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13/02/2018 Um pouco de surf e maconha - Waves

Um pouco de surf e maconha


Colunista Fernando Costa Netto fala sobre a antiga relação entre o surf e a maconha.

Por Fernando Costa Netto - 13/02/2018

Jamaicano Inilek Wilmot a caminho das ondas.


 Insight 51

Um dos ex-alcoólatras mais famosos do país se chama Ruy Castro. Ruy, jornalista e escritor de primeira
linhagem, chegou a beber de 2 a 4 litros de vodka por dia. Dependente químico e dono de alguns dos
melhores textos publicados no país. Circula pelas redações que durante a fase junkie, era um cara
insuportável, como todo junkie que se tem notícia.

Mas de longe, de onde sempre o acompanhei, Ruy era e é um cara notável, bem informado e dono de
textos que transportam a gente para outros lugares! Autor de biogra as como Anjo Pornográ co (sobre
a vida de Nelson Rodrigues), Estrela Solitária (sobre Mané Garrincha), Carmen (sobre Carmen Miranda),
um estudioso da bossa nova com reconstituições históricas incríveis como “Ela é Carioca”, que fala
sobre o bairro de Ipanema ou “Chega de Saudade”, sobre a Bossa Nova, para citar alguns de seus
clássicos.

Gostaria de recomendar a leitura de suas crônicas semanais, mas não sei se ele continua escrevendo na
página 2 da Folha, deixei de assinar o jornal há semanas desde publicações maldosas e mal informadas

http://www.waves.com.br/colunas/rosa-dos-ventos/surf-e-maconha/ 1/3
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sobre fotogra a, que é a minha área, naquele periódico. Porcarias para qualquer uma dessas
publicações decadentes de fofoca, não para um jornal como a Folha de S. Paulo.

Provavelmente pelos anos de enorme bad trip com o álcool, hoje em dia, quando questionado, Ruy
sempre se coloca contra qualquer situação que envolva o afrouxamento do uso da maconha, seja para
uso recreativo ou em qualquer situação.

Ruy adora recordar o passado, escreve sobre o cinema americano e francês dos anos 50, sobre a
música em 78 rotações, fazer resgates como goleadas históricas no Maracanã, Paulo Francis, Botafogo,
Jango, o Mundial de 1958… e um dia desses, brilhantemente, ele puxou mais uma do fundo do baú ao
comentar a polêmica do atual libera-não-libera da erva. Lembrou dos sur stas do Píer, uma rapaziada
que antigamente só aparecia na imprensa pelas páginas policiais e sempre envolvida com a ‘erva
maldita’.

O texto emprestava um bordão de um delegado chamado Elói que atazanou muito a vida de quem
surfou a Praia da Guarda e Garopaba nos anos 80: “Nem todo maconheiro é sur sta, mas todo sur sta é
maconheiro.” Elói merece uma coluna inteira para ele neste espaço, um xiita que humilhava e prendia a
molecada gaúcha, carioca e paulista que estava escrevendo um capítulo da história nas praias de Santa
Catarina.

“More trees less assholes”.


 Insight 51

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Recordo de um outro capítulo bizarro / patético da imprensa canábica e o surf. Um repórter, se não me
engano da falecida Folha da Tarde, que pre ro não dizer quem é, foi escalado para cobrir um
campeonato nacional em Saquarema nos anos 80 e o episódio rendeu algumas das mais altas
gargalhadas que já ecoaram pelo litoral brasileiro. Isso foi em 84 ou 85, quando saquei que nem tudo o
que se lê é digno de crédito.

As barbaridades do texto iam desde os verbos haoles e de gente que nunca havia visto alguém de pé
numa prancha do tipo o sur sta “fez” um tubo até comentários machistas sobre as nossas lindas
meninas, além claro, do tom de desprezo com a comunidade que amava as praias e os Rolling Stones.

A fama de maconheiro dos sur stas era tão grande na mente desse cabaço que ele resolveu por conta
própria subir alguns degraus, inventar, sonhar e publicar um texto medíocre para o jornal onde dizia que
as areias de Saquarema estavam repletas de seringas, tamanha era a quantidade de ‘viciados em
maconha’ no evento. O tempo passa, o tempo voa e em 2018 o surf vem dando um show de
pro ssionalismo com maconha ou sem maconha, sem dúvida sem seringas.

E essa mesma grande imprensa de um país tão carente de ídolos ainda segue sem notar a grandeza dos
conterrâneos entre os maiores neste magní co esporte, seja no Circuito Pro ssional seja nas
montanhas de água de Nazaré ou Jaws. Maya Gabeira, por exemplo, merece um capítulo só para ela
pelas ondas que tem surfado em Nazaré e por ser a mais importante sur sta de ondas gigantes do
mundo.

Uma menina especial como seu pai, Fernando, aliás, usuário das antigas, um cara que no auge da
repressão e das prisões causadas por uma simples ponta levou um saco de semente no Jornal Nacional
para defender o cultivo e a utilização da maconha para outros ns além o do que antecede ou precede
uma boa sessão de surf.

Fernando Costa Netto

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