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O Yoga Clássico e a sua importância no período moderno
Resumo
O presente trabalho salienta o valor das práticas tradicionais do yoga clássico, compilado pelo sábio
Patañjali, para a época pós-moderna. Os três capítulos que compõem a parte textual mostram-nos
a tradição filosófica do yoga clássico, no contexto das filosofias da Índia, a forma como as práticas
podem ser integradas nas modernas sociedades ocidentais.
Palavras-chave:
Yoga Clássico, Patañjali, Yoga Sūtra, Yoga
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Paulo Hayes
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O Yoga Clássico e a sua importância no período moderno
Índice
Introdução ........................................................................................................................... 6
Conclusão ......................................................................................................................... 20
Bibliografia ....................................................................................................................... 22
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Paulo Hayes
Introdução
O yoga é um fenómeno cultural transnacional. As técnicas que o compõem foram difundidas no país
de origem do yoga, a Índia, mas também um pouco por todo o mundo ocidental. Se o yoga é uma
prática espiritual, filosofia prática de vida e quiçá religiosa não hierarquizada, torna-se necessário
trazer o tema à academia e incidir a investigação numa perspetiva antropológica e social, não
apenas numa perspetiva técnica e metafísica. Um trabalho desta envergadura não cabe numa
sucinta introdução ao tema. Seria, antes, digno de uma tese ou dissertação de mestrado.
Face às novas correntes espirituais, provenientes do Oriente, importa saber de que forma pode a
filosofia milenar do yoga ser adaptada ao estilo de vida moderno das sociedades ocidentais. Parece
que o yoga poderá preencher um espaço de espiritualidade, agora sem hierarquias e excessos de
dogmática, onde outras espiritualidades e religiões parecem vir a perder terreno, com praticantes e
fiéis cada vez mais desmotivados. Interessa-nos perceber de que forma prática é possível aplicar
técnicas do yoga clássico, para uma vida mais saudável, harmoniosa e menos stressante. O
presente trabalho, como veremos mais abaixo, aborda as oito disciplinas do yoga clássico e
explica-as sucintamente, sem as complicações da interpretação do sânscrito, tanto quanto possível
de uma forma organizada e sistemática para o leitor. A linguagem do yoga reveste-se de alguma
tecnicidade e muitos dos conceitos subjacentes são polissémicos, o que poderá despertar num
publico não praticante algumas dúvidas quanto ao significado exato das palavras. O processo de
aculturação do yoga ás sociedade ocidentais trouxe, a reboque, misticismos encapsulados e
tentativas de explicação de um universo energético e psíquico, o qual não costuma caber no
imaginário popular Português. Os primeiros registos de ensinamentos de yoga em Portugal são
relativamente recentes, não anteriores aos anos 50 do século passado. São sabidos, desde a
década de 40 do século passado, os efeitos terapêuticos destas práticas Indianas. O yoga pode
funcionar também como um processo terapêutico, extremamente barato e eficaz. Os praticantes,
por via de diversos estudos, reportam melhorias significativas nos seus estilos de vida.
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1. As filosofias da Índia
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1.2. A tradição filosófica do Mīmāṃsā não existe mente nessa altura. Mais tarde, os
Mīmāṃsākas aceitariam as ideias vedânticas
A escola Mīmāṃsā é ativista por natureza. O de Ātman.
texto principal é o Mīmāṃsā-sūtra de Jaimini,
com data provável no ano 400 ac. Existem dois
tipos de ativismo: o dos niruktas e o dos 1.3. A tradição filosófica do Vaiśeṣika
mīmāṃsākas. Os niruktas afirmam que Ātman
é pura atividade, contínua e ininterrupta. A A tradição filosófica do Vaiśeṣika foi fundada
língua védica é a única que corresponde à por Kaṇāda em 400 bc. Trata-se de uma
natureza da realidade e recomendam uma vida tradição teísta, realista e pluralista. Vaiśeṣika
ativa para que o Homem realize o Self, ou significa particularista e em certa medida
Ātman. Para os Mīmāṃsākas, a atividade é a adotou as teorias lógicas e epistemológicas da
força controladora do universo, mas não é tradição Nyāya, razão pela qual optamos neste
criadora. Ātman não é atividade em Si mesmo, texto não verter nenhuns comentários sobe a
mas o agente da atividade. Esta escola filosofia Nyāya. Kaṇāda enfatiza as
defende o questionamento crítico. A tradição características dos objetos cognoscíveis.
filosófica do mīmāṃsā divide-se depois em Existem sete categorias das coisas; a
duas grandes tradições: o purva mīmāṃsā ou substância ou dravya, a qualidade ou guṇa, o
o primeiro mīmāṃsā, com ênfase nas duas universal ou sāmānya, o particular ou viśeṣa, a
primeiras partes dos Vedas. O Uttara inerência ou samavāya e a negação ou
Mīmāṃsā, o posterior ou vedānta, que dá abhāva. Outra particularidade desta escola é a
maior relevância ás duas últimas partes dos afirmação de Kaṇāda da existência de nove
Vedas, especialmente o estudo dos upani ads. tipos de substâncias, a saber: terra, água,
A escola mīmāṃsā tem duas sub-escolas: a de fogo, ar, éter, tempo, espaço e mente. O
Kumārila e a de Prabhākara. A epistemologia é tempo e o espaço são independentes, eternos,
baseada em seis fontes de conhecimento; a indivisíveis e elementos presentes em tudo. O
perceção (pratyakṣa), a inferência (anumanā), tempo é a causa do conhecimento das
a comparação (upamāna), o testemunho distinções ou diferenças: passado, presente,
verbal (śabdapramāṇa), a postulação futuro. O mesmo acontece com o espaço, que
(arthāpatti) e a não-cognição (anupalabdhi). A é dividido nas posições de este, oeste, norte,
principal problemática epistemológica desta sul, cima, baixo. O tempo tem ainda a
tradição filosófica é o erro percetual, a característica de ser o criador de tudo o que
diferenciação entre ilusão e verdade. nasce. É o sustentáculo de todos os mundos.
Defendiam que viver é ser ativo e que se deve Quanto a Ātman ou espírito, este é eterno, há
que desfrutar das ações mundanas. Troçavam vários e são infinitos, é o substrato da
dos celibatários e dos renunciados. Para os qualidade. Ātman só pode ser consciência
Mīmāṃsākas, a ação e o seu fruto são quando está em contacto com a mente. À
intermináveis. A salvação não é semelhança do yoga clássico, para esta
necessariamente sinónimo de felicidade pois tradição filosófica deus é um dos Ātmans.
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2.1. Dados históricos sobre Patañjali e que carecem de mais evidências e provas
estrutura do yoga sūtra concretas e não são apoiadas pela maior parte
dos investigadores. O nome Patañjali era
Das seis escolas filosóficas, o yoga é a única comum e provavelmente existiriam vários
que envolve uma prática simultaneamente indivíduos com o mesmo nome. Quando
física e mental. A palavra yoga poderá falamos de Yoga, em sentido lato, entendemos
significar união, nos sistemas de yoga pré e qualquer tipo de yoga, qualquer método
pós-clássico, mas também se pode entender essencialmente pratico que conduz ao
como separação no sistema de yoga clássico. samādhi. No sentido restrito, quando falamos
Yoga é uma palavra polissémica, com mais de de yoga referimo-nos ao raja yoga, ou aṣṭāṅga
cem significados1. Para efeitos de yoga de Patañjali e aos yoga sūtras. O termo
sistematização, convencionou-se chamar raja yoga, na verdade, não deriva de Patañjali
clássico ao período a que corresponde a (Birch, 2014: 401-44). Ao longo dos séculos
datação dos aforismos do sábio Patañjali. O vários comentadores escreveram comentários
mesmo terá compilado, reunido pela primeira ao Yoga Sūtra de Patañjali. Os mais
vez, numa obra designada por yoga sūtra, as importantes comentários são os de Vyasa,
principais técnicas praticadas naquela altura. Vijñānabhikṣu e de Swami Vivekananda, O
Trata-se, portanto, do primeiro e mais texto clássico, os yoga sūtra, são compostos
completo tratado antigo sobre yoga. Através do por 4 capítulos e 196 sūtras, 195 para a escola
estudo do tipo de sânscrito vertido na obra, é de kaivalyadhama de Lonavla. Para o
possível chegar a alguma conclusão quanto à darśhana yoga o conhecimento da mente e
data original da compilação. A academia seus mecanismos de transcendência só pode
costuma situar a obra entre dois séculos antes ser obtido através da experiência direta e da
e dois séculos depois da era comum. No prática reiterada. Podemos perceber os
entanto, tanto a datação como o facto de o conceitos e trabalhar na esfera intelectual das
texto ter sido modificado ao longo dos séculos, ideias e arquétipos, mas Patañjali deixou-nos
não nos permite ter uma opinião única. Todas injunções precisas e claras para um caminho
as práticas anteriores a esta data são prático que pode ser trilhado se queremos
consideradas como período pré-clássico e as ultrapassar o ego, obter sabedoria, e alcançar
posteriores são enquadradas como sendo a libertação do sofrimento e da roda dos
período pós-clássico. O autor dos yoga sūtras renascimentos.
terá, segundo poucos comentadores, escrito
O sistema de yoga clássico reflete a corrente
outros textos. Como médico, Patañjali poderá
teísta seshvarawada, com īśvara, da filosofia
ter sido Charaka e escrito o Charaka Saṁhitā,
sāṁkhya. Este sistema de dualidade cósmica
tratado de medicina ayurveda. Como
preconiza dois princípios – purusha e prakṛti –
gramático poderá ter sido Pāṇini e terá escrito
em que no jogo cósmico encetado pelo
a obra Aṣṭādhyāyī. São, no entanto, teorias
espírito, envolto na matéria, este
frequentemente se engana sobre a sua própria
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http://www.sanskrit-lexicon.uni-koeln.de/monier/ natureza essencial, o Self. O yoga, para
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alguns, pode ser visto como a parte prática do 2.2. O primeiro capítulo do Yoga Sūtra
sāṁkhya, propõe ferramentas para o retorno à
essência primordial do ser humano. No yoga O primeiro capítulo do yoga sūtra de Patañjali
não se aprende nada de novo, pelo contrário, começa com uma introdução e definição do
desaprende-se e desconstrói-se os yoga nos aforismos 1 e 2. Segue-se uma
condicionamentos adquiridos ou impostos ao discussão sobre estados possíveis da
indivíduo. Ao ultrapassar as três forças consciência nos versos 3 e 4. A descrição dos
operativas do universo – tamas, rajas e sattva vṛttis ou flutuações da consciência é depois
– o yogui alcança o estado perfeito de referida nos aforismos 5 até 10. Pode-se
conhecimento do si mesmo transcendental. alcançar o controle destes vṛttis através da
Conhecendo-se a si próprio, ele conhece o prática continuada e do desapego conforme
universo. previsto nos versos 12 a 16. Vários tipos de
samādhi são descritos, há uma divisão em
samprajñāta e asamprajñāta, nos versos 17 e
18 e nos versos 20 a 22 como alcançar estes
estados de consciência. O subsistema
Īśvarapraṇidhana surge nos versos 23 a 29
como um possível método para alcançar o
objetivo do yoga. Alguns autores discorrem
sobre a natureza da inserção de um processo
devocional, mais ligado à bhakti yoga, no
sistema clássico de yoga que é
essencialmente racional. A vocalização do
mantra om, seus benefícios, vem prevista nos
versos 27 a 29. O capítulo primeiro continua
com uma exposição das distrações da mente e
seus efeitos na meditação, nos versos 30 e 31.
Prescrevem-se várias técnicas meditativas,
mas não só. O cultivo de virtudes, para
combater as distrações da mente, surge nos
versos 32 até 40. Os versos 41 a 46
introduzem o tema do samāpatti, os seus frutos
nos versos 46 a 48. O capítulo conclui com
uma discussão sobre o samprajñāta samādhi
que antecede o estágio final, asamprajñāta
samādhi ou enstatis sem suporte.
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2.4. O terceiro capítulo do Yoga Sūtra 2.5. O quarto capítulo do Yoga Sūtra
O terceiro capítulo – vibhūti pada – inicia com O primeiro verso do último capítulo do yoga
a enumeração, nos três primeiros versos, das sūtra começa por enumerar diversas formas
últimas camadas do aṣṭāṅga yoga – o yoga de alcançar os poderes psíquicos ou siddhi.
interno ou antaranga yoga – constituídas por Tecem-se comentários sobre a matéria ou
dhāraṇā, dhyāna e samādhi. Patañjali designa prakṛti, nos versos 2 e 3. A formação da mente
a prática contínua destas três disciplinas por surge nos versos 4 e 5 e uma discussão sobre
saṃyama e está prevista nos versos 4 até 8. O o karma, nos aforismos 6 e 7. Os ativadores
estado de nirodha, a relação entre o substrato subliminares ou saṃskāra vêm previstos nos
e característica, vêm previstos nos aforismos 9 versos 8 até 11. Existem referências aos três
até 15. Dos versos 16 a 48 expõem-se vários guṇas e ao tempo nos aforismos 12 a 14.
poderes psíquicos decorrentes da prática de Parece haver uma espécie de crítica ao
saṃyama em relação a diversos objetos. O Budismo, nomeadamente quanto à mente e à
estado de omnisciência e libertação final – consciência, nos versos 22 a 26 e novamente
kaivalya – finalizam o terceiro capítulo, versos distrações da mente durante o processo
49 até 55. meditativo surgem previstas nos versos 27 e
28. Patañjali introduz o termo dharmamega e
os efeitos provenientes dessa prática nos
aforismos 29 a 33 e a libertação final, kaivalya,
encerra o capítulo e a obra com o verso 34.
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tempos. Esta intemporalidade das injunções textos de haṭha yoga descrevem as mesmas
éticas e morais formam a estrutura basilar das práticas, mas com nome diferentes, o que
regras de conduta que permitem ao adepto complica ainda mais o trabalho do intérprete. A
alcançar um estado transcendental, não questão dos alinhamentos nas práticas
mediado pelos sentidos, - kaivalya – ou a posturais de yoga é algo muito recente. Quem
separação final entre o espírito e a natureza. inventou o alinhamento das posturas e qual o
Essa separação opera na realidade seu propósito, se as posturas servem para
soteriológica, permitindo aos adeptos alcançar preparar corpo e mente para práticas mais
estados modificados da consciência, que de refinadas e subtis de yoga? Segundo, nós
alguma forma são inatos em todos os seres vivemos no ocidente com um clima,
humanos. Ao contrário do maya vedântico, alimentação e estilos de vida completamente
onde tudo é ilusão, a filosofia clássica do yoga diferentes dos do subcontinente Indiano.
não nega a realidade visível. Afirma antes que Nenhum ocidental, ao que se saiba, pratica
ela é temporária e perene, não é o degrau yoga na floresta e veste tanga ou uma pele de
último, faz parte de cada indivíduo em cada tigre como indumentária. Nos dias de hoje os
momento evolutivo. O yoga foi incorporado em acessórios são os tapetes, as almofadas, os
diversas culturas ao longo dos séculos. Essas cintos, incensos e quiçá música. Nos dias de
culturas e sociedades ocidentais, anfitriãs do hoje encontram-se várias escolas de
yoga, têm os seus próprios conceitos e valores diferentes tradições: o yoga vedanta, o tantra
normativos. Quando o yoga indiano entrou nas yoga, o kuṇḍalinī yoga, o yin yoga, etc. Estes
culturas ocidentais foi obviamente adaptado estilos de yoga socorrem-se essencialmente
aos modos de vida dos modernos praticantes. da prática de posturas, respirações,
O processo de aculturação é irreversível e há relaxamentos, meditação e mantras. A
que entender de que forma as práticas meditação, a meu ver, é o coração do yoga.
modificam a perceção dos praticantes e Mesmo nos yogas com características mais
impregnam uma nova visão da realidade. O devocionais – bhakti yoga – meditar na
processo transformador, ao qual divindade pessoal ou Iṣṭa-devatā e suas
voluntariamente os adeptos se sujeitam, características, fundir-se com essa mesma
traz-lhes uma cosmovisão pacífica e divindade de eleição, representa uma das
harmoniosa da vida. É impossível, nos dias de formas meditativas existentes na tradição
hoje, praticar-se yoga tal qual ele era praticado transnacional do yoga.
há dois ou três mil anos atrás. Primeiro, os
ambientes culturais e sociais eram outros e
não sabemos os detalhes dessas práticas. A
maioria dos textos dá-nos uma descrição
sumária, com ínfimas possibilidades de
interpretação por parte do leitor. Por exemplo,
o texto haṭhayōgapradīpikā não detalha
pormenores anatómicos das posturas. Alguns
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Conclusão
O yoga assume nas sociedades ocidentais uma forma poderosa de espiritualidade. Não é
hierarquizada nem sujeita a dogmáticas. Não é uma religião stricto sensu. Não existe um único local
divino: a sacralização está no próprio corpo que é um templo do espírito. O sentimento de
empoderamento3 dos adeptos manifesta-se através do aumento da confiança e autoestima,
criatividade e insights, de uma vida melhor. Os praticantes correm o risco de se tornarem naquilo
que um dia julgaram poderem vir a ser.
A tradição do yoga clássico, redescoberta por Colebrook na altura da colonização da Índia, entra
inicialmente no ocidente como uma escola filosófica de pensamento. A sociedade teosófica e a
própria Blavatsky são os principais motores da divulgação do yoga no ocidente. A partir da década
de vinte do século XIX, autores como Hegel, Max Müller e Vivekananda desprezam as práticas
corporais do yoga, considerando-as próprias de pedintes, debochados e aldrabões que
deambulavam pela Índia à procura, aqui e ali, de esmolas (White, 2012: 53-142). Antes do final do
séc.XIX, uma nova teoria foi proposta para justificar o desaparecimento da filosofia do yoga do
território Indiano: os verdadeiros yoguis que não se afastaram dos ensinamentos de Patañjali, em
favor das práticas fanáticas associadas ao tantra, poderiam ainda ser encontrados em solidão nos
Himalayas (Oman, 1908: 22-25). No início do sé culo XX,
novos atores colocam em cena um processo de medicalização
do yoga. Kuvalyananda,Yogendra e Krishnamachárya foram
os principais impulsionadores da tradição do hatha yoga e da
ginástica Indiana no mundo moderno. Sivananda e o seu
discípulo Vishnu-Devananda formam os centros internacionais
de yoga vedanta onde a cultura da Índia, nomeadamente as
tradições filosóficas do vedanta e do yoga, são disseminadas
de forma massiva. Há medida que o yoga se torna cada
vez mais popular, vai perdendo o seu caracter filosófico
e mental. As experiências dos Beatles na Índia, os
movimentos new-age e flower power, o nacionalismo
Hindu aderem massivamente ao yoga postural como
ferramenta de combate ao status quo. Abrem-se
as portas a um
afastamento cada vez
maior dos princípios éticos do
yoga clássico, da conceptualização
e da autorreflexão crítica.
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Empowerment na língua Inglesa.
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Bibliografia
Birch, J. (2014). The reincarnations of the king of all yogas. New York: International Journal of Hindu
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Singleton, M. (2010). Yoga Body: The Origins of Modern Posture Practice. New York: Oxford
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White, D. (2012). The Yoga Sutra of Patanjali. New Jersey: Princeton University Press.
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