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N A ÉP O C A D O S DES C O B R IM E NTO S
A CIÊNCIA NÁUTICA
DOS PORTUGUESES
NA ÉPOC A DOS
DESCOBRIMENTOS
LISBOA
1 9 5 8
COLECÇÃO HENRIQUINA
J
III-Descobrimento do Atlântico
9
A C�CIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
10
NA :t:POCA DOS DESCOBRIMENTOS
11
A C!2NCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
12
NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
O ABtrolábio Náuti,co
13
tilha e as tavoletas ou tábuas da tndia, aná
logas às modernas «buquettes» de tiro ) .
A -O ASTROLABIO E O QUA
DRANTE NAUTICOS
16
A CJ1:NCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
16
NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
:i?-----------------�--------------- r;h- -
Aplicação do Astrolábio Náutico
17
ainda em Portugal conserva-se no Observa
tório da Universidade de Coimbra. Há pouco
tempo retirou-se do fundo do mar, no Japão,
um astrolábio náutico da nau Madre de
Deus, veleiro da frota das índias que se per
deu em 1 610, perto de Nagasáqui.
A graduação do astrolábio náutico abran
gia somente os dois quadrantes superiores
do círculo, começando em zero, nas extremi
dades do diâmetro horizontal e terminando
em 90º, na extremidade do diâmetro verti
cal, junto da base do anel de suspensão. Mas
dentro em pouco, pelos fins do século XV ou
começos do seguinte, a graduação teria sido
invertida, ficando o O na extremidade supe
rior do diâmetro vertical e os 90º nas extre
midades do diâmetro horizontal ; esta sim
plificação dava imediatamente a distância
zenital.
5 - O quadrante. - Os célebres Libros
del Saber de Afonso X mencionam dois tipos
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A CI!NCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
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NA ÉPOCA DOS DE
SCOBRIMENTOS
Asü-olábio de Ten-a
21
B - A BALESTILHA E OS INSTRU
MENTOS SIMILARES
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A C�NCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
C - OBSERVAÇõES ASTRONóMICAS
NO SÉCULO XV
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
O Quadrante
lábios e quadrantes, provàvelmente depois
do redescobrimento da Madeira, na época
em que mestre Jácome entrava ao serviço
do Infante. Nenhum documento, contudo,
nos precisa este facto. O doutor Jaime Cor
tesão cita o caso da partida, de Lisboa, a 1 0
de Novembro de 1451, de uma frota de 10
barcos que conduziam a Pisa a Infanta
D. Leonor, irmã do Rei D. Afonso V. Ficou
-nos desta viagem um relato de Valckens
tein, um dos embaixadores do séquito da
Infanta, onde se lê que as «naus» e as cara
velas eram acompanhadas por «mestres as
trólogos bem conhecedores das derrotas
pelas estrelas e o Pólo». Cortesão conclui
daqui que a missão destes astrólogos era
principalmente observar a estrela polar.
Esta opinião é muito aceitável, visto que
os marinheiros bastavam para a navegação
por rota e distância, enquanto que, para as
observações astronómicas do «Norte»
27
A C�CIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
28
NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
Í
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I
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/
I
Utilização do Quadronte
29
tes não podiam ser outra coisa senão astro
l ábios) ;
2.º Mestre José Vizinho e outros, a partir
de 1485, mediram latitudes da Guiné por
meio da altura do Sol ;
3. º Bartolomeu Dias empregou o astrolá
bio durante a sua viagem ao Cabo da Boa
Esperança ( 1487-1488 ) .
Vasco da Gama, em 1497-1498, empregou
o astrolábio. E durante a viagem de Cabral,
em 1500, fizeram-se também observações do
Sol e das estrelas.
81
de Mestre João ( 1500) , conclui-se implicita
mente que se observavam já estrelas mesmo
antes do Cruzeiro do Sul ter sido identüi
cado.
A - OS REGIMENTOS DO NORTE
82
A Balestüha com as quatro :-;oalhas
33
3
três estrelas em linha recta, das quais
as duas mais brilhantes ( � e y) eram cha
madas Guardas. A principal destas últimas
( �) era a do meio, que eles denominavam
«guarda avançada», porque era ela que, no
seu movimento, atingia o meridiano pri
meiro ; mais tarde conheciam-na pelo nome
de «estrela horologial», porque nos mostra
as horas da noite. Na realidade, a terceira
estrela da grande abertura da Buzina era a
n. º 5 de Flamsteed, que os marinheiros não
contavam porque era demasiadamente pe
quena, enquanto que as que se podem ver a
olho nu são em número de oito.
Utilizava-se a Buzina no bemisfério seten
trional, para determinar as horas da noite,
e da polar para a altura do Pólo, ladeza ou
latitude dos observadores, que nela encon
traram o seu mais precioso auxiliar.
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A CI�NCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
A Balestilha.
Observação directa
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passou de mão em mão até ao que se vê
impresso no célebre Regimenf;o ou Manual
de Évora ( 1519 ) . Os técnicos da época de
D. Henrique tinham imaginado um homem
colocado no Pólo Norte, voltado para o ob
servador, com os braços horizontais, o di
reito apontando para o Oeste, tal como o ve
mos ainda em Valentim Fernandes ( 1518)
e noutros documentos portugueses do sé
culo XVI. E, segundo a sua visão simplista,
alargaram tal ideia, figurando uma roda ou
rosa celeste (mostrador de um relógio) cen
trado nesse mesmo Pólo Norte, sendo a
cabeça e os pés as extremidades dos raios
verticais (Norte e Sul, respectivamente ) e
sendo os raios os rumos horizontais, o braço
esquerdo ou o de Leste, e o direito ou o de
Oeste. Os rumos colaterais foram denomina
dos Nordeste ou ombro esquerdo, Sudeste ou
linha acima do pé, Sudoeste ou linha abaixo
do Oeste e Noroeste ou ombro direi to.
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A CltNCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
b) O Regimento do Norte
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
A Balestilha.
Observação de costas
41
rumos de escalas arbitrárias, os técnicos do
Infante devem ter formulado, desde as pri
meiras viagens dos Descobrimentos, o pri
meiro «Regimento do Norte», tal como é
ainda reproduzido no Manual de Munique
(c. 1509 ) , cujo exemplar único pertence à
Biblioteca do Estado de Munique. ( Foi estu
dado por Bensa úde ) .
Eles sabiam certamente que a altura do
Pólo sobre o horizonte é igual à latitude do
observador, conforme o que era ensinado pe
los célebres Libros del Saber. E eles sabiam,
desses mesmos livros, medir a altura do Pólo
por passagens meridianas da polar (a sua
Algedi): média das alturas máxima e mí
nima.
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diram, em Lisboa, por meio do astrolábio ou
do quadrante, as alturas da polar nas duas
posições da guarda avançada : linha abaixo
do braço de Oeste (ai tura máxima) e linha
acima do braço de Leste (altura mínima) ;
provàvelmente teriam observado as alturas
nas seis restantes posições. A roda que pre
cede o «Regimento do Norte», no Manual de
Munique, com alturas dadas por graus in.tei.
ros, confirma este procedimento, o que leva
a crer que os autores eram professores da
Universidade de Lisboa ou, pelo menos, pes
soas tendo conhecimentos astronómicos.
Efectivamente, nesta roda, a média das
alturas da estrela do Norte, correspondentes
a dois rumos opostos, dá 38112 graus para
a lati tu de de Lisboa, que é a indicada no
mesmo Manual.
Em outras rodas posteriores, as alturas
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são já levadas às aproximações de quartos,
terços e meio grau, embora os instrumentos
de observação não permitissem tais aproxi
mações, segundo o que afirma Valentim Fer
nandes em 1518.
Para obter a bordo a altura do Pólo, os
mareantes mediam a altura do Norte em um
dos rumos da guarda dianteira e confron
tavam-na com a da roda: a diferença obtida
era a diferença de latitude com Lisboa.
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A C�NCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
� cos p
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Evolução do Regimento da declinação (altura do Pólo ao meio-dia)
1 1
Latitude
1
� Nome (aritméticas)
<e=
qi=
r
N. (90-h)+ô z+ô
N.
{ h=90 ô ô
{
Azarquiel(L'i/>ros
t
N. ô-z
1
1 s. ô- (90- h)
del Saber) N.
o. N. 90-h z
• • • •
1 1
S. N. (90-h)-ô z=8
!1
N. (90- h) +ô z+ô
N.
N.
s.
{
1
h=90
s.
N.
{
ô
(h + o)-90
90-(h+ô) } { N.
ô
ô-z
z- ô
Até 1471
1 1
Se: (h+ô) =90, <e=O Eq. o
2 Munique . . • . . . • -·-
s.
r
{
s.
{1 h=90
N.
{
ô
(lt +ô)- 90
90-(/t+ô) } { s.
8
8-z
z-Ô
Depois de 1471 (provàvel-
mente desde 1483 ou 1484).
Devido a J. V.?
1
N. s.
1
1 Se: (h+ o) =90, <e=O Eq. o
-- 1 1 -- - -- -
-
}
ô < Lat. m. n. 90-(/t-ô) z+ô
É
{
Duarte Pacheco Como também o primeiro pro-
3 8 > Lat. m. n. 90 f (h +ô) z fô
Pereira (1505) Lat. cesso de João de Lisboa.
ô e Lat. n. dif. 90-(h+ Ô) z-Ô
- ---
1
- --------·
1
- N. (90-h) + 8 N. z+ô
J. de Lieboa (2.0
proc., 1514?) . • •
-
-
-
N.
{ 1
s.
{
(h+ ô)-90
90-(h+ô)
Se: ( h+ o) =90, ce =O
N.
s.
Eq.
8-z
z-8
o
Se: (h+ô) > 90
Se: (h+ 8) < 90
4 -·
1
1
- s. (90-h) +ô s z+8 i
-
- s.
{ N.
{
<h+ô)-90
90- (h +o>
s.
N.
8-z
z-ô 1
Se: (h + o) > 90
Se: (h + o) < 90
1
Évora (1519) - Se: (h+ ô) =90, <e=O Eq. o
1
. • • •
1
1
- - h=90 o ô 8 8em sombra
---
J. de Lisboa (3.0 z+8 -
5 8 e sombra, m. n. (90-h) +ô Sombra
proc., 1514?) z-Ô Se: (h+ô) > 90
{
90-(h+ô) Sombra
. . •
1
di/.sombra
1 1 I
1
--- - -
-- ----
- -
alt. > â alt. -â N. alt. -â Astrolábio de 09 a 180 e
J. de Lisboa (5.0
ale.< â â-alt. s. alt. -â Tab. de â. Talvez de Pe-
proc.)
Eq.
{ <90
alt. =â o o dro Nunes, 1537 ou depois
• • • • • • . .
1
André Pires (2.0
90 -â N. 90 -â (não foi empregado pelo
proc.) alt. 90 >
• •
90 â-90 s. â- 90 piloto)
. • . • • • =
(•) Regras seguidas por todos os .pilotos, sem observação directa da distância zetiital, até ao começo do século XX.
NOTAÇõES: 1f - latitude; h.-altura; alt. - altura de 0° a 180°; z distâncin zenital: 8 -declinação; â - distância polar norte; m -o mesmo;
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dianteira, foram construídos pequenos ins
trumentos : uma roda com os oito rumos e
uma cornucópia recortada, com as estrelas
da Buzina, móvel em torno do Pólo e cen
trada sobre a roda.
B - OS REGIMENTOS DA ALTURA
DO PóLO PELO SOL
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A C�NCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
18 - O Regimento da Declinação. - O
Manual de Munique, na sua linguagem rude,
conserva ainda para o uso no mar as regras
dos Libros del Saber, claramente separadas
daquelas, que contém também, para guiar
o observador no hemisfério austral. As de
Azarquiel, todavia, pertencendo a estes Li
bros, dividem em sombras ( N. e S. ) , en
quanto que no Manual de Munique as som
bras estão submetidas à divisão em decli
nações ( N. e S. ) . Duarte Pacheco Pereira
( 1505) , cognominado o «Aquiles Lusitano»,
no seu Esmeraldo, reduziu a três as regras
da altura do Pólo ao meio-dia, que ele fazia
depender do conhecimento da posição do
observador em relação ao Sol, isto é, do
hemisfério do observador.
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
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A CltNCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
b) As Tábuas solares
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
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A CI1:NCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
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A C�NCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
23 - O quadrante da declinação. - O
Livro de Marinharia ensina a construção
gráfica do quadrante da declinação, verda
deiro ábaco para determinar e declinação do
Sol, desde que se conheça a sua posição (lu
gar) .
Baseando-se na fórmula bem conhecida:
sen declinação = sen inclinação X sen lugar
do Sol obtém-se uma grosseira declinação.
Por essa razão parece que o quadrante devia
ainda ser empregado no século XV. Em todo
o caso note-se que Pedro Nunes ainda o des
creve em 1537.
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A C.JjNCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
3 - A ccALTURA DE LESTE-OESTE»
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A CitNCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
5 - AS CARTAS MARÍTIMAS
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A C�CIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
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A CltNCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
B - A LÉGUA MARJTIMA
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D - AS CARTAS REDUZIDAS
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
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A Cl:tNCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
6 - OS ROTEIROS
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A CIÉ'.:NCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
7 - A PILOTAGEM
A - PRELIMINARES
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2 ) De modorra, da meia-noite às
quatro horas ;
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
B - OS MÉTODOS DE NAVEGAÇÃO
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NA tPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
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A CI�IA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
8 -- CONCLUSÕES
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NA ÉPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
l .º - Os instrumentos de observação
a) A adaptação do astrolábio e do qua-
101
A CJ!NCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
2.º - Os astros
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NA tPOCA DOS DESCOBRIMENTOS
3. º - A agulha de marear
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A CI�NCIA NÁUTICA DOS PORTUGUESES
4. º - As cartas de marear
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A CI:i!:NCIA NÁUTICA DOS POltTUGUESES
5. º - Os Roteiros
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NA �POCA DOS DESCOBRIMENTOS
6.º - A püotagem
107
í N D I C E
PREFÁCIO 7
1 - Os instrumentos de observação 12
5 - As Cartas Marítimas 73
6 - Os Roteiros 82
7 - A Pilotagem 87
8 - Conclu,sões 100
COMPOSTO E IMPRF.SSO
NA NEOGRiAVURA, LDA.,
TRAVEBSA DA OLIVEIRA
(Ã ESTRELA) 6 - LISBOA