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16/03/2016
PODER CONSTITUINTE.
Há vários conceitos na doutrina, sendo que este define bem. Essa definição abarca o
poder constituinte tanto no seu resultado formal, que é a elaboração da constituição escrita,
como também no que diz respeito ao aspecto material do poder constituinte, como aquele
capaz de definir os princípios regentes do estado, direitos fundamentais, limites aos poderes
estatais etc.
Conceito:
Aparece na obra do Abade Emmanuel Joseph Sieyès, no seu livro “Qu’est-ce que le Tiers
État?” (“O que é o Terceiro Estado?”, “A constituinte burguesa”), 1788.
Ele faz a Distinção entre: Poder constituinte (pertence à Nação); e Poderes constituídos
(derivam do poder constituinte).
Pergunta-se: Nação é sinônimo de povo? R. para a maior parte da doutrina não. Para
eles Seyès não usou a palavra povo, e sim nação, de propósito. Povo diz respeito ao conjunto
de homens que formam o elemento humano do estado em um dado momento histórico. A
nação já traz uma ideia de permanência, de interesses permanentes da comunidade. Isso faz
como que possa haver até mesmo um choque dos interesses do povo e da nação. Os interesses
momentâneos do povo que compõe a nação naquele momento histórico podem se contrapor
aos interesses permanentes da comunidade. Nação e povo não se confundem na obra de Seyès.
Natureza jurídica do poder constituinte: é um poder de direito ou um poder de fato?
Por esse viés o poder constituinte existe com fundamento no direito natural. A razão de
existir do poder constituinte é uma razão jurídica, por isso um poder jurídico.
Não é jurídico, é pré-jurídico. Ele antecede a ordem jurídica. A ordem jurídica começa
com a constituição, que será o fundamento de validade das leis, regulamentos etc.
A teoria da soberania popular é a predominante, adotada pela CF88, que diz que todo
poder emana do povo, que exerce diretamente ou por meio de representantes eleitos.
Pergunta-se: O que significa povo? R. é uma palavra plurívoca que pode assumir
diversos significados diferentes.
Para Canotilho:
A ideia de povo não está ligada somente a ideia de nacionais ou de eleitores, cidadãos.
Não está ligada somente ao ser humano. Também pessoas jurídicas podem ser incluídas na ideia
de povo, como partidos políticos, igrejas e associações, nas palavras de Canotilho. Todos aqueles
que podem influenciar a tomada de decisão pré-constituinte ou constituinte.
O exercente pode ser alguém eleito ou não eleito. Exercente (agente) do Poder
Constituinte:
Exercente eleito: pode ser uma Assembleia Nacional Constituinte, que pode ser de duas
espécies: Soberana (não limitada por plebiscito ou referendo); e Não soberana (limitada por
plebiscito ou referendo).
O titular do poder é o povo, e ele pode decidir por plebiscito anterior à assembleia
nacional constituinte sobre determinadas matérias, limitando a assembleia nacional
constituinte. Ou o povo pode dizer que o resultado da assembleia passará pelo crivo de uma
consulta popular posterior (referendo).
Exercente Não eleito: pode ser Ditador; Líder Revolucionário; Comissão de “notáveis”;
etc.
A Doutrina moderna não aceita essa divisão clássica mais, reputando a visão clássica
como ultrapassada. A doutrina moderna entende que só há o poder constituinte, ele não se
divide, não há espécies de poder constituinte. Mas o poder constituinte mesmo é aquele que
tem um outro poder correlato a ele, que é o poder desconstinstituinte. Só quando há uma
correlação entre eles que nós podemos falar na existência de um verdadeiro poder constituinte.
São duas faces de uma mesma moeda. O poder desconstituinte é o poder de apagar toda a
ordem jurídica precedente, ele pode fazer com que toda a constituição e direito positivo anterior
seja jogado fora, e o poder constituinte vai constituir, a partir dessa premissa, uma nova ordem
jurídica:
A divisão moderna retoma a divisão clássica do Seyès, que faz a divisão entre poder
constituinte e poderes constituídos.
OBS: o poder material precede o formal. Primeiro você decide. Tomada a decisão você
escreve a decisão, formalizando-a em uma norma constitucional.
a) Poder Fundacional (histórico). Aquele que funda o estado pela primeira vez. É o caso
da nossa constituição de 1824. Aqui o Poder constituinte existe antes do estado, ele é anterior
a formação do estado; e
No golpe de estado nós temos a tomada do poder por uma parte daqueles que já
exercem o poder. Na revolução há a tomada do poder pelo povo, que o toma dos exercentes do
poder, os quais chegaram a um ponto de opressão popular. Aqui eles rompem com o direito
positivo, por isso a revolução é sempre ilegal, embora possa ser legitima, porque tem fulcro no
princípio democrático e na vontade popular, mas ilegal porque formalmente falando rompe com
o direito posto. Aqui temos uma ligação entre o poder constituinte e o direito à revolução.