenas as razões da revo-
de Viena. lução, da Independência, mas as ra-
zões da existência do Império .
Então, a independência do Brasil Te1nos, então, a grande vida da.
significav a a ruptura daqueles com- Constituição do Império, que vai até
promissos assumidos com a Coroa a Procla1nação da República.
portuguêsa, que prevaleciam no Di-
reito Internacional da época. E esta Sr. Presidente, outra Constituição-
a razão por que êsse reconhecimento Instrumento é a de 1937. Foi feita
exigia que fôsse feito sob um do- para atender a uma situação nacio-
cumento constitucional de importân- nal, que era a repercussão, o reflexo,
cia mundial. Isso é coisa notória na a projeção de uma situação interna-
História do nosso Direito. cional. Foi feita igualmente por um
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-
-37-
sileiro; não foram os seus atributos arbítrio, mas dentro de um Estado
gentis- e eu gosto muito destapa- de Direito."
lavra gentil, Sr. Presidente, porque O Sr. Josaphat Marinho - "V. Ex.a
ela não tem nada de frágil nem de faz, sem dúvida alguma, observações
efeminada; é uma palavra que diz ponderabilíssimas, inclusive por par-
respeito à gentilhomeria, que diz te da oposição. Sobretudo, V. Ex.a
respeito à bravura generosa -, os fala com a serenidade mais de quem
atributos gentis do povo brasileiro; quer buscar acêrto e esclarecimento
não foram apenas êles que se mani- do que defender posição partidária.
festaram no processo revolucioná- E' evidente que a pronunciamentos
rio. Houve violências censuráveis, dessa natureza nós outros, da Opo-
houve injustiças gritantes e até sição, devemos dar a devida con-
mesmo repugnantes, mas, no con- sideração. Eu me permitiria, apenas,
junto, não podemos deixar de reco- lembrar a V. Ex.a que o projeto bus-
nhecer que êstes dois anos de pro- ca, em grande parte, institucionali-
funda transformação nacional, pro- zar o arbítrio, quer quanto aos direi-
cessada debaixo de pressão militar tos individuais, quer quanto ao poder
irrecusável e cheia de suspicácia, legislativo do Presidente da Repú-
cheia de falta de informação sôbre o blica, quer quanto à faculdade de
meio civil, não se processou, de ma- o Presidente da República estabele-
neira nenhuma, nos moldes que tem cer medidas excepcionais além das
oferecido a vida política de outros enumeradas na fase de estado de
países. É aquela gentileza, é aquela sitio. Claro que, como minoria, com-
graça generosa, é aquela tolerância preendemos que não podemos obstar
humana, é aquela cordura, é aquela a feitura da Constituição nem ela-
capacidade compassiva que caracte- borá-la segundo nosso pensamento.
rizam o povo brasileiro. Mas queria Nem por isso, entretanto, deixare-
salientar também que a elite polí- mos - segundo o tratamento que
tica do País, aquêles que estão com recebermos - de oferecer a nossa
a responsabilidade do poder, tam- contribuição para reduzir a parcela
bém procedem não pelas mesmas de autoritarismo e de arbítrio que
razões psicológicas, mas por mo ti- se encerra no projeto governamen-
vos da liderança, por convicção e tal. Se essas modificações forem
boa-fé política, por direitura polí- possíveis, se alterações adequadas
tica, a êste esfôrço de conter os im- se tornarem oportunas, asseguro a
pulsos revolucionários, dentro de um v. Ex.a que a Oposição não pecará
quadro discutível, sim, de um quadro por omissão."
frágil, sim, dentro de um quad~o
O SR. AFONSO ARINOS - "Sr. Pre-
inadequado, sim - e sou dos pn-
sidente, eu me rejubilo, eu me feli-
meiros a proclamá-lo -, mas, em
cito por ter dado oportunidade à
todo caso, dentro de um quadro li- brilhante intervenção do meu cole-
mitativo do arbítrio e impositivo das ga, Senador Josaphat Marinho, e es-
regras do Estado de Direito. tou convencido de que o fino apare-
Mas esta observação ninguém no-la lho auditivo do Senador Daniel
Krieger não terá estado alheio a
pode tirar, ninguém no-la ?ode
recusar à Situação ou ao Governo, esta mensagem circunloquial, que
chegou à sua cadeira.
êste empenho de terminar o proces-
so e passar as responsabilidades do o nobre Senador Josaphat Marinho
poder não dentro de um estado de falou mais para V. Ex.a, Sr. Senador
•
-38
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duta dos homens esclarecidos e sen- missão dos Cinco, presidida por
satos, que os há do outro lado, deli- Américo Brasiliense e com a partici-
beramos participar da elaboração pação de Saldanha Marinho, Maga-
constitucional, ainda que resistindo lhães Castro e outros.
e combatendo, mas na justa expec-
~sse processo, transformado, depois
tativa de que encontraremos aque-
da revisão de Rui Barbosa, no cha-
las soluções que não sejam no inte- mado Projeto do Govêrno Provisó-
rêsse dos grupos partidários, mas do rio, foi longamente discutido pela
interêsse geral do País." Assembléia Constituinte de 1890.
O SR. AFONSO ARINOS - "Muito As dificuldades que a primeira
obrigado a V. Ex.a" Constituinte republicana teve com o
Sr. Presidente, vou terminar esta Poder Executivo não tiveram relação
fase, digamos, introdutória ou pro- alguma com o projeto votado. Fo-
pedêutica do tratamento que desejo ram devidas à questão d.a eleição
dar à discussão da matéria nesta do Presidente da República, em que
Casa. houve uma divergência entre o Ma-
E vou terminar exatamente com rechal Deodoro e o Presidente da
uma palavra de divergência e de Constituinte, Prudente de Morais.
restrição, no que diz respeito ao Ato De maneira que o processo de tra-
Convoca tório. balho do Congresso, como Poder
E' a primeira vez, Sr. Presidente, que Constituinte, não sofreu restrição
o Congresso Nacional se reúne com alguma, nem nenhuma limitação,
podêres constituintes, tendo o seu por parte do Poder Executivo.
sistema de trabalho limitado por ato A Constituição de 1934 é conhecida
do Executivo. Isto nunca aconteceu também. A Comissão do Itamarati,
na História Constitucional Brasi- presidida - permita-me o Senado
leira. dizer com emoção - pelo Ministro
Sabe o Senado que o choque, a luta, do Exterior Melo Franco, foi a fonte
entre a Constituinte de 1823 e o Im- de elaboração do anteprojeto, reme-
perador Pedro I foi fundada na cir- tido depois à Constituinte, que o vo-
cunstância de que a Constituinte tou como bem lhe aprouve, baseada
queria negar ao Imperador o direito no seu próprio processo de trabalho.
de sancionar as leis ordinárias, quer Na Reforma Arth ur Bernardes de
dizer, ela negava à Coroa o direito 26, houve certa limitação aos podê-
de intervir no próprio processo de res do Congresso. Mas essa limitação
elaboração legislativa, sob o pretex- se fêz através de uma reforma do
to de que, sendo uma Constituinte, Regimento, votada pelo próprio
não esta va subordinada a nenhum Congresso.
outro Poder. Evidentemente, não pude consultar,
Foi evidentemente êsse exagêro de na pressa de vir à tribuna, mas lem-
defesa de prerrogativas, que ainda bro-me muito bem - homens de
não estavam fixadas no texto, que idade não têm o privilégio de citar,
determinou a dissolução da Consti- mas de lembrar, é a tristeza da ida-
tuinte, pela fôrça armada, e a ou- de - que o processo de reforma do
torga do texto de 1824. Regimento foi feito com largo de-
Em 1891 é conhecida, também, a re- bate, principalmente dentro da Câ-
senha do processo de preparação do mara, em que avultavam os nomes
anteproj eto. Foi constituída uma Co- dos Deputados Leopoldina de Oli-
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-40
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•
-42
Quero dizer com isto que, embora na de fato, aquêle repositório, aquêle
sua distribuição de matéria os textos conglomerado de dados que não .cor-
constitucionais provenham da coope- respondem, a meu ver, de maneira
ração de muitas inteligências, habi- alguma, ao que se pode chamar o es-
tualmente essa cooperação obedece fôrço pela institucionalização de uma
a um centro de recebimento e de dis- doutrina e de uma aspiração política.
tribuição de impulsos e de inspira- Isto determinou, Sr. Presidente, em
cães: um centro de confecção coor- primeiro lugar, uma grande deficiên-
denada de um documento que seja, cia da linguagem. Não sou filólogo,
no fundo, uma transação entre várias não chego mesmo a ser gramático.
correntes, uma transação entre vá-
rias fôrças sociais e políticas, mas Confesso que não sou um conhece-
uma transação que se assente na dor da língua. Mas sou um ledor per-
base de um corpo de doutrinas, de manente dos textos castiços, dos
princípios, de aspirações e de pro- textos altos da nossa literatura, tan-
cessos comuns. to política como de outra natureza,
enfim, o acervo da obra impressa da
U1na Constituição não é uma uni- inteligência brasileira. E confesso a
dade, mas é sempre uma união. O V. Ex.as - e tenho a impressão de
que aconteceu, entretanto, com. êsse que esta será a opinião generalizada
projeto, foi que, dadas as condições - que, no que toca à linguagem, o
de sua elaboração, como venho de Projeto de Constituição é de uma in-
. mencionar , não se procedeu a essa digência total, é de uma afrontosa
espécie de nucleação centralizada, no insuficiência. Acredito mesmo que
sentido de obediência ao esfôrço co- não exista texto constitucional, na
mum, baseado em certos princípios, História do País, nem mesmo texto
de que participassem os elaboradores, de uma legislação importante e sig-
de que fôssem conscientes e cientes nificativa que seja tão mal redigido
os elaboradores, e que tivesse, então, quanto o projeto que temos em
um desenvolvimento normal decor- mãos.
rente da própria existência dêsses
princípios. Insisto em que não sou crítico auto-
rizado, sou apenas um leitor surprê-
O que se deu foi que o texto é pro- so, um leitor espantado, um leitor
duto não de uma síntese, não de uma golpeado pelos assaltos de solecismos
composição, mas de uma adição au- e de construções sintáticas inespe-
tomática, de uma soma inorgânica de radas, ousadas e de deficiências esti-
uma ·série de reivindicações e de uma lísticas que comprometem não ape-
série de opiniões. nas a feitura formal do documento,
E isto fêz com que o texto chegasse mas a sua própria lógica, o seu pró-
às nossas mãos sem representar prà- prio entendimento, com prejuízos
ticamente nada. Se é que queiramos evidentes quando chegarmos à fase
que o texto constitucional represen- da sua inteligência e da sua inter-
te um corpo de doutrinas, de idéias, pretação.
de técnica e de desenvolvimento ope- Eu poderia pegar o texto e citar aqui,
rativo. J!:le não representa isto. O tex- com facilidade, alguns trechos e in-
to representa uma adição ocasional cisos que viessem a corroborar esta
de uma série de sugestões que pro- afirmativa que venho fazendo. Mas
vêm de opiniões divergentes, de in- creio ser perfeitamente inútil êste
tenções divergentes e de concepções trabalho, não apenas porque não me
divergentes. Isto faz com que êle seja, cabe a mim, como porque as lacunas
- I 1
43-
que saliento terão, evidentemente, tre, está fazendo discurso que todos
ocorrido àqueles Srs. Senadores que nós ouvimos com a maior atenção.
se dedicam mais ao trato da filolo- V. Ex.a advoga a tese de que o mé-
gia e da lingüística. rito está em que o Presidente daRe-
pública deseja o estado de direito,
E, desde logo, isso me parece muito através do envio de um Projeto de
importante: uma revisão completa do Constituição, reconhecendo, porém,
texto, ainda que mantendo o con- que o prazo para análise dêsse pro-
teúdo discutível, o conteúdo inacei- jeto é extremamente exíguo. No de-
tável. É uma tarefa que se impõe, correr da sua exposição, V. Ex.a afir-
desde logo, embora ela seja penosa, ma que há· gritantes contradições
esmagadora, porque seria uma reda- dentro do projeto que nos chega.
cão a bem dizer total, uma recompo- Então, passaríamos de um estado de
~ição total em prazo muito exíguo. arbítrio para um estado de direito,
Mas não é tanto isto que interessa. cujo. estado de direito se caracteri-
zaria pela anarquia que está dentro
As condições em que foi preparada do próprio texto constitucional. ~sse
a reforma, baseando-se nas observa- estado não poderia permanecer, em
ções que há pouco fiz, deram em re- virtude das contradições tôdas que
sultado um outro tipo de defeito, V. Ex.a vem apresentando. Ou en-
] quer dizer, a inexistência de uma tendi mal?"
série de princípios comuns de Filo- O SR.· AFONSO ARINOS - "Não, V.
I
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sofia de Direito, de Ciência Politi-
ca, de Teoria do Estado, que levas-
sem a um desenvolvimento conse-
qüente. A inexistência de um núcleo
de pensamento comum determinou
resultados contraditórios, porque en-
Ex.a entendeu bem. Apenas eu gos-
taria de precisar melhor meu pensa-
mento.
Procurarei demonstrar que, de qual-
quer maneira, do ponto de vista po-
litico, a limitação de podêres, ainda
tão a Constituição vai apresentar, no que contida num documento defici-
seu contexto, em estado prévio, em ente, é preferível à ilimitação de po-
estado preliminar, aquêle choque de dêres, ou utilização de arbítrio. É o
opiniões e de fôrças que, nas elabo- primeiro passo.
rações constitucionais, são o perío-
A segunda observação, que ontem
do de adaptação e de transação do
salientei, é que êsse texto é transi-
trabalho de equipe. Mas, como não tório, e, portanto, o fundo dos meus
houve êsse período de adaptação e discursos é exatamente o de dar
de transação, as contradições f!gu: aquelas impressões que um parla-
ram inerentes ao texto . Ê:le nao e mentar, que chega ao fim do seu
uma combinação, como eu disse, não mandato, pode dar, no sentido de
é uma síntese, êle é um conglome- contribuir, muito modestamente,
rado de elementos muitas vêzes opos- muito humildemente, para o pensa-
tos- e eu digo no sentido das aspi- mento e julgamento daqueles que
rações jurídicas, no sentido da ne- aqui vão continuar: no sentido de re-
cessidade que têm as instituições conduzir o conjunto àquelas condi-
jurídicas dentro do Direito Público ções mínimas que ensejem o nosso
- e isto faz com que o texto se progresso, a nossa cultura e o nosso
apresente essencialmente contradi- desenvolvimento. Isto, partindo do
tório consigo mesmo." princípio de que o poder está limi-
O Sr. Aurélio Vianna - "V. Ex.a, Se- tado pelo Direito e de que ao Con-
nador Afonso Arinos, que é un1 n1es- gresso cabe, na 6.a Legislatura, fun-
•
-44-
ção da maior relevância. A êle com- que passam a prejudicar a substân-
petirá mostrar quais são os pontos cia mesma do desenvolvimento de-
principais em que as atividades do mocrático.
Congresso se podem desenvolver. Eu vou, no decorrer dos meus dis-
Quanto à anarquia, tomaria a ex- cursos - se puder proferi-los no
pressão do nobre Senador no sentido plano que estabeleci-, mostrar que
coloquial, mas não no sentido jurí- esta contradição é permanente, é bá-
dico, no sentido científico da palavra sica, em todo o desenvolvimento do
"anarquia", porque a existência de projeto: a aspiração por um Govêrno
limitações do Poder é a negação do de democracia e justiça e a execução
princípio da anarquia. A anarquia é de medidas que tornam pràticamen-
a inexistência do Poder. Anarquia, te irrealizável esta aspiração. Mas,
no sentido técnico da expressão é a hoje, eu pretendia abordar, desde
inexistência do Poder e, portanto, a logo, uma contradição que não está
esperança de que a sociedade viva expressa, que não está consignada,
bem com as aspirações naturais de literalmente, no texto, mas é de
cada indivíduo. Esta, a filosofia do grande importância, porque ela cons-
anarquismo, que, V. Ex.a. sabe:, é, titui o fundamento, a influência pro-
desde o século passado, concepção funda, básica, que vem tornar ine-
puramente romântica. vitável a contradição superior.
Agradeço, assim, a V. Ex. 8 , meu no- Eu sei que o assunto é delicado, mas
bre colega, a oportunidade de ter precisamente porque o assunto é
dado êste esclarecimento especial à delicado é que êle deve ser abordado
dúvida que suscitou. com a objetividade, com o respeito
e com a serenidade que são o apa-
Mas dizia eu que as contradições nágio do Senado.
existem em função da falta de uni-
dade na concepção e desenvolvimen- Quero, Sr. Presidente, tratar, hoje,
to do raciocínio que preside a con- como tema do meu discurso, da con-
fecção do projeto. Essa contradição tradição básica de tudo isso- a con-
eu salientaria, como disse, em pri- tradição entre o poder civil e o poder
meiro lugar, entre os propósitos po- militar.
líticos delineados, no sentido da res- No dia em que transcorreram, neste
tauração da democracia representa- edifício, os acontecimentos recentes
tiva e os meios preconizados para que todos deploramos, ou seja, o ato'
esta restauração. que suspendeu o funcionamento do
É o que se poderia chamar contradi- Congresso, o Comandante das fôrças
ção entre a esperança e o mêdo. militares, que cumpriu a ordem que
recebera, teve - segundo foi noti-
Existe, em nossa geração, sobretudo ciado - um diálogo curto e fulgu-
nos grupos dominantes, a esperanca rante con1 o Presidente da Câmara
e o empenho do restabelecimento do dos Deputados, na saída dêste edi-
regime de liberdade e de justiça. No fício.
entanto, também existe a idéia de
que a liberdade evoluiu para a anar- Disse o Presidente da Câmara: -
quia e para a corrupção. Então, essa "Eu sou o poder civil". Respondeu o
contradição psicológica, que está em Con1andante das Fôrças Armadas:
todos os responsáveis, faz com que - "Mas eu sou o poder militar".
os anseios democráticos sejam con- Estas expressões encontraram, evi-
tidos por mna série de repressões dentemente, uma guarida sensacio-
- I~
-45-
nal na Imprensa diária, porque elas pode conceber o poder senão através
têm o aspecto de sensação. Têm, en- daquele grupo de homens que o
tretanto, outra significação não sen- exerce. Mas por que êsse grupo de
sacional, que é significação politico- homens é o poder? Aí respondem os
jurídica, importante. Exatamente sociólogos: é um grupo de homens
esta contradição que se esboçou no autorizados a falar em nome de to-
diálogo entre o Presidente da Câma- dos os outros: Isto é o poder. E que
ra e o Comandante das Fôrças em é o poder jurídico? É a investidura
operação, é o que eu queria hoje, de um determinado grupo de ho-
neste discurso, procurar acompa- mens, civis e militares, para falar em
nhar um pouco melhor. nome de todos, dentro do quadro es-
tabelecido pela lei. Portanto, a idéia
Começaria, Sr. Presidente, chaman-
de que possa haver uma duplicidade
do a atenção de civis e de militares, de poder num sistema jurídico é
porque num sistema democrático não idéia perfeitamente insensata.
há contradição entre poder político,
poder civil e poder militar. Na reali- Não estou falando com o intuito de
dade, só existe um poder, que é o po- fazer crítica ao diálogo a que me re-
der do Estado, que é o poder jurídico. portei, porque êsse diálogo é apenas
uma troca de palavras, num momen-
Ou o Estado é organizado, j uridica- to de emoção, entre duas personali-
'~
i mente - esta é a aspiração das per- dades ilustres. Estou dizendo que
.'l
~ sonalidades militares que levaram a isso não pode servir de filosofia para
g
~ efeito a Revolução de 64, aspiração a confecção de Constituição nenhu-
reiteradamente proclamada em do- ma. Qualquer Constituição que se
J cumentos de tôda natureza -, ou pretenda erigir sôbre uma contra-
I
I marchamos, com o apoio das Fôrças dicão não compensada, não declara-
I
Armadas, para a restauração de um da~ mas permanente, mas contínua
sistema democrático, limitado pelo entre o poder civil e o poder militar,
Direito- e, então, não há civil nem não é uma Constituição democrática
militar, senão o poder da Constitui- - é uma Constituição submetida aos
ção, do Direito, o poder jurídico -, impulsos da ditadura ou da rebel-
ou vamos imaginar que se possam dia."
defrontar, permanentemente, no
O Sr. Aurélio Vianna- "Penso que
funcionamento das instituições, as
não estou entendendo bem o raciocí-
influências contraditórias do ele-
nio de V. Ex.a Em primeiro lugar,
mento civil com o do elemento mili-
tar. Isso me parece o maior de todos
v. Ex.a compreendeu muito bem que,
quando falei em anarquia, não me
os erros, o êrro de tudo aquilo que na
estav a reportando à filosofia ado ta-
Constituição corresponde às contra-
da, no século passado, pelos anar-
dições profundas, às contradições ín-
quistas, por aquêles que não admi-
timas, aquelas que estão no nosso
tiam a existência, digamos, do Estado
pensamento e que não conseguimos
organizado nos moldes conhecidos.
dissipar. Tudo aquilo que na Cons- l\1as então V. Ex.a advoga a tese de
tituicão corresponde a essa contradi- que, se essa Constituição fôr aprova-
ção civil-militar é o pior. da como veio do Executivo, teremos
Sr. Presidente, o que é o poder? Po- um conflito insanável: o Estado será
der - dizem os sociólogos, porque é de direito mas não será um Estado
problema mais de ordem sociológica democrático. Teremos, então, um Es-
do que de direito - é, histàricamen- tado de direito) ditatorial. Logo, deve
te) mn grupo de homens. Não se haver alteração profunda para que,
•
-46-
Isto, como disse, não é uma obser- não têm, para uma vida digna,
vação peculiar ao nosso País. O grupos civis apelam para os milita-
Brasil se enquadra numa categoria res para manutenção e em defesa
geral, em que êsses fatôres são no- da velha ordem, muitas vêzes supe-
tórios e preponderantes. O nosso rada. Nos Estados organizados, de
País tem uma situação um pouco di- economia forte, isso não acontece,
ferente, como salientei no princípio não vem acontecendo. V. Ex. a de-
desta fase da minha exposição, ou clarou que não é propriamente êste
seja, não é um País subdesenvolvido, o caso do Brasil. Nunca tivemos mi-
é um País em vias de desenvolvimen- litarismo no Brasil; nunca tivemos
to; um País onde os problemas polí- uma casta propriamente militar no
ticos e administrativos se apresen- conceito que se deu noutros países.
tam com uma complexidade muito
maior, com necessidade de vivência Mas eu gostaria que V. Ex.a se apro-
muito mais ampla, com necessidade fundasse mais sôbre êsse assunto,
de uma - vamos dizer - atuação porque o conceito de segurança na-
política, no verdadeiro sentido da cional, por exemplo, no atual pro-
palavra, mais eficaz. jeto de Constituição, é tão elástico
que talvez esteja aí o conflito a que
Nestes países, o predomínio exclusi- V. Ex.a, no início, se referiu."
vo da casta militar não se opera com
grande facilidade. Ela encontra difi- O SR. AFONSO ARINOS - "Eu res-
culdades no seu próprio exercício. pondo a V. Ex.a V. Ex.a revelou, sem
Quando o poder é conquistado pelos dúvida, uma opinião procedente, mas,
militares, a conquista não é difícil, diria, parcialmente procedente."
mas o exercício dêsse poder, em têr-
mos de orientação politica e de ori- O Sr. Aurélio Vianna- "Sim!"
entação administrativa, já se torna O SR. AFONSO ARINOS - "É uma
bem mais difícil, porque o País já é assertiva, feita em relação aos paí-
muito mais complexo."
ses do tipo do nosso por escritores es-
O Sr. Aurélio Vianna- "Nobre Sena- trangeiros. A tese sôbre desenvolvi-
dor, não acha V. Ex.a que êsse apêlo mento e subdesenvolvimento do
dos civis aos militares é, na verdade, grande economista sueco, que teria
um apêlo de grupos civis a grupos de dar um curso no Brasil no ano de
militares, tôda vêz que os países sub- 1967, GUNARD MIRDAL, tem muito
desenvolvidos ou em desenvolvimen- ponto de contato com as idéias ex-
to ameaçam a ordem vigente para pressas por V. Ex.a. E eu mesmo, no
uma transformação da ordem econô- discurso que fiz aqui logo depois do
mica e social? Para a manutenção dia 1.0 de abril e que foi publicado
do statu quo, daquela situação con- em revistas não parlamentares, ma-
tra a qual se vai rebelando o povo, no nifestei a opinião que V. Ex.a está
seu desejo de felicidade econômica emitindo. Dizia que tinha assistido
e de segurança social? Não sei se é em minha vida a êsse conflito per-
êste o entendimento que V. Ex.a dá à manente na busca da ordem e do
tese que defende, mas historicamen- desenvolvimento econômico, que não
te sempre foi assim. Historicamente chegam a um ponto de encontro des-
é assim. Tôda vez que um país quer sas duas correntes - a ordem ba-
furar a barreira do subdesenvolvi- seada nas inspirações jurídicas e o
mento econômico, tôda vez que as desenvolvimento, baseado nas neces-
massas se transformam em povo e sidades populares sem lilnitações de
passam a solicitar vantagens que direito.
- 49
I
do interêsses de outras. Então há
de muitos parlamentares, inclusive
transformações. Mas, de qualquer
de alguns cassados e exilados pela
maneira, há apelos de civis para que
Revolução, que apelavam freqüente-
os militares tomem uma posição.
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-51
refa militar no monopólio do Govêr- gloire, no Haiti; Roj as Pinilla, na
no é extremamente mais di.fícil, é Colômbia; Jimenez, na Venezuela;
pràticamente impossível. Baptista, em Cuba (Baptista não era
Por uma razão. Porque um grupo- bem ditador militar, mas oprimiu
Cuba através das fôrças militares);
mais bem preparado sem dúvida,
Lemos, no Salvador - e quatro ti-
mais solidário na atuação sem dú-
nham sido assassinados: Ramon, no
vida - mas um grupo limitado no
Panamá, Somoza, na Nicarágua,
número, não pode ocupar as posi-
Castilho Armas, na Guatemala, e
ções decisivas em um Estado das
Trujillo, na República Dominicana.
proporções territoriais e populacio-
nais do nosso. E, em segundo lugar, Havia, portanto, em 1961 - ano em
porque êste monopólio é gritante- que no Brasil houve aquêle grande
mente ilegítimo e, portanto, a ilegi- · impulso popular, em que, numa das
timidade do poder é uma fórmula de raras vêzes da História da Repú-
enfraquecimento dêsse poder se se blica, tôdas as fôrças conservado-
quiser exercê-lo livremente. Em ou- ras se uniram às fôrças populares,
tras palavras, o poder ilegítimo para a eleição de um candidato à
só se exerce através da fôrça dita- chefia do Estado -, não apenas no
torial, e a declaração reiterada dos País, como em todo o Continente,
elementos militares, dos mais cate- · uma atmosfera de otimismo com
gorizados e melhores, sôbre a signi- relacão à recuperação do poder ju-
ficacão da Revolução de março e do rídi~o nas nações. Mas essa atmos-
text~ constitucional é exatamente fera, infelizmente, não se confirmou,
no sentido da restauração dos prin- porque nós tivemos a volta da in-
cípios de liberdade. tervencão militar, sempre seguindo
Dizia então que a tarefa é complexa, ao apêlo de facções civis dissiden-
demorada, que depende da compre- tes ou dissentidas: na Argentina,
ensão do que significa o poder jurí- em 1962, com a deposição do Presi-
. dico, que é, exatamente, a composi- dente Frondizi; no. Peru, em 1962,
cão a combinacão, a união entre com a deposição do Presidente Pra-
~quÍlo que o C~ronel Meira Matos do; na Guatemala, em 1963; no
chamou poder militar e o que o Equador ,em 1963; na República Do-
Deputado Adauto Cardoso chamou minicana, em 1963, com a deposição
poder civil. do Presidente Bosch; em Honduras,
en1. 1963, e no Brasil em 1964.
Sem dúvida, na América Latina,
hoje, as perspectivas não são ani- como vêem os Srs. Senadores, isto é
madoras. um processo que corresponde a cer-
tas contingências básicas, não tanto
Fiz aqui uma pequena resenha, que de natureza sociológica, de natureza
consegui compendiar e que talvez econômica, exclusivamente, como es-
já esteja em atraso, sôbre a situação tava querendo salientar o eminente
do nosso continente no momento Senador Aurélio Vianna, ainda pre-
atual e nos seus antecedentes ime- sente neste recinto, mas de natureza
diatos. estritamente de cultura política, de
Em 1954, das vintes Repúblicas do concepção política, de atuação polí-
Continente. doze eram governadas tica. Porque, como eu procurei es-
por ditado~es mlitares. E1n 1961, sete clarecer, na resposta ao aparte que
dos doze ditadores tinhan1 sido der- 1ne deu, o nosso País é uma de-
rubados: Peron. na Argentina: Ma- monstração de que esta fermentação
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-52
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-54
não pode ser considerado um país A primeira delas, a que ressalto des-
desviado completamente da órbita de logo, é a seguinte: tendo o pro-
democrática. Quero dizer, com isso, cesso da revolução política levado à
que as responsabilidades do Judiciá- natural conseqüência do fortaleci-
rio Político são enormes no prosse- mento do Poder Executivo, nós for-
guimento da vida dêste projeto, talecemos o Executivo e o transfor-
quando transformado em Lei Cons- mamos em poder oligárquico, em
titucional. poder emanado de uma eleição indi-
Grandes são as responsabilidades do reta. Essa contradição vulnera de
Legislativo, porque elas se enqua- morte o espírito da nova Consti-
dram na obrigação de transformar tuição.
isto que aqui está, no decurso da No momento em que, seguindo o
primeira Legislatura que se seguir a processo de fortalecimento do Exe-
esta, mas grandes serão também as cutivo, levamos ao máximo as atri-
responsabilidades do Judiciário, por- buições do Presidente da República,
que elas significam a manutenção tomamos essa autoridade saída de
do que aqui existe de respeito às um conchavo político em que o povo
tradições de liberdade e de justiça não se manifesta.
da República Brasileira.
Mas, Sr. Presidente, se deixarmos Senhores Senadores, perdoem talvez
a apreciação desta parte referente a rispidez excessiva destas palavras,
ao Poder Judicial - como se dizia mas elas correspondem exatamente
na Constituição do Império -, e no- ao que estou pensando. Vai-se ins-
vamente entrarmos nos fatôres re- tituir no Brasil um sistema de Go-
ferentes ao Poder Executivo, então vêrno oligárquico. Não é uma elei-
aparece aqui a primeira grande con- ção indireta que se vai fazer; elei-
·''"'
tradição do texto. ção indireta é coisa diferente. Não
Os Srs. Senadores que me têm pre- voltarei a repetir os argumentos de
miado com a bondade de sua aten- que lancei mão na ocasião em que
ção hão de se recordar que tenho fiz um discurso em divergência do
enfatizado especificamente as con- meu Partido neste sentido, e a mi-
tradições que se manifestam no tex- nha abstenção na eleição presiden-
to que vamos aprovar. Quando di- cial que então se verificou. Não
go vamos aprovar, refiro-me ao quero voltar à análise das razões
Congresso; muitos de nós não o nem à exposição daqueles motivos.
aprovarão, mas é fatal que o texto
Seria longo. O que quero é ressaltar
seja aprovado. Essas contradições
êsse aspecto: vai ser uma eleição
decorrem das observações que aqui
menos que censitária. Eleição cen-
fiz sôbre a falta de unidade na ela-
sitária é aquela que se processa
boração do projeto, a falta de uma
através de um eleitorado reduzido
filosofia política diretora, a falta de
por motivo de natureza econômica.
coordenação dos trabalhos prepara-
tórios, e, finalmente, essa dicotomia, O que se vai processar é uma eleição
essa dissenção terrível que perdura oligárquica, eleição saída de um
em nosso País, a dissenção do poder eleitorado composto de um colégio
civil com o poder militar. Essa é eleitoral, constituído de uma oligar-
uma das razões da fragilidade e das quia para 1nanter o predomínio de
contradições inerentes ao documen- uma situação militar. Esta a reali-
to que estamos examinando. dade. Enquanto houver a eleição in-
-57-
direta, a República estará entregue Então, a figura do Presidente daRe-
a Governos militares. Com a adoção pública foi uma incógnita, uma es-
da eleição direta, restabelecer-se-á finge que começou a se desenhar na
o poder jurídico civil. consciência coletiva daquela Assem-
bléia. O que seria aquela persona-
Não sou presidencialista. Sou con-
lidade, aquêle monstro?
tra o sistema presidencial. Sustenta-
rei aqui, no decurso ainda desta dis- Sabe V. Ex.a que, segundo os comen-
cussão, a possibilidade e a conve- tadores mais antigos da Constitui-
niência da implantação do regime ção americana, a figura do Presi-
parlamentar. Mas, se se quer adotar dente foi transferida ou foi projeta-
o regime presidencialista e, ainda da pela figura do Rei inglês, e dos
mais, o presidencialismo baseado na mais fortes, o Rei Jorge In.
revÕlução política que leva ao forta-
lecimento do Executivo, é uma con- Então, criaram, instituíram uma es-
tradição intolerável que se rapte ao pécie de soberano popular. Depois,
povo o direito de escolher aquêle que não se sabia nem mesmo o tempo que
vai governar a Nação." êle iria ficar no Govêrno. Houve
uma dúvida constante.
O Sr. José Guiomard - "V. Ex.a,
quando se refere à eleição indireta, Sabe o Senado que, quando adotada
sabe muito bem que, na República a Constituição americana, não havia
Norte-Americana, não se deu êste prazo para permanência do Presi-
predomínio da casta militar; nela dente da República. O prazo de qua-
êsse perigo parece cada vez mais tro anos foi dado pelo que se cha-
longe." mava a Comissão de Estilo, e aqui
chamamos Comissão de Redação.
O SR. AFONSO ARINOS - "Agra-
Foi a Comissão de Redação - não
deço muito ao meu querido conter- se sabe quem indicou ou escreveu-
râneo e velho amigo, Senador José que estabeleceu o prazo de quatro
Guiomard, mas divirjo completa- anos. Era um funcionário saído da
mente de sua opinião. Não acho que imagem soberana para governar um
a República Americana seja gover- grupo, sem saber como nem por quê.
nada por eleição indireta~ O que se
deu na República Americana foi Poderia ficar governando a vida in-
precisamente o contrário disso. teira, porque muitos dos redatores da
Na ocasião em que se processou a Constituição e outros membros não
confecção, a redação do processo de n1enos ilustres diziam que George
indicação do Presidente da Repúbli- Washington poderia governar a vi-
ca, muito discutido foi êsse proces- da inteira. E não governou porque
so. Talvez tenha sido o ponto ne- não quis - o Senado sabe isso. Não
vrálgico de dúvida, de ansiedade, na governou porque renunciou. A in-
elaboração da Constituição de Fila- vestidura dêsse homem era pela
eleição indireta. V. Ex.a tem tôda ra-
délfia.
zão. Alexandre Hamilton - creio que
Em primeiro lugar, a figura do Pre- êle, não tenho certeza -, em um
sidente da República não existia. capítulo do "Federalista", explicou
I Antes de ser instituída na Consti-
tuição americana, não havia Presi-
longamente por que a eleição deve-
ria ser indireta. É porque aquela es-
dente da República: era entidade colha deveria caber a u1n grupo re-
desconhecida. duzido de cidadãos que tivesse1n a
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lc,_~l.r
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I ,,
Como dizia eu, Sr. Presidente, a pri-
meira e a mais grave das contradi-
ções que, desde logo, se manifestam
vemos a mais ampla participação,
no período em que nos defendemos
com o sangue e a espada das Fôr-
no problema político da Revoluçáo ças Armadas brasileiras, durante as
é esta: de se fazer u1n Govêrno ne- grandes guerras da nossa formação~
•
-60
discutíveis, como também diz Vossa a respeito do qual estou muito ma-
Excelência, a respeito dos quais en- goado com V. Ex. a pelas referências
tendo que a segurança, se não de- menos respeitosas que lhe fêz."
termina, pelo menos aconselha o
monopólio." O SR. AFONSO ARINOS - "Vamos
terminar esta conversa, em tômo de
O SR. AFONSO ARINOS - "Sr. Pre- uma coca-cola, ou mesmo de um uis-
sidente, a minha satisfação, o meu que, se quiser ... "
júbilo, a minha consciência de ter
acertado - e não é esta uma decla- O Sr. Mem de Sá - "Assis Brasil gos-
ração formal; gostaria que fôsse ti- tava muito de uma frase, que re-
da por uma expansão sinceramente petia quase diàriamen te: "A pressa
profunda - se vêem coroados com a é inimiga da perfeição." Essa Cons-
intervenção do nobre Senador Mem tituição é uma demonstração disso."
de Sá, não apenas pela sua tradição O SR. AFONSO ARINOS - "O velho
de economista e de financista, mas Assis Brasil me dizia também - eu
pela posição política que ocupou no o conheci na minha mocidade -
Govêrno e pela autoridade moral de uma frase de que nunca me esqueci
que desfruta entre os seus compa-
I
e que é profundamente sábia: "Não
nheiros. acredito em informações." Só acre-
ditava naquilo que via e sentia."
Senador, V. Ex. a realmente me con-
venceu de que tenho razão. Estava O Sr. .José Ermírio- "Desejo lembrar
um pouco hesitante e V. Ex.a defi- a V. Ex.a que já apresentei uma
niu melhor do que eu o problema, emenda com relação a urânio e tó-
trazendo as razões pelas quais con- rio, ao mesmo tempo incluindo os
sidero a intervenção do Estado ne- metais raros que são usados duran-
cessária. V. Ex.a traduziu nas pala- te o desenvolvimento da energia
vras do economista, as sugestões ta- atômica ~ por exemplo, o berílio.
teantes do estudioso de Direito
Constitucional, que não chegava a Exportamos todo o berílio. O Brasil
precisar. Veja V. Ex.a como é defi- não produz um grama. Por essa
ciente, como deve ser deficiente ês- emenda, há obrigatoriedade de fa-
te projeto, em matéria de Direito bricação de, pelo menos, um têrço
Constitucional, na falta de constitu- do minério exportado. Porque, sem
cionalistas que o houvessem elabo- êsses produtos, não temos condições
rado. de desenvolver a energia atômica.
Fico satisfeitíssimo, e só peço a esta o tório, o urânio e a Petrobrás, por-
Casa que acompanhe a emenda que tanto, já estão ressalvados na minha
solicito ao Senador Mendes de Sá emenda, inclusive os minérios de
redija ainda hoje." metais raros, para que êstes sejam
produzidos no Brasil na quantidade
O Sr. Mem de Sá - "Não farei ne- de, pelo menos, um têrço do que já
nhuina emenda a essa Constituição." é exportado."
O SR. AFONSO ARINOS - "Mas, O SR. AFONSO ARINOS - "Muito
pelo menos, redigirá para mim o tex- obrigado a V. Ex.a Eu não o acom-
to dela, o seu esbôço." panharei na sua emenda, porque, co-
O Sr. Mem de Sá - "Isso sim, por- mo digo, não sou conhecedor da ma-
que esta Constituição faz lembrar téria e, assiln~ prefiro cingir-me a
n1uito o dito do grande Assis Brasil, u1n ponto - como é minha tradição,
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Forçoso é confessar que, pelo Ato Revolução, como único elemento re-
Institucional (art. 3.0 ), estava aque- gulador das emendas. E o direi to
la Lei Magna sujeita, como disse- de iniciativa para propô-las nas
mos, a faculdade de ser emendada mãos exclusivas do Congresso.
por iniciativa do Presidente da Re-
pública. Era uma prerrogativa ex- Só êste, nos têrmos inequívocos do
cepcional outorgada pela Revolução art. 217, daquela Lei Magna, tem
e editada nos limites de sua com- atribuições para propor emendas à
petência, como Poder Constituinte. Constituição, processá-Ias e promul-
gá-Ias.
Mas, dentro do espírito de limitar-se
É, por essa forma incompetente o
a si mesmo o próprio Poder Revo-
lucionário, estabeleceu e precisou de Presidente da República para pro-
modo inequívoco o tempo de vigên- por ao Legislativo a nova Consti-
cia do Ato Institucional. Transcrevo, tuição, que ora está submetida à
para evidenciar a afirmativa, o tex- apreciação do Congresso Nacional.
to claro do art. 11 daquele Ato, que Dir-se-á que a Revolução teve con-
assim dispõe: tinuidade e outros Atos Institucio-
"Art. 11 - O presente Ato vigora nais poderiam ser editados, a partir
desde a sua data até 31 de ja- de 31 de janeiro de 1966.
neiro de 1966, revogadas as dis- Não é aceitável o argumento.
posições em contrário."
O Ato Institucional da Revolução
Está evidente que o Poder Consti- investida em Poder Constituinte, foi
tuinte, no exercício efetivo da sobe- o primeiro, e só êle. Os demais nada
rania nacional fixou o prazo, inal- valen~ juridicamente.
terável, para se processarem as re-
formas institucionais. Após êsse Contestá-lo, seria desconhecer adis-
prazo, teria o País de retormar à tinção entre Poder Constituinte e
1r normalidade jurídica. Isso vale di- Poder Constituído. Constituinte foi
zer que, a partir de 1966, os podêres a Revolução, ao elaborar o Ato Ins-
excepcionais concedidos pela Revo- titucional de abril de 1964, estabe-
lução, e tudo mais que se contém lecendo o prazo desta data a 31 de
no Ato Institucional não mais te- janeiro de 1966, para se processa-
riam validade. O Ato teria exaurido rem as reformas que teriam de ins-
o seu conteúdo; perdera a vigência, titucionalizar o pensamento revolu-
no dia 31 de janeiro de 1966, revo- cionário. Poder Constituído é o Con-
gadas as disposições em contrário. gresso Nacional mantido, homologa-
do ou legitimado pela Revolução,
A prerrogativa de propor emendas
co1no se lê do Manifesto justifican-
à Constituição, concedida ao Presi-
do o Ato Institucional.
dente da República pelo instrumen-
to da vontade soberana da Revolu- "Poder Constituinte é por natu-
ção, investida no Poder Constituinte, reza o poder primário, inicial au-
não mais existia (nem existe) a par- tônon1o e incondicionado, ou seja
tir de 31 de janeiro de 1966, eis que a própria soberania nacional na
neste dia, se extinguira a vigência sua elementar ação de se orga-
de tudo quanto se dispunha no Ato nizar" - João de Oliveira Filho
Institucional. Ficara, portanto, a -Repertório Enciclopédico de Di-
Constituição de 1946 mantida pela reito Brasileiro - vol. 12, pág. 31.
-I
-67-
Então, para distinguir as duas Esta idéia de que há, dentro do ho-
idéias, chamou-se a êsse nôvo alu- menl, uma parte que se furta à in-
vião de preceitos que costumam en- fluência de César, esta idéia de que
cher as Constituições dêste século existe dentro da personalidade hu-
de o "Direito da Constituição", isto mana um reduto permanentemente
é, a preocupação de fixar, de ma- livre de qualquer coação do Estado
neira mais duradoura, certos prin- é o germe cristão do princípio do
cípios relativos à ação do Estado. direito individual.
Mas, Sr. Presidente, mesmo nos tex- No decurso da evolução do pensa-
tos mais recentes, dentro do pensa- mento político, terá tomado esta no-
mento dos autores mais modernos, ção outras designações, principal-
nunca se pretendeu diminuir a im- mente a de Direito Natural, a de
portância daquele capítulo referente Superdireito, a de Direito Racional
aos direitos públicos individuais. e, mais recentemente, pelos estudos
Por que êles assim são chamados- dos juristas, dos publicistas de maior
direitos públicos individuais? Por- tomo nesta matéria, a de Direi to
que, evidentemente, são aquêles que Público Individual. Mas, no fundo,
o homem pode apresentar ou reivin- o de que se trata é do reconheci-
dicar contra o Poder Público e não mento de que o homem, pela sua
contra uma competição verificada condição humana, pelo seu próprio
ou instalada no seio da vida social. destino, pelas próprias origens do
seu ser, pelos próprios atributos da
Não é um direito que se ergue con- sua personalidade e da sua forma-
tra outra pessoa física ou jurídica; ção, constitui um mundo dentro do
é um direito que se levanta contra mundo, constitui uma partícula de
a própria ação do Estado- é o di- uma presença imanente e perma-
'?1. ;
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reito do homem contra o Estado. nente, que não pode ser totalmente
~~·-; Esta idéia da existência dos direitos subordinada às mutáveis relações
do homem contra o Estado não é, em sociais e às frágeis deliberações do
si mesma, uma idéia recente; é uma poder político.
idéia antiga. Apenas, ela foi, em uma
época relativamente recente, estru- Isto representou, talvez ou segura-
turada de maneira técnica para se mente, a maior contribuição do Cris-
inserir nos textos das Constituições tianismo ao Direito Público. Porque,
escritas. quando refletimos sôbre a noção de
liberdade tal como conceituada no
:rvras esta idéia, Sr. Presidente, se pensamento greco-romano, em Pla-
insere, se enraíza na própria con- tão, Aristóteles ou Cícero, concluí-
cepção cristã do homem. Então po- Inos que, para o pensamento politico
deremos aqui realmente falar em da Grécia e de Roma, mesmo nos
civilização cristã.
momentos do seu mais indiscutível
A primeira luz, a primeira sugestão, esplendor, a liberdade era concedida
a primeira afirmação concreta e im- como uma forma de integração no
pressionante desta idéia do homem Estado. Em A República, de Platão,
contra o Estado está naquela sen- e e1n A Política, de Aristóteles, na
tença de Jesus, quando ~le, em res- República de Cícero a idéia de ser
posta a uma indagação insidiosa, livre é a idéia de contribuir para
ensina aos seus opositores : "Dai a a fonnação da vontade coletiva. Na
César o que é de César e a Deus o 1nedida em que o cidadão participa-
que é de Deus." va das deliberações de polis, era li-
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vre, e é por isso mesmo que a cida- ciocínio: a existência do mundo so-
dania era privilégio dos homens li- cial e a existência do mundo indi-
vres. vidual. A existência do mundo social
Mas a grande inovação do pensa- condicionando o exercício da auto-
ridade; a existência do mundo indi-
Inento ou do sentimento cristão foi
exatamente esta: a de n1.ostrar que vidual defendendo o princípio da
liberdade. É exatamente isto. E isto
o homem era livre na medida em
-como eu dizia- é a maior con-
que também podia impedir que sô-
quista do pensamento político cris-
bre todo o seu ser influísse a ação
tão.
do Estado. Então, a liberdade cristã
e a liberdade democrática - e exa- Santo Ton1ás, na Suma Teológica,
tamente por isso é que chamamos defende precisamente essa idéia.
democracia cristã e ocidental - es-
tão no reconhecimento, no respeito Quando San to Tomás fala da liber-
e na salvaguarda jurídica de uma dade do homem, da sua possibilidade
parte da personalidade que não se de desenvolver-se no sentido dos
pode submeter, de maneira alguma, seus atributos essenciais, êle está
à ação do Estado. É a definição des- configurando, organizando, raciona-
ta parte da personalidade, é a ex- lizando a palavra de Jesus, aquela
plicação dos pontos em que a per- palavra de Jesus que diz que César
sonalidade se libera da influência, tem o direito de exigir até certo
da coação, das restrições, dos limites ponto, mas de um certo ponto em
da ação estatal, que constitui, pre- diante há uma parte do homem que
cisainente, a cha1nada declaração de não está submetida à dominação de
direitos e garantias." César.
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Pode haver separação, desde que se Eu faço daqui um apêlo não aos
ofereçam oportunidades iguais. n1eus ilustres colegas da Oposição,
que têm motivos políticos para pro-
Hoje, a Suprema Côrte, depois do mover a transfor1nação do projeto,
famoso julgamento do Presidente mas, sobretudo, aos meus correligio-
Warren, diz o contrário: que não é nários do Partido majoritário, para
possível estabelecer-se uma separa- que reflitam bem - ao nosso que-
ção entre as duas raças, ainda que rido companheiro e Líder, Senador
ll I ofereçan1os oportunidades idênticas. Daniel Krieger; ao Líder da Câmara
De modo que o que existe não é dos Deputados, o ilustre e também
diferença de tratamento, mas dife- meu velho amigo, Deputado Ray-
rença de psicologia: psicologia dos mundo Padilha; ao Presidente da
saxões, que procuram marchar, de Grande Comissão de Reforma, o
acôrdo com interpretações constrtl- eminente e ilustre co-estaduano
tivas longas enquanto a nossa con- Deputado Pedro Aleixo, Vice-Presi-
cepção latina procura reduzir o as- dente eleito da República; ao Sr.
sunto a um esquema convulsivo Presidente da República, o ilustre
porque importa e1n atos de convul~ Marechal Castello Branco; ao Sr.
são revolucionária. Ministro da Justiça, o ilustre jurista
Carlos Medeiros da Silva -, para
1\.fas, agradecendo ao nobre Senador que vejam se eu tenho ou não tenho
a honra do seu aparte, procurarei razão nas considerações que, neste
prosseguir na linha que me tinha momento, vou iniciar, porque, o que
traçado. Queria dizer que o texto me parece é que o que aqui está não
que vamos votar não corresponde, poderá funcionar. Então, se não po-
de maneira algun1a, ne1n às tradi- de funcionar, não é nenhuma humi-
ções do Direi to Constitucional com- lhação. nenhum recuo. nem 1nesrno
-
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I modestas sugestões que aqui venho meira. Era uma Constituição escrita,
desconchavadamente enumerando, porém, não rígida; Constituição
eis que êles terão condições muito escrita e flexível, não uma Constitui-
1
mais amplas e muito mais sólidas ção costumeira, como a inglêsa, que
f para apoiar ou para corrigir." pode ser ai terada por legislação or-
dinária. Não era Constituição rígida,
O Sr. Aloysio de Carvalho - "Esta como a americana, que precisa ser
interferência é para afirmar a V. alterada por emenda, ou como as
Ex.a que a sua crítica a êste Capí- Constituições Republicanas brasilei-
tulo é brilhantíssima. Leva-nos a ras que se seguiram. Era uma Cons-
pensar que nada se pode corrigir ali, tituição flexível, assim chamada
senão com um substituição total do porque tinha um corpo de doutrina
que figura no Projeto, restabelecen- inalterável, a não ser por emenda
do-se inteiramente o Capítulo da constitucional e com uma parte
Constituição de 1946. Fazendo esta complementar de disposições que
crítica, V. Ex.a, além de confirmar poderiam ser modificadas por lei
seus merecimentos de jurista, rea- ordinária.
firma perante o Senado sua cons-
I
I
I
ciência de velho liberal que, em todo
o exercício de mandatos eletivos,
estêve sempre na brava, intrépida
defesa das liberdades públicas."
É uma grande sabedoria da Consti-
tuição do Império. Ainda hoje, os
autores do Direito Constitucional
costumam a ela se referir como mo-
dêlo desta noção de Constituição
O SR. AFONSO ARINOS - "Sr. Pre-
rígida que influiu sôbre outras Cons-
sidente, raramente me terá ocorrido, tituições da Europa, em meados do
na tribuna, o que neste momento século passado.
acontece . A consagradora declara-
O chamado Estatuto Albertino -
ção do meu querido companheiro
Constituição do Reino Piemonte-
vem como prêmio, como estímulo a Sardenha, depois adaptada em Cons-
que eu prossiga, não com os atri- tituição do Reino da Itália, após a
butos de brilho ou de saber a que unificação italiana - sofre direta-
. S. Ex.a se referiu, mas com o em- mente a influência da Constituição
do Império brasileiro, com êsse jôgo,
penho e a boa-fé que nortearam êsse molejo da flexibilidade jurídica:
1ninha vida parlamentar e que são uma parte inatingível, imutável, e
herança de u1n nome que recebi e uma parte transformável, co1n certa
que transmiti~ no sentido da defesa liberalidade.
J:
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versão e cuja supressão não leva o por dois a dez anos daqueles di-
indivíduo para fora do gênero hu- reitos, declarada mediante repre-
mano, não torna o indivíduo um sentação do Procurador-Geral da
marginal, um relegado na sociedade. República ao Supremo Tribunal
Federal, sem prejuízo da ação civil
Mas, Sr. Presidente, êste episódio ou penal que couber."
serve apenas para marcar a impos-
sibilidade da manutenção do texto Não é propriamente isso que se con-
- e aqui reitero o apêlo, o caloroso tém na idéia da Constituição alemã.
apêlo, sincero, que formulei às altas
autoridades da República, a começar O que se contém na Constituição
pelo eminente Presidente da Repú- alemã é a iniciativa da autoridade
blica, Marechal Castello Branco, pelo do Ministério Público perante a Su-
seu Ministro da Justiça e pelos Lí- prema Côrte para que esta declare
deres do meu Partido nesta Casa -, ou não, conforme fôr o caso.
a fim de que seja acomodada uma
redação que, realmente, corresponda A declaração não é obrigatória como
aos intuitos dos preceitos que são aqui parece estar escrito, que se diz
consignados na Constituição alemã, que a suspensão será "declarada me-
ou seja, a enumeração daqueles di- diante representação do Procurador-
reitos que poderão ser suspensos em Geral da República ao Supremo Tri-
primeiro lugar, sem lesão dos atri- bunal Federal", cmno uma espécie
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O Sr. Aloysio de Carvalho - "Quer eu também já me estou sentindo,
dizer, uma lei complementar teria com a ocupação da tribuna tantas
um esquema de providências que vêzes seguidas, um pouco consciente
acabariam intocáveis. E, talvez, de . de que não estou mais nos meus
acôrdo com a aplicação na evolução tempos de liderança na Câmara. Lá
do estado de sítio, estas providências se vão tantos anos! Mais de doze
se tornassem muito rígidas, delas po- anos! Então eu podia permanecer
dendo lançar mão o Chefe da Nação. um dia na tribuna. Hoje, receio que
um dia na tribuna me custe meio
Ao passo que uma lei ordinária, que dia de cama, pelo cansaço em que
pode ser modificada a qualquer mo- costumo ficar, depois que dela me
mento, uma lei feita exclusivamen- aparto.
te para a hipótese do estado de sítio
emergente, ou em execução, talvez Portanto, quero concluir não êste
fôsse melhor, para melhor garantir discurso, mas êstes discursos. E que-
os direitos individuais." ro concluir fazendo um apêlo final,
fazendo uma admoestação, manifes-
O SR. AFONSO ARINOS - "Com- tando uma esperança, levantando
preendo a posição de V. Ex.a, mas uma bandeira. Sei que esta esperan-
me permito divergir dela. Acho que ça, no momento, é irrisória. Sei que
a lei feita mais fàcilmente no calor êste apêlo não encontrará recepti-
dos acontecimentos pode também vidade. Sei que esta bandeira se le-
ser feita para atender a certas emo- vanta fora do tempo; mas eu aqui
ções políticas, determinadas pelos a deixo, eu aqui a planto, neste ter-
acontecimentos que venham a exi- reno que é o Senado Federal, neste
gir o agravamento de medidas em terreno que tem tôdas as condições
função daqueles casos, o que talvez para guardar, para fazer com que
não fôsse necessário. Então a lei esta bandeira ou com que o mastro
poderia fazer da providência aquilo desta bandeira possa depois se trans-
que o fogo faz com o metal. Pode- formar em uma árvore que venha a
ria amolecer o metal, mas também frutificar para o futuro. O meu
queimar. O metal quente também apêlo é para que o Senado tome co-
queima. nhecimento da emenda para insti-
Tenho a impressão de que uma lei tuição de govêrno parlamentar, e
feita ao sabor e sob a imediata in- que tive a honra de apresentar aos
fluência da crise poderia criar um funcionários da Mesa.
tipo de medida mais grave do que
aquela que tivesse transitado em A medida que me aproximo do fim
tempo de paz, pelo Congresso, atra- do meu mandato, vou-me conven-
vés de lei especial. cendo, sinceramente, sem qualquer
preocupação teórica, sem nenhuma
Mas nós dois temos razão e só a idéia de influir, que esta é a solução
História, afinal, poderá vir a dizer para o Brasil.
qual de nós dois tem mais razão do
que o outro. Vou concluir, Sr. Pre- O problema do Brasil, neste momen-
sidente, não apenas êste discurso, to, se manifesta de maneira fulgu-
mas esta série de discursos. rante, de maneira ofuscante. O pro-
blema do Brasil é a transferência
Confesso ao Senado que, além do legal do poder politico. J!:ste do-
respeito e do receio que tenho d~ cumento, que temos em mãos, esta
cansar, de fatigar os Srs. Senadores, tentativa de reforma não resolveu
-
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êsse problema. Ela omitiu êsse pro- brasileiro é a solução para a trans-
blema, ela evitou êsse problema, ela ferência do poder, a fim de que ela
girou em tôrno dêsse problema atra- se faça legítima e pacificamente.
vés da eleição indireta, mas ela gi-
rou em tôrno dêsse problema esta- Quando o poder se transfere pela
belecendo uma solução contraditó- fôrça das armas e pela eleição indi-
ria: como disse num dos discursos reta, a transferência pode dar-se
aqui proferidos, ela aumentou, enor- com aparência de transferência pa-
memente, as atribuições do poder cífica, mas não legítima; e quando
Executivo mas retirou-lhe a lideran- o poder se transfere por eleição, a
ça popular, retirou-lhe a legitimi- transferência é legítima, porém, ho-
dade autêntica, ela lhe retirou a fôr- je, no sistema presidencial, já não
ça histórica que vem do reconheci- se transfere pacificamente. Porque
mento do povo nos regimes demo- hoje a eleição se transformou num
cráticos. Então, Sr Presidente, não
o
cataclismo, num terremoto, numa
resolveu o problema, o grande pro- inundação emotiva que faz com que
blema brasileiro que é o da transfe- os candidatos, para serem eleitos, te-
rência periódica do poder politico. nham que se transformar em chefes
de uma espé~ie de subversão nacio-
Aliás, êsse é o problema que tem nal, prometendo o que não podem
tomado difíceis as vidas de muitos fazer, aliciando todo tipo de apoio,
grandes países Grandes países têm
o transformando-se ou reduzindo-se a
vivido êste drama. Assim o Império uma espécie de porta-vozes de uma
Romano, na sua decadência, nas suas catástrofe, de um cataclismo de es-
convulsões, em suas desordens tão peranças inatingíveis.
bem descritas no estilo pomposo e
estupendo de Gibbon no famoso li- Esta é a situação do Brasil: ou o
vro "A Decadência do Império Ro- poder legítimo do presidente traz o
mano" - vemos que o problema cen- terremoto, ou o poder do Govêrno
tral do Império Romano era o da oligárquico traz a Ditadura nas fon-
inexistência de solução para a trans- tes do poder. Ditadura eventual, com
ferência do poder. Talvez eu esteja a sufocação do povo, com a ausência
primàriamente esquematizando de- do povo.
mais um grande drama do mundo,
mas nesse livro aparece aos olhos Então, Sr. Presidente, não vou fa-
dos leitores a impossibilidade de se lar aqui sôbre as qualidades do sis-
encontrar uma solução legal e con- tema parlamentar. Venho dizer que
suetudinária para a transferência do o que se diz sôbre o sistema parla-
poder supremo. Em outros países mentar de govêrno é prova do pre-
que se situam na órbita dos grandes conceito ou da falta de conhecimen-
impérios modernos, como a União to. Não é Govêrno fraco; não é Go-
Soviética, por exemplo, a transfe- vêrno que abandona os in terêsses da
rência do poder é, sempre, o proble- defesa nacional; não é Govêrno que
ma central que gera as grandes cri- se apresenta contra os interêsses da
ses. Iremos assistir, talvez, a uma Federação.
grande crise histórica, quando o pro-
Eu considero perfeitamente inútil
olema se colocar na China de hoje.
voltar a repisar ainda, a insistir sô-
Então, Sr. Presidente, a solução que bre êsse assunto, mas deixo aqui a
as mentalidades jurídicas e políticas minha emenda que institui o Govêr-
do País devem encontrar para o caso no parlamentar no Brasil, e que pro-
....
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dor a 28,50 dólares e para nós a envia aos outros um retrato em tra-
38,88. E mais: pôsto lá, excluído o jes de luxo, aqui permanece famin-
frete. to e maltrapilho, roendo sua condi-
ção de superdesenvolvido.
O enxôfre, também exemplo edifi-
cante, é vendido dentro dos Estados Enquanto deixamos lá fora reservas
Unidos a 28,50 dólares a tonelada correspondentes a nove meses, o
e, para atender ao interêsse ameri- Japão e a Suécia, países ricos e sem
cano, nos é vendido a 38,88 dólares, problemas, mantém reservas apenas
mais de dez dólares acima. para três meses."
Atentem bem, Srs. Senadores, para O Sr. Attílio Fontana- "Realmente,
as informações que presto a esta concordamos em que V. Exa esteja
Casa, tôdas elas retiradas de publi- bem informado. Acumular divisas
cações .norte-americanas que recebo no estrangeiro não é de boa orien-
diàriamente e acompanho, não sen- tação."
do, portanto, produto de uma ma-
quinação malévola, urdida com a fi- O SR. JOSÉ ERMtRIO - "Até um
nalidade de criar incompatibilidade certo limite, o da nossa segurança,
entre grupos econômicos ou entre mais nada."
governos.
O Sr. Attílio Fontana - "O fato é
Jamais faria isso. Admiro os Esta- que, antes da Revolução, como esta-
dos Unidos como país de grande va o Brasil? V. Ex.a sabe. Não tinha
projeção; nós é que não sabemos nos mais crédito, estava em condições
colocar em posição de defesa de de pedir moratória, sem disponibi-
nossos in terêsses. lidade alguma. Hoje, inverteu-se a
Estamos efetivamente sem reação de situação. O Brasil desfruta de cré-
defesa pois, ou as autoridades lêem dito pràticamente amplo, tem divi-
as reações do mercado ou, o que será sas disponíveis, o valor da nossa
mais grave, se acumpliciam com esta moeda há mais de um ano está es-
cruzada de saque que, dia a dia, pin- tabilizada. Conseqüentemente, pode-
ta a negra face de nosso empobre- mos ter segurança em nossos negó-
cimento. cios, em nossas operações cambiais:
o que não acontecia antes na condi-
1!: mister, pois, que haja uma reação
ção caótica em que a Revolução en-
dos responsáveis pela feitura das leis
controu o Brasil. V. Ex.a sabe muito
e, num certo objetivo, unirmo-nos
bem disso, nós sabemos quanto já
todos para que, com aquêle mesmo
tem conseguido o Govêrno brasilei-
afã com que defendemos o nosso
ro para financiamentos de indústria
chão, batalhemos em defesa do que
básica da infraestrutura, como a da
debaixo dêle existe.
energia elétrica, de estradas, proces-
É necessário, portanto, que abando- sos vários que conseguimos ativar
nemos essa amarga vocação para a graças ao crédito que o Govêrno
pobreza, assim como a falsa osten- conseguiu no estrangeiro. De sorte
tação que faz com que o Govêrno que é boa medida. V. Ex.a critica
mantenha no exterior reservas para por que estamos vendendo nossos
nove meses de importação- dinhei- produtos minerais a baixo preço pa-
ro êsse que está servindo para o de- ra o estrangeiro. Em parte concor-
senvolvimento dos países superde- do, mas acredito que são vendidos
senvolvidos, enquanto o Brasil, que ao preço do mercado internacional."
-
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- , porque suas cabeças não estão, dene - já que falou em energia elé-
repito, no século XVI, XVII, XVIII trica - a Hidrelétrica de São Fran-
ou XIX - reconhecem a necessida- cisco?"
de de que certos e d~terminados em- O Sr. Attílio Fontana - "Absoluta-
preendimentos sejam controlados ex-
mente!"
clusivamente pelo Estado, porque o
Estado modem o precisa de ·ter os O SR. JOSÉ ERMíRIO - É a sal-
meios de defesa da soberania na- vação do Nordeste.
cional."
O Sr. Aurélio Vianna - "Mas são
O SR. JOSÉ ERMíRIO - o que
"É emprêsas que não foram construídas
fazem todos os países do mundo." com capitais privados."
O Sr. Attílio Fontana - "V. Ex.a me O SR. JOSÉ ERMíRIO - "Eu vou
permite, nobre Senador, apenas pa- citar a CHESF, que fornece energia
ra responder ao Senador Aurélio mais barata do que é fornecida em
Vianna, que falou a meu respeito. São Paulo."
- Com referência à energia elétri- O Sr. Attilio Fontana - "O Govêrno
ca, realmente o Govêrno americano ·tem feito por desenvolver as gran-
explora o grande potencial do Ten- des emprêsas hidrelétricas."
nessee, mas deixa a distribuição às
emprêsas privadas. A distribuição O SR. JOSÉ ERMíRIO - "A CHESF
não é feita pelo Govêrno. ~le cons- vende energia, em Pernambuco, no
trói as usinas e as entrega a firmas Nordeste, talvez 30% mais barato do
particulares, e cobra ao distribuidor que em São Paulo e Guanabara.
o preço justo por aquêle investimen- Portanto, é uma emprêsa estatal que
to. O Govêmo brasileiro está se- está cumprindo o seu dever."
. guindo a mesma orientação."
O Sr. Attílio Fontana - "É uma
O SR. JOSÉ ERMíRIO - "O Govêmo questão de tempo em que foi cons-
brasileiro está concedendo o fome- truída."
cimento de energia a emprêsas que
cobram caro. Se as emprêsas ope- O SR. JOSÉ ERMíRIO- "Não, nobre
rassem à base de preço justo, esta- Senador! A Light começou muito
ria certo." antes."
O Sr. Attilio Fontana - "Atualmen- O Sr. Attílio Fontana -"A Light re-
te tôdas as emprêsas pertencem ao cebe, hoje, grande quantidade de
Govêrno." energia elétrica produzida por usi-
nas estatais."
O SR. JOSÉ ERMíRIO - "Tôdas, não.
O SR. JOSÉ ERMíRIO - "Tem dois
Só as recentes: Fumas, Três Marias milhões ou mais de quilowatts. Mas
e Peixoto. E as três não somam um não vou discutir o assunto, porque
milhão e meio de quilowatts. Nós considero a Light uma emprêsa que
podemos defender a emprêsa priva- ajudou o Brasil, uma e1nprêsa real-
da quando ela cumpre o seu dever, n1ente boa. Mas, não sei por que,
do contrário, temos que reagir." depois da Revolução, o preço da
O Sr. Aurélio Vianna- "Será possí- energia elétrica subiu de 1naneira
vel que o Senador Attílio Fon tana nunca vista. Quem autorizou tal au-
condene, por exemplo, Volta Redon- mento? Não sei. Talvez alguém que
da? Será possível que S. Ex.a con- não entenda bem do assunto.
- 101
Não poderia terminar esta oração balhos, tomando algum tempo dos
sem uma referência incisiva a um Srs. Senadores para pronunciar al-
condutor que tem sôbre os seus om- gumas palavras em relação à situa-
bros uma grave responsabilidade, ção política em que estamos vi-
que dela está se desincumbindo com vendo.
prudência, sabedoria e boa-vontade.
Depois do movimento revolucioná-
Refiro-me, Sr. Presidente, ao emi- rio, para mim a fase mais impor-
nente Líder do Govêrno, Senador tante, mais delicada para a vida
Daniel Krieger, que, envolvido como nacional é exatamente esta em que
foi, por uma atmosfera tumultuária estamos envolvidos no momento -
e tumultuada, provinda de um pro- e a elaboração de uma nova carta,
jeto imperfeito e cambaio, está con- de uma nova lei magna, de uma
seguindo, aos poucos, dissolver a lei maior, ou, por outra, a lei subs-
cerração, desfazer o protesto da tancial da ordem jurídica do País.
consciência cívica do País e buscan-
Sr. Presidente, Srs. Senadores, fui
do adaptar o diploma básico em têr-
constituinte em 1946. Tive a honra
mos de respeito ao mundo jurídico.
de participar da Grande Comissã~
Espero, Sr. Presidente e Senhores dos 21 Membros, um de cada Estado,
Senadores, que o trabalho do emi- a que organizou e que elaborou a
nente Líder frutifique no espírito Constituição de 1946. Devo dizer a
dos seus liderados e dos que lhes são V. Ex. a que quem vem dessa época
contrários para que possamos fugir nota, naturalmente, diferença subs-
à ameaça da borrasca para um cli- tancial entre aquêle cenário, passa-
ma saudável onde uma Constituição do há tantos anos, e êste em que
legítima possa interpretar, com fi- estamos vivendo nestes dias.
delidade os anseios nacionalistas de Quer da Imprensa, quer de parla-
todo o povo brasileiro . mentares- alguns compondo a mi-
É, pois, com um voto de confiança nha bancada, a do MDB, bancada
oposicionista -, muitos se tên1
em meu País, e ao seu Congresso que
preocupado em formular críticas as
continuamos como sentinela avan- mais severas ao eminente Sr. Pre-
çada na fronteira do protesto para sidente da República pelo fato de ter
defender um Brasil mais próspero, êle elaborado um projeto de Cons-
mais independente e mais feliz. tituição e remetido ao Congresso
eivado de princípios ou de textos in-
Quero dizer aos Srs. Senadores que compatíveis com o regime republi-
tudo quanto li está documentado e cano e com a própria Federação.
à disposição daqueles que o dese-
jarem." Para mim, Sr. Presidente, quaisquer
que sejam as circunstâncias, o Sr.
Na sessão de 5 de janeiro de 1967, o Presidente da República está peran-
Senador ARGEMIRO DE FIGUEffiEDO te a História com a sua defesa pre-
(1\IDB - Paraíba) (25) pronuncia o se- parada: elaborou um projeto de
guinte discurso: Constituição através de seus assessô-
res jurídicos e através do seu Mi-
"Sr. Presidente, o número de Sena- nistro da Justiça e o remeteu ao
dores presentes é relativamente pe- Congresso Nacional.
queno. E eu não irei, naturalmente,
perturbar a marcha nonnal dos tra- 125) D.C.N. - S. II - G-l-G7 - pú;:·. l:l
- 102
ti
._.PP?la --=ri
- 104
Congresso, qualquer que seja a fôr- Sr. Presidente, estas palavras pro-
ça que pretenda intervir na elabo- nunciadas numa sessão em que ve-
ração desta Carta Constitucional, rificamos talvez não haja nfunero
na exclusão dêsses textos que dão para votação, pronunciadas desa-
essa preferência, essa prerrogativa, taviadamente, vêm, em síntese, sig-
êsse direito de o nordestino ter a nificar um apêlo que formulo ao
ajuda que já lhe havia sido assegu- Congresso para que compreenda a
rada pela Constituição de 1946. sua responsabilidade perante a His-
tória, esqueça o partidarlsmo, es-
Não acredito que êsses homens, nas- queça as correntes de opinião que
cidos nessa região, com deveres fun- estão em jôgo e, sobretudo, tenha a
damentais com o povo que os ele- coragem de resistir a qualquer pres-
geu, não acredito que êsses homens, são externa capaz de influir, preo-
patriotas, nordestinos, sobretudo ês- cupando-se em elaborar uma Cons-
tes, venham a recuar diante de qual- tituição digna dos nossos filhos e
quer poder, de qualquer imposição, que represente bem a cultura bra-
para deixar fora dos textos consti-- sileira diante das demais nações do
tucionais aquilo que, na verdade, foi Mundo. ·
uma das mais belas e mais pa-
trióticas conquistas do nordestino, Era o que tinha a dizer, Sr. Pre-
conseguida pelo patriotismo, pela sidente."
compreensão de todos os represen- Na sessão de 6 de janeiro de 1967, o
tantes dos Estados do Brasil. Senador EDMUNDO LEVI (MDB- Ama-
Não sei, Sr. Presidente, que pode- zonas) (26) apóia e elogia os argumen-
ríamos dizer de um nordestino que tos expendidos pelo Senador Argemiro
viesse votar contra a emenda que de Figueiredo, a respeito da Carta Cons-
titucional, em elaboração no Congresso
estabelece essas garantias constitu-
Nacional.
cionais para as nossas regiões -
Amazônia, Nordeste, São Francisco A seguir afirma:
-, enfim, essas verbas que estão
"Há entretanto, Srs. Senadore~, uma
destacadas, essas garantias financei- particularidade que. sintetiza todo
ras que estão destacadas para asse- êsse propósito de destruição do sis-
gurar o desenvolvimento dessas re- tema federativo brasileiro; é a pró-
giões desamparadas, desprotegidas e pria mudança da denominação do
sujei tas às calamidades. órgão a que pertencemos. O proje-
Não acredito, Sr. Presidente, que to contém, no seu artigo 28, a se-
um homem nordestino, congressista, guinte disposição:
deixe figurar nos Anais desta Casa "O Poder Legisla ti v o é. exercido
o seu nome, votando contra aquilo pelo Congresso Nacional que se
que é interêsse fundamental de mais compõe da Câmara dos Deputados
de 50 milhões de brasileiros talvez, e do Senado da República".
porque só na região nordestina, 20
milhões de brasileiros habitam os Vejam V. Ex.as que esta simples mu-
campos e precisam de que essa verba dança, aparentemente inocente, re-
continue, embora muitas vêzes vela, em verdade, o propósito de
desviada de suas verdadeiras fina- destruir o sistema federativo brasi-
lidades para obras que não se encar- leiro. Muda-se o nome de Senado
tam naquilo que está nos textos Federal para o Senado da Repúbll-
constitucionais. (26) D.C.N. - S. II - 7-1-67 - pág. 17
- 108
.ca. Aos leigos ou àqueles que . não · tos .do País, o início da Operaçã.:>
querem aprofundar assunto, há d~ Amazônia. Essa operação seria. a im-
parecer que Senado da República plantação de um sistema legal cons-
seria uma· expressão .mais apropria- tituído de quatro. diplomas, para o
.. da do que Senado Federal, porque qual ·todo o Congresso, sobretudo os
Senado Federal se contraporia à hi·· homens da Amazônia, dedicaram
. pótese da existência de Senado Es- todo seu .esfôrço, todo seu pat~iotis
·tadual,. como em tempos· sob o regi- mo .no sent~do. de melhorar as pro-
. me da. Constituição, de 1891. posições e aprová-las; para que a
Amazônia pudesse, realmente,· de·
Entretanto~ .Srs. Senadores, Vossa
. senvolver-se. Entretanto Sr. Presi-
Excelências . sabem perfeitamente
dente, Srs. Senadores, a Constituição
que Senado não se opõe a· Senado
que já estava em elaboração, quan-
Estadual. Senado Federal quer dizer
do o Govêrno para o Congresso man-
Senado da Federação, porque "fe-
dou êsses quatro diplomas. legais
deral" vem da expressão latina foe-
que consubstanciam a : Operação
dus, foederis, que quer· dizer trata-
:do, ·laço, ..união. Daí ·por quê Senado Amazônia, põe por terra, . pràtica-
. te tudo o que poderia vir em consP;-
Federal significa Senado da União,
qüência da aplicação dêsse sistema.
o Senado representa a União, que
representa a ·Federação. Mas o Sena- Sabem V. Ex.as que a Constituição
do representa, no seu cánjU:nto, o de 46, muito sàbiamente, c'ontém
sistema constitutivo não própria- dois. dispositivos de alta significa-
. mente do Estado, mas ·do País, d~ ção para a integridade e para a se-
própria Nação, que é o sistema fe- gurança nacional: os arts. 198 e 199;
. ~ .derativo.· Daí por quê é uma impro- o primeiro dêles diz respeito áo Nor-
r '\,. ' J.. ~; ~ -~~
priedade mudar de Senado Federal deste, dava recursos para o comba-
. \ ,. ~:~~). ·. . _ para Senado .. da República, o que te ao chamado fenômeno das sêcas;
·'-;;;:- traduz, além disso, o propósito pre- o outro -·o ·199 -· refere-se especi-
concebido de destruição do prinví- ficamente à Amazônia, proporcio-
pio federativo. nando recursos também para que
aquela Região saísse da letargia, do
Mas, Srs. Senadores, eu apenas, com abandono, do estado primitivo em
êsse argumento, queria reforçar que tem permanecido até hoje, e se
aquela·· brilhante exposição ontem integrasse na comunidade· brasilei-
feita pelo· meu eminente mestre, Se- ra, não só pelo simples fato de sua
nador Argeí:nirô de Figueiredo." população falar a língua nacional
mas também por integrar-se no sis-
O Sr. Argemiro de · Figueiredo tema econômico brasileiro, usufru-
."Obrigado a V. Ex. a" indo das mesmas vantagens que
usuf_ruem os seus irmãos do Sul.
O SR. EDMUNDO LEVI - "Porque
.: .o. meu . objetivo, neste instante, é Pois bem, Sr. Presidente, o próprio
mostrar que, por trás dêsses propó- Projeto Governamental estranha-
sitos, que não aparecem claramen- m~nte elimina, veda a possibilidade
. te, há um que é flagrante e que re- de que a Amazônia se realize, como
sulta da contradição entre{ aquilo também de o Nordeste se integrar
que se diz e aquilo que se faz. através daqueles recursos constitu-
Srs. Senadores, há poucos dias, no cionais que a Carta de 1946 assegu-
comêço de dezembro, o Govêrno, com ra.
tôda a propaganda, com o máximo O projeto governamental não con-
de alarde, anunciou, aos quatro ven- tém qualquer referência ao plano
- 109
ca da borracha, 1ntroduzi emenda que nos expôs uma emenda que tra-
mandando reservar 7% dêsse 1% que duzia o nosso pensamento. Mas, a
vai constituir o FIDAM para incenti- êsse tempo, como informei, eu e o
vo à heveacultura na Amazônia. Ti- Senador Wilson Gonçalves já obje-
nha o objetivo de transformar serin- tivávamos apresentar, outro proje-
gais nativos em seringais de cultivo, to. Atualmente, o que nos. infor-
com rendimento maior, possibilidade mam, é que a Emenda-Sarasate nã~
de assistência ao trabalhador, assim passará. Não haverá nenhum recur-
provocando sua concentração e con- so, nenhuma vinculação de renda
seqüentemente a plena ocupação para combate aos ·flagelados da
daquela área. Amazônia e do Nordeste.
Pois bem, Sr. Senador, êsse dispo- A emenda não passarâ, porque, se-
sitivo teve inclusive a concordância, gundo dizem, e de acôrdo com o que
porque é companheiro da Amazônia, lemos em alguns jornais que prà ti-
do eminente Rela to r na Comissão camente são porta-vozes oficiais, é
de Projetas do Executivo, Senador propósito do Sr. Ministro do Plane-
José Guiomard. jamento não permitir nenhuma vin·
culação de receita que isso impor-
A princípio, segundo informação taria esclerosamento do orçamen-
que tive por fora, havia certa sim- to, dificultando a sua execução. Daí
patia também no Planalto. Entre- por que, embora tivesse tido idéia
tanto quando se soube que se trata- de me pronunciar no plenário do
va de uma emenda de elemento da Congresso a êsse propósito, senti-
i
r· Oposição, tal dispositivo foi pôsto me desencorajado, eis que apenas
i
abaixo na Câmara, apesar da luta iria agravar o problema, estimulan-
dos elementos da Amazônia. Por do o rôlo compressor do govêrno a
isto, nobre Senador, conversei com fixar-se com maior violência nos
o Senador Wilson Gonçalves, para seus propósitos."
estudarmos uma emenda que aten- O Sr. Oscar Passos - "V. Ex.a ex-
desse à Amazônia e ao Nordeste. Os pressa a nossa vontade sôbre êste
fenômenos cíclicos do Nordeste re- assunto, e espero que neste momen-
. percutem na Amazônia; as conse- to V. Ex.a esteja marcando a posi-
qüências dos acontecimentos recla- ção da nossa Bancada."
mam uma emenda que viesse aten-
der às regiões, em conjunto. O Sr. .Josaphat Marinho - "O ponto
de vista que V. Ex.a está sustentan-
Chegamos a articular uma reunião. do, nobre Senador Edmundo Levi, é
tanto mais relevante, é tanto mais
Mas eu, como Presidente da Comis- necessário e se torna tanto mais in-
são de Valorização da Amazônia não dispensável sustentá-lo quanto o
quis tomar a dianteira do movimen- projeto de Constituição, desvin-
to, justamente pela experiência que culando assim tôdas as verbas, como
tive a respeito da emenda que apre- consta de suas ponderações, reser-
sentara sôbre a heveacultura. O Se- va, entretanto, ao Poder Executivo
nador Cattete Pinheiro tomou a a faculdade de elaborar planos, pro-
frente dos entendimentos, promo- gramas e orçamentos plurianuais,
vendo uma reunião com elementos independentemente de leis. Quer di-
das regiões da Amazônia e do Nor- zer, as vinculações clara e objetiva-
deste. Contamos com a presença do men te propostas em texto consti tu-
eminente Deputado Paulo Sarasate, cional ou legal não são admissíveis.
112
mas o govêrno ficaria com o arbí- O Sr. Josaphat. Marinho - "A sua
trio de dispor como quisesse de to- observação' é de rigorosa proprieda-
dos os recursos da nação. Há emen- de~ E é: lamentável que não esteja
das, inclusive da nossa autoria, sub- presente no plenário, neste instan-
metendo todo êsse plano-programa te,·. o nobre Senador Vasconcelos
· e orçamento plurianuais a ·leis. Mas . Tôrres, Relator da parte do Poder
insista. V..Ex. a no seu ponto de vista, Legislativo, para que ouvindo-o, êle
· que êle tem muitos partidários/' se convencesse, desde logo:, de que
precisa reformar seu parecer· qu~
O SR. EDMUNDO LEVI - ·"Muito negou aprovação a essa emenda que
obrigado pelo apoio de V.- Ex. 8 " substitui a denominação de Sena-
do da República para Senado Fe-
O Sr. Cattete Pinheiro - "Ainda em deral."
relação ao pensamento atribuído ao
Sr. Ministro do Planejamento, nem O SR. EDMUNDO LEVI- "Veja por-
e isso seria verdadeiro, porque o pro- tanto V. Ex.a. que aquêles que estu-
jeto de constituição .estabelece vin- dam o problema encontraram, ·real-
culações de receita de vez que man- mente, essa falha, que é mais uma
tem, entre outras; a do Fundo Rodo- demonstração dos propósitos do Go-
viário Nacional, · por exemplo. Por- vêrno, e só nisso há coerência.
tanto; nem sistemática .se· pode ale- Quanto ao demais, o projeto é um
gar porque. esta alegação não seria amontoado de incoerências.
verdadeira.''
Há contradição em se impor um sis-
O. SR. EDMUNDO LEVI- "Nobre Se- tema legal a toque de caixa, votado
nador Cattete Pinheiro, eu disse re- aqui em prazos institucionais para
almente, reforçando a argumenta- que se pudesse implantar, quanto
ção do ~minen te Senador Argemiro antes, a Operação Amazônia, ao
de Figueiredo, que êsse projeto é so- mesmo tempo em que se cuida va
bretudo um amontoado de incoerên- elaborar, ou, vamos usar a expres-
cias~
são, em que estava em. gestação, há
. Citei, a propósito, o fato de se mu- nove meses, projeto constitucional
. dar a denominação do Senado Fe- para destruir todo o sistema que se
deral pára Senado da República. Is- dizia querer implantar, com fanfar-
to revela o propósito cabal de des-
ras e alegorias."
t.ruir o sistema federativo, porque O Sr. Josaphat Marinho - "O pior é
· . · com a expressão Senado Federal, que o projeto é um abôrto ... "
disse eu, se quer significar Senado
··da Federação, que não é a mesma O Sr. José Ermírio - "Estou ouvindo
coisa que Senado da República. Se- o discurso de V. Ex.a. No tocante a
nado · da República mais indica um indústria. extrativa, V. Ex. a realmen-
sistema, da origem de um sistema te tem razão. Hoje, as plantações
de· govêrno, ao passo que a designa- de seringais de Belterra já concor-
ção· Senado Federal abrange a cons- rem a borracha sintética, artificial.
tituição da nação, de Estado, do so-
lo, até. Senado da República não é Mas a Amazônia não tem scnnen te
a mesma coisa. Quando se muda o madeira nem hévea; te1n 1nuitos
nome Senado Federal para Senado produtos que poucos conhecem.
da República, é que se tem por ob- Quando acabar o petróleto, podere-
jetivo a destruição do sistema fe- mos ter produto similar: quen1 es-
derativo." tuda Micrologia, sabe que, na for-
- J
lj·.:.•
l
1
)
- 113
I)
)
- 115
- 118
emendas foram apresentadas no O SR. EDMUNDO LEVI - "Nobre
mesmo sentido. Quanto à minha de- Senador Adalberto Sena, não há,
vo confessar que fui realmente mo- propriamente pessimismo em mi-
desto. Nada inovei. Apenas propus, nhas palavras. O que existe apenas
e vou ler a emenda, porque são pou- é o senso da realidade. Sei dos alto3
cas palavras. É a de n. 0 89: propósitos dos eminentes parlamen-
tares da Amazônia e do Nordeste na
"Na execução do plano de valori- conjugação de esforços nesta opor-
zação econômica da Amazônia, a tunidade, porque o que desejamos é,
União aplicará, en1. caráter per- realmente, defender as nossas re-
manente quantia não inferior a giões. Por isso estamos sendo tão
3% da sua renda tributária." regionalistas."
Não inovei, apenas reproduzi. E O Sr. Adalberto Sena - "É patrio-
disse na justificação que "o ob- tismo também."
jetivo da emenda é não deixar omis- O SR. EDMUNDO LEVI.- "~sse re-
so no texto da nova Constituição gionalismo, êsse patriotismo, é alta-
aquilo que já consta da Emenda mente louvável porque, neste instan-
Constitucional n.0 21, promulgada te, em que ouço as manifestações
em novembro do ano recém-findo". dos eminentes colegas, estOu certo
Chamei a atenção para o aspecto de que não estou interpretando um
cronológico. Ora, acabávamos de pensamento isolado, mas o pensa-
aprovar emenda constitucional nesse mento da coletividade das Bancadas
sentido. Mas vem imediatamente o da Amazônia e do Nordeste. Daí por-
projeto de reforma constitucional e que espero que, embora sem nenhu-
faz tabula rasa de tudo isso. A emen- ma pretensão, mas apenas querendo
da fôra promulgada en1 novembro ajudar a esclarecer o problema, as
"depois de e x a u s ti v a me n t e nossas Bancadas se unam ainda
justificada da tribuna do Congres- mais e obtenham o apoio das demais
so, no decurso da tramitação do pro- a fim de que consigamos fazer cons-
jeto que lhe dera origem. Assim, na tar da Constituição em elaboração
época em que estão sendo parti- o dispositivo equivalente ao da
cularmente focalizados problemas Constituição de 46.
de desenvolvimento e de proteção a Muito grato, Sr. Presidente."
região amazônica, e para ela se vol-
tam, inclusive as atenções do pró- Na sessão de 11 de janeiro de 1967, o
prio govêrno, é incompreensível ter- Senador JOSÉ CANDIDO (ARENA -
se omitido no projeto governamen- Pi~uí) (27) afirma que
tal disposição necessàriamente já "O País testemunha a cada momen-
consagrada na nossa Carta Magna to o denodado empenho do Senhor
há mais de vinte anos". Foram es- Presidente da República de pre-
tas as poucas palavras com que jus- encher o seu mandato na plenitude
tifiquei a emenda. E pronunciei jus- da sua autoridade e no desempenho
tamente poucas palavras para que a dos deveres que lhe estão cometidos.
justificação pudesse ser lida. Não
obstante, porém, o pessimismo que Aqui mesmo, nesta Casa, participa-
V. Ex.a revela em seu discurso, eu o mos de atividades transcendentais a
conclamo a se aliar a êsse grupo que que nos convocou a convicção de Sua
está lutando em defesa daquelas Excelência de que é um imperativo
nossas indecliná veis e justas preten- da Revolução deixar em nossas nor-
sões." (27) D.C.N. - S. II - 12-1-67 - pág. 60
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- 119
mas constitucionais a marca dos ob- quer circunstância, não deixasse ao
jetivos do movimento de 31 de desamparo, no momento de passar o
março. cargo, a terra piauiense, na qual o
E é na manutenção dêsse roteiro nome Castello Branco finca suas
presidencial, sem aclives nem decli- raízes.
ves, mas uma reta a nos oferecer a o conceito de desamparo, no caso, é
garantia do que ainda está por vir, relativo, porque se poderia compa-
é nessa firmeza de propósitos que o rar aos receios de um filho dileto.
meu Estado, Senhor Presidente, en-
contra a razão para, em tão curto Com efeito, é hora de se reconhecer
prazo de tempo, ainda esperar tanto que, sendo o seu território a sede da
de quem já tanto lhe deu. mais importante das obras empre-
endidas pelo Govêrno Castello Bran-
Senhor Presidente, na devida opor- co - a barragem da Boa Esperança
tunidade, apresentei ao exame do - o Piauí encontrou sob a atual
Congresso emenda constitucional administração a grande promessa de
1::
que destina meio por cento da re- prosperidade por que anseia, sempre
ceita da União à valorização e ao desassistido, desde o Império.
aproveitamento do Vale do Parnaí-
ba. Tal iniciativa, correspondendo Somos - e o fato tem sido procla-
às mais justas e sentidas aspirações mado - o mais pobre Estado da Fe-
do povo que habita aquela região, deração. Marcado por dois ciclos
nele se incluindo a minha gente Econômicos singelos, o do gado e o
piauiense, suscitou um volume no- da carnaúba, o primeiro dêles fi-
tável de manifestações de interêsse gurando na própria origem da pro-
pela sua aprovação e não devo dei- víncia, surgida dos descaminhos da-
xar de registrar a emoção com que queles que, partindo de São Paulo
vi partilharem da minha iniciativa, através do Recôncavo Baiano, de-
com a solidariedade que deram, os mandavam o Maranhão - nunca
Governadores Helvídio Nunes e José encontrou o Piauí, nem no gado nem
Sarney, o Arcebispo de Teresina e as na carna úba, uma base econômica
diversas associações de classe do pelo menos razoável que, correspon-
Piauí. dendo à sua autonomia politica, pos-
sibilitasse o mínimo de progresso
A emenda ainda será objeto de deli- para fugir à invariável tristeza de
beração, e mantenho intacta a espe- ostentar o mais baixo rendimento
rança de que o Congresso a aprova- "per capita" do Brasil. Sempre re-
rá mas sem embargo de sustentar correndo à ajuda federal, insufici-
'
tal' esperança, devoto-me, também, ente até mesmo para suplementar
na medida das minhas fôrças, a en- suas despesas de custeio, o Piauí,
contrar alternativas que impeçam o por penoso que seja reconhecê-lo, na
fechamento, para o meu Estado, das realidade vegetou pelas décadas afo-
portas da redenção econômica. ra, até que, de dois anos a esta parte,
Há dias Sua Excelência o Senhor viu, cheio de esperanças, surgir o
' da República recebeu-me
Presidente gigantesco canteiro de obras da bar-
em audiência, e, então~ com a visão ragem, onde se acumularão as águas
:I
realista do duro caminho que minha do Parnaíba, para irrigar o n1eu Es-
emenda teria de percorrer, preten- tado e para fornecer-lhe, em todos
dia eu fazer um derradeiro apêlo a os quadrantes, a energia sem a qual
Sua Excelência para que, em qual- é in1possível pensar em progresso.
--
•
-120-
- 122-
- 124
explora muito essa palavra revolu- o apoio dos Congressistas para a emen-
ção, como se fôsse Maravilha Cura- da que vai apresentar ao projeto, no
tiva de Hum.freys; ela serve para sentido de que o Govêmo continue obri-
tudo, resolve tudo essa revolução que gado a traçar o plano de aproveitamen-
nós fizemos, de que os que não a to total das possibilidades econômicas do
fizeram tomaram conta e que ex- Rio São Francisco, visando com essa
ploram - êste Congresso teve po- providência a permitir que aquelas po-
der para eleger o atual Presidente pulações continuem recebendo os exce-
da República, que agora usurpa atri- lentes trabalhos da Comissão do Vale de
buições dêste mesmo Congresso que São Francisco .
o elegeu, dêste Congresso que teve
poder para eleger um nôvo Presiden- Já o Deputado BENJAMIN FARAH
te da República, que poderá rasgar (J.\.IDB - Guanabara) (31) anuncia a
novos horizontes e que faz acender apresentação de emenda ao projeto a
grandes esperanças no coração dos fim de conceder aos servidores públicos,
brasileiros, o grande patriota e meu uma de suas mais sentidas reivindica-
coestaduano, Marechal Arthur da ções, a aposentadoria aos 30 anos.
Costa e Silva. Se se quer fazer uma Justifica sua emenda nos seguintes
Constituição, que se faça com êste têrmos:
nôvo Presidente que se faça com o
nôvo Congresso, que se faça com "Manter a aposentadoria aos 35 anos
o povo, discutindo amplamente a de serviço é sepultar as ambições da
Constituição, que é para êle, povo, laboriosa classe dos servidores pú-
e não para ditadores, que se faça a blicos, já proclamados em 5 Con-
nova Constituição, no entanto, sem gressos Nacionais.
a usurpação de atribuições do Con-
gresso Nacional. Todos sabem que a idade predomi-
nante do serviço público é na faixa
Concito V. Ex.a, Sr. Presidente, con-
de 30 a 45 anos de idade, com uma
cito os colegas para que defendam
êste Poder tão espezinhado, tão sa- de tempo de serviço de 2,54 anos a
crificado, êste Poder do povo, que 7,48 anos, o que significa dizer que
é o Congresso Nacional. " somente continuarão a gozar do ins-
O Deputado PEDRO MARÃO (MDB - tituto de aposentadoria os que al-
São Paulo) (29) protesta violentamente cançarem os 63 anos de idade, no
contra o dispositivo do nôvo projeto que mínimo, quando se sabe que poucos
dá ao funcionário público a aposentado- atingem êste limite.
ria aos 35 anos de serviço e, com muito A êste respeito, o mGE, em pesqui-
favor, aos 30 anos para a funcionária, sa realizada apurou que se implan-
mulher. Considera êste dispositivo uma tada a aposentadoria aos 30 anos
calamidade, uma afronta ao ser huma- 25% chegaria a receber o prêmio de
sua aposentadoria ainda com vida;
no, bastando para justificar o seu pen- 5% com vida, mas doentes, e 70%
samento inquérito feito, e já compro- mortos.
vado, de que a média de vida do bra- Arrebatar de milhares de servidores
sileiro é de 50 anos. estaduais e municipais a grande con-
O Deputado FRANCELINO PEREIRA (29) D.C.N. - S. I - 14-12-66 - pág. 7.157
(ARENA - Minas Gerais) (:-lO) solicita (30)
(31)
D.C.N.
D.C.N. -
S. I -
S. I -
14 12
- -66 - pág. 7.153
14-12-66 - pág. 7.153
- 131
sos naquele Vale brasileiro, e estan- das restrições estabelecidas pelo ~to Ins-
. do a obra ali realizada à vista de titucional n. 0 4, o Congresso multo pou-
todos, reconhecida pelo Govêrno re- co ou quase nada poderá fazer para in-
volucionário, eu não entendo por que troduzir modificações no texto elabora-
o Presidente Castello Branco, que do pelo Ministro da Justiça. Detendo-se
tem sido tão solícito com as coisa·s no Título IV - "Da Família, da Educa-
da nossa região, tenha consentido ção e da Cultura", diz o orador:
no seu afastamento do texto da
"Ao primeiro exame, destaca-se a
Constituição que ora vamos votar.
eliminação da gratuidade do ensino
superior, que fica restrito à conces-
sr. Presidente, deixo aqui a segu- são de bôlsas .
rança de que, ao meu lado, aquê~~s
velhos companheiros da Assembleia
Constituinte de 46 que ainda parti- Sabemos quanto é precária a con-
cipam desta Casa~ bem como aquê- cessão de bôlsas de estudos, quer no
les outros que representam os Esta-
ensino de grau médio, quer no en-
dos são-franciscanos, estarão aqui a
sino superior. Atualmente, para co-
postos para, mais uma vez, defen-
légios cujas anuidades vão a 400 e
der, perante a Nação e perante êste
500 mil cruzeiros, o poder público,
Congresso, o restabelecimento do
através do Ministério da Educação,
art. 29 do Ato das Disposições Tran-
está oferecendo bôlsas da ordem de
sitórias, que assegura a tranqüilida-
de, a paz, o progresso e a prosperi- apenas 80 mil cruzeiros, o que re-
dade do São Francisco . presenta contribuição irrisória, que,
em verdade, não permite à família
-~~
\''. '·
manter os filhos nem mesmo na es-
:·-·!:1 Hoje, à tarde, Sr. Presidente, ini- cola secundária.
~-
ciarei a tomada de assinatura para
apresentação da emenda constitu- ....................................
cional que restabelece, pura e sim-
Portanto, a concessão de bôlsas de
plesmente, o texto da Constituição
de 1946. Não precisamos de novas estudo, embora iniciativa louvável,
alterações. Basta que os Congressis- vem-se revelando, na prática, insu-
tas de hoje se atenham às razões ficiente para a tender às exigências
e à orientação seguida pelos consti- mesmo do ensino secundário. O de
tuintes de 1946 para nesta oportu- que se necessita é do aumento das
nidade, todos êles, se colocarem ao oportunidades de educação através
nosso lado, procurando dar ao São da ampliação da rêde de escolas ofi-
Francisco aquilo que já era um di- ciais de grau médio e superior, com
reito seu e que agora se procura, de ensino inteiramente gratuito, e não
forma sumária, eliminar da Consti- adstrito à concessão de bôlsas de es-
tuição.'' tudo. Isso não importa, evidente-
mente, restrição à iniciativa parti-
O Deputado EWALDO PINTO (MDB cular, que deve ser também esti-
mulada, merecendo especial atenção
_ São Paulo) (34) assinala que sem o
e exigindo mesmo um esfôrço he-
tempo necessário para o exame do Pro- róico, em face das necessidades da
jeto de Constituição submetido à apre- população, a ampliação de escolas
ciação do Congresso Nacional - sub- secundárias, de escolas de grau mé-
metido teoricamente, submetido em têr- dio e de escolas de nível superior.
mos, diante das regras, das limitações,
(34) D.C.N. - S. I - 14-12-66 - pág. 7.152
- 133 -
LT _ ...
-
-134-
"Foi promulgada a emenda para ser terrível retrocesso, pois o ato mais
texto da Constituição de 1946. Pro- importante da história política de
mulgamos algo presente em nossa um povo que é a escolha do Chefe
vivência, de acôrdo com a realida- Supremo do País ficará limitado a
de brasileira. um restrito colégio eleitoral integra-
do pelos membros do Congresso Na-
"Sim, nesse Projeto de Constituição cional e por representantes de as-
atual, nada se diz sôbre isso, como sembléias legisla tivas.
não se diz sôbre os recursos para a
valorização da bacia do Rio São o projeto estabelece a eleição di-
Francisco. reta para Governador de Estado em
seu art. 13, § 2. 0 , Capítulo III -
.................................... Da Competência dos Estados e Mu-
nicípios."
"Aqui, está, pois, nosso protesto na
esperança de que se faça no País
uma Constituição à altura de nos- "No que se refere aos prefeitos das
sos destinos, de nossa cultura; mas Capitais, a medida estabelecida no
não essa que nos apresentaram; essa art. 15, § 1.0 , representa um terrível
sem a inspiração da Democracia au- retrocesso; significa, em verdade
têntica." uma cassação da autonomia dos mu-
Volta a falar o Deputado EWALDO nicípios das Capitais e uma cassa-
PINTO (MDB - São Paulo) (37) anali- ção dos direitos de milhões de elei-
sando, agora, o capítulo relativo à elei- tores que residem nas Capitais das
ção do Presidente da República, do Go- Unidades da Federação."
vernador de Estado e à supressão das
autonomias de Capitais.
"Desejo, portanto, deixar inscrita,
Diz o orador: desde logo, nos Anais dêste período
de convocação extraordinária do
"A Constituição consagrou - pre- Congresso Nacional, a minha mani-
tende consagrar - o princípio da festação incisivamente contrária a
eleição indireta para o Presidente da êsses dispositivos do Projeto de
República. O Movimento Democrá- Constituição: o que estabelece a
tico Brasileiro combateu êsse prin- eleição indireta do Presidente da
cípio e certamente combaterá com a República e o que pretende estabe-
maior intensidade, se lhe fôr dada lecer o retôrno ao regime de pre-
oportunidade, porque até isso é ne- feito nomeado, para as Capitais, o
gado e vedado pelo Ato Institucio- que representa, repito, uma cassação
nal n. 0 4. Pretende-se negar à Opo- da autonomia, um golpe terrível na
sição o direito de, efetivamente, autonomia dos Municípios das Ca-
combater, de defender os seus pon- pitais e uma espécie de cassação de
tos de vista. A matéria será objeto direitos de todos os seus eleitores.
de exame, na tarde de hoje, por
parte da Comissão do Diretório Na- Também quanto à nomeação de pre-
cional do Movimento Democrático feitos de municípios declarados de
Brasileiro. A eleição indireta do Pre- interêsse da segurança nacional se
sidente da República representa, no ficar subordinada à aprovação do
entender da Oposição e, certamen- Presidente da República, consigna-
te, no entender da esmagadora maio- mos nosso protesto. Mas, embora
ria da opinião pública brasileira, um
(37) D.C.N. - S. I - 14-12-66 - p:.i~·. 7.158
- 135-
-136-
- 138
valor jurídico e intelectual dos emi- garantia que eventualmente deixa-
nentes juízes do Tribunal de Alça- ria de existir nas indicações feitas
da. A indicação por êste último Tri- por outros órgãos.
bunal, além de violar o princípio de Dês te modo, mantido o critério da
hierarquia - pois só o Tribunal representação federal nos Tribunais
de Justiça, como órgão de direção, Regionais Eleitorais com a presença
tem competência para outorgar a do respectivo juiz, a composição dos
juízes atribuições fora da órbita es- referidos Tribunais, ressaltada a
tritamente judiciária - traz o in- presença de juízes de 2.a instância,
conveniente de confusões e perple- como é da tradição de nossa orga-
xidades quando venham a existir nização judiciosa, deverá ser a se-
dois ou mais Tribunais de Alçada,
guinte:
como já se delineia no Estado de
São Paulo. 3 desembargadores (Presidente,
Vice-Presidente e Corregedor) in-
Finalmente, deve ser mantida a in- dicados pelo Tribunal de Justiça.
dicação dos juristas pelo Tribunal
de Justiça. Do mesmo modo como As indicações feitas por eleição,
não se pode admitir a intromissão segundo o regimento interno dos
do. Judiciário nos a tos de composi- Tribunais.
ção dos órgãos de classe dos advo- 1 juiz estadual (podendo ser com-
gados (órgãos que irão disciplinar ponente do Tribunal de Alçada,
a atuação dêles perante a Justiça), mas indicado pelo Tribunal de
também não se pode admitir a in- Justiça).
tromissão daqueles órgãos nos. atos
de composição de Tribunais, ainda 1 juiz federal indicado pelo Tri-
que para essa composição devam ser bunal Federal de Recursos, onde
chamados componentes da classe houver mais de um.
dos advogados. A seleção de nomes
que devem compor Tribunais, é e 2 juristas (indicados pelo Tribu-
deve continuar sendo ato de exclu- nal de Justiça)."
siva competência do órgão de re- Na sessão de 16 de dezembro de 1966,
presentação da respectiva justiça. o Deputado MEDEIROS NETO (ARENA
- Alagoas) (43) pronuncia o seguinte
Seria, assim, em relação à justiça discurso:
eleitoral, em princípio, da compe-
tência de seus próprios Tribunais. "Sr. Presidente, a propósito da tra-
mitação regimental do Projeto de
Acontece, porém, que os Tribunais Constituição que nesta Casa se ar-
Eleitorais, como órgãos da justiça güi, têm os jornais trazido à baila
especial, são na verdade uma ex- matéria que deve ser examinada
tensão da justiça comum, e isso jus- não só à luz da História, senão tam-
tifica a indicação pelo Tribunal de bém à luz da Filologia. Farei, Sr.
Justiça, que é o órgão de maior re- Presidente, à luz da História, o exa-
presentação no Estado, mais apto a me relativamente à caracterização
conhecer os elementos entre os preferente que traz o texto do proje-
quais deve ser feita a escolha. A to constitucional com atinência ao
indicação pelo Tribunal de Justiça nome Brasil ao de Estados Unidos
tem ainda ampla justificação no do Brasil. Sou modesto professor de
critério apolítico de que se reveste,
( 43) D.C.N. - S. I -· 17-12-66 - púg-. 7.235
- 139-
~7'\
---.a
-
-140-
cipoal, um intrincado labirinto, onde condições para que essa gente, com
o alienígena luta com tôdas as di- o maior entusiasmo, possa continuar
ficuldades para conseguir o seu re- dando o melhor dos seus esforços,
gistro, a sua naturalização. Tenho inclusive em favor da solução dos
aqui mesmo os nomes de dois es- problemas fundamentais de nossa
trangeiros, de cujos processos tratei Pátria. Aquêles que conhecem a
junto ao Ministério da Justiça: Ro- fundo, por exemplo, o que são os
sângelo Tissot - Processo n.O 5. 552 Estados de São Paulo, Paraná, San-
- e Gil dar Celim Aj á - Processo ta Catarina, a região colonial do
n.o 5. 665/66. Isso para citar sàmen- Rio Grande do Sul, sabem o que
te dois casos, porque quase tôdas as significa a presença do estrangeiro
semanas recebo apelos dessa natu- dentro da nossa Pátria. Trata-se de
reza, Sr. Presidente. homens que não apenas estão tra-
balhando nos diferentes setores da
Não se concebe que, num país como atividade humana. ~les, como seus
o nosso, que tem recebido tão va- descendentes, quando o Brasil ne-
liosa contribuição por parte de ele- cessitou de sua participação na de-
mentos estrangeiros, das mais dife- fesa da nossa soberania, na defesa
rentes origens étnicas, se continue do território nacional, na defesa da
criando tôda sorte de dificuldades nossa bandeira, desfraldada nos
para a naturalização, para a con- Apeninos da Itália, fizeram-se pre-
cessão a essa gente, dos direitos in- sentes, e seu sangue generoso, mis-
dispensáveis a fim de melhor con- turando-se ao dos demais brasilei-
tribuírem para o progresso de nossa ros, tomou o Brasil respeitado, mes-
Pátria. Por isso também apresentei mo no velho mundo.
sôbre a matéria, em companhia do
meu eminente colega Paulo Maca- Esperamos, agora, Sr. Presidente,
rini, emenda ao projeto da nova que o Congresso Nacional saiba re-
Constituição da República, esperan- tribuir a dedicação dessa gente, que,
do que os eminentes colegas a exa- com tanto carinho, tão perfeita-
minem com a máxima atenção e mente se integrou na comunidade
nos dêem o seu apoio. A emenda brasileira, e, num gesto de verda-
está consubstanciada nos seguintes deira justiça, aprove essa emenda,
têrmos: que é, inclusive, do mais alto inte-
"Os estrangeiros residentes no País, rêsse nacional.
desde que proprietários ou casa-
Nesta Casa, as Bancadas do Sul -
dos com mulher brasileira, ou,
de Mato Grosso, do Paraná, de San-
ainda, com filhos brasileiros, ad-
ta Catarina, do Rio Grande do Sul
quirirão a nacionalidade, se opta-
-sempre estiveram presentes, sem-
rem, no prazo de seis meses, co~ pre estiveram com as Bancadas do
tado da da ta da promulgaçao Norte e do Nordeste, quando estas
desta Constituição, mediante jus- necessitaram do nosso apoio e da
tificação judicial no fôro de sua nossa solidariedade. Votamos a fa-
residência, pela cidadania brasi- vor de grandes créditos por ocasião
leira." da sêca do Nordeste; votamos a fa-
Consideramos do mais alto interêsse vor de grandes créditos por ocasião
nacional esta emenda, que não só das enchentes; votamos a favor da-
beneficiará os estrangeiros residen- quela emenda que concede recursos
tes no Brasil. mas, sobretudo, criará especiais à Região Amazônica, ain-
-
- 144
da em tramitação nesta Casa, e os benefícios que a civilização mo-
consideramos essa emenda não ape- derna proporciona.
nas do interêsse da Região Amazô-
nica, porém do mais alto interêsse No particular, há entre o Brasil e a
nacional. Aquêles que leram o .livro Argentina, verdadeiro contraste. Por
de Arthur Reis - "A Amazônia e a exemplo: a maioria dos nossos fu-
Cobiça Internacional" - sabem da zileiros navais vive nessa região em
importância da iniciativa daqueles casas algumas vêzes pôdres, de ma-
bravos nordestinos que aqui trouxe- deira, em condições anti-higiênicas,
ram essa emenda e pediram a nossa sem o mínimo de confôrto e sem
·colaboração. equipamento adequado. Basta dizer
que as barcaças, por ocasião das
Não tenho dúvida, Sr. Presidente e enchentes, não puderam ser utiliza-
Srs. Deputados, em fazer a afirma- das, porque imprestáveis. Enquanto
ção de que, se a Amazônia não fôr isso ocorre, na fronteira da Argen-
efetivamente conquistada pelos bra- tina os gendarmes usam embarca-
sileiros, dentro de quatro ou cinco ções modernas, dispõem de condições
anos essa imensa área territorial de trabalho, e contam com o melhor
dificilmente continuará a fazer par- e mais aperfeiçoado equipamento
te do território nacional. Daí a im- técnico.
portância desta emenda.
Por outro lado, Sr. Presidente e Srs.
Esperamos, portanto, contar com a Deputados, em todo o Vale do Uru-
mesma compreensão, com o mesmo guai, não centenas, mas milhares e
apoio e com a mesma solidariedade milhares de famílias de caboclos na
das Bancadas do Norte e do Nor- maior miséria, no maior abandono.
'. . ... .
~} deste do Brasil em relação a outra
\
':~!....) emenda que apresentaremos, desti- Não há energia elétrica, nem estra-
'~.=:.~)-::.!
nando recursos para a fronteira su- das, assistência técnica, assistência
"'
~i
doeste. médica, nada há. Se houvesse re-
cursos, essa fronteira poderia ser
Ninguém ignora que a fronteira fàcilmente recuperada. O Vale do
subdesenvolvida é fronteira vulne- .Uruguai produz tudo: banana, man-
rável, é fronteira fraca, é fronteira ga, jaca, abacate, goiaba, abacaxi.
fàcilmente atravessada pelos estran-
geiros. Fronteira pobre é fronteira Poderíamos ter ali grandes usinas
que não resiste; fronteira onde cam- de açúcar, industrializar o milho na
. peia a fome, a miséria constitui sua própria fonte de produção, en-
· vergonha para o próprio país. fim, criar novas e melhores condi-
ções de vida para aquela gente, for-
Esta fronteira a que me refiro, Sr.
Presidente, é a que parte de Mato talecendo tôda a fronteira e, desta
Grosso e vai até aos confins do Rio maneira, tranqüilizando o País em
Grande do Sul. É todo o Vale do relação à cobiça de povos estran-
geiros.
Uruguai, sobretudo a parte do Vale
do Uruguai que, no futuro, será u1na É isso que obj etivamos e preconiza-
espécie de Nilo do Brasil, mas que mos nesta emenda, que, esperamos,
boje, em todo o interior do Rio receberá o acolhimento não apenas
Grande, é a região mais abandona- da Comissão Especial, mas, sobre-
da, a região mais pobre, a região tudo, dos eminentes colegas de todos
onde o povo vive à margem de todos os Estados da Federação.
- 145-
A emenda, assinada por mim e pelo Srs. Congressistas a volverem seus olhos
Deputado Paulo Macarini, está con- para o produtor nacional no momento
substanciada nos seguintes têrmos: de elaboração da nova Carta Constitu-
"0 Govêrno Federal fica obrigado,
cional. Salienta que, de acôrdo com a
Constituição de 1946, "o pequeno pro-
durante o prazo de 20 anos, a
contar da data da promulgação dutor estava isento do impôsto sôbre a
desta Constituição, a aplicar, pequena operação por êle efetuada".
anualmente, quantia não inferior Entretanto, no anteprojeto, "os doutos
a 1% de sua renda tributária, constitucionalistas, os jurisconsultos e o
para execução do plano da Supe- próprio Executivo omitiram essa isen-
rintendência do Plano de Valori- ção bem como aquela rela tiv a à peque-
zação Econômica da Região Fron- na propriedade, de até 20 hectares, tam-
teira do Sudoeste do País." bém preceito constitucional". Conclui
Esta emenda, Sr. Presidente, Srs. que, "no sentido, pois, de fazer justiça
Deputados, se aprovada, não bene- aquêle homem que, com sua família,
ficiará apenas imensa região dos sem horário de trabalho, sujeito ao sol e
Estados do Sul do Brasil, mas virá, à chuva, se dedica com afinco a deitar ao
sobretudo, resolver um dos proble- solo a semente generosa e a colhê r os
mas fundamentais da nossa Pátria. seus frutos" apresentará duas emen-
das ao projeto. "A primeira concede
Aquela região, altamente promisso- isenção de impôsto para a pequena ope-
ra, tem condições de produzir tudo, ração; a segunda isenta de qualquer
conforme afirmei, faltando para isso tributo, mesmo do ilnpôsto territorial, a
apenas, atualmente, a presença do propriedade de até 25 hectares."
Govêmo Federal, através de recur-
sos fundamentais. O Deputado C L ó V I S P E S TA NA
(ARENA - Rio Grande do Sul) (4i)
Sr. Presidente, Srs. Deputados, era demonstra "a sua grande tristeza, ao
isso que desejava dizer nesta opor- constatar que o Projeto de Constituição
tunidade. Era êste o apêlo que que- enviado ao Congresso não aborda o
ria transmitir, em nome dos Estados tema do planej amen to ou, melhor ain-
do Sul, aos colegas de outros Esta- da, faz referências que dão a entender
dos da Federação: busquem sinto- que a concepção dos autores da nova
nizar com o nosso pensamento, e Constituicão é a de um planej an1en to
dêem a sua cobertura a esta emen- flor de l~ranj eira, de um planej amen to
da. Podem estar certos de que as ultrapassado, já cientificamente com-
Bancadas do Sul, a exemplo do que provado ineficaz". Conclui, expressando,
fizeram até hoje, estarão solidárias a sua decepção "ante a ausência de uma
com seus colegas de outros Estados posição clara em relação a êsse proble-
da Federação, sempre que neces- ma fundamental do Brasil, que é a luta
sário. contra o subdesenvolvimento".
Aos que nos acompanharem nesta
luta, aqui deixo, principalmente em Aguardando a decisão do M. D. B. sô-
nome do meu Estado, o Rio Grande bre a participação de seus membros na
do Sul, desde já o meu mui to elaboracão da nova Carta, o Deputado
obrigado." UNíRIO MACHADO (MDB - Rio Gran-
de do Sul) (4S) apela aos Srs. Congres-
Na sessão de 19 de dezembro de 1966,
o Deputado JOSÉ MANDELLI (MDB (46) D.C.N. S. I - 20-12-66 Pt~g. 7.367
.. D.C.N. - S. I - 20-12-66 P~tg. 7.3~8
Rio Grande do Sul ('tn) conclama os ~~~~ D.C.N. - S. I - 20-12-66 - p:.v~. 7.310
-
- 146-
sistas no sentido de apresentarem emen- Afirma que traz êste apêlo formalizado
da atendendo a uma velha reivindicação, pelo Presidente do Tribunal de Contas
um denominador comum da opinião de Alagoas e que o próprio Presidente
pública nacional, a aposentadoria aos 30 do Tribunal de Contas da União, Mi-
anos de serviço para os funcionários nistro Freitas Cavalcante, está também
públicos. assustado e preocupado com o que possa
ocorrer: "que o Tribunal de Contas passe
O Deputado JAMIL AMIDEN CMDB- a ser exclusivamente um aprovador, sem
Guanabara) (49) anuncia a apresenta~ maiores conseqüências, das contas da
ção da seguinte emenda ao texto da União."
nova Constituição:
O Deputado CARVALHO SOBRINHO
"Fica assegurado ao funcionário pú- (ARENA - São Paulo) (52) comenta que
blico e autárquico, ex-combatente a nova Constituição é uma caixinha de
da Fôrça Expedicionária Brasileira, segredos surpreendendo a todos pelas
do 1.0 Grupo de Caça da Fôrça Aé- suas omissões. A seguir, lê carta que
rea Brasileira, da Marinha de Guer- recebeu do Dr. Raul Renato Cardoso de
ra e Marinha Mercante, que tenha Melo Tucundoc cri ti cando o atual Pro-
participado da 2.8 Guerra Mundial, jeto de Constituição.
o. direito à aposentadoria após 25
anos de serviço e demais vantagens O Deputado DIAS MENEZES (1\IDB -
previstas na legislação em vigor à São Paulo) (53) rende homenagem ao
data da promulgação desta Consti- Dr. Francisco de Paula Vicente de Aze-
tuição." vedo pelo seu artigo, publicado no Diário
de São Paulo, intitulado "O Fim da Fe-
Na sessão de 20-12-66, o Deputado deração", criticando o Projeto de Cons-
LINO BRAUN (MDB - Rio Grande do tituição.
'· . ·~ .;1 Sul) (50) comunica à Casa que na vo-
. '-.) } .. tação do Projeto de Constituição adota- O Deputado EWALDO PINTO CMDB
rá, na íntegra, o voto do MDB, emitido - São Paulo) (54) registra, com muita
na Comissão Especial. Assinala que ela- tristeza, a omissão do Govêrno do Es-
borou algumas emendas e subscreveu tado de São Paulo, no momento em que
outras da representação da Oposição se discute, em condições anormais é ver-
"tendentes a melhorá-lo, dêle expungin- dade, uma Constituição para a Repúbli-
do e expurgando defeitos inadmissíveis." ca. Salienta que "não se conhece uma
opinião do Govêmo do Estado de São
O Deputado MEDEIROS NETO Paulo. É a omissão, a ausência, a indi-
(ARENA- Alagoas) (51) argumenta que ferença apenas do Govêrno do Estado
o atual Projeto de Constituição "talvez de São Paulo. E a Bancada de São
tenha recuado em tempo e espaço, pro- Paulo está inteiramente abandonada, in-
curando evitar que os Tribunais de Con- teiramente desassistida, sem subsídios,
tas do País, seja o da União, seja o sem elementos técnicos, para apreciar a
dos Estados-membros, não tenham mais Constituição, para oferecer emendas à
aquela específica competência de que Constituição.
antes desfrutavam". Desta maneira es-
tá havendo um clamor por todos os Es- Na sessão de 5 de janeiro de 1967, o
tados da Federação, no sentido de que Deputado BENJAMIN FARAH (MDB -
se restaurem, no texto da Constituição
((4 9 )) D.C.N. - S. I - 20-12-66 - pág. 7.372
que o Congresso vai aprovar, os arts. 76 50 D.C.N. - S. I - 21-12-66 - pág. 7.408
e 77, com parágrafos, que emergem da (51) D.C.N. - S. I - 21-12-66 - pág. 7.411
(( 5 2)) D.C.N. - S. I - 21-12-66 - pág. 7.413
Constituição de 18 de setembro de 1946. 53 D.C.N. S. I 21-12-66 - pág. 7.414
(54) D.C.N. - S. I - 21-12-66 - pág-. 7.413
- 147
Guanabara) (55) congratula-se com os Quer dizer, se essa aposentadoria fôr
servidores civis, pois a emenda por êle reduzida para 30 anos, apenas 25%
apresentada sôbre a aposentadoria aos serão beneficiados: então uma parte
30 anos de serviço mereceu parecer fa- já estaria enfêrma, e outra grande
vorável do Sub-Relator na Comissão que parte não alcançaria essa aposen-
está examinando a nova Constituição. tadoria em vida. Mas, se deixarmos
Diz êle: a aposentadoria aos 35 anos, vamos
aposentar un1a legião de mortos.
"Nessa emenda, Senhor Presidente,
que, constitui uma das mais senti- Será isso o que o Govêrno pretende?
das aspirações dos servidores em ge- Os militares são reformados aos
ral, além de reduzir a aposentadoria 30 anos- até outubro do ano pas-
de 35 para 30 anos, também procurei sado podiam passar para a reserva
corrigir o defeito que estava no Pro- com 25 anos de serviço.
jeto de Constituição. No seu art. 98,
§ l.o, vemos: Ora, Sr. Presidente, se damos a
transferência para a inatividade aos
"No caso do número III o prazo trinta anos aos militares, às mulhe-
é reduzido a trinta anos, para as res, aos magistrados, por que, en-
mulheres. " tão, não dá-la a todo o funciona-
lismo?
Mas o Govêrno deu com uma e ti-
rou com a outra mão, pois o item H Espero que o nobre Relator da Co-
do art. 99 diz o seguinte: missão aceite a sugestão do Sub-
Relator, o nobre Deputado Accioly
"Os proventos da aposentadoria se- Filho, cujo parecer é brilhante e me-
rão: rece os nossos aplausos. Espero que
II - Proporcionais ao tempo de o Govêrno, através das suas lide-
serviço, quando o funcionário con- ranças, não crie dificuldades para
tar menos de 35 anos de serviço," a aprovação dessa emenda, que é,
realmente, humana e justa. O Go-
Assim, inclusive a aposentadoria da vêmo deve fazer justiça, sobretudo
mulher ficou prejudicada. Então, àquêles que dão o melhor dos seus
corrigi o item II do art. 99 para: esforços para que êle leve a bom
". . . 30 anos de serviço . " têrmo os seus grandes objetivos."
A aposentadoria para a funcionária, O Deputado ARGILANO DARIO (MDB
segundo a minha emenda, será in- - Espírito Santo) (:56) pronuncia o se-
tegral, e não proporcional. guinte discurso:
Sr. Presidente, esta constitui, repito, "Senhor Presidente, nobres Depu-
uma das sentidas aspirações dos ser- tados, durante a discussão da Cons-
vidores. Quero ler a penas um trecho tituição, que se está processando
da justificação da minha emenda: nesta Casa, ainda não me foi pos-
sível tratar desta matéria, eis que
"A êste respeito, o IBGE, em pes-
outros assuntos não me permitiram
quisa realizada, apurou que, se
fazê-lo.
implantada a aposentadoria aos
30 anos e é o caso, 25% chegaria1n Hoje, aproveito-me desta oportuni-
a receber o prên1io da sua apo- dade para observar alguma coisa sô-
sentadoria ainda co1n vida; 5% bre a nova Constituição, e tratar
com vida, mas doentes; e 70%,
I 3:i) D.C.N. - S. I - 6-1-G7 - p~g. 7
mortos.'~ 1 ;íG) D.C.N. - S. I - 6-1-67 - pag. 12
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deira camisa de fôrça para todo ho- pedra angular da vida democrática
mem público de nossa Pátria. de nossa Pátria. Mas é apenas pro-
:a:sse tratamento, que julgávamos pensão, não é certa a sua aprovação.
fôsse outro, está aí na Constituição. Vimos aqui os Srs. Deputados -
repito -de tôdas as correntes luta-
O número de emendas - quase qua- rem àvidamente pela coleta de assi-
tro mil - colocadas juntas à Cons- naturas para essas emendas, a fim
tituição do Sr. Presidente Humberto de que os Srs. Vereadores nos mais
Castello Branco, na sua maioria diversos rincões de nossa Pátria, nos
pelos i 1 u s t r e s representantes da longínquos municípios da hinterlân-
ARENA, são bem, repito, a demons- clia brasileira, tivessem a recompen-
tração de que algo de errado, e mui- sa do seu indormido trabalho, a re-
to errado, existe nessa Carta. A Co- compensa de um trabalho que é
missão Especial que examina a ma- maior, mais efetivo e mais democrá-
téria, assoberbada com as emendas tico do que muitos imaginam."
e quedando-se, na maioria dos casos
.....................................
especiais, à aceitação de muitas de-
las, está sendo pressionada pelo Go- "Sr. Presidente, Srs. Deputados, ou-
vêrno para que não aceite tais e tro assunto que já abordei levemen-
quais medidas, que visam ao pro- te, reputando-o dos mais importan-
gresso e ao desenvolvimento econô- tes, é o da autonomia das Capitais
mico de nossa Pátria. e dos Municípios. As Capitais dos
Estados que não podem conta r com
Na área den1ocrática, Sr. Presiden- o prefeito eleito diretamente pelo
te, há várias emendas que visam, por povo estão fadadas à estagnação e
exemplo, ao voto direto para Presi- ao descaso. Com os entendimentos
dente da República e para Prefeito nos campos políticos para as eleições
das Capitais de nossos Estados. Há dos Governadores ·e de outros cargos
necessidade de têrmos os Prefeitos e majoritários, as prefeituras são sem-
o Presidente desta grande Pátria li- pre obj e to das acomodações de di-
vremente eleitos, diretamente pelo versos partidos. Há, por exemplo, a
povo. seguinte arrumação: o chefe políti-
co de um partido, desejando o apoio
Mas a pressão é a mais efetiva, a
de outra área politica poderosa pa-
mais constante, contra essa justa ra conquista de uma posição almeja-
pretensão do povo brasileiro, expres- da, vai àquela área e propõe que, se
sa nesta Casa pelos representantes eleito, dela sairá o prefeito nomeado
das correntes que hoje formam o sis- pelo Govêrno. Desenvolvida a ação
tema bipartidário. política, eleito aquêle que propôs o
Temos, por exemplo, Sr. Presidente, negócio, é nomeado aquêle que foi
emendas - e são muitas - que se indicado pelo partido apoiador. Daí
referem à remuneração dos Verea- por diante, sabendo-se nomeado pelo
dores. Uma oposição ferrenha se faz Governador do Estado, o prefeito
sentir a que algumas das mesmas outra coisa não faz senão procurar
sejam apoiadas. Há, contudo, Sr. acoli tar da melhor maneira possível
Presidente, possibilidade de que uma as pretensões do Governador, ou da-
delas, pela boa vontade, pelo espe- queles que formam o seu staff. E o
cial acatamento da Comissão, venha atendilnento dos interêsses da admi-
a ser aprovada~ restabelecendo-se a nistração, do povo de modo geral,
re1nuneração para aquêles que são a fica para as calendas gregas.
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~·
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mais um serviço a êste País, - é que não consta na Carta Magna em ge-
tudo que espero de cada um dos bra- ral é desrespeitado. E todos sabem da
sileiros que aqui se encontram." luta da Amazônia e do Nordeste, para
que os orçamentos consignassem as ver-
Na sessão de 7 de janeiro de 1967, o bas respectivas, apesar do mandamento
Deputado GETúLIO MOURA CMDB-Rio constitucional".
de Janeiro) (60) faz veemente apêlo ao
Congresso Nacional para que aprove A seguir o orador tece considerações
duas emendas ao Projeto de Constitui- acêrca dos problemas e das necessidades
ção. Salienta que elas são de grande in- da Baixada Fluminense e finaliza seu
terêsse para o Estado do Rio de Janei- discurso dizendo:
ro, e sobretudo para a chamada Baixa-
da Fluminense. Uma delas é relativa à "Sr. Presidente, quando se vota uma
valorização dos Municípios da Baixada Constituição que nos merece tantas
Fluminense, que são cêrca de seis. reservas na sua parte política, na
sua parte jurídica, na sua parte eco-
Afirma que "muitos brasileiros não nômica, quero declarar que me da-
sabem que ali reside uma população so- . ria por feliz se, nesse documento,
frida, sem recursos de qualquer nature- que, aliás, não vai honrar nossa sa-
za. Seus Municípios são de grande den- bedoria, nem a nossa experiência,
sidade demográfica, sem água, sem es- nem a nossa tradição, nem a nossa
gotos, sem calçamento e sem luz. Basta cultura, pudéssemos salvar êsses re-
dizer que o economista Jacy Magalhães, cursos para a Amazônia, para o
contratado pelo Govêrno do Estado do Nordeste, para o Sul do País e para
Rio para o levantamento sócio-econô- a Baixada Fluminense. Temos ainda
mico do Estado, concluiu que o proble- o Rio Paraíba. Somos autor, tam-
ma da Baixada Fluminense, sob o as- bém, de uma emenda que se encon-
mr pecto sócio-econômico, era mais grave, trava com parecer favorável na Co-
mais explosivo do que o do próprio Nor- missão de Constituição e Justiça,
deste. emitido pelo relator, Deputado José
Barbosa.
Sei, Sr. Presidente, que a tendência
do Govêrno é impedir vinculações de Não a reproduzimos agora, porque
verbas no Projeto de Constituição, nem S. Ex.a aproveitou o trabalho que
mesmo aquelas que figuravam na Cons- havíamos feito e o consubstanciou
tituição de 1946 serão reproduzidas na numa emenda, dando-me prévia ci-
de 1967. Tenho, entretanto, esperanças ência do que ia fazer, contando com
de que, estando aglutinados hoje em o meu apoio e aplauso. S. Ex. a fêz
uma emenda do Deputado Paulo Sara- questão de na sua menda, repetir os
sate as emendas da valorização da Ama- argumentos que havíamos exposto
zônia, do Polígno das Sêcas, da Frontei- anteriormente na emenda que se en-
ra do Sudoeste, da Baixada Fluminen- contrava na Comissão de Justiça,
se e do Rio Paraíba, sejam levadas as em que S. Ex.e. era o Relator.
bancadas dos Estados interessados a
uma justa rebelião nesta ·Casa, votando :ti:sse Rio Paraíba, como todos sabem,
contra o Govêrno e a favor das suas po- é um traço líquido que atravessa o
pulações." meu Estado, desde o sul até o nor-
Assinala, depois, que "pela boa técni- te. Não é apenas o rio que mereceu
ca as Constituições não deveriam ter tanto a poesia dos nossos poetas. É
qualquer vinculação de verba. Mas a ex- um rio que tem uma finalidade imen-
periência brasileira indicou que aquilo
(60) D.C.N. - S. I - 8-1-67 - pág. 58
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Passam-se, Sr. Presidente, êsses vin- aquêles que ainda não se definem
te e um anos e, agora, em nôvo pe- n:m ~e Aafirmam com conteúdo reli-
ríodo constituinte nos encontramos. gioso Identico ao nosso, que não pos-
s.u~ como definitiva a assistência re-
Novamente estamos a prelibar e a ~Igwsa junto às Fôrças Armadas. Por
postular sejam insertos na Cons- I~so, tornou-se estranho o ponto de
tituição todos aquêles princípios VIsta inicial, não incluindo no texto
normativos da vida social da Igreja, constitucional aquela determinante
no País. no sentido de que fôsse conservad~
Lamentàvelmente, no projeto de lei a assistência religiosa às Fôrcas Ar-
por Mensagem conduzido a esta nladas. 11as, com a aprovaçã~ que a
Casa, unidade do Congresso brasilei- Grande Comissão fizera com êxito
ro, alguns princípios ainda à mar- da emenda oferecida pelo Sr. Depu~
gem ficaram. Mas, nesta altura, já ta do Arruda Câmara, já estamos
tra~qüilos. Ademais, notei que no
temos razões para congratular-nos
proJeto de lei inicial, oferecido pelo
com a Grande Comissão Constitu-
Sr. Presidente da República, faltava
cional pela aprovação das emendas
aquela disposição com atinência à
apresentadas pelo ilustre e nobre
missão diplomática brasileira junto
Deputado Arruda Câmara, contando
ao Vaticano. Em 1946, constituiu-se
com o meu apoio e de todos aquelou-
árdua luta para que, no meio da in-
tros que como êle pensam.
~ferença, da apatia de tantos, que
Com esta medida adotada pela ainda se encontravam, ali, em face
Grande Comissão, estamos certos de da realidade brasileira, lográssemos
que tôdas as reivindicações formali- a sua aprovação.
zadas pela Igreja já estão incluídas
Conseguimos inserir aquêle preceito
definitivamente. Apenas, para o
constitucional, que tornava obriga-
placet dêste Plenário, as reivindica-
tória a representação diplomática do
ções tais e quais realmente configu-
nosso País junto ao Vaticano. Já
rarão os nossos postulados e princí-
não é simplesmente um centro reli-
pios condutores da vida social da gioso; não é apenas uma meca con-
Igreja.
figurada no mundo moderno. Ali es-
Devo salientar que ainda esta- tá, além do Estado de direito, um
mos a sentir preocupação quanto à Estado de fato. E sôbre isto ali está,
adoção do casamento religioso com incontestàvelmente, presente um
os efeitos civis. Constitui isso não só ponto de referência para a humani-
um prolongamento daquilo que já dade, no sentido de dar dimensão
fizemos, com tanto êxito, como tam- nova a essa estrutura social que aí
bém com os melhores resultados em está, claudicante e indecisa.
face da própria legislação civil do
As inspirações de Roma, para nós
País.
que estamos a verificar pelas pes-
A outra, Sr. Presidente, a reivindi- quisas históricas a sua presença -
cação que ainda não estava con- e a sentimos, principalmente no
substanciada no projeto de lei, en- Brasil - seria um desdoiro e uma
caminhado a esta Casa pelo Poder injustiça afastá-las. Não deixo de
Executivo, precisamente refere-se à me lembrar. na última pesquisa his-
assistência religiosa às Fôrcas Ar- tórica. que fiz nesta Casa mesmo de
madas, em tempo de paz e de guer- que e1n 1517, na ocorrência do Coló-
ra. Não há qualquer pa.ís. n1esn1o quio de Poissy. na França. se dera
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