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Melanie Klein

Disciplina de teorias da personalidade

Professor: Raphael do Amaral Vaz

Alunos:

Livia Primo Basilio de Souza Boneli

Charles Santos Souza

Itiara Reder

Clara Novaes

Matheus Inácio Simão

Erika Rodrigues

Mayse Ton

Franco Pessini

Gessica Costa

Zenilton Fraga

Karla Silva

Elienay Anjos
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Introdução

Melanie Klein nasceu em 30 de março de 1882, mas com o sobrenome Reizes: tornou-se de
fato Melanie Klein ao casar-se com Arthur Klein aos 21 anos. Nascida em Viena, possuía
origens hebraicas, com família simples, porém com certo nível intelectual para o cenário da
época.

Neste breve estudo observaremos a contribuição de Melanie Klein para a compreensão do


funcionamento psíquico após Freud: Klein teve seu primeiro contato com a psicanálise ao
tratar de seu próprio quadro depressivo; a morte de seus dois irmãos, a dificuldade na
criação dos filhos e o fracasso no casamento, fizeram com que Klein procurasse na
psicanálise algumas respostas até então desconhecidas para ela.

Desde então, podemos enumerar infinitas contribuições no campo da psicanálise instituídas


por Klein, principalmente nos estádios de desenvolvimento infantil; neste expositório,
buscamos relatar suas teorias e divagar sobre suas observâncias no campo da psicanálise.

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A obra inicial de Melanie Klein

 Natural de Viena, nasceu em 1882;


 Teve 4 irmãos( três mulheres e um homem);
 Seu pai era judeu polonês, formado em medicina, mas devido a sua etnia
mencionada, não teve sucesso, significava uma classe desfavorecida dentro da
hierarquia social judaica, trabalhava de auxiliar de dentista e consultor médico;
 Sua mãe era de origem Eslovaca;
 Não tinha amor paterno e nem materno, sendo a menos preferida entre seu irmão e
irmãs, nem de sua mãe e nem de seu pai.
 Era autoconfiante e convicta, sempre se destacava em suas escolhas, e era uma
estudante ambiciosa
 Queria estudar medicina e se especializar em psiquiatria, mas as condições
financeiras não ajudavam.
 Estudou arte e história, mas não graduou;
 Casou-se aos 17 anos com seu primo de segundo grau por parte da mãe,
engenheiro químico;
 Morava na Hungria, naturalidade de seu marido;
 Teve frutos do casamento, 3 filhos(Melitta, Hans e Erich Klein);
 Começou a sofrer de depressão durante a infância de seus filhos, chegando a ser
internada em clínicas especializadas;
 Sua mãe a via negativamente, dizendo que ela estava doente e incapaz, ainda fazia
ela acreditar nisso;
 Começou sua análise com Sandor Ferenczi(Psicanalista Húngaro), e íntimo
colaborador de Sigmund Freud), que a ajudou a sair da depressão . Encontrou na
psicanálise experiência de crescimento e cura pessoal.
 Após assistir uma conferência lida por Sigmund Freud (Médico Neurologista e criador
da Psicanálise), “linha de avanço de terapia psicanalítica”, publicando no seu
primeiro artigo para sociedade Húngara de psicanálise “Relato de uma criança”,
desde então foi admitida como membro.
 Neste artigo, analisava seu filho Erich (o mais novo);
 Em 1921 foi para Berlin, e com 40 anos se tornou-se membro associado da
sociedade psicanalista daquela cidade;
 Não era formada, mas se pretendia mestre e analista de crianças;
 Os membros eram contrários as suas idéias relativas ao atendimento às crianças;
 Idéia essa que contrariava Sigmund Freud e sua Filha Anna, que via a psicanálise
numa vista pedagógica, enquanto Melanie explorava o inconsciente infantil;
 Melanie substituiu então o ato de falar com ato de brincar, como método(Play
tecchique), se aproximando assim entrando no mundo infantil, entendendo seus
medos e necessidades.
 Em 1925 foi chamada por um editor de livros de Freud para realizar palestra em
Londres, onde viveu até o fim de sua vida, fundando logo em seguida a escola
Kleiniana. Em 1927 já era membro da sociedade britânica de Psicanalítica Britânica;

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 Em 1932 publicou o primeiro livro, a coletânea “A psicanálise de crianças”, que
serviu de referência durante toda sua história;
 Na década de 30 perdeu seu segundo filho (Hans), quando ele escalava uma
montanha (Há quem diga que tinha sido suicídio), nesse mesmo período , tinha uma
relação de atrito com sua filha Mellita(Mais velha) a qual também se tornara
psicanalista e ingressara na mesma sociedade Britânica.
 Com a perda do filho Hans, escreveu o texto “Uma contribuição para psicogênese
do estado maníaco-depressivo(1935) e em 1940 publicou “ O luto e suas relações
com o maníaco-depressivo)
 No final dos anos 30, a família de Freud se muda para Londres, por causa da
segunda guerra mundial, isso fez com que a sociedade Britânica se dividisse
ideologicamente e, dois grandes grupos: Os Klenianos(seguidores de Melanie Klein),
e os Freudianos(Seguidores de Freud, a qual sua filha Melitta pertencia);
 Surgiu também um grupo composto por analistas independentes, que não eram
alinhados com nenhum dos dois grupos.
 Apesar de tudo, o grupo permanecia na Sociedade Britânica e na Associação
internacional de psicanálise (AIPA), não foram expulsos como Jacques Lacan
(Psicanalista Francês), e nem entraram em conflito com Sigmund Freud, como
fizeram Alfred Adler (Médico, filósofo e Psicólogo austríaco fundador da psicologia do
desenvolvimento individual) e Carl Gustav Jung (Psiquiatra e psicoterapeuta suíço
que fundou a psicanalítica)
 A escola Kleiniana expandiu conceitos Freudianos, e em 1946, Melanie publicou um
dos textos mais importantes “Notas sobre os mecanismos esquizóides (Processos
depressivos na infância-perturbação emocional, afastamento etc).
 Em 1956 o grupo Kleiniano publicou “Inveja e Gratidão”. O texto “Narrativas de uma
criança” foi trabalhado por Melanie até poucos dias antes de sua morte.
 A inovação Kleiniana abriu precedentes que possibilitou a compreensão da via
primitiva e abriu novos caminhos para a psicanálise, sendo dedicado a ela o segundo
volume da coleção “O gênio Feminino, a clínica da infância, da psicose e do autismo
Júlia Kristeva ( Filósofa, escritora,. Psicanalista e feminista).
 Sua contribuição e teorias de prática psicanalíticas podem ser divididas em 3
fases:
 1º Fase: Fundamentos da análise das crianças que delineou com complexo de Édipo
(Forte atração da criança pela figura materna e rivaliza com a paterna), o Superego
(Estruturas do aparelho mental, herdeiro do complexo de Édipo) até as raízes
primitivas de seu desenvolvimento;
 2º Fase: Conduziu a formulação do conceito das posições depressivas e dos
mecanismos de defesa maníaca.
 3º Fase: Estudo de um estado mais primitivo, chamado de esquizenoparanoide
(Certos aspectos da vida mental dos seres humanos nos primeiros 3 a 4 meses de
vida-ansiedade,frustração e gratificação). É o ponto de vista da criança sobre suas
relações de objeto. Posição depressiva, associação, negação. Ex: O bebê quando
arranha e ou morde o peito da mãe.
 Melanie Klein obteve acesso a compreensão da estrutura da criança seguindo a
transferência e o simbolismo do brincar desta.

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 Cada ato, brincadeira, nomeação de brinquedo bom e brinquedo mau, têm uma
simbolização de fantasia inconsciente.
 Fantasia inconsciente: Uma imagem de mãe má vista pelas crianças que não é a
realidade. Uma criação de uma imagem mal que na realidade não é.

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Fantasia

De acordo com Melanie Klein, a atividade de fantasiar está presente na vida desde o
nascimento, não que a criança tenha como colocar pensamentos em palavras, mas que elas
possuem imagens inconscientes de “bom” e “mal”. Exemplo: um estômago cheio é bom; um
vazio é mal. Sendo um seio bom e um seio mau. O primeiro é o responsável pela
gratificação infinita, o segundo é aquele que frustra infinitamente, uma vez que não está
presente no momento em que a criança deseja. Contra este seio mau a criança inicia uma
série de ataques em forma de fantasias, nas quais o divide em milhões de pedaços,
enquanto o seio bom permanece íntegro, representante de toda a bondade existente. Assim
como os bebês que adormecem enquanto sugam os dedos, estão fantasiando ter o seio
bom da mãe dentro deles. A medida que o bebê amadurece as fantasias inconscientes
relacionadas ao seio da mãe continuam a exercer um impacto na vida psíquica. Podemos
definir fantasia como a representante psíquica do instinto, cuja fonte é interna e subjetiva,
embora esteja ligada à realidade objetiva. Ela se transforma de acordo com o
desenvolvimento, sendo ampliada e elaborada, influenciando e sendo influenciada pelo ego
em maturação.

Sua matriz está na percepção sensorial e determina a atitude da criança em relação a seus
objetos, pelo fato de estar presente nos mecanismos de introjeção e projeção. A introjeção
corresponde ao mecanismo primitivo do bebê de introjetar todos os objetos e a projeção tem
sua origem nas identificações com os objetos do mundo exterior que a criança de tenra
idade realiza em suas fantasias.

Segundo Riviere, seguidora Melanie Klein ressalta algumas funções da fantasia, como
assegurar a divisão entre os objetos bons e ruins, realizada na vida primitiva dentro da
posição esquizo-paranoide, e manter um refúgio da realidade. No decorrer do
desenvolvimento a fantasia não deixa de existir, vão sendo elaborada referindo-se,
gradualmente, a uma maior variedade de situações (KLEIN, 1963).

Durante o segundo trimestre de vida, algumas mudanças ocorrem na vida de fantasia: elas
são ampliadas, elaboradas e diferenciadas, refletindo o progresso que ocorre no
desenvolvimento intelectual e emocional do bebê nesse período. Durante o período de
latência, a criança passa a reprimir suas fantasias de modo muito mais severo que nos
períodos anteriores.

No período de puberdade, os impulsos tornam-se mais poderosos, a atividade de fantasia é


maior e o ego passa a ter outros objetivos, além de se relacionar de forma diferente com a
realidade.

Embora as fantasias pareçam perder influência durante a vida adulta, seus efeitos
inconscientes permanecem ativos no posterior desenvolvimento.

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A posição esquizeno – paranoide

Para Melanie Klein, após o nascimento e no transcorrer dos primeiros meses de vida, o
bebê entra em contato com o “seio bom” e o “seio mau”. Estas experiências alternantes
entre gratificação e frustração trazem ao bebê um sentimento de vulnerabilidade que
remetem à ameaça da existência de seu ego tão vulnerável, segundo sua limitada visão
enquanto ser. Como forma de controle, o bebê morde, rasga ou aniquila o seio de forma a
tolerar tais sentimentos em relação à este objeto. Porém, em contrapartida, o ego
subdividiu-se em relação aos sentimentos nutridos pelo mesmo objeto e a partir daí retem
parte dos instintos de vida e morte e ao mesmo tempo, desvia parte dos instintos para o
seio. Agora, ao invés de temer ao próprio instinto de morte, o bebê passa a temer o seio
persecutório (perseguidor).Porém, o bebê também estabelece uma relação com o seio ideal
pois este lhe fornece amor, conforto e gratificação : o bebê deseja manter o seio dentro dele
como forma de proteger-se contra a ameaça de aniquilação por seus perseguidores. Desta
forma, para controlar o seio bom e prolongar a sensação de segurança, o bebê adota o que
Klein (1946) denominou posição esquizenoparanoide, onde o bebê adota uma forma de
organizar as experiências vivenciadas, incluindo os sentimentos paranoides de ser
perseguido e uma divisão internalizada entre os objetos bons e maus.

Segundo Klein, os bebês desenvolvem a posição esquizenoparanoide entre os 3 ou 4


meses de vida, onde a percepção de mundo pelo ego ainda é subjetiva e fantástica
tornando os sentimentos persecutórios paranoides ou seja: são sentimentos que não se
fundamentam em perigos reais ou imediatos pelo mundo externo. Diante disto, para o bebê
manter o seio bom separado do seio mau é uma questão de sobrevivência, uma vez que
confundi-los poderia resultar na aniquilação do sei bom e a conseqüência seria perdê-lo
para sempre . Podemos então observar que, de acordo com os estudos de Klein, no mundo
esquizóide do bebê, todo sentimento destrutivo é direcionado para o seio mau enquanto que
os bons sentimentos sempre são associados ao seio bom.

Sabemos porém que nesta fase do desenvolvimento os bebês não possuem linguagem
como forma de identificação; em vez disso, utilizam a predisposição biológica ao vincularem
valores aos dois seios de forma que o seio positivo seja aquele que esteja relacionado à
nutrição e ao instinto da vida enquanto que ao seio negativo estão associados os
sentimentos de fome e morte . Esta dissociação primitiva pré-verbalizada do mundo entre
bom e mau é precursora ao desenvolvimento à ambivalência de sentimentos em relação à
uma única pessoa. Klein comparou a posição esquizenoparanoide infantil com os
sentimentos de transferência que os pacientes em terapia muitas vezes desenvolvem em
relação ao terapeuta. Assim, podemos perceber que os sentimentos ambivalentes não
limitam-se somente ao ambiente terapêutico mas também à outras situações do cotidiano :
indivíduos em outros estádios de desenvolvimento, freqüentemente experimentam
sentimentos de ambivalência com relação aos entes queridos. No entanto, esta
ambivalência não captura a essência da posição esquizenoparanoide e, quando adultos
adotam tais comportamentos, o fazem de forma primitiva e inconsciente.

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Outras pessoas podem, porém, projetar seus sentimentos esquizenoparonoides
inconscientes como forma de evitar sua aniquilação pelo seio malévolo. Podem ainda
projetar sentimentos positivos ainda de maneira inconscientes por considerarem
determinada pessoa perfeita enquanto tem a visão do self como vazio, inferior e
desvalorizado.

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Inveja

Segundo Klein, a inveja é essencial ao desenvolvimento favorável do bebê, pois atua na


forma como as boas experiências predominarão sobre as ruins ( na posição esquizeno-
paranoide); Assim, a medida que as experiências do bebê estão diretamente ligadas à
fatores internos e externos ( privação , aconchego), mesmo que o meio seja favorável à
gratificação as experiências positivas sempre poderão ser modificadas ou até extintas por
estes fatores externos.

Diante disto, podemos dizer que o bebê experimenta um tipo de inveja primitiva e este
sentimento afeta as experiências do bebê com o meio. Na psicanálise a inveja é estuda
como emoção de grande relevância e não há registros de aprofundamentos no campo
cientifico sobre outros tipos de inveja quanto nos que podemos verificar quanto aos que
citam à inveja nos primeiros estádios de desenvolvimento humano.

Ao estudar sobre inveja, Klein realiza um paralelo entre inveja e ciúmes e conclui que não
raramente é possível confundir os dois sentimentos; porém, raramente percebeu-se que o
ciúme foi confundido com a inveja. Desta forma, Klein estabeleceu a seguinte distinção entre
os dois sentimentos:

 Ciúme: baseia-se no amor e visa a posse do objeto amado em relação ao rival; trata-
se de relação triangular onde todos os objetos são facilmente reconhecidos.
 Inveja: baseia-se na relação entre duas partes onde um sujeito inveja o outro
buscando posse ou qualidade, não sendo necessário que os objetos sejam
claramente conhecidos.

Ainda segunda a teoria de Klein, a inveja origina-se logo que o bebê dá-se conta do seio
como fonte de vida e experiências, sendo o seio bom (gratificante) a fonte de todos os
confortos físicos e mentais tão almejados pelo bebê. Esse conjunto de sensações trás ao
bebê o que denominamos de a boa experiência ,onde o desejo de possuir e preservar o seio
bom desperta no bebê a vontade de ser ele mesmo a fonte de tal perfeição, fazendo-o
experimentar o sentimento de inveja e o desejo de dilaceração pelo seio.

Assim, a inveja produz no individuo a vontade de ser tão bom como o objeto e, quando nota
a impossibilidade do feito , experimenta o sentimento de voracidade pelo objeto desejando
sua aniquilação de forma a remover a fonte de bondade do objeto para remover a sua fonte
( individuo) dos sentimentos invejosos.

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A PSICOPATOLOGIA DA POSIÇÃO ESQUIZO – PARANÓIDE

Trata-se do mais obscuro e difícil problema na pesquisa psicanalítica, por exemplo, quanto
mais perturbado o bebê, mais distante está sua experiência das experiências introspectivas
do observador adulto. A análise detalhada de pacientes esquizofrênicos de todas as idades,
inclusive de crianças psicóticas, lança alguma luz sobre a dinâmica das perturbações
psicológicas nos primeiros meses da infância.

A posição esquizo-paranoide é caracterizada por uma divisão (Split) entre os objetos bons e
os maus, e entre o ego que ama e o ego que odeia divisão na qual as experiências boas
predominam sobre as más. Essa é uma precondição necessária para a integração nos
estádios posteriores do desenvolvimento. Na posição esquizo-paranoide, sob condições
desfavoráveis, a identificação projetiva é usada de modo diferente de como é usada no
desenvolvimento normal, o Dr. W.R Bion foi o primeiro a descrever as características da
identificação projetiva patológica.

No desenvolvimento normal o bebê projeta no seio da mãe parte do eu (self) e objetos


internos. Essas partes projetadas permanecem relativamente inalteradas no processo de
projeção; quando ocorre a subsequente reintrojeção elas podem ser reintegradas no ego.
No entanto quando a ansiedade e os impulsos hostis e invejosos são intensos, a
identificação projetiva ocorre de modo diferente, a parte projetada é estilhaçada e
desintegrada em fragmentos diminutos, e esses fragmentos diminutos são projetados no
objeto, desintegrando-o, por sua vez, em partes diminutas;

Como consequência desse processo de fragmentação, não há divisão limpa (Tidy Split)
entre um objeto ou objetos ideais e um objeto ou objetos maus, mas o objeto é percebido
como sendo dividido (Split) em pedaços diminutos, cada um contendo uma parte diminuta e
violentamente hostil do ego. Estes pedaços foram descritos por Bion como “objetos
bizarros”;

O próprio ego é intensamente danificado por esse processo desintegrador, e suas tentativas
para se desfazer do sofrimento da percepção conduzem apenas um aumento de
percepções penosas, tanto através da natureza persecutória dos “objetos bizarros” quanto
através da mutilação penosa do parelho perceptual. Assim estabelece-se um círculo vicioso
no qual o sofrimento produzido pela realidade leva a identificação projetiva patológica, e isso
por sua vez leva a realidade a se tornar cada vez mais perseguidora e penosa. Essa parte

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da realidade que é afetada pelo processo é experimentada pelo bebê doente como estando
cheia de “objetos bizarros” carregados de enorme hostilidade, ameaçando um ego
esvaziado e mutilado.

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Defesas Maníacas

A partir de suas análises, Melanie Klein observou que a existência do medo ao


aniquilamento da vida no subconsciente e que o trabalho interno da pulsação de morte são
as primeiras causas de ansiedade à qual o indivíduo tem contato. Ainda segundo esta
observância, torna-se possível afirmar que esta luta tende a persistir durante toda a vida do
indivíduo onde esta fonte de ansiedade nunca será de fato aniquilada sendo atuante em
todas as fases do desenvolvimento do indivíduo.

Segundo os estudos de Klein, o indivíduo utiliza-se da reflexão sobre a pulsão de morte


desde o momento de seu nascimento a partir das projeções externas representadas pelas
variantes entre o seio bom e o seio mau: num primeiro momento, o sentimento de
perseguição (representado pelo seio mau) e logo em seguida o sentimento da pulsão de
vida, experimentado por meio da libido onde o indivíduo prende-se ao objeto externo e
gratificador (caracterizado por seio bom) que também é internalizado pelo indivíduo sendo
esta internalização o principal fundamento da autopreservação.

O seio bom internalizado e o seio mau perseguidor formam o núcleo do superego


complementando-se em seus aspectos bons e ruins. Diante disto, o ego recorre a essas
defesas, subdividindo-as em: separação e defesas maníacas. Sendo assim, quando se
possui capacidade de lidar com ansiedades depressivas mobilizando desejos separadores ,
podemos observar que há crescimento do ego. Desta forma, o individuo constantemente
busca triunfar sobre o objeto, negando por vezes sua dependência por ele de forma a
desvalorizar o sentimento depressivo, mas mantendo o objeto sobre controle para que,
desta forma, seja saciada a necessidade por ele nutrida.

Considerando o ponto de vista de Klein, estes mecanismos sempre estarão ligados à


tentativa de controle que o individuo tenta exercer sobre os pais internalizados, na negativa
depreciadora do mundo interno, mas, ao mesmo tempo, relacionando a dor causada pela
culpa resultante da perda do objeto amado.

Ainda de acordo com a teoria descrita por Klein, pessoas no auge da maturidade do
desenvolvimento psíquico, já na idade adulta, fracassam em muitos de seus projetos
justamente por não superarem em seu processo de desenvolvimento infantil, a fase do
triunfo sobre os pais internalizados: a culpa sentida e a sensação de fracasso, permanecem
por toda a vida do indivíduo, causando sentimentos de insatisfação que por vezes, não tem
causa reconhecida pelo próprio indivíduo.

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Reparação

Quando o bebê entra na posição depressiva e se depara com o sentimento de ter destruído
onipotentemente sua mãe, sua culpa e desespero por tê-la perdido despertam nele o desejo
de recuperá-la externamente e internamente. Os mesmos desejos reparadores surgem em
relação a outros objetos amados, externos e internos. Os impulsos reparadores ocasionam
um maior avanço na integração. O amor é colocado mais nitidamente em conflito com o
ódio, e age tanto no controle da destrutividade quanto na reparação e na restauração do
dano causado. O desejo e a capacidade de restauração do objeto bom, externo e interno,
são a base da capacidade do ego de manter o amor e as relações através de conflitos e
dificuldades. São também a base para atividades criativas, que estão enraizadas no desejo
do bebê de restaurar e recriar sua felicidade perdida, seus objetos internos perdidos e a
harmonia de seu mundo interno.

As fantasias e as atividades reparadoras resolvem as ansiedades da posição depressiva. O


reaparecimento da mãe, após ausências, as quais são sentidas como morte, e o continuo
amor e cuidado que o bebê recebe de seu ambiente, faz com que ele se dê mais conta da
elasticidade dos seus objetos externo e se torne menos temeroso dos efeitos onipotentes
dos ataques que faz a eles em suas fantasias. Seu próprio crescimento e as restaurações
que efetua em relação aos seus objetos, trazem uma maior confiança em seu próprio amor,
sua própria capacidade de restaurar seu objeto interno e retê-lo como bom. Isso por sua
vez, torna-o mais capaz de experimentar privação sem ser dominado pelo ódio. Seu próprio
ódio também se torna menos assustador, na medida em que aumenta a sua crença de que
seu amor pode restaurar aquilo que o seu ódio destruiu. Através da repetição da experiência
de perda e recuperação, contribui para uma característica da construção do ego. Daí o
enriquecimento do ego através de processos de luto.

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Os estádios primitivos do complexo de Édipo

A relação objetal influencia diretamente na compreensão do complexo de Édipo, além de ser


um pouco diferente da teoria de Freud. O aparecimento desse complexo edipiano acontece
nos primeiros meses de vida (já Freud diz que aparece entre 4-5 anos).

Para Klein, a partir do momento que o bebê percebe o vínculo libidinal dos pais, projeta
neles a própria libido. Assim, fantasia imagens positivas e negativas das trocas orais,
uretrais e anais (ou genitais) dos pais, e projeta de volta neles. Logo, o bebê tem
sentimentos de privação aguda, ciúme e inveja, já que gostaria de ter aquelas gratificações
dos pais. Toda relação envolve a ansiedade como produto do desejo.

Na mulher, o bebê vê o seio como o objeto. No homem, o bebê vê o pênis. Mas o primeiro
objeto percebido pelo bebê (seja menino ou menina) é sempre o seio da mulher, o primeiro
contato, por onde se alimenta.

A relação é libidinal, onde acontece o desejo do bebê pelo seio da mãe e a rejeição do pai
(rival). Em seguida, o bebê vê o seio como “mau” por causa da ansiedade e depressividade;
logo o pênis do pai é uma alternativa ao desejo oral.

Assim, o bebê constrói relações heterossexuais e homossexuais de acordo com os desejos.


A menina primeiramente constrói uma relação hetero com o pai e tem o desejo de incorporar
o pênis na própria vagina; ao mesmo tempo tem o desejo homo porque quer possuir o
pênis.

Já o menino, constrói a relação homo passiva com o pai ao rejeitar o seio da mãe e querer o
pênis do pai; ao mesmo tempo se identifica com o pai e fortalece a heterossexualidade.

Com o tempo, o bebê vê o sexo oposto como objeto de desejo libidinal, e o mesmo sexo
como rival e identificação. Assim, a fase genital se estabelece aos poucos.

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PÓS-ESCRITO SOBRE A TÉCNICA

Freqüentemente pergunta-se em que extensão as descobertas de Melanie Klein e seus


conceitos afetam a técnica psicanalítica, e, de modo inverso, em que extensão essa técnica
pode influenciar a compreensão do material de um paciente. É certo que há algumas
diferenças técnicas ao se lidar com o material que provém das teorias de Melanie Klein, e
que sua técnica por sua vez, exerce influência no tipo de material que se torna obtenível no
e para o paciente. Foi uma invenção técnica – ou seja, a técnica de análise de crianças –
que deu a Melanie Klein acesso às mais primitivas camadas da mente, levando-a à
descoberta do complexo mundo interno na mente da criança e à importância do papel
desempenhado pela projeção e introjeção na formação da estrutura mental interna e das
relações externas da criança. Essa técnica influenciou a teoria.

Inversamente, o novo conhecimento teórico assim obtido refletiu-se inevitavelmente em


sua técnica com adultos. Conceitos como o de posições esquizo-paranoide e depressiva
naturalmente influenciaram o modo como se vê o material analítico. Por exemplo, ao
analisar uma situação edipiana, um analista familiarizado com esses conceitos estará
particularmente cônscio do papel que a identificação projetiva pode desempenhar na
percepção da relação sexual dos pais, da natureza das figuras de pais internalizadas, e do
modo como são tratadas no mundo interno.

Uma das argumentações de Melanie Klein é a de que a neurose infantil é um modo de


vincular e elaborar as ansiedades primitivas de natureza psicótica. Esse ponto de vista
atualmente é amplamente apoiado, provavelmente pela maioria dos analistas, ainda que
seus pontos de vista possam diferir quanto ao conteúdo mental preciso das ansiedades
infantis primitivas. Isso possui implicações técnicas de longo alcance. Para muitos analistas,
trata-se de uma indicação para modificar o método psicanalítico básico. Segundo o ponto de
vista deles, o método psicanalítico de interpretação é eficaz em relação a uma situação
edipiana triangular de objeto total; onde, porém, é essencial lidar com ansiedades primitivas
que se originam a partir da relação entre o bebê e o seio – argumentam eles -, o método
psicanalítico não é, em si mesmo, suficiente, e o analista tem de providenciar um fator
ambiental para suprir a deficiência experimentada na tenra infância. Isso requer, segundo
opinião, um abandono do papel interpretativo neutro do analista.

Para a compreensão da técnica de Melanie Klein é importante enfatizar eu esse nunca foi
seu ponto de vista. Aqui, novamente, teoria e técnica estão intimamente interligadas. Nas
primeiras tentativas de análise de crianças, quando as controvérsias sobre técnica estavam
em seu auge, o ponto de vista clássico era o de que o ego da criança pequena era muito
imaturo e o superego muito fraco para estabelecer um processo psicanalítico, e que,
portanto, o analista deveria também adotar o papel de uma figura que guia para sustentar o
ego e fortalecer o superego. O ponto de vista de Melanie Klein era o de que o superego pela
interpretação, permitindo com isso que o ego se desenvolva mais livremente. Segundo seu
ponto de vista, qualquer abandono do papel neutro do analista interfere nesse processo. Ela
descobriu que, em qualquer criança que pudesse falar, também havia suficiente
desenvolvimento do ego para estabelecer uma relação psicanalítica.
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Devo ressaltar que o ponto de vista Kleiniano é o de que a relação com o mundo externo
emerge a partir da externalização e da simbolização da fantasia inconsciente. De uma vez
que o analista vem a representar as figuras internas, todo o material que o paciente traz,
contém um elemento dinâmico de transferência. Uma interpretação de transferência plena
deveria incluir a relação externa corrente na vida do paciente, a relação do paciente com o
analista, e a relação entre estas e as relações com os pais no passado.

Contudo, não se podem separar considerações de técnica dos pontos de vista sobre os
fatores dinâmicos no processo analítico e do objeto terapêutico.

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Considerações Finais

Analisando a obra de Melanie Klein, podemos perceber a importância da conceituação das


fases do desenvolvimento infantil: Para Klein, o psiquismo infantil possui funcionamento
dinâmico e isto pode ser amplamente verificado através das posições esquizo-paranoides e
depressivas, onde podemos iniciar análises de patologias emocionais como neuroses,
esquizofrenias e / ou depressões.

Para Klein, reprimir as ansiedades não era o meio mais eficaz de tratar estas patologias:
segundo suas teorias é preciso equacionar as ansiedades depressivas e persecutórias para
desenvolver de fato processos que não foram bem sucedidos durante a infância,
desencadeando transtornos psíquicos na fase adulta.

Diante disto, Klein nos apresentou um mundo internalizado, tomado por objetos e emoções
pulsantes que marcarão a vida do indivíduo por toda sua existência: desta forma, entender a
gênese dos afetos e os porquês dos superegos primitivos foram contribuições valorosas à
psicanálise, tornando possível tratar com eficácia distúrbios de personalidade que, até então
não possuíam grande enriquecimento de informações para diagnósticos coesos e precisos.

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Bibliografia

NEVES , Flavio José de L. A psicanálise Kleiniana. 2007

SEGAL, Hanna, Introdução a Obra de Melanie Klein.

FEIST,Jess; FEIST,Gregory J; ROBERTS,Tomi-ann,Teorias da Personalidade 8ªed.

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