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LUCIANO G. COUTINHO e LUIZ GONZAGA DE MELLO BELLUZZO * O DESENVOLVIMENTO DO CAPITALISMO AVANCADO E A_REORGANIZACGAO DA ECONOMIA MUNDIAL NO POS-GUERRA ** * Do Departamento de Economia e Planejamento Econdmico da Universidade Estadual de Campinas. ** Os autores agradecem as criticas e comentérios de Maria da Conceigio Tavares, Joao Manucl Cardoso de Mello e José Eduardo de Carvalho Pereira 1, INTRODUCAO: CAUSAS IMEDIATAS DA OCRISE ATUAL No fim dos anos sessenta, 0 longo ciclo ascen- dente que havia caracterizado a economia norte-americana ja dava mostras de desfalecimento. A inflag&o e 0 déficit do Balango de Pagamentos agravaram-se seriamente, exigindo a adocg&o de medidas contracionistas. Os anos de 1969 e 1970 foram de reces- sio, com a nova administragio republicana de Nixon. Logo, porém, essa politica foi revertida em favor de medidas expan- sionistas, que realimentaram o trend de crescimento, desembo- cando numa superexpansdo sincronizada de todas as economias capitalistas no periodo 71/73, sob a lideranga Estados Unidos. Esse boom recente apresentou algumas caracteristicas peculiares. Em primeiro lugar, a politica expansionista foi superimposta a um ciclo decenal de expansio, que jé dera mostras de esgota- mento, sobretudo no que diz respeito & potencialidade dinfmica dos setores lideres, quais sejam: o oligopdlio automotriz, eletro- eletrénico e a construcéo civil. Assim sendo, a economia sobrein- vestia exatamente nos setores cuja capacidade de renovacio tecnolégica estava congelada e nos quais a lideranga americana vinha sendo colocada em xeque pelo export-drive alemio e japo- nés, desde 0 inicio da década dos 60. Ao mesmo tempo, os seto- res onde efetivamente se processava a inovacio tecnoldgica (aeroespacial e associadas) apresentava baixa capacidade de difusio e, portanto, de empuxe em relagio as demais. Esta redu- zida capacidade de absorcio de inovagGes estava, por sua vez, determinada pelo elevado grau de imobilizacéo recente em capi- tal fixo, na maior parte dos setores industriais, especialmente no de bens durdveis. Certamente, as grandes empresas oligo- polistas néo admitiriam a esterilizagéo precoce destas massas de capital recém-imobilizadas, preferindo sustentar a expanséo de seus subsistemas internacionalizados. Este estilo de crescimento da economia americana favorecia, por sua vez, o reforgamento das estratégias de expansfo do capi- talismo alemao e japonés. Estas estratégias, desde o pds-guerra, estavam baseadas no dinamismo dos seus respectivos setores de bens de produc&o e na sustentacéo de um esforco de expor- tagéo dirigido para as brechas criadas pela falta de agilidade inovadora da industria americana. Ainda que estes problemas estivessem presentes em toda a década dos 60, atingiram sua culminancia exatamente neste periodo de auge sincronizado. Estimulada pela politica expansionista, a taxa de acumulacéo acelerou-se em todas as economias, levando a uma situagio gene- ralizada de superacumulacio. A sincronizagéo do auge ciclico foi construida a partir de dois movimentos. De um lado com a intensificagao do processo de internacionalizagéo do grande capital de todos os sistemas cen- trais, em crescente interpenetragéo. De outro, a aceleragio do crescimento americano, com abertura crescente, transferia po- tentes estimulos as outras economias capitalistas. Essa abertura estava materializada na ampliagio do déficit do Balango de Pagamentos dos Estados Unidos, que agora passava a incluir um crescente desequilfbrio na balanga de comércio, financiando a expansio répida dos setores exportadores na Europa e no Japao. Como € sobejamente conhecido, o sistema monetdrio inter- nacional jé havia mergulhado em crise desde 1968, pela persis- téncia do déficit estrutural do Balanco de Pagamentos norte-ame- ricano, causado pelas enormes despesas militares (Vietni) e pelo movimento de exportagio de capitais. Na conjuntura re- cente, o recrudescimento das press6es deficitdrias acarretou a dissolugao formal das paridades de Bretton-Woods, provocando grande instabilidade no circuito financeiro internacional. A imi- néncia da desvalorizagéo do dolar aliada ao tremendo movimento especulativo (facilitado pelo Governo Americano) sobre as moe- das “fortes” (marco, yen) levou, apos dificil] negociagao, ao esta- belecimento de paridades provisérias em 1971. E importante ressaltar aqui a magnitude relativa ja alcancada entao pelo cir- cuito financeiro privado (filiais de grandes Bancos e agentes independentes). Vulgarmente conhecido como “Euromoedas”, este circuito movimenta uma enorme massa de capital-dinheiro sem o controle de qualquer instituicao oficial.* Neste clima de incerteza e baixa confiabilidade nas novas pari- dades, a continuacao do déficit do B. P. americano reacenderia a especulacio financeira, agravando as turbuléncias sobre as novas paridades e, conseqiientemente, as pressGes para uma nova desvalorizacéo do ddlar. Simultaneamente, a aceleracéo do ciclo expansivo, ao criar estrangulamentos setoriais e escassez de certas matérias-primas, atraia o circuito financeiro para uma intensa onda de commodity speculation. Essa generalizada onda de especulagéo, continuamente reali- mentada pelo déficit americano, levaria inevitavelmente @ nova desvalorizagio do délar e a um conseqiiente realinhamento das paridades, introduzindo-se taxas “flutuantes”.* Nestas condigdes, 1, Em 197% 0 volume do “Euromoedas” representava cerca de 50% da base monetéria (Mi) norteamericana ¢ pouco mais de 53% equivalente, para o conjunto da Europa Ocidental. 2. As novas paridades de 1973, implicando numa desvalorizacéo geral do délar e na apreciagéo de outras moedas mais fortes, representou uma queda acumulada de aproximadamente 30% no valor da moeda americana em relagio &s paridades pré-1971. Embora teonicamente “flutuantes”, no obedecem ao livre jogo de mercado, pols estfio reguladas pela intervengio dos Bancos Centrais, operada no sentido de evitar as pressées inflaciondrias, ja presentes na fase de expansio do ciclo, encontrariam naquele circuito especulativo um mecanismo de propagaco e amplificagio. Isto porque os rdpidos aumentos nos precos das matériasprimas e dos alimentos (gréfico II) determinaram redobradas pressdes de custo sobre os sistemas industriais, agravadas pela maior freqtiéncia de conflitos sindi- cais, préprios dos periodos de auge. E inequivoco que as raizes da crise jd estavam plantadas na tendéncia ao sobreinvestimento generalizado. O indicador mais seguro deste feadmeno foi, sem duvida, a queda acentuada € rapida da taxa de inversio, em todos os paises que lideravam a expansao, j4 em fins de 1973 (vide grafico IV). Essa contragao répida da taxa de investimento foi certamente resultado da queda da taxa de acumulagio produtiva, em fungao da criagao de capacidade ociosa nao-planejada no periodo de auge. Nestas condigées, a quadruplicacgéo dos precgos do petrdleo em outubro de 1973 funcionou simplesmente como um detonador da crise e no como sua causa, contrariando as conclusdes de muitos observadores. * 2. FORMAS DE REACAO: A INFLACAO NA CRISE Apos essa descrigéo sumaria da crise recente, podemos analisar sua forma de manifestagdo. BH inegdvel que a elevacao stibita dos precos do petrdleo contribuiu, por um grandes variacSes especulativas. Na prética sio flutuagGes limitadas, conhecides como “futuagdes sujas”. 3, Na realidade os precos do petréleo vinham se deteriorando desde o fim dos anos 50 © seu reajuste veio cumprir o papel de recuperar a rentabilidade do oligopdlio petrolifero tornando lucrativa a prospeccéo de novas Areas, sobretudo nas plata: formas continentais. Do ponto de vista do cartel de produtores a elevagdo dos precos tornou possfvel a recuperagio das margens de lucro que permaneceram relative mente comprimidas durante 0 pés-guerra, excetuando um periodo de pregos altos durante a Guerra da Coréia. A estrutura da industria de petroleo modificou-se bastante no pés-guerra. Enize 1953 e 1972 mais de 300 novas empresas privadas de medio porte e cerca de 5 empresas estatais (algumas de tamanho néo desprezivel) entraram no mercado internacional de petrdleo e refino, Em 1953, a Unio Sovigtica retorna_ao cendrio intemacional como grande exportadora de petrdleo, contribuindo para tornar 0 mer- cado ainda mais competitive. Em resumo, em 1973 bavia pelo menos 50 novas grandes empresas integradas que néo existiam antes de 1953. Varias inovages técnicas e descobertas de reservas permitiram a proliferagio dessas novas empresas, capazes de absorver economies de escala e de operar eficientemente no contexto de um mercado em expansio. A queda do nivel de concentracao causada pela entrada de novas empresas e a intensificagio das rivalidades oligopolistas no mercado inter- nacional de petrdleo e derivatios explica por que os precos relatives do petrdleo comegaram a eair nos anos. 60. Neil Jacoby, no seu livro Multinational Oil (Nova Iorque, Macmillan, 1974), stim gue a queda relativa nos precos reais situou-se em toro de 30% entre o ano de pico (1975) © 1962. Durante todo o perfodo dos anos 60 os pregos mantiveram-se quase gue colados naquele patamar — deteriorando — crescentemente os termos de. {roca contra os produtores de dleo bruto. Este tipo de desenvolvimento acarretou, natural- mente, ume compressio relativa de margens de lucro em toda a industria, atin: gindo ‘mais drasticamente @ produgiio de Gleo bruto. A forte aceleragao inflacionéria do boom recente pressionaria os produtores a um maior grau de cartelizagéo neces: 9 Jado, para acelerar o mergulho das taxas de acumulagéo e, de outro, para acentuar as pressdes inflacionérias em curso. O que nos interessa, porém, é explicar como as estruturas industriais oligopolizadas reagiram a estas pressdes. Como é sabido, o primeiro movimento de uma estrutura oligo- polizada frente 4 crise se dé no sentido de proteger suas mar- gens de rentabilidade. A consecugSo deste objetivo em condigées de demanda declinante implica, obrigatoriamente, em fortes re- dugées de quantidades produzidas, acompanhadas por redugdes proporcionais no volume fisico de insumos correntes — sem que seus respectivos custos monetdrios sejam rebaixados. Por outro lado, o aumento de capacidade ociosa eleva os custos fixos unitdrios. Se as empresas desejam defender sua rentabilidade, diante da conjugacéo do aumento dos pregos dos insumos cor- rentes e dos custos fixos unitdrios, torna-se inevitdvel o alarga- mento das margens de lucro. Este alargamento eldstico faz-se necessério — na conjuntura de recessao inflaciondria — em fun- cao do aumento dos custos fixos na estrutura real de custos e em virtude do crescimento dos custos diretos nominais. Esse fend- meno tende a ser mais importante quanto maior a incidéncia de custos fixos (inclusive overhead) derivada de capacidade ociosa n&éo desejada. Mecanismos semelhantes podem ser obser- vados no comportamento do grande capital comercial (sobre- tudo alimentos e matérias-primas). Na etapa de aceleracgéo do crescimento acumulam estoques, jogando na elevagio continuada dos precgos (inclusive através de contratos a termo). Quando sobrevém a crise, surpreendidos pela ampliagéo indesejada dos seus estoques, véem-se obrigados a evitar sua desvalorizagéo e a arcar com custos adicionais de retengio. Quedas stibitas nos precos provocam reacdes defensivas para evitar quebras vio- lentas. Isto pode ser feito quer através de acordos (cartéis) quer mediante a redugio da oferta pelos grandes atacadistas, visando a manter seus precos relativos frente @ aceleracio da inflagéo. O grafico II ilustra como o inicio da crise provoca uma queda momentanea nos precos dos alimentos e matérias-primas, seguida de uma forte elevacgio a partir do segundo semestre de 1975. Ora, se levarmos em conta que no periodo imediatamente ante- rior 4 crise atual ocorreu aumento generalizado das margens de capacidade nao utilizada e uma rdpida acumulagao de esto- ques, pode-se entender com facilidade por que nela as taxas de desemprego e inflagio se aprofundaram inusitadamente, reve- sérlo pare que pudessem implementar, desde 1971, reajustes mais répidos em seus Pregos de entrega do leo bruto. A’ especulacio generalizada sobre as matérias- Brimas em 1973, acoplada ao momentum politico favordvel com a eclosio de guerra Erabe-istaclense,’ levaria.finalmente & quadruplicagio de pregos ‘eA catallzaglo da crise J iminente em todas as economias avancadas. 10 Jando que sdo fenémenos inter-relacionados nas crises do capi- talismo moderno, Do ponto de vista da circulagéo do capital, esta forma de rea- cdo & crise se desdobra num ingurgitamento dos fluxos de capi- tal que nao encontram aplicagio imediata na esfera produtiva. Amplia-se o circuito financeiro, como forma alternativa de valo- rizagdo das massas de capital: reforcam-se os impulsos 4 espe- culagio e simultaneamente se acelera o processo de centraliza- cao de capitais. Os conglomerados que conseguem sustentar suas taxas de rentabilidade corrente utilizam-se de forma mais in- tensa de aplicagdes financeiras, langando-se também a incorpo- Tagao das empresas menos resistentes 4s situagdes de crise. Em outras palavras, as empresas-lideres nas estruturas oligo- polistas logram ampliar suas margens liquidas de lucro, for- cando porém as empresas marginais (inclusive grandes empre- sas de custos médios totais mais elevados) a aumentarem seus coeficientes de endividamento. Desta forma, & medida que a recessAo se aprofunda, aumenta a carga média de juros, que incide diferencialmente na estrutura oligopolista, em desfavor das empresas mais débeis. Devemos lembrar que este processo pode se tornar cumulativo, em funcio da forma de articulagio dos oligopdlios com o sistema financeiro, dado o elevado nivel de endividamento preexistente. Este foi, seguramente, um meca- nismo adicional de propagacio das pressdes inflaciondrias. 3. DESDOBRAMENTOS: IMPACTOS SOBRE AS ECONOMIAS NACIONAIS ‘Vejamos agora como esta forma de reacéo re- percutiu no cenério internacional. E curioso observar que a recesséo inflaciondria continha mecanismos defensivos que per- mitiram as economias industriais avangadas absorver rapida- mente o impacto da elevacio dos pregos do petrdleo, rever- tendo a situagio desfavordavel, tanto no que se refere aos termos de troca quanto no que diz respeito ao desequilibrio de suas contas externas. Desde logo, a aceleracio inflaciondria foi rever- tendo o hiato dos precos relativos em favor dos produtos indus- trializados. Jé em 1975 as economias avangadas apresentaram um substancial superavit global em seus balancgos de pagamen- tos (vide tabelas 3 e 4). Isto decorreu nao sé de reducdes nas importag6es, como também da expansio das exportacdes (com termos de troca favordveis) de material bélico, equipamentos (sobretudo petroquimica) e cereais para os exportadores de petrdleo. nn Além disso, o excedente de petroddlares nao absorvido via comércio foi drenado, sem maior dificuldade, para os mercados financeiros e de capitais, especialmente para o dos Estados Unidos e, complementarmente, para o “Euromoedas”. As repercuss6es da crise, bem como seus efeitos sobre as con- digdes de recuperacéo das diversas economias nacionais, certa- mente nao foram simétricas. Os Estados Unidos foram, desde logo, beneficiados. Néo eram tao dependentes da importacaéo de pet.dleo quanto as economias européias e sobretudo o Japao. Além disso, a reabsorgéo dos petroddlares foi largamente cana- lizada através dos seus bancos e em parte pelo proprio Tesouro Americano, resultando na estabilizagéo momentanea do dolar. A Alemanha também foi favorecida pela reciclagem e pela expor- tagéio de equipamentos. Entre os desfavorecidos estavam certa- mente, na Europa, a Franca, a Inglaterra‘ e a Italia. Sobre os dois Ultimos recaiu 6nus ainda maior, porquanto seus sistemas industriais néo dispunham de competitividade suficiente para fazer frente &s novas demandas do mercado internacional. O Ja- pao teve sua situacio agravada seriamente em func&o da extrema debilidade estrutural de sua economia, no que tange & impor- tacio de matérias-primas fundamentais, e em virtude da vulne- rabilidade de sua estratégia comercial e financeira apoiada no dinamismo das exportagées.* O Japao era a tinica economia central cuja taxa de acumulacéo produtiva era relativamente independente, em sua dinamica, da internacionalizagéo de seu subsistema oligopolista. Todavia, este intenso ritmo de acumulacaéo (cerca de 30% aa.) dependia de um circuito financeiro externo 4s empresas produtivas, mas interno ao conglomerado que, em ultima instancia, estava apoiado no desempenho comercial e financeiro das grandes trading-companies e dos grandes bancos. As tradings foram seriamente afetadas pela contracgéio do comércio internacional. Os bancos tiveram suas posigdes afetadas pela forte evasiéo de reservas. As economias periféricas néo-exportadoras de petrdleo foram duplamente afetadas. Além dos novos pregos do petréleo, viram- se obrigadas a pagar precos crescentemente elevados pelas suas importagées de bens de producio, provenientes das economias industrializadas. Além disso, suas exportagdes foram penalizadas pela conjuntura recessiva, tanto no que se refere aos termos de troca, em franca deterioracéo, quanto no que diz respeito ao volume exportado. Como resultado, essas economias que ja ha- 4 Velose SINGH, Ajit. “Uk industry and the world economy”. Cambridge Journal of ‘conomics (2), jun. 1977. 5. Veloce RAWATA Tadasht. “The Japanese Economic Disequilibrium”. The Developing Economies 14 (13, mar. 1976. 2 viam incorrido em significativo incremento de suas dividas ex- ternas, desde o final dos anos 60, véem-se obrigadas a arcar com pesados déficits em suas contas correntes com o exterior. Na maior parte desses paises o endividamento passa a assumir card- ter cumulativo, permitido pela capacidade do sistema financeiro internacional, especialmente do “Euromoedas”, em prover cré- dito suficiente para efetuar a compensagéo dos desequilibrios correntes, 0 que nao foi feito, todavia, sem que se elevasse con- sideravelmente 0 grau de risco das novas aplicagGes. Esta conjun- tura terminaria por forcar, na grande maioria dos paises, a ado- g&o de politicas contracionistas que vieram aprofundar a reces- séo e comprometer os planos de desenvolvimento na periferia. Enquanto isso, os exportadores de petrdleo experimentavam uma fase de expansio, baseada em projetcs de formacao de bases industriais, visando em geral a integrar, através de blocos petroquimicos, o ciclo de processamento do petrdleo e deri- vados. Em alguns casos, procurou-se avangar na diregio da industria pesada, notadamente da siderurgia. A maioria, porém, nao possuia capacidade imediata de utilizar produtivamente o saldo em divisas, desviando-o para a compra de equipamento militar e para aplicagdes financeiras. Em todo caso, é bastante dificil generalizar a andlise do impacto da crise para o conjunto das economias periféricas. Hd que se tomar em conta, para avalid-lo, o grau de desenvolvimento de cada economia, parti- cularmente no que se refere @ diferenciagio, articulacio interna e peso relativo de suas respectivas estruturas industriais. Este ponto seré desenvolvido na parte final do trabalho. 4, AS RAIZES ESTRUTURAIS DA CRISE A recuperacéo do crescimento, apds 1976, tem-se mostrado modesta e instdvel. A taxa agregada de crescimento das economias da OECD atingiu nivel inferior a 4% ao ano. As politicas econémicas de corte predominantemente keynesiano tém-se revelado pouco eficientes para administrar a conjuntura atual. Como explicar esta perda de efetividade? Desde logo, a abertura de um novo ciclo expansivo exigiria que os investimentos fossem retomados de forma auto-sustentada, oO que significaria desvendar novas fronteiras de expanséo. Ora, este n&o parece ser o caso em nenhuma das economias indus- trializadas. Capacidade ociosa nfo desejada permanece na grande maioria dos setores industriais, fazendo com que os estimulos de demanda atinjam pontos esparsos da matriz industrial, sem capacidade de articular uma nova “onda” de inversées. Este € o substrato da situagfio de stop and go. Na auséncia de pdlos ino- 13 vadores capazes de liderar uma “onda” de renovagéo tecnoldgica, a perspectiva mais provavel é a de um intervalo de “miniciclos” até que seja digerida a capacidade produtiva excedente, criada ao longo da expanséo do pés-guerra, Nestas condicées, os Estados Unidos, tangidos pelo otimismo da nova administragéo democrata, anteciparam-se na adogao de uma politica expansionista mais decidida, enquanto seus princi- pais parceiros assumiram posturas cautelosas. Obviamente, man- tidas as mesmas condicGes estruturais, seréo rapidamente repos- tos os mesmos problemas do periodo 71/73 com alargamento do déficit americano e conseqiiente renovagio de ondas de insta- bilidade contra o ddlar. E bastante improvavel que os Estados Unidos mantenham isoladamente esta atitude expansionista, absorvendo as exportagdes de seus principais sécios e subme- tendo, dessa forma, amplos setores de sua industria doméstica a uma concorréncia que nao tém condigdes para enfrentar e, ademais, expondo a posicio do ddlar como moeda-reserva. Esta situagéo tende a provocar reagées protecionistas internas, o que, ao invés de resolver, certamente tornaré mais dificil a recupe- ragao. A especificidade da situagio atual reside na convergéncia de problemas de realizacdo dinaémica ao fim de um ciclo de expan- sio e do debilitamento do padrao de acumulacgéo dominante desde o inicio do século. Este ultimo aspecto requer uma expli- cagéo cuidadosa. No final do século XIX, como 6€ sabido, 0 capitalismo ameri- cano ja havia construido uma larga base industrial pesada, con- comitantemente a um processo répido de concentracgéo da pro- dugiao e centralizaciio do capital. No século XX, esta estrutura desdobra suas possibilidades de expansio, através do surgimento e desenvolvimento da indtstria automobilistica e de outros bens durdveis que irradiaram poderosos estimulos sobre a industria pesada, notadamente siderurgia, metais nao-ferrosos, refino de petrdleo, vidro, borracha, materiais elétricos, etc. A expansao desta nova industria suscitou, ademais, um intenso programa de obras ptiblicas. No final dos anos 20 jd se havia configurado uma estrutura industrial monopolizada, com a consolidagéo de formagées oligopolistas e caracterizada pela predominancia dos bens duraveis. Neste contexto, considerando que a economia jd havia alcan- cado um elevado e generalizado grau de concentracao industrial, a concorréncia intercapitalista* adquire maior intensidade, obri- 6 A mudanca no cardter da concorréncia intercapitalista (perda da qaracldade ge auto-regulagio) corresponde a uma pofunda alteragio na natureza 40. istado'na_ economia, O ‘provesso de" regulagdo Ga ‘economia, capttaliia, vel to dar no interior do Estado, que passa a integrar 0 proprio movimento de expansio 14 gando as empresas a formarem reservas de capacidade produ- tiva de forma crescente e planejada. Esta tendéncia representava um aumento “improdutivo” da relagao capital/produto (do ponto de vista de cada capital individual), embora atuasse como uma alavanca de sustentagéo do ritmo de acumulagdo, para o con- junto do setor capitalista. Todavia, a partir de certo ponto torna-se cada vez mais dificil sustentar este ritmo acelerado. A capacidade de acumulagio das empresas (retengéo de lucro + fontes externas de capital) tende @ sobrepassar os limites impostos pela expansio da demanda, provocando a gerag&éo continuada de excedentes de capital. Como se poderia explicar este fendmeno? Naturalmente, as empresas nao utilizarao estes excedentes para construir capacidade de reserva acima dos limites planejados, porquanto isto deprimiria suas taxas de lucro. De outro lado, como dispdem de meios para sustentar suas taxas de rentabilidade (através das politicas de pricing), permanece a tendéncia & geracéo de excedentes de capital. A medida que este processo se generaliza para todos os seto- res do sistema industrial, nos anos 20, o fendmeno da centrali- zagéo de capitais adquire nova forma e redobrado impulso. A expansiéo do mercado de capitais abre canais para aplicacaio financeira dos excedentes, atuando como mecanismo compen- satério para o aumento “improdutivo” da relacéo capital/pro- duto, na medida em que propicia a absorcfio de ganhos de capi- tal pelas empresas em processo de centralizacio. Neste processo consolida-se a monopolizagao do capital em blocos multissetoriais. Ademais, o crescimento desta estrutura monopolista era coadju- vado pelo aumento do coeficiente global de endividamento da empresa, permitido pelo sistema financeiro e pelo incremento do déficit fiscal a longo prazo (excluidas suas flutuagGes ciclicas) que funcionava como subsidio efetivo ao setor capitalista. A sus- tentagao da taxa de acumulacdéo de longo prazo num patamar elevado (embora inferior ao verificado no ultimo quartel do sé- culo XIX) desembocaria numa severa crise de superacumulacio entre 1929 e 1937, evidenciando a presenca de elementos estrutu- rais do esgotamento dos mecanismos de expansdo neste padrao. Qual seria a natureza destes elementos estruturais numa eco- nomia altamente concentrada, onde a centralizacao avangara cele- remente com a geracéo continuada de excedentes de capital? Desde logo, hé que destacar a auséncia de ondas de renovagio tecnoldgica capazes de absorver estes excedentes, criando novas da estrutura monopolizada. Este aspecto fundamental esté subjacente & andlise desen- volvida neste trabalho. Mereceria, certamente, tratamento mais explicito. José Eduardo de Carvalho Pereira nos chamou a atengao’ para esta insuficiéncia, o que reconhe- cemos de pronto. 5 fronteiras de expansaio. Além disso, o préprio aperfeigoamento tecnolégico da estrutura técnica existente estava limitado pela intensidade aparente do capital fixo.’ Acoplado a isso, 0 aumento tendencial da composigaéo organica do capital, especialmente atra- vés do progressivo agravamento da ociosidade planejada, dese- nha um quadro de crise estrutural. Em sua dimensao tecnologica, ela assume feicgdes nitidamente schumpeterianas; ao nivel dos mecanismos oligopolistas de acumulagéo assume, por sua vez, configuragéo steindliana. Esses elementos estruturais de crise esto, ainda hoje, presentes no desenvolvimento do capitalismo. Veremos em seguida como a Grande Depressio, a II Guerra Mun- dial e a expanséo do pds-guerra transformaram suas formas de manifestacao. 5. AS TRANSFORMACOES DO P6S-GUERRA As politicas de recuperacéo consubstanciadas no NEW DEAL atacaram os fendmenos mais aparentes desta crise. Favoreceu-se 0 grande capital, através de uma incisiva reestru- turagéo no sistema financeiro, incentivando-se um movimento de reconcentracgéio sem, no entanto, afetar as bases da estrutura produtiva. Neste contexto, a superveniéncia da II Guerra Mun- dial veio ampliar as fronteiras de crescimento, através de um direcionamento momentaneo dessa mesma estrutura (bens durd- veis e industria pesada) para atender as extraordindrias neces- sidades de suprimento de material bélico. A economia de guerra, além de reforcar a estrutura preexis- tente, abriu caminho para o surgimento de duas novas frentes de expanséo. A primeira delas, representada pelo desenvolvi- mento de alguns novos setores, notadamente o ramo eletro-ele- trénico, derivou de inovagdes técnicas resultantes de pesquisa militar. Esta fronteira assegurou, no pds-guerra, 0 crescimento acelerado de alguns sub-ramos industriais, sob a lideranca de grandes empresas oligopolistas que ja eram predominantes nes- tes mesmos setores. A outra frente de expansdo adveio da contencao relativa do consumo de durdveis durante a Guerra, 0 que permitiu um cres- cimento sustentado da sua demanda até o final da década dos 50.° Esta frente de expansio dinamizou intensamente a “ve- 7. Apesar da depreciagio contibil e mesmo do rebaixamento do custo de reposigio. do gepltal, existente, a monutengio do valor de uso da, maquinaria, independentemente de quéo “velha” seja a estrutura de dade do capital, inibe a esterilisagto fisica simultaneamente & desvalorizagéo econdmic: 8. Dols fatores explicam a sustentagdo ncelerada da demanda de durévels. De um lado o ,fescimento, da renda real ampliando, a base consumidora’ e permitindo uma amplificagio de linhas, com intensificacso do consumo familiar. lado, 16 lha” estrutura, irradiando fortes estimulos sobre toda a base de bens de producaio. Apesar de sua grande capacidade de em- puxe, esta fonte de crescimento apenas revivia o estilo anterior, permitindo uma rapida expansao, sem recurso a inovagdes tecno- ldgicas de grande impacto. Acoplada a estas duas frentes, a manutengio de um elevado nivel de despesas militares assegurava a sustentagéo de largos ciclos expansivos, interrompidos por breves oscilagées reces- sivas. Finalmente, em paralelo a estes componentes propulsores, uma nova fronteira aparece em cena: a grande empresa ameri- cana inicia um crescente e concentrado movimento de interna- cionalizagéo, desde o fim dos anos 40 e sobretudo a partir dos anos 50. Esta fronteira externa de acumulacgio desempenhou um papel similar ao da inovagio tecnoldgica concentrada. Num curto periodo de tempo os grandes oligopdlios americanos cria- ram subsistemas afiliados (empresas subsididrias e filiais no estrangeiro) que podiam crescer a taxas muito elevadas e com grande rentabilidade, ocupando novas areas de mercado nas eco- nomias avancadas e nas periféricas. O dinamismo apresentado pelo grande capital monopolista norte-americano em todo o pés-guerra significou, assim, um des- bordamento de sua estrutura industrial e de seus padrées de consumo, através de uma nova forma de articulagio da econo- mia mundial. Esta articulagéo se processou em varios planos. Pelo seu peso e caracteristicas, a economia americana assegu- rava uma dinamizacgfo generalizada de todo o conjunto das eco- nomias avangadas, abrindo brechas em seu mercado interno, notadamente para a penetracéo de produtos alema&es e japone- ses, cujos setores exportadores eram fundamentais para a manu- tengo de seus respectivos ritmos de crescimento. Em sentido inverso, abria espagos para a penetracao de suas empresas na Europa, tirando proveito inclusive do desenvolvi- mento do Mercado Comum. A sincronizacéo desses dois movi- mentos possibilitou o fortalecimento tecnoldgico e financeiro das grandes empresas européias e japonesas, que reagiram @ pene- tragéo dos oligopdlios norte-americanos, intensificando esfor¢gos de renovagaéo tecnoldgica, exatamente em setores onde a indtis- tria americana jd havia gerado novos inventos e processos, mas nao podia utilizd-los sem depreciar massas de capital fixo recém- instaladas. Outra dimensio desse processo de reacio & penetragéo ameri- cana consubstanciou-se num movimento de centralizacio de recomposigio do estoque de durdveis, deteriorado durante a Guerra, permitiu tun desiocamiento’ do honzonte de crescimento previsivel para a industria. 1 grandes capitais europeus, visando a consolidar suas posigdes dentro do Mercado Comum. Este movimento serviu como ala- vanca para a internacionalizagéo do grande capital europeu que passa a reptar a ofensiva americana em todos os mercados peri- féricos, inclusive no latino-americano. Isto explica como se repro- duzem nas economias européias, principalmente na Alemanha, e na economia japonesa, estruturas oligopolistas e perfis seto- riais similares aos americanos, sendo porém desenvolvidos em bases tecnoldgicas e financeiras mais avangadas. Por outro lado, o répido crescimento da economia européia e de alguns polos periféricos propiciava a sustentagéo da metas- tase do subsistema afiliado americano. Como se vé, do ponto de vista da economia nacional americana, a fratura entre sua posi- cio hegemOnica e a forma internacionalizada de crescimento pro- posta por suas grandes empresas tendeu a agravar-se cumulati- vamente. Este processo constituia o pano de fundo do desenvol- vimento da economia mundial nos anos sessenta, tornando-se inequivocamente visivel no fim da década e nos anos do boom recente. Esta longa explanacio foi necessdria para elucidar o cardter contraditério da prépria hegemonia americana no sistema capi- talista mundial. Em virtude do “envelhecimento” da estrutura industrial americana (salvo em seu nucleo de bens de capital- fixo e industria bélica) e do correlato enfraquecimento cumu- lativo da posicéo comercial e financeira dos Estados Unidos, torna-se patente hoje a dificuldade que o Estado Americano encontra para conduzir unilateralmente a reordenagdo da eco- nomia mundial. As interpretagdes conservadoras querem fazer crer que o dese- quilibrio do Balanco de Pagamentos norte-americano e a conse- qiiente fragilidade do ddlar exigiriam apenas um grau mais avan- cgado de sincronizagaio de politicas econémicas, para que se pu- desse administrar a conjuntura internacional sem maiores per- turbagGes. Isto nao seria, porém, suficiente. Esta sincronizagao de politicas, além de dificil, esbarraria no fato de que os siste- mas industriais das outras economias capitalistas avancadas também tendem a apresentar os mesmos sintomas de esgota- mento de fronteiras de expansiéo, embora n&o apresentem o correspondente “envelhecimento” das suas estruturas industriais. As economias mais desenvolvidas como o Japao e a Alemanha, apos terem completado e esgotado o dinamismo de seus novos setores, desdobrado ao limite suas respectivas bases de bens de produgao, nio apresentam as mesmas potencialidades de ex- pans&o que as caracterizaram, por exemplo, nos anos 50. Desta forma, a adocio de uma politica expansionista pelos Estados 18 Unidos nfo consegue dinamizar automaticamente o resto do sistema, além de simplesmente repor os desequilibrios jé men- cionados no sistema monetdrio internacional. Transparece claramente que os problemas atuais escapam ao controle das politicas fiscais-monetdrias convencionais, porquanto nao se trata apenas de uma crise conjuntural stricto sensu. Esto conjugados nesta crise os esgotamentos de duas dimen- sdes de um ciclo largo de cardter schumpeteriano. Uma diz res- peito 4 perda de dinamismo e 2 saturagao relativa derivadas da exaustéio da onda de difusio tecnoldégica nos setores que lideraram a expansao em todas as economias capitalistas avancadas. A outra refere-se & forma de internacionalizacéo deste padrao de cresci- mento, através da grande empresa internacional e das grandes transformagées que esta imprimiu 4 economia mundial no pés- guerra. O rdépido e concentrado processo de internacionalizagao do capital industrial no pds-guerra funcionou como um meca- nismo de extenséo e aprofundamento de fronteiras de acumu- lag&o produtiva, em escala global, dilatando o potencial de cres- cimento daquele padrio e adiando seu deadline temporal. Como fendémeno colateral importante, devemos assinalar a ges- tagio progressiva, durante este ciclo de internacionalizagio, de um circuito financeiro internacional alimentado por excedentes de capital néo imediatamente utilizaveis na esfera produtiva. Este fenédmeno vai-se tornando cada vez mais importante 4 medida que o ciclo de internacionalizacio das empresas comeca a atin- gir seu ponto de saturagio em varios setores. O surgimento desse circuito financeiro, de cardter inequivocamente transnacional, pode ser detectado pela intensa internacionalizagéo do grande capital bancdrio, notadamente do norte-americano.” 6. O IMPACTO NA PERIFERIA: ESTADO E DESENVOLVIMENTO DAS FORCAS PRODUTIVAS Este processo de alargamento das fronteiras de expansado do capitalismo, em sua fase avancada e oligopolista, transformou de forma significativa algumas economias perifé- ricas, incorporando-as definitivamente @ franja do mundo indus- trializado. % Para se ter uma idéia da rapidez do processo de internacionalizagio dos bancos Hnerioanos, observesse que, em, 1865, havia ‘apenas 19 grandes banoos, gperando, 188 filiats na 1968, este muimero eresce para 27 bancos com 340 filieis e, em_ 1972, goss Drelevado ruimero de. 108 berbos, com S6 fileie nko. repuledas entrais Nacionais. O volume de giro do “Euromoedas” cresceti, por Bia vez, de 57 blistes Wo dolares” em 1900 ‘park quase 230" bilsGes” ont G9tE, 19 “Nos paises onde o processo de acumulacéo jd avancara, desde a Grande Depressao e o periodo da II Guerra Mun- dial, fot possivel a penetragéo macica dos oligopdlios inter- nacionais, diferenciando significativamente a estrutura pro- dutiva e os padrées de consumo, com ‘transplante’ de suas estruturas oligopolistas”.* A transposig&éo destes setores (principalmente o de bens durd- veis), gestados em economias capitalistas avangadas e, portanto, pressupondo a existéncia de uma base produtiva adequada, pro- vocou o aparecimento de desequilibrios na matriz industrial, especialmente no setor de bens de producio e na infra-estrutura basica. Em alguns paises, a penetragéo do oligopdélio estrangeiro foi acompanhada por um esforco de constituigio da base industrial pesada, sobretudo através da ago do Estado. E& crucial para nossa andlise definir explicitamente a relacgio entre estes dois movimentos, Desde logo, nio se pode estabelecer uma relacao unfvoca de causalidade entre a penetragio das grandes empre- sas estrangeiras nos setores j&é mencionados e a formagéo da base de bens de produgio. A constituigéio do que se pode rigoro- samente definir como um Departamento de Bens de Producio requer a criagéo simultaénea e articulada dos seus principais setores, tais como a siderurgia, a metal-mec4nica pesada, o de material elétrico pesado e a grande industria quimica. Isto exige, ademais, um amplo suporte infra-estrutural, na forma de capital social bdsico. N&o é preciso dizer que a criacio articulada destes blocos supde um grau avancado de concentrac&o e centralizag&io do ca- pital — manifestamente inexistente em qualquer economia peri- férica, por mais adiantado que seja seu processo de industria- lizagéo. Ai reside o problema crucial para que avancem as indus- trializagdes tardias. Fica patente que a forma de intervencao do Estado 6 decisiva. O que se requer é que o Estado funcione como aglutinador de um processo de monopolizacio de capital no ambito de sua economia nacional para viabilizar, diretamente (através de empresas publicas) ou indiretamente, a constituigio do Departamento de Bens de Produgiio. O grau em que o Estado consiga avangar nesta diregao determina o nivel de integracio e as possibilidades de expansio que podem ser alcangados pelo capital internacional. Simultaneamente, o modo especifico de articulagéo entre os setores internacionalizados e o Estado de- 10. Coutinho, Luciano G., “Mudangas recentes na Divisio Internacional do Trabalho”, Contezto’ (2), marco i977, 20

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