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Escola sem Partido

1. Breve histórico e definição geral


Auto-definição: “Uma organização de estudantes e pais preocupados
com a contaminação político-ideológica das escolas.”
Veiculado por meio de um sítio de internet desde 2004, o ESP ampliou
sua visibilidade em 2014, com a tramitação de projetos de lei sobre o tema
na Câmara dos Deputados e em alguns estados e municípios. Nesse
períodos, começaram a circular notícias de docentes sendo intimidados por
notificações extra-judiciais, cujo modelo é fornecido no site do movimento,
a fim de coibir a suposta “doutrinação ideológica” dos professores,
incluindo o tratamento pedagógico de temas relacionados a gênero e
sexualidade. Ao longo de 2015, o ESP se alinhou a organizações de direita,
como o Movimento Brasil Livre e o Revoltados On Line. (Vera Masagão
Ribeiro)
Primeiros êxitos:
2010 – retirada da discussão sobre gênero do 3º PNDH
2011 – veto ao material pedagóco “Escola sem Homofobia”
Vinculação clara com projeto político da extrema-direita. Escola sem
Partido tornou-se conhecido a partir das ações da família Bolsonaro – Flávio
Bolsonaro na ALERJ e Carlos Bolsonaro na Câmara do RJ.
Frase síntese: As escolas brasileiras, em todos os níveis, sofrem
contaminação político-ideológica, comandada por um exército organizado
de militantes travestidos de professores [contaminação, infiltração]
3 objetivos gerais:
1º) descontaminação política e ideológica das escolas [neutralidade]
2º) respeito à integridade moral dos estudantes [vulnerabilidade]
3º) respeito ao direito dos pais de dar a seus filhos uma educação moral
de acordo com suas convicções.
Terminologia remonta à Doutrina de Segurança Nacional das ditaduras
de terrorismo de estado – descontaminação; cupim ideológico, jovens
manipulados, assédio ideológico, doutrinação marxista...
Moacir Gadotti: A estratégia do Escola sem Partido é tipicamente
fascista: intimidar e criar o medo entre os professores para alcançar seus
fins e objetivos ideológicos. O objetivo deste movimento é silenciar vozes,
criminalizando o trabalho docente; é perseguir, demitir e até prender
docentes que defendam uma visão de mundo contrária ao status quo, e
colocar a educação a serviço dos interesses do mercado.

Questão central: avanço do ESP não depende da aprovação da Lei, seu


maior efeito é a mobilização social reacionária que produz e a instalação de
um clima de medo entre os professores.
A instituição da desconfiança no professor e ataque à sua autonomia
associada à desqualificação da capacidade dos estudantes é seu ponto central.

3 frentes de atuação:
1ª) Intimidação de professores e intimações extra-judiciais
2ª) Projetos de lei na câmara federal, assembleias e câmaras municipais
3ª) Tentativa de alterar a LDB
Intimidação dos professores de diferentes formas: intimações, denúncias
públicas, afastamento de suas funções sem motivo razoável (vários casos)

2. O contexto do avanço do ESP e Os sujeitos do ESP


Vinculação clara com avanço da Onda Conservadora e disseminação de
ideias de extrema-direita
De onde vem este avanço? Organização sistemática de aparelhos
privados de hegemonia e atuação permanente, em distintas frentes, voltada à
afirmação de uma concepção de mundo liberal, individualista, meritocrática
e antissocial. Seu crescimento é visível há pelos menos uma década.
Centenas de aparelhos, envolvendo institutos empresariais, organização
de movimentos, financiamento de jornalistas, blogs e páginas do facebook.
Instituto Millenium – maior, mais amplo e mais rico destes instrumentos.
Miguel Nagib – procurador de justiça e criador do ESP. É vinculado ao
Instituto Millenium, é proprietário do “Escola sem Partido treinamento e
aperfeiçoamento” e da “Associação Escola sem Partido”.

Quem sustenta e dissemina o ESP?


 Difusão através da blogsfera conservadora
 Maioria dos projetos apresentada por PSC, PSDB, PMDB e DEM
 Izalci Lucas – deputado do PSDB e empresário da educação,
apresentou o projeto do ESP e é relator da MP 746.
 Forte vinculação com bancada evangélica
 Audiência de Alexandre Frotta com Ministro da Educação;
agradecimento público de Nagib a Frotta afirmando que o ESP “não
exige atestado de bons antecedentes”.
3. Argumentos e implicações
Pressupostos gerais:
 Existência de doutrinação ideológica
 Professor como agente da doutrinação
 Completa incapacidade do estudantes
1. Paradoxo entre o quadro apresentado pelo ESP e a quase total ausência
da crítica marxista no ensino público brasileiro.
2. Escola não apenas não é marxista, mas além disso é profundamente
conservadora e autoritária. Na maioria dos lugares, houve mais mobilizações
de professores contra as ocupações do que em seu apoio.
3. Pressuposto absurdo de que “professor não é educador” e que escola
deve apenas instruir, e não educar.
4. Ataque à autonomia do professor inviabiliza a educação enquanto
processo dialógico e o processo de construção do conhecimento constituído
neste processo.
5. Também a opinião do professor fora do ambiente escolar
(especialmente nas redes sociais) é considerada assédio ideológico,
tipificado como crime em projeto de lei
6. Há contradições explícitas. Por exemplo, os estudantes são tratados
como vulneráveis e devem ser “protegidos” da doutrinação e são instados a
atuarem (politicamente) como delatores, mas ao mesmo tempo, sua ação e
organização política também é criminalizada. Além disto, trata da mesma
forma estudantes do ensino fundamental e do médio (e no limite, também do
ensino superior)
7. Outra contradição: discurso de defesa da pluralidade cultural e
oposição ao estudo de temáticas indígenas e africanas.
“Doutrinação” – 3 eixos principais: comunismo, gênero e religião
Comunismo: total indefinição, associado à dissolução da família,
homossexualidade, satanismo...
“Ideologia de Gênero” – crítica irracional, baseada no pânico moral que
mobiliza preconceitos extremos – professores ensinando crianças a serem
gays e lésbicas... Objetivo seria “o incentivo ao homossexualismo, a mistura
de sexos, o uso de banheiro feminino pelos homens e vice-versa, a
promiscuidade e o matrimônio gay”.
Religião: demonização das religiões afro-brasileiras, tidas como
satânicas. Denúncias revelam que qualquer referência a sua existência é tida
como doutrinação. Contradição explícita: movimento diz defender educação
moral de acordo com crenças dos pais, e demoniza religiões afro-brasileiras.
Trata-se apenas das crenças dos pais cristãos...
Matéria especial da Revista Nova Escola: não existe doutrinação
ideológica afora relatos muito esparsos e insignificantes, os estudantes são
cada vez menos passivos, as notificações extrajudiciais são uma anomalia e
“o marxismo é hoje uma corrente estrangulada na academia”.
Procedimentos discursivos:
a) Uso de termos sem definição precisa – ideologia de gênero, marxismo
cultural, doutrinação ideológica
b) Desqualificação dos professores, da escola, do campo educacional e
de suas referências teóricas
Site do ESP apresenta o movimento como uma estaca de madeira
cravada no coração da estratégia gramsciana que vampiriza os estudantes
brasileiros há mais de 30 anos”.

4. Questões relacionadas: BNCC e MP 746


Debate sobre BNCC: polêmica sobre proposta de História na grande
mídia não remete aos inúmeros problemas da proposta, mas ao desconforto
de alguns com conteúdos sobre indígenas e africanos.
Definição detalhada de conteúdos expressa pressuposto de desconfiança
na autonomia do professor e necessidade de estabelecer imposições e
controles. Esta desconfiança tem permeado todas as políticas da Secretaria
de Educação Básica
SP e RJ: instrumentos de controle sobre a prática docente, inclusive
vinculando bonificação salarial a resultado obtido em provas padronizadas.
Elemento comum: processos autoritários, seu participação ou discussão
com os professores
MP 746 e ocupações
1. Eliminação de sociologia e filosofia, redução da carga horária de
ciências humanas e diluição das disciplinas em grandes áreas (Ciências
Humanas, Ciências Naturais e da Terra) reforçam concepção de que apenas
português e matemática importam.
2. Participação direta de fundações empresariais, especialmente Itaú-
Unibanco; Fundação Lemann, Todos pela Educação e Sesi.
3. Ocupações estudantis foram muito além do combate à MP e à PEC.
Constituem única iniciativa de grande dimensão de enfrentamento da
ofensiva reacionária em um espaço onde ela vinha tendo grande difusão.
4. Ocupações explicitam estrutura autoritária da escola, questão que
obrigatoriamente precisa ser enfrentada para que haja qualquer possibilidade
de afirmação de educação libertadora.
Frase dos ESP
“Um dos maiores problemas do Brasil é a doutrinação ideológica nas
escolas e universidades. Em vez de os professores ensinarem conteúdo que
presta, matérias relevantes da forma mais objetiva possível, eles vestem seus
bonés de militantes políticos e saem por aí tentando conquistar jovens
adeptos. É pura lavagem cerebral, e faz com que um exército de soldados
troquem o conhecimento objetivo pela repetição de slogans idiotas. Em
suma, trata-se de uma máquina de formar alienados, aqueles que vão depois
defender o PT e o PSOL, elogiar Cuba e cuspir na Veja, como se a revista
fosse o ícone de tudo aquilo que não presta.”

E o que faz o professor militante? Abusa dessa situação especialíssima


para “fazer a cabeça” dos alunos. E ele faz isso de boa consciência, porque
pensa estar colaborando para a “produzir uma realidade mais justa”. Na
verdade, o que ele está produzindo é apenas mais um ignorante cheio de
certezas, pronto para entregar os destinos da nação a políticos que pensam
(ou fingem que pensam) como ele. O prejuízo material e moral que essa
prática acarreta para o estudante – lembre-se de que estamos falando de
jovens imaturos, inexperientes e submetidos à autoridade do professor – não
pode ser subestimado.

“O estudante, em sala de aula, se encontra numa situação especialíssima,


pois, além de ser obrigado a escutar e aprender o conteúdo transmitido por
seu professor, ele deve ser capaz de reproduzir esse conteúdo se quiser obter
boas notas e ser aprovado. Intelectualmente, portanto, o aluno está submetido
à autoridade do seu professor”.

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