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METROLOGIA-2003 – Metrologia para a Vida

Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM)


Setembro 01−05, 2003, Recife, Pernambuco - BRASIL

DESENVOLVIMENTO DE UM DISPOSITIVO PARA SIMULAÇÃO DE


TENSÕES RESIDUAIS EM DUTOS

Flávio Tito Peixoto Filho 1, Thiago Bigarella1, Armando Albertazzi Gonçalves Jr.1, Ricardo Suterio1,2
1
UFSC / Labmetro, Florianópolis - SC - Brasil
2
INPE / LIT, São José dos Campos - SP - Brasil

Resumo: interessante dispor de um padrão de tensões que reproduza


as características desta aplicação específica. Para tanto,
Este trabalho demonstra a viabilidade técnica, operacional e
decidiu-se utilizar um duto, com especificações semelhantes
metrológica do projeto e construção de um dispositivo de
às encontradas neste setor da indústria, para a construção de
simulação de tensões mecânicas bidimensional em dutos.
um dispositivo capaz de gerar tensões de referência em
Será utilizado como dispositivo de referência para gerar
dutos. Com este será possível avaliar, simultaneamente,
valores bem conhecidos de tensões para avaliar o
aspectos metrológicos e a funcionalidade operacional dos
desempenho de sistemas de medição de tensões residuais e
protótipos dos sistemas de medição de tensões construídos,
tensões mecânicas de serviço. Certos cuidados estão sendo
como, por exemplo, a eficácia da fixação e a rigidez do
tomados de modo que o desempenho metrológico do
conjunto.
dispositivo seja suficientemente bom para a avaliação
confiável dos protótipos de sistemas de medição. Este
trabalho, além de apresentar detalhes de projeto, realiza a 2. REQUISITOS DO SISTEMA
avaliação das componentes de incertezas estimadas no
desempenho global do sistema, buscando soluções para O dispositivo padrão de tensões deve apresentar exatidão
minimizar os pontos críticos e obter uma conclusão com suficiente para satisfazer os requisitos da avaliação
metrológica dos protótipos dos sistemas de medição. Níveis
relação a sua viabilidade técnico-operacional.
de incerteza da ordem de 3% a 5% para as tensões geradas
Palavras chave: medição de grandezas mecânicas, tensões são plenamente satisfatórios. Além deste compromisso
mecânicas, tensões residuais, dutos de petróleo e gás. metrológico, o dispositivo deve ainda ser pouco sensível às
influências de fatores externos e deve garantir a segurança,
tanto do operador como do próprio sistema.
1. INTRODUÇÃO
Para uma melhor avaliação do desempenho real de um
2.1 Especificações dos dutos da indústria de petróleo e gás
sistema de medição nas condições de uso é interessante
calibrá-lo em campo. Como nem sempre isto é possível, é As principais características da maioria dos dutos utilizados
comum reproduzir em laboratório características que esse na indústria de petróleo e gás são as seguintes:
instrumento encontrará em campo para realizar a calibração. • Diâmetro nominal: 304,8 a 1066,8 mm (12 a 42
Com isso, a avaliação mais se aproximará da situação real e polegadas);
o metrologista pode, inclusive, deparar-se com problemas • Espessura de parede: 6,35 a 12,70 mm (0,25 a 0,5
que de outra forma não teria conhecimento até que o sistema polegadas);
de medição estivesse em operação em campo. • Composição do material: aços API 5L graus B, X42,
X46, X52, X56, X60 e X65;
O Laboratório de Metrologia e Automatização da UFSC
• Faixa de pressão de operação: até 147 bar (150
(Labmetro) vem trabalhando nos últimos anos no
kgf/cm2).
desenvolvimento de sistemas ópticos para medição de
tensões mecânicas e residuais. Para fazer a avaliação
3. PROJETO
metrológica do desempenho dos protótipos desenvolvidos é
necessário um dispositivo capaz de gerar tensões cujos
3.1 A Concepção do Dispositivo
valores possam ser adotados como referência. Esta é a
principal motivação deste trabalho. Outros dispositivos para Em essência, o elemento principal consiste em um duto
o mesmo fim já haviam sido desenvolvidos anteriormente, cheio de água, fechado com flanges (Fig. 1) em suas
uns apresentando problemas devido a limitações extremidades, sobre o qual pressão será aplicada. Um dos
construtivas e incertezas não compatíveis com as flanges possui um bocal por onde a bomba injetará óleo sob
necessidades. pressão conhecida e controlada (ver Fig. 2). Quando a
bomba aplica pressão o óleo age sobre a água e esta por sua
Adicionalmente, por ser a medição de tensões residuais algo
tão importante em dutos de gás e petróleo, é extremamente
vez age sobre as paredes do duto gerando um estado de de 13o com a tangente do perfil circular do duto. O valor
tensões bem definido nestas. mínimo do diâmetro nominal dos dutos de gás e petróleo é
de 304,8 mm (12 polegadas) com diâmetro externo de 323,9
mm (12,75 polegadas), o que satisfaz com folga esse
requisito. De forma a minimizar a massa e as dimensões da
bancada de ensaio, escolheu-se então um duto com diâmetro
mínimo de 304,8 mm (12 polegadas).
O comprimento foi mantido grande o suficiente para
permitir várias medições em um mesmo duto com os
protótipos que utilizam métodos semidestrutivos. Foi
definido então o comprimento de 3 m.
É sabido que próximo às regiões dos flanges existem tensões
diferentes das tensões circunferenciais e axiais presentes no
restante do tubo. Todavia, segundo o teorema de Saint-
Venant[2], essas pequenas variações serão desprezíveis a
uma distância relativamente grande do ponto de sua
aplicação. De acordo com convenções práticas, essa
distância é de, aproximadamente, 1,5 vez o valor do
diâmetro do tubo. Fazendo com que, dos três metros de
Fig. 1: Bancada de ensaios comprimento, uma faixa de aproximadamente 2,4 m
determine a efetiva área útil de medição. De qualquer
maneira, através da utilização de extensômetros de
resistência, será possível controlar esses parâmetros.
Comercialmente existem diversas classes de dutos de
304,8 mm (12 polegadas) com diferentes espessuras de
parede. Foi optado pelo modelo Standard que é o mais
comum, com espessura de parede de 9,5 mm, valor
considerado mais do que suficiente para efetuar com
segurança ensaios com furos de 2 mm de profundidade.
O duto escolhido tem então as seguintes dimensões:
Fig. 2: Sistema Hidráulico
• Comprimento (L) = 3 m;
• Raio externo (re) = 161,95 mm;
• Raio interno (r) = 152,45 mm;
3.2 Especificações do Duto e Componentes
• Espessura da parede (t) = 9,5 mm.
Devido ao seu baixo custo, excelentes qualidades
mecânicas, facilidade de solda e de conformação; o aço A relação entre as dimensões do tubo e a pressão (q) pode
carbono é o denominado “material de uso geral” em ser determinada da seguinte forma[3]:
tubulações industriais. Na prática, só se deixa de empregar o
aço-carbono quando há alguma circunstância especial que o 3 p 2 rf 2 + p.r. f 3(4e 2 − p 2 f 2 )
proíba[1]. Quanto maior for a quantidade de carbono no aço t= (1)
maior será a sua dureza e maiores serão os limites de e2 − 4 p 2 f 2

resistência e de escoamento. Em compensação, o aumento


sendo:
do teor de carbono prejudica a ductilidade e a soldabilidade
e tensão de escoamento
do aço. Por esse motivo, em aços para tubos limita-se a
p pressão
quantidade de carbono em até 0,35%, sendo que até 0,30%
r raio interno
de C a solda é relativamente fácil, e até 0,25% de C os tubos
t espessura da parede
podem ser dobrados a frio. Para o duto a ser construído
f fator de segurança
optou-se pelo aço carbono 1020, que é um aço macio e de
boa soldabilidade. O aço 1020 apresenta teor de carbono
Isso faz com que para o duto escolhido, a pressão de
médio de 0,20%, valor próximo ao aço API 5L B, e
trabalho (p) deva ser inferior a 91,6 bar (1330 psi), de forma
resistência à ruptura de 441a 539 N/mm2 (45 a 55 kgf/mm2).
que a tensão mecânica no duto não ultrapasse 70 % da
Um dos protótipos de medição de tensões mecânicas a ser tensão de escoamento do aço 1020 (fator de segurança f de
avaliado contém patas de fixação para as quais estimou-se 1,43).
uma limitação mínima de 180 mm de diâmetro externo para
Não estão comercialmente disponíveis flanges para pressão
os dutos nos quais forem fixadas. Com esse diâmetro as
de operação exatamente desse valor. Depois dos flanges de
unhas de fixação ficam posicionadas formando um ângulo
900 psi (comercialmente denominados 900 lbs) o próximo
valor é de 1500 psi, sendo que o custo do flange aumenta Uma comparação do valor da pressão aplicada com os
vertiginosamente à medida que aumenta sua pressão de valores de deformação medidos poderá ainda ser feita com a
operação. Por essa razão a opção feita foi utilizar flanges de finalidade de avaliar experimentalmente as constantes
900 psi (62,0 bar) e limitar ainda mais a pressão de operação elásticas do material e compará-las com os valores
do sistema. apresentados pelas tabelas específicas.
Quanto ao tipo de flange, a opção foi pelo flange de Os ensaios para geração de tensões mecânicas iniciarão com
pescoço, por ser resistente, permitir melhor aperto e, o alívio da pressão interna, quando serão zeradas as leituras
principalmente, por ser o tipo de flange que dá origem a dos extensômetro. A pressão será aplicada em um único ou
menores tensões residuais em conseqüência da soldagem. mais degraus intermediários. Para cada degrau de pressão as
tensões serão medidas pelos extensômetros de referência e
Esse flange geralmente é ligado ao tubo por uma única solda
pelo dispositivo testado.
de topo, ficando a face interna do tubo perfeitamente lisa,
sem descontinuidades que facilitem a concentração de Para ensaiar medidores de tensões residuais, a pressão será
esforços ou a corrosão. aliviada e as leituras dos extensômetros serão zeradas. A
pressão desejada será aplicada e as tensões medidas nos
Além do flange de pescoço são utilizados ainda flanges
extensômetros. O dispositivo de medição de tensões
cegos fixados aos de pescoço através de parafusos e de
residuais será fixado no duto e zerado. Na seqüência, um
juntas de papelão próprias para sistemas hidráulicos.
pequeno furo, ou uma marca de indentação, será efetuada no
duto. O correspondente estado de tensões residuais será
O manômetro adotado foi um manômetro para aplicações
medido. O valor de referência será obtido a partir das
petroquímicas da Record modelo MVPR-114 com faixa de
tensões medidas nos extensômetros que será corrigido para
medição de 0 a 60 kgf/cm2 (0 a 58,6 bar). Este modelo
compensar os efeitos das tensões geradas pelo peso próprio
apresenta, de acordo com o fabricante, uma exatidão de
do duto cheio de água.
Classe A1 (± 1% do valor final de escala).

4. PROCEDIMENTOS DE ENSAIO 5. AVALIAÇÃO TEÓRICA DE INCERTEZAS

Como nos ensaios os valores de tensão mecânica medidos


Para que seja possível simular tensões residuais é importante pelo equipamento em prova serão comparados, tanto com o
que seja efetuado o alívio das tensões residuais iniciais dos respectivo valor de pressão indicado pelo manômetro,
dutos. Para tal, o duto será submetido a um tratamento quanto com os respectivos valores de deformação indicados
térmico conveniente. Após, o nível de tensões residuais pelos extensômetros, foram efetuadas duas análises de
remanescente será avaliado através do método do furo cego incertezas da tensão gerada. Uma em relação às tensões
em vários pontos. calculadas em função do valor da pressão indicada (Análise
No duto serão coladas oito rosetas de extensômetros, duplas de Incertezas 1) e outra calculada a partir do valor médio de
a 90°, distribuídas ao longo de sua parede externa. Serão deformação indicada pelos extensômetros (Análise de
alinhadas aos eixos axial e circunferencial. Essas rosetas Incertezas 2).
estarão conectadas a pontes amplificadoras, por sua vez
conectadas ao micro computador, que monitorará o sinal.
Peso próprio Dimensões
Sem pressão no interior do duto e conseqüentemente sem
tensão em suas paredes, as pontes amplificadoras serão Tensão de flexão

zeradas. Feito isso, seria então aplicada pressão através da Raio interno do duto

Tensão de
injeção de óleo no interior da câmara até o manômetro cisalhamento
Espessura de
indicar a pressão desejada para o ensaio. Então seria feito o parede do duto
INCERTEZA TEÓRICA
ensaio do instrumento em prova, cujos resultados seriam DO
PROJETO
comparados aos valores de deformação indicados pelos Coeficiente de
sensibilidade

extensômetros e pelo valor da pressão indicada pelo Poisson linearidade

manômetro. Módulo de
elasticidade
estabilidade

repetitividade
Idealmente seriam esperadas tensões similares nos vários
extensômetros. Em função de variações das dimensões da Propriedades Mecânicas Sistema de Medição
parede do duto e nas propriedades elásticas do material,
Fig. 3: Fontes de incerteza
diferenças são esperadas e serão incorporadas à incerteza
atingida pelo sistema. A influência das deformações
causadas pelo peso próprio nas diferentes regiões do duto
será avaliada pelos diferentes valores indicados pelas 5.1 Análise de Incertezas 1 – Partindo da Pressão
rosetas. Pretende-se usar um modelo elástico para prever e Utilizando cinco apoios distribuídos ao longo da extensão
compensar as componentes sistemáticas de tensão induzidas do duto, a contribuição das tensões de flexão e cisalhamento
pelo peso próprio. Outra alternativa é realizar as medições devido ao peso próprio no balanço de incertezas é inferior
de tensões apenas na região da linha neutra, onde não há 0,5 MPa. Como essa contribuição não é constante ao longo
efeitos de flexão devido ao peso próprio. do duto não será tratada como sistemática e sim como mais
uma componente aleatória que afeta a incerteza do sistema. a incerteza do conjunto extensômetros e ponte
Esse valor significa uma componente de incerteza de no amplificadora, estimada como sendo em torno de 2% e do
máximo 1% visto que a tensão de trabalho não deve ser módulo de elasticidade, estimada como sendo 3%. As
inferior a 50 MPa. No entanto, esta componente de incerteza incertezas relacionadas às dimensões do tubo e ao
não afeta a simulação de tensões mecânicas já que essa manômetro não se aplicam neste caso.
grandeza será determinada através de uma medição
As variações encontradas entre as deformações medidas nos
diferencial. Se as medições forem feitas na lateral do duto,
diferentes extensômetros, nas diferentes regiões do corpo de
que corresponde à linha neutra desta componente de flexão,
prova, devem ser tratadas com um cuidado especial. Duas
este problema desaparecerá.
causas principais podem ser enumeradas: (a) efeito da flexão
Em compensação para a simulação de tensões residuais, devido ao peso próprio do duto cheio d’água e (b) variações
além das tensões induzidas pelo peso próprio do duto, naturais na geometria ou nas propriedades mecânicas do
deveria-se levar em conta também as tensões residuais duto. A ação da flexão provocada pelo peso próprio do duto
remanescentes após o tratamento térmico, que na prática não não é um grande problema. Não tem nenhuma influência na
deve ser perfeito. Entretanto, só com uma análise medição das variações de tensões mecânicas. Seu efeito
experimental poderia se quantificar esta contribuição de pode ser minimizado se for matematicamente compensado
incerteza, assim optou-se por desconsiderá-la neste ou se a medição for feita na posição da linha neutra do duto.
momento nesta análise teórica. No momento da medição da tensão média que age no duto,
o efeito da flexão devido ao peso próprio pode ser
Foi considerada uma tolerância na espessura da parede
compensado se pares de extensômetros forem posicionados
devido à laminação de 12,5% e uma tolerância do raio
em regiões diametralmente opostas do duto. As variações
interno de 2,495 mm. O manômetro, conforme já foi dito
decorrentes da não uniformidade da geometria e das
anteriormente, apresenta uma incerteza de 1% do valor do
propriedades mecânicas do duto não podem ser
fim da escala. Isso significa uma incerteza de 0,06 MPa.
compensadas e contribuirão para aumentar a incerteza com
que é possível definir o valor de referência para a tensão
Tabela 1: Balanço de Incertezas p/ Tensão Mecânica residual simulada.

Símb. Ident.
Valor
Distrib. Divisor
Incerteza Incert. Pad. Graus Como a influência das tensões residuais remanescentes do
Bruto Padrão (ui) relativa de Lib.
tratamento térmico e desta vez a ação da flexão também é
p pressão (MPa) 0,06 retang √3 0,034641 0,01117 ∞ desconsiderada, o balanço de incertezas é o mesmo para
t espessura (mm) 1,19 normal 2 0,595 0,06263 ∞ tensão mecânica e tensão residual.
raio interno
R’ 3,5 normal 2 1,75 0,01148 ∞
(mm)
Tabela 3: Balanço de Incertezas p/ Tensão Mecânica e
incerteza
uc
combinada
2 0,0646 ∞ Residual
incerteza
U95% 12,93%
expandida Valor Incerteza Incert. Pad. Graus
Símb. Ident. Distrib. Divisor
Bruto Padrão (ui) relativa de Lib.
Repetitividade da
Tabela 2: Balanço de Incertezas p/ Tensão Residual Re
ponte
0,007 normal 1 0,007 0,007 7

Módulo de
Valor Incerteza Incert. Pad. Graus E
elasticidade (MPa)
6300 normal 2 3150 0,015 ∞
Símb. Ident. Distrib. Divisor
Bruto Padrão (ui) relativa de Lib.
t Espessura 1,19 normal 2 0,595 0,0626 ∞
p pressão (MPa) 0,06 retang √3 0,034641 0,01117 ∞
R’ Raio interno 3,5 normal 2 1,75 0,01148 ∞
t espessura (mm) 1,19 normal 2 0,595 0,06263 ∞
raio interno incerteza
R’ 3,5 normal 2 1,75 0,01148 ∞ uc 2 0,0658 52484
(mm) combinada
tensão de incerteza
flexão e U95% 13,16%
0,5 retang √3 0,288675 0,00577 ∞ expandida
cisalhamento
(MPa)
Nesta nova condição a incerteza expandida estimada está em
incerteza
uc
combinada
2 0,0649 ∞ torno de 13,2 % para as tensões mecânica e residual
U95%
incerteza
12,98%
simuladas a partir de um respectivo valor médio de
expandida
deformação indicado pelos extensômetros. Este valor ainda
não satisfaz os requisitos metrológicos do projeto. Seria
A incerteza expandida calculada é de 12,93% para a desejável incerteza da ordem de 5% para simulação das
simulação de tensão mecânica e 12,98% para a simulação de tensões residuais e 3% para as tensões mecânicas.
tensão residual na parede do duto em função da pressão
indicada pelo manômetro. O caminho natural está em tentar minimizar as fontes de
incerteza mais significativas. Analisando os balanços de
5.2. Análise de Incertezas 2 – Partindo das Deformações incerteza nota-se claramente que a grande responsável pela
Na opção de utilização das tensões mecânicas medidas a incerteza global desta magnitude é a incerteza na espessura
partir do conjunto de rosetas extensométricas conectado à da parede do duto (Fig. 4). As especificações do fabricante
ponte amplificadora, algumas fontes de incerteza do duto[4] afirmam uma tolerância de 12,5 % devido à
desaparecem e outras, novas, surgem. Deve ser acrescentada laminação. Não há muito o que fazer para reduzir esta
incerteza. No entanto, conhecendo localmente o valor da da espessura é possível compensar de forma eficaz este
espessura da parede no ponto onde será efetuada a medição, efeito.
poderá ser aplicada uma correção no valor de tensão
esperado. Para isso deverá ser usado, para medir a parede do O software utilizado foi o Ansys 5.3, e as especificações da
duto, um sistema de ultra-som (Fig. 5)[5], que apresenta uma simulação foram as seguintes:
incerteza típica de ± (0,5% + 0,1mm). Com estes novos (1) modelo 2D com condição de axisimetria e elemento
parâmetros, a incerteza estimada da medição de tensão, Plane82, 8 nós e 2 graus de liberdade nas direções “x” e
cairia para 3,8 %. Além disso, medindo a espessura em “y”, perfazendo um total de 4.008 elementos e 14.417
diversos pontos do duto pode-se determinar uma eventual nós.
tendência e corrigi-la numericamente. (2) foram aplicadas variações periódicas (senoidais) de
espessura na parede externa do tubo. A Fig. 6 representa
esta variação de espessura simulada, sendo mantida
7,0%
dentro das especificações do fabricante.
6,0% (3) Uma das extremidades do tubo teve todos os graus de
Incerteza Padrão Relativa

5,0% liberdade restringidos, enquanto a outra teve somente o


movimento radial restringido.
4,0%
(4) A pressão interna de simulação adotada foi de 6 MPa.
3,0%

2,0%
11.0

1,0%

Espessura da Parede [mm]


10.5

0,0% 10.0

espessura raio interno 9.5


Sistema de medição Constantes Elá sticas
9.0
Fig. 4: Comparação entre as contribuições de incerteza
8.5

8.0
1000 1200 1400 1600 1800 2000
Comprimento [mm]

Fig. 6: Variação de espessura simulada em função do


comprimento do corpo de prova

Uma solução analítica pode ser encontrada em YOUNG -


1989[3], para relação: r / t > 10, vasos de pressão de paredes
finas, ou seja:
pr
σ1 = (2)
t
sendo:
p pressão
r raio interno
t espessura da parede
Fig. 5: Sistema de ultra-som para medição de espessura de σ1 tensão principal na direção 1 (direção radial)
paredes[5].
A equação (2) apresenta resultados muito próximos da
Com o objetivo de certificar que somente a monitoração da equação (1), sendo desta forma utilizada na comparação
espessura seja suficiente para melhorar o nível de incertezas com o método de elementos finitos. Da equação (2) observa-
do dispositivo, uma simulação por elementos finitos, foi se que, como esperado, a variação da espessura se dá na
realizada com o objetivo de verificar o estado de tensão do direção inversa da variação no valor da tensão. As tensões
dispositivo em função da variação da espessura do duto. calculadas pelo MEF e as calculadas a partir da equação (2)
considerando a variação da espessura ponto a ponto, estão
representados na Fig. 7. Observa-se uma pequena diferença,
6. VERIFICAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS de característica predominantemente sistemática que pode
ser experimentalmente corrigida através de uma calibração
A tolerância de 12,5% resulta do processo de fabricação do e/ou do refino do modelo numérico. Estima-se que a
duto, que gera ondulações na espessura da parede do duto. contribuição da correção da espessura resulte em incertezas
Os efeitos destas ondulações no estado de tensões no duto inferiores a 1%.
foram analisados por intermédio do MEF (Método de
Elementos Finitos). A intenção é verificar se com a medição
imperfeições, e a hipótese de utilizar uma peça menor não é
115
interessante já que a medição próxima às extremidades traz
110
uma série de outros problemas.
Tensão Radial [MPa]

105

100
Com a análise por elementos finitos pôde-se observar que
este problema pode ser minimizado através da monitoração
95
da espessura, utilizando-se, por exemplo, um medidor de
90
espessura por ultra-som. Conhecendo as características
85
dimensionais da parede do duto é possível aplicar uma
80 correção no valor da tensão de referência e ainda atingir os
1000 1200 1400 1600 1800 2000
níveis de incertezas desejados.
Comprimento [mm]
Sr MEF Sr analitico

Fig. 7: Variação da tensão axial em função da espessura da parede AGRADECIMENTOS


do corpo de prova ao longo do comprimento do corpo de prova Os autores agradecem a toda a equipe do Labmetro/UFSC, à
FINEP, ao CTPETRO, ao MCT e à Agência Nacional de
Petróleo através do programa PRH 34, que contribuíram
Tabela 4: Balanço de Incertezas p/ Tensão Mecânica
para a realização deste trabalho.
Valor Incerteza Incert. Pad. Graus
Símb. Ident. Distrib. Divisor
Bruto Padrão (ui) relativa de Lib.

p pressão (MPa) 0,06 retang √3 0,034641 0,01117 ∞ REFERÊNCIAS


t espessura (mm) 0,148 normal 2 0,0738 0,00776 ∞ [1] TELLES, P. C. S. - "Tubulações Industriais – Materiais,
R’
raio interno
3,5 normal 2 1,75 0,01148 ∞
Projeto e Desenho", 6o Edição, Livros Técnicos e
(mm) Científicos Editora S.A. 1982.
uc
incerteza
2 0,0178 ∞ [2] MALVERN, L. E. - “Introduction to the Mechanics of a
combinada
incerteza Continous Medium”, Prentice Hall Inc. 1969.
U95% 3,56%
expandida
[3] YOUNG, W. C. - "Roark's Formulas for Stress & Strain"
Tabela 5: Balanço de Incertezas p/ Tensão Residual - McGraw-Hill, USA, 6th edition, 1989.
[4] MANNESMANN, Cátalogo de Tubos Mecânicos.
Valor Incerteza Incert. Pad. Graus
Símb. Ident. Distrib. Divisor
Bruto Padrão (ui) relativa de Lib.
[5] ACS – Acoustic Control Systems,
p pressão (MPa) 0,06 retang √3 0,034641 0,01117 ∞ http://www.acsys.ru/prod/a1208/ea1208.htm
t espessura (mm) 0,148 normal 2 0,0738 0,00776 ∞
raio interno
R’ 3,5 normal 2 1,75 0,01148 ∞
(mm) Autores:
tensão de
flexão e
cisalhamento
0,5 retang √3 0,288675 0,00577 ∞ Engenheiro de Controle e Automação, Flávio Tito Peixoto Filho,
(MPa) UFSC / Labmetro (Universidade Federal de Santa Catarina /
Laboratório de Metrologia e Automatização), caixa postal 5053,
uc
incerteza
2 0,0187 ∞ Campus Universitário, Trindade, 88.040-970 - Florianópolis - SC,
combinada
incerteza
Brasil. Tel.: (55) 48 239-2035. Fax: (55) 48 239-2009. E-mail:
U95% 3,75%
expandida fpf@labmetro.ufsc.br.
Graduando do curso de Engenharia Mecânica, Thiago Bigarella,
Com essas novas considerações foram estimadas UFSC / Labmetro (Universidade Federal de Santa Catarina /
incertezas de 3,6% para tensões mecânicas e 3,8% para Laboratório de Metrologia e Automatização), caixa postal 5053,
tensões residuais. Ambas calculadas a partir da pressão de Campus Universitário, Trindade, 88.040-970 - Florianópolis - SC,
trabalho e, assim, livres das incertezas relacionadas às Brasil. Tel.: (55) 48 239-2161. Fax: (55) 48 239-2009. E-mail:
constantes elásticas do material. Estes valores satisfazem os tb@labmetro.ufsc.br.
requisitos metrológicos do sistema justificando sua Professor, D.Eng., Armando Albertazzi Gonçalves Jr., UFSC /
construção. Labmetro (Universidade Federal de Santa Catarina / Laboratório de
Metrologia e Automatização), caixa postal 5053, Campus
7. CONCLUSÕES Universitário, Trindade, 88.040-970 - Florianópolis - SC, Brasil.
Tel.: (55) 48 239-2040. Fax: (55) 48 239-2009. E-mail:
A concepção adotada para o dispositivo de simulação de albertazzi@labmetro.ufsc.br.
tensão 2-D se mostrou interessante do ponto de vista
técnico-operacional, principalmente para o setor de petróleo Doutorando, M.Sc., Engenheiro Industrial Mecânico, Ricardo
e gás, que em um futuro breve poderá se dispor de novos Suterio, INPE / LIT (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais /
Laboratório de Integração e Testes), caixa postal 515, Av. dos
instrumentos de medição de tensões.
Astronautas, 1758, Jd. da Granja, 12.227-010 - São José dos
Do ponto de vista metrológico, o ponto crítico do projeto é a Campos, SP, Brasil. Tel.: (55) 12 3945-6270. Fax: (55) 12 3941-
variação natural na espessura da parede dos dutos 1884, E-mail: suterio@lit.inpe.br.
encontrados no mercado. É praticamente impossível usinar
uma peça desse tamanho de forma a minimizar estas

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