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Agosto

R.I.P. Petrodólar: Março/1975 - Setembro/2016


Em 40 anos, historiadores reconhecerão setembro deste ano como o
mês em que os petrodólares morreram. Veja como proteger seu
patrimônio antes desta data.

Por Jim Rickards

Uma das mais importantes transferências de riqueza da história mundial está acontecendo em tempo
real. Ainda assim, está ocorrendo por trás de um véu de jargões técnicos, segredos de estado e
agendas secretas que dificultam a vida dos investidores comuns. Aqueles que conseguirem entendê-
la e a utilizarem em benefício próprio poderão ter ganhos enormes. Hoje, nós o prepararemos para
navegar neste cenário.

A transferência de riqueza será causada pelo declínio do petrodólar e pela ascensão de um novo
benchmark de precificação de energia e patrimônio que revelarei hoje. A transição já começou, mas
a maioria dos analistas a está ignorando. No dia 4 de setembro de 2016, tudo será flagrante
demais para ser deixado de lado.

O afastamento do petrodólar acontece em parte porque o dólar está perdendo seu status de moeda de
reserva mundial. No entanto, aqueles que esperam por um único evento definidor que fará com que
o dólar perca todo o valor da noite para o dia ficarão decepcionados. Não é assim que as moedas
morrem. Já falamos sobre a retirada de libra esterlina como moeda de reserva mundial longamente.
O processo durou três décadas, mas a maioria dos investidores não percebeu o que estava
acontecendo até que fosse tarde demais e boa parte de sua riqueza tivesse sido destruída. A mesma
coisa acontecerá com muitos investidores quando o dólar desaparecer.

O momento de agir, preservar riqueza e lucrar é agora. Para fazer isso, você precisa entender toda a
história e o que ela significa para você. Esse é o objetivo desta edição especial do Strategic
Intelligence.

A origem do petrodólar

A história do petrodólar começa no dia 6 de outubro de 1973. A Síria, o Egito e outras nações
fizeram um ataque surpresa a Israel no dia mais sagrado do judaísmo, o Yom Kippur. Inicialmente,
Israel ficou na defensiva enquanto tropas egípcias entravam pelo Canal de Suez, e tropas sírias
entravam pelas Colinas de Golã. A Rússia ofereceu grande ajuda militar para seus aliados árabes.

Na noite de 8 de outubro de 1973, Israel entrou em alerta nuclear. Henry Kissinger, secretário de
Estado americano por apenas duas semanas, foi notificado da ameaça israelita de utilizar armas

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nucleares caso sua existência fosse ameaçada pela invasão árabe. No dia 12 de outubro, Kissinger e
o presidente Nixon ordenaram um grande reabastecimento de Israel por via aérea.

O presidente do Egito, Anwar Sadat, havia se encontrado secretamente com o Rei da Arábia
Saudita, Faisal, no dia 23 de agosto de 1973, para negociar o uso de uma “arma de petróleo” em
caso de hostilidades entre o Egito e Israel. No dia 16 de outubro de 1973, a tal arma de petróleo
árabe foi utilizada.

A Arábia Saudita e outras nações do Golfo aumentaram o preço do petróleo em 70%, de $ 3,00 para
$ 5,11 por barril, em retaliação ao auxílio americano a Israel. Essa foi a primeira de uma série de
rápidos aumentos. No dia 12 de dezembro de 1973, o barril de petróleo já custava $ 17,40.

Em 25 de outubro de 1973, a Guerra do Yom Kippur terminou. Israel venceu. Além de expulsar os
invasores, adquiriu mais território do que possuía no início da guerra. Mas a guerra do petróleo
estava apenas começando.

Além de aumentar o preço do barril, os árabes reduziram a produção e embargaram as exportações


a determinados países. No dia 5 de novembro de 1973, produtores árabes impuseram um corte de
25% na produção e ameaçaram mais um corte de 5%, que foi implementado em 9 de dezembro.

O impacto foi imediato e severo. Os EUA entraram oficialmente em recessão em novembro de 1973
e ficaram nela até março de 1975. Foi a recessão mais severa desde o final da Grande Depressão em
1940.

O Dow Jones Industrial Average caiu 36% entre 31 de outubro de 1973, logo após a Guerra do Yom
Kippur, e 30 de setembro de 1974. Oito anos mais tarde, em 30 de setembro de 1982, o Dow Jones
ainda estava abaixo da alta atingida um pouco antes da arma do petróleo ter sido usada pelos árabes.
A década de 1970 realmente foi uma década perdida para as ações por causa do embargo e dos
aumentos de preços do petróleo.

De certa forma, as cartas estavam dadas antes da Guerra do Yom Kippur. No dia 15 de agosto de
1971, o presidente Nixon acabou com a habilidade dos parceiros comerciais dos EUA de trocarem
dólares por ouro a preço fixo. Entre 1971 e 1973, o dólar perdeu muito poder de compra medido
tanto pelos índices de preço americanos quanto pelo preço do ouro.

Os árabes estavam acostumados ao dólar estável e não souberam como responder à perda de poder
de compra do petróleo a $ 3,00 o barril. A Guerra do Yom Kippur foi um catalisador, mas também
foi uma desculpa para que fizessem o que queriam – aumentar o preço do petróleo em dólar para
compensar a perda do poder de compra da moeda.

No inverno de 1974, os EUA estavam desesperados, experimentando recessão e inflação ao mesmo


tempo – uma condição posteriormente chamada de estagflação. O desemprego disparou, as pessoas
faziam fila para comprar a pouca gasolina disponível, o dólar estava em queda e o país parecia
refém dos reis e príncipes árabes. Os árabes estavam seriamente considerando precificar o dólar em
onças de ouro para se protegerem da queda da divisa. Nixon estava preocupado com o escândalo de
Watergate e com pedidos de impeachment. Foi o inverno do descontentamento.

Nas profundezas da recessão econômica e da depressão psicológica, o acordo do petrodólar foi


inventado. Eu estava presente em sua criação. Em fevereiro de 1974, fui convidado pelo diretor do
American Foreign Policy Institute, professor Robert W. Tucker da Johns Hopkins School of
Advanced International Studies, para me juntar a ele e a quatro outros especialistas em política

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externa para uma reunião na Casa Branca com o Dr. Helmut Sonnenfeldt, o adjunto de Kissinger no
Conselho de Segurança Nacional. Sonnenfeldt nasceu na Alemanha, como Kissinger, e era um
estudioso brilhante de política externa americana. Sua influência limitava-se aos bastidores, mas,
para os insiders, ele era conhecido como “o Kissinger de Kissinger”.

Tucker e eu entramos na Casa Branca aproximadamente às 18h pelo portão de segurança na


Pennsylvania Avenue perto da West Executive Drive. Era uma noite fria, mas o céu estava limpo.
Nosso pequeno grupo foi levado até o escritório de Sonnenfeldt, no qual nos acomodamos e
começamos a discutir estratégias.

Nosso principal foco naquela noite era uma possível invasão da Arábia Saudita. A ideia era
assegurar os campos de petróleo, extrair barris suficientes para atender às necessidades ocidentais e
japonesas, e precificá-los de forma que não fosse inflacionária para evitar uma diminuição da
confiança no dólar. Debatemos os prós e contras do plano, incluindo possíveis interrupções no
fornecimento e reações internacionais. Depois nos despedimos e continuamos em nosso caminho.

Os árabes haviam imposto um congelamento de preços voluntário no dia 7 de janeiro de 1974, e


formalmente acabaram com o embargo em 17 de março de 1974. Eles pareciam perceber que os
danos econômicos aos EUA eram tão grandes que causariam uma guerra; exatamente o cenário que
havíamos discutido com Sonnenfeldt em fevereiro. As relações ainda estavam tensas, e os danos
econômicos do aumento de preços de 1973 eram contínuos. O congelamento de preços temporário
não era suficiente. OS EUA precisavam de uma solução permanente para a ameaça imposta pela
arma de petróleo árabe.

Em junho de 1974, o presidente Nixon se aproveitou de uma pequena melhora nas relações para se
encontrar com o rei Faisal na Arábia Saudita. Foi uma tentativa de normalizar as relações após as
tensões da Guerra do Yom Kippur e dos choques do preço do petróleo no final de 1973. Também foi
um esforço para explorar soluções duradouras para os problemas da arma do petróleo e do dólar
fraco.

O presidente Richard M. Nixon se encontra com o rei Faisal da Arábia Saudita, em junho de 1974

Além do cenário de invasão, outro plano para lidar com os sauditas estava em curso. Kissinger e
Sonnenfeldt também foram os arquitetos desse plano alternativo, juntamente com William E.
Simon. Na época de meu encontro com Sonnenfeldt, Simon era simultaneamente secretário adjunto

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do Tesouro e diretor da Administração Federal de Energias. No dia 9 de maio de 1974, ele foi
confirmado como secretário do Tesouro.

Em julho daquele ano, Nixon enviou Simon e seu adjunto, Gerry Parsky, em uma missão secreta
para a Arábia Saudita para tratar dos detalhes do que viria a ser o petrodólar. Agindo
coordenadamente com Kissinger e Sonnenfeldt, Simon passou quatro dias em Jidá, cidade próxima
ao Mar Vermelho, encontrando-se com parceiros sauditas.

A aposta não poderia ter sido mais alta. O futuro do dólar americano, a saúde da economia e a
substituição da influência americana pela influência soviética no Oriente Médio estavam em jogo.

Todos saem ganhando

O acordo que Simon ofereceu era muito claro. Os sauditas concordariam em precificar o petróleo
em dólar, e em investir seus dólares em títulos do Tesouro americano e em depósitos de euro-dólar
em bancos americanos. Em troca, os EUA estabilizariam o valor de troca do dólar e concordariam
em vender armas modernas para a Arábia. A cereja do bolo é que os bancos americanos
“reciclariam” os petrodólares como empréstimos para mercados emergentes na América Latina, Sul
da Ásia e África. Em troca, esses países comprariam exportações americanas, europeias e
japonesas. Isso reativaria o crescimento global e aumentaria a demanda por petróleo.

Todos sairiam ganhando. Os sauditas conseguiam armas, investimentos seguros, preço alto de
petróleo e maior demanda por seu principal produto. Os EUA conseguiam financiamento da dívida,
vendas de armas, maior influência no Oriente Médio e um papel dominante para o dólar nas
posições de reserva internacional. Assim que o petróleo fosse precificado em dólares, todos os
países do mundo precisariam de dólares porque todos os países do mundo precisavam de petróleo.

Os principais arquitetos do Sistema Petrodólar: da esquerda para a direita, William E. Simon, “Czar da Energia” e
secretário do Tesouro americano; Helmut Sonnenfeldt, Membro Sênior do Conselho de Segurança Nacional e Henry A.
Kissinger, Conselheiro de Segurança Nacional e Secretário de Estado. Estive com o Dr. Sonnenfeldt na Casa Branca em
fevereiro de 1974 para elaborar uma estratégia de resposta ao embargo árabe. O embargo fez surgir o petrodólar.

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O acordo do petrodólar foi brilhante. Mesmo assim, houve muitos problemas na implementação. Os
sauditas são conhecidos por seus atrasos na tomada de decisões. Eles não quiseram se comprometer
ao acordo imediatamente. Queriam um pouco de tempo para considerar as alternativas, incluindo o
ouro. Também queriam garantias de sigilo. Não desejavam que o mundo soubesse sobre suas
compras de títulos do Tesouro americano.

Nixon renunciou em agosto de 1974 por causa do escândalo de Watergate, e Gerald Ford se tornou
presidente. Ford manteve Kissinger, Simon e Sonnenfeldt, mas a transição deu aos sauditas outra
desculpa para atrasar, enquanto o novo presidente se estabelecia.

As negociações do petrodólar se arrastaram por meses, assim como a recessão nos EUA. No final de
1974, Kissinger teve que mandar uma mensagem aos sauditas. Era hora de jogar duro.

Em primeiro de janeiro de 1975, a revista Commentary publicou um dos artigos mais famosos da
história da política externa americana. Ele foi escrito por Robert W. Tucker, a mesma pessoa que me
apresentou a Sonnenfeldt. O título do artigo era, Petróleo: Uma Questão de Intervenção Americana.
O artigo falava sobre o cenário de invasão que Tucker, Sonnenfeldt e eu tínhamos discutido na Casa
Branca no ano anterior.

Tucker suavizou a questão da ameaça de invasão. Veja um trecho do artigo:

“...Até meados da década de 1960, o que os exemplos de intervenção armada demonstram é que as
grandes potências continuam a manifestar a disposição de usar força contra Estados menores para
reivindicar interesses que afetam seu bem-estar menos do que é provável que sejam afetados pela
continuação das políticas adotadas hoje pelos principais países da OPEC.”

Assim que Tucker estabeleceu um precedente para a intervenção militar com base em intervenções
armadas anteriores feita por grandes potências contra países mais fracos em que interesses vitais
estavam ameaçados, ele continuou e forneceu um plano de guerra detalhado com coordenadas
geográficas precisas:

“[A] viabilidade de intervenção [militar] depende de haver uma área restrita que, se controlada
efetivamente, contenha uma porção suficiente da produção de petróleo mundial e de reservas
comprovadas... para quebrar a estrutura de preço atual quebrando a essência do cartel política e
economicamente. A única área que parece atender a esses requisitos se estende do Kuwait, pela
costa da Arábia Saudita, até o Catar. É essa zona costeira, com cerca de 650 km de extensão, que
fornece 40% da produção da OPEC e tem, de longe, a maior reserva mundial...”

Em seguida, Tucker tratou de uma das principais objeções em relação à intervenção armada: a
Arábia Saudita destruiria a infraestrutura antes que os EUA conseguissem apoderar-se dela. Isso
daria aos EUA uma vitória pírrica e causaria falta de petróleo, pelo menos a curto prazo. Tucker
argumentou que tal comportamento por parte da Arábia Saudita era improvável e contra seus
interesses:

“A intervenção se provaria contraproducente, o argumento continua, porque no mínimo


herdaríamos uma bagunça que levaria oito ou nove meses para reparar. A suposição de destruição
sistemática dos poços até as zonas dos terminais é realista?... O tipo e o escopo da destruição
comumente imaginados evocam o rigor da destruição causada pelas forças alemãs na Segunda
Guerra Mundial conforme se retiravam. Os árabes conseguiriam fazer o mesmo? Há pouco em seu
comportamento passado indicando que sim.”

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Tucker demoliu essas preocupações em relação aos danos à infraestrutura argumentando que,
mesmo que os sauditas tentassem destruí-la, o impacto seria limitado e a perturbação não duraria
mais do que três ou quatro meses. Ele sugeriu que as ações ocidentais construíssem uma reserva
estratégica de petróleo com um suprimento de 60-90 dias para que o país não fosse afetado por
problemas temporários resultantes da destruição da infraestrutura petrolífera.

Por fim, Tucker administrou o golpe de misericórdia em relação a quaisquer ilusões de que a Arábia
Saudita poderia usar o petróleo como uma arma: mesmo que os árabes extorquissem dólares dos
EUA cobrando preços exorbitantes pelo petróleo, eles não teriam escolha a não ser investir em
instrumentos denominados em dólar, como notas do Tesouro, depósitos bancários em eurodólar ou
outros ativos americanos. De qualquer forma, os EUA poderiam deixar de cumprir suas obrigações
ou expropriar os ativos. Os sauditas estavam “reféns” do sistema do dólar.

A mensagem era clara, e a ameaça era inconfundível. Ou os sauditas encontravam uma forma de
cooperar com os EUA, ou os EUA os destruiriam militarmente, financeiramente ou ambos.

O impacto do artigo de Tucker foi amplo e imediato. Dias após sua publicação, um artigo do
Chicago Tribune se refere especificamente à área de invasão descrita por Tucker e a mostra no
mapa. Precisamente, a manchete não se refere à ameaça como se viesse de Tucker, mas como A
ameaça Kissinger.

Edição do Chicago Tribune de 12 de janeiro de 1975. A legenda que aponta para o mapa do Golfo diz: Professor
Robert Tucker sugere invasão desta área. Tucker me apresentou a Helmut Sonnenfeldt e estava comigo na Casa
Branca quando discutimos os planos de invasão um ano mais cedo.

A referência à Ameaça Kissinger levou à suspeita de que, apesar de o artigo ter sido escrito por
Robert W. Tucker, ele tenha sido feito a pedido de Henry Kissinger. Teria sido muito politicamente
provocativo e prejudicial se a ameaça fosse feita por Kissinger diretamente. Tucker foi um laranja
convincente, e Kissinger poderia dizer que o artigo era apenas a divagação de um acadêmico e não
refletia as intenções dos EUA. Kissinger usou seu trunfo e não deixou digitais.

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Assim que os EUA colocaram as cartas de invasão na mesa, os sauditas finalizaram as negociações
do acordo do petrodólar. A maior concessão que os sauditas receberam foi o consentimento dos
EUA em não revelar o tamanho exato dos investimentos sauditas em títulos do Tesouro americano.
O sigilo foi mantido por mais de quarenta anos, até maio de 2016, quando o Tesouro finalmente
revelou a quantidade de títulos em posse do governo da Arábia Saudita (no entanto, até mesmo o
número oficial é enganoso porque ignora os títulos pertencentes à Arábia Saudita, mas mantidos por
intermediários nas Ilhas Cayman e em outros centros bancários offshore).

Além disso, a sugestão de Tucker de uma reserva de petróleo se tornou a base para a Reserva
Estratégica de Petróleo, que se transformou em lei no mandato do presidente Gerald Ford no dia 22
de dezembro de 1975, menos de um ano após o artigo de Tucker aparecer. Essa reserva protegeu os
EUA contra problemas no fornecimento e na infraestrutura e permitiu que o país mantivesse os
preços comprando petróleo mesmo em épocas de demanda reduzida, o que manteria a receita
saudita de acordo com o petrodólar.

No início de 1975, pouco antes do artigo-ameaça de Tucker ser publicado, o petrodólar estava em
vigência.

O mercado de ações começou sua recuperação no início de setembro de 1974. A recessão terminou
oficialmente em março de 1975. A venda de armas para a Arábia Saudita começou imediatamente.
Os EUA só precisavam manter um valor estável para o dólar.

O início do fim

No começo, o petrodólar funcionou bem. Nos primeiros 5 meses depois que o acordo foi finalizado,
o dólar teve um rali de 4,6%. Ele caiu pouco até o final de 1976, mas uma queda mais acentuada
começou em 1977.

Foi no final de 1977 que eu me juntei ao Citibank em sua divisão internacional. Lá, eu tinha um
assento na primeira fila para ver como o Citi, na época o maior banco dos EUA, lidava com sua
parte do acordo do petrodólar. O banco reciclava depósitos de eurodólar sauditas para tomadores de
empréstimos no Brasil, no México, na Argentina e em outros países. Essa reciclagem do petrodólar
era feita pelo lendário CEO do Citibank, Walter Wriston, e sua contraparte, o CEO no Chase
Manhattan Bank, David Rockefeller.

Em outubro de 1978, o Índice do Dólar havia caído quase 13% em relação à alta de 1975. Os
sauditas viam esse rápido declínio como uma violação do acordo do petrodólar. Eles retaliaram
dobrando o preço do petróleo entre abril de 1979 e abril de 1980.

Novamente, a economia americana entrou em recessão, e os americanos estavam em grandes filas


para conseguir gasolina. Parecia que o petrodólar estava desmoronando depois de apenas quatro
anos. Na época, Jimmy Carter era o presidente, e Kissinger, Simon e Sonnenfeldt tinham deixado o
governo por carreiras no setor privado.

Mesmo assim, o petrodólar era importante demais tanto para a Arábia Saudita quanto para os EUA.
O presidente Carter salvou o dia nominando Paul Volcker como presidente do Fed em agosto de
1979. Volcker imediatamente partiu para salvar o dólar aumentando os juros de 11%, assim que ele
assumiu, para 19%, em 1981.

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Foi difícil para a economia americana, mas funcionou. A inflação passou de 15%, em 1980, para 4%
no final de 1982. O Índice Dólar do Fed disparou de 84,13, em outubro de 1978, para 92,48, em
novembro de 1980, aproximadamente onde estava quando o acordo do petrodólar teve início.

O que aconteceu em seguida assegurou o sucesso do petrodólar pelos próximos trinta anos. A
política mais dura de Volcker combinada aos baixos impostos e ao controle reduzido de Ronald
Reagan fizeram a economia americana florescer. Em março de 1985, o Índice Dólar alcançou seu
pico histórico de 128,44, um ganho espetacular de 53% em relação à baixa de outubro de 1978.

Esse período da década de 1980 foi o apogeu do Rei Dólar. Os sauditas estavam satisfeitos que o
poder de compra de seus dólares foi restaurado e até aumentado. Os EUA se beneficiaram da
inflação baixa, do crescimento forte e do amplo estoque de petróleo. Essa alta espetacular no dólar
entre 1978 e 1985 é demonstrada no gráfico do Índice do Dólar abaixo.

A partir de seu pico em 1985, o dólar foi forçado para baixo como resultado do Plaza Accord
também em 1985. Ainda assim, o petrodólar não foi realmente ameaçado, e o dólar estabilizou-se
no início de 1987 como resultado do Louvre Accord.

Tanto as administrações republicanas quanto as democratas de Reagan, Bush e Clinton estiveram


comprometidas ao mantra do dólar forte. Por 35 anos, de 1975 a 2010, o petrodólar continuou
intacto apesar de o preço do petróleo aumentar e de haver um pouco de volatilidade do dólar no
caminho. O dólar consolidou seu papel de moeda de reserva líder e de principal moeda de
pagamentos.

Em 2009, uma nova crise econômica havia plantado as sementes para o fim do petrodólar. O
crescimento e o comércio globais entraram em colapso no pânico de 2008. O mundo estava preso
em uma recessão severa, pior do que a de 1973–1975, que originou o petrodólar, e a pior desde a
Grande Depressão.

Em setembro de 2009, líderes mundiais se reuniram em Pittsburgh para a Reunião da Cúpula do


G20. O presidente Obama e seu representante de comércio, Michael Froman, apresentaram um
plano para estimular o crescimento mundial. O plano era que cada grande grupo econômico se

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afastasse de um setor do qual havia dependido muito e investisse em um setor que oferecesse
potencial de crescimento. No caso da China e do Japão, isso significava sair de investimentos de
capital e partir para o consumo. No caso da Europa, sair das exportações e partir para os
investimentos. Os EUA aumentariam as exportações.

O presidente Obama e seu vice-diretor do Conselho de Segurança Econômica Internacional, Michael Froman, foram
os principais formuladores da nova guerra cambial em janeiro de 2010, que marcou o início do fim do petrodólar.

O presidente Obama oficialmente declarou seu objetivo no dia 27 de janeiro de 2010, em seu
discurso sobre o Estado da União:

“...quanto mais produtos fizermos e vendermos para outros países, mais empregos criamos nos
Estados Unidos. Por isso, hoje, estabelecemos um novo objetivo: dobraremos nossas exportações
nos próximos cinco anos, um aumento que proporcionará a manutenção de dois milhões de
empregos na América.”

Dobrar as exportações para aumentar o número de empregos e estimular o crescimento certamente


foi um objetivo louvável. Há apenas um problema. Os EUA não poderiam dobrar a mão de obra ou
a produtividade. A única maneira de dobrar as exportações era melhorar os termos do comércio
desvalorizando o dólar.

O discurso de Obama foi uma declaração oficial de uma nova guerra cambial. Em julho de 2011,
apenas 18 meses depois do discurso, o Índice Dólar ficou em 80,48, um declínio de 8% para atingir
a mínima histórica.

A diferença em 2011 é que dessa vez não foi o mundo que desvalorizou o dólar contra a vontade
dos EUA. Os EUA desvalorizaram o dólar como decisão política. Agora, os EUA estavam dizendo
que o dólar barato era mais importante do que as promessas para os parceiros comerciais;
exatamente o que Richard Nixon disse na prática quando desistiu do padrão-ouro em 1971.

Os EUA haviam virado as costas para o petrodólar. Tudo o que restava era esperar as repostas da
Arábia Saudita e do resto do mundo.

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Novo dinheiro mundial: o petro-DSE

A resposta aos esforços dos EUA para enfraquecer o dólar em 2010 e 2011 veio logo em seguida de
quatro direções – FMI, Rússia, China e Arábia Saudita (Byron e Nomi falarão sobre a Rússia e
sobre a China, respectivamente).

Menos de um ano após a declaração de Obama sobre a nova guerra cambial, o FMI lançou um
documento que é um passo a passo para a implementação de uma nova moeda de reserva mundial
chamada Direito de Saque Especial, ou DSE.

Em dezembro do ano passado, o FMI anunciou que o yuan seria incluído na cesta de moedas
utilizadas para determinar o valor de um DSE. Com a China a bordo, o DSE está destinado a se
tornar a moeda de reserva mundial de facto.

A resposta imediata da China e da Rússia ao colapso do dólar e à ascensão do DSE é comprar ouro
(ainda não é possível diversificar muito em ativos denominados em DSEs porque há poucos
disponíveis). A Rússia adquiriu mais de mil toneladas de ouro nos últimos sete anos e a China
adquiriu mais de três mil toneladas no mesmo período. Combinadas, as compras russas e chinesas
consistem em mais de 10% de todo o ouro do mundo. A China também adquiriu bilhões de DSEs
em transações de mercado secundárias e secretas corretadas pelo FMI.

A resposta da Arábia Saudita foi mais sútil, mas pode ser mais dramática no final. As relações entre
os árabes e os EUA se deterioraram muito na administração do presidente Obama. A principal causa
foram as negociações nucleares entre os EUA e o Irã, que resultaram nos EUA reconhecendo o Irã
como a principal potência regional.

Nos últimos meses, os EUA acabaram com o sigilo em torno da posse saudita de títulos do Tesouro
americano (em vigência desde 1975). Os EUA também divulgaram uma anteriormente secreta seção
de 28 páginas do Relatório da Comissão do 11 de setembro que claramente revela conexões entre
membros da família real saudita, sequestradores do 11 de setembro e membros da Al Qaeda. Os
sauditas ameaçaram realizar dumping de seus títulos do Tesouro americano em resposta à
divulgação do relatório secreto, mas por enquanto a ameaça não se materializou.

A Arábia Saudita está em uma posição fraca em comparação com os EUA. Está com déficit fiscal,
então a validade da questão de onde investir reserva é discutível. Na verdade, os árabes estão
vendendo suas reservas, principalmente títulos do Tesouro americano, para cobrir seu déficit fiscal.

Os EUA não são mais dependentes da Arábia Saudita para o fornecimento de energia. O país se
tornou um exportador de energia e tem as maiores reservas de petróleo do mundo. Todas as
condições que fizeram surgir o petrodólar agora ficam na posição oposta de onde estavam em 1975.

Nem os EUA nem a Arábia Saudita tem muita influência um sobre o outro, em contraste com 1975,
quando cada lado tinha trunfos poderosos. Isso não significa que o petróleo será precificado em
outra moeda amanhã. Significa que um novo mecanismo de precificação é possível e que ninguém
deve se surpreender se tal fato ocorrer.

A Arábia Saudita pode facilmente escolher o yuan, depois o franco suíço ou o DSE, e utilizar os
lucros para aumentar suas reservas ou comprar ouro. Também pode precificar o petróleo em DSE ou
ouro e manter esses ativos ou trocá-los por outras moedas fortes para diversificar e se afastar do

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dólar. As possibilidades são muito numerosas. A conversão do preço do petróleo dolarizado para
outras alternativas é uma questão de tempo.

Todas essas tendências – o apoio do FMI ao DSE, o apoio dos russos e dos chineses ao ouro e a
procura da Arábia Saudita por um novo benchmark para o petróleo – culminarão no dia 4 de
setembro, em Hangzhou, China, na Reunião da Cúpula do G20, quase sete anos depois do dia em
que a Reunião da Cúpula em Pittsburgh gerou a nova guerra cambial. Xi Jinping, o presidente
chinês, é também o presidente do G20 em 2016 e caminhará decisivamente no cenário mundial
como um parceiro em igualdade com os EUA na administração do sistema monetário internacional.

4 de setembro de 2016 será o dia da morte do dólar, “não com uma explosão, mas com um suspiro”
nas palavras de T. S. Eliot.

Menos de quatro semanas depois da reunião do G20, o yuan oficialmente se juntará ao DSE. Ele
terá uma fatia de cerca de 10% na cesta de moedas do DSE. A partir de então, novas emissões de
DSEs serão apoiadas pela China porque, cada vez que o FMI emitir os Direitos, estará expandindo o
papel do yuan como moeda de reserva.

Ouro, yuan e DSEs têm uma coisa em comum – são alternativas ao dólar. Conforme o interesse
nessas alternativas cresce, o papel do dólar como moeda de reserva mundial pode diminuir muito
rapidamente – como o papel da libra entre 1914 e 1944. O resultado para os portadores de dólar será
o mesmo que foi para os portadores de libras: inflação e perda de riqueza. Novos acordos políticos e
financeiros e novas formas de energia sem dúvida emergirão com o tempo (como Nomi explica em
seu artigo).

A chave para a preservação de riqueza é sair do tipo de dinheiro em declínio – dólares – e partir
para os tipos de dinheiro em ascensão – ouro e DSEs – antes tarde do que nunca.

Leia a recomendação de Byron para preservar patrimônio com ouro, e uma forma de lucrar com as
guerras de energia que Nomi descobriu em sua recente viagem à China.

Tudo de bom,

Jim Rickards
Editor da Strategic Intelligence

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Proteja sua riqueza durante os momentos


finais do petrodólar
O Brexit atingiu o Reino Unido – e a libra – com força, mas seu efeito
acidental nos EUA pode ser devastador. Leia para encontrar a melhor
maneira de preservar sua riqueza durante a queda do Rei Dólar.

Por Byron King, geólogo sênior

Uma de minhas viagens mais memoráveis nos últimos anos foi para o Alasca, onde eu conheci a
grande rota do Alaska Pipeline. Comecei na costa Sul, onde o Oceano Pacífico envolve a praia
rochosa de Valdez. De lá, continuei em direção ao Norte pela estrada paralela ao oleoduto que
termina em Prudhoe Bay, próximo ao Oceano Ártico.

Seu editor, abaixo do Alaska pipeline

O oleoduto tem cerca de 1.300 km de extensão. A maior parte dele está enterrada, mas cerca de 700
km de tubulação ficam elevados por 78 mil suportes verticais que previnem danos ao solo. Nos
últimos 40 anos, esse oleoduto transportou mais de 17 bilhões de barris de petróleo da Encosta
Norte do Alasca para mercados nos EUA e em outros países.

O oleoduto foi construído no início dos anos 1970 (mais ou menos na mesma época em que o
petrodólar foi criado) e inaugurado no dia 4 de julho de 1976. Ele representa o espírito
empreendedor da engenharia americana de uma época em que os astronautas dos EUA conseguiram
chegar até à Lua. Quatro décadas mais tarde, continuo impressionado pela tecnologia e pelo poder
econômico representados no oleoduto.

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No entanto, é triste dizer que o Alaska Pipeline está se deteriorando. A maior parte do aço tem mais
de 45 anos, o que causa diversos problemas de corrosão. Além disso, a Encosta Norte não produz
tanto quanto no passado, por isso os volumes do oleoduto estão muito abaixo da capacidade de seu
apogeu. O Alaska Pipeline parece representar a deterioração geral do poder dos EUA e do dólar nas
últimas décadas.

Como Jim mencionou anteriormente, um país não perde seu poder de uma vez. Para mim, o
declínio constante do Alaska Pipeline é mais uma confirmação de uma crença que carrego há muito
tempo: o domínio do Rei Dólar está encolhendo. Como um estudioso de história, com um diploma
da U.S. Naval War College, acredito que a riqueza e o poder dos EUA nos últimos 75 anos sejam
um presente multigeneracional da vitória na Segunda Guerra Mundial. Em 1945, a maior parte do
mundo estava devastada ou era subdesenvolvida. Apenas a economia americana continuava intacta
e robusta por causa de todo o investimento de capital nos gastos de guerra. Foi bom enquanto
durou, mas agora praticamente acabou.

Acelerando essa tendência está a votação do Brexit. A decisão do Reino Unido de deixar a União
Europeia diminui (involuntariamente) o papel da Grã-Bretanha nas dinâmicas de poder mundial e
aproxima os EUA e o dólar do fim de seu longo reinado. O Brexit sinaliza o início do fim do
petrodólar como um instrumento chave para a compra e venda de petróleo. Isso pode significar o
fim do controle americano dos preços globais de petróleo e levar ao desastre para o dólar. Para
preservar sua riqueza conforme o dólar entra em declínio, é importante entender como o petrodólar
chegou ao poder e como esse controle está sendo diminuindo pelas elites.

O fim do petrodólar

Vimos que, como resultado da Guerra do Yom Kippur de 1973, a equipe de segurança nacional do
Departamento do Tesouro fez um acordo para estabilizar o preço global de petróleo. As grandes
nações exportadoras de petróleo no Oriente Médio – Arábia Saudita e outros países da região do
Golfo – concordaram em usar dólares americanos para estabelecer o comércio de petróleo. Em
troca, os EUA concordaram em manter uma grande presença militar na região para manter a
estabilidade e/ou não invadir o país. O acordo é a base do termo petrodólar.

Enquanto isso, no início e em meados da década de 1970, o Mar do Norte estava surgindo como
uma grande província petrolífera. Um dos grandes campos de petróleo da época, localizado na Grã-
Bretanha, chamava-se Brent. Sobre o campo de petróleo de Brent havia uma série de plataformas e
poços que extraíam centenas de milhares de barris de petróleo por dia. O preço do Brent logo se
transformou no benchmark regional para a descoberta de preços diários de petróleo. Era o Brent que
estabelecia o preço para a Europa.

Por fim, o Brent se tornou o benchmark de muitas transações globais de petróleo. Ele foi o
mecanismo de descoberta e de fixação de preços para a maior parte do mundo. Contratos no Oriente
Médio, na África, na América Latina e na Ásia foram realizados de acordo com a cotação do Brent.
Essa cotação era estabelecida por um grupo chamado Platts.

Hoje, se você acompanhar o comércio e os preços do petróleo, ainda verá referências constantes à
cotação Brent. O Platts mantém um registro de 60 dias corridos de contratos de petróleo de campos
variados do Mar do Norte, e faz uma média dos dados em uma cotação diária para o barril.
Enquanto isso, o registro de 60 dias de Platts garante que nenhuma questão de curto prazo, como
condições climáticas ou um acidente com oleodutos, altere acentuadamente o preço do petróleo em
todo o mundo.

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Mas o estranho é que os campos de petróleo Brent quase não têm mais petróleo. Como um campo
de petróleo esgotado pode estabelecer o preço global?

Nos últimos anos, representantes da energia russa têm levantado essa questão.

Se a Rússia controlar o petróleo mundial...

Estive em conferências e ouvi representantes russos argumentarem (validamente) que sua nação
exporta quase 3 milhões de barris de petróleo por dia para mercados europeus. É muito mais do que
o pequeno número de Brent, os russos ressaltam, e muito mais do que todo o Mar do Norte em
volume. Os russos afirmam que seu Urals Blend deve se tornar o benchmark de preços europeus – e
por extensão, mundial. Mas nada disso aconteceu por enquanto...

Então veio o Brexit. Depois da votação, a Grã-Bretanha está em disputa com a União Europeia. E
há interesse renovado em examinar se uma média de preços de barril do Mar do Norte, o Brent,
ainda deveria reger os preços do petróleo.

Suponhamos que mais e mais países rejeitem a cotação Brent como preço diário do barril. O que
acontecerá?

Suponhamos que a Rússia simplesmente comece a estabelecer preços para o Urals Blend de acordo
com uma cesta de moedas globais, claramente excluindo o dólar. Não é difícil de imaginar.
Vladimir Putin disse muitas vezes que deseja se afastar do dólar no comércio e que deseja fortalecer
as relações com a China, a nova potência no jogo da energia, como Nomi explicará em seu artigo.
Compradores de petróleo logo começarão a pagar o preço de acordo com a cesta. Afinal, a Rússia
tem o petróleo e a Inglaterra/Brent é quase irrelevante em termos de oferta mundial.

Se a cotação Brent se desfizer na região da Europa e for substituída pela cotação do Urals Blend, o
que acontecerá com todos os contratos que se referem ao Brent? Suspeito que também seriam
substituídos logo, o que seria um duro golpe para o dólar.

Como se proteger do colapso do dólar

O que você deve fazer? Bem, a não ser que esteja muito envolvido no comércio de petróleo, a única
coisa é proteger o valor de seus dólares atuais. E uma das melhores formas de fazer isso é apoiar
seus investimentos com estratégias de ouro que estejam em alta.

Vamos ver uma empresa forte que embasa seus esforços em royalties e streams de mineradoras de
ouro e prata: a Osisko Gold Royalties Inc. (OR: NYSE). Com sede em Montreal, a Osisko tem
uma capitalização de mercado de $ 1,4 bilhão e ações na faixa de $ 13,35. Elas começaram a ser
negociadas na Bolsa de Valores de Nova York no último dia 6 de julho, e nós podemos esperar
ganhos iniciais simplesmente por causa da exposição. Além disso, a Osisko vai pagar um pequeno
dividendo, com yield um pouco abaixo de 1%.

A Osisko é extremamente sensível ao preço do ouro. Se o dólar enfraquecer – o que acontecerá se a


era do petrodólar terminar – o preço do ouro vai subir. Isso fará com que a Osisko se valorize, e isso
também valorizará seus investimentos em dólar.

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Ela é uma empresa de royalty intermediária, o que significa que não tem o mesmo tamanho de
nomes conhecidos, como Silver Wheaton ou Royal Gold. Além disso, não é global, o que não é
necessariamente ruim; muito do portfólio da Osisko é composto por investimentos no Canadá, que
são muito seguros.

Por exemplo, a Osisko tem 5% de NSR (Net Smelter Return) sobre a soberba mina Canadian
Malartic, localizada em Malartic, em Quebec, e uma escala móvel de 2% a 3,5% de NSR sobre a
mina Eleonore, localizada em James Bay, também em Quebec. A empresa é bem financiada e ainda
tem 2% de NSR em três projetos de exploração de ouro no Norte de Ontário: Upper Beaver,
Kirkland Lake e Hammond Reef. A Osisko também apresenta diversidade em suas holdings, com
juros sobre exploração e royalties no Guerrero Gold Belt, no México.

Em 2015, a Osisko obteve royalties equivalentes a 30 mil onças de ouro. Neste ano, a diretoria
espera entre 34 mil e 37 mil, um crescimento de cerca de 20%. Todas essas onças serão vendidas a
um preço muito maior no mercado, o que aumentará a receita, a lucratividade e a valuation da
empresa de modo geral.

Também temos a migração geral de investidores de volta a estratégias de ouro e prata, o que deve
beneficiar a Osisko. Espero que as ações cheguem a $ 20 até o fim do ano, ou um ganho de 45% nos
próximos sete meses.

Agora é a hora de se proteger contra um declínio do dólar e lucrar com a alta do preço do ouro. A
crise do dólar é iminente ante a ameaça ao petrodólar. Enfrentamos a perspectiva da queda da
precificação de petróleo de acordo com a cotação Brent e do controle do petróleo (inclusive de sua
forma de pagamento) passando para um padrão russo. Aproveite ao máximo o valor dos dólares que
você tem agora entrando em uma empresa sólida.

Ação a tomar: Comprar Osisko Gold Royalties (OR: NYSE) até o teto de $ 15,00 por ação.

Um abraço,

Byron King

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A nova elite do poder: Apostando tudo no verde


Conforme os EUA e a China acirram a guerra energética, o grande
vencedor será a Nova Elite do Poder. Leia para entender como você
pode lucrar com estes conflitos.

Por Nomi Prins, editora colaboradora

“O laço essencial que nos une é que todos habitamos este pequeno planeta. Todos respiramos o
mesmo ar.” — John F. Kennedy

Passei as duas últimas semanas na China, onde tiver a oportunidade reunir-me com membros do
Fundo Monetário Internacional e do Novo Banco de Desenvolvimento, lançado pelos BRICS. Sabe
o que descobri? Que verde é o novo preto.

Sua editora com o Dr. Raphael Lam, representante da China no FMI

Como Jim acabou de explicar, a mudança para longe do dólar como moeda de reserva mundial abre
a vaga de nova superpotência global. Outros países estão se movimentando para preencher a vaga, e
a China é o mais rápido deles.

A China tem duas jogadas alinhadas, e a primeira acontecerá na Reunião do G20 no dia 4 de
setembro. Jim diz que será o dia da morte do dólar. Também será o dia em que a China mostra que é
igual aos EUA e a qualquer outro país em busca de supremacia. Como explicarei abaixo, boa parte
do domínio sobre o mundo refere-se ao controle sobre a energia. Antes, isso significava petróleo.
Agora, significa energia verde. Os EUA e a China estão disputando o controle sobre as energias
verdes. Para a China, é assim que o país poderá conquistar o título de nova superpotência mundial.
Para os EUA, é o último esforço para manter a posição.

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Por que a energia verde importa

Antes, ter um estoque significativo de petróleo era uma prioridade de segurança nacional para a
Casa Branca. Agora, é a energia sustentável. Por quê? Porque se outras nações utilizarem energia
renovável para abastecer suas economias, a dependência global do petróleo e dos combustíveis
fósseis enfrentará competição. Países que antes eram considerados deficientes em recursos
energéticos veem uma luz no fim desse túnel. É sua chance de ficarem livres da maldição da
dependência que levou muitos à prisão das dívidas. Nações com mais controle sobre o fluxo ou o
fornecimento do petróleo (como os EUA) perderão poder político conforme novas formas de
energia utilizadas dão uma guinada em direção à sustentabilidade (como na China). Não são apenas
as guerras cambiais, mas as guerras energéticas também.

Você precisa entender como a dominância mundial está se alterando no momento, antes que as
escalas mudem. O efeito da mudança da dinâmica de poder não fica apenas confinada à sua opinião
sobre as mudanças climáticas, mas a como o dinheiro e o poder por trás do movimento verde se
relacionam com seu portfólio de investimentos ou sua próxima carreira.

As ramificações desse novo poder são globais. O FMI relata que “mesmo setores que precisam de
recursos intensivos podem manter empregos quando os custos de energia e de matéria prima
aumentam”. E que “os poderes executivos e os investimentos bancários buscarão as melhores áreas
para expandir influência, independentemente de influências positivas ou negativas, o que abre portas
para setores de energia limpa ao redor do mundo crescerem.” Logo, você verá que é isso o que Wall
Street está fazendo. O lado negativo é que as elites estão mirando o controle de energias limpas. O
resultado será mais criação de empregos e custos mais baixos com energia (e um planeta mais
saudável).

Independentemente das eleições e das crenças dos candidatos em relação às mudanças climáticas,
essas instalações pioneiras criam empregos verdes. Elas também não são afetadas por fatores
estranhos, como crises econômicas e guerras. O vento sempre vai soprar. O sol sempre vai brilhar.
Milhões de empregos foram perdidos na indústria de combustíveis fósseis, principalmente do
carvão. Em contraste, no último ano, a indústria de energia solar criou empregos 12 vezes mais
rápido do que o resto da economia – mais do que os empregos criados pelos setores de extração e
transporte de petróleo e gás combinados.

Nações com menos acesso ao petróleo ou estão comprando acesso ou estão investindo em formas
alternativas de energia. A China vê uma grande oportunidade de dominar o novo setor. O país não
tem o antigo poder do petrodólar e não tem seu próprio petróleo. O Novo Banco de
Desenvolvimento, com sede em Xangai, tem como missão apoiar projetos de infraestrutura em
energia sustentável, dando às empresas chinesas (e aos mercados emergentes parceiros da China) o
financiamento de que precisam para ficar à frente na corrida. Para estimular o crescimento, a China
precisa controlar o máximo de energia possível. A solar e a eólica são um caminho.

Enquanto isso, a Nova Elite do Poder no Vale do Silício tem megaoperações, fica envolvida em
diversos contratos com múltiplos governos e tem presença cada vez maior em Washington. A fonte
de energia que utiliza para energizar seus negócios é a que consegue acessar de forma mais limpa,
mais barata e de forma mais inovadora. Wall Street segue o dinheiro, por isso encontraremos alguns
rostos conhecidos quando explorarmos os principais jogadores envolvidos nas guerras energéticas.

Primeiro, veja onde o poder está e dê uma olhada em como ele chegou lá.

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A ascensão do velho poder

Na virada do século XX, o dinheiro e o poder antigo se expandiram de industriais bilionários, como
os Carnegies e os Rockefellers, para incluir banqueiros bilionários, como os Stillmans e os Morgans
do mundo. Seu controle sobre as questões políticas e econômicas dos países foi construído sobre o
setor financeiro e de recursos energéticos.

Veja a fortuna dos Rockefellers, por exemplo. Ela foi construída por causa do sucesso da Standard
Oil Co. no final da década de 1800. Já a riqueza da família Morgan dependia do alcance global e da
influência doméstica do Morgan Bank e da expansão do capitalismo financeiro. No final dos anos
1800, os Morgans financiaram governos durante pânicos financeiros. Na década de 1900, eles
ajudaram a financiar duas guerras mundiais, enquanto os Rockefellers mantiveram seu poder
alcançando influencia política, financeira e industrial.

Conforme os Morgans e os Rockefellers aumentavam seus lucros, eles, como outras elites,
procuravam aumentar seu poder. Tentavam fazer dinheiro a partir de dinheiro em vez de fornecer
energia para objetivos industriais e inovações físicas. Banqueiros ficavam mais poderosos conforme
expandiam seus impérios. Isso aconteceu em conjunto com a ascensão dos EUA como
superpotência, um papel solidificado depois da Primeira e da Segunda Guerra Mundial. Para manter
seu status de superpotência, os EUA cada vez mais dependeram de seu controle sobre o dólar como
moeda dominante e sobre o petróleo como fonte de energia dominante.

A ideia do petrodólar na década de 1970 veio a partir de motivações políticas e financeiras.


Winthrop Aldrich, diretor da Chase desde 1933, estava focado no Oriente Médio. Sua irmã era
casada com um Rockefeller, e ele acreditava que o verdadeiro poder viria da combinação de
atividades financeiras e bancárias relacionadas ao petróleo. O petrodólar baseou-se, em parte, na
família Rockefeller alinhando aos Chases a ambição americana de se tornar uma superpotência
global. De Aldrich a seu sucessor, John McCloy (advogado e grande operador de empresas dos
Rockefellers e da Seven Sister), a David Rockefeller (que administrou o Chase na década de 1970 e
1980), o crescimento global foi abastecido pelo petróleo. O poder dessas famílias e bancos foi
aumentado pelo petrodólar como uma ferramenta do poder global da América.

Mas, como Jim e Byron discutem, a era do petrodólar está chegando ao fim. Então, para onde
vamos? Apenas siga o dinheiro.

Nada acontece sem Wall Street

Essa história importa porque, como Shakespeare escreveu, o passado é um prólogo. A Velha Elite
do Poder preservou sua fortuna com base em seu envolvimento em petróleo como fonte prevalente
de energia.

Agora, a Nova Elite do Poder está entrando em cena. Wall Street sente o cheiro de dinheiro de
verdade depois de anos lucrando com uma grande participação no mercado de commodities.
Durante a era do Velho Poder, a combinação vencedora de poder era finanças e petróleo. Estamos
assistindo a transição para finanças e energia sustentável como o próximo casal do momento. É por
isso que, em novembro de 2015, o Goldman Sachs anunciou que financiaria e investiria $ 150
bilhões em projetos de tecnologia limpa e de energia renovável na próxima década, quadruplicando
sua meta anterior.

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No início de 2014, os bancos começaram a enfiar seus dedos na torta de energia sustentável. Foi
quando um consórcio dos jogadores de sempre se reuniu para dar início ao mercado de títulos
verdes. Um título verde é um título isento de impostos emitido por organizações qualificadas pelo
governo para desenvolvimento limpo e sustentável. Bank of America, Merrill Lynch, Citigroup,
JPMorgan Chase, BNP Paribas, Deutsche Bank, Goldman Sachs e HSBC fazem parte desse esforço.

No último outono, o Wells Fargo, quarto maior banco americano, disse que reduziria os
empréstimos para mineradoras de carvão. Em junho de 2016, anunciou maior apoio para construir
startups de eficiência energética durante a próxima rodada de seu programa filantrópico de $ 10
milhões, o Innovation Incubator (IN2), administrado pelo Laboratório Nacional de Energia
Renovável do Departamento de Energia dos EUA.

O Morgan Stanley também se comprometeu a reduzir sua exposição a mineradoras de carvão. E o


Citi anunciou que dedicaria $ 100 bilhões nos próximos 10 anos para atividades de “empréstimo,
investimento e facilitação” cujo objetivo fosse atenuar as mudanças climáticas e buscar outras
soluções sustentáveis.

O dinheiro está na energia verde. As empresas que se beneficiarão do apoio de Wall Street não são
necessariamente os suspeitos de sempre. Vamos dar uma olhada:

A nova elite do poder: Vale do Silício

A maior parte da nova elite do poder dos EUA vem do Vale do Silício. O primeiro membro sobre o
qual temos que conversar é o onipresente Elon Musk. Ele é Rockefeller, Morgan e Ford, todos em
um, e juntou moeda, transporte e energia a la século XXI.

Musk fez sua primeira fortuna como cofundador do PayPal, que processa a troca de dinheiro. Ele
preside e cofundou a Tesla, conhecida por ser altamente inovadora. Ele também é o presidente da
SolarCity, a designer e instaladora de painéis solares publicamente negociada e administrada por
seu primo, Lyndon Rive. A fusão pendente entre a Tesla e a SolarCity reunirá transporte e energia
limpa. Não por acidente, o vice-presidente executivo de mercados de capitais da SolarCity, J.
Radford Small, trabalhou no Goldman Sachs por 17 anos. E os seguradores que Elon Musk está
utilizando no acordo Tesla/SolarCity? Goldman Sachs e Morgan Stanley. Musk é a versão moderna
do barão ladrão. A expansão do seu poder dá uma nova cara para uma estratégia antiga.

Também há a Breakthrough Energy Coalition, que inclui o cofundador da Microsoft, Bill Gates, o
cofundador e diretor-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, e o fundador da Amazon, Jeff
Bezos. Durante a última conferência econômica da ONU em Paris, o grupo anunciou que investiria
principalmente em empresas de energia limpa em fase inicial. A nova elite do poder precisa de
energia para abastecer seus negócios. Se ela puder encontrar novas formas de energia, não precisará
competir com os grandes do combustível fóssil, nem com seus legados.

E como seus companheiros do passado, a nova elite do poder pode influenciar governos e políticas
sem ter cargos públicos. Ela não precisa estar lá dentro para tomar as decisões – é só criar sistemas
que monitoram e compartilham as informações nos bastidores. A Elite está investindo em
sustentabilidade não apenas porque é lucrativo, mas porque é um caminho para adquirir mais
influência de modo geral.

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Os dois próximos passos da China contra os EUA

Como disse antes, a China está na disputa com os EUA pela influência mundial e agora está
tomando duas medidas. Primeiro, está à frente em investimentos eólicos e solares, domésticos e no
exterior. Apesar de ter consciência ambiental, há muito mais do que isso em jogo. A geopolítica é
muito importante – e agora mais do que nunca. A competição entre a China e os EUA pode acabar,
dependendo de quem tem poder sobre a energia suja e de quem encontra alternativas para diluir esse
poder. É uma briga de poder, e é assim que você deve ler as notícias econômicas e energéticas
vindas da China e dos EUA.

A China tem uma visão de longo prazo da dominância mundial oferecida pela mudança no
paradigma de poder. Bancos centrais são a segunda chave dessa mudança. A China está
enfraquecendo a dominância americana tornando o yuan uma opção viável para substituir o dólar
como moeda mundial. A crise financeira de 2008 desestabilizou as finanças globais e acelerou as
movimentações chinesas em direção ao poder e à autonomia no mundo. O país deseja se distanciar
dos frágeis sistemas bancários dos EUA e da Europa. A China conseguiu aproveitar a crise para
propagandear sua posição como superpotência global em relação à moeda e energia.

De minhas viagens recentes, sei que a China tem duas datas para demonstrações globais de seu
novo poder: as reuniões do G20 e as Olimpíadas de Inverno em 2022.

G20 – divisor de águas

O G20 é o mais urgente para nós. Como Jim disse anteriormente, a China receberá os líderes do
grupo nos dias 4 e 5 de setembro, em Hangzhou. Será a primeira reunião do G20 sediada na China.
De acordo com uma de minhas fontes, a China está gastando cerca de 100 bilhões de yuans para
que Hangzhou seja uma sede perfeita para o encontro. O país deseja que os líderes do G20 (e o resto
do mundo) vejam o seu melhor.

Um dos principais tópicos da reunião de setembro será as consequências do Brexit, além das
discussões sobre como assegurar a estabilidade das moedas e dos mercados financeiros. Também
será discutida a inclusão do yuan na cesta de dinheiro do FMI, o Direito de Saque Especial. Isso
será muito importante para a China ganhar poder sobre o dólar.

Além do yuan se juntar aos DSEs, o segundo foco, por insistência da China, será energia
sustentável. O ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, recentemente disse em uma
coletiva de imprensa: “a China usará o G20 para assumir a liderança na busca de cooperação para o
desenvolvimento sustentável por todo o mundo em uma tentativa de vencer as grandes diferenças
no desenvolvimento”. Ele deseja “acelerar o processo de consolidação e ratificar os procedimentos
do Acordo de Paris sobre aquecimento global”.

Em uma reviravolta irônica, dada toda a publicidade ruim por causa da poluição do ar, as aspirações
à superpotência da China estão abrindo o caminho para a inserção de um desenvolvimento
sustentável na agenda do G20 ao trazer os tópicos de 2030 para a mesa. Enquanto recebe o G20, a
China encabeçará a discussão sobre os títulos verdes.

Antes do evento de Hangzhou sobre os títulos verdes, a China terá uma reunião com o NBD, com
base em Xangai. Os países orientais veem Xangai como um centro financeiro emergente que parece

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 RICKARD’S STRATEGIC INTELLIGENCE 

estar rapidamente superando Hong Kong em termos de atenção internacional e crescimento


nacional.

No dia 15 de julho, eu me encontrei com o sr. Paulo Nogueira Batista, vice-presidente do NBD, em
seu escritório. Batista era diretor-executivo do FMI, representando o Brasil e outros dez países por
oito anos. Ele também foi um dos arquitetos do NBD depois da crise financeira de 2008. O Novo
Banco foi criado para “apoiar projetos públicos e privados por meio de empréstimos, garantias,
participação em capital e outros instrumentos financeiros”. Nos encontramos em frente à Torre de
Xangai, o segundo maior prédio do mundo, que se promove como o edifício mais verde do mundo.
Lá, discutimos a dedicação da China em ser líder em energias sustentáveis.

Sobre investimentos e projetos sustentáveis, o sr. Batista me disse:

“Tentaremos ser o mais verde que pudermos. Tradicionalmente, bancos multilaterais tentaram fazer
projetos do tipo, mas reclamaram que a sustentabilidade atrapalha. Nós, por outro lado, vemos a
sustentabilidade como um objetivo em si para os empréstimos. Emitiremos nosso primeiro título
verde na próxima semana – a receita será totalmente utilizada em projetos verdes. Estabeleceremos
uma terceira parte independente para garantir adesão aos padrões sustentáveis.”

Sua editora e Paulo Nogueira Batista, vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, antes diretor-executivo do FMI.

O NBD não está apenas financiando projetos verdes para seus membros. Também é o primeiro
grande banco de desenvolvimento investindo naquilo em que acredita – o que se traduz em
demanda para títulos verdes. “Nossos próprios ativos”, ele disse, “serão investidos em títulos verdes
– dois terços de nossa receita irão para infraestrutura sustentável”. No dia 18 de julho, o NBD
emitiu seu primeiro título verde, como o sr. Batista havia prometido – uma emissão de um título
verde denominado em yuans no valor de $ 449 milhões no mercado interbancário da China. É o
primeiro título verde de uma agência de desenvolvimento com o principal segurador não sendo um
banco americano ou europeu, mas sim o Banco da China.

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Atualmente, a China lidera na venda de dívida verde e ajudou a estimular a emissão sustentável na
primeira parte de 2016 para equivaler ao total de todo o ano de 2015, de acordo com minhas fontes
no Banco Asiático de Desenvolvimento. Em 6 de julho, apenas alguns dias antes de minha partida
para Pequim, o Banco da China vendeu $ 3,03 bilhões em novos títulos verdes, a maior emissão
internacional do tipo. A emissão foi a primeira a ser feita em três moedas – uma parcela de $ 2,25
bilhões, uma parcela de $ 500 milhões e uma emitida em Nova York totalizando $ 1,5 bilhão em
renminbi offshore. Também foi a primeira oferta de títulos provenientes da Ásia feita na Europa.
Títulos verdes oferecem outros benefícios – eles apresentam vantagens nos impostos e se
beneficiam com estratégias de investimentos de longo prazo, de forma parecida com o ouro.

A transformação olímpica de Pequim

Depois de ter andado na semana passada por Pequim, meus pulmões estavam implorando para que
eu respirasse em outro lugar - posso dizer que a poluição lá é absurda. Combatê-la é algo que o
governo chinês aspira desde as Olimpíadas de 2008. Em minhas conversas com os moradores,
descobri que o governo plantou árvores por toda a cidade antes dos Jogos.

Pequim sediará as Olimpíadas de Inverno de 2022. Se árvores e qualidade do ar eram motivo de


preocupação antes, o governo está mais preocupado do que nunca com a questão agora. Será a
primeira cidade a sediar tanto Olimpíadas de inverno quanto de verão. Depois da conferência de
Paris sobre mudanças climáticas em 2015, a China declarou seu objetivo de reduzir a emissão de
grandes poluentes no setor de energia em 60% até 2020. Sustentabilidade, energia limpa e títulos
verdes são questões de poder e orgulho nacional. Com esses fatores, as Olimpíadas fornecerão um
ponto de vantagem para o mundo presenciar como a China progrediu em energia sustentável.

Sua editora, há alguns dias, na Praça da Paz Celestial. Como você pode ver pelo céu na foto, a China
ainda tem um longo caminho em seus esforços para reduzir a poluição.

A China, em seu renascimento como uma nova potência mundial, dependerá cada vez mais da
energia sustentável e renovável para mover sua economia, a de seus aliados e parceiros comerciais.
Atualmente, o país é “líder mundial em energia eólica, representando cerca de uma em cada três
turbinas atualmente instaladas”, de acordo com o Conselho Global de Energia Eólica. A capacidade
de geração de energia solar aumentou 74% no último ano em comparação com os níveis de 2014.

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 RICKARD’S STRATEGIC INTELLIGENCE 

Há grandes implicações para você em todas essas mudanças, e oportunidades de lucrar com as
guerras energéticas.

O vencedor da guerra de energia

Apesar de termos dividido as guerras energéticas em EUA versus China, muitos dos principais
jogadores são corporações multinacionais.

Muitas das corporações de elite do Vale do Silício têm operações na Ásia e na China em específico.

Usarei a Apple como exemplo. Ela é uma empresa com sede na Califórnia, mas seu interesse em
energia é global. Em fevereiro de 2016, ela emitiu títulos verdes inovadores no valor de $ 1,5 bilhão
destinados a financiar projetos ambientais, incluindo iniciativas de energia renovável em suas
instalações em conjunto com seus fornecedores. Em março de 2016, a Apple anunciou que 93% de
suas instalações terão fontes de energia renováveis, incluindo 100% de suas instalações nos EUA,
na China e em outros 21 países. A empresa está trabalhando com fornecedores para instalar mais de
4 giga watts de nova energia limpa ao redor do mundo, incluindo 2 giga watts na China até 2020.
Nos próximos dois anos, a Foxconn instalará 400 mega watts de energia solar para cobrir o uso de
energia de sua instalação de produção final do iPhone em Zhengzhou.

A nova elite do poder está espalhando seus investimentos entre os EUA e a China. Isso significa que
ela vai lucrar não importa qual país “vença” as guerras energéticas. Nós também faremos isso.

Ação a tomar: Comprar Trina Solar (TSL: NYSE) até o teto de $ 9,50 por ação.

A Trina Solar (TSL) é líder mundial em serviços, soluções e módulos fotovoltaicos. Ela alavanca o
poder político do governo chinês em energia verde, e alguns fatores-chave poderiam elevar e muito
o preço de suas ações no curto prazo:

Primeiro, o governo chinês poderia pressionar seus bancos estatais a continuar emprestando para a
TSL ou a postergar seus contratos. A Reunião do G20 em setembro será uma vitrine das energias
verdes e, como tal, deve elevar o preço da energia solar, fortalecendo a TSL. Além disso, apesar de
haver problemas de endividamento na China, quando o governo decide fazer algo, as cosias são
feitas. E o governo quer trilhar o caminho verde.

O Boston Consulting Group (BCG) acabou de selecionar novamente a TSL para a Top 100 Global
Challengers List. A TSL é a única produtora solar na China selecionada duas vezes seguidas na
relação.

Minha perspectiva é bullish a curto prazo para a China, mas com base em informações locais,
acredito que, a longo prazo, digamos 2 ou 3 anos, a China poderia ter muito mais inadimplência em
suas entidades estatais. Para combater essa situação, o país está planejando reduzir a capacidade e
fazer a fusão de suas empresas, o que reduzirá custos para algumas delas no processo, então o jogo
ainda pode virar. Enquanto isso, o mercado chinês é subvalorizado em relação a outros mercados
emergentes cujos governos tem bolsos muitos menores e menos centralizados.

Eu vejo a TSL chegando na faixa de $ 10 a $ 12 no final de 2016, se a demanda solar chinesa


bullish e o cenário que se apresenta ocorrerem e continuarem a receber tratamento favorável
(postergação infinita da dívida) de seus banqueiros. Também pode haver um estímulo por causa das
reuniões do G20. Uma coisa que descobri é que a China está tão comprometida em tornar-se

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 RICKARD’S STRATEGIC INTELLIGENCE 

sustentável quanto a mostrar que está se tornando sustentável. E na estrada entre Pequim e Xangai,
notei muitos outdoors da Trina. Esse tipo de determinação é bom para a TSL.

Atenciosamente,

Nomi Prins

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