Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
PROPOSTA
PROJETO DE EXTENSÃO
RESUMO
1 - INTRODUÇÃO
Ribeirão das Neves é mais uma cidade da região metropolitana de Belo Horizonte que podemos
distanciamento repercute em uma identidade cultural e territorial frágil em relação à cultura nevense,
entendida como a produção artística nas suas diversas expressões, de grupos tradicionais à novos artistas
locais. Acreditamos que essa identidade negativa2 sobre a cidade é uma barreira para o empoderamento
sentido, destaca-se a importância de projetos que trabalhem no sentido de uma positivação da identidade
técnicas culturais afro-brasileiras no município de Ribeirão das Neves, fortalecendo a cultura popular
tradicional, ou seja, o patrimônio cultural imaterial, a partir do protagonismo dos grupos culturais locais.
pertencimento ao território, uma vez que trabalha os elementos que compõe a cultura comum da qual
compartilhamos.
Os motivos para se executar o projeto vêm do que consideramos como demandas da própria cidade. O
município de intervenção é Ribeirão das Neves/MG, que conta com 350.000 habitantes, com problemas
variados problemas, podemos destacar uma população majoritariamente negra e de baixa renda, que
trabalha em empregos precários, em sua maioria em outros municípios (“cidade dormitório”), recebendo
baixos salários. A cidade apresenta altos índices de mortalidade juvenil, em especial entre a juventude
negra e apresenta uma rede frágil de políticas públicas, inclusive para a cultura e inclusão social3.
2 Sobre isso, vale a pena citar a pesquisa em desenvolvimento no IFMG Ribeirão das Neves,
coordenado pela professora Maria das Graças Oliveira: "Ribeirão das Trevas": a vergonha cultural
sobre a história e a cidade de Ribeirão das Neves/MG. (OLIVEIRA; PESSOA BRANDÃO, 2017).
Acreditamos na capacidade de transformação que a tradição afro-brasileira carrega: o poder de, a partir
do reconhecimento dessa identidade, fazer despertar atitudes críticas, que levem os indivíduos a
Diante dessa potencialidade, é possível associar as atividades corporais a uma dimensão política: ao
praticar capoeira, ao dançar o Samba de Roda, estamos preservando e interpretando uma tradição.
Tradição em toda a densidade que carrega esse conceito, como arcabouço de experiências coletivas
Desenvolveremos oficinas artísticas, rodas didáticas de Capoeira, sempre na tentativa de fomentar nas
crianças, jovens e adultos a capacidade de se reconhecerem como sujeitos que, como brasileiros, tem
manifestações que consolidam referências para a construção de identidades locais, contribuindo para a
preservação da tradição. Esses grupos são fortemente enraizados no território, porém apresentam
inúmeras dificuldades de garantir a sua própria existência, uma vez que desenvolvem suas atividades
sem fins lucrativos e não recebem nenhum tipo de apoio para a manutenção de suas práticas.
Portanto, este projeto justifica-se por se propor a atuar em uma cidade com contexto social, cultural e
político adverso, que apresenta poucas alternativas para sua população e necessita de intervenções no
sentido de fortalecer as iniciativas e expressões locais que contribuam para a superação dessa realidade.
Ainda, se justifica pelo potencial que possui de fortalecer a identidade cultural afro-brasileira da
população nevense, considerando os prejuízos da não realização sendo a antítese de tudo o que
mencionamos: que o não fortalecimento da tradição afro brasileira em Neves significa perder a
oportunidade de fazer circular uma sensibilidade cidadã que pode agir fortemente na transformação da
realidade local, a partir do fomento e difusão da cultura popular e tradicional. E, por fim, a não
manutenção dos tradicionais grupos populares culturais da cidade, protagonistas e detentores dos
saberes tradicionais.
2 - PÚBLICO ALVO
3 – OBJETIVOS
1. Instituir aulas de Capoeira Angola no Campus do IFMG, como uma prática acessível para toda
a comunidade.
4 - PLANO DE TRABALHO
Descreva sucintamente as AÇÕES previstas para cada objetivo específico. Responda objetivamente: O
que será feito, como, quem será responsável e porque as atividades serão executadas.
1. Realizar três vezes por semana, nos horários diurno e noturno, aulas de capoeira angola nos
espaços esportivos do Campus. As aulas serão ministradas por professores de Capoeira
pertencentes à comunidade do entorno do IFMG. Tais atividades serão executadas com o
objetivo de fomentar a conservação e a preservação da Capoeira Angola e outras expressões
afrobrasileiras correlatas que são desenvolvidas na cidade, como, por exemplo, o Samba de
Roda.
2. Os eventos de Capoeira Angola acontecerão no mínimo 1 vez por ano. O objetivo é fazer do
Campus um ponto de encontro dos agentes culturais que preservam as tradições afrobrasileiras
na cidade, como, por exemplo, o Congado. A ideia é que os eventos transcendam a Capoeira
Angola, mas englobem outras expressões culturais populares, com o fim de divulgá-las e
salvaguardá-las, despertando no público participante o sentimento de cidadania e identidade
para com as tradições praticadas em Neves. Os eventos serão organizados por aqueles
diretamente envolvidos na condução do projeto (professores de Capoeira, professores e alunos
do IFMG).
5 – IMPACTO DO PROJETO
5.1. Tecnológico
5.2. Social
O objetivo é que o patrimônio cultural praticado na e pela comunidade seja divulgado para os cidadãos
residentes na própria comunidade do entorno do Campus do IFMG. Acreditamos que o principal
impacto social reside no reconhecimento identitário como uma cultura que é afrobrasileira mas que é,
sobretudo, nevense. É valorizar a produção cultural própria da cidade e elevar a autoestima de uma
cidade que comumente é desvalorizada devido às suas difíceis condições de urbanização, devido ao
nível de criminalidade, entre outros.
5.3. Econômico
Com o projeto acreditamos que poderemos promover os profissionais de Capoeira Angola que
ministrarão as aulas no Campus. Acreditamos que com um bom desenvolvimento do projeto tais
profissionais poderão lançar mão de sua experiência no IFMG para ministrar pela cidade, e mesmo em
outras localidades, cursos de Capoeira, Musicalidade, entre outros. Essa seria uma forma de fortalecer
profissionalmente e economicamente os agentes que se disponibilizarão a ministrar gratuitamente as
aulas de capoeira no Campus. Outro impacto econômico refere-se aos eventos de Capoeira que
realizaremos no Campus. Além de receber os próprios nevenses, esperamos receber capoeiristas de todo
o Brasil, e internacionalmente, que aquecerão o comércio da comunidade local por meio do consumo.
6 - METODOLOGIA
Ainda que tenhamos tido avanços no sentido de uma escola que valorize a diversidade4 é preciso
reconhecer que ainda existe um longo caminho a ser percorrido. A escola ainda se apresenta como uma
instituição predominantemente eurocêntrica, expressão disso é, por exemplo, a forma como a História é
apresentada pelos livros didáticos permeados de uma concepção positivista historiográfica, em que
existe um crescendo em relação aos tempos históricos: o oriente, a África, geralmente são tratados no
início dos livros e, de forma progressiva e evolutiva, os capítulos posteriores vão se aproximando da
história européia. Em outras palavras, tratam-se de degrais evolucionistas: do exótico (o oriental, o
índio, o africano) para a civilização (a europa e o legado cultural europeu para as nações).
O presente projeto pretendo romper com uma forma de ensino de história ligada à tradição escolar
européia. Primeiro, trata-se de romper com os tempos e espaços escolares tradicionais; o diálogo sobre
história será pautado pelo jogo de capoeira. Entendemos que seja necessário a prática de um ensino de
história que valorize a diversidade cultural, o pluralismo em diálogo, e para que isso aconteça,
metodologicamente as práticas de ensino de verão ser conduzidas relativizando o estatuto gnosiológico
de um conhecimento de tradição ocidental e acadêmica como é o historiográfico.
Em um país como um Brasil, de uma dimensão territorial, multirracial e multiétnica, pautar a forma de
transmissão da memória social por meio de um único conhecimento tornado oficial por uma instituição
de tradição branca, é não levar em conta a diversidade de formas de se transmitir o conhecimento sobre
4 A expressão disso pode ser conferida pela promulgação de um conjunto de leis que pautam a
necessidade de uma educação multicultural, de valorização de traços culturais brasileiros de origem
não-européia: a LDBEN no seu art. 26, § 4º; o Ministério da Educação no art. 210 de nossa Carta
Magna; o Programa Nacional de Direitos Humanos (BRASIL, 1996); a Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de
2003, que estabelece a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”. (FERNANDES,
2005, p. 383-384).
o passado humano. A capoeira é, pois, nesse sentido, entendido por nós como um saber histórico, uma
ciência histórica; “ciência” aqui entendida em um sentido lato, não somente associada ao conhecimento
acadêmico, mas como uma forma própria cultural de se produzir e reproduzir um conhecimento sobre a
tradição.
Nesse sentido, a metodologia a ser desenvolvida nesse projeto pretende relativizar a preponderância de
uma forma de se transmitir o conhecimento histórico que seja relacionado diretamente a forma escolar
tida como “superior” e “civilizada”. É quebrar com uma visão monocultural e eurocêntrica de nosso
passado. Esse tipo de ensino de história é uma variável importante que dá origem a fenômenos
educacioais problemáticos, como o alto grau de evasão e repetência escolar por parte dos jovens
estudantes negros (FERNANDES, 2005, p. 381).
7 - CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
MÊS
ATIVIDADE A SER
Item
DESENVOLVIDA
10
11
12
1
1 Aulas de Capoeira
X X X X X X X X X X
Angola
2 Evento “Encontro de
X
Capoeiristas”
3 Cursos de musicalidade X X X X X X X X X X
4
5
6
7
8
11
12
1
9
1 Participação nas aulas
X X X X X X X X X
de Capoeira
2 Pesquisa sobre a
X X X X X X X X X
história da Capoeira
3 Caderno de protocolo X X X X X X X X X
4 Fotografias e vídeos X X X X X X X X X
5
6
7
8
(Cada aluno voluntário deve ter seu plano de trabalho individual e exclusivo)
10
11
12
1
9
1 Participação nas aulas
X X X X X X X X X
de Capoeira
2 Pesquisa sobre a
X X X X X X X X X
história da Capoeira
3 Caderno de protocolo X X X X X X X X X
4 Fotografias e vídeos X X X X X X X X X
5
6
7
8
(Cada aluno voluntário deve ter seu plano de trabalho individual e exclusivo)
Lista de presença: os professores deverão registrar por meio de lista de presença a frequencia
dos partcipantes das aulas.
Registro por meio de fotografias e vídeos: que serão devidamente arquivadas e, quando
necessárias, divulgadas por meio do site do IFMG.
11 - PARCERIAS
Buscaremos parcerias com comerciantes locais para custeio de materiais de consumo (por exemplo:
uma cobertura de lona em forma de circo para cobrir a área onde serão desenvolvidas as aulas). A
prospecção pelas parcerias começarão assim que o projeto de extensão for aprovado dentro dos trâmites
formais.
12 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERNANDES, José Ricardo Oriá. Ensino de história e diversidade cultural: desafios e possibilidades.
In: Cad. Cedes, Campinas, vol 25, n. 67, p. 378-388, set./dez. 2005.
OLIVEIRA, Maria das Graças; PESSOA BRANDÃO, Cláudio Henrique. "Ribeirão das Trevas": a
vergonha cultural sobre a história e a cidade de Ribeirão das Neves/MG. Comunicação apresentada no
XII Encontro Regional Sudeste de História Oral: alteridade em tempos de incerteza: escutas sensíveis
(Belo Horizonte, UFMG). 2017.
PINTO, Álvaro Vieira. O conceito de tecnologia. Rio de Janeiro: Contraponto. 2005. 2v.
SOUSA, Joseane de. A expansão urbana de Belo Horizonte e da Região Metropolitana de Belo
Horizonte: o caso específico do município de Ribeirão das Neves. 2008. 194f. Tese de doutorado
(UFMG), 2008.