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Contracapa:
Crianças da Etiópia: R. Faidutti.
Ilustração: Mel Futter.
Design:
J. Morgante/R. Magini.
CRIAR E GERIR
UMA HORTA ESCOLAR
UM MANUAL PARA PROFESSORES, PAIS E COMUNIDADES
Publicado por acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e a Agricultura pela Associação para a Valorização Ambiental da Alta de Lisboa
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AVISO LEGAL
Esta obra foi publicada originalmente pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura em inglês como Setting up and running a school garden. Esta tradução em português foi realizada
pela Associação para a Valorização Ambiental da Alta de Lisboa, que è assim responsável pela qualidade
da tradução. Em caso de discrepâncias, prevalece o texto en língua inglesa.
©
Associação para a Valorização Ambiental da Alta de Lisboa, 2016 [edição portuguesa]
©
FAO, 2005 [edição inglesa]
ISBN 92-5-105408-8
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PREFÁCIO
As chaves para o desenvolvimento das crianças e dos seus futuros meios de subsistência são uma
alimentação adequada e a educação. Estas prioridades estão refletidas no primeiro e segundo Objetivos
de Desenvolvimento do Milénio. A realidade em que se encontram milhões de crianças, no entanto,
revela que essas metas estão longe de serem cumpridas.
As crianças que vão para a escola com fome não conseguem aprender bem. Apresentam diminuição da
atividade física, diminuição das capacidades cognitivas e diminuição da resistência às infeções. O seu
desempenho escolar é muitas vezes deficiente, o que pode fazer com que essas crianças abandonem a
escola precocemente. A longo prazo, a subnutrição crónica diminui o potencial individual e tem efeitos
adversos sobre a produtividade, o rendimento e o desenvolvimento nacional. Assim, o futuro de um país
recai sobre as suas crianças e jovens.
Os investimentos na nutrição e na educação são essenciais para quebrar o ciclo da pobreza e da
subnutrição. A FAO acredita que as escolas podem dar uma importante contribuição para os esforços
dos países em superarem a fome e a subnutrição, e que as hortas escolares podem ajudar a melhorar
a nutrição e a educação das crianças e das suas famílias nas áreas rurais e urbanas. Neste sentido, é
importante salientar que as hortas escolares são uma plataforma para a aprendizagem. Não devem ser
consideradas como fontes principais de alimentos ou de rendimentos, mas sim como um caminho para
uma melhor nutrição e educação.
A FAO incentiva as escolas a criarem hortas para aprendizagem, de tamanho moderado, que possam ser
facilmente geridas por alunos, professores e pais, mas que incluam uma variedade de vegetais e frutas nutritivas,
bem como, ocasionalmente, alguns animais de pequeno porte, tais como galinhas e coelhos. Os métodos de
produção são simples, para que possam ser facilmente replicados pelos alunos e pais nas suas casas.
Os sistemas alimentares são o conceito unificador. “Da terra para a panela”, os alunos aprendem a
cultivar, cuidar, colher e preparar produtos sazonais nutritivos, nos contextos educativos da sala de aula,
da horta, da cozinha, do refeitório da escola e do lar. A experiência promove o bem-estar ambiental,
social e físico da comunidade escolar e promove uma melhor compreensão de como o mundo natural
nos sustenta. A ligação com as hortas de casa reforça o conceito e abre caminho para a troca de
conhecimentos e experiências entre a escola e a comunidade.
Tais estratégias baseadas nos alimentos têm o mérito da sustentabilidade: criam hábitos alimentares de
longo prazo e colocam as escolhas alimentares nas mãos do consumidor. Uma forte componente de educação
garante às famílias e às futuras famílias das crianças que os efeitos irão além do tempo e local imediatos.
As preocupações nutricionais também ligam o mundo desenvolvido ao mundo em desenvolvimento, mundos
estes que partilham muitos problemas alimentares. Por exemplo, a necessidade de mudar a perceção sobre
as frutas e legumes, e aprender a melhor maneira de os cultivar, preparar e comer é comum a muitas
comunidades, ricas e pobres, e pode ser crucial na promoção da saúde comunitária em ambos. Isto serve de
base para esforços conjuntos significativos e para o intercâmbio de experiências, ideias e materiais de ensino.
A FAO preparou este manual para auxiliar professores, pais e comunidades, inspirando-se em experiências
e boas práticas de gestão de hortas escolares em todo o mundo. As lições em sala de aula estão ligadas
à aprendizagem prática na horta sobre a natureza e o meio ambiente, à produção e comercialização dos
alimentos, ao processamento e preparação dos alimentos e em fazer escolhas alimentares saudáveis.
Esperamos que este manual seja uma ferramenta útil para todos aqueles que desejam iniciar ou melhorar
uma horta escolar com o objetivo de ajudar as crianças da escola a crescer na mente e no corpo.
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AGRADECIMENTOS
Foram feitas substanciais contribuições técnicas por Jennifer Heney, da Divisão de Sistemas de Apoio
Agrícola da FAO. Valiosos comentários e contribuições também foram recebidos de: Fiorella Cerruti, do
Serviço de Alimentação Escolar, Programa Alimentar Mundial (PAM); Lavinia Gasperini, da Divisão de
Extensão, Investigação e Formação; Corinna Bothe, Fintan Scanlan e Alberta Mascaretti, da Divisão de
Operações de Campo, e Hitomi Sato, da Divisão de Produção e Proteção de Plantas.
Gostaríamos também de expressar o nosso apreço muito especial a todos os diretores das escolas, professores
e educadores em diferentes partes do mundo que tornaram possível esta publicação, em especial:
Queremos agradecer à comunidade de Komga, na África do Sul, pelo apoio e contribuições entusiásticas
para as fotografias e preparação final do livro, especialmente a Errol Muller, do Mercado de Komga,
a Ronel Vorster e aos funcionários da Cooperativa de East Cape, às crianças de Draaibosch, à família
Flannigan e ao Governo de Kobese.
Mais agradecimentos são devidos a Brett Shapiro e Allison Rosemary pela edição e revisão. Mel Futter
foi responsável pelo design, paginação, e, salvo indicação em contrário dentro da publicação, por todas as
fotografias e ilustrações.
Tornar realidade a edição portuguesa deste manual foi possível graças ao apoio da Fundação Calouste
Gulbenkian, à disponibilidade da FAO em Portugal e aos voluntários da AVAAL – Associação para a
Valorização Ambiental da Alta de Lisboa, a quem coube a tradução do mesmo.
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO 9
ANEXOS: 143
Fichas Informativas de Alimentos 143
Fichas Informativas de Nutrição 177
Notas de Horticultura 189
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INTRODUÇÃO
A IMPORTÂNCIA DAS HORTAS ESCOLARES
Muitos acreditam que a aprendizagem na escola só acontece dentro da sala de aula, mas é hoje
amplamente reconhecido que todo o ambiente da escola está envolvido no desenvolvimento das
crianças. E o ambiente escolar compreende também:
• uma fonte de alimentos para melhorar a alimentação e a saúde das crianças;
• uma fonte de influências saudáveis (água potável, atividade física, casas de banho
higiénicas, lavatórios e merenda escolar);
• uma área para a aprendizagem (sobre a natureza, a agricultura e a nutrição);
• um lugar de prazer e recreação (flores e arbustos, áreas de lazer, sombra e zonas para
comer);
• uma lição contínua de respeito pelo meio ambiente e orgulho na escola.
Asfalto, terra seca, lama e campos vazios estão a transformar-se em campos verdes, laboratórios
ao ar livre, hortas, hortas de ervas aromáticas, espaços de jogos e áreas de estudo. E as hortas
escolares estão a liderar essa mudança.
A HORTA
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A IMPORTÂNCIA DAS HORTAS ESCOLARES
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A IMPORTÂNCIA DAS HORTAS ESCOLARES
Tipos de lições
Os capítulos três a dez apresentam-se com as características de uma lição, sendo assim adequadas
para desenvolver em ambiente de turma. Estes capítulos visam as idades entre os nove e os 14
anos, e servem de complemento e apoio às atividades de horticultura. Além disso, concentram-se
não só no conhecimento e nas competências em geral, mas também em ações de sensibilização,
competências para a vida, atitudes e comportamentos de rotina. Estas “lições de horticultura” têm
enorme valor educativo, fazendo a ponte entre a teoria e a prática, e relacionam a aprendizagem
em sala de aula com a experiência empírica e a observação, e vice-versa. Devem por isso assumir
um lugar regular no horário das aulas, além do tempo que é dedicado à horticultura em particular.
Como usar o Manual?
Recomenda-se a seguinte abordagem:
• Ler cada capítulo do Manual, tomando nota do que é importante para cada situação em
particular.
• Observar as sugestões e dicas existentes no final de cada capítulo.
• Elaborar um esboço do programa de horticultura.
• Analisar as lições relacionadas e selecionar aquelas que as turmas necessitam.
• Agendar as lições em função da fase em que se encontrar o programa de horticultura
em causa – os alunos podem estar a preparar-se para o próximo ano letivo, podem estar
prestes a iniciar uma horta ou podem andar em busca de formas de melhorar uma horta
que já existe, por exemplo.
Cada aluno gere um pequeno talhão com algumas culturas, como cenoura, milho e tomilho. Os
alunos mais velhos têm um hectare com vários vegetais e filas de banana para fritar, banana e
cacau. Há também galinhas, coelhos e cabras. A horta é biológica. As crianças comem muitos
dos alimentos da horta e levam alguns para casa; alguns são cozinhados na cantina e outros são
vendidos na comunidade. Todos os anos há um projeto comum a todas as disciplinas, focado
num alimento. Num dos anos pesquisou-se sobre milho, cultivaram-se amostras e produziram-se
canções, fantoches e poemas. O livro “O Milho na Sala de Aula” foi traduzido para 84 idiomas
e apresentado na rádio. (C. Power, comunicação pessoal, 2003; Bruce, 1998)
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A IMPORTÂNCIA DAS HORTAS ESCOLARES
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CAPÍTULO 1
O QUE ENVOLVE?
A execução de uma horta escolar requer Três competências para as hortas escolares
não só conhecimentos de horticultura, “Precisa de saber apenas três coisas para
mas também capacidade para lidar executar uma horta escolar com sucesso:
com pessoas e senso comum. Outras 1. Como cultivar as pessoas;
qualidades úteis são o entusiasmo, 2. Como cultivar as plantas;
a capacidade de organização e de 3. Como obter ajuda.” (Guy et al., 1996)
divulgação. É necessário planear e gerir,
encontrar recursos, obter ajuda e apoio,
manter contacto com as pessoas envolvidas, organizar o trabalho da horta e das aulas, motivar
as pessoas e divulgar os resultados da horta.
No entanto, os responsáveis pela horta não têm que fazer isto tudo sozinhos. Uma boa gestão
da horta significa desenvolver as capacidades da escola até a horta poder funcionar sozinha. As
crianças mais velhas mostram às mais jovens o que fazer; as tarefas rotineiras são realizadas
automaticamente; e os auxiliares veem por si mesmos o que precisa de ser feito.
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O QUE ENVOLVE?
A. PERGUNTAS PRELIMINARES
Aqui estão algumas perguntas que são mais frequentes.
2. De que precisamos?
As necessidades iniciais são discutidas no
Capítulo 5. Para ferramentas e equipamentos,
sementes e plântulas, o custo não será
necessariamente elevado. Se se começar com
pouco, é possível ir adquirindo o resto ao longo
de alguns anos. Muitas vezes, o equipamento
pode ser pedido emprestado e, às vezes, podemos
reutilizar as sementes. Algumas variedades
de plantas locais, adaptadas ao clima local,
são mais baratas e garantem resultados mais
seguros. As abordagens biológicas diminuem o
gasto em fertilizantes e inseticidas.
Um abrigo seguro para a horta é um item caro. Ainda mais importante, e às vezes caro, são a
água e as vedações. Devemos ser capazes de irrigar as culturas e protegê-las dos predadores.
Pode-se conseguir obter uma doação para este tipo de investimento por parte de instituições
sociais, doadores, governos ou organizações de desenvolvimento. Mas lembre-se que bombas,
canos e cercas precisam de manutenção. Se não tiver um financiamento regular, a horta tem de
gerar lucro suficiente para cobrir os seus custos.
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O QUE ENVOLVE?
são suficientes para observações experimentais (por exemplo, estudar a germinação). Uma horta
com a dimensão de uma cama de solteiro com 1 x 2 metros irá produzir quantidades simbólicas
de alimentos. Uma horta do tamanho de três ou quatro camas pequenas podem constituir uma
horta modelo para fins de demonstração. Será preciso muito mais espaço caso queira produzir
uma quantidade significativa de alimentos ou fazer uma formação profissional agrícola.
Quaisquer que sejam os objetivos, há uma maior possibilidade de sucesso começando com pouco.
Pode sempre expandir a horta mais tarde. Mesmo com uma pequena horta, também há uma
maior possibilidade de sucesso se houver diversidade de culturas, e não apenas uma ou duas.
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O QUE ENVOLVE?
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O QUE ENVOLVE?
Apoio
A horta escolar irá prosperar se tiver o apoio de:
• Autoridade educativa local;
• Professor responsável / diretor;
• Toda a escola;
• Pais e comunidade.
Envolvimento e contactos
Será útil conseguir:
• captar o interesse dos serviços locais de agricultura e saúde;
• envolver a comunidade – peritos, conselheiros, auxiliares e observadores;
• captar o interesse do programa de alimentação escolar;
• criar um grupo de apoio de pessoas interessadas, ativas e úteis;
• manter contacto com outras escolas que têm hortas.
Sustentabilidade
É uma boa ideia:
• começar com pouco e expandir mais tarde;
• estabelecer (e manter) um bom abastecimento de água e vedações;
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O QUE ENVOLVE?
• saber como a horta vai ser financiada, ou como ela se pode sustentar por si mesma;
• utilizar abordagens biológicas para melhorar e conservar o solo;
• escolher culturas que se adaptem às condições locais, combinem as tradições locais
e hábitos alimentares, tenham alto valor nutricional, contribuam para a segurança
alimentar, sejam fáceis de cultivar e adaptadas ao período escolar;
• certificar-se que alguém é responsável pela horta em caso de emergência ou doença;
• ter professores e auxiliares formados, experientes e que transmitam os seus
conhecimentos.
Motivação
O projeto funcionará melhor se:
• estabelecer objetivos claros e em acordo com todos;
• elogiar, dar recompensas, prémios e outros incentivos às crianças,
professores e auxiliares;
• divulgar o sucesso e fazer atividades na horta visíveis ao público e
toda a escola;
• escolher horticultores que saibam como lidar com pessoas, bem
como com plantas;
• criar orgulho, estatuto, realização e prazer em relação à horta.
Valor educacional
Tentar:
• explorar as atitudes da comunidade, famílias e crianças,
e reconhecer a sua importância;
• reconhecer plenamente a horta como uma experiência e
uma ferramenta de aprendizagem ;
• envolver os alunos no planeamento, tomada de decisões,
organização e divulgação;
• coordenar o trabalho na horta com o trabalho na sala de aula;
• vincular a horta ao currículo escolar geral;
• incentivar a observação, experiência e registo de resultados.
Apoio técnico e pedagógico
Fazer o possível para:
• ter acesso a informações e bom aconselhamento técnico/apoio;
• obter formação em produção biológica de hortícolas e em gestão de hortas;
• encontrar / produzir materiais didáticos adequados.
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O QUE ENVOLVE?
Dicas e ideias
• Pedir aos estudantes com mais capacidades artísticas para copiarem o cartaz
“Crescer com a Horta”, em baixo. Adaptá-lo como necessário para o seu próprio
contexto.
• Tirar fotografias de possíveis locais para a horta.
• Visitar hortas de casas nas redondezas em busca de inspiração e ideias.
• Falar com outras escolas com hortas.
• Iniciar um arquivo “Horta” com todos os documentos da horta.
O cartaz abaixo ilustra o conceito mais amplo de horta:
boa jardinagem
mercado
da horta
bom ambiente
boa alimentação
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NOTAS
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CAPÍTULO 2
QUEM NOS VAI AJUDAR?
As hortas escolares são muito mais bem Em que é que a comunidade pode ajudar?
sucedidas quando a comunidade está
interessada e envolvida. E é uma boa ideia “Procurar pessoas que possam contribuir
envolvê-la desde o início no planeamento para qualquer um dos seguintes aspetos –
e discussão sobre a horta. Isso vai originar Financiamento, Conhecimento, Trabalho
um maior compromisso e uma distribuição ou Peso (isto é, influência).”
da carga de trabalho, bem como ajudar a (Food Works Organization, 2004)
evitar erros e a estimular o interesse nas
atividades da escola.
Mas pode ser necessário convencer as pessoas. Tem de tornar os objetivos e princípios claros
para todos, desde o início. Acima de tudo, as pessoas devem ser capazes de ver claramente que a
horta se destina a beneficiar as crianças e a escola como um todo – fisicamente, psicologicamente
e pedagogicamente.
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QUEM NOS VAI AJUDAR?
A. QUEM E COMO
Aqui estão alguns elementos da comunidade que podem estar interessados na horta escolar. Na
sua comunidade, qual deles poderia participar? Como poderiam contribuir?
Pais e familiares
Os pais e familiares vão interessar-se pelas hortas escolares
se conseguirem compreender o seu valor para os seus filhos.
Os pais, individualmente, podem atuar como voluntários,
ajudando no trabalho da horta. Os familiares podem servir
de mercado para os produtos da escola. Podem ajudar com os
trabalhos de casa das crianças sobre a horta, visitar a horta e
participar em palestras, demonstrações, feiras de alimentos,
festas ou apresentações.
O trabalho na horta pode até mesmo ser levado para casa,
com o acordo e ajuda das famílias. Por exemplo, se a escola não tem muito espaço, as crianças
podem aprender sobre horticultura na escola e criar as suas próprias hortas em casa. Ou podem
cultivar hortas em casa, seguindo o modelo da horta escolar.
Arranje tempo para dar a conhecer a horta ao maior número de famílias possível. Convide-as
a visitarem a horta e deixe as crianças mostrar-lhes tudo. Dê-lhes oportunidades para debater
sobre a horta e fazer sugestões. Ouça-as e faça uso dos seus conhecimentos e experiência.
Esforços conjuntos
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QUEM NOS VAI AJUDAR?
Alguns pais podem pensar que os seus filhos não devem fazer este tipo de trabalho. É melhor
lidar com esta atitude com cuidado, a longo prazo, dando a conhecer o estatuto do trabalho
hortícola. Participe também na horta, traga pessoas conhecidas localmente para apoiá-la, torne
a escola conhecida pela sua horta e garanta que as crianças gostam do que fazem e têm orgulho
nisso.
Alguns pais podem não participar
porque simplesmente têm muito Mudar atitudes
que fazer, sejam eles executivos “No Quénia, o trabalho manual é comparado a um
muito ocupados ou agricultores castigo. Mas este preconceito está a mudar porque
cansados. Leve-os a participar a nossa escola fez uma horta bem sucedida. As
na horta de forma muito simples crianças adoram a horta. Elas comem os alimentos
– doando algumas sementes que produzem e estão visivelmente mais saudáveis.
ou lixo doméstico para efeitos Os pais felicitam-nos porque conseguem ver a
de compostagem, por exemplo. diferença. A horta deu nome à escola. O Diretor
Qualquer contribuição pode de Educação do Distrito traz visitantes para vê-la.”
funcionar como um compromisso.
(A. Choday, comunicação pessoal, 2003)
A comunidade
A sua comunidade local, tomada como um todo, certamente tem também muitos conhecimentos
sobre horticultura. Observe os recursos humanos da sua área, pois geralmente revelam um
manancial considerável de conhecimentos. (Cederström, 2002)
• Identificar hortas bem geridas perto da escola e obter a ajuda de horticultores. Estes
podem estar dispostos a mostrar às crianças a sua horta, a demonstrar técnicas ou a doar
sementes, plântulas ou estacas.
• Encontrar pessoas locais proeminentes que tenham hortas ou obtenham bons rendimentos
da horticultura. Peça-lhes que venham e conversem com os horticultores da escola, ou que
convidem um grupo de crianças a visitar as suas hortas. Isso vai elevar o estatuto da sua
horta aos olhos das crianças e famílias. Se estas pessoas forem antigos alunos da escola,
o efeito é ainda maior!
• Persuadir organizações juvenis como escuteiros e clubes desportivos a contribuirem na
limpeza da horta. Ofereça um elemento pedagógico e refrescos.
Pode ser possível colaborar com outros grupos comunitários envolvidos em projetos de
horticultura. Por exemplo, em alguns locais:
• as escolas oferecem parte do local da horta
No norte do México, os responsáveis escolar em troca de ajuda e apoio;
de um projeto de horta escolar • grupos comunitários podem organizar projetos
convidaram horticultores locais com animais de capoeira no terreno da escola
de sucesso para atuarem como ou hortas ao lado da horta das crianças;
formadores e educadores na horta • associações de mulheres que trabalham em
escolar. No Bangladesh, um projeto hortas podem assumir parte do papel do
de horta escolar nomeou uma professor e mostrar às crianças o que fazer;
residente da aldeia para gerir a horta e • a horta escolar é uma extensão de uma horta
recompensou-a com uma percentagem comunitária; num projeto o centro comunitário
da produção. (Cederstrom, 2002) providenciou um terreno, um responsável pela
horta escolar e assistência técnica para a escola.
Espera-se que a comunidade possa aprender algo com a escola sobre a produção de bons alimentos,
produção biológica ou venda de produtos. Se as crianças levarem os seus conhecimentos para
casa, todos beneficiam. Mas seja cauteloso na tentativa de ensinar. Considere a comunidade
como uma fonte de conhecimento e reconheça as práticas locais que resistem ao teste do tempo.
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QUEM NOS VAI AJUDAR?
Os funcionários da escola
Nas hortas escolares mais bem-sucedidas, todos os funcionários da escola estão interessados e
ajudam. Tanto docentes como não-docentes podem contribuir.
• O professor de Economia Doméstica pode aconselhar
sobre nutrição, higiene alimentar, preparação de
alimentos e conservação de alimentos.
• Professores de Estudos de Negócios podem dar
conselhos sobre vendas, comercialização e manutenção
de contas.
• Outro pessoal docente pode usar a horta na sua
disciplina. As hortas são observatórios com especial
valor para a ciência, matemática, estudos ambientais
e tecnologia, tal como constituem um bom estímulo
para a escrita.
• Os auxiliares, o pessoal da limpeza ou os jardineiros da escola devem ser envolvidos desde
o início. Eles conhecem bem o ambiente escolar, têm conhecimentos práticos e estão
sempre no local.
• Os cozinheiros devem naturalmente ser consultados (ver O serviço de refeições escolares, em
baixo).
Quando os alimentos são escassos, todos os funcionários
da escola ficarão contentes por terem direito a uma A horta pode contribuir para
parte dos alimentos produzidos. No entanto, pode a educação e para a equidade,
ser necessário estabelecer algumas regras básicas – bem como para a agricultura.
por exemplo, aqueles que mais contribuem devem ter
direito a fatias maiores.
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QUEM NOS VAI AJUDAR?
“As escolas primárias da região participam num concurso para escolher a melhor horta e
o melhor canteiro da horta. Os prémios são anunciados no dia da entrega de diplomas da
nossa universidade local. As crianças sobem ao palco para receber os prémios, vestem as
suas melhores roupas e ficam muito contentes. É um grande evento”.
(C. Ssekyewa, comunicação pessoal, 2003)
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QUEM NOS VAI AJUDAR?
Apoio da comunidade
As ligações com as famílias e com a comunidade são apresentadas na tabela abaixo. Use-a para
refletir sobre o que a sua própria comunidade tem para oferecer.
B. GRUPO DA HORTA
Que tipo de grupo pode reunir pessoas para apoiar a horta? Isso depende das dinâmicas locais,
da relação da escola com a comunidade, de como as pessoas preferem trabalhar (por exemplo, em
grupo ou sozinhas), dos grupos já existentes (por exemplo, associações de pais e de professores,
conselho escolar) e de como trabalham, e das preferências pessoais do próprio líder da horta.
Aqui estão algumas das possibilidades. Qual seria melhor para a sua situação?
• Redes informais em que os responsáveis pela horta e as crianças mantêm contacto
pessoal com as pessoas que ajudam e são ativas. Isto funciona bem para os horticultores
que gostam de socializar.
• Um grupo Amigos da Horta que visita regularmente a horta, é convidado para eventos
na horta e reúne-se formalmente uma vez ou duas vezes por ano com as crianças e
professores para discutir como podem ajudar.
• Um Clube da Horta envolvendo crianças, professores e voluntários que se reúnem uma
vez por semana para trabalhar, para trocar ideias e socializar.
• Um grupo dos pais por turma que ajuda com as atividades da turma das crianças.
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QUEM NOS VAI AJUDAR?
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QUEM NOS VAI AJUDAR?
Registos e exposições
• Garantir que existem fotografias ou desenhos de todos os eventos da horta.
• Designar uma pessoa para a tarefa de colocar todos os meses uma fotografia/cartaz/
notícia sobre a horta na escola ou em locais bem visíveis.
• Colocar cartazes sobre a horta na escola e em locais públicos com um apelo a voluntários.
• Conseguir o apoio dos jornais e das rádios locais para a divulgação da horta, dos eventos
realizados e das suas imagens (por exemplo, dando a conhecer os resultados de concursos).
• Mostrar os recursos angariados para a horta escolar através de um “termómetro de
recursos”.
• Organizar um arquivo ou anuário sobre a horta
para documentar a sua evolução. Este pode ser
mostrado aos visitantes e patrocinadores, bem
como às crianças e funcionários da escola. Incluir:
- Contextualização em relação à escola;
os terrenos escolares, os alunos e os seus
hábitos alimentares;
- A história da horta – como foi criada e
como foi a participação da comunidade;
- Aquilo que é produzido pela horta e como
isso tem sido desenvolvido;
- Textos feitos pelas crianças;
- Muitos desenhos e fotografias.
“Quanto dinheiro já angariámos?”
Visitantes
• Convidar o público para alguns eventos na horta – por exemplo, demonstrações sobre
como preparar os alimentos produzidos.
• Encorajar visitas à horta. Exibir um mapa da horta resistente ao tempo, que mostre às
pessoas onde devem ir e também um calendário da horta indicando atividades e culturas.
• Convidar pessoas importantes locais para visitar a horta e divulgar o evento.
• Pedir às enfermeiras e médicos da clínica que recomendem os produtos saudáveis da
horta.
Contactos
• Enviar para casa amostras de alimentos, bem acondicionadas e com rótulos descritivos
feitos pelas crianças.
• Pedir aos pais que contribuam com algo simbólico, para que se sintam envolvidos
(sementes, um balde ou uma planta?).
• Falar com bons horticultores locais. Explicar o projeto da horta e convidá-los a visitá-la.
Pedir-lhes que contribuam com conselhos durante o ano.
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QUEM NOS VAI AJUDAR?
• fazer registos pictóricos e escritos dos eventos (com desenhos, fotografias, planos e mapas)
e contribuir para o arquivo da horta;
• fazer letreiros e etiquetar as diversas partes da horta;
• ajudar nas demonstrações sobre a preparação de alimentos;
• conduzir visitas guiadas aos visitantes;
• manter o termómetro de recursos;
• escrever cartas para as escolas ou patrocinadores sobre a evolução da horta.
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NOTAS
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CAPÍTULO 3
PARA QUE SERVE A NOSSA HORTA?
Objetivos e princípios
Objetivos • Rever princípios e prioridades
• Definir objetivos
• Definir uma missão
competências
sociais
educação relaxamento
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PARA QUE SERVE A NOSSA HORTA?
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PARA QUE SERVE A NOSSA HORTA?
A. AS LIÇÕES DA EXPERIÊNCIA
Os objetivos da horta escolar podem mudar e desenvolver-se ao
longo do tempo. O que é importante é que os objetivos:
• sejam realistas;
• consigam um bom equilíbrio entre educação e produção;
• apelem a todos (crianças, famílias, professores,
colaboradores da escola e serviço de refeições da escola);
• sejam discutidos e acordados pelos principais participantes;
• respeitem e protejam os direitos das crianças.
1 - Colégios internos ou residências de estudantes – isto é, outros níveis de ensino e formação de professores – podem produzir mais do que
escolas normais. Algumas universidades agrícolas são virtualmente autossuficientes em alimentos.
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PARA QUE SERVE A NOSSA HORTA?
B. OBJETIVOS PRIORITÁRIOS
Este manual baseia-se na experiência e promove um amplo conceito de hortas escolares. As
hortas escolares devem ser vistas principalmente como uma forma de promoção de hábitos
de alimentação saudável e boa aprendizagem. Não devem ser vistas como principais fontes de
alimentos ou receitas financeiras, e especialmente como um substituto do programa de refeições.
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PARA QUE SERVE A NOSSA HORTA?
1. As hortas nas escolas são boas para a saúde e educação das crianças
Uma boa dieta é essencial para a educação. As crianças que não comem bem não crescem nem
aprendem bem. Estão frequentemente doentes, faltam às aulas e podem deixar de frequentar a
escola mais cedo. Têm menos oportunidades de conseguirem um emprego.
As hortas escolares não são apenas para alimentar, mas para promover uma melhor alimentação.
As hortas escolares podem melhorar direta e imediatamente a dieta das crianças. Podem fornecer
frutas e vegetais ricos em vitaminas e minerais, adicionar valor nutricional às refeições escolares,
aumentar a variedade (que é tão importante para a saúde e crescimento) e ajudar as crianças a
apreciarem e a desfrutarem desta variedade. Também podem aumentar a disponibilidade de
alimentos na “época da fome”. Melhorar a dieta desta forma pode criar alterações de longo prazo
nas práticas e atitudes, e dar origem à independência face a fontes externas.
Mas as crianças não devem apenas comer melhor; precisam de saber como comer melhor. A
escola é um cenário importante para aprender sobre alimentação e nutrição. Isto acontece em
contacto estreito com as famílias (que fornecem a maioria dos alimentos que as crianças comem).
Se a escola fornece refeições, está a ajudar a estabelecer hábitos alimentares. Pode fornecer água
limpa, saneamento e boa higiene e outras intervenções de saúde relacionadas com a nutrição,
como desparasitar e fornecer suplementos de vitamina A. As hortas escolares completam este
quadro ao ensinarem a criança a produzir comida, a colhê-la, a armazená-la e a processá-la.
§ A vossa horta irá colocar os alimentos em primeiro lugar? Vai colocar o ênfase na
nutrição e na educação para a nutrição?
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PARA QUE SERVE A NOSSA HORTA?
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PARA QUE SERVE A NOSSA HORTA?
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PARA QUE SERVE A NOSSA HORTA?
C. MISSÃO
Quando existir uma ideia dos principais objetivos da horta escolar, esta deve ser registada como
uma missão geral. Isto pode ser discutido pelos representantes da escola, pais, crianças, grupo da
horta e patrocinadores, entre outros. Há exemplos na caixa que se segue.
MISSÃO
OBJETIVOS DE UM PROJETO DE HORTA ESCOLAR
PARA CINCO ESCOLAS NO EQUADOR RURAL:
• Desenvolver a compreensão das crianças em relação
à produção de vegetais;
• Aumentar o interesse das crianças por uma dieta
mais variada;
• Ajudar as crianças a aprenderem a produzir vegetais;
• Produzir alimentos apreciados pela comunidade e
adaptados ao clima local;
• Dar oportunidade às crianças de consumirem os vegetais que produziram (ao
pequeno almoço na escola);
• Encorajar as crianças a adquirirem atitudes de cooperação, responsabilidade,
autoestima e autoconfiança, motivação e valor do trabalho. (Fonte: Chauliac et al., 1996)
OBJETIVOS DA INICIATIVA URBANA DE NUTRIÇÃO em Filadélfia Oeste (EUA)
As nossas hortas escolares promovem a educação em nutrição, a agricultura biológica
sustentável, o empreendedorismo e o embelezamento do bairro. Os nossos objetivos são:
• Criar e manter um currículo interdisciplinar que se concentra em melhorar a saúde
da comunidade;
• Melhorar o estado nutricional e de saúde, aumentando o consumo de frutas e
vegetais em comunidades de baixos rendimentos;
• Melhorar o ambiente urbano através de hortas escolares;
• Facilitar projetos de promoção da saúde da comunidade com base na escola.
Promover o desenvolvimento socioeconómico através de um currículo empresarial que
inclui atividades de desenvolvimento de negócios. (UNI, 2001)
Há limites naturais para todas as ambições! É necessário pedir conselhos e discutir o que é
viável. Deve começar em pequena escala e melhorar a horta passo a passo. Todos os anos pode
ser adicionado um novo elemento. E as ambições podem crescer com a horta.
38
PARA QUE SERVE A NOSSA HORTA?
Dicas e ideias
• Ensinar as crianças a explicar o cartaz “Crescer com a horta” a outras crianças,
pais e visitantes no final do Capitulo 1.
• As crianças podem ilustrar a declaração de missão e exibi-la na escola.
NA SALA DE AULA
Começar pelo início
Muitas aulas podem ser dadas antes do trabalho na horta começar. Podem
ser iniciadas discussões com os alunos sobre os objetivos e usos da horta, dar
informação básica sobre as plantas, solo e jardinagem, apresentar ideias sobre
boa jardinagem e ajudar as crianças a manter registos das atividades na horta.
1. Devemos ter uma horta? Os alunos discutem sobre a possibilidade de terem uma horta na escola.
Objetivos Os alunos tornam-se conscientes das utilizações da horta e dos aspetos positivos,
reconhecem o seu potencial papel, discutem as razões para ter uma horta na escola e sentem-se
motivados para começar.
Atividades Os alunos discutem as hortas que conhecem, apresentando
palavras e imagens do que está a ser discutido: o que produzem, o que
acontece às colheitas, que outras coisas existem nas hortas (torneiras
e vedações, por exemplo) e para que servem. Descrevem trabalhos de
horticultura que conhecem e discutem o que gostariam de fazer na horta,
registam as suas ideias e mostram as palavras e imagens.
2. Do que gostam as plantas? Uma lição fundamental para todos os aspetos do estudo da
horticultura e da natureza.
Objetivos Os alunos tornam-se conscientes das necessidades
das plantas e identificam as necessidades de algumas plantas em
particular.
Atividades Os alunos encontram plantas doentes e saudáveis,
descrevem-nas e registam as diferenças. Depois imaginam que
são plantas, com raízes (pernas) e folhas (dedos) e respondem às
questões:
• Do que gostam as tuas raízes? De muito espaço? De estarem
muito apertadas? De estarem bem fixas? Molhadas? Secas?
39
PARA QUE SERVE A NOSSA HORTA?
• Do que é que gostam as tuas folhas? Escuro? Luz? Ar livre? De abanar ao vento?
• Do que é que a tua planta gosta? Muito espaço? Ervas daninhas grandes perto de si? Boa
comida todos os dias? Bichos e insetos (alguns são amigos outros inimigos)?
As crianças especulam sobre as razões pelas quais as plantas estão doentes e não saudáveis, e
depois encenam uma mímica em que as jovens plantas são ameaçadas por perigos e são salvas
por crianças.
40
PARA QUE SERVE A NOSSA HORTA?
feijões, abóbora, girassol e trigo) de molho durante um dia, retiram a água, colocam tudo numa
jarra de vidro, cobrem com um pano e colocam-nas num local escuro e quente da sala de aula.
Os alunos preveem assim o que irá acontecer. Duas vezes por dia enxaguam as sementes com
água fria, observam o que está a acontecer e comparam com as previsões. Depois das sementes
germinarem, expõem-nas à luz durante um dia ou dois até ficarem verdes, e de seguida comem-
nas – com cerimónia! Os alunos repetem a experiência em casa e explicam-na às suas famílias.
41
NOTAS
42
CAPÍTULO 4
POR ONDE COMEÇAR?
A sensibilização ambiental
Objetivos • Mapear as instalações da escola e o local da horta
• Sensibilizar para o ecossistema
• Planear melhorias para as instalações da escola
Há imenso que fazer antes de iniciar a horta. Aqui estão quatro atividades de sensibilização
ambiental. É aconselhável realizá-las como ponto de partida:
• Cartografar o terreno da escola e o local da horta é uma ação
que promove a observação e ajuda ao posterior planeamento.
• Lançar um “projeto ambiental” melhora o terreno da escola
e chama a atenção sobre ele.
• Olhar para os espaços verdes existentes, animais e plantas
aumenta a consciência das crianças para o ecossistema.
• Começar uma pilha de composto reforça o entendimento
sobre o solo e a reciclagem, e prepara o solo em tempo útil
para a temporada de horticultura que se seguirá.
43
POR ONDE COMEÇAR?
A. FAZER MAPAS
1. Mapear o terreno
recreio
Pode começar por pedir
caixote horta
aos alunos que façam
berma
do lixo
mapas esquemáticos de
torneira linhas
todo o terreno da escola,
elétricas dentro do que for possível
e de acordo com a idade.
escola As crianças mais novas
casas de banho portão
podem fazer desenhos
entrada
“a olho”, ao passo que os
estrada
caminho alunos mais velhos podem
casa de pátio tirar medidas e fazer uma
ferramentas abordagem realista (talvez
como parte da aula de
jardim matemática). O professor
vedação também deve fazer um
esquema. Um bom mapa
ou imagem desperta a atenção de quem o faz, irá ajudar nas apresentações do projeto, palestras
ou pedidos de apoio. Pode ser apresentado às crianças, aos pais, a patrocinadores, ao grupo da
horta e às autoridades locais. Serve como uma base de discussão sobre o que é necessário fazer
e quanto irá custar. E também aumenta a moral quando é possível comparar as imagens do
“antes” e do “depois” no fim de um ano de trabalho.
O mapa deve mostrar as principais características do terreno – por exemplo, edifícios escolares
e instalações, árvores e arbustos, vasos, caminhos, estradas principais, portões, caixotes do
lixo, abastecimento de água e linhas elétricas. Deve-se etiquetar tudo: é um bom exercício de
aprendizagem para os alunos e ajuda outras pessoas a entenderem o mapa. Será bom pedir às
crianças para selecionarem os mapas a expor e colocar cópias no Arquivo da Horta.
O local da horta
Se existem várias localizações possíveis para a horta, devem ser marcados todos os locais e usar
o mapa para discutir e decidir onde deverá ficar. Idealmente a horta deve ser:
• Ao nível do solo;
• Longe das principais estradas;
• Visível das salas de aula (e próxima, se possível);
• Facilmente vista por visitantes.
Será que tudo isto é possível? Se existirem alternativas, deve abrir o debate sobre onde colocar a
horta. Consultar as crianças, os colaboradores, os pais e alguns horticultores experientes.
44
POR ONDE COMEÇAR?
es
tr
ad
Notas sobre o local da horta: As cabras comem
a
casas de as plantas. O solo é fértil, mas nunca foi cultivado:
banho
muito duro. Precisa de muita matéria orgânica.
Existe muita água, mas tem de ser carregada para
escola um ponto mais alto.
N Principais tarefas necessárias: Limpar o terreno
de pedras – guardar as pedras para muros. Cavar
O E o solo e incorporar adubo verde. Trazer água do
riacho rio (bomba manual e cano?). Vedar por causa das
S cabras.
vedação
caixote Esboço do local para a horta em ...................
do lixo (àrea urbana) Tamanho ........... (pequeno)
arbustos
O E
S casas
B. ESCOLA VERDE
Enquanto a equipa da horta está a pensar no local e nos apoios, pode assumir a liderança no
sentido de incentivar a escola a olhar para o terreno como um todo. Para melhorar o local não será
necessário muito trabalho e pode promover a sensibilização ambiental, melhorar os equipamentos,
motivar, envolver a comunidade e dar à escola boa reputação. Uma abordagem positiva de toda
a escola às questões ambientais cria uma atmosfera favorável para o desenvolvimento da horta.
45
POR ONDE COMEÇAR?
46
POR ONDE COMEÇAR?
As árvores de Neem
são bonitas, dão
sombra durante o ano
inteiro e fornecem
um inseticida natural.
Que mais podíamos
querer?
Nota: Começar a sensibilizar a escola para pensar em melhorar o seu ambiente. Mas é preciso
deixar os projetos ambiciosos para a escola para outros funcionários da mesma. A horta já é
bastante exigente!
47
POR ONDE COMEÇAR?
Dicas e ideias
• Fazer uma exposição dos mapas, desenhos e
fotografias do terreno (tudo efetuado pelos alunos).
• Fazer uma “maqueta de barro” do terreno, no local,
e deixar secar à sombra.
• Para inspiração, consultar catálogos de sementes (de
empresas de sementes). Visitar jardins e hortas com
os alunos.
• Pedir contributos (materiais e mão de obra) para a
pilha de composto e organizar as crianças de forma a que tragam material de casa
num determinado dia da semana.
• Organizar grupos para adotarem a sua pilha de composto e fazerem uma sinalização
ou bandeiras para cada uma das pilhas.
NA SALA DE AULA
Pontos iniciais
Estas aulas têm o objetivo de aumentar a consciência ambiental das crianças. As
crianças observam de forma muito próxima o ecossistema existente e o papel
dos insetos. É introduzido o tema da compostagem e a ideia de reciclagem de
resíduos, e as crianças sugerem ideias para melhorar o terreno da escola.
48
POR ONDE COMEÇAR?
3. Insetos e outros Menos de 1% dos insetos são perigosos para as culturas e muitos são benéficos.
Objetivos Os alunos identificam determinados insetos benéficos e pragas comuns.
Atividades Usando espécimes reais ou imagens, os alunos identificam
criaturas comuns do jardim, dizem o que sabem sobre elas e especulam
sobre quais são benéficas, inofensivas ou prejudiciais. O professor apresenta
dois “inimigos da horta” (por exemplo, lesmas e pulgões), discute o que
fazem (comem ou sugam folhas e raízes) e como é que podemos confirmar
estas situações (buracos nas folhas, plantas que murcham); depois dois
“amigos da horta” (por exemplo, minhocas e joaninhas) que fertilizam
as flores, alimentam-se de pragas, transformam resíduos da horta em
nutrientes e arejam o solo. O processo continua com uma volta na horta,
identificando os amigos e os inimigos da horta ou os sinais da sua presença;
todos fazem um cartaz dos “amigos da horta” ou um livro de bichos baseado
Exemplos de
nas observações. (ver Criaturas Benéficas da Horta, Pragas, no anexo Notas de “Amigos da horta”
Horticultura).
49
POR ONDE COMEÇAR?
NOTAS
50
CAPÍTULO 5
DE QUE PRECISA A NOSSA HORTA?
O local da horta
Objetivos • Preparar e melhorar o solo
• Identificar necessidades
• Planear e fazer a horta
Se ainda não existe uma horta, preparar o local será a parte mais dispendiosa do projeto. Após
identificado e mapeado o local, é necessário decidir quais as tarefas, estimar o equipamento e
recursos necessários, discutir como planear e criar a horta, e organizar a preparação do local.
Este é o momento em que vai ser necessária ajuda de voluntários!
51
DE QUE PRECISA A NOSSA HORTA?
A. MELHORAR O LOCAL
1. O que já existe e o que é necessário?
Vá ao local da horta com os colegas. Leve um mapa do local para ajudar à discussão e ao registo
de observações. Começe a listar o que já existe e o que é necessário. Procure saber mais sobre
práticas e recursos locais e consulte as Notas de Horticultura quando apropriado.
Alguns pontos a considerar:
Proteção contra predadores
Esta questão é crítica. A safra é inútil se for
comida por cabras de vizinhos. Quais são os
predadores naturais na zona? Galinhas? Porcos?
Animais selvagens? Como é que os habitantes
locais cercam as hortas ou protegem uma
determinada cultura? Já existem boas vedações,
sebes, cercas ou muros para proteger a horta (ver
Proteger a horta no anexo Notas de Horticultura)? Se
não, é possível criar barreiras efetivas? Quanto
é que vai custar em tempo e/ou dinheiro? Vai
precisar de manutenção? O tamanho da horta
vai ficar limitado pela área que é possível cercar? Foto FAO/INCAP, 2005
Vai ser necessário um vigilante noturno para prevenir o roubo?
Abastecimento de água
O abastecimento de água é extremamente importante. Os vegetais em particular precisam de
muita água. Uma boa gestão da água permite liberdade para decidir quando plantar e quando
colher. Esta deve ser fiável, limpa, barata e acessível. De onde é que vem a água? É de confiança?
Está disponível no verão? Vai ser necessário orçamentar a renovação de tubos, bombas, cisternas
ou tanques? Quem é responsável pela manutenção deste equipamento?
• Se a água é escassa ou cara, é possível melhorar o
abastecimento? Por exemplo, é possível recolher água da
chuva a partir dos telhados? É possível conservar água
ao utilizar as águas residuais de lavar pratos e roupa?
Que tipo de canteiros serão melhores? Que culturas se
desenvolvem em condições secas? Que sistema de rega
será utilizado? Como é que se irá manter a água no solo?
• Se existe risco de inundação, que tipo de drenagem vai
ser necessário? Que tipo de canteiros serão feitos? Que
tipo de culturas gostam de água? Como é que se vão
proteger as colheitas de chuvas fortes?
Para estas questões pode ser necessário verificar os conselhos
em Gestão da água, nas Notas de Horticultura, descobrir as
estratégias adotadas no local onde a horta está localizada e
consultar peritos em agricultura.
Proteger do sol
As plantas precisam de muita luz solar (pelo menos oito horas por dia). Mas em climas quentes
ajuda que haja sombra a meio da tarde. Onde é que podem ser colocadas as plantas mais
“delicadas”? O que pode ser utilizado para fazer sombra (árvores, muros, cercas, plantas altas,
telas…)?
52
DE QUE PRECISA A NOSSA HORTA?
Terreno
É mais conveniente que o terreno seja plano. Se for em declive, pode ser necessário fazer terraços,
o que implica muito trabalho.
• Se a terra já foi cultivada, que culturas foram produzidas? Não deverá ser plantada a
mesma cultura nos próximos tempos (ver Rotação de culturas, nas Notas de Horticultura)?
• Se a terra é virgem, será que é necessário remover lixo, raízes, pedras ou ervas?
O que é que existe no local que possa ser utilizado? Por exemplo:
• Flores e arbustos perenes que demonstram sobreviver no local. Podem ser utilizadas para
sebes, para fruta, para estudo da natureza, para atraírem insetos benéficos, ou apenas
pelo efeito visual.
• As árvores que já existem podem dar sombra para pessoas, plantas e composto; as folhas
caídas servem para composto ou cobertura de solo; abrigam da chuva e fixam o solo.
• Se as árvores têm de ser
cortadas, pode-se utilizar
os troncos para bancos
ou para delimitar os
canteiros.
• Valas naturais podem ser
transformadas em lagos
ou em canais de irrigação.
• Um pequeno monte pode
ser um ponto de encontro,
uma área de exposição ou
um palco natural.
• Os caminhos que existem
estão lá por alguma
razão. Devem manter-se e
planear a horta ao seu redor.
• As pedras podem ser utilizadas para construir os muros, marcar ou decorar canteiros e
caminhos, criar sinalética resistente à água, revestir valas de drenagem e fazer bancos
naturais.
• Algum lixo tem utilizações – por exemplo, pneus velhos podem ser um bom recipiente
para a horta, para baloiço ou até para muros; garrafas de plástico podem ser recipientes
para armazenar água; pedaços de casca, ramos e plástico podem ser utilizados para fazer
sinais para a horta.
Solo e drenagem
Que tipo de solo tem o local da horta? Deve ser realizada uma análise ao solo pelo serviço local
de agricultura. Pedir aos alunos mais velhos para repetirem a análise e verificarem se obtêm as
mesmas conclusões. A análise vai indicar a acidez, composição e químicos.
• Acidez Se o colo é demasiado ácido, é necessário adicionar cal; se não é suficientemente
ácido, adicionar serradura, folhas em decomposição, pedaços de madeira e musgo.
• Composição (as proporções de areia, barro, limo e matéria orgânica). Geralmente é
necessário adicionar matéria orgânica para ajudar na drenagem.
• Químicos Se houver falta de azoto, potássio ou fosfato, podem ser restaurados com
fertilizantes naturais (ver Nutrientes e fertilizantes no anexo Notas de Horticultura).
Instalações de armazenagem
Vai ser necessário dispor de um espaço para guardar ferramentas e equipamento. Um armazém
para ferramentas será o ideal. Ou será que é possível usar uma sala de arrumos na escola?
53
DE QUE PRECISA A NOSSA HORTA?
Melhorias no local
- decidir o que manter;
- retirar pedras/raízes/arbustos;
- remover ervas;
- nivelar o solo;
- criar vedações/sebes/muros;
- cavar valas de drenagem;
- encontrar um local para arrumar ferramentas e materiais.
Abastecimento de água, política para a água & sistema de irrigação
- melhorar e assegurar o abastecimento de água;
- desenvolver uma política para gestão da água;
- estabelecer um sistema de irrigação.
Melhoria do solo
- realizar uma análise ao solo;
- adicionar fertilizantes naturais;
- cavar o solo;
- cavar e integrar o composto/estrume;
- iniciar pilha(s) de composto.
Se existem trabalhos de maior monta para executar, estes devem ser listados, priorizados e os
seus custos devem ser estimados, em dinheiro e trabalho. Refletir como os pais e a comunidade
podem ajudar. Verificar quaisquer aspetos legais relacionados com o investimento na vedação,
irrigação e drenagem. Por exemplo, o pagamento de empréstimos, direitos de utilização e
propriedade, e obrigações de manutenção).
54
DE QUE PRECISA A NOSSA HORTA?
Materiais
Sementes, plantas jovens, estacas e fertilizante
biológico. Pode guardar-se sementes de plantas
O melhor e mais barato saudáveis. Algumas plantas (batatas doces e
fertilizante de longo
prazo é o composto espinafres, por exemplo) podem ser propagadas
por estaca: isto pode também dar aso a aulas
interessantes, bem como a redução de despesas.
Caso contrário, recomenda-se o uso de sementes
produzidas comercialmente. O Ministério da
Agricultura pode ajudar com materiais, ou pode-
se tentar que produtores de sementes, viveiros
ou comerciantes façam donativos em géneros.
55
DE QUE PRECISA A NOSSA HORTA?
• De que tamanho? As crianças devem conseguir chegar a qualquer parte dos canteiros
sem que tenham de pisar o solo. Uma largura de cerca de 0,6 metros é boa para crianças
mais pequenas, 1 metro para as maiores. O comprimento depende da área de terreno,
de quantos talhões são necessários e de quanto se planeia produzir. O comprimento de 1
metro é bom para as crianças mais pequenas e 1,5 metros é suficientemente grande para
a aprendizagem, enquanto que 10 metros é um comprimento standard para a produção
comercial.
• Que forma? Os canteiros retangulares são mais fáceis de gerir, mas não há qualquer
problema com os canteiros com outras formas – círculos, triângulos, letras – desde que
as crianças consigam alcançar as plantas sem pisar o canteiro. Podem ter os canteiros
retangulares convencionais para a produção principal e depois outros com outras
configurações pela diversão ou para decoração. As crianças deverão ser consultadas.
• Quantos? O número de canteiros depende de como se organiza o trabalho (ver
Capítulo 10). É necessário ter pelo menos um canteiro por cada turma. Do ponto de vista
motivacional, é melhor ter um canteiro para cada grupo pequeno, com alguns talhões
individuais para experiências, demonstrações ou recompensas.
Caminhos
Planear caminhos à volta dos canteiros, com 1 metro de
largura, para permitir a passagem de carrinhos de mão e
das crianças – existe muito “trânsito” quando uma turma
está a trabalhar. Deixar que os outros caminhos se façam
com o uso. Se existir muito “trânsito”, os caminhos de terra
ou relva irão manter-se.
Viveiro
Os canteiros para sementes precisam de sombra e proteção
(ver Capítulo 8). Uma forma de proteger as plântulas
passa por cultivá-las em cima de uma mesa, que pode ser
sombreada com ajuda de folhagem. A mesa também é útil
para envasar, secar sementes e escrever as etiquetas, etc.
Pilha de composto
Colocar as pilhas de composto em locais diferentes,
relativamente próximo dos canteiros (é conveniente Em algumas escolas rurais do
ser debaixo de árvores), e deixar algum espaço Uganda usam os locais para
para guardar material para cobertura de solo. Os o lixo para fazer composto
contentores próprios para o composto são úteis, mas adicionando um pouco de solo.
não essenciais (ver Composto, em Notas de Horticultura). As crianças trazem estrume de
vacas, galinhas e outros animais
2. Extras opcionais para adicionar ao composto.
(C. Ssekyewa, personal communication, 2003)
Enquanto planeiam, podem discutir que outros
elementos poderão vir a querer na horta. Por exemplo:
Para o trabalho na horta:
- um talhão experimental ou para demonstração;
- uma área para processamento ou secagem da colheita;
- um espantalho ou outro tipo de objeto que afaste os pássaros;
- uma área para arbustos e árvores2.
2 - Um pequeno bosque pode providenciar proteção do vento, sombra, lenha, forragem, ramos, cobertura para o solo, cestos e até medicamentos
(árvores versáteis são por exemplo bambus, bananeiras, neem, acácia e salgueiro).
56
DE QUE PRECISA A NOSSA HORTA?
57
DE QUE PRECISA A NOSSA HORTA?
4. Sinais e etiquetas
Fazer sinais e etiquetas para a
horta deve fazer parte do trabalho
dos alunos durante todo o ano.
Podem conter nomes, direções,
informação sobre as plantas, valores
nutricionais, patrocinadores, etc.
Ajudam a rever o que aprenderam,
exercitam a leitura e a escrita, e
mantêm todos os que frequentam
a horta informados. Pode dar esta
tarefas aos alunos com capacidades
mais artísticas, aos que se pretende
recompensar ou a um grupo como
responsabilidade especial. No fim
da estação, a maioria dos sinais
Fotografia cortesia de C. Power, Escola Sligoville, Jamaica.
devem ser removidos e renovados
para a próxima estação na horta.
Os sinais da horta devem ter uma durabilidade razoável, mas não precisam de durar mais do
que uma estação. Podem ser reutilizados materiais que resistam às condições meteorológicas –
madeira, pedras/rochas, corda, fio, canas, pneus velhos, etc. Também será necessário martelo e
pregos, cola forte, tinta, parafina e um pequeno pincel. Um pequeno maçarico pode ser útil para
pirogravar letras na madeira.
Para as ocasiões especiais, os alunos podem colocar etiquetas temporárias com informação
sobre o valor dos alimentos, história, projetos, envolvimento da turma, etc. Usar papel e canetas
coloridas.
58
DE QUE PRECISA A NOSSA HORTA?
Dicas e ideias
• Preparar um pedido de ajuda: utilizar as melhores imagens, o logótipo da horta e a
sua missão. Por baixo escrever: “NÓS PRECISAMOS…”, listando as necessidades,
e terminar com “PODES AJUDAR?”. Colocar o pedido na escola e pedir aos
alunos para fazerem cópias. Usá-lo na aula para exercícios de leitura e pedir às
crianças para o levarem para casa e contarem aos pais.
• Organizar um evento de angariação de fundos para a horta. Cada turma fica
responsável por um item (mangueira ou carrinho de mão, por exemplo). Desenhar
cada item num tamanho grande e que vai sendo
colorido à medida que o dinheiro é angariado. Os
alunos colocam os registos no Arquivo da Horta.
• Deixar que os grupos de alunos escolham os
talhões em que gostavam de cultivar. Dar nomes
aos talhões.
• Estabelecer um “Termómetro de fundos”.
Escrever os nomes dos doadores.
• Para realizar um grande número de tarefas, lançar
uma Festa da Horta. Convidar os ajudantes e
perguntar se podem trazer comida para partilhar.
Começar à tarde, trabalhar durante duas horas e depois partilhar a comida entre
todos.
• Pedir aos alunos para etiquetarem e sinalizarem todos os elementos da horta.
Depois organizar um teste sobre a horta para os outros alunos.
59
DE QUE PRECISA A NOSSA HORTA?
NA SALA DE AULA
Preparar o terreno
As crianças devem ser envolvidas na escolha, planeamento e preparação do
local, apesar de não realizarem o trabalho pesado. Estas aulas encorajam-nos
a avaliarem os recursos da horta, a perceberem as atividades de preparação do
local, a planearem o desenho da horta e a começarem a criar os canteiros.
60
DE QUE PRECISA A NOSSA HORTA?
Discutem o que fazer com lixo, árvores, arbustos, ervas, montes, cavidades, declives, rochas e
pedras, se é necessário uma sebe/vedação, do que que o solo necessita, o que fazer em relação ao
fornecimento de água e onde devem ser os canteiros. Os alunos mais velhos fazem um mapa da
horta onde incorporam as propostas e preparam-se para apresentar as ideias às outras turmas ou
visitantes. De seguida, os alunos explicam às suas famílias o que é necessário fazer e registam as
atividades de preparação do local em desenhos e composições escritas.
6. Canteiros Os canteiros permanentes elevados são produtivos, convenientes e bons para o solo.
Objetivos Os alunos entendem como é que os canteiros providenciam o que as plantas
precisam, aprendem a não caminhar em cima deles, conseguem descrever o tipo de canteiros
que foram adotados pela escola e sabem como fazê-los.
Atividades Os alunos relembram o que as plantas gostam – não haver competição, solo bom
(rico, húmido, arejado, firme e cheio de vida) e relembram o que sabem sobre a primeira camada
de solo e o subsolo. Usando uma porção de solo, o professor demonstra como serão os canteiros
elevados, em miniatura. Separa o canteiro do caminho, cava o canteiro, adiciona composto, rega
e retira a primeira camada de solo do caminho para o canteiro. Os alunos discutem como estes
canteiros estarão cheios de ar e vida e não devem ser pisados. De seguida, os alunos ajudam a
preparar os canteiros e a explicar as suas vantagens a visitantes.
61
NOTAS
62
CAPÍTULO 6
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA COMER?
Melhorar a nutrição
Objetivos Decidir o que plantar através:
• da identificação das necessidades nutricionais e de dieta
• da descoberta do valor nutricional dos alimentos locais
• da escolha de alimentos que melhorem a dieta
O tema deste capítulo é decidir o que produzir. Decidir o que fazer ao que se produz depois da
colheira é tratado no capítulo 9. Antes da decisão final sobre o que se vai plantar, deve consultar
o Capítulo 9.
O propósito prático de produzir alimentos é melhorar a dieta das crianças. Os objetivos educativos
estão relacionados com a demonstração de como é que isto pode ser feito e com o aumento da
sensibilidade para as questões da nutrição.
63
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA COMER?
Uma horta escolar não consegue normalmente fornecer uma grande parte da dieta da criança.
Uma das razões é que as crianças não estão na escola todo o ano. Outra é que não dispõem de
tempo suficiente para produzir em quantidade. Mas a horta pode ter uma forte influência na
dieta das crianças:
• Pode aumentar a variedade na dieta, adicionar vitaminas e minerais essenciais, com a
fruta e os vegetais, e proteína extra (por exemplo, através dos feijões e ovos). A ingestão de
pequenas quantidades de carne é importante para adicionar minerais como ferro e zinco,
que são essenciais para o crescimento e desenvolvimento intelectual da criança.
• Pode contribuir para criar um gosto por diferentes alimentos nutritivos, de forma a que
as crianças e as suas famílias plantem e cozinhem uma maior variedade de alimentos
nutritivos.
• Pode alargar e equilibrar as refeições da escola. Muitas escolas recebem apenas alimentos
básicos secos para as refeições. A fruta fresca ou os vegetais da horta podem contribuir
para a criação de refeições variadas e equilibradas.
• Pode fornecer lanches às crianças. O pequeno-almoço e lanche a meio da manhã são
especialmente importantes, uma vez que dão energia às crianças para toda a manhã. As
crianças podem aprender como fazer os seus próprios lanches a partir dos alimentos da
horta ou alimentos produzidos em casa.
• Pode sensibilizar as crianças e as suas famílias sobre o que constitui uma dieta saudável.
• Pode promover alimentos que são negligenciados e desvalorizados, ou que podem ser
armazenados/preservados.
Todas estas influências são mais eficazes quando as hortas escolares são encaradas como um
modelo e imitadas pelas crianças e famílias na sua horta. Desta forma, a horta da escola mostra
o que pode ser feito e a sua influência é multiplicada.
Criámos uma horta que proporciona comida para lanches, com a ajuda
de um agricultor local. As crianças produzem e conservam feijões e
pepino, fazem bolo de cenoura e sopa de cenoura, abóbora assada e
sementes de abóbora, e comem pimentos, tomates e ervilhas frescas.
Parte dos alimentos são consumidos, outra parte é vendida nos intervalos
a outras crianças. Os lanches dão muita proteína vegetal e vitamina A,
e promovem o apetite das crianças face aos alimentos frescos vindos da
horta. (www.kidsgardening.com)
64
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA COMER?
Pode existir de antemão uma ideia sobre quais os alimentos que serão cultivados. Caso não
exista, é importante obter informação e conselhos dos pais, crianças, nutricionistas e profissionais
de saúde, horticultores, agricultores locais, professores de economia doméstica, e consultar o
programa das refeições escolares. Devem ser discutidas as seguintes questões:
• As crianças sofrem de desnutrição?
• As crianças estão doentes frequentemente, cansadas ou com pouca
concentração nas aulas?
• O que é que as crianças comem?
• De que tipo de dieta é que as crianças precisam?
• O que pode ser produzido para melhorar a dieta das crianças?
• Como é que irão comer (e será que vão comer)?
65
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA COMER?
Cereais (milho, milho miúdo, sorgo, arroz, trigo) dão muita energia, proteína e (se
forem comidos integrais) quantidades substanciais de vitamina B e E. Para obter
todo o seu valor alimentar devem ser ingeridos com outros alimentos.
Raízes e tubérculos (mandioca, taro, inhame, batata doce, batata) também são
boas fontes de energia e de algumas vitaminas, mas têm menos proteína que os
cereais. Devem ser ingeridos com outros alimentos.
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O QUE VAMOS CULTIVAR PARA COMER?
Legumes (ervilhas, grão de bico, feijão, soja) são fontes ricas em proteína. Alguns
também têm gordura, vitamina E, cálcio, e outros têm o ferro e o zinco de que as
crianças precisam para crescer e desenvolver os seus cérebros.
A Ficha de Nutrição Nutrientes nos Alimentos mostra alguns alimentos que são ricos em vários
nutrientes necessários ao crescimento, energia e saúde.
§ Os alunos estão a ingerir todos os tipos de alimentos?
De que é que precisam em particular?
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O QUE VAMOS CULTIVAR PARA COMER?
2. Boas refeições
Uma refeição equilibrada é habitualmente baseada num acompanhamento – um cereal, raiz ou
tubérculo (por exemplo, arroz, batata, pão, mandioca e milho). Que acompanham habitualmente
peixe, carne ou legumes, e vegetais. Os vegetais de folha verde escura e vegetais cor de laranja
são particularmente bons. Um pouco de gordura ou óleo ajuda a absorver os nutrientes nos
vegetais. E o tempero é muito importante para tornar a refeição saborosa. Finalmente, todas as
refeições devem terminar com uma peça de fruta.
§ As crianças têm refeições equilibradas? Na escola e em casa?
3. Variedade
Não é suficiente para as crianças que tenham muita comida. Não é suficiente mesmo que tenham
todas as suas refeições bem equilibradas. Para dar ao corpo tudo o que é necessário, precisamos
de variedade: muitos cereais diferentes, raízes e tubérculos, vegetais, frutas, legumes e sementes,
e alimentos animais. As crianças precisam desta variedade todos os dias, durante todo o ano.
Há muitas razões pelas quais as pessoas não têm variedade nas suas dietas. Podem não
conseguir adquirir os alimentos. E muitas vezes não existem alimentos disponíveis no mercado
ou supermercado local, ou pode existir escassez sazonal.
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O QUE VAMOS CULTIVAR PARA COMER?
69
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA COMER?
4. Frequência
Muitas crianças têm apenas uma refeição por dia. Não é suficiente.
As crianças em crescimento precisam de comer muitas vezes, até
cinco vezes por dia. Precisam de comer antes de ir para a escola, para
terem energia para estudarem: crianças com fome não aprendem
bem. Um lanche a meio da manhã dá-lhes o que precisam até à hora
do almoço. Depois precisam de uma refeição a meio do dia, que seja
equilibrada, um lanche à tarde e uma refeição à noite.
§ Quantas vezes é que as crianças da escola comem durante
o dia? E quando?
5. Cultura e diversão
A comida não é só o combustível que o corpo precisa para funcionar. Comer pode ser uma fonte
pessoal de prazer, uma forma de criar laços sociais e uma prática cultural ligada à identidade
pessoal e social.
§ As crianças da escola comem comida apetitosa e apreciam comer?
As crianças fazem as refeições Mesmo uma horta pequena pode dar lanches e
suficientes durante o dia? bebidas, e ajudar no pequeno almoço.
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O QUE VAMOS CULTIVAR PARA COMER?
71
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA COMER?
72
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA COMER?
NA SALA DE AULA
Preparar o terreno
Estas aulas são sobre dietas saudáveis e quais os
alimentos que podem contribuir para elas, culturas
específicas e decidir o que produzir.
Devem estimular o interesse das crianças em
produzir alimentos em casa como uma experiência agradável,
uma fonte de saúde e concretização pessoal, e fazer da alimentação
saudável um tema de conversa em casa.
N.B. Pode ser útil ter um conjunto de “fichas de alimentos” com imagens de
alimentos locais, feitos pelo professor ou pelos alunos.
Os nossos alimentos.
1. O que comemos Esta aula pretende sensibilizar para a importância da variedade numa dieta.
Objetivos As crianças descrevem a sua dieta, tomam consciência de quantos frutos e vegetais
diferentes comem normalmente e reconhecem a ideia da variedade numa dieta. O professor
pode usar as Aulas 1 – 3 para saber mais sobre a dieta das crianças, a sua relação com a comida
e as suas ideias sobre “boa comida”.
Atividades Na aula, os alunos fazem um “prato de alimentos” com desenhos e porções de
alimentos (cereais, por exemplo): o alimento base no meio, alimentos animais à esquerda e
vegetais à direita. Contam os alimentos e dizem quantos alimentos diferentes comem durante o
dia. Como trabalho de casa, mantêm o registo do que comem durante um dia ou uma semana,
e contam o número de tipos de alimentos.
73
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA COMER?
3. Boa alimentação (2) As crianças agem como “missionários de alimentos” para as suas famílias.
Objetivos Os alunos devem reconhecer que a fruta e os vegetais são essenciais à saúde,
devem reconhecer o valor especial dos vegetais de folhas verde escuras e os frutos e vegetais
vermelhos/laranja, e devem ser capazes de explicar como podem
melhorar a sua dieta.
Atividades Usando imagens ou amostras de alimentos, as
crianças colocam alimentos locais comuns na “escada dos bons
alimentos” e explicam as razões. O professor ajuda as crianças a
ajustarem estes “valores visíveis dos alimentos”, explicando que
todos os alimentos são bons, mas que alguns são particularmente
melhores. Os alunos escolhem todos os vegetais de folha verde
escura e frutas e vegetais vermelhos/laranjas e elevam-nos dois
degraus, na escada. As crianças mais velhas usam as tabelas
na Ficha Nutrição 3 para indicarem que benefícios trazem
determinados alimentos. De seguida, as crianças desenham
“mensagens de alimentos” para levarem para casa baseadas nas
aulas até agora, ou fazem uma “bandeira dos bons alimentos” com
imagens de alimentos adequados, em faixas verdes ou laranjas).
74
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA COMER?
75
NOTAS
76
CAPÍTULO 7
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA VENDER?
Mercado hortícola
Objetivos • Pesquisar o mercado
• Decidir o que produzir e quanto
• Decidir que recursos são necessários
• Gestão financeira e orçamental; planear a utilização das receitas
• Manter registos e contabilidade
• Armazenar/preservar/processar o produto
• Embalar e promover o produto
• Publicitar o projeto
Um projeto de mercado hortícola é adequado aos alunos mais velhos, uma vez que implica sair
da escola e lidar com dinheiro. Já as crianças mais novas podem preparar os alimentos para
atividades de angariação de fundos como vendas de “trazer-e-vender”, feiras de alimentos ou
rifas de produtos. Ou podem fazer parte das “equipas de projeto”.
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O QUE VAMOS CULTIVAR PARA VENDER?
A. O QUE IMPLICA
Velho aldeão: “Quando eu
era um miúdo na escola, O projeto do mercado hortícola deve ser muito bem pensado
costumávamos perguntar do princípio ao fim. E isto irá envolver:
porque é que estávamos a • Explorar possíveis mercados e reconhecer as possibilidades
produzir alimentos para comerciais;
os professores comerem. • Decidir o que produzir;
Agora a escola está • Planear o orçamento e desenhar um plano de negócios;
novamente a produzir • Produzir e processar as colheitas;
alimentos, mas é para as
crianças comerem.” • Embalar, fazer marketing, transportar e vender as colheitas;
(M. Miller, personal communication,
• Manter contas e registos;
2003) • Decidir o que fazer com o lucro.
Seja qual for a escola, o processo é sempre o mesmo.
Na sala de aula
O projeto envolve reuniões, discussões e aulas que podem ser diretamente aplicadas numa
empresa. As escolas deveriam discutir com professores de Estudos de Negócio sobre como pode
um projeto hortícola ser integrado num currículo normal. Se não existirem esses especialistas,
pode pedir ajuda a amadores com boas capacidades e instintos para o negócio.
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O QUE VAMOS CULTIVAR PARA VENDER?
Gestão do projeto
Quem irá gerir o projeto? Os alunos devem ser envolvidos em todo o processo e em controlá-lo
em grande parte. A “equipa de projeto” é constituída pelos alunos, apoiados pelos professores.
E os alunos devem ser encorajados a pedir conselhos às famílias. As equipas terão de partilhar
tarefas e planear a estratégia. Devem saber à partida que trabalhar em conjunto não é fácil e que
trabalhar em equipa faz parte do projeto. Devem avaliar e utilizar os talentos de cada um. Por
exemplo, todas estas qualidades são úteis:
• Um pensador analítico, para a pesquisa de mercado;
• Alguém que seja bom com números, para a
contabilidade;
• Um aluno extrovertido, para as vendas;
• Um trabalhador responsável e consciencioso, para
organizar a horta;
• Talentos imaginativos e artísticos, para as embalagens
e promoção de ideias;
• Um bom coordenador, que irá encorajar todos os
membros.
Quando o produto ficar decidido, a equipa deverá criar um
dossiê para o projeto, para registar as atividades e decisões.
Este será usado para avaliação, motivação, publicidade e
evitar erros futuros.
Tamanho
A equipa do projeto deve decidir no início a escala e duração aproximada do projeto – isto é,
quanto tempo irá durar e quanto tempo lhe podem dispensar.
1. Pesquisa de mercado
Para cada ideia de produto promissora, a equipa de projeto deve identificar, de uma forma
prática, se existe procura, quem vai comprar e onde, quanto estarão dispostos a pagar e qual
a melhor altura para vender (ver a aula Pesquisa de Mercado). Para obter esta informação podem
visitar mercados, perguntar às famílias, falar com proprietários de estabelecimentos e entrevistar
produtores.
Que tipo de produto podemos vender?
Os alunos procuram descobrir à sua volta:
• que alimentos são comprados para as suas casas;
• que alimentos são produzidos localmente para obter
dinheiro;
• que alimentos são necessários para restaurantes locais,
hotéis, vendedores de rua, cozinha da escola, etc.;
• que alimentos muito procurados estão raramente disponíveis;
• que alimentos altamente nutritivos existem em pequena quantidade.
Podem considerar ervas aromáticas, sementes ou plântulas, fruta ou vegetais (crus ou processados),
comida pronta a comer, conservas ou bebidas e culturas que podem ser transformadas em
artefactos – por exemplo, cabaças podem ser transformadas em recipientes, taças e ornamentos.
79
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA VENDER?
80
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA VENDER?
81
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA VENDER?
3. Propostas de produtos
Ao ser realizada a pesquisa anterior, podem ser eliminadas algumas ideias demasiado ambiciosas
ou pouco realistas. Para os produtos mais prometedores, a informação recolhida pode ser
sintetizada como na tabela abaixo. Este documento é para os empreendedores, não para o público.
Valor acrescentado/ Pode ser comido fora da estação e dura muito tempo. Delicioso. Dá energia
aspetos de venda para estudar.
Será pago o mesmo valor que está estabelecido para bolos e pãezinhos do
Quanto vão pagar?
vendedor de rua – 20 cêntimos.
Quando deve ser vendido? Começar a vender duas semanas depois das mangas frescas terem terminado.
Consegue-se produzir? As árvores já existem na escola – não é necessário plantar, cultivar ou podar.
Como é que produzimos?
Como é processado? Será utilizado um secador solar, que terá de ser construído. a) lavar e descascar
a fruta (com uma faca limpa e mãos limpas) e cortar às fatias. A casca e a
semente vão para o composto. b) fazer uma solução de 1 litro de água, 700 g
de açúcar, 3 g de meta bissulfito de potássio e 2 colheres de sumo de limão
para cada 2 quilos de fruta. c) embeber as fatias durante 18 horas, e depois
escorrê-las. d) colocar em tabuleiros untados no secador solar durante três a
quatro dias. e) verificar a qualidade e pesar porções de 200 g.
Quanto Serão necessárias dez horas de preparação por semana durante um mês, 20
tempo horas por semana durante o mês de frutificação, cinco horas por semana,
demora? durante seis semanas, durante o período de vendas. Tudo isto soma 150 horas
(isto é, 30 horas para cinco pessoas, 15 horas para dez pessoas).
82
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA VENDER?
83
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA VENDER?
D. IMPLEMENTAR O PROJETO
Finalmente, o projeto precisa de um plano de ação (ver Capítulo 10). Este irá mostrar todas as
atividades do projeto e colocá-las num calendário. Aspetos importantes para
os empreendedores jovens:
• Objetivos claros que incorporem os princípios discutidos;
• Manter registos – um bom hábito que nem sempre surge naturalmente;
• Publicidade, uma vez que a autoapresentação é chave para o sucesso
do negócio;
• Avaliação, que dirá à equipa se a empresa é bem-sucedida.
1. Objetivos
Uma empresa mede habitualmente o seu sucesso pelo lucro. A equipa de projeto deve discutir
se este é o seu único critério. Pode também querer adotar outros objetivos ou princípios para
guiar as suas ações – isto é, comunicação honesta, respeito pelo ambiente, investimento em
infraestrutura e reputação da escola. Que também serão objetivos do projeto.
2. Manter registos
O dossiê do projeto deve ter um registo completo do
projeto, incluindo:
• os objetivos;
• toda a informação sobre os produtos;
• o plano de negócio;
• o plano de ação;
• a contabilidade;
• o diário do projeto;
• registos fotográficos, se existirem.
Contabilidade
A equipa de projeto deve aprender a manter as contas através de um sistema de rotatividade (ver aula
Contabilidade). Contas pequenas e simples podem ser expostas e a equipa de projeto pode explicá-las.
O diário do projeto
Deve ser mantido um diário regular do projeto, que inclua:
• as tarefas realizadas e o tempo que demoraram;
• problemas, incidentes, ações tomadas – por exemplo, notas sobre os tratamentos usados
para as pragas, conselhos que foram dados, meteorologia, condições de mercado,
discussões entre a equipa de projeto, etc.;
• registos da produção – data de colheita, quantidade, etc.
Se o projeto vai ser avaliado, a equipa pode compilar um portfólio do projeto.
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O QUE VAMOS CULTIVAR PARA VENDER?
Registo fotográfico
Tirar fotografias boas e atrativas do processo e do produto.
3. Publicitar o projeto
A comercialização do produto já é publicidade. Mas se o produto for bem-sucedido, é bom fazer
mais “barulho”! Os alunos e os professores podem falar sobre o projeto a organizações, a toda
a escola, a grupos de jovens, a associações de pais ou à direção da escola. Isto irá promover a
boa alimentação, dar ideias de negócio aos mais novos, aumentar a reputação da escola, fazer
com que a equipa se sinta bem, permitir ganhar prática em fazer apresentações e atrair novos
patrocinadores.
Todos os registos são úteis para publicitar o projeto, especialmente imagens, fotografias,
testemunhos e histórias. Para os jornais locais ou programas, deve-se preparar uma página com
os pontos importantes e incluir uma imagem que fique bem a preto e branco.
4. Avaliação
A avaliação deve confirmar as projeções do plano de negócio (ver aula Avaliação, no Capítulo 10).
Algumas questões são:
• O lucro compensou o trabalho realizado?
• O que é que não foi previsto?
• Os custos e preços estavam certos?
• Foram atingidos os objetivos?
• Atingiu-se o lucro dentro do intervalo definido?
• O lucro foi utilizado como previsto?
• Que lições foram aprendidas?
Dicas e ideias
• Para promover o espírito empreendedor, a equipa de produto pode concorrer a um
prémio ou a um título (p.e. Empreendedores do Ano) ou submeter propostas rivais
para projetos.
• Realizar um concurso para o nome do produto, o logótipo e o design da embalagem.
• Ensinar os alunos a fazer apresentações de planos de negócio, com cartazes, para
o Grupo da Horta/Associação de Pais.
• Incentivar os alunos a cultivarem talhões individuais para conseguirem obter
algum dinheiro no final do ano. Organizar uma competição para o melhor talhão
ou para o mais lucrativo.
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O QUE VAMOS CULTIVAR PARA VENDER?
NA SALA DE AULA
Mercado hortícola
Nestas aulas, os alunos mais velhos têm de planear e implementar um projeto de
mercado hortícola.
1. Pesquisa de mercado Esta introdução à pesquisa de mercado implica uma aula dupla.
Objetivos Os alunos reconhecem a importância da pesquisa
de mercado, discutem ideias de produto e fazem uma pesquisa
de mercado simples.
Atividades Os alunos preparam-se através da procura das
culturas comerciais locais, preços e descontos, e pensam em
oportunidades de mercado. Na sala, ouvem histórias de jovens
empreendedores que não fizeram a sua pesquisa de mercado
e analisam porque é que falharam. Depois discutem ideias de
produtos, considerando uma série de produtos e lojas (ver em
baixo), escrevem as ideias em cartões e penduram-nos. Escolhem
um “papel ideia de produto” (PIP) e discutem cinco questões: a) o que será especial em relação ao
produto? Quem irá comprá-lo e onde? C) que mercados são melhores? D) quanto é que os clientes
vão pagar? E) qual é a melhor altura para vender? Como trabalho de casa, cada grupo escolhe
outro PIP prometedor e investiga as mesmas cinco questões.
• Possíveis saídas: lojas, mercado, vendas de rua, entrega em casa, eventos
na escola, eventos na igreja, grupos de jovens, bancadas na escola, refeições
da escola, restaurantes locais, cafés ou bares.
• Produtos possíveis: ervas aromáticas e medicinais; plântulas; sementes
ou vasos com plantas; comida crua; comida processada ou conservada;
pratos pronto a comer, bebidas e lanches; sacos de composto; lenha; outros
produtos para a horta (por exemplo: sprays caseiros para pragas, flores,
cestos, esponjas vegetais); ovos, vassouras e escovas.
86
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA VENDER?
87
O QUE VAMOS CULTIVAR PARA VENDER?
LUCRO 34¤
ESPERADO
5. Plano de negócio Esta aula é para preparar o plano de negócio, de forma a que
possa ser apresentado ao público.
Objetivos Os alunos antecipam riscos, discutem o que fazer com o lucro, desenham o plano
de negócio e apresentam-no.
Atividades Os alunos descrevem os riscos que identificaram, sugerem formas de evitá-los
e anotam as ideias. Discutem também o que gostariam de fazer com o lucro. As ideias são
registadas, mas a decisão final é deixada para mais tarde no projeto. A ficha do Plano de Negócio
(em baixo) é apresentada aos alunos. Estes escrevem o seu plano de negócio e praticam a sua
apresentação. As equipas depois definem as ações prioritárias e registam o que deve ser feito
e quem é responsável. De seguida, os alunos fazem apresentações (para a associação de pais e
alunos, ao Grupo da Horta e a outras turmas, por exemplo).
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O QUE VAMOS CULTIVAR PARA VENDER?
7. Contabilidade e registos Manter as contas é útil mesmo que haja pouco fluxo de
dinheiro.
Objetivos Os alunos monitorizam diariamente as receitas e as despesas, reconhecem a
necessidade de transparência na contabilidade.
Atividades Os alunos discutem a importância de manter o registo das contas (como lembrete,
transparência, para avaliar o lucro). Acompanham os registos de um dia de um vendedor no
mercado, receitas e despesas (ver em baixo), e percebem que se adiciona a diferença entre
receitas e despesas à direita (assim os dois lados dão o mesmo resultado, para verificarem que
não se enganaram). Depois praticam fazendo entradas para outros cenários fictícios. Finalmente,
recebem um livro para o seu próprio projeto e decidem quem o vai usar e como.
Livro da Elisabete
A Elisabete vende tomate, cebola e quiabo no mercado. A Elisabete começa com 8,000 em
Esta é uma página do seu livro. dinheiro.
De manhã ela compra:
- 2 cestos de tomate a 2.000 cada
- 1 saco de cebolas a 2.500
- 1 cesto de quiabos a 1.200
Durante o dia ela vende:
- tomates a 1.000
- cebolas a 600
- quiabos a 400
Ela fica com 600 para comprar comida
para casa.
No fim do dia, sobram 1.700. Por isso, no
dia seguinte, ela começa com 1.700 em
dinheiro.
89
NOTAS
90
CAPÍTULO 8
COMO CULTIVAR?
Método Hortícola
Objetivos Decidir estratégias e necessidades de aprendizagem em relação a:
• Plantar – o quê, como, • Cuidar das plantas: regar, alimentar,
quando e onde; mondar;
• Manter o solo; • Cuidar das plantas: gestão de pragas;
• Usar ferramentas; • Colheita, armazenamento e preservação.
• Obter boas sementes e plântulas;
Como é que produzimos alimentos? O que é que as crianças devem aprender sobre produzir
alimentos? O “Currículo hortícola” responde a questões como Como podemos manter o solo rico?
Como é que semeamos sementes? O que fazemos em relação às pragas? Algumas das respostas diferem de
acordo com as circunstâncias locais, práticas e ideias. É necessário decidir que métodos serão
usados na horta da escola, o que também irá afetar o que vão decidir produzir.
Algumas das técnicas mais conhecidas e bem-sucedidas estão explicadas nas Notas de Horticultura.
Muitas delas são abordagens biológicas, defendidas por este Manual (ver Horticultura biológica, nas
Notas de Horticultura). Estas abordagens devem ser comparadas com as experiências pessoais, com
os recursos que estão disponíveis, com as práticas locais e com o que as crianças conseguem fazer.
91
COMO CULTIVAR?
A. ATIVIDADES NA HORTA
1. Como é que se mantém o solo fértil?
As plantas, ao crescerem, retiram nutrientes ao solo. Na natureza, as plantas normalmente
morrem depois de crescerem e devolvem ao solo os nutrientes que retiraram. Mas, quando as
culturas são colhidas, retiramos ao solo o que ele produziu, para comer ou usar. Ao fazermos
isto, retiramos a riqueza do solo e devemos devolver de alguma forma. Este é um ponto que as
crianças precisam de entender.
Existem várias boas formas de manter o solo fértil:
Composto e cobertura de solo
O estrume, o composto e a cobertura do solo devolvem ao solo muita matéria orgânica. Deve
consultar o anexo Notas de Horticultura sobre composto, rega e cobertura do solo.
• Estas práticas são normais do ponto de vista local?
É possível fazê-las na escola?
• Se o plano é fazer composto, quando se deve começar
(demora cerca de três meses a ficar pronto)?
• As crianças e as suas famílias podem contribuir para
o composto. Como é que isto pode ser organizado
a longo prazo? Como é que se poderão tornar
entusiastas em relação ao composto?
Lavoura mínima
Se for decidido ter canteiros elevados permanentes, a
melhor política é a “lavoura mínima” (ver Canteiros, no
anexo Notas de Horticultura) – isto é, não mexer no solo
e deixar a natureza fazer o cultivo. Raízes, composto, minhocas e bactérias vão fazer o seu
trabalho para a construção de uma boa estrutura do solo. Depois de o canteiro estar pronto, deve-
se evitar a lavoura profunda ou cavar, uma vez que isto poderá destruir a estrutura viva do solo.
• A “lavoura mínima” é uma prática local? Vai ser necessário convencer outras pessoas?
Rotação de culturas
Culturas diferentes consomem nutrientes do solo diferentes e em quantidades diferentes. Os
nutrientes são retirados a diferentes níveis do solo. Para manter o solo fértil, é essencial fazer uma
rotação de culturas – isto é, ter uma cultura diferente, de uma família de plantas diferentes, em
cada canteiro, em cada estação. O ciclo de mudança das culturas deve durar pelo menos quatro
anos. Alternar culturas de raízes profundas e raízes superficiais também permite que diferentes
níveis do solo possam ter um período de “descanso” (consultar Rotação de culturas e culturas mistas,
no anexo Notas de Horticultura).
92
COMO CULTIVAR?
Se for decidido que os alunos devem aprender a fazer rotação de culturas, será necessário que
façam um mapa das culturas plantadas em cada estação. Também ajuda se a turma mantiver o
mesmo talhão ao longo dos vários anos letivos, para que os alunos possam controlar o local das
culturas todos os anos.
• A rotação de culturas é norma local?
• Pode ser usada na horta da escola?
• Vai ser incluída na aprendizagem?
Culturas sob coberto (associadas)
Pode-se produzir plantas de alturas e hábitos diferentes
em conjunto, o que permite retirar o melhor uso do
solo (ver Culturas Mistas, no anexo Notas de Horticultura).
Normalmente, a planta mais alta é perene, como a
papaia ou o maracujá, por exemplo, enquanto as culturas
pequenas anuais podem estar em rotação.
• Existe espaço para algumas perenes altas entre as outras culturas? O que se poderia
plantar?
• Vai ensinar-se às crianças como fazer culturas mistas?
93
COMO CULTIVAR?
94
COMO CULTIVAR?
Onde?
Algumas das possibilidades são descritas nas Notas de Horticultura, em Rotação de culturas, culturas
mistas e culturas associadas.
• Irão colocar uma cultura em cada talhão, ou várias no mesmo talhão?
• Irão usar o método de culturas mistas para controlar pragas?
95
COMO CULTIVAR?
Algumas formas de alcançar este objetivo são: Demasiado de uma coisa boa
• Escolher sementes e plântulas sem doenças; Um agricultor na Tanzânia recebeu
• Plantá-las em canteiros elevados; um apoio para instalar um sistema de
• Alimentar o solo com composto; irrigação. No primeiro ano plantou
• Regar regularmente; couves. Eram grandes e venderam-se
• Deitar fora plantas com doenças e pragas; bem, por isso voltou a plantá-las na
• Cobrir o solo para reduzir a competição, estação seguinte e no mesmo terreno.
manter a humidade e alimentar o solo; E na estação seguinte. E na seguinte.
• Associação de culturas (plantar algumas No final do segundo ano, o sistema de
culturas juntas, por exemplo). irrigação estava ótimo, mas as couves
eram pequenas e doentes.
Rotação de culturas
A rotação de culturas não só mantém o solo como
também reduz doenças (ver Rotação de culturas, no anexo Notas de Horticultura). Cada cultura
tem as suas doenças e pragas específicas. Algumas destas ficam no solo depois da colheita e
aguardam a próxima colheita. O mesmo tipo de cultura no mesmo local vai provavelmente ter a
mesma doença. O risco é muito menor se se cultivarem diferentes tipos de planta.
Associação de culturas
A nossa escola pratica a rotação de Plantar algumas culturas em conjunto ajuda a
culturas – por exemplo: couve, ervilhas, controlar as pragas. As ervas com aromas fortes
milho e inhame, sucessivamente. podem afastar insetos que têm efeitos nocivos nos
Também temos plantas com cheiros vegetais. Algumas destroem organismos nocivos
fortes para afastar os insetos – que estão no solo, outras plantas com flor atraem
calêndulas, hortelã e alhos. Um insetos benéficos que destroem os nocivos. Para
agricultor local copiou a horta escolar mais detalhes, ver Plantas de Companhia, no anexo
e plantou calêndulas em todo o talhão Notas de Horticultura.
de couves. As crianças disseram que
Atitude em relação aos insetos
parecia um campo a arder!
Alguns insetos são bons para as plantas e outros são
(C. Power, personal communication, 2003)
nocivos. Borboletas e abelhas, por exemplo, devem
ser encorajadas, uma vez que polinizam as plantas;
já louva-a-deus e joaninhas caçam insetos nocivos. As crianças precisam de aprender a distinguir
os “amigos da horta” dos “ inimigos da horta” (ver Criaturas benéficas da horta e Pragas, no anexo
Notas de Horticultura).
A maioria dos pesticidas mata todos os insetos, o que é nocivo para as plantas. As crianças devem
saber que existem outras formas, ambientalmente amigáveis, para lidar com as pragas. Algumas
pragas podem ser eliminadas simplesmente apanhando-as quando aparecem inicialmente.
Outras podem ser controladas usando um spray
de sabão e água – ver Sprays caseiros, no anexo Notas
de Horticultura. Consultar Problemas de Plantas, no
anexo Notas de Horticultura, para ver que abordagens
alternativas é que as crianças podem aprender.
• Quais são as práticas locais habituais para
controlo de pragas e doenças? Existe uso forte
de pesticidas e fungicidas?
• Planeiam usar uma prática integrada para
gestão de pragas? Se sim, como o vão explicar
às crianças e à comunidade? Como é que serão
organizadas as crianças para monitorizar e
encontrar soluções para os problemas?
96
COMO CULTIVAR?
Manter o solo
Uso de ferramentas
97
COMO CULTIVAR?
Dicas e ideias
• Se estão confiantes que é possível que a abordagem biológica funciona, podem
persuadir a escola a adotar algumas Boas Resoluções – por exemplo. Na nossa horta…
VAMOS PROTEGER O SOLO E POUPAR ÁGUA
VAMOS USAR MUITO COMPOSTO E COBERTURA DE SOLO
VAMOS FAZER A ROTAÇÃO DE CULTURAS
NÃO VAMOS USAR FERTILIZANTES ARTIFICIAIS
VAMOS TRAZER MATÉRIA ORGÂNICA PARA O COMPOSTO
VAMOS TER UMA PATRULHA PARA PESTES TODAS AS MANHÃS...
Mostrar as resoluções perto da horta e discuti-las com as crianças. Mostrá-las a
visitantes e pedir às crianças que as expliquem.
• Iniciar um quadro de insetos em que se exibem as pragas, com nomes, informação e
tratamento recomendado.
Atenção: se o método de produção biológica é inovador no local onde a escola está
inserida, pode ser promovido através do exemplo em vez de publicidade e ter a certeza
que é bem-sucedido antes de ser recomendado a outros!
NA SALA DE AULA
Produzir plantas
Estas aulas preparam as crianças diretamente
para as tarefas da horta e devem ser realizadas
durante o período em que as plantas crescem.
98
COMO CULTIVAR?
Atividades Os alunos relembram-se do que as plantas gostam – solo fértil, espaço, não haver
competição, calor, humidade, luz. Olham para as sementes que têm para semear e apercebem-
se dos perigos que correm (por exemplo, ficarem por baixo de pedras, serem levadas pela água,
ficarem submersas, serem comidas por pássaros e lesmas, crescerem demais ou serem queimadas
pelo sol). Decidem sobre o espaçamento apropriado para as sementes, baseado numa estimativa
do tamanho final da planta – medir o diâmetro da semente e multiplicar por três para dar
uma estimativa da profundidade a que deve ser plantada, e depois comparar a decisão com as
instruções do pacote de sementes (se existir). No local, observam uma demonstração de como
semear e depois fazem-no eles próprios (ver Plantar e transplantar, nas Notas de Horticultura).
Finalmente, discutem e decidem como proteger as plântulas quando germinam. Mais tarde
acompanham o aparecimento das plantas, das primeiras folhas verdadeiras, da primeira planta
a alcançar 5 cm, etc.
3. Cobertura do solo É económica e eficaz, e é uma ferramenta essencial para a horticultura biológica.
Objetivos Os alunos reconhecem a importância de cobrir o solo e aprendem qual a quantidade
que devem colocar e quando.
Atividades Os alunos relembram-se do que as plantas gostam.
Observam algumas plantas murchas, doentes ou com muitas
ervas em seu redor e identificam os seus problemas (falta de
água, competição e solo pobre, por exemplo) e fazem sugestões
sobre como ajudar. O professor propõe cobrir o solo em redor
da planta (o “cobertor do solo”) e explica como se faz. Os alunos
distinguem uma “boa” cobertura para o solo (se possível, palha
clara) de “má” (ervas com sementes), depois colocam a palha
à volta das plantas até esta ter 6 cm de espessura. Discutem
como a cobertura do solo ajuda com cada um dos problemas (ver Cobertura do Solo, nas Notas
de Horticultura). Mais tarde, os alunos fazem demonstrações de como cobrir o solo a visitantes,
famílias e outros alunos (anunciam-se como “Mágicos da Cobertura do Solo”), estabelecem uma
rotina para colher e utilizar materiais para cobrir o solo ou praticam um cântico da cobertura do
solo com um tom de marcha. Os alunos mais velhos fazem talhões experimentais na horta, com
e sem cobertura do solo, e fazem contagens de ervas daninhas. (Sugestão de Guy et al., 1996)
99
COMO CULTIVAR?
4. Regar (1) Regar (1) e Regar (2) devem ser lições consecutivas.
Objetivos Os alunos apercebem-se das necessidades de água das plantas.
Atividades Os alunos relembram o que as plantas gostam e focam-se na água. Discutem se as
plantas podem ter acesso a muita ou pouca água (as plantas são como as pessoas – podem afogar-
se ou morrer de sede). Especulam sobre as questões: onde é que existe
água/humidade na horta? De onde é que as plantas obtêm água?
Onde está a água nas plantas? Como é que a água chega à planta? E
depois vão para a horta procurar respostas às perguntas nas folhas,
caules, fruta, raízes e solo. O retorno irá revelar que a humidade está
principalmente no solo e nos caules, e chega às plantas através das
raízes (e não através das folhas). Os alunos adivinham quanto da
planta é água (cerca de 90 %) e testam esse facto pesando um jarro
com ervas, secando as mesmas ervas durante uma semana e depois
pesando novamente.
6. Mondar O espírito de batalha é bom – mas nem todas as ervas são nocivas.
Objetivos Os alunos reconhecem as ervas locais mais comuns e as suas características, e
aprendem sobre como as que podem controlar facilmente, sem custos e de forma ecológica.
Atividades Cada grupo fica com uma das perguntas abaixo e pesquisa a resposta na horta.
Depois os alunos de cada grupo respondem, trazendo amostras de ervas para ilustrar as suas
respostas. Os alunos mais velhos discutem estratégias de sobrevivência para as ervas da amostra
(por exemplo: muitas sementes, raízes profundas, altura, ciclo de vida longo). Os alunos devem
reconhecer que as ervas podem ser úteis ou, pelo contrário, nocivas. A turma discute estratégias
para lidar com as ervas (ver Ervas, nas Notas de Horticultura) e estabelece uma rotina para
a monda. Pode-se tentar aliviar o eventual aborrecimento da tarefa de mondar com festas da
monda, concursos, uma política para a monda, um estudo sobre ervas, uma encenação da batalha
e experiências com talhões que são mondados e outros que não o são.
100
COMO CULTIVAR?
Questões:
1. Quantos tipos de ervas diferentes é que é possível encontrar na horta? Sabem os nomes?
2. Qual é a erva mais comum? Sabem o nome?
3. Onde é que as ervas estão a crescer? Existem outras culturas nesse local?
4. Onde é que as ervas estão a ficar mais grossas? Porquê?
5. Qual é a erva maior? De que tamanho é? Onde está?
6. Qual a erva que tem a raiz mais profunda?
7. Alguma das culturas está em risco por causa das ervas?
Qual?
8. Onde é que não existem ervas? Porquê?
9. Existem insetos nas ervas ou à sua volta? Alguma das
ervas está doente?
10. Alguma das ervas tem flores ou sementes? Como é que
se disseminam/propagam?
7. Manter a horta saudável Uma planta saudável pode resistir aos ataques de uma praga ou doença.
Objetivos Os alunos praticam a horticultura saudável como
base para a gestão integrada de pragas.
Atividades Os alunos relembram as lições anteriores discutindo
a melhor forma de manter as plantas fortes e saudáveis,
escrevendo palavras-chave (canteiros, solo fértil, luz e sombra,
composto, cobertura de solo, rega, insetos benéficos, proteção
contra predadores, por exemplo). A turma faz uma patrulha à
horta com a lista de verificação da Patrulha de Plantas (ver Plantas
Saudáveis, nas Notas de Horticultura) e reporta com observações
e sugestões para a ação. A patrulhas podem ser semanais e a
responsabilidade vai passando de equipa para equipa.
8. Médicos de plantas Introduz a ideia de tratamento para problemas específicos das plantas.
Objetivos Os alunos fazem um diagnóstico do problema da planta, escolhem a ação mais
adequada, levam-na a cabo e monitorizam os efeitos.
Atividades Os alunos identificam as plantas da
horta que estão doentes – aquelas que aparentemente
têm pragas, doenças ou problemas de falta de
nutrientes. Descrevem cada caso e dão-lhe um
nome (por exemplo, folhas rendilhadas). Os alunos
mais velhos podem tentar identificar o problema de
forma mais precisa (ver Problemas das Plantas, nas
Notas de Horticultura) e devem reconhecer que um
sintoma (a murchidão, por exemplo) pode significar
várias coisas. Se for uma praga, os alunos procuram
encontrar o fator responsável. Depois discutem
como podem resolver o problema. Com o apoio do
professor, escolhem as mensagens-chave (Doença:
Destruir. Dieta: Alimentar. Praga: Apanhar,
pulverizar, armadilhar, trazer a patrulha das pragas) e preparar-se para levar a cabo o tratamento
imediato. Mais tarde, os alunos mais velhos acompanham o progresso de plantas específicas, ou
aprendem a fazer tratamentos caseiros (ver Sprays caseiros, nas Notas de Horticultura).
101
COMO CULTIVAR?
NOTAS
102
CAPÍTULO 9
COMO VAMOS COMER OS ALIMENTOS DA NOSSA HORTA?
de espinafres, espinafres
com ovos mexidos…). Convém pensar como se irá preparar, provar e comer os espinafres, como
é que os alunos irão aprender acerca dos alimentos e como é que os pais e familiares poderão
participar. Deve tomar-se a decisão final sobre o que se irá cultivar só quando houver uma ideia
precisa do que irá acontecer com o produto final.
103
COMO VAMOS COMER OS ALIMENTOS DA NOSSA HORTA?
104
COMO VAMOS COMER OS ALIMENTOS DA NOSSA HORTA?
105
COMO VAMOS COMER OS ALIMENTOS DA NOSSA HORTA?
Ter a certeza que há acesso a água potável para lavar os alimentos e sabão para lavar as mãos,
recipientes e bancada de trabalho. Em alternativa, pode fazer-se demonstrações e deixar que as
crianças tentem confecionar os pratos em casa.
106
COMO VAMOS COMER OS ALIMENTOS DA NOSSA HORTA?
107
COMO VAMOS COMER OS ALIMENTOS DA NOSSA HORTA?
108
COMO VAMOS COMER OS ALIMENTOS DA NOSSA HORTA?
***
Numa ilha tropical fértil, é oferecida fruta local a todas as refeições. Mas as crianças só
consomem fruta importada, principalmente por snobismo. Numa escola, um professor
apercebeu-se que as crianças mandavam laranjas por baixo das secretárias em direção a
uma criança que gostava de as comer. O professor levou à escola o clube de karaté local
para que fizessem uma demonstração às crianças e lhes falassem da dieta alimentar do
clube. Deram assim boa fama às frutas locais e passou a ser moda beber água em vez de
bebidas com gás.
§ Quais são as ideias que se adequam à sua escola, à sua comunidade e aos alimentos
que está a pensar cultivar?
109
COMO VAMOS COMER OS ALIMENTOS DA NOSSA HORTA?
110
COMO VAMOS COMER OS ALIMENTOS DA NOSSA HORTA?
NA SALA DE AULA
Preparar os alimentos
Nesta aula, os alunos aprendem a guardar e a conservar os alimentos, conceitos
de higiene alimentar e como se cozinham os alimentos para conservar o seu valor
nutritivo.
2. Higiene alimentar Esta aula realiza-se melhor na cozinha, com utensílios reais.
Objetivos Os alunos aprendem os perigos da “sujidade invisível” (bactérias) e como evitá-
los, e começam a praticar atividades diárias de higiene alimentar.
Atividades Os alunos observam um copo de água turva e outro com água limpa, e discutem
qual dos dois tem água boa e limpa para beber. O propósito desta experiência é provar que até
o copo com água limpa pode ter “sujidade invisível” (bactérias) que pode provocar doenças.
Os alunos terão que procurar na cozinha, ou num desenho de uma cozinha, o lugar onde as
bactérias podem estar escondidas (qualquer lugar com
humidade, calor e restos de comida). Para combater as
bactérias, a regra é “limpo, frio e tapado”. O professor
faz uma demonstração de uma atividade de preparação e
cozedura de alimentos de forma higiénica (por exemplo,
ralar cenouras), fazendo pausas frequentes para que os
alunos proponham e expliquem os seguintes passos:
111
COMO VAMOS COMER OS ALIMENTOS DA NOSSA HORTA?
3. Preparar os alimentos Esta aula será para compreender como se obtém o máximo valor nutritivo
dos alimentos. Deve realizar-se numa cozinha, se for possível.
Objetivos Os alunos descrevem métodos locais para preparar e cozinhar os alimentos,
apreciam o valor nutritivo dos alimentos crus, compreendem como se cozinha para conservar o
seu valor nutritivo e ensaiam métodos de cozedura saudáveis.
Atividades Os alunos lavam as mãos, depois começam a observar
exemplos de alimentos crus e cozinhados e descrevem as diferenças de
sabor. Dizem quais os alimentos crus que gostam e explicam como se
preparam (por exemplo, ralados, triturados, etc.). O professor mostra
a sua aprovação sobre os alimentos crus e explica que geralmente são
mais saudáveis. As hortaliças cozinhadas devem estar estaladiças e não
devem ser aquecidas mais do que uma vez. Os alunos dizem o que
Espinafres cozidos
a vapor sabem cozinhar e descrevem como se preparam algumas hortaliças
em particular. O professor ensina aos alunos mais velhos métodos
diferentes para cozinhar (ferver, cozer a vapor, saltear e guisar). Os
alunos discutem qual o melhor método para conservar os nutrientes
dos vegetais (com a fervura perdem-se muitos nutrientes, porque se
dissolvem na água). Depois, os alunos observam a água depois de
cozer as cenouras, espinafres e abóbora a vapor ou fervidas (a cor da
água demonstra que parte dos nutrientes se perde com a cozedura).
Espinafres cozidos Experimentam cozinhar a vapor, fritar na frigideira ou saltear em casa
em água e contam a experiência à turma toda.
(Experiência cenoura-água de Kiefer and Kemple, 1998).
4. Cozinhar na horta Esta aula é um acontecimento social que dá uma atenção especial aos produtos
da horta.
Objetivos Os alunos aprendem quais os principais combustíveis para cozinhar (os alunos
mais velhos comparam os custos) e utilizam um método de cozedura ao ar livre que poupe
combustível (os alunos mais velhos podem explicar como funciona).
112
COMO VAMOS COMER OS ALIMENTOS DA NOSSA HORTA?
NB: O “fogão bruxa” utilizado nesta lição é uma panela com uma tampa que se encaixa numa
outra caixa ou saco grande cheio com material isolante. Por exemplo, feno, palha, folhas de
bananeira ou chips de poliestireno. A panela é aquecida até ao ponto de ebulição e em seguida
colocada na caixa/saco. E aí fica várias horas para cozinhar no seu próprio calor.
Atividades Os alunos descrevem e desenham
as cozinhas da sua casa e dizem qual os
combustíveis que usam; os alunos mais velhos Tampa isoladora
decidem qual é o combustível mais caro. O
professor faz uma demonstração de como se
cozinha num fogão com lume aberto; os alunos panela
sentem e experimentam o calor e reconhecem
que se desperdiça combustível. O professor
prepara um prato na caixa de palha e fecha-a;
de novo, os alunos aproximam-se e comprovam
com as mãos que este método conserva o calor e
usa-o para cozer. Os alunos mais velhos discutem caixa de
como se mantém o calor (por isolamento). A material madeira ou
isolador: palha, cartão, etc.
turma fixa uma hora (várias horas depois) para jornais, etc.
abrir a caixa de forma solene. Os alunos fazem
depois uma demonstração desta caixa de palha a
familiares e visitantes.
5. Conservação Fazer conservas é interessante, educativo e uma boa publicidade para os produtos.
Objetivos Ensinar aos alunos alguns princípios do modo de conservação de alimentos,
descrever as práticas locais de conservação, ajudar a conservar os alimentos e explicar o processo
(tarefa desempenhada pelos alunos mais velhos).
Atividades Os alunos irão recordar-se de pratos recentes, pratos realizados com alimentos
frescos e pratos realizados com alimentos conservados; depois comentam exemplos de alimentos
conservados e métodos de conservação tendo em conta as suas experiências. Observam amostras
de alimentos conservados ou processados (veja-se o
anexo D) e determinam os processos para cada um.
Os alunos mais velhos irão discutir como se para a
decomposição dos alimentos (por exemplo, retirando
a água do alimento, acrescentando conservantes,
aquecendo-o até matar as bactérias, engrossando
a pele, diminuindo a temperatura). O melhor será
realizar um projeto de conservação de alimentos em
pequena escala, utilizando os alimentos da horta
(veja-se algumas propostas em Conservar os Alimentos
da Horta, nas Notas de Horticultura).
113
NOTAS
114
CAPÍTULO 10
QUAL É O PLANO?
Já estudámos muitos aspetos do planeamento da horta escolar. Mas há algumas questões que não
devemos desprezar. Nomeadamente:
• O que é que pretendemos atingir?
• Como é que acompanhamos a evolução?
• Como é que vamos decidir o que correu bem e como melhorar?
• Como é que vamos celebrar?
• Quando é que as atividades terão lugar e quanto tempo durarão?
• Como é que devemos apresentar todo o projeto?
115
QUAL É O PLANO?
Mas antes de pensar em qualquer destas questões é preciso definir a identidade do projeto. Os
alunos devem procurar:
• Um nome para o projeto que seja memorável e cativante – por exemplo “Folhas verdes”,
“Cenouras de cabelo encaracolado”, Feijões grandes”;
• Um lema – por exemplo: “Quatro frutas por dia” ou “Os vegetais mantêm-te saudável”;
• Um logótipo ou emblema.
Junte-os num cartaz, por exemplo:
Grão de bico
Couve
Projeto
Os Cinco
Boa forma com
vegetais frescos! Pepino
Cenouras
Composto
A. OBJETIVOS
O projeto irá refletir os principais objetivos, práticos e educativos. Vamos ver primeiro os objetivos
práticos.
1. Objetivos práticos
Procurar ser específico no que se pretende atingir é um exercício de realismo e pensamento
prático. Pergunte a si mesmo e ao grupo que irá trabalhar na horta o seguinte:
• O que queremos produzir e quanto?
• Porque é que estamos a cultivar (isto é, como é que vamos utilizar os produtos)?
• Que mais vamos fazer para melhorar a horta durante este período?
• Como é que vamos envolver toda a escola, família e comunidade?
• Quais são os nossos planos para o futuro?
Registe as respostas, como na tabela ao lado, para que possam ser comparadas com o que
realmente acontece.
Os alunos mais velhos também podem fazer este exercício. Devem ser encorajados a estimar os
rendimentos das colheitas – número de couves, peso de cenouras... Os alunos mais novos podem
designar as culturas e alimentos que o projeto se propõe a cultivar, mas não se deve esperar que
consigam quantificar.
116
QUAL É O PLANO?
O que vai ser feito Iniciar uma vedação 20 metros de iucas plantadas ao longo da estrada.
para melhorar a viva contra as cabras, Pilhas de composto criadas para cada turma.
horta neste período? fazer composto.
Como é que vamos Envolver as famílias 3 eventos da horta: a) limpeza do espaço da horta
envolver toda a e a comunidade no (com merenda), b) sessão de degustação dos lanches
gente? programa da horta. escolares, c) teatro sobre os insetos amigos e inimigos.
Qual é o nosso plano Plantar árvores de fruto (mamão, maracujá) e de sombra. Criar mais canteiros.
para os próximos Começar um jardim de aromáticas. Construir uma cozinha ao ar livre.
dois anos?
Pratos Lanches
Caril de feijão frade, com tomate, cebola, cenoura e abóbora. Abóbora assada
Feijão frade com quiabo selvagem, tomate e cebola. Cenoura crua e
Prato de amaranto, com molho de cenouras e tomates. paus de pepino
Pepino cozido a vapor com óleo e cebola.
Molho de folhas de feijão-frade com tomate, cebola e amendoim. Bebidas
Sopa de couve com cenoura, cebola e tomate. Chá de hortelã
Feijão-frade assado com tomate, cebola, folhas de abóbora e arroz. Sumo de tomate
Molho de pepino com folhas de abóbora, amendoim e tomate. Leite de soja
Salada de couve – couve crua com cenoura ralada, cebola, óleo e sal.
É necessário ter em mente que a horta escolar não é um projeto que esteja dependente de se
atingir ou não as metas de produção. É uma experiência de aprendizagem, por isso o processo
é tão importante quanto o produto. O sucesso é bom para a motivação, mas os pequenos
contratempos são interessantes e instrutivos. Os objetivos de produção não são estáticos. Podemos
ter de deixar cair alguns devido às circunstâncias, ou substitui-los por outros mais interessantes.
De igual modo, pode ser necessário abandonar algumas ambições hortícolas, se as necessidades
educativas forem mais importantes. Fazer uma revisão a meio do processo dos objetivos e do
progresso é sempre uma boa ideia.
117
QUAL É O PLANO?
2. Objetivos educativos
Os objetivos educativos devem ter tanta atenção como os objetivos práticos, ou mais. É necessário
colocar estas questões:
• O que vão as crianças aprender (competências específicas,
comportamentais)?
• Que informação específica, conceitos e atitudes vão
aprender sobre:
- nutrição?
- negócio?
- ambiente?
- outros assuntos?
• Que competências para a vida? Que atitudes e
comportamentos?
Aqui ficam algumas respostas do projeto Os Cinco:
Metas específicas
Objetivos gerais (informação, conceitos, atitudes, competências
As crianças irão aprender: e comportamento).
As crianças irão aprender:
118
QUAL É O PLANO?
A palavra-chave é flexibilidade. Podemos ter apenas uma ideia do que vai ser aprendido. Os
alunos podem aprender menos do que o esperado, ou mais, ou (quase de certeza) outras coisas. O
resultado, na melhor das hipóteses, será um programa individualizado de aprendizagem dinâmico
e evolutivo, conduzido em parte pelo professor, pelo aluno e pelas atividades, experiência e
ambiente. A tarefa do professor é manter-se a par do que está a acontecer, seguir o fluxo dos
acontecimentos e encorajar o que for de valor.
119
QUAL É O PLANO?
O Livro da Horta ou um diário de parede pode ser um projeto da turma, com entradas semanais
e com os melhores trabalhos de casa das crianças publicados. Um jornal da horta, realizado por
um grupo ou uma só pessoa, pode ser valorizado na sua avaliação. Algumas das atividades de
registo podem ser feitas na horta, outras como trabalho de casa.
C. AVALIAR
Porquê avaliar?
A avaliação conduz ao planeamento (o que vamos fazer a
seguir?) e por isso completa o ciclo do projeto. Também
tem um grande valor educativo e psicológico, uma vez
que, do ponto de vista da aprendizagem, o insucesso é
tão instrutivo como o sucesso. No ciclo da aprendizagem
experimental, a avaliação é parte do processo de reflexão.
O que avaliar?
A avaliação olha retrospetivamente para o projeto à luz dos seus objetivos práticos e educativos
(o que queríamos fazer? Fizemo-lo? O que esperávamos aprender? Aprendemos?). Outra questão
que deveria ser colocada frequentemente é “E gostámos?”. Contudo, no final do ano as pessoas
não têm uma visão clara de tudo o que aconteceu. Por isso, a primeira questão a colocar na
avaliação é “O que aconteceu?”. Pode revelar resultados que não constavam nos objetivos
originais – alguns deles errados, mas que vale a pena reconhecer retrospetivamente em relação
ao esperado.
Quem deve avaliar?
A avaliação deve ser uma responsabilidade partilhada. Um dos seus objetivos é incrementar o
sentido de pertença, sendo que todos os que contribuem devem por isso dar o seu contributo:
crianças, pessoal da escola, pais, ajudantes, cozinheiros... Todos devem conhecer os objetivos
desde o início e manterem-se atentos ao seu progresso ao longo do ano. E ninguém, pessoa ou
grupo, deve ser culpado se os resultados não forem os esperados.
Como avaliar?
A avaliação pode ser feita através de discussão na sala de aula, através de grupos de discussão
focal, num fórum alargado, através de uma caixa de comentários, de conversas informais, ou de
uma combinação destes. Não é relevante se grupos diferentes o fazem em alturas diferentes, mas é
importante manter o registo do que é dito. Normalmente é preferível fazê-la em grupos pequenos,
com um membro do grupo a tomar nota do que é dito. Também é útil ter um facilitador para
os grupos de discussão focal que não está diretamente envolvido no projeto – por exemplo, um
professor que todos respeitam.
D. DIVULGAR
É preciso divulgar! Se estamos a fazer algo bom, devemos torná-lo
do conhecimento de todos. É preciso pensar em quem é que gostaria
de ser informado: os locais, os patrocinadores e as instituições. E
como é que gostavam de ser informados. As crianças devem ser
envolvidas nesta partilha de informação. A fórmula é simples:
• Dizer-lhes o que irá ser feito.
• Dizer-lhes o que está a ser feito.
• Dizer-lhes o que foi feito.
• Convidá-los para a festa!
120
QUAL É O PLANO?
E. CELEBRAR
Celebrar é essencial, tanto psicologicamente como
socialmente.
Deve-se tentar terminar com uma comemoração,
provavelmente na altura das colheitas. Pode ser
uma feira de comida, um festival das colheiras,
uma festa, um serviço religioso, uma venda, uma
refeição especial, uma atuação ou apresentação,
uma distribuição de presentes, etc. Todos os que
contribuíram devem ser convidados.
F. DECIDIR O CALENDÁRIO
Qual é o calendário – quando é que o trabalho na horta começa e termina? Quais os tempos
de cada atividade? As culturas devem ser plantadas de forma a serem colhidas em alturas
diferentes? Quanto tempo se deve deixar no final para avaliação e celebração? É necessário
planear antecipadamente.
Se estamos a fornecer alimentos da horta:
• Temos de saber quando devemos plantar
cada variedade em particular;
• Temos de nos assegurar que não vamos
colher tudo no mesmo momento;
• Temos que planear os tempos certos, pois
queremos os alimentos para serem usados
na época de carência alimentar.
Passar esta informação para um formato visual torna-a mais fácil de utilizar como ferramenta
de planeamento, ponto de referência, ajuda à apresentação, forma de relembrar os objetivos ou
pedido de ajuda. As possibilidades são um diagrama de fluxos, um cartaz ou um calendário, com
ilustrações das atividades propostas e com a indicação dos participantes.
G. SUMÁRIO DO PROJETO
Quando todos os aspetos do projeto tiverem sido discutidos, devem ser registadas as conclusões
num sumário do projeto. Deve ser um trabalho feito em conjunto com os alunos, bem como com
o grupo da horta e colegas. As questões são:
Missão Quais são os objetivos gerais? Qual a missão?
Projeto Que projeto em particular será realizado este ano? Qual o seu nome?
Objetivos Quais são os objetivos práticos e metas? O que queremos produzir?
Metas Quais são os objetivos de aprendizagem e metas? O que queremos aprender?
Parceiros Quem vai ajudar e como?
Como é que vamos envolver a família e a comunidade (trabalho/conhecimentos/
contribuições/visitas)?
Quem mais é que vamos envolver e como?
Inputs Que inputs serão necessários e de onde virão (sementes, ferramentas, etc.)?
Quanto tempo dos professores e alunos será necessário utilizar?
Atividades O que vamos fazer na horta (trabalho e brincadeira)? Quem é que o vai fazer?
O que vamos plantar, quanto e onde?
Que eventos haverá na horta? Quem vamos convidar?
121
QUAL É O PLANO?
Dicas e ideias
• Organizar um concurso para escolher o melhor nome para o projeto.
• Pedir às crianças que copiem os principais objetivos para o seu caderno, levem
para casa e expliquem às respetivas famílias.
• Com os alunos mais velhos, criar um plano visual do projeto em conjunto, discutir
as ações necessárias e colocá-las num diagrama de fluxo, calendário ou cartaz.
• Colocar cada parte do plano do projeto numa folha de papel separada e pedir a
grupos de alunos diferentes que a ilustrem. Unir as diferentes partes num diagrama
de fluxo e colocar setas feitas de papel ou paus, e colocar na parede.
122
QUAL É O PLANO?
NA SALA DE AULA
Pontos iniciais
Estas quatro lições devem ser distribuídas ao longo do ano letivo. O plano do
projeto é desenhado quando o projeto começa, o trabalho de divulgação pode
ser feito em qualquer altura, a avaliação e a celebração são realizadas no final do
projeto.
Avaliar Cuidar
Atividades Os alunos souberam que o Sr/Sra X quer ter informação sobre o projeto. Esta aula
deve servir para preparar o sumário. Os alunos discutem uma série de questões sobre o projeto
e registam as respostas. Os alunos mais velhos, em grupo, nomeiam um secretário e esboçam
uma resposta. A versão final é lida para aprovação de toda a turma. A informação é entregue ao
Sr/Sra X, que deve responder por escrito ou pessoalmente. Para dar seguimento, os estudantes
mais velhos usam a informação para criar um sumário visual na forma de diagrama de fluxos,
calendário de culturas ou plano de trabalho.
123
QUAL É O PLANO?
4. Celebrações Deve haver sempre uma celebração e as crianças devem ajudar na organização.
Objetivos Os alunos devem estar conscientes da necessidade de celebrar,
de pensar em quem deve participar e ajudar a planear e organizar o evento.
Atividades O professor anuncia a celebração e data, local e hora
respetivos. A turma pensa num nome para o evento, lista os participantes
e decide como convidá-los. Planeia o programa, discute bebidas, Hortelão
presentes, decorações e mostras. E organiza o trabalho a realizar. do Ano!
Algumas formas de celebrar são feiras de alimentos, dia aberto, festival
de colheitas, refeição especial e uma festa. Algumas formas de celebração
são competições, decorações, demonstrações, exposições, bandeiras,
visitas guiadas, apresentações, cartazes, canções e danças, etc.
NOTAS
124
CAPÍTULO 11
COMO É QUE COMEÇAMOS?
Organizar o trabalho
Objetivos • Distribuir o trabalho pela escola
• Organizar equipas e grupos
• Calendarizar o trabalho
• Estabelecer as regras
• Lidar com a segurança
• Assegurar as férias
A organização do trabalho na horta depende dos seus objetivos, das regras da própria escola, da
idade das crianças, de quantos professores e turmas estão envolvidas, de quanto tempo poderá
ser dispensado para a horta e das suas próprias preferências. A maioria das escolas com hortas
solicitam a cada turma que dispense uma a duas horas por semana, e os alunos poderão ter
responsabilidades extra, ocasionais, que lhes ocupam meia a uma hora por semana, numa base
de voluntariado ou por rotatividade. A maioria também organiza sessões especiais quando
está prevista uma maior carga de trabalho, como limpezas do terreno, por exemplo, e convida
voluntários e ajudantes, das famílias e também da comunidade.
Seja como for, na organização é importante envolver os alunos, pois esta é uma oportunidade para
desenvolver o seu sentido de responsabilidade, independência e capacidade para colaboração e
organização.
125
COMO É QUE COMEÇAMOS?
126
COMO É QUE COMEÇAMOS?
4. Talhões individuais
Se o espaço o permite, um ou dois alunos podem experimentar as suas próprias colheitas e
métodos. O que dá lugar a várias possibilidades. Por exemplo, dar talhões individuais a bons
horticultores, selecionados pelo professor ou pela turma. Ou separar alguns talhões e todos
os anos solicitar aos alunos para se candidatarem apresentando uma proposta de projeto bem
desenvolvida.
127
COMO É QUE COMEÇAMOS?
B. EQUIPAS E GRUPOS
Para organizar o trabalho, devem ser criadas equipas ou grupos de cinco a sete alunos. Há várias
maneiras de organizar equipas, mais ou menos flexíveis e mais ou menos autónomas.
Por exemplo:
Quando as crianças têm uma ideia sobre o que fazer, pergunte-lhes que tarefas são necessárias
(em vez de mandá-las cumprir as tarefas) e encoraje-as a dar sugestões.
128
COMO É QUE COMEÇAMOS?
Tarefas rotativas
Se uma tarefa requer a presença de um professor, organize as atividades de forma a que cada
grupo venha ter com o professor separadamente. Por exemplo, podem existir blocos de 20
minutos a) escrever os jornais de campo, b) retirar as ervas/regar, c) trabalhar com o professor
sobre como lidar com determinado problema, com blocos com ordens diferentes para cada
grupo. Da mesma forma, se o equipamento ou as instalações têm de ser partilhadas, organizar
os grupos de forma a que enquanto um usa o equipamento os outros estão a fazer outra coisa.
Planear a semana de trabalho
Se a semana de trabalho precisar de ser programada, ponha as crianças a fazê-lo. Para tal é
necessário mostrar a lista ou roda de tarefas (ver caixa em baixo) e discutir quais é que será
necessário fazer esta semana, quantas pessoas serão necessárias para cada uma e quanto tempo
levarão. As equipas escolhem as tarefas, organizam o seu calendário e decidem como partilham
o trabalho. Se as rotações de trabalho não podem ser evitadas, então é necessário envolver toda
a gente, para que o entendam.
Roda de tarefas na horta
Preparação do
solo/Lavrar Regar
Plantar/
Transplantar
Eventos/
Divulgação
da Horta
Mondar;
Cobrir o solo e
Composto
Entregar/Distribuir
Caminhos
Embalar e e Vedações
Rotular
Insetos e
Pragas
Preparar/
Cozinhar/
Preservar
Observar e
Colher Registar
§ O que é necessário fazer esta semana? Os grupos escolhem as tarefas colocando uma
identificação da sua equipa no segmento apropriado.
129
COMO É QUE COMEÇAMOS?
130
COMO É QUE COMEÇAMOS?
Relatório da semana
........................................................
Progresso Problemas
Outras observações
...........................................................
(assinado)
131
COMO É QUE COMEÇAMOS?
As regras da horta não são leis para serem aplicadas por polícias, mas é necessário ter um
código de prática, uma cultura de comportamento na horta que todos entendam. Mas a maioria
das práticas precisam de treino e os alunos precisam de ser lembrados antes de se tornarem
automáticas. Com isto em mente, encoraje as crianças a praticarem e a manterem as regras. Por
exemplo:
• No início, leve os alunos para a horta. Peça-lhes para demonstrarem como se faz e porquê.
• Peça aos alunos mais velhos para treinarem os mais novos, ou aos líderes de equipa para
explicarem tudo às suas equipas.
• Peça a determinados alunos para lembrarem outros.
• Deixe que as crianças tenham turnos enquanto monitores da horta.
• Deixe emergir novas regras e discuta com os alunos.
• Pergunte aos alunos se se lembram das regras ou se é necessário escrevê-las.
• Caso se torne necessário escrever as regras, escolha uma escrita positiva e que inclua as
crianças – por exemplo, “nós caminhamos nos caminhos e nunca nos canteiros!” em vez
de “não caminhem nos canteiros”.
§ Qual é a atitude da escola em relação a regras? A que é que as crianças estão habituadas?
E. SEGURANÇA DA HORTA
Os predadores podem ser galinhas, pássaros, cabras, porcos selvagens,
búfalos, elefantes e macacos – só para nomear alguns. Ou pessoas!
Discuta a segurança da horta com todos e decida quais as medidas a
tomar e quando podem ser necessárias (ver Proteger a horta, nas Notas
Horticultura). Encontrar ou construir o espantalho mais eficaz pode ser
um bom jogo.
F. FÉRIAS
Se os projetos na horta começam logo no início do ano,
não é necessário mantê-los durante as férias grandes. Caso
contrário, discuta com os alunos, pais, ajudantes e cuidadores
que manutenção é necessária durante as férias. Algumas das
precauções são:
132
COMO É QUE COMEÇAMOS?
Dicas e ideias
• Ter uma cerimónia de inauguração da horta:
- Convidar uma celebridade local para “inaugurar a horta plantando a primeira
planta”.
- Convidar toda a gente, incluindo a imprensa local.
- Disponibilizar um refresco.
- Mostrar uma imagem ou mapa da horta.
- Apresentar o programa anual da horta.
• As crianças mais novas podem cantar as regras da horta. Por exemplo:
Nós caminhamos nos caminhos e não nos canteiros.
Nós partilhamos as ferramentas e ajudamo-nos.
Nós mantemos as ferramentas fora dos caminhos e as partes afiadas para baixo.
Nós limpamos as ferramentas e guardamo-las.
Nós sabemos o que estamos a fazer; nós jardinamos bem!
Nós lavamos as mãos e a comida.
E agora estamos prontos para comer!
133
NOTAS
134
CAPÍTULO 12
COMO VAMOS MANTER A HORTA?
135
COMO VAMOS MANTER A HORTA?
Aqueles que adoram este trabalho nunca se fartam de ver a germinação das sementes, de provar
aquilo que produziram, experimentar novas plantas e métodos, combater pragas e doenças.
A melhor motivação é o sentimento de realização. Contudo, podem ser necessárias outras
motivações para vencer o preconceito, para levar os alunos
a descobrirem o prazer de acompanhar o crescimento das
plantas, ou apenas cumprirem as tarefas menos interessantes.
Se existe uma atitude negativa em relação à horta na
escola ou comunidade, as escolas terão de ser geradoras de
motivação. Podem fazer isto demonstrando o valor do que
estão a fazer e demonstrando que acreditam nisso. Se por
outro lado existe entusiasmo, pode ser necessário mantê-
lo, uma vez que estes projetos demoram bastante tempo e
envolvem trabalho repetitivo.
Estas são algumas das razões pelas quais os bons gestores de
hortas mantêm as motivações em mente.
136
COMO VAMOS MANTER A HORTA?
137
COMO VAMOS MANTER A HORTA?
Mantenha o contacto
Convide as famílias para eventos na horta. Mantenha-os informados sobre o que está a acontecer.
A forma mais barata e efetiva de passar informação é o chamado “boca-a-boca”. Peça a cada
pessoa que vê para falar com mais duas. Consulte pessoas frequentemente e peça o seu conselho.
Agradeça
Reconheça todas as contribuições e conselhos calorosamente. Deve agradecer individualmente a
todos os que ajudam e mostram interesse. Algumas formas de mostrar apreço:
• Incluir nomes num quadro de honra (estas foram as pessoas que
ajudaram na nossa horta…);
• Visitas guiadas personalizadas pelos alunos (será necessário
praticar previamente);
• Oferecer pequenos presentes da horta, numa embalagem bonita;
• Colocar placas comemorativas para comemorar ofertas
importantes;
• Escrever notícias no jornal da escola ou jornal local, mencionando
os nomes;
• Escrever cartas de agradecimento, escritas pelas crianças (ver Mostrar e contar, capítulo 10);
• Convidar para visitar a horta aquando das celebrações:
• Valorizar pessoalmente e calorosamente, quer em privado quer em público.
138
COMO VAMOS MANTER A HORTA?
Criar variedade
• Trate o trabalho de cada ano como um projeto individual e altere-o de ano para ano.
• Planeie eventos interessantes durante o período de crescimento, quando o trabalho de
rotina se pode tornar enfadonho.
• Plante tanto pelo interesse como pela beleza e utilidade.
Destaque estágios e eventos
• Divida o projeto em fases curtas. Marque
cada uma como realizada à medida que isso
acontecer.
• Verificar frequentemente os objetivos do
projeto e encaminhar para os resultados.
• Dar grande destaque aos “primeiros frutos”,
colocá-los em exposição, fotografa-los, prová-
los.
• Marque os resultados através de cerimónias
(festival da colheita, exposição da horta) com a contribuição dos alunos. Mantenha os
alunos a par destes eventos e discuta a sua contribuição.
Encorajar as crianças a promover a horta
• As crianças podem colocar sinalética na horta.
• Encoraje as crianças a falarem às famílias e amigos sobre
as atividades.
• As crianças poderão explicar os seus talhões aos visitantes.
Forme-os para agirem como “guias da horta” e distinga-os
quando terminarem a formação.
Recompensar o sucesso
• Dê recompensas a indivíduos e grupos – o elogio pessoal,
elogios públicos, prémios, estrelas douradas e boas notas.
Dê notas para o trabalho prático, registos, diários, desenhos
produzidos por equipas e grupos.
• Tenha um esquema de créditos para a horta. As crianças
ganham créditos pelo trabalho na horta ao longo do ano, com
um certificado no final.
• Encoraje os alunos a darem os parabéns uns aos outros, e os
alunos mais velhos a ajudarem e louvarem os mais novos.
• Ter concursos e prémios – por exemplo, para a primeira
cenoura, para a maior colheita, para as folhas verdes mais
saudáveis, para as plantas sem pragas, o talhão mais bem
cuidado, as flores mais bonitas e um prémio de consolação
para aqueles com mais ervas daninhas. As crianças podem
decidir quem deve ter os prémios e organizar a entrega dos
mesmos.
Concurso da Horta
O Clube 4H organizou um concurso nas Caraíbas para a melhor refeição ou lanche
inventado por uma criança com os produtos da horta. Um dos vencedores foi um sumo de
kallaloo com gengibre. (C. Power, personal communication, 2003)
139
COMO VAMOS MANTER A HORTA?
E. SENTIMENTO DE PERTENÇA
Uma das motivações mais eficazes é o sentimento de pertença. Esta é também uma condição
importante para o desenvolvimento pessoal.
Ter responsabilidade Lema: “a nossa horta, o meu talhão”
As crianças devem:
• Ver a horta como delas e sentir que os adultos respeitam
esse sentimento;
• Ter sempre acesso aos seus talhões;
• Ter responsabilidade pessoais e comuns (a minha planta,
a nossa vez para regar, etc.);
• Ajudar a proteger a horta face a predadores e ladrões.
Tomar decisões e iniciativas Lema: “o nosso plano, a minha ideia”
Os adultos e professores terão de tomar algumas das principais decisões, mas os alunos também
devem fazer escolhas e decisões reais, quer individualmente quer por turma/grupos. Ajudá-los
nas suas escolhas: por exemplo, certificarem-se que têm informação suficiente, dar-lhes uma
seleção de escolhas viáveis, encorajar a discussão dos prós e contras.
Partilhar conhecimento e competências Lema: “Perguntar
e dizer”
Os alunos devem ser encorajados a procurar informação e
aconselhar os outros, e a partilhar os seus conhecimentos com
a família, crianças mais novas e colegas. Isto vai reforçar o
conhecimento.
Saiba o que está a acontecer Lema: “Estar por dentro do
que acontece”
Os alunos mais velhos em particular podem ver o projeto como
um todo desde o início. Isso ajuda-os a planear e organizar, a falar sobre o projeto e a avaliá-
lo. Quando as ações não podem ser realizadas pelos alunos sozinhos (instalar o fornecimento
de água, por exemplo), eles devem ser informados, consultados e dar-lhes a oportunidade de
observarem e documentarem o evento.
140
COMO VAMOS MANTER A HORTA?
Dicas e ideias
• Apresentar os quatro lemas e discuti-los com os
alunos, professores, país e ajudantes de jardim.
• Discutir o programa da horta com as crianças e
pedir-lhes para o divulgarem.
141
NOTAS
142
ANEXO
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
Ananás 146
Banana 150
Cenoura 156
Oleaginosas 166
Papaia 169
Quiabo 172
Tomate 174
143
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
ABÓBORA
(Cucurbita moschata, Cucurbita maxima)
É fácil de cultivar?
É muito fácil de cultivar. As abóboras gostam do calor e do sol. Em lugares
Facilidade de cultivo tropicais cresce todo o ano, mas em lugares frios apenas no verão. Precisa
de chuva regular ou de rega. Cresce melhor em solos drenados e com muito
composto ou estrume.
144
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
145
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
ANANÁS
(Ananas comosus)
É fácil de cultivar?
Facilidade de cultivo Muito fácil de cultivar no sítio adequado. O ananás gosta de solos drenantes,
chuva e calor moderados.
146
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
147
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
ÁRVORES DE FRUTA
É fácil de cultivar?
Facilidade de cultivo Muito fácil de cultivar no local certo. As frutas tropicais crescem bem em climas
quentes, abrigadas do vento quando são novas, com chuva regular ou rega. A
maioria cresce bem em solos bem drenados e ricos em matéria orgânica.
148
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
149
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
BANANA
(Musa acuminata)
É fácil de cultivar?
Facilidade de cultivo Muito fácil no local certo. As bananas gostam de lugares moderadamente
quentes e húmidos. Desenvolvem-se melhor em solos ricos e bem drenados.
150
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
Pensa-se que as bananas foram o primeiro fruto no planeta. São um dos mais
Cultura importantes frutos tropicais e fonte de rendimento nas grandes plantações para
exportação.
151
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
BATATA DOCE
(Ipomoea batatas)
É fácil de cultivar?
A batata doce veio da América tropical e gosta de calor e sol. Nos trópicos
Facilidade de cultivo cresce todo o ano, mas em lugares mais frios apenas no verão. Cresce melhor
durante o tempo seco, em solos arenosos com suficiente composto ou estrume,
mas até cresce em solos pouco férteis. Pode sobreviver à seca ou a períodos com
muita água se houver boa drenagem.
152
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
153
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
É fácil de cultivar?
Facilidade de cultivo As cebolas e os alhos crescem facilmente em locais com estações frescas. E as
cebolas frescas crescem mais facilmente em locais quentes. Crescem na maioria
dos solos, mas precisam de uma boa drenagem.
154
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
155
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
CENOURA
(Daucus carota)
É fácil de cultivar?
É muito fácil produzir cenoura, mas é necessário que seja a variedade certa
para o clima e solo em questão. As variedades de climas temperados podem
Facilidade de cultivo não formar a raiz em climas quentes com solos pouco profundos – em vez de
raiz são os caules que se desenvolvem e geram sementes. Variedades pequenas
e gordas são adequadas em solos calcários, variedades longas precisam de solos
profundos.
156
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
157
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
É fácil de cultivar?
Facilidade de cultivo Muito fácil de crescerem, mas deve optar por uma variedade adequada ao seu
clima local. Couve e brócolos são para lugares mais frios. Mostarda e couve
chinesa crescem nos trópicos, por exemplo.
158
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
159
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
ERVAS AROMÁTICAS
Hortelã (Mentha sp.) e outras
É fácil de cultivar?
Facilidade de cultivo Muito fácil. A menta e os coentros precisam de ser regados regularmente, mas
a erva príncipe é muito mais resistente.
160
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
Onde plantar?
Plantam-se num lugar abrigado do jardim ou perto de um rego ou poço,
em canteiros elevados. As ervas também podem ser plantadas como plantas
companheiras noutros locais da horta, para afastar afídios e outras pragas.
Instruções para
Como plantar?
propagação/
plantação Misturar estrume ou composto antes de plantar no solo. É fácil comprar boas
sementes. Semear as sementes em caixas e transplantar quando tiverem 5 cm de
altura, ou semeá-las diretamente a 1 cm de profundidade, com uma distância
de 10 cm. Algumas conseguem propagar-se por estaca, como a hortelã e a erva
príncipe; é necessário que o solo esteja húmido: regar muitas vezes e as raízes
irão crescer.
161
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
É fácil de cultivar?
Os feijões crescem praticamente em qualquer tipo de solo de horta, dos
Facilidade de cultivo arenosos aos argilosos. Crescem em locais amenos, com exceção das favas, que
crescem no inverno e na primavera, em climas frescos. Variedades secas como
as lentilhas necessitam de climas secos na altura da apanha.
162
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
163
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
É fácil de cultivar?
Facilidade de cultivo Muito fácil de cultivar. Os espinafres e a alface precisam de ser regularmente
regadas.
164
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
Muitas culturas apresentam histórias sobre o poder nutritivo das folhas verde
escuro.
Os asiáticos contam a lenda do santo Milarepa, que viveu cerca de dez anos
numa gruta nas montanhas apenas a comer urtigas. Além de saudável, tornou-
Cultura se sábio. Durante a Depressão no ocidente, quando muitas pessoas eram pobres
e passavam fome, criou-se um desenho animado cómico de seu nome Popeye,
cuja força incrível que possuía devia-se ao facto de comer muitos espinafres. Até
hoje o Popeye é popular entre as crianças, ao promover a ideia que comer folhas
verdes as fazem fortes.
165
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
OLEAGINOSAS
Amendoim (Arachis hypogaea), Girassol (Helianthus annuus),
Sésamo (Sesamum indicum), Coco (Cocos nucifera)
É fácil de cultivar?
Crescem facilmente em climas temperados. O amendoim e o sésamo crescem
Facilidade de cultivo em locais tropicais, solos bem drenados. Os coqueiros preferem planícies. Os
girassóis crescem no verão em locais frescos e têm raízes profundas que os
ajudam a tolerar secas.
166
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
167
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
168
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
PAPAIA
(Carica papaya)
É fácil de cultivar?
Facilidade de cultivo Muito fácil. A papaia cresce bem em climas quentes, abrigada do vento, com
chuvas regulares ou rega. Cresce melhor em solos bem drenados e ricos em
matéria orgânica.
169
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
170
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
171
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
QUIABO
(Abelmoschus esculentus L, Hibiscus esculentus L)
É fácil de cultivar?
Facilidade de cultivo São muito fáceis de cultivar. O quiabo e o quiabo-roxo crescem na maioria dos
países tropicais. Conseguem sobreviver à seca e a solo pobres se necessário.
172
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
173
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
TOMATE
(Lycopersicon esculentum)
É fácil de cultivar?
Muito fácil de cultivar. Os tomates vieram da América Central, mas agora
Facilidade de cultivo cultivam-se em todas as regiões tropicais e temperadas. Gostam de dias
quentes, noites frias e chuva regular ou rega. Crescem na maioria dos solos,
mas preferem solos ricos e bem drenados.
174
FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS │ ANEXO
175
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE ALIMENTOS
NOTAS
176
ANEXO
FICHAS INFORMATIVAS DE NUTRIÇÃO
177
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE NUTRIÇÃO
FOME E SUBNUTRIÇÃO
Ficha 1
Água e alimentos são elementos essenciais, que todos os seres humanos devem ter para
poderem sobreviver. O acesso ao “mínimo essencial de comida que seja suficiente,
adequada nutricionalmente e segura” é considerado um direito humano. A fome e a
subnutrição são problemas globais.
Fome é a condição de uma pessoa que não tem acesso a suficiente alimento diariamente.
Subnutrição é causada pela falta de alimentação, pela alimentação em pouca qualidade e pouco
variada e pela doença. Apesar de uma pessoa poder estar a ingerir a quantidade correta de
quilocalorias (energia) por dia, pode continuar com falta de alguns nutrientes vitais à sua dieta.
Muitas crianças em comunidades e países mais pobres têm dietas desadequadas ou desequilibradas
que resultam em subnutrição. Para este facto contribuem vários fatores, tais como a pobreza, a
falta de saneamento, doenças e instabilidade política e económica.
O crescimento e comportamento das crianças são bons indicadores do seu estado de saúde.
Se forem pequenas para a sua idade, magras, andarem cansadas e frequentemente doentes, e
tiverem dificuldades de concentração, podem ser crianças subnutridas. Existem três principais
tipos de subnutrição. Estes são:
• Desnutrição
Acontece quando as crianças não estão a receber quantidade
suficiente de uma mistura adequada de alimentos, mostrando-se
cansadas e sem energia suficiente para brincar. O seu sistema
imunitário fica fraco, o que faz com que adoeçam facilmente.
A desnutrição pode também resultar num crescimento mais
lento do que o de uma criança normal e causar dificuldades de
aprendizagem na escola. As crianças que estão subnutridas são
muitas vezes mais baixas do que as crianças saudáveis, podendo
também ter braços e pernas finas. Os seus corpos são fracos.
• Excesso de Peso
Se uma criança come demasiado, não recebe a mistura
adequada de alimentos e não pratica exercício suficiente, pode
ficar com excesso de peso. Isto pode transformá-la mais tarde
num adulto com excesso de peso e vários problemas de saúde,
tais como doenças cardíacas, diabetes e certos tipos de cancro.
O excesso de peso é um problema crescente em muitos países
desenvolvidos e em desenvolvimento.
• Subnutrições em micronutrientes
Muitas crianças não recebem a quantidade suficiente de algumas vitaminas e minerais
essenciais. As carências na dieta mais comuns são falta de vitamina A, ferro, iodeto e zinco.
Estes micronutrientes são responsáveis por tarefas vitais para o correto funcionamento do nosso
organismo. Dão boa visão, pele saudável, protegem o organismo de doenças, ajudam a absorver
a energia dos alimentos e permitem que o corpo e cérebro se desenvolvam corretamente.
178
FICHAS INFORMATIVAS DE NUTRIÇÃO │ ANEXO
HIV/SIDA pode ser outra das causas de fome e subnutrição. Quando um adulto fica doente com
HIV/SIDA, tem menos capacidade para trabalhar no campo ou ganhar dinheiro para comprar
alimentos. Podem também ter que vender os seus bens, como ferramentas e gado, de modo a
poderem comprar comida e medicamentos. As crianças órfãs ficam muitas vezes subnutridas
quando um ou ambos os pais ficam doentes ou morrem. Isto pode acontecer por falta de cuidado
e comida, ou também por comerem menos devido ao sofrimento e depressão.
Os efeitos imediatos da HIV/SIDA são também causadores de subnutrição. Tal como acontece
com outro tipo de doenças, as pessoas infetadas com HIV/SIDA que não comem adequadamente
ou não absorvem nutrientes suficientes vão buscar energia e nutrientes aos tecidos do próprio
organismo, perdendo peso e tornando-se subnutridos. Uma dieta saudável e equilibrada, bons
cuidados de higiene e saneamento e o tratamento atempado de doenças infeciosas podem
prevenir a subnutrição nos doentes de HIV/SIDA, aumentando a sua esperança de vida.
179
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE NUTRIÇÃO
180
FICHAS INFORMATIVAS DE NUTRIÇÃO │ ANEXO
181
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE NUTRIÇÃO
• Alimentos ricos em zinco, como a carne e o peixe, são importantes para o correto
funcionamento do organismo, mas nem todas as crianças ingerem quantidades
suficientes de zinco.
• Logo desde a escola primária, as crianças devem ser habituadas a comer bastantes
vegetais e fruta.
Uma lista de alimentos ricos nestes e noutros nutrientes importantes está descrita na Ficha
informativa de Nutrição 3: Nutrientes nos Alimentos.
182
FICHAS INFORMATIVAS DE NUTRIÇÃO │ ANEXO
GORDURAS
PROTEÍNAS ZINCO
* - A Informação desta ficha foi retirada da publicação da FAO (2004) Family Nutrition Guide (Appendix 1 and 2), por Ann Burgess e Peter Glasauer.
183
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE NUTRIÇÃO
FERRO
VITAMINA A FOLATO
184
FICHAS INFORMATIVAS DE NUTRIÇÃO │ ANEXO
185
ANEXO │ FICHAS INFORMATIVAS DE NUTRIÇÃO
Proteínas
Cereais Amido, fibra Vitaminas do grupo B
Alguns minerais
Alguns minerais
Vitamina C quando frescos
Raízes com amido e frutas Amido, fibra Vitamina A quando são
amarelos
Vitaminas do grupo B
Feijões e ervilhas maduros Amido, proteína e fibra Alguns minerais
Vitaminas do grupo B
Oleaginosas Gordura, proteína e fibra Alguns minerais
Outros minerais
Carne e peixe Proteína, ferro e zinco Algumas vitaminas
Proteína
Ferro
Zinco
Fígado Vitamina A -----
Folato
Outras vitaminas
Gordura
Proteína
Leite e lacticínios Alguns minerais
-----
Algumas vitaminas
Gordura
Proteína
Leite materno Maioria de vitaminas e Ferro
minerais à exceção do ferro
Proteína Gordura
Ovos Vitaminas Minerais (que não ferro)
Proteínas
Vegetais folha verde média/ Vitaminas Algum ferro
escura Folato Fibra
Vitamina A
Vitamina A Minerais
Vegetais cor de laranja Vitamina C Fibra
Frutose
Frutas laranjas Vitamina A Fibra
Vitamina C
Frutose
Citrinos Vitamina C -----
Fonte: adaptado de Burgess et al., Community nutrition for Eastern Africa, AMREF, Nairobi (1994)
186
FICHAS INFORMATIVAS DE NUTRIÇÃO │ ANEXO
* - A Informação desta ficha foi retirada da publicação da FAO (2004) Family Nutrition Guide (Appendix 1 and 2), por Ann Burgess e Peter Glasauer.
a - Bebés nascidos no tempo correto tem reservas suficientes de ferro até aos seis meses
b - Quantidades necessárias depois da menstruação
c - Quantidades necessárias depois da menopausa
d - As necessidades são tão elevadas que o suplemento de ferro é habitualmente recomendado para mulheres grávidas e adolescentes grávidas
187
NOTAS
188
ANEXO
NOTAS DE HORTICULTURA
COMPOSTO 192
CANTEIROS 195
COLHEITA 196
PRAGAS 201
IRRIGAÇÃO 206
189
ANEXO │ NOTAS DE HORTICULTURA
Muitos insetos benéficos são predadores ou parasitas que consomem insetos nocivos.
Estes são a ”polícia anti pragas”! Alguns são polinizadores que fertilizam as plantas, para
que estas possam produzir frutos. Sem eles, não haveria agricultura.
7. As moscas ladras são uma família grande e útil. Alguns tipos são muito volumosos
e com parecenças às abelhas, os outros com a cintura mais fina imitam as vespas.
Ficam suspensas no ar antes de tirarem o néctar e o pólen às flores. As suas larvas
alimentam-se de pulgões (uma larva pode comer até 900 pulgões). Os adultos são
melhores predadores do que as joaninhas.
190
NOTAS DE HORTICULTURA │ ANEXO
10. Muitas vespas e moscas são pequenos parasitas de outros insetos. E são aliados
valiosos. Alguns traquinídeos, por exemplo, põem os ovos em lagartas. Quando
estes eclodem, as larvas da mosca passam através da pele da lagarta e alimentam-
se dela.
PLANTAS COMPANHEIRAS
191
ANEXO │ NOTAS DE HORTICULTURA
COMPOSTO
Ingredientes do composto
A maioria dos materiais orgânicos podem ir para compostagem: palha, relva cortada, resíduos
orgânicos da cozinha, ervas, plantas, folhas, estrume animal, cinzas de madeira, animais e ossos
de peixe, penas, tecido de algodão, pedaços de couro ou de papel, solo. Não use alimentos cozidos,
pedaços grandes de madeira, plástico, metal, vidro, louça, arame, nylon, tecidos sintéticos, cinzas
de carvão, ervas com sementes e ervas daninhas muito resistentes.
Contentores para o composto
O composto pode fazer-se num cubo de plástico com uma tampa a protegê-lo. É melhor termos
três caixas: uma para fazê-lo, uma para movê-lo e uma para armazená-lo. Também pode ser feito
num buraco, numa caixa de cartão ou num saco de plástico grande e forte com orifícios para
entrar ar. O importante é mantê-lo a “cozinhar”, mantendo-o húmido e arejando-o.
Fazer o composto
Inicie o processo com uma camada de paus de madeira para a drenagem, depois uma camada
de relva, folhas e estrume e terra. Misture castanhos secos e molhados, e algum verde. Corte
as folhas muito grandes. Adicione uma última camada de terra, faça um buraco no meio para
deixar entrar o ar e a água, e cubra com erva ou com um pano para manter a pilha húmida.
Depois de passarem cinco dias, a pilha vai aquecer e ter bactérias a trabalhar para degradá-la.
Para manter a humidade do composto, ao fim de cerca de seis semanas virar a compostagem –
tirar o composto e colocá-lo de volta, ou movê-lo para a próxima bandeja, mantendo-o sempre
húmido. Virá-lo novamente dentro de poucas semanas. Depois de três meses, testá-lo. Se estiver
escuro, friável, leve e húmido, está pronto a ser usado.
Utilização do composto
Usar o composto assim que estiver pronto. Espalhar antes de plantar e no envasamento, e colocá-
lo em torno de plantas que crescem a cada duas semanas. Não deixe secar: utilize-o no início da
noite, quando está frio, e cubra-o com palha para mantê-lo húmido.
buraco camadas
relva para o ramos para para o ar
drenagem de solo
manter húmido
192
NOTAS DE HORTICULTURA │ ANEXO
193
ANEXO │ NOTAS DE HORTICULTURA
Fazer sumo de cenoura. Muito popular na Índia. Lavar 1 kg de cenouras e ralar para um
frasco. Adicionar 7 litros de água, 200 gramas de sal e especiarias picantes (chili ou sementes
de mostarda, por exemplo). Fechar bem, deixar uma pequena saída para os gases. Fermentar
durante uma a dez dias. Escorrer. Consumir em três a quatro dias. (Battcock and Azam-Ali, 1998)
Tomates em frascos
Utilizar tomates chucha, maduros mas rijos. Lavar bem e retirar o que
estiver estragado. Mergulhar em água a ferver durante 30 segundos e
retirar a pele. Encher os frascos com o tomate. Adicionar uma colher
de sobremesa de sumo de limão/vinagre a cada frasco. Selar enquanto
estiver quente. Cobrir os frascos com água numa panela grande. Ferver
durante 30 minutos (frascos pequenos) e 50 minutos (frascos grandes).
Deixar arrefecer e etiquetar. (FAO Rural Processing & Preserving)
ROTAÇÃO DE COLHEITAS
A rotação de colheitas restaura o solo e afasta pestes e doenças. As principais famílias de colheitas
que devem ser rodadas são:
194
NOTAS DE HORTICULTURA │ ANEXO
CANTEIROS
Aplanar o topo Não andar por cima, Proteger a estrutura Plantar densamente:
dos canteiros nem pisar o solo do solo, não o virando, reduz as ervas e
adicionar composto e conserva a humidade
cobertura do solo
195
ANEXO │ NOTAS DE HORTICULTURA
COLHEITA
PLANTAS SAUDÁVEIS
A gestão integrada de pestes implica uma série de métodos naturais no sentido de reduzir
o controlo necessário. Deve-se assegurar que as plantas são saudáveis, isto como primeira
estratégia. As plantas devem ser monitorizadas regularmente e tratadas imediatamente.
De seguida, apresenta-se uma lista de tarefas com os principais pontos a verificar
196
NOTAS DE HORTICULTURA │ ANEXO
Estão com bom aspeto? Existem sinais de pestes ou doenças? Existem plantas
2. Saúde murchas? Existem folhas caídas, folhas comidas, amarelas, com fungos?
PULVERIZADORES CASEIROS
Os pulverizantes indicados de seguida são baratos e eficazes contra uma grande variedade
de pestes, e também relativamente seguros para as crianças fazerem e usarem.
197
ANEXO │ NOTAS DE HORTICULTURA
Farinha ou cinza
Dica
Espalhada nas folhas para sufocar as lagartas.
A farinha é também um veneno para os Os pulverizadores nem sempre são
estômagos delas. (Chris Landon-Lane, 2004) fáceis de encontrar. Um pincel largo,
uma vassoura ou um ramo de ervas
Pulverizante de chá ou café funciona bem. Mergulhar num balde
Para afastar os insetos. Diluir café em pó ou com a mistura e passar nas plantas.
folhas de chá em água e pulverizar as plantas.
Pulverizante de óleo branco
ara sufocar os insetos que sugam e roem. Fazer uma mistura de concentrado com meio litro de
óleo vegetal e meia chávena de detergente ou sabão dissolvido em água. Para pulverizar, misturar
uma colher de sopa da mistura num litro de água. Se armazenar a mistura, deve ser agitada
antes de usar. (Adaptado de ABC Brisbane, 2004)
CULTURA INTERCALAR
A cultura intercalar (cultivar diferentes culturas ao pé umas das outras) ajuda à conservação
do solo e protege as plantas. Uma horta multicamada, com plantas em diversos estratos,
a diferentes alturas, é uma forma de cultura intercalar que aproveita bem o espaço
disponível e o sol.
Juntar plantas com diferentes necessidades elimina a competição entre elas. Nomeadamente:
• Plantas altas ao pé de plantas pequenas,
por exemplo milho e couve, brócolos e
espinafres ou alface, árvores de frutos
e vegetais;
• Plantas com raízes profundas ao pé
de plantas com raízes superficiais, por
exemplo milho, sorgo e ervilha;
• Plantas trepadeiras ao pé de plantas
rasteiras, por exemplo maracujá,
feijões e milho com alface, cebolas,
cenouras e abóbora; Milho, abóbora, feijão, milho, abóbora, feijão, milho
198
NOTAS DE HORTICULTURA │ ANEXO
COBRIR O SOLO
NUTRIENTES E FERTILIZANTES
Estrume animal
Deve-se usar o estrume de animais herbívoros. O estrume fresco
de animais fere as raízes: ou deixa-se repousar durante seis meses
ou adiciona-se ao composto.
Adubo verde
Dá um solo rico e arejado. Cultiva-se leguminosas que
posteriormente se integram no solo ou são usadas para composto.
Por exemplo:
• (grandes culturas) feijões e ervilhas, tremoço, ervilhaca.
• (sebes) leucaena, flemingia sp., gliricidia sp., pigeon pea, erva guiné, setaria sp. Podar e deixar os
ramos no solo.
199
ANEXO │ NOTAS DE HORTICULTURA
Ossos
Cinza de madeira
Restos de peixe
Adubo verde
Estrume de galinha
Composto e estrume
Borras de café
AGRICULTURA BIOLÓGICA
200
NOTAS DE HORTICULTURA │ ANEXO
PRAGAS
201
ANEXO │ NOTAS DE HORTICULTURA
Sugadores
Se as plantas estiverem murchas ou atrofiadas, com folhas encaracoladas, amareladas ou
destorcidas, ou se houver fumagina nos citrinos, deve-se procurar por afídios, scale, cochinilhas
farinhosas, tripes, gafanhotos ou mosca branca.
4. Afídios* (Aphididae)
Insetos pequenos, amarelados ou cinzentos/pretos, com cerca de 2 a 5 mm de
comprimento. Sugam a seiva das plantas a partir das folhas, rebentos, caules e
vagens de plantas, árvores de fruta e cereais, e deixam uma secreção pegajosa.
Atacam as famílias dos feijões e couves.
202
NOTAS DE HORTICULTURA │ ANEXO
Nem sempre é fácil dizer se uma planta está a sofrer devido a uma doença, falta de água
ou nutrientes ou pragas, uma vez que um único sintoma (murchar) pode ser sinal de
qualquer um destes fatores. Mas alguns sintomas são mais específicos.
Sintomas Cura
Doença Marcas de mosaico Murchidão Destruir
Podridão Murchidão
Folhas enroladas Escorrer seiva Queimar as plantas infetadas e começar de novo.
Estrias amarelas e vermelhas Usar sementes novas.
Folhas descoloradas Pintas Plantar noutro local
Manchas pretas com bordas amarelas Deixar o canteiro secar antes de plantar novamente.
Pó nas folhas
Dieta Falta de azoto Nutrir
- Veios amarelos nas folhas
- Crescimento atrofiado Para todos os problemas, adicionar composto, cobrir
- Folhas pálidas o solo e fazer rotação das plantas.
- Coloração vermelha Para o azoto, adicionar composto, adubo verde e
- Plantas vizinhas com o mesmo problema leguminosas.
Falta de potássio
- As bordas das folhas têm um ar Para o potássio, adicionar cinza de madeira ou casca
chamuscado de árvores.
- Manchas castanhas entre os veios das
folhas Para o fósforo, adicionar estrume de galinha ou ossos
de animais ao composto.
Falta de fósforo
- Folhas ou caules roxos
Água Pouca Demasiada Regar ou Drenar
Murchar Murchar
Pontas das folhas Amarelar
queimadas Apodrecimento das Regar regularmente ou drenar o canteiro.
Atrofiar raízes
Folhas amarelas Apodrecimento dos
caules
Pragas Insetos sugadores Apanhar, limpar, armadilhar, pulverizar!
Insetos em folhas Apanhar à mão as lagartas, lesmas, caracóis,
Secreções peganhentas escaravelhos – procurar esconderijos.
Insetos em folhas Limpar mosca branca, escamas e cochinilhas à mão.
Folhas ou frutas secas, pálidas ou Armadilhar mosca branca com armadilhas
castanhas pegajosas. Barrar cartão amarelo com vaselina. As
moscas brancas gostam do amarelo. Para as lesmas a
armadilha pode ser um recipiente enterrado até meio
Insetos “mastigadores” com cerveja ou leite ou cinza/serradura à volta das
Buracos plantas.
Arestas danificadas Pulverizar com pesticidas naturais ou pó de cinza de
madeira ou farinha. Pulverizar por baixo das folhas
também.
Polícia das pragas. Deixar os patos e as galinhas à
solta. Trazer joaninhas, encorajar os sapos e lagartos.
203
ANEXO │ NOTAS DE HORTICULTURA
PLANTAR E TRANSPLANTAR
Sementes pequenas
Precisam de ser semeadas em viveiros protegidos desbastadas e depois plantadas.
Os viveiros de sementes podem ser:
• Caixas, tabuleiros, sacos com buracos para drenarem. Estes são facilmente movidos.
• Um canteiro elevado sombreado e com proteção dos predadores.
• Tabuleiros de sementes com compartimentos reutilizáveis. Transplantar os germinados
com o seu torrão de solo protege as sementes.
Um tabuleiro de sementes na sala de aula é bom para estudar. Pode-se cobrir o tabuleiro com um
pano húmido até as sementes germinarem.
Preparação
Preparar um canteiro de solo rico,
sem buracos, paus ou pedras. Retirar
as ervas e aplanar com uma tábua.
Preparar uma estrutura para sombrear
o canteiro e protegê-lo do sol e da
chuva. Proteger o canteiro de sementes
dos predadores.
Semear
Misturar as sementes com solo ou areia
fino. Fazer sulcos no solo com alguns
cm de profundidade e cerca de 15 cm
de distância. Espalhar as sementes e
cobrir levemente. Regar bem, mas não
inundar. Etiquetar as filas.
Crescer
Regar cuidadosamente duas vezes por dia – de manhã e à noite. Quando as plântulas aparecem,
deve-se cobrir o solo para mantê-lo fresco e húmido e reduzir a competição.
204
NOTAS DE HORTICULTURA │ ANEXO
Fortalecer e desbastar
Quando os rebentos tiverem duas folhas. Fortalecer durante dez dias com sol todos os dias.
Quando tiverem cerca de 8 cm, desbastar para ficarem afastados cerca de 5 cm, cortando com
uma tesoura ao nível do solo.
Transplantar/plantar
Transplantar quando está fresco para canteiros elevados. Marcar as linhas e os buracos. Escolher
as plantas fortes, retirá-las com um bocadinho de solo e manter as raízes intactas. Plantá-las em
buracos, encher com solo, regar de seguida e cobrir o solo à volta das plantas.
PROTEGER A HORTA
205
ANEXO │ NOTAS DE HORTICULTURA
Alguns aperitivos
Fruta, cana de açúcar, batata doce, cenouras, aipo, maçaroca, bolos e
arroz, frutos secos, sementes de girassol, feijões e ervilhas jovens e crus,
germinados de alfafa, cevada, trigo, feijões, abóbora, pipocas.
Algumas bebidas
Sumos de fruta e de vegetais, chás de ervas.
GESTÃO DA ÁGUA
IRRIGAÇÃO
206
NOTAS DE HORTICULTURA │ ANEXO
ERVAS DANINHAS
As ervas só são prejudiciais se ameaçarem as colheitas. Algumas ervas atraem pragas como
afídios e podem retirar luminosidade às colheitas, água e nutrientes, mas outras atraem insetos
benéficos como abelhas e borboletas. E outras tornam o solo mais rico em azoto. Aqui ficam
alguns elementos para uma prevenção biológica das ervas:
• Prevenir o crescimento de ervas preenchendo o espaço entre plantas com cobertura do
solo ou vegetais rastejantes ou rasteiros (por exemplo abóboras, batatas doces e outras).
Criar sombra através de culturas intercaladas.
• Remover ervas quando o solo está
húmido. Tentar apanhá-las quando são
pequenas ou pelo menos antes de darem
semente. Evitar o herbicida: pode matar
insetos benéficos e plantas, envenena o
solo e pode fazer mal às crianças.
• Usar as ervas como cobertura do solo
ou composto (se não estiverem com
sementes).
• Deixar um canteiro com ervas que dão
flores para atrair os insetos benéficos.
207
NOTAS
208
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Field Services.
210
UMA NUTRIÇÃO E UMA EDUCAÇÃO ADEQUADAS são fundamentais para o
desenvolvimento das crianças e para o seu futuro. No entanto, a realidade é que estes dois aspetos
essenciais não fazem parte da vida de milhões de crianças...
O futuro de um país depende da sua juventude. Contudo, as crianças que vão para a escola com fome
não aprendem bem. Apresentam uma baixa atividade física, capacidades cognitivas reduzidas e
baixa resistência a infeções, por exemplo. O seu desempenho escolar é muitas vezes fraco e podem
até desistir da escola cedo. A longo prazo, a má nutrição crónica diminui o potencial individual e
tem efeitos adversos na produtividade, na remuneração e no desenvolvimento nacional.
As escolas podem dar um contributo importante para os esforços efetuados por um país no
combate à fome e má nutrição, sendo que as hortas escolares podem ajudar a melhorar a nutrição
e a educação das crianças e das respetivas famílias, quer em meios rurais, quer em meios urbanos.
A FAO promove as hortas escolares como uma plataforma de aprendizagem, acima de tudo, mas
também como um veículo que pode dar origem a uma melhor nutrição, por assim dizer. As escolas
são encorajadas a criarem hortas para aprendizagem – estas devem ser moderadas no tamanho,
para que possam ser facilmente geridas pelos alunos, professores e pais, mas também devem
permitir a produção de uma boa variedade de vegetais e frutos. E deve ser possível igualmente
criar animais de pequeno porte, como galinhas e coelhos. Os métodos de produção são simples,
para que possam ser facilmente replicados pelos alunos e pais em suas casas.
A0218Pt/1/05.16