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Viçosa
2015
Gustavo Bragagnolo Amaral
VIÇOSA
2015
1Dennis Rader, serial killer conhecido como “BTK”, sigla em inglês para “Bind, Torture and Kill”, que quer
dizer “Amarrar-Torturar-Matar”, as iniciais que descrevem o padrão de ataque de sua assinatura.
SUMÁRIO
1. Apresentação ........................................................................................ 5
2. Justificativa ........................................................................................... 7
3. Objetivos .............................................................................................. 12
3.1. Sumário Provisório ..........................................................................13
4. Metodologia e Cronograma ................................................................ 15
5. Referências Bibliográficas ................................................................. 16
6. Bibliografia Preliminar .........................................................................18
1. Apresentação – Tema e Problematização
O presente estudo pretende analisar o perfil dos assassinos em série, abordando
as motivações e características do sujeito ativo, bem como do delito em si, sob enfoque
da Criminologia e de suas intrínsecas correlações com o Direito Penal, Psiquiatria,
Sociologia e Psicologia Criminais, a fim de encontrar a melhor maneira de identificá-los,
prevenindo seus crimes, tanto quanto a punição adequada e justa, tendo em vista o
perigo que representam para a sociedade, sem esquecer-se dos princípios da Legalidade
e da Dignidade da Pessoa Humana.
Analisaremos primeiro as características do criminoso homicida, mais
especificamente aqueles acometidos por psicopatias, tipo de comportamento social em
que os sujeitos são, parcial ou totalmente, desprovidos de consciência moral, ética e
humana, não se importando com o outro ou com os padrões de comportamento sociais
e caracterizando-se por uma deficiência significativa de empatia. Tal distúrbio é
considerado como a mais grave alteração de personalidade, uma vez que os indivíduos
caracterizados por essa patologia - comumente chamados de psicopatas - são
responsáveis pela maioria dos crimes violentos, apresentando frequência e reincidência
criminosa maior do que os não-psicopatas2.
Far-se-á, a priori, explanação da criminologia como instituto do direito enquanto
ciência, atentando-se principalmente acerca de sua utilização na presente questão, a fim
de identificar e, na medida do possível, explicar as circunstâncias objetivas e subjetivas
tanto do crime quanto de seu sujeito ativo, o homicida, sob suas condições
biopsicossociais e as condições base para se conceituar o assassino em série e
diferenciá-los dos demais, com suporte na Psiquiatria Criminal.
É importante considerar a correlação dos estudos entre Direito e Psicologia, eis
que ambas disciplinas se assemelham acerca do objeto: o comportamento humano.
Destaca-se que a última, precipuamente tratando-se da ramificação criminal, preocupa-
se com a personalidade do agente, através de elementos como a compreensão da
3 GRECO, Rogério – Curso de Direito Penal – Parte Geral – V. I, 11ª Ed. Niterói: Ímpetus, 2009, p. 4
4 GRECO, Rogério – Curso de Direito Penal – Parte Geral – V. I, 11ª Ed. Niterói: Ímpetus, 2009, p. 5
5 SANTOS, Juarez Cirino dos. Direito Penal – Parte Geral – 3. Ed., Curitiba: Lumen Juris, 2008, p. 3
Avançando, segundo ainda o Conceito Analítico apresentado na Teoria do Crime,
mesmo que o crime seja uno, deverá ter cada um de seus elementos constitutivos
analisado. Crime, portanto, é ação típica, antijurídica e culpável.
Típica é exatamente a conduta descrita no tipo penal, dolosa ou culposa, omissiva
ou comissiva, na qual percebe-se o nexo causal com o resultado obtido. A ilicitude, por
sua vez, é a relação de contrariedade, de antagonismo, que se verifica entre a conduta
do agente e o ordenamento jurídico. A licitude é encontrada por exclusão, ou seja, a ação
só será lícita se o agente tiver atuado sob o amparo de uma das quatro causas
excludentes da ilicitude do Código Penal (artigo 23): I - em estado de necessidade; II -
em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de
direito.
Culpabilidade, por fim, é um juízo de reprovação pessoal que se faz sobre o
comportamento do agente. É o elemento subjetivo do crime, a consciência do agente de
que sua conduta, da antijuridicidade e consequente ilicitude. Este elemento abarca,
ainda, a imputabilidade, entendida como a condição ou qualidade que possui o agente
de sofrer a aplicação de pena, de ser responsabilizado por seus atos. Segundo prescreve
o artigo 26 do Código Penal, podemos, também, definir a imputabilidade como a
capacidade de se entender o caráter antijurídico do fato por ele perpetrado ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento6. Este elemento, portanto, é de grande
importância para o estudo hora realizado.
De acordo com Fernando Capez, a imputabilidade apresenta um aspecto
intelectivo, consistente na capacidade de entendimento, e outro volitivo, que a faculdade
de controlar e comandar a própria vontade7. Para Zaffaroni8, sem imputabilidade o sujeito
carece de liberdade e de faculdade para comportar-se, de modo que não é capaz de
culpabilidade, sendo, portanto, inculpável.
Faz-se mister a menção das hipóteses de excludentes de culpabilidade,
expressamente no direito penal objetivo, pela redação de seus artigos 26, mais
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8 ZAFFARONI, E. R. PIERANGELI, J. H. Manual de direito penal brasileiro. Parte geral. 5. ed. rev. e atual.
9 OLIVEIRA, Alexandre Carvalho Lopes de; STRUCHINER, Noel. Análise da figura do psicopata sob o ponto de
vista psicológico-moral e jurídico-penal. Disponível em: < www.puc-
rio.br/pibic/relatorio_resumo2011/Relatorios/CSS/DIR/DIR_Alexandra%20Carvalho%20Lopes%20de%20Oliveira.pdf
> Acesso em: 12/06/2015
10 DSM-IV. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. 4.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
comportamento impulsivo do indivíduo afetado, desprezo por normas sociais, e
indiferença aos direitos e sentimentos dos outros.
Por vezes a psicopatia é confundida como uma doença mental. Porém, a OMS, ao
divulgar a CID-10 (Classificação Internacional de Doenças), afirmou que tal perturbação
não deve ser diretamente imputável a doença, lesão ou outra afecção cerebral ou a um
outro transtorno psiquiátrico e usualmente envolve várias áreas da personalidade, sendo
quase sempre associada à ruptura pessoal e social11.
No mesmo diapasão, Anna Beatriz Nogueira, em seu livro Mentes Perigosas – O
Psicopata Mora ao Lado12, afirma que
“A parte racional ou cógnita dos psicopatas é perfeita e íntegra, por isso sabem
perfeitamente o que estão fazendo. Quanto aos sentimentos, porém, são
absolutamente deficitários, pobres, ausentes de afeto e profundidade emocional.
Assim concordo plenamente quando alguns autores dizem, de forma metafórica,
que os psicopatas entendem a letra de uma canção, mais são incapazes de
compreender a melodia”.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal – Parte Geral – vol. 1 – 15ª ed. São Paulo.
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