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Sistema Urinário
Síndromes renais
Síndrome nefrótica
Conceito:
● Proteinúria maciça (>3,5g/dia) → perda de proteínas pelos capilares
glomerulares, que sofrem alterações estruturais e físico-químicas
● Hipoalbuminemia (<3g/dL)
● Edema → devido à redução da pressão oncótica do plasma
○ Pode incluir hidroperitônio e anasarca
● Hiperlipidemia
● Lipidúria (cristais de lipídeos e cilindros graxos no sedimento urinário)
Causas:
● Glomerulopatias primárias e secundárias (LES, glomeruloesclerose diabética)
● Distúrbios circulatórios (trombose de veia renal, ICC)
● Doenças infecciosas e parasitárias* (esquistossomose, malária, sífilis,
hepatites)
● Neoplasias malignas (melanoma, carcinoma e linfomas)
● Doenças congênitas
● Fármacos
Síndrome nefrítica
Conceito:
● Oligúria
● Hematúria (com cilindros hemáticos)
● Proteinúria discreta/moderada
● Hipertensão arterial
Alterações funcionais:
● Redução da TFG e da fração de filtração
e sódio e água → Edema
● Retenção d
Classificação:
● Pré-renal (oligúria funcional): fatores hemodinâmicos que reduzem o fluxo
sanguíneo renal, determinando queda da pressão de filtração. Normalmente
é reversível mediante a eliminação da causa.
○ Exemplos: hipovolemia e choque (desidratação, hemorragias,
queimaduras, septicemia, infarto do miocárdio, ICC), síndrome
hepatorrenal
● Renal: surge por lesão parenquimatosa. Pode ser causada por:
○ Manutenção prolongada da IRA pré renal
○ Doenças primárias do parênquima (glomerulonefrites, necrose cortical
renal, nefroesclerose maligna)
○ Causas vasculares (oclusão de artéria ou veia renais)
● Pós-renal: decorre de obstrução das vias excretoras
○ Litíase, hiperplasia prostática, tumores, hidronefrose
Insuficiência renal crônica
Conceito:
● Insidiosa
● Declínio progressivo da função → redução do número de néfrons
funcionantes
● Hipertensão arterial
● Hematúria
● Proteinúria
Alterações funcionais:
● Inicialmente pode ocorrer poliúria, devido a incapacidade dos rins em
concentrar urina. Progressivamente, evolui com oligúria.
● Osmolaridade plasmática elevada devido a altos níveis de ureia
○ Encefalopatia e neuropatia urêmica
○ Pneumonia urêmica (congestão, edema, hemorragias focais,
membranas hialinas) devido ao aumento da permeabilidade capilar
● Elevação de fosfatos, sulfatos, magnésio
● Desequilíbrio hidreletrolítico: hiperpotassemia (cardiotoxicidade),
hipernatremia (retenção hídrica e edema)
● Acidose metabólica (devido à queda do bicarbonato sérico) e hiperventilação
compensatória
● Diminuição da síntese de eritropoetina, resultando em anemia normocítica e
normocrômica
● Maior predisposição a ICC e arritmias (devido à hipervolemia, distúrbios
eletrolíticos, anemia)
Aspectos morfológicos:
Doença renal policística autossômica
● É um tipo de doença renal crônica
● Dominante (do adulto)
○ Comum ( 1:500-1000 nascidos vivos)
○ Genes PKD1 e PKD2 (Policistina 1 e 2) → distúrbios de crescimento e
diferenciação tubular, modificações da matriz extracelular e formação
de cistos
○ Costuma manifestar sintomas a partir da 4 década de vida (hematúria,
proteinúria discreta, poliúria, hipertensão arterial e insuficiência renal
progressiva)
■ A progressão é agravada por infecções urinárias, hemorragias
(espontâneas ou traumáticas) e litíase renal.
■ Progressão acelerada em negros, sexo masculino e hipertensos
○ Anomalias extra renais:
■ Cistos hepáticos (doença policística hepática 40% dos casos)
■ Cistos pancreáticos, esplênicos e pulmonares
■ Aneurismas intracranianos (10 a 30%)
○ Morfologia:
■ Rim aumentado de volume, ocupado por diversos cistos,
situados na medular ou na cortical, que deformam a superfície
externa (4-5cm de diâmetro)
■ Áreas de parênquima renal entre os cistos encontram-se
comprimidas e isquêmicas, com alterações vasculares e fibrose
intersticial.
● Recessiva (da criança)
○ Rara e sempre bilateral
○ Alterações no gene que codifica Fibrocistina
○ Evolui para morte por insuficiência renal em horas (perinatal), nas
primeiras semanas (neonatal), em meses ou poucos anos de vida
(infantil e juvenil)
○ Morfologia:
■ Rins volumosos
■ Aspecto esponjoso ao corte
■ Inúmeros pequenos cistos enfileirados em sentido radial na
cortical e na medular
Resumindo...
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Infecções do trato urinário
Etiologia
Agentes:
○ Bacilos gram negativos: E. coli, Proteus, Kleibsiella, Proteus, Pseudomonas
■ Urocultura > 100.000 colônias
○ Fungos: C. albicans
○ Vírus: CMV
Vias:
● Ascendente: colonização e aderência às células epiteliais da uretra,
atingindo a bexiga
■ Patogênese: para causar pielonefrite, é necessário que as bactérias
da uretra ascendam para a bexiga. A junção vesicoureteral deve estar
incompetente para que ocorra refluxo vesico-ureteral, de modo que as
bactérias colonizam a pelve renal. Normalmente a infecção se instala
nos pólos renais.
■ Predisposição:
● Disfunção vesical, estase → comum nos pacientes diabéticos
(neuropatia)
● Obstrução (prostática, nefrolitíase, tumores) → aumento do
volume residual
● Refluxo vesico-ureteral (comum em pacientes acamados e
paralíticos, devido à modificações na inserção do ureter)
● Favorecido por instrumentação urológica (cateterismo,
endoscopia, sondagem)
● Hematogênica: paciente com bacteremia (sepse, endocardite, pneumonia)
○ A infecção costuma estar disseminada por todo o rim (diferentemente
da via ascendente)
○ O principal agente associado é estafilococos
Cistite
● Sintomas:
○ Disúria
○ Aumento da frequência e urgência urinária
○ Dor suprapúbica
○ Ausência de febre
○ Exames de urina alterados
Pielonefrite
● Conceito: inflamação dos rins, quase sempre bacteriana, especialmente do
interstício e túbulos, acompanhada do acometimento dos cálices, pelve e
ureter.
● Sintomas:
○ Dor lombar
○ Febre alta e calafrios
○ Leucocitose
○ Urocultura positiva e cIlindros na urina
Pielonefrite aguda:
● Conceito: Infecção bacteriana (purulenta) do parênquima renal
● Macroscopia:
○ Rim de aspecto congesto, de tamanho e peso aumentado (edema,
inflamação, hemorragia)
○ Superfície lisa e brilhante (cápsula retirada com facilidade)
○ Pontos amarelados (microabcessos) com áreas de hemorragia
associadas (halo hemorrágico), visíveis na superfície e na região
cortical → achado mais característico
○ A região medular fica com aspecto raiado (padrão em leque ou estrias
medulares), devido à secreção purulenta sendo drenada pelos ductos
coletores
● Microscopia:
○ Infiltração purulenta túbulo-intersticial
○ Hemorragia
○ Destruição dos túbulos coletores → erosão e ulceração da mucosa,
causando possível hematúria
○ Possível identificação do agente
○ Acúmulo de células inflamatórias na luz dos túbulos coletores →
formação de cilindros leucocitários
● Complicações:
○ Necrose de papilas (ocorre principalmente em diabéticos e quando há
obstrução urinária)
■ Associa-se sempre a um distúrbio da circulação local
● Diabéticos: a inflamação lesa as arteríolas retas e gera
isquemia
● Obstrução: facilita infecções e provoca isquemia por
compressão vascular e das próprias papilas
■ Formam-se áreas de necrose, friáveis, de cor amarelada, no
ápice ou nos ⅔ distais das pirâmides, com limites nítidos pelos
halos hiperêmicos.
■ As papilas necróticas podem constituir um núcleo de depósito
para sais de cálcio, predispondo à litíase.
■ Necrose papilar bilateral determina insuficiência renal aguda e
hemorragia.
○ Hidropionefrose: acúmulo de material purulento não drenado,
normalmente relacionado à obstrução
○ Abscesso perirrenal: extravasamento do processo infeccioso
Pielonefrite crônica:
● Conceito: processo inflamatório crônico com infecção bacteriana, associado
a fibrose e cicatrizes do parênquima e do sistema pielocalicial (distorções
morfológicas)
● Patogênese: associada a um fator predisponente que perpetua a infecção
○ PNC de refluxo (nefropatia de refluxo): vesicoureteral e intrarrenal; é a
forma mais comum e o acometimento renal normalmente inicia-se na
infância.
○ PNC obstrutiva:obstrução urinária predispondo a infecção recorrente
● Evolução: a pielonefrite crônica tem curso lento e frequentemente
assintomático, exceto nas crises que se manifestam de forma semelhante à
pielonefrite aguda.
○ Especialmente na PNC de refluxo, a evolução é oligossintomática e de
diagnóstico tardio, já com insuficiência renal crônica e hipertensão
arterial.
● Macroscopia:
○ Rim diminuído em peso e volume
○ Aderências na cápsula renal
○ Cicatrizes na superfície renal, que se torna irregular (perda de camada
cortical)
■ Quando as cicatrizes estão localizadas preferencialmente nos
pólos renais, são indicativas de PNC por refluxo.
○ Deformidade dos cálices renais (associadas à perda da camada
cortical)
○ Acúmulo de tecido adiposo na pelve renal, preenchendo as regiões
com perda de parênquima
● Microscopia:
○ Infiltrado inflamatório principalmente de células mononucleares
■ A inflamação é quase sempre zonal e tem correspondência com
as cicatrizes
■ Quando o infiltrado neutrofílico é expressivo, fala-se em PNC
em atividade (agudização)
○ Destruição de néfrons e desaparecimento tubular
■ Devido a obstrução de diversos túbulos, os remanescentes
concentram grande quantidade de secreção e células
inflamatórias (cilindros hialinos) → pseudo-tireoidização do
parênquima renal
○ Hipotrofia e fibrose grosseira
Hidronefrose
● Conceito: dilatação cística da pelve e cálices renais devido ao aumento de
pressão
● Patogênese:
○ Nefrolitíase (mais comum em homens)
○ Compressões extrínsecas
■ Hiperplasia prostática
■ Tumores (vesicais, câncer uterino com invasão ureteral,
pélvicos e retroperitoneais)
○ Anomalias congênitas (válvulas e estreitamentos de ureter, uretra,
junção uretero-pélvica e do colo vesical)
○ Distúrbios neurogênicos (bexiga neurogênica, paraplegia, esclerose
múltipla)
○ Inflamações (prostatites, ureterites, fibrose retroperitoneal)
● Evolução:
○ O aumento da pressão determina achatamento e encurtamento das
papilas e repercute inicialmente nos túbulos coletores, que se dilatam
e se hipotrofiam.
○ Há também compressão vascular, com distúrbios de fluxo sanguíneo,
especialmente na camada medular
○ Os glomérulos ficam íntegros por mais tempo, enquanto o interstício
fica alargado pela fibrose progressiva
● Características:
○ Aparência multicística → diagnóstico diferencial com doenças císticas
renais
○ Agudamente, ocorre aumento de peso e volume, sendo
frequentemente palpável
■ Mediante a desobstrução, pode ocorrer recuperação parcial ou
total, primeiro da função glomerular e em seguida dos túbulos
(por certo tempo persiste a incapacidade de concentrar a urina)
○ A longo prazo, a compressão gera atrofia do parênquima (costuma ser
irreversível em obstruções de pelo menos 3 semanas)
Litíase
● Fatores predisponentes:
○ Sexo masculino
○ Hereditariedade (distúrbios da função tubular)
○ Aumento da concentração dos elementos constituintes dos cálculos,
ultrapassando a sua solubilidade na urina
○ Estase urinária
○ Inflamação e infecção das vias urinárias
○ Alterações do pH urinário
○ Baixo volume urinário
● Consequências:
○ Inflamação local da mucosa por irritação mecânica
○ Pielonefrite (favorecida pela estase urinária e pela inflamação da
mucosa)
○ Hidronefrose (devido à obstrução prolongada)
○ Hipotrofia da mucosa, isquemia e necrose
○ Perfuração da parede (raramente): perinefrite, abcessos perirrenais e
periuretrais
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Glomerulopatias
Revisão…
Histologia funcional do rim
● Glomérulos:
○ Capilares
○ Cápsula de Bowmann
■ Folheto visceral
■ Folheto parietal
○ Células mesangiais: sustentam os glomérulos, situadas entre os
capilares; possuem capacidade contrátil e função fagocítica, atuando
de forma semelhante aos macrófagos, como apresentadoras de
antígenos
● Barreira de filtração glomerular: (3 elementos físicos e 2 espaços virtuais)
○ Endotélio: sintetiza fatores antiagregantes para promover a circulação
sanguínea local
■ Espaço subendotelial
○ Membrana basal: malha ultrafina de colágeno, responsável pela
filtração seletiva
■ Espaço subepitelial
○ Podócitos: estrutura o capilar e mantém a membrana basal
compactada
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Etiopatogênese das glomerulopatias
● A maioria das glomerulopatias consiste em glomerulonefrites (inflamações)
● Elas podem ser :
○ Primárias: o rim é órgão predominante envolvido
○ Secundárias: têm-se uma doença de base que gera lesão glomerular
■ Ex: LES, HAS, diabetes
Mecanismos imunitários
➔ Admite-se que existem 2 mecanismos imunológicos principais na patogênese
das glomerulopatias:
● Depósitos glomerulares de imunocomplexos circulantes
● Formação in situ de imunocomplexos
● Imunocomplexos circulantes
○ Imunocomplexos circulantes são anticorpos ligados a antígenos.
■ Antígenos exógenos (mais comum) → ex. produtos infecciosos
■ Antígenos endógenos (auto-imunidade) → ex.DNA, antígenos
tumorais
○ Esse tipo de glomerulonefrite resulta do aprisionamento de
imunocomplexos circulantes solúveis nos glomérulos. Não há,
portanto, anticorpos específicos contra componentes glomerulares.
○ O surgimento ou não de lesão depende das propriedades
físico-químicas desses IC:
■ Tamanho ou volume: ICs de tamanho intermediário são os que
se depositam nos glomérulos, podendo determinar
glomerulonefrite (os IC com excesso de anticorpos, são
eliminados pelo sistema fagocitário; os com excesso de
antígenos constituem um agregado pequeno que é filtrado e
excretado)
■ Carga elétrica molecular: apenas as moléculas catiônicas são
capazes de atravessar a membrana basal. Com isso, a carga
determina o local de depósito do IC (subendotelial quando
catiônica; subepitelial quando aniônica, pois ficam retidos;
mesangial, quando a carga é neutra)
○ Ou seja, o local de deposição dos imunocomplexos no glomérulo e o
grau de destruição e/ou desorganização da membrana basal
dependem do tamanho, da carga elétrica e da forma dos
imunocomplexos. Esses fatores determinam a intensidade da lesão
glomerular.
■ Desorganização da MB: síndrome nefrótica (proteinúria
maciça; pode ocorrer perda de hemácias, em cerca de 20%)
■ Destruição da MB: síndrome nefrítica (hematúria, oligúria e
hipertensão)
○ Patogênese:
○ Os imunocomplexos podem atravessar os poros do endotélio
glomerular e ficar aprisionados no espaço subendotelial, dentro da
membrana basal ou no espaço subepitelial.
○ Ocorre ativação do sistema do complemento (nas glomerulonefrites
ocorre redução dos níveis séricos do complemento), que determina
aumento da permeabilidade vascular (favorecendo maior deposição de
IC)e quimiotaxia de leucócitos.
○ Neutrófilos migram para o local, reconhecem a porção Fc do anticorpo,
e são ativados. Dessa forma, surge uma resposta inflamatória dentro
do capilar. Os neutrófilos liberam diversas proteases (especialmente
colagenases), que prejudicam a integridade da membrana basal.
● Outros mecanismos:
○ Auto-anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (ANCA)
○ Anticorpos citotóxicos
○ Resposta imunitária celular
○ Ativação do complemento
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Glomerulopatias primárias
● O problema está no rim, embora possa apresentar uma causa sistêmica
subjacente
Relacionadas à síndrome nefrítica
Glomerulonefrite proliferativa aguda (ou difusa aguda)
● Glomerulonefrite pós-estreptocócica ou pós infecciosa (especialmente
streptococcus beta-hemolítico do grupo A)
● Aspectos clínicos e patológicos:
○ Síndrome nefrítica aguda: hematúria macroscópica, oligúria, edema.
hipertensão moderada
○ Processo inflamatório de origem imunológica (principalmente
imunocomplexos circulantes), desencadeado normalmente por
infecção estreptocócica prévia da orofaringe ou pele (latência de 1 a 2
semanas). As imunoglobulinas normalmente são do tipo IgG (tamanho
intermediário), que se alojam no espaço subepitelial.
○ O estímulo inflamatório promove proliferação do endotélio e células
mesangiais, além de infiltração por neutrófilos e monócitos. Desse
modo, as luzes capilares ficam ocluídas e reduz o fluxo sanguíneo
glomerular.
■ É ativado o aparelho justaglomerular, com produção de renina e
angiotensina, causando hipertensão.
○ O quadro dura de 2 a 3 semanas, que corresponde o período em que
há imunocomplexos aprisionados no rim
■ Os elementos do sistema do complemento podem ser dosados
no sangue. Quando os níveis séricos voltam a subir, isto é
indicativo de que está reduzindo a formação de
imunocomplexos.
■ Se o paciente mantém a hipocomplementemia além do tempo
esperado de 2 semanas, isto é sinal de mau prognóstico. Está
indicada a biópsia renal.
● Complicação: glomerulonefrite rapidamente progressiva
Glomerulonefrite membranoproliferativa
● Padrão morfológico membranoproliferativo sem imunocomplexos circulantes
→ formação de imunocomplexos in situ.
● Os imunocomplexos se formam especialmente dentro da membrana basal,
dividindo-a. Desse modo, configura-se uma síndrome nefrótico-nefrítica.
○ Quadro clínico: síndrome nefrótica, hematúria, hipertensão arterial ou
insuficiência renal
● Forma primária pode ocorrer em crianças e adultos (80% entre 8 e 40 anos)
○ Parece estar relacionado ao fator nefrítico C3 (autoanticorpo), que
pôde ser detectado em 70% dos casos
● Forma secundária associada a neoplasias e doenças infecciosas,
especialmente hepatite C
○ Geração de anticorpos contra antígenos plantados
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Glomerulopatias secundárias
Glomerulopatia diabética
● Patogênese:
○ Lesão renal induzida por hiperglicemia (glicosilação não enzimática)
○ Complexos glicosilados depositados no glomérulo promovem abertura
anormal da parede de filtração. Paralelamente, geram espessamento
anormal da membrana basal e redução do fluxo sanguíneo → ativação
do sistema renina-angiotensina
○ Evolução prolongada de queda progressiva da função renal (começa
com cerca de 5 anos de descontrole glicêmico), com aumento
expressivo de proteinúria nos primeiros 20 anos de doença. Em
seguida, o paciente já não tem reserva renal funcional → ocorre
diminuição da filtração glomerular e, consequentemente, da
proteinúria.
● Microscopia:
○ Glomeruloesclerose intercapilar difusa - arteriosclerose (espessamento
difuso da membrana basal) → redução da TFG
○ Glomerulosclerose nodular intercapilar (nódulos acelulares de material
protéico, que se formam na parede capilar) - lesão de
Kimmelstiel-Wilson (patognomônica da diabetes)
○ A hialinose arteriolar é uma lesão inespecífica encontrada, entre outras
situações, na hipertensão arterial sistêmica. É geralmente muito
pronunciada em rins de diabéticos crônicos. A deposição subendotelial
de proteínas em arteríolas aferentes glomerulares leva à isquemia e
hialinização de numerosos glomérulos.
Glomeruloesclerose intercapilar difusa
● Macroscopia:
○ Rim diminuído de tamanho devido à perda
○ Superfície irregular
○ Espessura da camada cortical reduzida
○ Espaço livre da pelve renal preenchido por gordura
Resumindo…
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Transplante renal
● Realização periódica de biópsias para avaliar a rejeição renal
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Neoplasias do trato urinário
Abordagem:
● Métodos de imagem
○ US
○ TC
○ RNM
● Biópsia renal
● Citologia da urina → boa sensibilidade para detecção precoce de lesões de
vias urinárias
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Neoplasias do rim:
Epidemiologia:
● Adulto:
● Benignas
○ Adenoma papilar
○ Oncocitoma
○ Angiomiolipoma
● Maligna
○ Carcinoma de células renais
● Criança:
● Maligna: T
umor de Wilms (nefroblastoma)
Oncocitoma:
● Tumor raro, encontrado predominantemente em homens a partir dos 50 anos
● Caráter benigno, de crescimento lento → a região central vai sofrendo
isquemia, o que resulta em cicatriz estrelada (fator importante para o
diagnóstico em US)
● Normalmente é assintomático, mas pode causar hematúria e dor lombar
● Macroscopia: normalmente é globoso e pode ter de 2 a 12 cm de diâmetro;
possui cor amarronzada, frequentemente com cicatriz central cinzenta, focos
de hemorragia e cistos. Costuma ser único e unilateral.
● Microscopia: células de arranjo coeso, com discretas atipias celulares e
células neoplásicas semelhantes entre si; é derivado, possivelmente, de
células intercaladas dos túbulos coletores (positivo na imunohistoquímica
para anticorpos contra túbulos coletores)
○ É bem individualizado das demais neoplasias do ponto de vista
morfológico e citogenético
Angiomiolipoma:
● Neoplasia benigna
● Associa-se a esclerose tuberosa em 50% dos casos (mais comum em
mulheres entre 25 e 35 anos) → tumor cerebral que pode gerar herniação
● Macroscopia: o tumor forma nódulos múltiplos ou únicos, quase sempre
menores que 1cm; a lesão é amarelada e lobulada, com hemorragia
frequente.
● Microscopia: formação de feixes musculares lisos, vasos sanguíneos e
tecido adiposo
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Malignas:
● Aspectos clínicos:
○ A neoplasia permanece silenciosa e oculta por longo período
○ Tríade clássica: dor lombar (relacionada à distensão da cápsula e
tração de estruturas perirrenais), hematúria e tumor palpável ao exame
abdominal → indica doença avançada
■ Em cerca de 30% dos casos, os primeiros sinais e sintomas são
extrarrenais, relacionados à metástases
○ Emagrecimento, hipertensão, anemia
● Histopatologia:
○ Se origina do epitélio tubular renal
○ Classificação:
■ Tipo células claras (70% dos casos) → pior prognóstico
● Importância em reconhecer a probabilidade dessa
neoplasia e diferenciar dos tumores benignos, devido à
alta prevalência
■ Tipo papilar (10 a 15% dos casos)
■ Tipo células cromófobas (5% dos casos)
● Graduação:
○ O prognóstico depende do grau nuclear e estadiamento
■ Tamanho do tumor
■ Lesões múltiplas
■ Metástases
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Tumor de Wilms:
● Tumor renal embrionário de estruturas primitivas (blastema nefrogênico) -
tem como precursores restos nefrogênicos
○ Patogênese: defeitos no gene WT-1 (supressor de tumor), associado
ao desenvolvimento gonadal e renal
● Neoplasia renal maligna mais frequente em crianças
● A maioria (95%) ocorre entre 6 meses e 6 anos, com pico de 2-4 anos
● Aspectos clínicos:
○ Abaulamento e massa palpável no abdome
○ Dor abdominal
○ Hematúria (20% dos casos)
○ HAS (70% dos casos)
○ Febre, anemia, leucocitose
● Macroscopia:
○ Massa abdominal de aproximadamente 15cm
○ Quase sempre é unilateral
○ Coloração esbranquiçada (tecido indiferenciado)
○ Normalmente é lobulado, contendo septos conjuntivos e nítida
demarcação do parênquima renal
○ Comum encontrar cavidade de aspecto hemorrágico ou de necrose,
devido ao crescimento rápido
○ Frequentemente invade a cápsula renal, tecidos adjacentes, veia renal
e sistema pielocalicinal
● Microscopia:
○ Histologia trifásica: componente epitelial (túbulo primitivo),
blastematoso (massas sólidas muito indiferenciadas), estromal
● Prognóstico:
○ Depende de:
■ Idade do paciente
■ Estadiamento: extensão do tumor e metástases (independe do
tamanho)
■ Histologia: o principal elemento é a extensão e grau de
anaplasia nuclear (mitoses multipolares, nucleomegalia e
hipercromasia) → se relaciona à resposta do tumor à terapia
○ Células muito indiferenciadas, com evolução muito rápida →
emergência no diagnóstico
○ Boa resposta ao tratamento quimioterápico
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Neoplasias da bexiga:
● Benignas
○ Papiloma urotelial (diagnóstico diferencial difícil do carcinoma urotelial)
● Maligna
○ Carcinoma urotelial (90%)
○ Carcinoma de células escamosas
○ Adenocarcinoma
Carcinoma urotelial
● Características:
○ Originam-se do epitélio de revestimento: epitélio transicional e urotélio
○ São mais frequentes na região do trígono vesical (maior estase
urinária nesse local, estando sujeito à ação mais prolongada de
substâncias cancerígenas)
○ Podem surgir em qualquer local do trato urinário (policronotropismo) →
muitos sujeitos a recidivas
○ Cerca de 40% são múltiplos (caráter multicêntrico) → todo o epitélio
está sujeito aos mesmos agressores
○ Etiopatogênese: bloqueio das vias dos genes supressores de tumor
p53 e RB e instabilidade genética do urotélio
● Aspectos clínicos:
○ Hematúria (85% dos casos) → principal manifestação (mais frequente
e mais precoce)
○ Urgência miccional → redução da capacidade de retenção urinária,
devido ao crescimento de massa no interior da bexiga
○ Disúria e polaciúria
○ Obstrução urinária → dependendo do tamanho da massa neoplásica
■ Hidronefrose e pielonefrite
○ Pode evoluir com alteração de uréia e creatinina, pois o crescimento
da massa vesical prejudica o gradiente de pressão da filtração renal.
➔ Importância do exame de citologia urinária
● Evolução:
○ Papiloma urotelial (lesão exofítica/vegetante): epitélio de espessura
próxima a do normal
○ Neoplasia urotelial de baixo potencial de malignidade (lesão
pré-maligna) → epitélio mais espesso, e núcleos mais diferentes entre
si, com atipias celulares mais pronunciadas
○ Carcinoma in situ → pode ser tratado por curetagem
○ Invasão da submucosa e da camada muscular → cistectomia total
● Estadiamento:
○ Depende da presença de da profundidade da invasão da parede
■ Limitado a mucosa (in situ)
■ Invasão da lâmina própria, muscular, gordura perivesical e
órgãos adjacentes
■ Metástases linfonodais ou à distância
● Prognóstico:
○ Recidivas em 50 a 70% dos casos
○ Grau, profundidade de invasão da parede e estadiamento são
essenciais
○ O prognóstico depende mais do estágio do que do grau de
malignidade