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Psicanálise, uma
pseudociência escondida à
vista de todos
Por Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira -
jan 8, 2015
21

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Crédito da Imagem: Sigmund Freud Archives.
Veja aqui a parte dois do artigo sobre a psicanálise com foco na
epistemologia.

É muito comum que nós, seres humanos, estudemos alguma disciplina


que nos interessa muito e que explica a si mesma em sua totalidade.
Dentro de um círculo relativamente fechado de autores anônimos, antigos
e renomados, podemos conhecer as teorias mais extravagantes.

Muitos já participaram de alguma forma dessas situações, e talvez nunca


tenha ocorrido pensar em buscar alguma crítica ou opinião secundária. A
pergunta é: se tivermos tempo o suficiente para analisar essa
situação, seríamos capazes de ouvir e raciocinar o que dizem os
outros autores sobre o assunto ou como ele é abordado a partir de
outras disciplinas?

No caso das pseudociências, a resposta é um enfático “não”. Como


costumam defender os seus adeptos:

“Aqueles que pensam diferente, tendem a ser parte de uma


conspiração e buscam esconder a verdade por algum interesse.
Eles são críticos invejosos de nossos ídolos ou simplesmente o
detestam por motivos pessoais. Geralmente, fazem parte de
‘outras correntes’ e não precisamos analisá-los mais do que disso.
O argumento dele não nos interessa. Talvez não sejamos capazes
de mudar de opinião. Talvez, se mudarmos de opinião, anos e anos
de estudos iriam-se embora, sem mencionar a chance de ganhar
dinheiro, se fosse o caso.“

Isso é algo que sabemos mais ou menos e que ficou bem claro na
entrevista com o astrólogo Hugo Bonito, neste blog.

Um bom cientista é alguém que busca a verdade e é guiado pela


necessidade de encontrá-la. Eventualmente, pode ocorrer a possibilidade
de que ele se torne famoso. Um cientista pode trabalhar durante anos em
uma teoria, até encontrar evidências que a contradizem. Se os resultados
da vida real não correspondem com suas predições, ele vê-se obrigado
areformular o seu postulado ou até a abandoná-lo. Isso
independentemente das horas, dias e anos perdidos.

Um falso cientista, ou pseudocientista, irá modificar os resultados de


seus experimentos, usando vários truques para justificar sua teoria.

Uma pessoa curiosa e relativamente racional fará perguntas, supondo que


ela estará disposta a investigar se você, o cientista, descobriu algo que
não é como se pensava. E, eventualmente, ela arriscará a descobrir uma
realidade que não coincide com o que se pensava.
A psicologia é uma ciência que estuda os processos mentais, cognitivos e
comportamentais dos seres humanos. Dentro dessa disciplina, existem
diversas “teorias” e terapias. Uma das mais conhecidas e difundidas é
a psicanálise, fundada pelo famoso Sigmund Freud.

A teoria de Sigmund Freud é muito completa e até bela em muitos


aspectos, mas, infelizmente, muitos dos seus princípios não têm muito a
ver com a vida real. Freud usou métodos duvidosos para realizar seus
experimentos, mentiu sobre alguns, plagiou outros e jamais comprovou
muitas de suas ideias.

Muitos não sabem que as afirmações feitas por alguns psicanalistas


carecem de um bom argumento, pois se tratam apenas de um simples
jogo de palavras e de dogmas não verificados ou já refutados.

Existem outras terapias, tal como a cognitiva-comportamental, que


é baseada em pesquisas e dados reais e que foram construídos a partir
da biologia e das neurociências. Este artigo tenta mostrar várias críticas
importantes que a psicanálise recebe e que sugerem que ela seja uma
pseudociência.

Já vi críticas às críticas da psicanálise, que se baseavam em discursos


como “você é comportamental” ou “a psiquiatria é pior, porque ela usa
drogas psicotrópicas”. Fazendo-se um paralelo, os defensores
da homeopatia fazem disparates semelhantes em relação à medicina
científica (chamada pelos homeopatas de ‘alopatia’). Não se trata de ver
qual é o pior ou qual é o melhor, trata-se de ver se eles estão dizendo a
verdade, ou se estão mentindo descaradamente (e então a mentira torna-
se um dogma, fazendo com que ‘cientistas’ fanáticos se ofendam com a
crítica).

O texto a seguir pertence ao Livro Negro da Psicanálise, que foi publicado


em uma revista de notícias da Argentina.

A Psicanálise Tornou-se Insignificante


A França, junto com a Argentina, são os países mais freudianos do mundo.
Nesses dois países, comumente, admite-se que:

 Todos os lapsos são “reveladores”;


 Todos os sonhos revelam inevitavelmente “desejos inconfessáveis”
e;
 Todos os psicólogos são necessariamente “psicanalistas”.

Na França, quando os estudantes preparam seus exames finais do


bacharelado, e, ao longo de toda a formação de mestres e professores, as
ideias de Freud são ensinadas como verdades inquestionáveis.

De 13 mil psiquiatras, 70% são praticantes da psicanálise ou de alguma


terapia de inspiração psicanalítica.

Os freudianos estão firmemente instalados em hospitais e universidades.


Nos meios de comunicação, são comumente chamados de “especialistas”.
A psicanálise goza de um prestígio evidente.

No entanto, poucas pessoas sabem que essa situação é única no mundo.

No exterior, a psicanálise tornou-se insignificante. A Holanda é a nação


que consome a menor quantidade de ansiolíticos. Lá, a matéria é quase
inexistente como terapia.

Nos Estados Unidos, apenas 5 mil pessoas são psicanalistas: em relação


aos 295 milhões de norte-americanos.

Myers, o manual que serve como uma referência para estudantes de


Psicologia (para além do oceano), contém apenas onze páginas dedicadas
às teorias de Freud, com 740 acusações.

Existe alguma razão racional para a Argentina e França ficarem sozinhas


contra o resto do mundo?

Freud e Cocaína
Por Han Israëls. Historiador da psicologia. Autor de “O caso de Freud.
Histeria e Cocaína”.

Em 1884, Freud, que tinha então 28 anos, começou suas experiências


com a cocaína, uma substância cujas propriedades e efeitos eram pouco
conhecidos na época. Freud queria encontrar algo. Ele tentou usar cocaína
como um meio de se libertar do vício da morfina, pois tinha lido em uma
revista americana que era possível. Então, ele executa uma experiência
com Ernst Von Fleischl-Marxow, um colega e amigo que havia se tornado
um viciado em morfina após uma cirurgia dolorosa.

Se o crédito é dado à publicação de Freud, a desintoxicação de morfina


foi um sucesso completo. Em 1884, ele escreve que o viciado em drogas
em questão – evidentemente, ele não fornece o nome – tinha alcançado
imediatamente, graças à cocaína, largar a morfina sem sofrer grandes
sintomas de abstinência e, também, dez dias depois, o paciente teria
parado de consumir cocaína.

Em 1887, afirmou que era possível curar o vício em morfina através da


cocaína e que ele havia participado diretamente do tratamento deste tipo,
tendo êxito total.

Mas, em sua correspondência privada, Freud oferece detalhes de uma


história muito diferente. (…) Em maio de 1885, um ano após o início do
tratamento, Freud escreve em uma carta para Martha, sua mulher, que
Fleischl só conseguia sobreviver com ajuda das duas drogas e que tinha
sido utilizada uma grande quantidade de cocaína nos últimos meses. O
consumo causou uma intoxicação crônica, cujas consequências foram uma
insônia severa e uma espécie de delirium tremens. Ele se sentiu tão mal
que prometia suicídio após a morte de seus pais.

(…) A lição dessa história é a seguinte: em suas publicações, Freud não


tinha nenhum receio em apresentar uma terapia desastrosa como um
sucesso retumbante. Um pesquisador que se comunica com seus
resultados desta forma não merece ser levado a sério. Só pode ser
qualificado como vigarista.

Os Pacientes Imaginários

Por Mikkel Borch-Jacobsen. Filósofo. Autor de sete livros sobre a


psiquiatria e a história da psicanálise.

Uma das razões do tempo que seria necessário para obter-se uma ideia
mais precisa da eficácia da análise realizada por Freud é que a verdadeira
identidade de seus pacientes não era conhecida. Protegidos por sigilo
médico, Freud poderia, então, dar-se ao luxo de escrever qualquer coisa,
e apenas gradualmente, trilhou-se a caminho da verdade. Com isso, os
historiadores foram capazes de identificar as pessoas que estavam
escondidos por trás dos nomes “coloridos” de “Elisabeth Von R.”, o
“Homem dos Lobos” ou “Pequeno Hans”. (…) O saldo não é convincente.

Senhorita Anna O.: Sabemos que Bertha Pappenheim não foi curada de
nenhum sintoma histérico pela “cura pela fala” de Breuer, contrariando as
afirmações de Freud. Compreende-se, nessas circunstâncias, que ela
estava mais cética em relação à psicanálise: De acordo com o testemunho
de Dora Edinger, “Bertha Pappenheum nunca falou desse período de sua
vida e se opôs veementemente a qualquer sugestão de um tratamento
psicanalítico para pessoas que tinham a seu cargo, para a surpresa
dos que trabalhavam com ela.”

Cecilia M.: Seu verdadeiro nome era Anna von Lieben, nascida baronesa
de Tedesco. Este paciente foi muito importante e Freud chamava-a de
“Mestre” (Lehrmeisterin). Ela sofria também de múltiplos sintomas e
excentricidades. Foi também viciada em morfina. De acordo com Peter J.
Swales, que foi o primeiro a identificá-la publicamente, seu tratamento
com Freud, que durou entre 1887 a 1893, não produziu nenhuma melhoria
em seu estado. A filha dela, mais tarde, disse a Kurt Eissler – em
entrevista – que a sua família detestava cordialmente Freud (“todos nós
o odiávamos”) e que o mesmo paciente pouco se interessava pela “cura
pela fala”, mas adorava doses de morfina que seu doutor lhe administrava
com liberdade: “A única coisa que esperava dele era a morfina”.

O Pequeno Hans: “A história da doença e da cura” do pequeno Herbert


Graf não foi tal que nem a da Aurelia Kronich ou Ida Bauer. Freud e o pai
da criança, Max Graf, passaram tesouros do engenho psicanalítico para a
cura do que Freud chamou de “fobia de cavalos”, considerando que provia
do complexo de castração do pequeno menino. Hebert, que obviamente
parecia ter mais bom senso do que seus dois terapeutas, atribuiu seu
medo de cavalos e outros animas de grande porte para um acidente de
ônibus que tinha testemunhado, durante o qual dois cavalos tinham caído
para trás. Nessa segunda hipótese, muito mais simples e prosaica, não é
de se admirar o porquê da angústia de uma criança com os animais ter
se enfraquecido espontaneamente depois de um tempo. O surpreendente
é que Hebert saiu ileso do interrogatório terrível (Édipo-policial) em que
seu pai e Freud submeteram-no!

O Homem dos Lobos: No caso de Sergius Pankejeff, podemos avaliar a


eficácia a longo prazo de seus dois momentos de análises com Freud, e é
rigorosamente zero: sessenta anos mais tarde, Pankejeff ainda era vítima
de pensamentos obsessivos e de ataques de depressão profunda, apesar
do quase constante monitoramento analítico pelos discípulos de Freud.
Esse brilhante sucesso terapêutico foi, na verdade, um fracasso total.

Uma Nebulosa Sem Consistência

Por Mikkel Borch-Jacobsen.

Nós não perguntaríamos o porquê da psicanálise ser tão bem sucedida se


estivéssemos convencidos de sua validade. Na realidade, a questão
seguinte sugere implicitamente que não acreditemos ou que não devemos
acreditar: “Como explicar que uma falsa teoria como a psicanálise teve
tanto êxito?”. Para colocá-la de outra maneira: “Como fomos capazes de
nos enganar até este ponto?”.
(…) O que há na teoria psicanalítica que a torna capaz de cumprir tantas
funções? Nada, na minha opinião. Precisamente porque ela é
perfeitamente vazia e oca, esta teoria se propagou como o fez e se
adaptou a diferentes contextos. É errado perguntar o que explica o
sucesso da psicanálise, uma vez que nunca houve nada como ela, pelo
menos, entendida como um corpo de doutrina coerente, organizada em
torno de teses claramente definidas e, portanto, potencialmente
refutáveis. A psicanálise não existe, é uma nebulosa sem consistência, um
branco em movimento perpétuo.

O que há em comum entre as teorias de Freud e as de Rank, Ferenczi,


Reich, Melanie Klein, Karen Horney, Imre Hermann, Winnicott, Bion,
Bowlby, Kohut, Lacan, Laplanche, André Green, Slavoj Zizek, Julia
Kristeva, e Juliet Mitchell? O que há em comum entre a teoria da histeria
professada por Freud, em 1895, a teoria da sedução de 1896-1897, a
teoria da sexualidade de 1900, a segunda teoria pulsional de 1914, o
segundo tópico e a terceira teoria pulsional da década de 20? Suficiente
para se referir a qualquer item do Dicionário da Psicanálise de Laplanche
e Pontalis para se perceber que a “psicanálise” tem sido, desde o início
uma teoria, que se renova permanentemente, capaz de tomar as voltas
mais inesperadas.

(…) Freud permitiu muitas vezes mudar suas teorias quando se percebia
que estavam invalidadas pelos fatos (Clark Glymour, Adolf Grünbaum),
porém ainda se confunde o rigor falseacionista com o oportunismo teórico.
Nenhum “fato” era suscetível a refutar as teorias de Freud, pois ele as
adaptava com as acusações (objeções) que eram feitas.

A Psicanálise Desapontou Até Mesmo o Freud

Por Isabelle Stengers. Filósofa Belga da Ciência.

No fim de sua vida, no artigo Análise terminável e interminável, de 1937,


Freud confessa, em termos muito claros, o fracasso de toda a sua
empresa. (…) Ele mostrou, com enorme insistência, que a relação de
forças entre o paciente e o analista é desfavorável, no sentido de que tudo
o que pode mobilizar contra a resistência do paciente não é suficiente, na
maioria das vezes, para derrotá-lo. Em seguida, a técnica psicanalítica
não manteve suas promessas e desiludiu o velho Freud, exatamente da
mesma forma que a hipnose fez nos tempos de início da psicanálise.

Deste ponto de vista, este artigo faz um ponto à psicanálise, um ponto


verdadeiramente final, e se você lê-lo a partir dessa perspectiva, como
temos feitos, é algo que se torna bastante evidente.

Taxas sem Escrúpulos

Por Peter Swales. Historiador da psicanálise galês.

Três anos mais tarde (em 1913), em um ensaio intitulado “Novos


conselhos sobre a técnica da psicanálise”, Freud aborda a questão das
taxas, um tema que ele sempre falhou ao tentar se explicar, por isso,
deve ser observado. Foi-se recomendado aos praticantes a adotar, desde
o início, uma atitude muito franca. Deveriam concordar expressamente,
com ousadia e sem escrúpulos, o suficiente para os potenciais clientes
ficarem com a impressão de que o benefício a ser dado a eles tem valor.
A “questão irritante” é a da duração do tratamento – uma questão “que,
na verdade, é quase impossível de responder”. Freud respondeu que um
analista só pode dar garantia de que vai durar “mais do que o esperado
pelo paciente”.

Freud argumentou que as taxas elevadas foram justificadas pelo fato de


que, qualquer que seja a duração do tratamento, a psicanálise teve seu
ponto de partida: a cura da neurose. Por outro lado, é a partir de
considerações terapêuticas que ele recomendou essa atitude interessada,
afinal de contas, a redução progressiva do poder de compra ou do dinheiro
nos bolsos, poderia servir para melhorar na vida. Em virtude deste
raciocínio e da ideia de que as taxas permitidas manteriam uma relação
entre o médico e seu paciente em um plano estritamente profissional, o
psicanalista estava, até então, por força das circunstâncias,
impossibilitado de seguir com seus pacientes por caridade, como, de todas
as formas, levando em conta o passado, tinha sido fortemente prejudicial
para a sua renda.

A conclusão é de que para os pobres foram negados os benefícios da


psicanálise. Somente quem fizesse doações em dinheiro receberia os
benefícios, e portanto, poderiam se livrar de sua neurose. Tais efeitos
Freud afirmava falar com conhecimento de causa.

Durante dez anos, preocupado em revelar os segredos da neurose, ele


sempre atendeu a um ou dois pacientes de graça. Então, as coisas
tomaram um caráter inevitavelmente pessoal, irreversivelmente
arruinando a aliança terapêutica.

Qualquer um pode ser Psicanalista

Por Jacques Van Rillaer. Professor de Psicologia da Universidade de


Louvain-la-Neuve, na Bélgica.

Detenhamo-nos um pouco mais sobre o fato de que a psicanálise é uma


atividade fácil, que poucas pessoas entendem, exceto aqueles que a têm
praticado. No entanto, o próprio Freud disse e repetiu: “A técnica da
psicanálise é muito mais fácil de implementar do que se poderia imaginar
a partir de sua descrição.” O estado de atenção flutuante, que lidera o
modo de como o psicanalista escuta, “permite economizar um esforço de
atenção que não se podia manter diariamente por horas.” “Cada um tem,
em seu próprio inconsciente, um instrumento com o qual pode interpretar
as expressões do inconsciente dos outros.” “O trabalho analítico é uma
arte de interpretação, cujo manejo conclusivamente demanda um certo
tato e prática, mas não é difícil de aprender.”

(…) Em uma cura, o analista freudiano adota essencialmente três tipos de


atividades:

1. Escutar o estado de atenção flutuante, ou seja, sem o esforço de


atenção;
2. Emitir regularmente “hummmm”, para assegurar o cliente de que você
está ouvindo e que tem interesse em continuar a associar “livremente”
temas freudianos e;
3. De vez em quando, fazer interpretações, às vezes compreensíveis, às
vezes enigmáticas.

A decodificação psicanalítica é muito simples: em grande parte, consiste


em separar as palavras – chamadas “significantes” – e em apontar
analogias ou significados simbólicos.Isso é acessível a qualquer
pessoa que completou o ensino secundário e que leu alguns livros
de psicanálise. Quando o cliente faz perguntas embaraçosas, você só
precisa retornar o controle, “Por que você pergunta isso?”, “O que chama
a isso?” Etc. Suas críticas e oposições são interpretadas como
“resistências”, “negações” ou manifestações de uma “transferência
hostil”. Nunca se referem ao analista em questão.

Qualquer um pode ser autorizado como “psicanalista” e exercer este


trabalho, que não tem status legal. Desde que a psicanálise se tornou bem
sucedida, muitas pessoas têm-na praticado sem ter estudado psicologia
ou psiquiatria.

[Nota 01: obviamente que esta última alegação não está correta
em relação a todos os países. Na Argentina, por exemplo, os
psicanalistas têm de ser psicólogos. A Facultad de Psicología de la
Universidad Nacional concentra quase que exclusivamente a
psicanálise, o que levou ao epistemólogo Mario Bunge chamá-la
de “Facultad de Ciencias Ocultas“.]

A Tática do Jargão Incompreensível

Por Jacques Van Rillaer.

Os freudianos – principalmente na França – utilizam fórmulas bonitas e se


jactam de uma vasta cultura literária e filosófica. As instâncias de Lacan
citam muito a Platão, a Goethe, a Poe, conhecem algum mito antigo e
obviamente falam de alguns poetas surrealistas. Mas não há de deixar-se
intimidar, e é útil lembrar, segundo o eminente epistemólogo Gaston
Bachelard, que “a paciência do erudito não tem nada a ver com a paciência
científica”. Outro modo de enganar com falsas aparências é o uso
de um jargão incompreensível. Esse tipo de linguagem oferece
segurança intelectual porque torna a doutrina aparentemente
“irrefutável” (a qualquer objeção, pode-se responder: “Você não
compreendeu nada”; “A verdade analítica é outra, está em todas as
partes”), promove mistificações (fazendo passar simples acrobacias
verbais por novas contribuições ao saber), facilita o abuso do poder e
da exploração financeira e proporciona intensas satisfações
narcisistas. Para não deixar que riam da gente, convém ler a análise
feita por Erwin Goffman dos procedimentos de mistificação do público.
Citemos suas conclusões:

“Como mostram inumeráveis contos populares e inumeráveis ritos


de iniciação, o verdadeiro segredo detrás do mistério é,
frequentemente, que na realidade não há mistério; o verdadeiro
problema radica em impedir que o público também o conheça.“

(…) Lacan explorou, sem sentir vergonha, a tática das interpretações


sibilinas. Os alunos-analisadores intentavam, em grupo, decodificar suas
palavras. Jean-Guy Godin escreveu, no diário da sua análise didático com
o mestre parisiense:

“Com certeza, a estratégia – digamos o cálculo de Lacan – era um


dos nossos temas de conversação regular nesse bistrô onde
estávamos; já que suas intervenções apresentavam sempre um
lado enigmático, algo impronunciável: se podia apostar com
certeza sobre a presença de intenções ou sobre a ausência de
segundas intenções?“

Para seus admiradores, Lacan podia produzir qualquer associação livre e


dizer qualquer coisa: eles se encarregariam, depois, de lhe proporcionar
um sentido, um sentido profundamente bem compreendido.
[Nota 02: Situação semelhante às interpretações da Glossolalia
em algumas comunidades religiosas.]

As Mentiras de Freud

Por Frank Cioffi. Epistemólogo norte-americano autor de “Freud e a


Questão da Pseudociência”.

Sigmund Freud pode ter sido um grande homem, mas não era, por isso,
um homem honorável. Grande pela imaginação e a eloquência, desonrou-
se ao dirigir um movimento dogmático num interesse do qual nunca
deixou de perjurar. É possível que tenha sido ferido, alguma vez, pela sua
tendência a renegar dos seus ideais.

(…) Dentre as mentiras de Freud, podem-se citar as seguintes: que


descobriu o complexo de Édipo sobre a base de falsas lembranças de
sedução paterna; que existia uma vez uma jovem chamada Anna O.; que
sua teoria da sexualidade tem sido confirmada pela observação direta que
empreendeu das crianças e; que não tinha nenhuma ideia preconcebida
em relação à influência da sexualidade quando começou a analisar seus
pacientes, pelo que a suposta corroboração não pode ser devida à
sugestão.

(…) Alguns reconhecem as mentiras de Freud, mas as perdoam em


virtude de verdades que não foram, no entanto, transmitidas e de
suas consequências benéficas. Este raciocínio não é novo. Um
historiador norte-americano, escandalizado pela negação de Speer a
admitir que estava informado sobre a solução final (dos nazistas) e
persuadido de que tinha mentido quando recusou-se a assistir uma
conferência sobre o tema, teria modificado o informe dos debates, de
forma que Himmler parecia dirigir-se diretamente a Speer. Um filósofo da
ciência canadense concedeu a Freud as mesmas circunstâncias
atenuantes:

“Freud, como muitos teóricos enciumados, sem dúvidas falsificou


as provas em função da teoria. Freud demonstrou um
compromisso apaixonado pela Verdade, a verdade profunda,
subjacente, em quanto a valor. Este compromisso ideológico é
totalmente compatível com o fato de mentir como um sapador, e
até pode inclusive exigi-lo.“

A Psicanálise Cura?

Por Jean Cottraux. Psiquiatra francês. Diretor da unidade de tratamento


da ansiedade do hospital da Universidade de Lyon.

Exploração indefinida ou cura das mentes com problemas? Disciplina


rainha do conhecimento de si mesma ou método terapêutico?
Desenvolvimento pessoal ou terapia? Os psicanalistas souberam
aproveitar essa ambiguidade notavelmente. Quando pergunta-se-lhes
sobre a eficácia da terapêutica, respondem que seu objetivo último é o
conhecimento de si mesmo. Quando exige-se-lhes que justifiquem os
conhecimentos que adquiriram por este método, dizem que a prova
brilhante é os seus resultados terapêuticos e que esses se medem
com a vara dos testemunhos de cada caso definitivamente
curado. A essa dupla linguagem, acrescenta-se, às vezes, a arrogância
frente aos demais tratamentos psicológicos e farmacológicos. Os últimos
orientam a tratar, mas não a curar. A psicanálise mudaria as estruturas
mentais enquanto que os outros métodos não fariam mais do que deslocar
os sintomas.

No entanto, os capítulos deste livro [O livro Negro da Psicanálise] não


permitem afirmar que a cura seja muito frequente na psicanálise, mesmo
nas mãos particularmente esclarecidas do pai dela. O mito da substituição
dos sintomas nas outras formas de psicoterapia, particularmente das
terapias cognitivo-comportamentais, tem percorrido um longo trecho.

Nos nossos dias, a questão dos resultados da psicanálise agita não


somente ao mundo dos psicanalistas, mas também ao grande público.
Esse último está mais bem informado e desejoso por compreender o que
lhes espera no divã e também quer avaliar as alternativas de um método
longo e custoso.
Desde as origens, questionaram-se a Freud mais a pouca eficácia do seu
método do que as suas ideias, seus juízos banais e próximos aos de
Charcot e Janet, do que . Durante o século XX, a controvérsia continuou
apesar da marcha triunfal da psicanálise. Desde os anos sessenta, os
questionamentos têm sido, em especial, mais numerosos e tem
levado ao advento de outras formas de psicoterapia na maioria
dos países democráticos, em particular Estados Unidos e nos
países de Europa. Não aconteceu o mesmo na França, que segue sendo,
com a Argentina e o Brasil, um dos bastiões da influência psicoanalítica
quase sem comparação até os dias de hoje.

Vítima da Análise

Por Annie Gruyer. Se “psicanalisou” durante sete anos.

Em uma terça feira de setembro de 1992, coloquei um ponto final a sete


anos de terapia de inspiração psicanalítica. Eu acabava de fazer vinte
anos. Lembro-me do imenso alívio que senti esse dia: tinha a impressão
de que estava me desprendendo de uma espécie de labirinto onde eu
vagava há anos, sem nenhuma finalidade exata, sem conseguir estar
segura de que um dia encontraria uma saída. Eu me sentia liberada,
mesmo quando não tinha resolvido nenhuma das minhas dificuldades.
Mesmo assim retomava meu caminho com os mesmos sofrimentos, as
mesmas perguntas no ombro.

(…) Centro hospitalar, consulta externa, uma segunda feira às dois da


tarde. Iniciei minha primeira entrevista em terapia cognitiva-
comportamental (TCC). O médico psiquiatra que me recebeu começou
imediatamente o diálogo. Perguntou-me por que tinha vindo, quais eram
minhas dificuldades. Expliquei-lhe as minhas perturbações e que coisas
invalidavam-me na vida cotidiana. Depois de ter me feito algumas
perguntas, me disse isto:

“Através de tudo o que você me explicou, eu posso lhe dizer que


tudo o que você descreve leva um nome: agorafobia acompanhada
de uma perturbação pânica. É importante que você saiba que eu
entendo o que sofre, e que você não está sozinha neste caso. É
uma fobia conhecida e que pode ser tratada. Podemos ajudá-la.“

Sete anos limpados numa sessão. Sentia-me aliviada, leve: eu não estava
louca, eu não era a única em sentir essas terríveis crises de angustia, eu
poderia me livrar delas. E, agora, me sentia apoiada. (…) Em 18 meses,
fiz progressos que não imaginava que fossem possíveis. Então, existiam
outras terapias além da psicanálise! Enfoques sem um Gran Mestre
todopoderoso nem discípulos fanáticos. Para mim, a solução veio da TCC.
Para outros, vai significar uma outra forma de tratamento. Hoje, o
importante já não é fazer do paciente uma vítima, um ser passivo ao que
se deixa sem acabar, num sintoma que seria “somente” a parte visível
do iceberg… que cada pessoa que sofra possa ser aliviada prioritariamente
de suas perturbações e sintomas por médicos e psicólogos que dialogam
e que tratam. Cada doente, mesmo no terreno da saúde mental, tem
direito a um diagnóstico, a uma explicação do enfoque proposto
pela terapeuta. O fim de um tratamento deveria ser o alívio do
sofrimento e a autonomia do indivíduo numa “aliança terapêutica” e
humana. É uma questão de saúde pública.

A Psicanálise Sabotou as Mães

Por Violaine Guéritault. Psicóloga. Autora de “A Carga Emocional e Física


das Mães”.

Durante décadas, a psicanálise se dedicou a sabotar esse frágil lugar que


a sociedade dos homens tinha deixado à mulher: seu papel materno, a
transmissão, com a vida, do amor, da educação dos primeiros anos.
Durante milênios, as mulheres tinham sido consideradas inferiores aos
homens, exceto no domínio familiar, no qual se reconhecia sua
competência e seu valor. Com a psicanálise, já não lhes resta nem sequer
esse espaço.

Durante muito tempo, os Estados Unidos contribuíram a popularizar essas


teorias de culpa da mãe até que a corrente de pensamento freudiana
perdeu progressivamente seu vigor nos anos oitenta e noventa. (…) A
psicologia moderna compreendeu que o psiquismo humano não
era um parque de diversões no qual alguém pode se permitir
enunciar pseudoverdades sem ter provas tangíveis daquilo que se
postula. O drama psicológico que, durante anos, viveram centos de mães
de esquizofrênicos ou autistas, acusadas dos piores delitos se baseando
somente na fé outorgada a um punhado de psiquiatras, resulta tanto mais
inadmissível se atendermos ao fato de que a investigação científica tem
demonstrado, hoje, que essas graves perturbações são, em grande parte,
deorigem neurofisiológica. Que consequências trágicas trouxe a
culpabilidade intransigente de estas mães? Quantas mães têm vivido com
a convicção de que eram monstros incapazes de amar verdadeiramente a
seus filhos? Quantos dramas familiares e vidas estragadas?

(…) Daria a impressão que, na França, as mães são sempre consideradas


perigosas para seus filhos e, ainda, mortíferas. Tal como a Rainha da
Noite, em A flauta mágica, de Mozart, que quer tirar sua filha Pamina da
influência do seu pai, o sábio Sarastro, elas enlouquecem em gritos
histéricos e devastadores. Não estamos falando de alguns casos abusivos,
de algumas mães: não! São AS mães em geral, TODAS as mães. Onde
estão os estudos, as investigações? Sobre o que descansam
estas peremptórias acusações?

Os Mitos Sobre a Homossexualidade

Por Pascal de Sutter. Psicólogo e sexólogo. Chefe de Sexologia do Hospital


de Waterloo, Canadá.

Freud enunciou teorias muito refutáveis sobre a homossexualidade. Não


duvida em citar a Iwan Bloch para afirmar que a homossexualidade “está
extraordinariamente difundida em numerosos povos selvagens e
primitivos”.

De onde vem, então, que a chame de uma “perversão”? Da mãe,


provavelmente… Segundo a psicanálise, ela é, com frequência, a causa
dos problemas. “Entre todos os homossexuais, existiu na primeira
infância, esquecida mais tarde pelo indivíduo, uma relação erótica muito
intensa com a pessoa feminina, geralmente a mãe, suscitada ou
favorecida pela ternura excessiva da própria mãe, reforçada também pela
retirada do pai na vida da criança”, ele escreveu.

E se um homossexual afirma que sua mãe não suscitava uma


ternura excessiva, Freud vai dizer que a “esqueceu”. Convenhamos,
no entanto que, para Freud, não somente os pais se sentem questionados:
a acentuação do erotismo anal também seria um fator que favoreceria a
predisposição.

O erotismo anal é uma ideia que volta inúmeras vezes nos escritos dos
sucessores de Freud. Isso alude evidentemente à prática da sodomia. Mas
não é ridículo vincular o fenômeno da homossexualidade a uma simples
prática sexual (que por outro lado não concerne a todos os homossexuais,
nem é praticada por todos eles)? Seguindo a mesma lógica, pode-se
dizer que as mulheres que praticam a felação têm uma fixação com
o erotismo oral!

(…) Freud estava impregnado das concepções do seu tempo, uma época
na qual se considerava às mulheres como inferiores, aos homossexuais
como perversos e às crianças como a seres aos quais somente uma sólida
educação podia conduzir pelo caminho correto.Era a sua, apesar de
tudo, uma luz liberal num oceano de obscurantismo? Podemos
duvidá-lo se consideramos que na sua época vivia Havelock Ellis
(conhecido, por outro lado, por Freud, que o cita algumas vezes). (…) Ellis
estimava que a homossexualidade podia ser considerada como uma
simples variação estatística, ideia totalmente escandalosa para a sua
época. Freud, muito mais conformista, a classificava entre as
perversões.

[Nota 03: Algumas pequenas alterações ortográficas foram feitas


para facilitar a compreensão.]

Fonte
Ezequiel Del Bianco. El Psicoanálisis, una Pseudociencia Escondida a
la Vista de Todos. Alerta Pseudociencias. 6 de maio de 2010.

[Tradução da introdução autorizada pelo autor original.]

Leituras Recomendadas

Catherine Meyer. O Livro Negro da Psicanálise: Viver e Pensar


Melhor sem Freud.2011.

[Este livro reúne artigos, entrevistas e depoimentos de 23 autores


que questionam a eficácia da análise, a duração dos tratamentos
sugeridos pelos psicanalistas e os conceitos de Freud.]

Michel Onfray. O Crepúsculo de um Ídolo, a Fábula Freudiana. 2010.

[Expõe os pontos mais controvertidos da história da psicanálise,


desde os mitos da história “oficial” psicanálitica, as práticas de
censura, etc.]

Carlos Santamaría y Ascensión Fumero. El Psicoanálisis ¡Vaya


Timo! Laetoli. 2008.

Mario Bunge. Las Pseudociencias ¡Vaya Timo! Laetoli. 2011.

Karl Popper. Conjecturas e Refutações. 1963.

André Luzardo. O Atraso das Ciências Humanas no Brasil:


Psicanálise. Sociedade Racionalista da Universidade de São Paulo. 17 de
janeiro de 2011.

Jacques Van Rillaer. As Ilusões da Psicanálise.


[A avaliação crítica da psicanálise freudiana, sua técnica de
interpretação, métodos e teorias.]

Hans Eysenck. A Grandeza e Decadência do Império Freudiano.

Mikkel Borch-Jakobsen e Sonu Shamdasani. The Freud Files.

Ernest Jones. Vida de Sigmund Freud.

Algumas páginas recomendadas:

1. A página dos críticos de Freud. Resenha de artigos e livros com


uma vasta crítica a Freud e suas teorias.
2. A página de Richard Webster. Historiador e crítico da Psicanálise
com vários textos sobre Lacan e Freud.
3. Página de Frank Sulloway. Um dos pioneiros da crítica a Freud.
Há alguns artigos de acesso livre.
4. Os pacientes de Freud. Artigos de Borch-Jakobsen sobre os
pacientes de Freud.

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Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira
http://www.universoracionalista.org/

Graduando em Ciências Biológicas (2015) e em Filosofia (2014) pela Universidade de Franca


(UNIFRAN); estágio de iniciação científica em Astrobiologia (2016) pelo Instituto de Química
da Universidade de São Paulo (USP); estudante-pesquisador em Psicologia Social (2016)
pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP); estudante das disciplinas de
Filosofia da Física (2016) e Filosofia da Mecânica Quântica de pós-graduação (2016) pela
Universidade de São Paulo (USP); experiência na área de Divulgação Científica com enfoque
em Ciências Planetárias (Astronomia e Astrobiologia) e em Ciências Cognitivas (Neurociência
e Psicologia); fundador da Organização Universo Racionalista (UR); colaborador do Instituto
Ética, Racionalidade e Futuro da Humanidade (IERFH); membro-estudante da Rede Brasileira
de Astrobiologia (RBA). Tem interesse nas áreas de Astronomia, Astrobiologia, Biologia
Evolutiva, Física, Filosofia da Ciência, História da Ciência, Microbiologia, Neurociência,
Psicobiologia e Sociologia da Ciência. Abaixo, segue o endereço do currículo na
plataforma Lattes.

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