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1.

Introdução

A equitação, desde a antiguidade, é valorizada como atividade capaz de auxiliar a


manutenção da saúde, tanto física como mental, além de método terapêutico para tratar
enfermidades como paralisias, epilepsias, depressão, entre outros, os mais diversos,
havendo registros, por exemplo, de indicações feitas por Hipócraes da Loo (458-370
a.C) a seus pacientes (Silva, 2006).

Os primeiros registros sobre a prática de equitação como terapêutica datam de 1900, na


Alemanha, porém, foi na Inglaterra, em 1901, que o método foi usado pela primeira vez
em ambiente hospitalar, para auxiliar na recuperação de soldados (Silva, 2006).

Até então, as atividades com cavalos não possuíam uma terapêutica estabelecida. No
correr da primeira metade do século XX, muitos estudos foram feitos e que
comprovavam as muitas boas vantagens que uma prática com os cavalos poderia
oferecer. Em 1954, surgiu na Noruega a primeira equipe multidisciplinar de
equoterapia, que contava com um tratador de cavalos, um psicólogo e um fisioterapeuta
(Silva, 2006).

A Equoterapia, como a concebemos atualmente, é uma forma de terapia multidisciplinar


em que, a partir da prática de atividades com o cavalo, é possível obter melhoras no
desenvolvimento, tanto físico quanto psíquico e social do sujeito. Costuma-se indicar a
prática de equoterapia especialmente para crianças com deficiências físicas ou mentais,
porém, tal terapêutica já se mostrou eficaz para lidar com questões das mais diversas,
como problemas de aprendizado, dificuldades de socialização, entre outros (Bueno &
Monteiro, 2011).

Quando em atividade equoterápica, a pessoa é designada por “praticante” (ANDE-


BRASIL, 2007). Ao exigir o emprego do corpo inteiro, a equoterapia solicita atenção e
esforço para manter o equilíbrio por parte do praticante. É interessante notar que, por
mais completa que seja a equipe multidisciplinar envolvida, em última análise, o
praticante está sozinho sobre o cavalo e depende de si mesmo para realizar as tarefas
propostas.

A equipe multidisciplinar deve ser o mais ampla possível (Bueno & Monteiro, 2011).
São essenciais profissionais de psicologia e fisioterapia, em especial, com uma
formação que os habilite a lidar com os cavalos. Não sendo possível, é muito importante
que as práticas sejam acompanhadas por pessoas capacitadas no tratamento com os
animais.

Além disso, mesmo que não seja possível que outros profissionais estejam presentes no
momento da equoterapia, cada caso precisa ser acompanhado, de acordo com suas
particularidades, pelos profissionais competentes, como médicos, terapeuta ocupacional,
nutricionista, preparador físico, entre outros.

É interessante destacar que a equoterapia é uma das poucas práticas onde os pais ou
responsáveis podem acompanhar diretamente e até mesmo participar das atividades.
Muitas vezes, os responsáveis acompanham o praticante em outras terapias, tais como
terapia fonoaudiológica, psicológica, entre outras, mas não tem a oportunidade de
acompanhar a sessão de perto. A partir disso, fica evidente a importância de valorizar a
experiência, tanto do praticante, quanto do seu acompanhante (Silva, 2006).

O cavalo é um personagem imprescindível no trabalho da equoterapia, pois, sem ele, as


atividades não podem ser desempenhadas. Porém, esse personagem possui
características extremamente específicas, algumas delas facilitam a realização da terapia
e outras podem ser motivo de apreensão para toda a equipe.

Para que os equinos realizem as atividades da forma como se espera que realizem, eles
precisam ter o seu bem-estar garantido. Mas, não somente o seu bem-estar físico, pois
outros fatores podem influenciar suas sensações. Na maioria dos casos, o que os
animais realmente precisam para se sentirem bem é de um ambiente que lhes permita
agir naturalmente, assim, a melhor forma de contribuir para que tenham
comportamentos considerados normais, é proporcionando-lhes a maior liberdade
possível para que todas as suas emoções básicas sejam satisfeitas (Grandin & Johnson,
Do que os animais precisam?, 2010).

O cavalo é um animal que está sempre pronto para fugir e dar coices e sua emoção
dominante é o medo. Geralmente, recorre à fuga para sobreviver e pode ser considerado
um animal arisco, pois é arredio e se assusta com extrema facilidade, o que faz dele um
animal enormemente traumatizável. Isso se deve ao fato de que é o sentido da visão que
lhe diz se um predador é perigoso ou não (Grandin & Johnson, Comportamento dos
Cavalos, 2010).
A docilidade não é natural dos equinos, é preciso acostumar o potro ao humano desde
seu nascimento. Um bom treinamento inclui habituá-lo lentamente às novas sensações,
como a sela, a rédea e o cavaleiro. Assim, o trabalho englobado pela equoterapia se
inicia bem antes da chegada do praticante, pois o cavalo precisa estar dócil e
acostumado à presença dos humanos (Grandin & Johnson, Comportamento dos
Cavalos, 2010).

Na maioria das vezes, o que desperta mais medo em um cavalo é a visão, mas é preciso
estar atento à isso pois os outros sentidos também podem ser causadores de medo neste
animal. Uma equipe bem preparada de equoterapaia precisa estar atenta aos sinais que
o equino pode apresentar de que está com medo. Um cavalo assustado balança muito o
rabo, quanto mais medo ele sente, mais rápido ele o balança. Suor e olhos esbugalhados
também podem ser sinais de medo aos quais a equipe deve estar constantemente atenta
(Grandin & Johnson, Comportamento dos Cavalos, 2010).

1.2 Descrição do Campo

O projeto Equobrasil – Centro de Equoterapia do RpMont, do Regimento da Polícia


Montada do Espírito Santo, oferece o serviço de equoterapia ao público em geral desde
1996. A idéia da equoterapia foi trazida à polícia militar por uma policial, que conheceu
o método em Brasília. Após apresentá-lo, ela recebeu apoio da corporação para
implementá-lo no Espírito Santo. O regimento pode aproveitar o seu espaço físico, os
animais e os profissionais para oferecer o serviço à população. De início, o serviço não
contava com especificidade profissional, a equipe era formada por militares, que não
tinham uma formação específica para compor uma equipe multidisciplinar de
equoterapia.

Hoje a equipe é coordenada pelo psicólogo primeiro sargento Alberto Pereira da Silva,
também possui educador físico, Thor Dietrich, fisioterapeuta, pedagogo, equitador
(????). Foi uma conquista do atual coordenador a inclusão de policiais militares cuja
formação profissional compõe a especificidade sugerida pela literatura a uma equipe
multidisciplinar de equoterapia. Hoje o serviço dispõe de uma equipe multidisciplinar
capaz de abarcar a complexidade dos casos atendidos com maior propriedade.
O público majoritário do serviço são pessoas com deficiências, entretanto, também são
atendidos outros diagnósticos como depressão, autismo, dificuldade escolar, etc. O
serviço se destina a pacientes que tem encaminhamento médico, com laudo. Também
são atendidos pelo serviço pessoas em tratamento de reabilitação, internadas em uma
clínica para dependentes químicos da polícia militar. Além disso, existem instituições
com as quais o centro de equoterapia possui uma relação de parceria estabelecida, como
a Apae e Pestalozzi. A seleção dos praticantes é feita por ordem de inscrição. O serviço
conta com uma fila de espera bem longa, uma vez que não tem capacidade de atender a
demanda. Os parentes de militares, no entanto, têm atendimento preferencial no serviço.

É importante estar atento ao fato que, apesar da amplitude do campo da equoterapia,


existem contraindicações para realizar o tratamento, tais como: Pessoas que possuem
problemas de coluna e quadril, algumas pessoas com síndrome de Down com
instabilidade atlantoaxial, alegias ao cavalo, hipertensão (quando não está controlada),
cardiopatias agudas e osteoporose (Silva, 2006).

Apesar da diversidade do público atendido, há uma dimensão trabalhada no serviço que


abrange a maioria das particularidades dos praticantes: a inclusão social. Grande parte
dos pacientes apresenta limitações físicas e mentais, ou uma condição psíquica
complicada. Geralmente são pessoas que, devido as suas incapacidades, apresentam
problemas de auto-estima. Sabemos que estas particularidades físicas e subjetivas, em
nossa cultura, são permeadas por uma série de exclusões. Atenta a este fato, um dos
objetivos do serviço é reinserir os praticantes em sociedade.

O grupo multidisciplinar realiza 50 atendimentos diretos por semana. A duração do


tratamento é, em média, de uma a dois anos, com a freqüência de um ou dois encontros
semanais, de trinta minutos. Antes de iniciar a terapia, o praticante ou seu responsável
realiza uma anamnese com um profissional da equipe. Após a anamnese é iniciada a
aproximação com o cavalo, etapa que precede a montagem. A aproximação tem uma
duração bastante variável; nela o praticante acaricia o animal, o alimenta, o escova.
Além destas atividades, a equipe pode inserir outras atividades a aproximação,
dependendo da particularidade de cada caso.

1.3 Atividades realizadas


Dia 1 – 18/04/2016

No primeiro dia, inicialmente, conhecemos o espaço físico do Regimento da Polícia


Montada. Depois nos reunimos com o psicólogo Alberto para receber algumas
informações de segurança, sobre como nos aproximar do cavalo com o mínimo de risco.

Conhecemos as baias com os cavalos. Treinamos aproximação nas baias, com os


cavalos presos. Depois desta aproximação inicial, fomos para o galpão da equoterapia e
realizamos a atividade de montar nos cavalos com o auxílio da equipe.

Dia 2 – 27/04/2016

No segundo encontro, continuamos com as atividades de aproximação aos cavalos


através da alimentação dos animais. Os praticantes iniciam a equoterapia por esta etapa
e posteriormente realizam a montagem. Nosso grupo alimentou os cavalos, e observou a
simulação de um dos nossos colegas. Albertou o orientou a simular como seria a
atividade para um praticante que não possuía os movimentos das pernas.

Depois disso, observamos no galpão da equoterapia, um paciente com movimentos bem


limitados sendo posicionado para montar ao cavalo.

Dia 3- 02/05/2016

Neste dia, observamos a prática deste método terapêutico pela primeira vez. O
praticante era uma criança com diagnóstico de Síndrome de Down. Uma colega foi
convidada a participar da sessão e brincou um pouco com o menino, com uma bola.

Quando a sessão dele acabou e o praticante se retirou, nós demos início às atividades
programadas para o dia, continuar a aproximação com os cavalos.

Foram apresentadas uma variedade de escovas, de tamanhos e texturas diferentes, e os


voluntários foram convidados a escolher uma para escovar um cavalo. Alberto disse
que, ao observar o tipo de escova que uma pessoa escolhe e a sua postura em relação ao
cavalo enquanto ela desenvolve a atividade, é possível tirar algumas conclusões úteis
para a terapia.

Um colega escolheu uma luva com cerdas para tratar do cavalo, o que denotaria que ele
não estava muito inclinado a se aproximar, porém, como ele se colocava próximo e
tocava o animal com a outra mão, percebe-se que esta não pode ser uma análise
definitiva e deve-se ter calma para se chegar a uma conclusão.

Uma escova de cerdas curtas poderia indicar que a pessoa está se sentindo confortável e
quer se aproximar do cavalo. Uma escova de cerdas duras pode indicar que a pessoa não
está muito preocupada se a atividade será prazerosa ou não para o animal.

Depois disso, cada voluntário foi convidado a fechar os olhos e acariciar o cavalo como
preferisse com a mão esquerda e manter a mão direita sempre parada e em contato com
o bicho. Depois de um tempo, Alberto os conduzia ligeiramente para que mudasse de
posição ou trocassem de lugar.

Dia 4- 09/05/2016

Este foi um dia dedicado a discutir a parte burocrática do trabalho do psicólogo.


Alberto, nosso orientador na equoterapia, conversou rapidamente conosco na sala de
reuniões, em especial sobre as atividades desenvolvidas pelos colegas voluntários na
semana anterior.

Alberto nos explicou que ele não pode, devido ao sigilo profissional que existe entre
psicólogo e paciente, guardar os laudos de qualquer jeito. Todos os laudos que ele
recebe ficam em gavetas trancadas.

Além disso, e essa é uma questão muito importante, as informações que irão compor o
prontuário do praticante devem ser julgadas cuidadosamente, pois os prontuários são de
livre acesso a quem desejar lê-los. Após essas conversas, nós pudemos ler alguns
prontuários. Muitos deles estavam bastante desatualizados. Aberto disse que planeja
revisá-los em breve.

Algumas das fichas das anamnéses realizadas com praticantes ou seus responsáveis
chamaram a atenção. Algumas perguntas não estavam respondidas, ou estavam com
respostas curtas, sem muitas explicações.

Dia 5 – 16/05/2016

Até então, realizamos atividades que seriam equivalentes às realizadas por um


praticante em início de terapia e conhecemos um pouco do que seria a parte burocrática
do trabalho neste ambiente. Porém, neste dia, a visita do filho de uma colega nos
proporcionou uma experiência com uma sessão de equoterapia.

A criança tem 4 anos e já demonstrava interesse pelos cavalos. Três voluntários foram
chamados para convencê-lo à montar, processo que aconteceu com muito mais
facilidade do que aconteceria num início típico de sessão, devido à familiaridade do
menino com o cavalo. Em seguida, a equipe assumiu o controle das atividades
desempenhadas pela criança mas sempre convidando algum voluntário para auxiliar.

Um novo praticante também chegou neste dia e passou algum tempo ao nosso lado
alimentando os cavalos e acariciando-os enquanto o psicólogo realizava a anamnese
com sua mãe.

Dia 6 – 30/05/2016

O esperado era que observássemos um praticante em sessão de equoterapia, mas ele


faltou e, por isso, foi solicitado que uma colega se passasse por uma praticante com
autismo para que pudéssemos observar um ensaio de como seria a sessão. Todos os
exercícios realizados foram de muito contato entre praticante e cavalo mas também
entre praticante e equipe, o uso da bola não foi uma alternativa bem sucedida pois a
praticante não demonstrou interesse pelo objeto.

Este ensaio não aconteceu da mesma forma que uma sessão regular aconteceria, mas foi
importante para percebermos o andamento do trabalho em equoterapia assim como os
imprevistos que podem surgir no decorrer.

Referências

Grandin, T., & Johnson, C. (2010). Comportamento dos Cavalos. In: T. Grandin, & C.
Johnson, O Bem-Estar dos Animais: Proposta de uma vida melhor para todos os
bichos (pp. 109-140). Editora Rocco;

Grandin, T., & Johnson, C. (2010). Do que os animais precisam? In: T. Grandin, & C.
Johnson, O Bem-Estar dos Animais: Proposta de uma vida melhor para todos os
bichos (pp. 7-29). Editora Rocco.

ANDE-BRASIL. In: Curso Básico de Equoterapia – Associação Nacional De


Equoterapia –
ANDE-Brasil, 2007.

BUENO, R. K.; MONTEIRO, M. A. Prática no Psicólogo no Contexto Interdisciplinar


da Equoterapia. Vivências, Vol.7, N.13: p.172-178, Outubro/2011.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Francine Santos

Letícia Santos Fonseca

Anallu G. Firme Lorenzon

Vivências de Estágio na Equoterapia e suas


Análises
VITÓRIA/ES

2016

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