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Analítica II
Material Teórico
A reta no espaço
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
A reta no espaço
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Apresentar a reta no espaço
· Definir as formas de equações da reta: vetorial, paramétricas e simétricas.
· Estudar posições relativas: entre ponto e reta, entre duas retas, entre
reta e plano.
· Definir ângulo: entre retas e entre reta e planos.
· Definir distância: entre ponto e reta, entre retas e entre reta e plano.
· Resolver problemas envolvendo estes conceitos.
ORIENTAÇÕES
Na unidade, vamos tratar do estudo da reta no espaço. Veremos as equações
de reta em suas diversas formas, de maneira a conduzir à identificação e
exploração da reta no espaço, bem como a poder utilizar a forma adequada
em cada contexto ou aplicação nas atividades. Veremos também as posições
relativas de duas retas e de reta e plano, bem como a definição e aplicação
de ângulo e distância entre retas e entre retas e planos. Como pode ver, a
temática sobre planos, já estudada em unidade anterior, se articula com a
temática desta unidade.
Contextualização
Para iniciar esta Unidade, reflita sobre a importância de termos condições de
encontrar a equação de retas e, posteriormente, descobrir o ângulo entre as retas.
Vejamos alguns exemplos da aplicabilidade destes conceitos.
Na Engenharia
Imagine que um engenheiro precise calcular o ângulo formado pelas cordas,
cujas vistas laterais estão representadas na figura a seguir e, em seguida, precise
descobrir pontos de tensão ao longo das retas que contêm os segmentos AB e AC.
Figura 1
Na Física
Outra aplicação de retas diz respeito a movimentos retilíneos de deslocamentos
de corpos estudados na Física. Movimento retilíneo pode ser conceituado como
um movimento de um móvel em relação a um referencial, descrito ao longo de uma
trajetória retilínea (reta). Sendo assim consideramos o movimento retilíneo tanto
como um descolamento horizontal (movimento de um carro) ou também na vertical,
como é o caso da queda ou lançamento de um objeto, como indica a figura a seguir.
6
em relação a um sistema de referência. Em outras palavras, quando sua trajetória
é uma reta.
v = 4m/s v = 7m/s
Figura 3
s s
S0
V>0 V<0
t t
S0
Progressivo Retrógado
Água
Rocha
Figura 5
7
7
UNIDADE A reta no espaço
da Terra. Vem sendo largamente utilizado pelo fato de ser capaz de cobrir grandes
áreas e ser mais econômico quando comparado a um método direto, como por
exemplo, perfuração de poços.
Figura 6
t (min)
20 Onda S
15
10
Onda P
5
d(km)x10³
0 1 2 3 4
Figura 7
Com certeza, para todos esses tipos de movimento é de suma importância saber
encontrar a equação que define essas trajetórias retilíneas. É do que tratamos nesta
unidade.
8
Introdução
Retas podem estar posicionadas no plano cartesiano 2 ou no espaço 3 .
Retas no plano possuem pontos com duas coordenadas, (x,y), e já vimos seu estudo
anteriormente.
Figura 8
Adaptado de Wikimedia Commons
Equações da reta no R3
Qualquer representação cartesiana de uma reta no espaço tridimensional se faz
com pelo menos duas equações.
9
9
UNIDADE A reta no espaço
r
P
v
0
y
Figura 9
Um ponto P = ( x, y, z ) pertente à reta r se, e somente se, o vetor AP é paralelo
ao vetor v, isto é, AP = tv , para algum t ∈ . Então temos a equação vetorial
da reta:
( x − x1 ) i + ( y − y1 ) j + ( z − z1 ) k = t ( ai + bj + ck )
[ x − x1 , y − y1 , z − z1 ] = t [ a, b, c ]
Que também pode ser expressa na notação simplificada de vetores:
P = A + tv
O vetor v é chamado vetor diretor da reta r e t é o parâmetro.
x = x1 + ta
y = y1 + tb
z = z + tc
1
Equação paramétricas
Equação vetorial
x = x1 + ta
AB = tv
y = y1 + tb
[ x − x1 , y − y1 , z − z1 ] = t [ a ,b ,c ] z = z + tc
1
10
Exemplo 1:
Seja a reta r que passa por A = (1, −1, 4 ) e tem direção de v = [ 2, 3, 2] . Vamos
encontrar a equação vetorial e as equações paramétricas da reta r .
Resolução:
Se P = ( x, y, z ) pertence à reta r , a equação vetorial nos dá que AP = tv .
Logo: AP = [ x − 1, y + 1, z − 4] = t [ 2, 3, 2] é a equação vetorial de r .
x = 1 + 2t
E as equações paramétricas de r são: y = −1 + 3t
z = 4 + 2t
Para encontrar pontos desta reta, basta substituir valores para t. Claro que para
t=0 temos o ponto A. Para outros valores de t encontramos outros pontos da reta
distintos de A e distintos entre si, ou seja, para cada valor de t ∈ encontramos
um único ponto da reta r e vice-versa. Vejamos alguns:
Para t = 1 ⇒ P1 = ( 3, 2, 6 )
Para t = 2 ⇒ P2 = ( 5, 5, 8 )
Para t = 3 ⇒ P3 = ( 7, 8,10 )
P3 r
P2
t=3
P1
t=2
A t=1
P4
t=0
t=-1
v
-1 0 3
y
1
2
x
Figura 10
Fonte: Winterle, 2000, p. 104
1
Vamos agora verificar se os pontos P = ( −5, −10, −2 ) e Q = 2, , 5 pertencem
à reta em questão . 2
11
11
UNIDADE A reta no espaço
−5 = 1 + 2t ⇒ t = −3
Para P = ( −5, −10, −2 ) temos: −10 = −1 + 3t ⇒ t = −3 ⇒ t = −3 e P ∈ r
−2 = 4 + 2t ⇒ t = −3
1
2 = 1 + 2t ⇒ t = 2
1 1 1
Para Q = 2, , 5 temos: = −1 + 3t ⇒ t = ⇒ t comum e Q ∉ r
2 2 2
1
3 = 4 + 2t ⇒ t = − 2
Logo P pertence à reta r com parâmetro t = −3 e Q não pertence à reta r,
pois não existe um único parâmetro que satisfaça simultaneamente as três equações
paramétricas da reta r .
Observação:
3
Daí, a equação vetorial da reta r é [ x − 5, y − 5, z − 8] = t 1, ,1 . De cada uma
2
dessas equações vetoriais da reta r temos as correspondentes equações
paramétricas.
12
Exemplo 2:
Dado o ponto A = ( 0, 2, −4 ) e o vetor v = [1, 2, 3] pede-se:
a) As equações paramétricas da reta que passa por A na direção de v
3
b) Os pontos B e C de r de parâmetros t = −1 e t = , respectivamente
2
c) O ponto D de r cuja coordenada y = 6
5 7
d) Verificar se o ponto D = , 7, pertence ou não à reta r
2 2
e) Determinar para que valores m e n o ponto E = ( m, 5, n ) pertence a r
Resolução:
a) Se P = ( x, y, z ) é um ponto genérico da reta r temos que AP = tv , logo
x=t
AP = [ x − 0, y − 2, z + 4] = t [1, 2, 3] ⇒ y = 2 + 2t são as equações paramétricas de r .
z = −4 + 3t
3
x=
x = −1 2
3
b) Para t = −1 ⇒ y = 0 e para t = ⇒ y = 5 .
z = −7 2
1
z =
2
3 1
Logo B = ( −1, 0, −7 ) e C = , 5,
2 2
x = 2
c) Se y = 6 ⇒ 2 + 2t = 6 ⇒ 2t = 4 ⇒ t = 2 ⇒ ⇒ D = ( 2, 6, 2 )
z = 2
5 7 5
d) Para D = , 7, , x= t = . Verificando as outras coordenadas temos:
2 2 2
5 5 15 −8 + 15 7
y = 2 + 2 = 2 + 5 = 7 e z = −4 + 3 = −4 + = = . Logo D ∈ r.
2 2 2 2 2
m=t
4 = 2 + 2m
4 = 2 + 2t ⇒ ⇒ m = 1 e n = −4 + 3 = −1 . Logo E = (1, 4, −1)
n = −4 + 3t n = −4 + 3m
13
13
UNIDADE A reta no espaço
x = x A + t ( xB − x A )
AB : y = y A + t ( yB − y A ) , 0 ≤ t ≤ 1
z = z + t(z − z )
A B A
A B r
Figura 11
Exemplo 3:
Seja o segmento determinado pelos pontos A = (1, 4,1) e B = ( 2, −1, 3) . Vamos
encontrar as equações paramétricas do segmento AB . Sabemos que o vetor
AB = [1, −5, 2] que é o vetor diretor da reta que contém este segmento. Como a
origem do segmento é o ponto A, as equações paramétricas do segmento são:
x =1+ t
AB : y = 4 − 5t , 0 ≤ t ≤ 1
z = 1 + 2t
14
Reta definida por dois pontos
A reta definida pelos pontos A = ( x A , y A , z A ) e B = ( xB , yB , z B ) passa por A (ou
B ) e tem a direção do vetor v = AB = [ xB − x A , yB − y A , z B − z A ] . Assim, se P ( x, y, z )
pertence à reta, a equação vetorial é AP = t AB , ou seja:
[ x − x A , y − y A , z − z A ] = t [ xB − x A , y B − y A , z B − z A ]
E as equações paramétricas dessa reta são:
x − x A = t ( xB − x A )
y − y A = t ( yB − y A )
z − z = t(z − z )
A B A
Exemplo 4:
Achar as equações vetorial e paramétricas da reta que passa pelos pontos
A = ( −1, 3, 2 ) e B = ( 3, 0, −5 ) .
Resolução:
O vetor AB = [ 4, −3, −7 ] e uma equação vetorial dessa reta é:
[ x + 1, y − 3, z − 2] = t [ 4, −3, −7]
x = −1 + 4t
Que geram as seguintes equações paramétricas da reta y = 3 − 3t
z = 2 − 7t
Observação:
A equação vetorial AP = t AB pode ser expressa por P = A + t ( B − A ) ou
ainda P = tB + (1 − t ) A
15
15
UNIDADE A reta no espaço
x − x1 y − y1 z − z1
supondo a.b.c ≠ 0, podemos escrever: t = = = .
a b c
Então temos:
Equações simétricas
x − x1 y − y1 z − z1
= =
a b c
Exemplo 5:
A reta que passa por A = ( 2, −3, 4 ) e tem direção do vetor v = [ 2, −1, 5] tem as
x−2 y+3 z−4
seguintes equações simétricas: = = .
2 −1 5
Para obter outros pontos da reta, basta atribuir um valor qualquer a uma das
variáveis e, a partir disso, encontrar as outras coordenadas que satisfaça a equações
simétricas. Por exemplo, se x = 1 , temos:
1 5
y+3= y=−
1− 2 1 y+3 z−4 2
2
=− = = ⇒ ⇒
2 2 −1 5 z − 4 = − 5 z= 3
2 2
5 3
Assim, o ponto P = 1, − , pertence a essa reta.
2 2
Observação:
Se a reta r é paralela a algum dos planos coordenados, então ela não pode ser
representada por uma equação simétrica.
16
Equações reduzidas da reta
Dadas as equações simétricas de uma reta r
x − x1 y − y1 z − z1
= =
a b c
Podemos deduzir duas igualdades independentes entre si:
y − y1 x − x1
b = a (1)
z − z1 = x − x1 ( 2 )
c a
Equações reduzidas
y = p1 x + q1
r:
z = p2 x + q2
Exemplo 6:
Seja a reta r dada pelos pontos A = ( 2, 3, −1) e B = ( −2, 5, 3) . Encontrar as
equações reduzidas da reta r .
Resolução:
Como a reta passa pelos pontos A e B , seu vetor diretor é AB = [ −4, 2, 4] e,
portanto, suas equações simétricas, escolhendo passar por A, são:
x − 2 y − 3 z +1
= =
−4 2 4
y −3 x−2
2 = −4
Reduzindo a duas equações independentes, temos: . Daí, isolando
z +1 = x − 2
4 −4
1
y = − x + 4
y e z dessas equações temos as equações reduzidas de r : 2
z = − x + 1
17
17
UNIDADE A reta no espaço
1
É fácil verificar que todo ponto da reta é da forma P = x, − x + 4, − x + 1 .
2
Por exemplo, para x = 6 , P = ( 6,1, −5 ) pertence à reta r .
Observação:
x −2 y −3
−4 = 2
Por exemplo, se deduzirmos em função de y temos:
z +1 = y − 3
4 2
x = −2 y + 8
Daí, isolando x e z resulta nas equações reduzidas de r : .
z = 2y − 7
Observe que P = ( 6,1, −5 ) satisfaz esta equações reduzidas, o que de fato deve
acontecer, uma vez que este ponto pertence à reta r dessas equações.
Exemplo 7:
Achar as equações reduzidas da reta r de equações simétricas:
x y −3 z −2
= =
2 −3 −2
Resolução:
y −3 x
−3 = 2
Das equações podemos deduzir duas equações independentes:
z −2 = x
−2 2
18
A reta r representada por essas equações reduzidas é fruto da interseção dos
3
planos α1 : y = − x + 3 e α 2 : z = − x + 2 . Veja a figura a seguir:
2
α1
z
2
P0
0
3 y
α2
2
Figura 12
Fonte: Venturi, 2015, p. 191
a) Coplanares e paralelas
As retas r1 e r2 � pertencem a um mesmo plano α e têm a mesma direção, ou
seja, seus vetores diretores são paralelos. Como um caso particular, podem ser
coincidentes.
r / / s ou r ∩ s = ∅
Figura 13
19
19
UNIDADE A reta no espaço
b) Coplanares e Concorrentes
As retas r1 e r2 � pertencem a um mesmo plano α e se interceptam num ponto P.
As coordenadas de P = ( x, y, z ) satisfazem o sistema formado pelas duas retas, ou
seja, satisfazem tanto as equações de r1 quanto de r2 .
P
s r
r ∩ s = {P}
Figura 14
c) Reversas
As retas r1 e r2 pertencem a planos distintos e não têm ponto comum.
r∩s =∅
Figura 15
20
Exemplo 8:
Verificar se as retas r e s são concorrentes e, em caso afirmativo, determinar
o ponto de interseção.
x=t
y = 3x − 3
a) r: e s : y = 4 − t
z = −x z =1+ t
x=t
x + 2 y −1 z
b) r : y = 12 − 2t e s: = =
z = −8 + 2t 2 6 −4
Resolução:
No item (a) para achar um vetor diretor de r basta pegar dois pontos de r, A e
B, e tomar vr = AB . Seja A o ponto de abscissa x = 0 , assim, y = −3 e z = 0 ,
logo A = ( 0, −3, 0 ) . Seja B o ponto de abscissa x = 1 , assim, y = 0 e z = −1 e,
portanto, B = (1, 0, −1) . Daí, vr = AB = 1 − 0, 0 − ( −3) , −1 − 0 = [1, 3, −1] . Já um
vetor diretor da reta s é vs = [1, −1,1] . Dessa forma, claramente vemos que vr e vs
não são múltiplos entre si, logo, as retas não são paralelas (nem coincidentes).
Restam duas opções: elas podem ser concorrentes, que tem ponto de
interseção, ou reversas, que não tem ponto de interseção, pois se encontram em
planos distintos.
Vamos então buscar se essas duas retas tem algum ponto comum. Para tal
vamos substituir as equações de s em r e ver se encontramos solução.
7
Na primeira equação de r : 4 − t = 3t − 3 ⇒ 4t = 7 ⇒ t =
4
Na segunda equação de r : 1 + t = −t ⇒ 2t = −1 ⇒ t = − 1
2
Logo, não existe solução, pois não há um mesmo valor de t para ambas as
equações. Então, não há ponto de interseção e as retas são reversas.
21
21
UNIDADE A reta no espaço
No item (b) os vetores diretores de cada reta são: vr = [1, −2, 2] e vs = [ 2, 6, −4] ,
que não são múltiplos um do outro. Portanto, as retas não são paralelas e podem
ser ou reversas ou concorrentes. Vamos substituir as equações de r em s para ver
se encontramos solução. Ficamos então com o seguinte sistema de equações:
t + 2 11 − 2t −8 + 2t
= =
2 6 −4
Veja na figura a seguir que a reta r é paralela ao plano XY, passa pelo ponto
A = ( −1, 2, 4 ) e tem vetor diretor v = [ 2, 3, 0] , cuja terceira componente é nula,
porque v é paralelo ao plano XY.
A
-1
4
2
r
4
-1
3
0
2 y
v
Figura 16
Fonte: Winterle, 2000, p. 111
22
x = −1 + 2t
Um sistema de equações paramétricas da reta r é: y = 2 + 3t
z=4
A
v
-1
0
y
5
1
Figura 17
Fonte: Winterle, 2000, p.112
x =1− t
As equações paramétricas de r são: y = 5
z = 3 + 2t
Por exemplo, seja a reta que passa pelo ponto A = ( 2, 3, 4 ) e tem a direção do
vetor v = [ 0, 0, 3] . Como as duas primeiras componentes desse vetor diretor são
23
23
UNIDADE A reta no espaço
nulas, temos que v tem mesma direção de k . Aliás, v = 3k . Logo a reta r é
paralela ao eixo OZ. Confira na figura a seguir:
z
r
3
0 y
Figura 18
Fonte: Winterle, 2000, p. 113
x=2
A reta r pode ser representada pelas equações paramétricas y = 3
z = 4 + 3t
r
Figura 19
a1 x + b1 y + c1 z + d1 = 0
Em outras palavras r :
a2 x + b2 y + c2 z + d 2 = 0
24
Como v1 = [ a1 , b1 , c1 ] ⊥ α e v2 = [ a2 , b2 , c2 ] ⊥ β e, além disso, r = a ∩ β , temos
que v1 ⊥ r e v2 ⊥ r . Portanto, v1 × v2 é um vetor paralelo à reta r . Então já temos
um vetor w = v1 × v2 que dá a direção da reta r . Logo, para determinar a equação
paramétrica de r , falta encontrar um ponto A ∈ r , que é obtido satisfazendo o
sistema de equações dado por r . Feito isso, teremos as equações paramétricas
{ ( )
dadas por r = { A + tw; t ∈ } = A + t v1 × v2 ; t ∈ }
Exemplo 9:
x + y − 2z − 1 = 0
Encontre as equações paramétricas da reta r :
2 x + 3 y − 4 z − 5 = 0
Resolução:
x = 2t
r : y = 3 ;t ∈
z = 1 + t
25
25
UNIDADE A reta no espaço
z
r2
ϴ r1
v2
ϴ v1
0
y
x
Figura 20
Fonte: Winterle, 2000, p. 114
Chama-se ângulo de duas retas r1 e r2 ao menor ângulo de um vetor v1 diretor
de r1 e de um vetor diretor v2 de r2 . Se chamarmos de θ este ângulo, tem-se que:
v1.v2 π
cosθ =
, com 0 ≤ θ ≤
v1 v2 2
Exemplo 10:
(Winterle-p.114) Calcular o ângulo entre as retas a seguir:
x = 3+t
x+2 y −3 z
r1 : y = t e r2 : = =
z = −1 − 2t −2 1 1
26
Resolução:
Vamos encontrar vetores diretores paras cada uma das retas.
r
A reta 1 está representada por suas equações paramétricas, um seu vetor diretor
é v1 = [1,1, −2] . Já r
a reta 2 está representada por suas equações simétricas e um
seu vetor diretor v2 = [ −2,1,1] . Dessa forma, para encontrar o ângulo θ entre estas
retas temos que encontrar o produto interno dos dois vetores e os módulos dos
v1.v2
vetores e do produto interno para usar na expressão cosθ = .
v1 v2
v1.v2 = [1,1, −2].[ −2,1,1] = 1.( −2 ) + 1.1 + ( −2 ) .1 = −2 + 1 − 2 = −3 ⇒ −33 = 3
v1 = 12 + 12 + ( −2 ) = 6 = v2
2
1 π π
Logo, θ = arccos , e como 0 ≤ θ ≤ , temos que θ = rad = 60°
2 2 3
Observação:
Duas retas r1 e r2 são ortogonais se, e somente se, v1.v2 = 0 .
Por outro lado, duas retas ortogonais podem ou não serem concorrentes. Veja
na figura a seguir, em que r1 e r2 são ortogonais à reta r , mas r1 e r2 não
são concorrentes.
r1
r2
Figura 21
Fonte: Winterle, 2000, p. 115
27
27
UNIDADE A reta no espaço
Observe na figura seguinte que podemos ter o ângulo entre duas retas r e s ,
tanto quando estas duas retas forem concorrentes quanto elas forem reversas.
No caso de serem retas reversas, o ângulo é medido entre a reta r e uma reta t
que seja paralela à reta s e concorrente com a reta r .
t // S S
r
A
0 θ
θ 0
B s
Figura 22
Exemplo 11:
Determinar as equações paramétricas da reta r que passa pelo ponto
A = ( 5, 4, −1) e é ortogonal à retas:
x=3
r1 : [ x, y, z ] = [ 0, 0,1] + t [ 2, 3, 4] e r2 : y = 1 − t
z =t
Resolução:
Observe que o ponto A não precisa pertencer a nenhuma das retas em questão
é o caso aqui, verifique!). Os vetores diretores das retas 1 e 2 são: 1 [
(que r r v = 2, 3, 4]
e v2 = [ 0, −1,1] . Então temos:
i j k
v1 × v2 = 2 3 4 = ( 3 − ( −4 ) ) i + ( 0 − 2 ) j + ( −2 − 0 ) k = 7i − 2 j − 2k
0 −1 1
28
Como a reta r terá a direção do vetor v = [ 7, −2, −2] e deve passar pelo ponto
A = ( 5, 4, −1) , as equações paramétricas de r são:
x = 5 + 7t
r : y = 4 − 2t
z = −1 − 2t
r
n
θ
Ø
Figura 23
Fonte: Venturi (2015, p. 221)
π
O ângulo φ é complementar de θ , então temos: senφ = sen − θ = cosθ .
2
Logo:
n.v
senφ =
n.v
29
29
UNIDADE A reta no espaço
Exemplo 12:
x=t
Seja a reta r : y = 2t − 1, t ∈ e o plano α : x − 2 y + z + 3 = 0
z=4
Encontre o ângulo entre a reta r e o plano α .
Resolução:
Temos que o n = [1, −2,1] é o vetor normal ao plano α . Para encontrar um vetor
diretor da reta r , vamos pegar dois pontos e formar o vetor v . Para tal, basta
escolher aleatoriamente dois valores para t , por exemplo:
t = 0 ⇒ P = ( 0, −1, 4 ) e t = 1 ⇒ Q = (1,1, 4 )
Daí o vetor v = PQ = [1, 2, 0] . Logo, sendo θ = ∠ ( r , n ) = ∠ ( v , n ) podemos
n.v π
calcular cosθ = = sen − θ = sen∅ , em que ∅ = ∠ ( r,α ) .
n.v 2
Como n.v = [1, −2,1].[1, 2, 0] = 1.1 − 2.2 + 1.0 = 1 − 2 + 0 = −1. Também temos que
n = 12 + ( −2 ) + 12 = 6 e v = 12 + 22 + 02 = 5 . Assim:
2
−1 1 30
sen∅ = cosθ = = = ≅ 0,18
6. 5 30 30
Atenção:
30
Posição relativa entre reta e plano no
espaço
Dadas uma reta e um plano no espaço, podemos encontrar três situações:
a) a reta é paralela ao plano; b) a reta pertence ao plano; c) a reta é secante ao
plano , como pode ser conferida na imagem a seguir:
Reta co
A ntida no
plano
P
B
Figura 24
r ∩ π = Φ
r / /π ⇒
r ∩π = r�
r π ⇒ r ∩ π = {P}
Sejam a reta r : Q = A + tvr , sendo vr vetor diretor da reta e Q = ( x, y, z ) ∈ r ,
e o plano π : ax + by + cz + d = 0 , sendo n = [ a, b, c ] ⊥ π . Podemos então
concluir que:
• r / /π ⇔ vr .n = 0 e, além disso, se B ∈ r também pertence a π, r ⊂ π
• vr .n ≠ 0 ⇔ r ∩ π = {P} , e se vr e n forem paralelos, temos que r ⊥ π .
vr nπ
π
r
Figura 25
31
31
UNIDADE A reta no espaço
Exemplo 13:
Determine, se houver, a interseção da reta r com o plano π, nos casos:
a) r : P = (1, 6, 2 ) + t [1,1,1] , t ∈ e π : x − z − 3 = 0
x=t
c) r : y = −3 + 3t , t ∈ e π : x + 2 y + z = 0
z = −t
Resolução:
a) O vetor diretor de r é vr = [1,1,1] e o vetor normal a π é n = [1, 0, −1] ,
portanto, vr .n = [1,1,1].[1, 0, −1] = 1.1 + 1.0 + 1.( −1) = 1 + 0 − 1 = 0 . Logo, podemos ter
r ∩ π = r ou r ∩ π = Φ . Como o ponto A = (1, 6, 2 ) ∈ r , mas A ∉ π , então r ∩ π = Φ,
ou seja, r é paralela a π.
1
b) O vetor diretor de r é vr = 1,1, e o vetor normal a π é n = [ 6, 2,1] × [1, 2,1] ,
2
i j k
logo n = 6 2 1 = [ 2 − 2,1 − 6,12 − 2] = [ 0, −5,10] . Portanto, temos:
1 2 1
1 1
vr .n = 1,1, .[ 0, −5,10] = 1.0 + 1.( −5 ) + .10 = 0 − 5 + 5 = 0
2 2
c) Vemos que vr = [1, 3, 0] e n = [1, 2,1] , daí vr .n = [1, 3, −1].[1, 2,1] = 6 ≠ 0 .
Concluímos,
então, que r e π são concorrentes, mas r não é ortogonal a π, uma
vez que vr n . Seja r ∩ π = {P} = {( a, b, c )} . Portanto, o ponto P deve satisfazer
as equações de π e de r , a saber:
a=t
(1) a + 2b + c = 0 e (2) b = −3 + 3t
c = −t
Substituindo (2) em (1) temos:
32
t + 2 ( −3 + 3t ) + ( −t ) = 0 ⇒ t − 6 + 6t − t = 0 ⇒ 6t = 6 ⇒ t = 1
Portanto, temos que dadas duas retas r1 e r2 no espaço, essas retas podem ser:
concorrentes ⇒ r1 ∩ r2 = {P}
Coplanares coincidentes ⇒ r1 ≡ r2 ou Reversas
paralelas
distintas ⇒ r1 ∩ r2 = Φ
Confira nas representações a seguir:
P π
r1 r2
Coplanares concorrentes
r1 π π
r2 r1 Ξ r2
P π
r2
Reservas
Figura 26
33
33
UNIDADE A reta no espaço
não émúltiplo de vs , então podemos escrever AB
ii) vr � vs , ou seja, vr
como linear vr e vs . Assim, h, t ∈ tais que
combinação
existem escalares
AB = hvr + tvs , ou seja, B = A + hvr + tvs . Logo, o plano definido por
β : P = A + hvr + tvs contém as retas r e s , que, portanto, são coplanares. Observe
ainda que nesse caso as retas são concorrentes.
Exemplo 14:
Analise a posição relativa das retas r e s nos casos:
x − 3y − z + 1 = 0
a) r : e s : P = (1, 0, 2 ) + h [1, −3, 5] , h ∈
2 x + y − z + 2 = 0
x=t
1− x y
b)
r : y = 1 − t; t ∈ e s: = = z −8
z = 4 + 4t 2 3
x=4
c) r : P = ( 4, −3,1) + h [ 0, 2,1] , h ∈ e s : y = −1 − 2t , t ∈
z = 3−t
Resolução:
No caso (a) a reta r é dada como interseção de doisplanos, cujos vetores
normais aos planos são, respectivamente, n1 = [1, −3, −1] e n2 = [ 2,1, −1] , portanto,
o vetor diretor vr / / n1 × n2 e vs / / [1, −3, 5] . Temos que:
i j k
n1 × n2 = 1 −3 −1 = [3 + 1, −2 + 1,1 + 6] = [ 4, −1, 7 ]
2 1 −1
Como [ 4, −1, 7 ] [1, −3, 5] as retas ou são concorrentes ou são reversas. Vamos
tomar um ponto em cada reta, por exemplo:
34
x − z = −1
Na reta r , se y = 0 ⇒ 2 x − z = −2 ⇒ x = −1 e z = 0 ⇒ A = ( −1, 0, 0 )
Na reta s , fazendo h = 0 temos o ponto B = (1, 0, 2 ) . Portanto, AB = [ 2, 0, 2]
Calculando o produto misto AB, vr , vs temos:
2 0 2
4 −1 7 = −10 − 24 + 2 + 42 = 10 ≠ 0
1 −3 5
Logo, como estes três vetores não são coplanares, as retas r e s são reversas.
No caso (b) temos que vr = [1, −1, 4] e vs = [ 2, 3,1] , logo, as retas r e s são
concorrentes ou reversas. Vamos pegar um ponto em cada uma das retas.
1 −1 4
1 −1 4 = 0 , pois duas linhas são iguais. Portanto, os três vetores são
2 3 1
35
35
UNIDADE A reta no espaço
P0 r
d
0
PP
1
V
P1
|v x P1P0|
d = d(P0 ,r)=
|v|
Figura 27
Exemplo 15:
Calcule a distância do ponto P0 = ( 2, 0, 7 ) à reta dada pelas equações simétricas:
x y−2 z−6
= = .
2 2 1
36
Resolução:
Vemos que um vetor diretor da reta r é v = [ 2, 2,1] e podemos escolher um
ponto P1 da reta, por exemplo, se tomarmos x = 0 ⇒ y = 2 e z = 6 . Assim, o ponto
P1 = ( 0, 2, 6 ) ∈ r . Daí, temos o vetor P0 P1 = [ −2, 2, −1] . Calculando o produto
vetorial temos:
i j k
v × PP 1 0 = 2 2 1 = ( −2 − 2 ) i + ( −2 + 2 ) j + ( 4 + 4 ) k = [ −4, 0, 8]
−2 2 −1
Temos então:
( −4 )
2
v × PP
1 0 = + 02 + 82 = 16 + 64 = 80 = 4 5
v = 22 + 22 + 12 = 4 + 4 + 1 = 9 = 3
4 5
Assim, dist ( P0 , r ) =
3
Reta co
A ntida no
plano
P
B
Figura 28
37
37
UNIDADE A reta no espaço
r // π
P
P’
d = PP’
Figura 29
Dada a reta r / / π temos vr o vetor diretor da reta r e n o vetor normal a π.
Por um ponto P ∈ r trace a reta s na direção de n , ou seja, s ⊥ π e encontre o
ponto P′ , interseção de s e π, ou seja, P′ é o pé da perpendicular em π que passa
por P . Daí, a distância d = dist ( r , π ) = PP′ .
Exemplo 15:
Vimos no exemplo 13, item (a) que a reta r : P = (1, 6, 2 ) + t [1,1,1] , t ∈ é paralela
ao plano π : x − z − 3 = 0 . Calcule então a distância de r a π.
Resolução:
O vetor normal a π é n = [1, 0, −1] e que P = (1, 6, 2 ) ∈ r , então vamos escrever
as equações paramétricas da reta s passando por P na direção de n :
x =1+ t
s : y = 6, t ∈
z = 2 − t
Agora, vamos encontrar o ponto P′ interseção de s com π. Para tal substituímos
as coordenadas de s na equação de π:
1 + t − ( 2 − t ) − 3 = 0 ⇒ 1 + t − 2 + t − 3 = 0 ⇒ 2t = 4 ⇒ t = 2
Logo, substituindo t = 2 em s temos P′ = ( 3, 6, 0 ) e d = PP′ = [ 2, 0, −2] = 2
38
Distância entre duas retas
A distância entre duas retas r1 e r2 , é definida por:
Ps r
d
r s
PP
Pr |vr x PrPs|
d = d(Ps,r)=
|vr|
Figura 30
r2
N2
P2 P2
r2
d(r1,r2)
P1 N1
r1 P1
α1 α2 r1
Figura 31
Fonte: Venturi(2015, p.218)
39
39
UNIDADE A reta no espaço
A reta r1 passa pelo ponto P1 = ( x1 , y1 , z1 ) e é paralela ao vetor v1 = [l1 , m1 , n1 ] .
A reta r2 passa pelo ponto P2 = ( x2 , y2 , z2 ) e é paralela ao vetor v2 = [l2 , m2 , n2 ].
x − x2 y − y2 z − z2
r2 : = =
l2 m2 n2
Exemplo 16:
Vimos no exemplo 14, item (a) que as retas seguintes são reversas:
x − 3y − z + 1 = 0
r: e s : P = (1, 0, 2 ) + h [1, −3, 5] , h ∈
2 x + y − z + 2 = 0
Resolução:
Temos que o vetor v1 = [1, −3, −1] × [ 2,1, −1] = [ 4, −1, 7 ] e que v2 = [1, −3, 5] . Além
disso, A = ( −1, 0, 0 ) ∈ r e B = (1, 0, 2 ) ∈ s , AB = [ 2, 0, 2]. Resta calcular:
i j k
v1 × v2 = 4 −1 7 = [ −5 + 21, 7 − 20, −12 + 1] = [16, −13, −11]
1 −3 5
v1 × v2 = 162 + ( −13) + ( −11) = 256 + 169 + 121 = 546
2 2
dist ( r1 , r2 ) =
(
)
AB. v1 × v2
=
[ 2, 0, 2].[16, −13, −11] = 32 − 22 = 10 546 = 5 546
v1 × v2 546 546 546 273
40
Exercícios resolvidos:
Exercício 1:
Seja a reta r definida pelo ponto A = (1, −2, 3) e pelo vetor v = [3,1, 4] . Escreva
as equações paramétricas e reduzidas da reta r .
Resolução:
As equações paramétricas
de
r
são dadas pela equação vetorial da reta, se
P = ( x, y, z ) ∈ r , AP = tv ⇒ OP − OA = tv ⇒ OP = OA + tv , que de maneira sintética
pode ser representada por P = A + tv . Portanto:
x = 1 + 3t
r : y = −2 + t , t ∈
z = 3 + 4t
Para encontrar as equações reduzidas, basta escolher uma das variáveis, digamos,
da segunda equação, y = −2 + t ⇒ t = y + 2 , agora substituindo nas outras duas
equações paramétricas obtemos uma das formas de equação reduzida da reta.
x = 1 + 3 ( y + 2 ) = 3 y + 7
r:
z = 3 + 4 ( y + 2 ) = 4 y + 11
Exercício 2:
x = −1 − 2t
Seja a reta dada pelas equações r : y = 2 − 5t , t ∈ .
z = 3 + 2t
a) Encontre as equações simétricas da reta s paralela à reta r e que passa
pelo ponto B = ( −3, 0, 4 ) .
Resolução:
No item (a) temos que um vetor diretor da reta r é v = [ −2, −5, 2] . Como s / / r ,
v é também um vetor diretor da reta s . Observe que todas as coordenadas de v
41
41
UNIDADE A reta no espaço
são não nulas, o que é uma condição para poder expressar uma reta em suas
equações simétricas. E como B = ( −3, 0, 4 ) ∈ s , as equações simétricas de s são:
x+3 y z−4
= =
−2 −5 2
No item (b) temos que t ⊥ r , portanto, um vetor u diretor da reta t é tal que
u ⊥ v . Além disso, a reta t é ortogonal ao eixo Y, isto significa que o vetor u ⊥ j .
Então, o vetor u é simultaneamente ortogonal ao vetor v e ao vetor j , então:
i j k
u = v × j = −2 −5 2 = ( 0 − 2 ) i + ( 0 − 0 ) j + ( −2 + 0 ) k = [ −2, 0, −2]
0 1 0
Então a reta t tem a direção do vetor u = [ −2, 0, −2] passando por B = ( −3, 0, 4 ) ,
logo suas equações paramétricas são:
x = −3 − 2h
t : y = 0, h ∈
z = 4 − 2h
Exercício 3:
Determinar, caso seja possível, a forma simétrica da equação da reta r que
passa pelos pontos dados:
a) A = (1, 2, 3) e B = ( 4, 5, 6 )
Resolução:
No caso (a) o vetor diretor da reta é AB = [3, 3, 3] , então podemos escrever as
equações simétricas da reta r , uma vez que um vetor diretor,
que podemos assumir
como sendo u = [1,1,1] por ser na mesma direção de AB . Assim, escolhendo o
ponto A por referência temos as seguintes equações simétricas da reta
r : x −1 = y − 2 = z − 3
No caso (b), um vetor diretor da reta r é o vetor CD = [ 0, 2, 2] . Nesse caso, não
é possível expressar a reta r em equações simétricas, pois uma das coordenadas
do vetor diretor é nula. Entretanto podemos expressar as equações paramétricas da
reta r , tomando, por exemplo, o ponto C = (1, 0,1) por referência, temos:
x =1
r : y = 2t , t ∈
z = 1 + 2t
42
Exercício 4:
Encontre valores para k ∈ , caso seja possível, de forma que a reta r seja
perpendicular ao plano π : x − z = 0 , sabendo que a reta r é dada pela interseção
mx + y + 2 z = 1
de dois planos, a saber, r : . Caso afirmativo, encontrar o ponto
x + my + z = 2
P de interseção de r com o plano π.
Resolução:
Como a reta r é dada pela interseção de dois planos, temos que r é paralela ao
vetor u dado por:
i j k
( )
u = m 1 2 = (1 − 2m ) i + ( 2 − m ) j + m 2 − 1 k = 1 − 2m, 2 − m, m 2 − 1
1 m 1
Para que r seja perpendicular a π, o vetor u deve ser múltiplo do vetor
n = [1, 0, −1] que é normal ao plano π, portanto, u × n = 0 , ou seja:
i j k
( )
u × n = 1 − 2m 2 − m m 2 − 1 = ( m − 2 ) i + m 2 − 1 − 2m + 1 j + ( m − 2 ) k = 0
1 0 −1
m−2=0
2
Logo temos: m − 2m = 0 ⇒ m = 2
m−2=0
2 x + y + 2 z = 1
Logo, m = 2 , u = [ −3, 0, 3] e, portanto, r : .
x + 2y + z = 2
43
43
UNIDADE A reta no espaço
Exercício 5:
Considere a reta r e o plano π dados pelas equações:
3x = 1 y − 1 1 − z
r: − = e π : 4x − 3y + z = 3
9 −2 6
Verifique se a reta r é paralela ao plano π e, caso afirmativo, calcule a distância
de r ao plano π.
Resolução:
Vemos que o vetor normal ao plano π é n = [ 4, −3,1] . Por outro lado, observe
que podemos rescrever as equações da reta r :
1
x−
r: 3 = 1− y = z −1
3 2 −6
1
Assim, vemos que o ponto A = ,1,1 ∈ r e o vetor diretor da reta é u = [3, 2, −6].
3
Vamos ver se r é paralela ao plano π. Para tal, vamos calcular o produto interno:
u .n = [3, 2, −6].[ 4, −3,1] = 3.4 + 2 ( −3) − 6.1 = 12 − 6 − 6 = 0 .
Logo u ⊥ n e, portanto a reta r é paralela ao plano π. Mas nesse caso temos
duas situações: a reta r pode pertencer ao plano ou ser paralela fora do plano.
1
Vamos testar se o ponto A = ,1,1 pertence ou não ao plano;
3
1 2
π : 4 − 3.1 + 1.1 = − ≠ 3 . Logo A ∉ π e, portanto a reta r é paralela ao
3 3
plano π, mas não pertence ao plano.
1 11
4 − 3.1 + 1.1 − 3 −
3 3 11
dist ( r , π ) = dist ( A, π ) = = =
n 16 + 9 + 1 3 26
44
Exercício 6:
x −1 y − 3 z
Calcule o ângulo que a reta r : = = forma com o plano XY.
3 2 6
Resolução:
Lembremos que o ângulo procurado é sempre o menor ângulo entre a reta e o
plano. O plano XY tem por vetor normal o vetor k = [ 0, 0,1] . Por outro lado, o
vetor diretor da reta r é v = [3, 2, 6] . Agora vamos calcular o ângulo φ entre estes
π
dois vetores, lembrando que senφ = sen − θ = cosθ .
2
u .n 3.0 + 2.0 + 6.1 6 6 6
cosθ = = = = . Logo, θ = arcsen ≅ 59°
u .n 9 + 4 + 36 49 7 7
Exercício 7:
Determine uma equação da reta r que passa pelo ponto Po = (1, 0, 2 ) , é
concorrente com a reta s : P = (1, 0,1) + t [ 2,1,1] , t ∈ , e é paralela ao plano de
equação π : 2 x − 3 y + 4 z − 6 = 0 .
Resolução:
Observe na figura a seguir a representação dessa situação
P0 P
r
s
Figura 32
45
45
UNIDADE A reta no espaço
Seja P0 o ponto de interseção das retas r e s , uma vez que são concorrentes.
Portanto, como {P0 } = r ∩ s , então existe t ∈ tal que P0 = (1 + 2t , t ,1 + t ) . Daí,
temos que PP0 = [ 2t , t , t − 1] . E como r é paralela ao plano π, cujo vetor normal é
n = [ 2, −3, 4] , temos que PP0 .n = 0 . Portanto:
4
[ 2t , t , t − 1].[ 2, −3, 4] = 4t − 3t + 4t − 4 = 5t − 4 = 0 ⇒ t = 5
8 4 1
Dessa forma, PP0 = , , − é um vetor diretor de r , mas podemos escolher
5 5 5
um outro vetor múltiplo deste, seja w = 5 PP0 = [8, 4, −1] que também dá a direção
da reta r . Logo, uma equação vetorial da reta r : P = (1, 0, 2 ) + h [8, 4, −1] , h ∈ .
46
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Intersecção de dois planos formando uma reta
https://goo.gl/kOUKW3
Sites
Retas e planos no espaço
http://goo.gl/AAByuz
Leitura
Leitura e representação do espaço: As relações entre as formas no espaço.
http://goo.gl/ahS2Vo
Matemática e suas Tecnologias - Matemática Ensino Fundamental, 6º Ano Pontos, retas e planos; retas paralelas e
retas concorrentes – conceitos iniciais.
http://goo.gl/bLPqDo
47
47
UNIDADE A reta no espaço
Referências
BRASIL. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares
Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: MEC, 2002.
LEITHOLD, Louis. O cálculo com geometria analítica. São Paulo: Habra, 1994.
48
SWOKOWSKI, Earl W. Cálculo com geometria analítica. São Paulo: Makron
Books, 1995.
49
49