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GRÁTIS
O6
FASCÍCUL
DA LAGOA
DE ST.ºANDRÉ
A SAGRES
www.sabado.pt N.º 691 – SEMANAL – 27 DE JULHO A 2 DE AGOSTO DE 2017 – €3,20 (CONT.)
ALGARVE
LONGE DAS
MULTIDÕES
Lagoas silenciosas, praias com espaço,
rios calmos, paisagens belas. Refúgios
que se mantêm quase intactos mesmo
nos meses da invasão de turistas
PedrodeAlmeida, 72 anos
Vida e negócios do homem
que quer a Comporta
Sumário 27 JULHO 2017
www.sabado.pt
Entrevista
Sociedade
CathrynRamin Ela tem a solução para as dores nas costas 30
Destaque
Algarve Três oásis longe do turismo de massas 34
Crónica Nuno Júdice escreve sobre o Barlavento 40
Descanso Santa Luzia e as ilhas da ria Formosa 42
Crónica Leonor Pinhão escreve sobre o Sotavento 48
Portugal
DESDE A DÉCADA DE 70, O QUE MUDOU Nuclear Preso por exportar material proibido para o Irão 60
História O Verão Quente de 75 visto pela CIA 64
NOS NADADORES-SALVADORES
Mundo
Albino salvava os veraneantes, em Santa Cruz, com uma corda. André Iraque O novo dia-a-dia em Mossul 68
usa um cinto no Guincho. Histórias de quem passa a vida na praia
Dinheiro
Perfil Pedro de Almeida, o novo dono da Comporta 72
Destaque GPS Sociedade
E mais...
José Nuno João
6 Bastidores 14 Ângela Marques 94 Rui Miguel Tovar
Pacheco Rogeiro Pereira
8 Editorial 21 Pedro Marta Santos 96 Do Leitor
Pereira 70 Coutinho
9 A Abrir 27 Octávio Ribeiro
16 98
12 Nuno Costa Santos 28 Obituário
www.sabado.pt
Saúde 20 A 26 DE
10 sinais de que está + LIDAS JULHO
stressado
01. VIDA EM ÁFRICA
O corpo envia sinais –
Aera dourada para osportu-
físicos e psicológicos – guesesantesda independência
que devem ser ouvidos.
Descubra quais
02. CHESTER BENNINGTON
Amortedovocalista dosLinkin
Park
Ar condicionado
O frio é prejudicial 03. CÃES E GATOS
A temperatura no local Venda deanimaisem montras
de trabalho é essencial Oclubedelutapara tem osdiascontados
para produzir bem órfãosnaChina
4
Opinião 27 JULHO 2017
www.sabado.pt
B
BASTIDORES
Procurámos, através do
que os locais sabem, desco-
As dicas
briraquilo que, nestaaltura
do ano, é extremamente di-
dos locais
fícil: um Algarve que não poeta e professor Nuno Júdi-
esteja a abarrotar de pes-
soas. E conseguimos O ce nasceu na Mexilhoeira
Grande, Portimão. O jornalis-
ta Carlos Filipe tem mãe algarvia, de
Santa Luzia, e por lá andou sempre.
A jornalista Leonor Pinhão é lisboeta,
mas Cacela é há longos anos, para
ela, uma espécie de segunda terra.
Para Gonçalo Correia, que é bem
mais novo do que todos eles e tem
feito férias na zona de Portimão,
“mas sem sair muito dali”, é que o
trabalho de capa desta semana foi
mais uma descoberta – as dicas de
locais levaram-no a sítios de cuja
existência, em alguns casos, não sus-
peitava. A contrastar com a tranqui-
lidade dos lugares que ia descobrin-
do, foi uma aprendizagem acelera-
da, feita ao longo de muitas dezenas
6
Do director 27 JULHO 2017
www.sabado.pt
E
EDITORIAL com maior independência em rela-
ção ao PS e que este, por outro lado,
O mesmo Estado que há
quase 40 anos viu morrer
O Estado não ficasse refém de todas as agen-
das de BE e PCP. Se uns e outros fos-
um primeiro-ministro, sem
nunca ter apurado se foi
que nunca sem mais autênticos talvez a política
não estivesse transformada no pân-
atentado ou acidente,
não consegue agora
mais se tano em que está. O PCP, em parti-
cular, entra já numa dimensão de
guardar as armas do seu
Exército ou determinar
levantou anedotário político. Não há nada de
mal que aconteça no País cuja culpa
com precisão o número não seja da União Europeia e das po-
de mortos numa tragédia discussão bizantina sobre a líticas de direita impostas por Bruxe-
8
27 JULHO 2017
www.sabado.pt
Asemana
A POLÉMICA
A “VIOLENTA” EXUMAÇÃO
DE SALVADOR DALÍ
Depois da extracção de ossos, dentes e unhas do artista, a Fundação Dalí diz que a ordem judicial é “um erro”
GETTYIMAGES
AHISTÓRIA
9
27 JULHO 2017
Asemana www.sabado.pt
SÓNIA BENTO
A ENTREVISTA RenatoLeite
OdirectordaGlobalBlue, amaioropera-
doradomundodetax free (permiteaos
O que tem atraído os norte-americanos a Portugal?
Tem a ver com o facto de Portugal estar a ser bem promovi-
do como destino turístico – pelo bom clima e boa gastrono-
mia – e com a criação de rotas directas de Boston e Nova
turistasextracomunitáriosfazercompras Iorque para Lisboa e Porto. Os EUA são um mercado que
com reembolsodoIVA), revelaquaissão nos últimos dois anos, e sobretudo em 2016, apresentou ta-
osestrangeirosquemaiscompram em xas de crescimento acima de 50%.
Portugal, ondeofazem eoquepreferem
10
27 JULHO 2017
Asemana www.sabado.pt
O marginal ameno
A PIRATARIA
O ANO A GuerradosTronos: 90
milhões de downloads
2030
A série da TV é a mais pirateada do
mundo. O primeiro episódio da sé-
tima temporada, que estreou a 16
O de Julho, foi alvo de 90 milhões de
Nuno Costa Santos downloads. Por países, os EUA do-
Escritor
A ALTURA EM QUE PORTUGAL minam (15,1 milhões), seguindo-se
Reino Unido (6,2 milhões), Alema-
Estamos a tratar PRETENDE ACABAR COM A SIDA nha (4,9) e Índia e Indonésia (4,3).
do assunto?
O ambiente político e me-
diático ainda está concen-
trado em Pedrógão Grande.
A SARDINHA
Porquê? Antes de mais, por
causa do Governo, que tem
gerido desastrosamente o
caso. Há relatos, publicados,
de pessoas que tudo perderam
e ainda esperam um apoio
concreto, material, palpável,
não a resposta tão tuga do “es-
tamos a tratar do assunto”. Por
causa da crítica violenta da
oposição, justificada em boa
parte pela forma arrogante
como o Governo a tem tratado
desde o início, mas que traz
consigo algumas fragilidades
evidentes. A primeira é ter co-
meçado demasiado cedo,
quando havia pouca informa-
ção disponível, revelando-se
um ataque furioso e de ética
questionável. A segunda é es-
quecer que o desastre tem raiz
antiga, com múltiplos executi-
vos e parlamentares com cul-
pas no cartório. Querer vender
a ideia de que tudo começou
agora é não ser sério.
Em ambiente de gente politi-
zada à direita, cheguei a ques-
tionar algum do armamento
crítico usado após uma catás-
A CAMISOLA
trofe com um número de mor-
tos suficiente para preocupar Froome ganha sem ganhar
qualquer pessoa com decência. Em 104 edições da Volta a (2006). Froome limitou-se
Agora já não há compreensão França, é a sétima vez que a ser regular depois de con-
nem moderação possíveis. A isto acontece: ganhar a pro- quistar a amarela na 5ª
conversa do “estamos a tratar va sem vencer uma única etapa, na Alta Sabóia, na
do assunto” não basta e torna- etapa. O britânico Chris qual ficou em 3º, e ven-
se ofensiva. Se o Estado não Froome sucede assim a Fir- ceu o Tour pela quarta
ressarcir quem de direito com min Lambot (1922), Roger vez. À sua frente, com
eficácia e rapidez estará a ser o Walkowiak (1956), Gastone cinco triunfos, estão
incendiário de si próprio. W Nencini (1960), Lucien Ai- Jacques Anquetil, Eddy
mar (1966), Greg LeMond Merckx, Bernard Hi-
(1990) e Óscar Pereiro nault e Miguel Indurain.
12
PT Empresas, uma marca do grupo
P
PARCERIA
CRIAÇÃO
NEGÓCIOS
A VACA
Qatar resolve a falta de leite OTALENTO
No início de Junho, o chegam de países
Qatar foi alvo de um como Hungria, EUA, Desde 2001, a
bloqueio por parte de Austrália e Holanda. percentagem de
quatro países vizi- chineses que
nhos, que acusaram o
O emirado de apoiar
estudaram no
Ângela Marques grupos extremistas e estrangeiro e
Jornalista
terroristas. Um dos voltaram a casa
problemas criados foi subiu de 15% para
Os campeões a falta de leite fresco,
da pré-época que era importado da
80%. O plano Mil
Arábia Saudita. Para Talentos quer
Quando o dérbi da maré baixa co- acabar com essa si- reverterafugade
meçoueunãoconseguiaverbalizas tuação, um grupo cérebros e ajudar
aocampomas játinhao meu lugarna de empresas do Qatar
central. Num sistema táctico de 1-1- decidiu agora impor-
ao crescimento
-logo-se-vê, aequipados miúdos en- tar 4 mil vacas, que económico.
frentavaos experientes “tio Arnaldo” e
“pai, é falta, pai”. Com dois avançados,
zero defesas e muita manha, os mais
velhos apontavam àgoleada.
Enquanto recebia o troco da bola-
A DROGA
-de-berlim, vi o primeiro golo. A Canábis vendida em farmácias
bola bateu no montinho de areia e O governo uruguaio tor- no Instituto de Controlo de
conquilhas antes de entrar e, acto nou-se o único do mundo Canábis. Cada um deles
contínuo, um dos miúdos correu a plantar, produzir e ven- pode comprar no máximo
atrás do esférico que já corria para der marijuana (uma deci- cinco gramas, no valor de
o mar. Tio Arnaldo 1, Sport Clube são que pretende comba- 187 pesos (6 euros). Estão
Ingenuidade zero. ter o narcotráfico). A medi- ainda registados 6.929 cul-
De drible adolescente, o Afonso e da entrou em vigor a 19 de tivadores (podem ter seis
o primo faziam o que podiam – re- Julho, em apenas 16 farmá- plantas) e 63 clubes (onde
clamavam de cada toque como se cias, e abarca 4.959 cida- cada membro pode consu-
do outro lado estivessem caceteiros dãos uruguaios registados mir 480 gramas por ano).
e alegavam irregularidades a cada
golo sofrido. Os mais velhos sor-
A CIRURGIA
Americanos são os
riam, puxavam dos galões da anti-
guidade e aumentavam a diferença.
Em três jogadas bem conseguidas,
O NÚMERO campeões das plásticas
Os EUA registaram 4.042.610 ci-
contudo, os miúdos empataram.
Numa jogada de mestres, pediram
que o golo seguinte decidisse os
vencedores. Decidiu: o primo do
Afonso fintou o pai, pôs a bola no
Afonso, este rematou do meio da
praia e marcou. Com a cara a en-
675,5
MILHÕES DE EUROS GASTOS POR
PORTUGAL NA IMPORTAÇÃO DE
rurgias plásticas em 2015, o
maior número a nível mundial.
Essas operações levaram a in-
vestir 13,7 mil milhões de euros,
quase tanto como o PIB da Islân-
dia. Em 2º lugar surge o Brasil
(2.324.245 cirurgias), seguindo-se
cher-se de espanto e o peito a en- FRUTA, CITRINOS E MELÕES, EM 2016 a Coreia do Sul (1.156.234).
cher-se de ar, o Afonso correu para
o mar de braços abertos, devolven-
do para terra o grito dos campeões.
Da toalha, vi tudo: a alegria do
miúdo vinha da surpresa de ganhar.
O RESISTENTE
O bicho que aguenta com um asteróide
Ele ganhara ao pai e ao tio, futebo-
listas de tantos Verões, donos da Não medem mais de 0,5 mi- asteróide como o que aca-
bola, heróis. Ele não contava com límetros, mas são os animais bou com os dinossauros. Um
aquilo porque não sabe que a pré- mais resistentes do mundo. estudo feito por um grupo
-época dele já acabou. Agora pode Os tardígrados, ou ursos de de astrofísicos, e publicado
jogar de igual para igual e ganhar. W água, podem sobreviver a na revista Scientific Reports,
272 graus negativos, supor- concluiu que só a morte do
tar 1.200 atmosferas e até um sol acabaria com eles.
14
www.edp.pt
TERMOS DA OFERTA
• Objecto: Todas as acções da EDP Renováveis não detidas pela EDP
– Energias de Portugal, S.A.
• Preço por acção: €6,75 em numerário (€6,80 no dia do anúncio preliminar
da Oferta já deduzido do dividendo de €0,05 por acção disponibilizado
para pagamento pela EDP Renováveis no dia 8 de Maio de 2017)
• A liquidação da Oferta deverá ocorrer no dia 8 de Agosto de 2017
• A EDP admite requerer a exclusão de negociação das acções da EDP
Renováveis do mercado Euronext Lisbon by Euronext Lisbon caso a EDP
venha a deter, em resultado da Oferta, mais de 90% dos direitos de
voto da EDP Renováveis
Consulte o seu banco para mais informações e para dar as suas ordens de venda.
Não dispensa a consulta do prospecto e da demais documentação da Oferta, disponíveis em
www.cmvm.pt e www.edp.pt
Opinião
O
ALAGARTIXA Sem futebol, o espaço que é preci-
so encher nas televisões é um drama.
E O JACARÉ A época tola Sem parlamento e com os políticos a
banhos, não há política, as fontes es-
Sem futebol, o espaço que é tão a secar ao sol. Sem tragédias, es-
preciso encher nas televi- Lá vamos entrar mais uma vez na pera-se, o exercício da masturbação
sões é um drama. Sem par- silly season, a época tola, ou melhor da dor, a que se entrega ardorosa-
lamento e com os políticos a a época mais tola na sequência de mente a comunicação social até ao
banhos, não há política, as muitas outras épocas tolas. E o me- espasmo final, fica penoso.
fontes estão a secar ao sol. lhor da época tola é a parte que não A estação tola tem pelo menos um
Sem tragédias, espera-se, o esconde o que é: o Quim Barreiros, a mérito, que é mostrar a vacuidade
exercício da masturbação Rosinha, a Ruth Marlene, e os múlti- que existe todo o ano e que fica dis-
da dor, a que se entrega ar- plos clones de cada um deles. Aquilo farçada. W
dorosamente a comunica- ainda é Portugal, a manha campo-
ção social até ao espasmo nesa, a lascívia rural e do subúrbio, a
final, ficapenoso grosseria e o plebeísmo, a graça do O
trocadilho fácil, a juventude da cer-
veja, uma certa boçalidade e bruta-
lidade, aquilo ainda é nosso, porque
Elogio
Portugal ainda é muito assim. Isso
suporta-se razoavelmente e o título
das eleições
destas crónicas veio da habitual re-
ciclagem anual na música pimba,
autárquicas
com o refrão de “quem nasceu para Eu tenho respeito pelas eleições au-
lagartixa nunca chega a jacaré”. tárquicas, tidas por muita gente
Pode merecer uma reflexão sobre o como eleições secundárias em que
que ainda somos, nós e muitos ou- participam uns grunhos que fazem
tros europeus que vêm para o Algar- cartazes a que chamam “tesourinhos
ve, ou Torremolinos, mas não mere- deprimentes”. São as mais democrá-
ce desdém. ticas das eleições, em que participam
Mas o que é insuportável é a silly como candidatos dezenas de milha-
season comunicacional, feita da res de portugueses, muitos dos quais
mais completa falta de imaginação, têm aqui a sua única experiência
os mesmos inquéritos, as mesmas
imagens das praias, a procura dos
famosos em fato-de-banho, as equi-
pas cor-de-rosa atrás dos amores de
Verão, “assumidos” e não “assumi-
dos”, a moda da comida e dos res-
taurantes, o reino das fotos no Insta-
gram e no Facebook , as opiniões e
os comentários raivosos que nunca
vão para férias parecem explodir de
intensidade no Verão. Pensam que
descansam? Engano, a época tola faz
imenso mal à cabeça e a cabeça nos
mamíferos superiores ainda manda
um pouco no corpo. Um pouco, no
Verão menos.
O
Professor
José Pacheco Pereira SUSANA VILLAR
16
27 JULHO 2017
www.sabado.pt
Mais:
Os republicanos, de facto, já mostra-
ram que não têm vergonha nenhuma
e deixam-se, assim, humilhar. Salvo
uma ou duas excepções, e uma delas
é McCain que está bastante doente,
engolem estes insultos e pressões e
vão lá a correr dar-lhe o que ele quer.
Até agora ainda não correram bas-
tante, mas quanto mais Trump se es-
força para os humilhar, mais correm.
Não, este não é o Partido Republicano
de Reagan nem de Bush, é o Partido
Republicano que foi quebrado na sua
“linha de costas” pelo Tea Party e que
Trump tomou de assalto. W
17
Asemana
AS FRASES F
Ricardo Salgado, banqueiro, Dinheiro Vivo/DN
“Na primeira vezque foram a minha casa vinham
à procura dos iates, em Monte Carlo. Não há iates,
nunca houve. Ah, e não há castelos na Escócia, também
foi outra coisa que disseram que eu tinha”
F F F
José Soeiro André Ventura Katherine Waterston
“O governo pode e deve intervir “Sem mais PSP, farei um Actriz, uma das protagonistas
de Alien: Covenant,
para travar este comportamento exército com a polícia municipal” The Guardian
abutre da Altice” Candidato do PSD à Câmara
Deputado do Bloco de Esquerda, ARTV de Loures, Sol “Vivemos numa
época hiper-
F F sexualizada
Luís Marques Mendes
Guilherme d’Oliveira Martins mas de grande
“A intervenção do Estado numa “Quem tem de aplicar as leis
empresa privada restringe-se ao são as autoridades e quem puritanismo”
cumprimento das leis” prevarica, evidentemente,
Secretário de Estado das Infra-estruturas, tem de ser punido, seja cigano,
ARTV seja muçulmano, seja um
português qualquer normal”
GETTYIMAGES
Comentador, ex-líder do PSD, SIC
F
Adão Silva
“Foram vocês, socialistas, que
usaram e abusaram de todos nós, F F
em actos de marialvismo Dane DeHaan Ildefonso Falcones
económico que hoje estamos “Quando vesti o fato especial pela “Hoje, não se aceita que um filho
todos a pagar, que desbarataram primeira vez senti-me um herói. morra e a mãe não sofra”
Quando acendi as luzes foi ainda Escritor, autor do bestseller A Catedral
uma empresa num caldo de do Mar, Diário de Notícias
negócios obscuros” mais especial”
Deputado do PSD, ARTV Actor de Valerian, msn.com
F
F William Oldroyd
Nuno Miranda “Talvez as mulheres do século XIX
“Morre-se mal em Portugal. Os não fossem assim tão diferentes
hospitais estão mal preparados das de hoje”
Realizador do filme Lady Macbeth, i
para a fase final”
Médico do IPO de Lisboa, Diário de Notícias
F
F Simone de Oliveira
“Hoje é mais aflitivo eu andar
Miguel Esteves Cardoso
na rua do que era nessa altura
“Passeando de carro por Lisboa [anos 70], por muito estranho que
divirto-me a brincar com a Maria pareça. Às vezes, só de burca”
João ao ‘onde está o lisboeta?’ Cantora, i
São tantos os turistas que é
difícil encontrar figuras
estereotipicamente alfacinhas” F
Cronista e escritor, Público Ney Matogrosso
“Que gay o caralho. Eu sou
um ser humano”
Cantor, Folha de São Paulo
D.R.
20
27 JULHO 2017
www.sabado.pt
O moralista
F F
Amy Schumer, actriz, Wayne Shorter
The David Letterman Show “Para mim, nem a Nona
Sinfonia de Beethoven
“A minha mãe está terminada”
dá-me péssimos Saxofonista, El País
O
conselhos. F Pedro Marta Santos
Jornalista e argumentista
Mariana Pacheco
Parecem frases “Gosto muito pouco de redes Os louros de César
tiradas de sociais”
Actriz, BI
Ementrevistanopassadosábado
autocolantes. ao Expresso, Carlos César, o me-
lhorservidorda causa pública que
F
Depois de me Maya
este País já conheceu, recusou-se a
comentar os cargos por nomeação
separar “Precisei de me casar ou eleição políticade metade dapo-
várias vezes para pulação açoriana, perdão, de 73,5%
disse-me: perceber que o dasuafamília. “Paramim, o assunto
casamento não era
‘Ama para mim”
está encerrado”, respondeu na cos-
tumeiraprobidade institucional.
como se Taróloga e apresentadora,
TV Guia
Para mim também, não fosse a
coincidênciade terjantado, hácoisa
nunca te de 15 dias, em frente ao presidente
F do PS no balcão do Galeto, o restau-
tivessem Jordi Mestre rante lisboeta de tradição familiar
magoado!’ “Neymar não vai sair este
Verão. Posso garanti-lo
quase tão remotaquanto ade César.
Como o balcão do Galeto dá para
Ou então é: a 200 por cento”
Vice-presidente do Barcelona,
umas boas dezenas de clientes,
lembro-me de me ter posto a pen-
‘Dança como a negar uma suposta oferta
de 222 milhões do PSG pelo
sar na beleza democrática que seria
ver todas essas cadeiras ocupadas
se ninguém jogador, El País
pela família de César, exemplo de
estivesse F
dedicação ao Estado e à felicidade
das populações.
a ver!’” Ricardinho
“Foi lamentável ter sido
De uma Ponta Delgada à outra, o
balcão seria como uma tela viva da
ameaçado no hotel por alegria lusitana, um Malhoa com
adeptos do Sporting, horas pronúncia de Nemésio, feito de
antes da final [da UEFA], brindes à militância cívica entre a
para tentarem intimidar-me” mulher Luísa, ex-líder da missão
Jogador de futsal da equipa para a Casa da Autonomia, o filho
espanhola Inter Movistar, i
Francisco, deputado regional, a
nora Rafaela, chefe de gabinete da
F secretária regional adjunta para os
Octávio Machado Assuntos da Presidência, o irmão
“Bruno de Carvalho Horácio, ex-assessor de Jaime
tem ciúmes do que ganham Gama e ex-adjunto de João Soares,
os jogadores” a sobrinha Inês, técnica da empresa
Ex-director do Sporting, CMTV municipal Gebalis e ex-assessora
da gestão socialista da Junta de
F Freguesia de Alcântara, com Carlos
Bruno de Carvalho ao centro, o sorriso de gato de
“O Octávio foi a terceira escolha” Cheshire emoldurado pela Grã-
Presidente do Sporting, Sporting TV Cruz da Ordem Militar de Cristo
que recebeu em 2013. Desfeita a
GETTYIMAGES
21
A FOTOGRAFIA
DINA ARSÉNIO
INSÓLITO !
! ! !
Morto reencarna Salsichasnotelhado UM FÃ DA SÉRIE GUERRA DOSTRO-
num bezerro Em Deerfield Beach, na Flórida
NOS, JIM HAMPSHIRE, VESTIU-
Todos os dias, cerca de (EUA), uma família acordou às
100 pessoas visitam 4h da manhã com barulho. Di- -SE A RIGOR COMO WHITE
um bezerro em Kratie, rigiram-se ao exterior da casa e WALKER, UMA PERSONA-
no Camboja. Khim encontraram dois pacotes de GEM MALÉFICA, NA ABER-
Hang, de 74 anos, salsichas de porco italianas.
acredita que o animal Mas havia mais: no telhado es-
TURA DO FESTIVAL COMIC
seja a reencarnação do tavam três pacotes de salsichas. CON, EM SAN DIEGO, EUA.
marido. “Ele faz tudo Ao todo, eram 15 kg – da marca VÁRIAS PESSOAS JUNTAM-
exactamente igual ao William Land Service, uma em- -SE NO EVENTO IMITANDO AS
que o meu marido presa em Alabama. É um mis-
fazia”, conta. tério como ali apareceram.
SUAS PERSONAGENS PREFERIDAS.
! !
€857.000 Destroem carro da mãe Mulhertraídapõe
Walter Fisher, de 36 anos, Um miúdo de 5 anos conduziu o pimentanavagina
jogador profissional de carro da mãe, com o irmão de 2
póquer, pesava mais de 110 anos ao lado. Queriam chegar a ca- 1. Grávida, Ly Chanel, de
quilos. Os colegas desafia- sa dos avós, mas despistaram-se. 23 anos, descobriu que o
ram-no para reduzir em marido, Chien Keo, de 24,
10% a gordura corporal – estava a ter um caso com
em apenas seis meses. A ! outra num motel de Thai
aposta inicial era de 515 mil Marijuana para limpar ruas Nguyen, no Vietname.
! euros, mas depressa subiu Um empresário de drogas medicinais 2. Furiosa, decidiu vin-
Homem cai no lixo para 857 mil euros. Walter criou o programa do “dia da limpeza”: gar-se. Introduziu, com lu-
Os bombeiros de Wa- conseguiu e perdeu mesmo oferece, por cada saco de lixo, marijua- vas de látex, malaguetas
shington DC, nos EUA, 30 quilos. na – que é legal em Maine (EUA). no interior da vagina da
receberam uma chamada amante com a ajuda de
de um homem que se en- mais três amigas, que a
contrava dentro da calha ! agarraram.
de lixo do prédio onde Concurso para avós em biquíni 3. As imagens da tortura
mora. O incidente ocor- Na cidade de Tianjin, na China, realizou-se o terceiro foram publicadas online e
reu quando o homem concurso anual Grandbikini, que juntou mais de 400 geraram indignação junto
deitou acidentalmente o mulheres, com idade superior a 55 anos. Apresenta- dos internautas. Porém,
seu telémovel juntamente ram-se em biquíni e fato-de-banho e foram avaliadas até ao momento não foi
com o lixo. Ao inclinar-se pela presença em palco, sorriso e gestos. A partici- apresentada nenhuma
para o procurar, caiu. pante mais velha, Ma Jin, tem 78 anos. queixa na polícia.
24
FOR THE SERIOUS TRAVELLER
Yanin,
Fashion Blogger
INDISCRETOS
O CARTOON
A incrível pele
do doutor Coelho
k de Manuel Pinto Coelho e acabou
“REI DAS HORMONAS” impressionada com o aspecto do
O diário britânico Daily Mail apre- médico de 69 anos: “Bronzeado de
sentou-o como “guru do antienve- mogno, pele elástica, olhos bri-
lhecimento” na reportagem de três lhantes, relógio enorme e as mãos
páginas baseada na experiência mais bem tratadas que já vi.” E
pessoal de Jane Fryer. A jornalista mais uma coisa: realça a “impossi-
de 48 anos fez um tratamento hor- bly smooth skin” – pele impossi-
monal de uma semana na clínica velmente lisa.
k
Presidente de volta
e uma velha paixão
“O presidente está de tazes. Mas não nos
volta.” É este o lema equivoquemos: o ca-
sob o qual Valentim rismático ex-presiden-
Loureiro regressa aos te da Liga de Clubes k k
combates autárquicos,
24 anos depois da sua
mantém a velha fixa-
ção por outras tonali-
Com o Algarve Um indicativo
primeira vez. O antigo dades. Basta, aliás, re-
cheio de políti- inadequado
autarca de Gondomar parar no nome que es- cos, muitos “Por uma Lisboa onde se pode cir-
já tem página no Face- colheu para a candida- artistas prefe- cular” – reza um cartaz da candi-
book e adoptou o ver- tura em 2017: “Valen- rem o Alentejo. data do PSD a Lisboa.
de (da esperança?) tim Loureiro – Cora- Há dias, Tim, Não seria melhor “Por
para o fundo dos car- ção de Ouro”. uma Lisboa onde se
dos Xutos, mui- possa circular”? Afinal,
to discreto, o indicativo, diz o
saboreava uns prontuário, “apre-
percebes no senta a acção ou
estado como
Rocamar, para real”. E o con-
os lados do juntivo “apre-
cabo Sardão. senta a acção
ou estado como
possibilidade”.
26
27 JULHO 2017
www.sabado.pt
Sobe&Desce
Octávio Ribeiro
Jornalista
g
Nádia Piazza
Mãe do Luís, de cinco anos
A morte do fi-
lho é dor conti-
da pela causa
que está a abra-
çar. Breve sota-
que brasileiro,
olhos profundos,
macerados, pa-
lavra justa, pode
tornar-se um símbolo da re-
volta dos cidadãos contra a
opacidade e insensibilidade
do Estado após a tragédia
de Pedrógão Grande. E pode
apontar-nos a todos o indi-
cador. Depois das mortes de
dezenas de concidadãos te-
mos o dever de exigir me-
lhores respostas aos eleitos.
i
António Costa
Primeiro-ministro
À deriva com
os seus dois cal-
canhares de
k k Aquiles quebra-
Mota in, Júlio Galhofa dos. Está um lí-
der frágil a vo-
out(para já) na Caparica gar nas ondas
José Lopes da Mota, o ex-repre- Na passada terça-feira, a sem rumo. A
sentante português na Eurojust, secretária-geral adjunta dos economia sus-
foi o procurador mais bem clas- socialistas e coordenadora tenta-o à tona? Sim. Mas o
sificado no concurso de acesso autárquica, Ana Catarina resto mostra-se mau de mais
ao Supremo Tribunal de Justiça Mendes, e um grupo de cole- para ser verdade. Verdade, a
(STJ) e vai ocupar uma das pri- gas parlamentares almoça- palavra-chave. Costa está a
meiras vagas de juiz do STJ. Por vam no restaurante Cabana fugir dela desde que se ba-
sua vez, Júlio Pereira, o ainda se- do Pescador, na Costa de Ca- nhou no Mediterrâneo no
cretário-geral do Sistema de In- parica. Muito animados, tira- meio da crise de autoridade.
formações, ficou em quarto lugar ram fotografias e publicaram Inaceitável que o segredo de
entre os procuradores. E como nas redes sociais. Um deles justiça tenha abrangido os
em cada cinco vagas de juiz só disse: “Cuidado, não ponham nomes das vítimas mortais
uma será para procuradores, a localização. É escusado do fogo. Cheira a Fidel.
Júlio Pereira só chegará ao STJ saber-se que viemos almo-
à 19ª vaga. çar à praia.” E todos se riram.
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27 JULHO 2017
Asemana www.sabado.pt
ALEXANDRE R. MALHADO
OBITUÁRIO
Chester Bennington (1976-2017)
Tornou-se uma das maiores vozes “Isso destruiu totalmente a minha AOS 7 ANOS vidado para uma audição. De um
da sua geração ao cantar sobre os autoconfiança”, confessou em COMEÇOU dia para o outro, o rapaz de Phoe-
seus traumas de adolescência. 2008 à revista Kerrang! Com me- A SER nix voou quase 1.000 quilómetros
Arrastou milhares e ganhou do de represálias, acabou por não VÍTIMA DE até à Califórnia e, em frente aos
prémios, mas nunca largou os dizer a ninguém que estava a ser VIOLAÇÃO. seus futuros colegas de banda, can-
seus fantasmas. Um dia, cedeu vítima de violação, e os abusos OS ABUSOS tou aos berros, sem medos, intimi-
continuaram até aos seus 13 anos. CONTINUA- dando os outros candidatos à vaga.
m 2000, aos 24 anos, Ches- Para piorar tudo, aos 11 anos atra- RAM ATÉ Assim nasceram os Linkin Park.
28
PORTO.
UMA COLEÇÃO INVICTA,
REPLETA DE CHARME.
“Cuidardeum cão
éboaterapiapara
asdoresnascostas”
e 7 em cada 10 pessoas so- F -frontal, responsável pela função
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www.sabado.pt
cão – recomendo vivamente que músculos, mas não é com isso que g lação à questão da dor. Todos res-
pessoas com dores nas costas, que eles ganham a vida. Também as in- Cathryn Ramin é ponderam que não, excepto um.
casada e tem dois
tenham meios para cuidar de um jecções de esteróides epidurais não filhos. Divide o Isso diz muito sobre aquilo que é
cão, vão a um abrigo, adoptem, e têm evidência científica. Qualquer seu tempo entre preciso saber sobre este assunto.
dêem um passeio com ele várias abordagem que envolva mãos (acu- a Califórnia e
Nova Iorque
vezes por semana. É uma boa punctura, massagens, etc.), sem o Como foi o processo de investi-
terapia para as dores nas costas, e é acompanhamento de um programa gação para este livro?
bom para o cão também. de exercício supervisionado, não vai Foi exaustivo, a maioria das entre-
resolver o problema, é um remendo. vistas foram feitas pessoalmente.
No seu livro diz que existem pelo Implicou muitas viagens (Polónia,
menos 22 formas de tratar as do- A medicação para a dor também Inglaterra, Espanha, Coreia do Sul,
res nas costas, mas poucas são não é uma boa solução? etc.), o que não é fácil para uma
realmente eficazes. A medicação permite um alívio pessoa com dores de costas, mas
A artrodese [imobilização da coluna imediato da dor, mas hoje sabe-se durante o processo de escrita fui-me
através de qualquer forma de fusão], que o uso de altas doses de opiói- apercebendo melhor da mecânica
por exemplo. As pessoas que fazem des no tratamento da dor crónica do corpo e consegui controlar a dor
esta cirurgia continuam a ter dores conduz a uma hiperalgesia induzi- fazendo exercício regularmente.
nas costas. Frequentar um quiroprá- da por opióides, ou seja, estes me- Tecnologias
tico durante meses, ou anos, tam- dicamentos, em vez de tirarem as O uso excessivo Houve histórias de doentes que
bém não é eficaz: não há evidência dores ainda as aumentam. de telemóveis, em a marcaram?
de que a manipulação quiroprática vez das idas ao No livro descrevo a história de uma
previna as dores nas costas ou que Fez um inquérito a 100 médicos, parque infantil, mulher de 60 anos que fez uma in-
pode ter como
resolva as dores crónicas. Se a pes- com a pergunta: “Faria uma ci- consequência
jecção epidural de esteróides [uma
soa tiver um problema de início re- rurgia à coluna?” uma fraca das terapêuticas para a dor lombar]
cente, por vezes, uma visita pode Foi uma questão dirigida só a cirur- estrutura muscu- para aliviar uma dor ciática.
resolver e relaxar os espasmos dos giões que operam a coluna, em re- loesquelética Quando a dor voltou, pensou que Q
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27 JULHO 2017
Entrevista www.sabado.pt
Q seria útil fazer outra. Não estava rua para passear o seu cão come-
incapacitada, era uma mulher activa, çar a sentir uma dor nas costas, o
andava 8 quilómetros por dia, mas mais provável é que não tenha um
estava a chegar o Natal e os netos e problema médico.
ela queria garantir que se sentia bem.
Depois da nova injecção, ficou para- Como é que o design de um es-
lisada da cintura para baixo. Pensa- paço, como um local de trabalho,
mos que estas terapias são seguras, pode intervir positivamente
mas não é bem assim. Estas situa- neste problema?
ções são extremas. A maioria são A ideia é movimentarmo-nos tanto
pessoas que já experimentaram quanto possível e, quando nos sen-
muita coisa e não melhoraram ou tamos, adoptarmos uma posição
aquelas que estão confusas sobre o intermédia, entre o sentado e o le-
que devem fazer. Escrevi este livro vantado, para que o peso passe
para as ajudar. para as pernas e faça menos pres-
são sobre a coluna. Em Sillicon
Conte-me alguns episódios Valley, as empresas estão determi-
importantes nestes seis anos. nadas em aumentar a mobilidade
A minha viagem a Espanha, em No- dos seus trabalhadores. Em alguns
vembro de 2009, para conhecer casos, construíram-se trilhos pe-
Francisco Kovacs, que tem um pro- destres e as pessoas têm reuniões
grama bem-sucedido e financiado enquanto dão um passeio com os
pelo Governo que trata as dores nas seus chefes. Também há empresas
costas sem medicamentos e sem ci- que construíram uma espécie de
rurgia. Fui a Maiorca, onde fica uma balcões, cantinhos onde se pode
das suas clínicas. Passei o dia a ver estar de pé e apoiar o portátil, e
pacientes. Um deles era um homem g Pensa que o exercício pode noutras já nem é preciso usar o
muito velho, que trabalhou ardua- O primeiro livro resolver a maioria das situações computador porque há monitores
que publicou,
mente toda a vida. Quando entrou, Carved in Sand de dor nas costas? por todo o lado.
mal conseguia andar. Foi tratado (2007) tornou-se Sim, e talvez se deva deixar de
com uma terapia chamada neurore- um bestseller do pensar neste problema como uma Como está agora?
New York Times
flexologia – um tipo de acupunctura. condição médica e começar a tra- Estou bem, tenho um sério com-
Envolve colocar grampos, como os tá-lo como um problema de falta promisso em não me sentar por
de um agrafador, nas costas ao lon- de mobilidade, em que há uma períodos muito longos ou ir mu-
go de certos pontos nervosos. Curio- progressiva falta de cuidado com dando de posição, porque a melhor
samente, apesar de parecer que dói os músculos e com a estrutura es- posição é sempre a próxima.
muito, não é bem o caso: este ho- quelética.
mem, que mal conseguia andar Mesmo quando está sentada?
quando entrou, saiu pelo seu próprio Como se faz a distinção entre Sim. Tenho uma cadeira ergonómi-
pé. Fiquei muito bem impressionada. uma dor nas costas comum, que ca Herman Miller e uma secretária
pode ser tratada sem ajuda que se adapta ao meu corpo, tem
Diz que “não há ninguém que médica, e um problema grave? uma abertura que permite muita
nos vá consertar, cada pessoa é As situações de dores nas costas flexibilidade na forma como me
que se conserta a si própria”. O que realmente exigem ajuda médi- sento. É uma embody desk. Tam-
que é que isso quer dizer? ca são fraqueza progressiva, como bém tenho uma coisa chamada
Cuidarmos de nós é essencial, de- o foot drop [quando uma pessoa backmax, que consiste em três col-
senvolver um programa de exercí- arrasta o pé ao caminhar e com- chões em forma de triângulo que
cio e mantê-lo e não ser ingénuo pensa levantando o joelho mais me permitem reclinar e trabalhar
pensando que se pode viver sem alto do que o costume], falta de ao mesmo tempo. Tenho o cão, que
ele. A rapidez com que se resolve o sensibilidade que se vai agravando, resgatei, e que insiste que o leve a
problema depende de muitas coi- um trauma (causado por um aci- passear a cada três horas, aconteça
sas mas, segundo a minha expe- dente), infecção, um cancro ou um o que acontecer, e também faço
riência, mais do que quatro dias Limitação problema chamado síndroma da exercício quatro vezes por semana.
sem fazer exercício significam vol- Mais de 400 mil cauda equina, que é uma compres- Outra coisa que uso é um backjoy,
portugueses
tar a ter dores nas costas. A dor nas faltam ao trabalho,
são de nervos na medula e que uma espécie de assento ergonómi-
costas não é algo que se cure, é pelo menos uma pode causar disfunções na bexiga e co que levo comigo sempre que
uma condição crónica e episódica vez ao ano, por nos intestinos. É uma emergência saio de casa. Ajuda-me a ter uma
que nos vai afectar sempre, de uma sofrerem de médica. O resto tem de ser visto boa postura esteja onde estiver e a
maneira ou de outra. dores nas costas caso a caso mas, se depois de sair à não sentir dores nas costas. W
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Todos os dias 700 novos clientes
escolhem o Banco CTT
O Banco que começou do zero, não pára de crescer e já conquistou 200.000
clientes. Os portugueses perceberam que um banco jovem, com ideias novas,
pode ser mais competitivo. Por isso agradecemos a confiança que diariamente
depositam no Banco CTT e assumimos o compromisso de continuar a fazer
a diferença com produtos e serviços simples, transparentes e sempre próximos
da vontade dos nossos clientes.
Porque o que nos move é o que move os portugueses.
h
Odeceixe,
mesmo
na fronteira
com o Alentejo
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TRÊS OÁSIS A
BARLAVENTO
Odeceixe, Estômbar, Fóia. Três nomes que não rimam com o Algarve
tomado de assalto pela grande migração de Julho e Agosto. Aqui ainda
é possível estar longe da multidão. PorGonçalo Correia (texto) e Marisa Cardoso (fotos)
A
estatística é esmagadora: a popu- O MUSEU DA centro da vila, quando o tempo começa a descobrir,
lação do Algarve, perto de 500 mil BATATA- após os habituais inícios de manhã nublados.
pessoas, triplica nos meses de Ju- -DOCE, QUE Pequeno paraíso balnear, afastado da azáfama das
lho e Agosto. Passa a milhão e É TUDO ME- grandes cidades algarvias, a freguesia do concelho de
meio, ou mais. Sendo assim, pare- NOS MUSEU, Aljezur ganha turistas no Verão – de famílias a surfis-
ce que o sossego se torna impossí- É UMA DAS tas e bodyboarders que procuram a beleza natural das
vel. Mas, na verdade, não. Há oásis. ATRACÇÕES praias do concelho, como as de Odeceixe (considera-
Siga-nos em três viagens a um “outro Algarve”, calmo LOCAIS da uma das sete maravilhas balneares de Portugal e
e com espaço: na fronteira com o Alentejo, num re- melhor praia de arriba portuguesa), Arrifana, Monte
canto fluvial semiescondido e mesmo no alto da serra Clérigo ou Amado. Muitos destes turistas ficam nas
de Monchique. E, a rematar, uma crónica do poeta Casas do Moinho, conjunto de habitações típicas e re-
Nuno Júdice, sobre o Algarve que faz parte dele. cuperadas, situadas ao lado do Moinho de Vento da
vila, que dinamizam o turismo rural na freguesia.
É no Verão, aliás, que muitos dos locais “fazem o
seu pé de meia para o Inverno”, conta Fábio Glória,
1 ODECEIXE, APRIMEIRA Qualoproduto
pescador e bodyboarder, 31 anos, que fornece peixe
a alguns restaurantes da região e com quem a SÁBA-
VILADO ALGARVE algarviodeque DO conversou. Há muito conhecedor de Odeceixe –
maisgosta? “uma vila muito calma”, onde nasceu, cresceu e se
sto é óptimo para famílias. É lindo, muito calmo e O meu ingre- tornou pescador, primeiro a acompanhar o pai, de-
“
I as pessoas são extremamente simpáticas. A foz
do rio, que desagua no mar, é óptima para as
crianças brincarem, para estar em família. Foi tam-
diente favorito
este ano é o ou-
riço-do-mar.
pois sozinho –, Fábio quis seguir a paixão pelo mar:
“Ia com o meu pai e já gostava. Depois acabei os
estudos, o 12º, e ou ia para a faculdade ou seguia a
bém por isso que quisemos vir para cá.” Felix e Encontra-se em pesca…”, conta.
Kathrin, 41 e 40 anos, estão entre os muitos turistas quase todos os
que, de Verão, trocam os países do Norte da Europa mercados locais. Do amendoim à batata-doce
por Portugal. Vindos de Colónia, Alemanha, voltaram O pescador-bodyboarder, que se tornou conhecido
este ano – “pela quarta ou quinta vez” – a passar fé- Hans Neuner, fora da vila por ter ajudado a salvar duas crianças in-
rias em Portugal. Escolheram a primeira vila costeira chef do Ocean, glesas do mar, na praia de Odeceixe, em 2015 (“estava
do Algarve, Odeceixe, que faz fronteira com Odemira duas estrelas cá fora, com um amigo, e vi-as em dificuldades. Fui
e o Alentejo, para trazerem o filho mais novo, ainda Michelin buscar a prancha e os pés de pato e fui auxiliá-las”),
bebé, com quem passeiam depois de almoço, no passa ali os Invernos e os Verões e conhece bem a Q
35
Destaque
h
No Sítio das
Fontes, junto
a Estômbar, os
Q diferença entre as duas estações: “De Inverno Ode- passeios de caia-
ceixe fica muito envelhecida e com muito poucas pes- que são gratuitos
até 25 de Agosto
soas. Já não é a vila de há 20 anos, com negócios pró-
prios. Hoje vive-se do turismo no Verão. E isso tem um
lado bom e um lado mau”, acrescenta.
“De Inverno vive-se muito da agricultura e da pesca,
não há muita gente”, corrobora Raul Gonçalves, dono
do restaurante Dorita, cujo terraço-esplanada fica
mesmo sobre a praia de Odeceixe, por entre as casas
de praia, sobretudo brancas e azuis, muitas com flores
à entrada, e já a alguma distância da vila. Lá, junto ao
mercado, entre o Largo do Povo e a Rua Estrada Na-
cional, vêem-se muitas crianças a brincar, à hora de
almoço. Uma delas canta, ininterruptamente, Cindere-
la de Carlos Paião.
Raul vive ali desde pequeno, altura em que o pai de-
cidiu rumar a Odeceixe para abrir um restaurante, que
já não existe, junto à praia também. E tem boas me-
mórias da região: “Lembro-me de ir ajudar o pai da
minha namorada na apanha do amendoim”, recorda,
sorridente. Um produto outrora “muito conceituado”
na região, hoje mais conhecida por ser a capital da
batata-doce, cuja variedade local (lyra), produzida
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www.sabado.pt
O CHARNECO
Restaurante pequeno, familiar
e sem ementa (o cliente não
escolhe os pratos, só se deli-
cia com eles), o Charneco ser-
ve um dos melhores menus
de degustação do Algarve,
por €25 e composição variá-
vel, consoante a estação.
Fundado pelo patriarca ho-
mónimo, que tem pelas pare-
des desenhos e fotografias
suas ao lado de alguns famo-
sos que por ali passaram (de Rosa Mota a Paulo Portas e a Álvaro
Cunhal) –, o espaço mudou há três anos para as mãos da filha, Mar-
ta, quando o pai sofreu um acidente que o incapacitou.
“Só podia ser eu a assumir, porque cresci aqui: conheço o vende-
dor de peixe, o produtor de tomate…”, explica Marta Charneco, 36
anos. Em Estômbar, Lagoa (a 2 km do Sítio das Fontes), e só ao jan-
tar, é provável que ali encontre patanisca de raia, carapaus alima-
dos ou ovas de choco. No Inverno, chegarão “os enchidos ou o co-
zido de couve”.
nicipal do Sítio das Fontes, um paraíso natural semies- Cenário bem diferente vive-se a oito quilómetros
condido (ver foto acima), que fica a 5 km de Estômbar, dali, em Ferragudo, uma vila do concelho de Lagoa,
concelho de Lagoa, e junta uma paisagem idílica a um onde fica a Única – Adega Cooperativa do Algarve,
ambiente familiar. que tem vindo a reposicionar a região como zona vi-
O cenário é de fim de manhã e vêem-se já muitas Qualo melhor nhateira, ganhando prémios com vinhos como Por-
famílias e grupos de amigos a preparar o almoço – sítio para ches Rosé 2013 e Reserva Lagoa Branco 2013, e que
uns de cerveja e sanduíches na mão, junto às mesas e comprar pão inclui uma galeria artística com mais de 3 mil metros
aos bancos de madeira do parque, outros perto do no Algarve? quadrados, no piso superior da adega, que também
churrasco, disponível para quem preferir um pique- No restaurante, justifica a visita. Além, claro, das mais de 40 praias
nique mais elaborado. Um pouco abaixo, junto a uma temos produção do concelho (entre balneares, naturais e selvagens) e
própria de pão,
pequena lagoa, que parece uma piscina natural, há do Algar de Benagil. Esta imponente gruta está situa-
mas para casa
quem aproveite para dar os últimos mergulhos matu- compramos da numa pequena praia de água azulíssima, em Be-
tinos enquanto outros aproveitam para fazer um pas- sempre na Casa nagil, também no concelho de Lagoa, apenas acessí-
seio, gratuito, de caiaque (até 25 de Agosto, a câmara do Pão, em Faro. vel por barco e com uma vista arrebatadora.
de Lagoa garante o material e os monitores) pela Mal se entra na vila piscatória, os barcos e as muitas
margem do rio Arade, que se cruza com a lagoa. gaivotas, a voar ou a repousar na água, ocupam a pai-
Leonel Pereira,
O espaço amplo, com cerca de 18 hectares, tem aco- sagem. As embarcações turísticas transportam pes-
chef do São
lhido múltiplos acontecimentos, exposições (montadas soas à marina de Portimão, a Silves e às rochas e gru-
Gabriel, uma
num antigo edifício rural ali existente, hoje restaura- estrela Michelin
tas próximas. As pequenas embarcações de pesca re-
do), concertos (há um anfiteatro ao ar livre que aco- gressam a terra depois de uma manhã de trabalho.
lheu, recentemente, um festival de música, o Lagoa Como aconteceu com Paulo Ventura, 27 anos, que,
Jazz Fest) e eventos de actividade física (o espaço in- quase de sardinha na mão, conta que a pesca é “o ne-
clui um percurso com vários pontos para exercícios), gócio que sustém a zona”, onde se apanha muito “sa-
além dos já referidos, e mais mundanos, piqueniques e fio, também salmonetes mas um pouco de tudo” e
excursões de banhistas. que a actividade no Inverno é “para arriscar a vida. O
NO ALGAR mar está sempre revolto, passa-se mais tempo em
“Arriscar a vida” em Ferragudo DE BENAGIL terra do que em mar”.
Enquanto algumas crianças brincam no parque infantil ENCONTRA- Vítor, 56 anos, ainda a mexer no anzol e no peixe
ali existente – sob o cuidado dos pais, que vão toman- -SE UMA DAS apanhado, tem outra ideia: “No Inverno apanha-se
do banhos de sol, sentados ou deitados na relva –, PAISAGENS mais peixe, vende-se é menos. No Verão o peixe vale
ouve-se, a interromper a tranquilidade, um cântico: MAIS o dobro; no Inverno somos roubados”, queixa-se.
“Mão direita, mão direita, é penálti.” Com sotaque al- BONITAS DO Na zona ribeirinha da vila – que, afirma Luís Alber-
garvio, pois claro. ALGARVE to (presidente da junta de freguesia eleito pelo PS Q
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Destaque www.sabado.pt
100% HAPPY
Dizem que são filhas da laranja algarvia e que
foi ela que lhes mudou a vida. Mara Santos e
Miriam Ferreira, 35 e 36 anos, respectivamente,
estavam “com muita vontade de mudar, cansa-
das dos trabalhos”. Formadas em Psicologia e
efectivamente “filhas da laranja” – o pai da pri-
meira é produtor, o da segunda dirige a Coope-
rativa Agrícola de Citricultores do Algarve –, co-
meçaram a desenhar a 100% Happy em 2016.
Idealizaram um quiosque, mas acabaram por
desenhar uma carrinha móvel, onde vendem
os seus sumos de laranja (a €1,50 o copo, de
250 ml) mas também de limão, além de outras
bebidas, como os granizados, os gins e os chás.
Q e a cumprir o terceiro, e último, mandato), tem “sa- g tem medo de andar aí pelo campo.” Antigamente, con-
bido manter as suas tradições”, apostando “na pesca, Fóia é o ponto ta, “as pessoas viviam do campo e da agricultura. De-
mais alto da serra
no turismo e no comércio” como sectores centrais –, de Monchique e pois, para vender, passaram a ter de estar colectadas.
os restaurantes começam a encher, à hora de almo- do Algarve. Fica Iam-se colectar para vender duas sacas de batatas e
ço. Desde logo o A Ria ou o Sueste, onde se come um a 902 metros três quilos de feijão?”, pergunta, retoricamente.
de altitude
óptimo xerém, prato típico algarvio.
Mágoas portuguesas, encantos estrangeiros
3 O CUME DO ALGARVE Há 23 anos que Florenço ali vende produtos – o que
consegue arranjar, a julgar pelo aspecto pouco sofis-
ainda mal amanheceu, é cedo, avistam-se ticado da banca. “Comecei na altura em que tive um
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Watch Planet SA - 21 342 83 08
CONVIDADO
Não sou dos que dizem mal de tudo: o
tempo tem as suas consequências, boas e
más, e muito se aprendeu com o mau para
restituir qualidade à vida que continua. O
que não muda, porém, é a natureza e a
paisagem deste Barlavento; e quanto mais
se avança para oeste, ou se sobe para o in-
terior, mais o intocado nos surge
Este é
o Algarve
que faz parte
de mim
O Barlavento estende-se de Albu- menor gosto, sobre antigos casais Lagos que é, com Silves, uma das
feira a Sagres, passando pela mi- do tempo em que havia agricultura mais bem preservadas cidades do
nha cidade, que é Portimão. Era aí e quinteiros. Barlavento, embora quase só se
que eu ia, nas férias de Lisboa dos ouça falar estrangeiro nas suas
anos 60, ver cinema, jogar bilhar e Duas direcções se podem tomar: ruas, lojas e restaurantes, até Sa-
esperar pelos jornais da manhã a que sobe até Monchique, poden- gres. Mas não podemos ir sem pa-
que só chegavam no comboio da do seguir-se a estrada que vai da rar em Vila do Bispo com um te-
tarde, trazendo as inaugurações do Penina até à Senhora do Verde, souro barroco nos azulejos da
venerando. O mundo é outro, hoje, passando pelos túmulos pré-histó- igreja quase sempre fechada e, de-
e o turismo transformou muita coi- ricos de Alcalar, hoje bem recupe- pois do almoço na Pensão Correia,
sa, a começar pelo mercado que rados, mas onde ainda entrei ras- apanhar a estrada para o Castelejo.
deixou de ser um belo edifício da tejando até ao interior. Eram aven- A paisagem faz-nos sair deste
arquitectura regional do século XX turas que se faziam a partir da Me- mundo, como se uma natureza
para se deslocar para um novo lo- xilhoeira Grande, onde mantenho que tenta resistir ao vento nos im-
cal, mas onde se continua a sentir a casa do meu bisavô, construída pedisse de avançar. Ali havia fi-
a vida do campo e da pesca nas em 1902. A partir da Senhora do gueiras quase deitadas, com os
bancas de fruta e legumes e no es- Verde, onde havia uma capela ar- troncos dobrados pela força das
paço do peixe e dos mariscos, a ver ruinada da época manuelina, nortadas; hoje é uma vegetação
de terça a sábado, quando chegam abre-se uma estrada por vezes ín- rasteira, e arbustos que mal saem
frescos dos barcos ou da pesca ar- greme, levando aos Casais e daí às do chão. Antes do Castelejo, com
tesanal. Não sou dos que dizem Caldas e a Monchique. São terras as suas falésias e pedras de ardósia
mal de tudo: o tempo tem as suas que a interioridade conservou, a evocar o princípio do mundo,
consequências, boas e más, e mui- cruzando a arquitectura algarvia podemos virar por uma estrada de
to se aprendeu com o mau para de muros de cal e platibandas terra até atingir um miradouro so-
restituir qualidade à vida que con- mouriscas com vivendas que lem- bre longas extensões de areia e ro-
tinua. O que não muda, porém, é a bram chalés suíços, aparentemen- chedos quase virgens, ao longo de
natureza e a paisagem deste Barla- te contrários à imagem de um Al- um oceano que nos desafia com a
vento; e quanto mais se avança garve quente: mas o Inverno des- imponência de ondas que atraem
para oeste, ou se sobe para o inte- ses tempos em que se procurava os surfistas e os apanhadores de
O rior, mais o intocado nos surge, cura nas águas vulcânicas das Cal- percebes: os primeiros resistem à
Poeta apesar dos indispensáveis parques das era bem frio, o que explica água, os outros vão caindo, de vez
Nuno Júdice eólicos e das residências de foras- essa importação arquitectónica; a em quando, e nem a memória se
teiros construídas, com maior ou outra direcção é que nos leva de lhes aproveita, mas talvez fosse
40
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www.sabado.pt
PUB
j
Meia Praia,
Lagos
41
Destaque
SEGREDOS DO SOTA
Com epicentro em Santa Luzia, uma deambulação pela ria, numa zona a que investidores
também como “o segredo mais bem guardado” da região. Ainda que no auge do Verão já se
H
á luz e sol com fartura e o sino da
igreja paroquial, que honra a sicilia- Na época alta, a
travessia de Santa
na Santa Luzia, protectora dos doen- Luzia para a Terra
tes dos olhos, anuncia as 10 horas. Estreita faz-se de
Sibila um motociclo eléctrico e sen- 15 em 15 minutos
te-se uma fresca brandura na espla-
nada sombreada do Café da Vila que
lhe fica na lateral. O lugar de estacionamento para a viatu-
ra do pároco é o único que permanece vago. A mais pe-
quena e recente freguesia do concelho de Tavira tem
1.400 residentes, mas no Verão a população duplica. (O Umbar para
beber umcopo
povo será agradecido e fará uma festa que a todos con-
ao fimdo dia?
tentará – haverá o pau de sebo, e os moços depois ati- O Mezzanine –
ram-se à ria para apanhar leitões que nadam.) Bar & Vinoteca,
Fala-se muito de estrangeiros e da sua incessante procu- em Faro. Ópti-
ra de casas – e, em surdina, sobre o valor a cobrar. No mas tapas, uma
Café da Vila, há sorrisos holandeses, franceses, ingleses, boa selecção de
simpáticos, na maioria jovens casais que chegam com um vinhos, e fica
bebé no carrinho. Já andaram pelas ruas frescas, já se mis- num prédio
turaram com os locais, compraram fruta e água no mini- com mais de
mercado. Sem montras para distrair a atenção, aprecia- 200 anos.
ram as portas de reixas, mas torceram o nariz às novas
“arquitecturas”. Eumbombar
de praia?
Neste dia está quente e faz sueste, há Levante no Sota-
O Havana, na
vento (para onde sopra o vento), fenómeno meteorológico Praia de Faro.
vulgar no Algarve, que pode ocorrer uma ou duas vezes
por mês, razão pela qual os pescadores não têm ido ao Depois de uma
mar – o que significa menos dinheiro para o orçamento saídaànoite,
familiar. A sirene da lota voltou a não tocar. O polvo é a onde se pode ir
alma da terra e o povo de Santa Luzia diz, apropriada- comer qual-
mente, que é a sua “capital”. A população que está ligada à quer coisa?
faina compensa-o, nos meses de Verão, com o aluguer de A Padaria Lisbo-
casas aos turistas. É uma necessidade. Para outros, sem li- nense (Faro) é
gação à terra, tem sido um investimento. Um imóvel à um clássico que
venda muda de dono rapidamente e as agências imobiliá- nunca falha. Óp-
rias mexem. Tanto que na festa de Agosto até marcam timo sítio para
comer uma fatia
presença com standes de promoção. O valor de um T2
de pizza ou um
novo oscilará entre os 200 e os 250 mil euros. pão com chouri-
“Não tenho medo de descaracterização de Santa Luzia, ço acabado de
pois a pesca nunca se perderá e o turismo faz falta. Neste fazer.
momento, andamos pelos 50/50, mas não perderemos a
pesca, que é a alma e a história desta terra, temos 40 em- Diogo Piçarra,
barcações e não podemos voltar ao tempo dos subsídios músico e cantor
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+ 30 ARTISTAS
S 11 HORA
HO
HORAS DE MÚSICA 4 PALCOS
PRAÇA SURF CU
PRAÇ CULTURA URBANA
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AVENTO
e agentes turísticos se referem como “sem brilho”, mas
exija alguma paciência. PorCarlos Filipe (texto)eMarisa Cardoso (fotos)
AGOSTO
A
AG
GOSTO
O
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0 QUINTA-FEIRA
QUINTA-FEIRA
PARCEIROS INSTITUCIONAIS
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Destaque
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e do Algarve, e diante da esplanada do único cocktail que ainda recentemente considerou o Sotavento algar-
bar, o Meia Pipa, gerido desde 1985 por Álvaro Reguei- vio como uma região “sem brilho”, mas com “mais va-
ra. Outra instituição. Há música ao vivo e ecrã gigante lor para investimento”.
para as soirées de desporto. O Vincent só abre para jan- O jornal cor-de-rosa referiu a prática do golfe na re-
Nasua
tar tal como o spot dos ingleses (Canto Azul), porventura gião mais calma e rural do Algarve como atractivo extra
opinião, qualé
com a localização mais aprazível da terra, diante da ria o melhor sítio para o potencial investidor, que poderá encontrar resi-
e num primeiro andar em açoteia. paracomer dências nas redondezas a partir de 250 mil euros. No
Carine e Gilbert não frequentam os muitos restauran- umatípica concelho de Tavira existe um campo (Benamor, em Ca-
tes de Santa Luzia. Autocaravanistas que são, de longa cataplana banas), mas há outros cinco não muito distantes: Quinta
data, fazem o jantar no fogão do veículo. Ambos fran- algarvia? da Ria, Quinta de Cima, Monte Rei (Vila Nova de Cacela)
ceses e reformados, há anos que conhecem o local, in- Na Eira do Mel, e Castro Marim Golf & Country Club e Quinta do Vale
dicado por outro companheiro de estrada. Antes do em Vila do Bis- (Castro Marim).
Verão parqueavam sempre diante da ria junto ao al- po… com batata-
deamento Pedras d’El Rei e ali ficavam uma semana. -doce, uma Dormirna escola,subiraocerro,moldarobarro
“Um dia chegámos e era um estacionamento interdito delícia! Andreia é educadora de infância, Jorge é estudante de
a caravanas”, diz ele, lamentando a ausência de par- Engenharia Civil na Universidade do Algarve, são ainda
ques apropriados no Algarve. Daí terem ocupado um Dieter Koschina, muito jovens mas suficientemente maduros para sabe-
lugar, informal, à saída da vila, ao lado de outros cara- chef do Vila Joya, rem como andar na crista da vaga de turismo. Recolhe-
vanistas, quase todos franceses. “O que importa é que duas estrelas ram fundos familiares, pegaram em poupanças, procu-
gostamos disto. Há sítios de luxo no Algarve, mas tam- Michelin raram o resto no banco compraram uma antiga escola
bém muita ostentação e vaidade. Aqui, tudo é simples primária (inaugurada em 1961, obra do Estado Novo).
e calmo. E tem as aves da ria”, diz Carine, viajante ex- Mantiveram grande parte da estrutura, a placa com o
perimentada e birdwatcher. Carine certamente não foi ano e o suporte do pau da bandeira e adaptaram o edi-
beber às expressões utilizadas pelo Financial Times, fício com arquitectura discreta e térrea. Perto de Si- Q
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Destaque www.sabado.pt
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CONVIDADO
Quando chega o calor logo desperta o odor
áspero-enebriantedaestevaeporaquidiz-se
que, finalmente, estáo Verão instalado. Não é
o calendário que define a estação. É o cheiro
daesteva
Bolos na
serra e
mouros
na costa
STILLS
Há quem vá do mar que o petisco da doçaria tradicional do Algarve. lante. Muito me deu uma vontade de
pode ser uma “iguaria que se serve Bolos de amêndoa, de alfarroba, de perguntar à senhora imaculadamen-
antes do prato principal de uma re- figo, bolos do que a terra dá fizeram te fardada que me vendeu meia dú-
feição; acepipe, aperitivo” – o que o do Azinhal um local de peregrinação zia de churros se a família Napier era
aproxima daquilo a que a “nova cozi- para desmandos de açúcar. Não dei- porventura descendente do almiran-
nha” chama amuse-bouche, ou seja, xa de ser incrível como um cafezinho te Napier, o mercenário inglês que se
pequenas porções de comida geral- num lugar perdido nos confins da pôs do lado da causa liberal contri-
mente não pedida pelos comensais, barragem de Odeleite consegue ser buindo para o retumbante êxito que
mas que dão uma ideia do mundo um marco gastronómico e um su- foi o desembarque na praia de Cace-
em que estamos: o da invenção culi- cesso de público e de crítica há qua- la do duque da Terceira à frente de
nária em que é necessária uma lupa se 30 anos. No último fim-de-sema- um contingente de 2.500 homens
para nos sentarmos à mesa. na do mês que passou, o Azinhal no dia 24 de Junho de 1833. Mas
Há quem vá do mar à serra só para montou a sua feira anual, Terra de achei por bem não perguntar e foi
comer bolos no Azinhal. Só e não só, Maio, e a aldeia veio para a rua co- melhor assim.
convenhamos, porque o passeio é mer e beber, bailar até às tantas e
bonito e a estrada é boa. Os 30 quiló- vender de tudo um pouco. E, tam- Numamanhãdestas, um forasteiro
metros do IC 27, que liga Castro Ma- bém, ensinar diligentemente aos fo- vindo do Norte da Europa fotografa-
rim a Alcoutim, fazem-se num virote rasteiros as maravilhas do “produto” va cerimoniosamente a placa da Rua
cruzando aquela mancha ondulante animal mais único e mais amado da Abû Al-Abdarî em Cacela Velha. Rua
de cerros paralelos à linha da costa, a região, a lindíssima cabra algarvia. O Abû Al-Abdarî, poeta do século XI
paisagem única do barrocal algarvio. queijo está visto que nunca falta na nascido em Cacela, é basicamente o
Quando chega o calor logo desperta Terra de Maio. Aliás, nada lhe falta. que lá está escrito contra um esplen-
o odor áspero-enebriante da esteva Nem sequer uma carripana a vender doroso fundo de cal. Feita a fotogra-
e por aqui diz-se que, finalmente, farturas à porta do recinto da festa. À fia o homem juntou-se à mulher que
está o Verão instalado. Não é o ca- hora que lá passei não estavam com o aguardava na esplanada do café da
lendário que define a estação. É o muita saída, o que não admira por- Isabel, sentaram-se a uma mesa,
cheiro da esteva. O Azinhal é uma al- que ainda era cedo para tudo, espe- pediram sumos de laranja que não
deia na serra. Tem igreja matriz, tem cialmente para fritos. FAMÍLIA NA- demoraram a chegar. Mas demorou
casa do povo, tem escola de acor- PIER, podia-se ler em letras bem de- algum tempo até que os forasteiros
O deão, tem centro hospitalar (de cui- senhadas, no topo da carripana. Tra- se interessassem minimamente pe-
Jornalista dados continuados) e tem A Prova, ta-se de uma empresa familiar que los sumos de laranja que encomen-
Leonor uma pastelaria que desde 1991 impôs percorre todas as festas e arraiais do daram tendo em conta que nem
Pinhão o Azinhal como lugar de referência Sotavento com o seu negócio ambu- um nem outro tiravam os olhos do Q
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Coca-Cola, Coca-Cola Zero, Coca-Cola Light e a garrafa contour são marcas registadas de The Coca-Cola Company
Produzida e apreciada
em Portugal desde 1977.
A Coca-Cola em Portugal contribui para a criação de mais de 5 mil postos de trabalho diretos e indiretos
e participa ativamente na cultura e junto da comunidade.
As nossas bebidas não só fazem parte do dia-a-dia dos portugueses há décadas como também criam
valor local: 90% destas bebidas são produzidas na nossa fábrica, localizada em Setúbal.
www.cocacolaportugal.pt
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Opinião www.sabado.pt
Q visor da máquina onde, diligente- mente a esplanada porque era a risco de colapso levando na sua ruí-
mente, o fotógrafo fazia desfilar para hora do mata-bicho. na a extensão final da Ria Formosa
a sua cara-metade o rol de imagens Entre 1998 e 2007, foram realiza- que hoje tem o seu termo na Manta
de uma manhã de feitios arabizados das escavações arqueológicas que Rota mas que num passado não
no Sul da Ibéria. trouxeram à luz do dia estruturas muito distante se prolongaria até
Notando o interesse que eu via no habitacionais de uma antiga e es- Huelva em plena orla andaluza.
interesse deles, a mulher perguntou- plendorosa Cacela islâmica. O que “A reabilitação do cordão dunar é
-me sem rodeios: hoje é uma aldeia com meia dúzia fulcral para a preservação dos domí-
– Não têm medo? de habitantes foi, há mais de mil nios da Ria Formosa tal como a Natu-
– Medo de quê? anos, um importante centro da ocu- reza a impôs ao longo de séculos no
E, apontando para a placa toponí- pação árabe no Al-Gharb andaluz, quadro natural da costa marítima”,
mica de homenagem ao poeta Abû tal como já tinha sido da ocupação diz-nos Teresa Patrício que foi fun-
Al-Abdarî, explicou-se melhor: romana. Cacela foi tomada pela co- dadora da ADRIP-Associação de De-
– Dos árabes. Não têm medo de roa portuguesa em 1240, foi perdida fesa, Reabilitação, Investigação e
que tentem voltar? É que estão tão e depois recuperada por Paio Peres Promoção do Património Natural e
perto… – e, dito isto, apontou com Correia em 1242 e, em 1283, recebeu Cultural de Cacela. Assim, actual-
veemência para o outro lado do mar. foral do Rei D. Dinis outorgando a mente, a ameaça maior a Cacela não
Era uma sueca bem aprumada que todos os seus habitantes e comer- vem dos “mouros na costa”, como te-
trabalhara na organização Médicos ciantes as mesmas regalias concedi- mia a nossa simpática turista sueca
Sem Fronteiras, disse-me depois. das à cidade de Lisboa. Cacela foi sugestionada pelos traços arabizados
Parecia uma mulher do vasto mun- brutalmente danificada pelo terra- da aldeia e pela conjuntura global,
do, sem falhas na educação e sabe- moto de 1755 e, em ruínas, perderia mas da acção destruidora da mão do
dora de muitos assuntos ponderosos todos os seus poderes e regalias homem moderno portucalense. Em
porém, naquela precisa manhã, pos- para Vila Real de Santo António, 2003, a abertura de uma barra artifi-
ta pelas circunstâncias num lugar acabada de construir pelo Marquês cial em frente ao forte de Castela “de-
exótico da “pobre e desgraçada” Eu- de Pombal segundo o modelo revo- cidida sem estudos de impacto e sem
ropa viu-se tomada de medo de que lucionário que viria a inspirar a pos- jurisdição que a suportasse” não só
os “árabes” desembarcassem ali em terior edificação da nova cidade de matou a maior parte dos viveiros de
baixo na Ria Formosa e reclamas- Lisboa. ostras como transformou lamenta-
sem o que já fora seu. velmente aquilo que era uma sólida
– Não tenha medo, os árabes so- No seu primeiro século já como língua de areia escorada num exten-
mos nós… – respondi-lhe cheia de parte integrante do território portu- so cordão de dunas num inóspito
uma boa vontade pró-turística que guês, Cacela foi inúmeras vezes ata- areal imenso que, na maré baixa, se
a divertiu sobretudo quando, cada por mar por “piratas” vindos atravessa pacatamente caminhando
olhando pela primeira vez em re- do Norte de África, certamente in- sobre o leito da ria que, neste estado,
dor, teve finalmente o ensejo de ob- consoláveis com a sua perda. No seu se apresenta extraordinariamente
servar cara a cara a tipologia domi- poema A Conquista de Cacela, Sofia convidativo para “um turismo de
nante dos homens nativos que, na- de Mello Breyner (1919-2004) diz- massas com o seu imparável cortejo
quele momento, enchiam ruidosa- nos que, ao contrário de outras de agressões ambientais”, prossegue
“praças-fortes” e “cidades do mar” Teresa Patrício.
que foram conquistadas pelo seu Defronte a Cacela, a Ria está hoje
poder e pela sua “riqueza”, Cacela entregue aos cuidados de uns quan-
“foi desejada só pela beleza”. Opi- tos indefectíveis seus defensores
nião bem diferente teve da paisa- que, sazonalmente, se organizam
gem da Ria Formosa o jornalista e romanticamente para recolher ma-
escritor Raul Proença (1884-1941) nualmente o lixo que os seus visi-
quando a visitou nos anos 20 do sé- tantes deixam a céu aberto e sem
culo passado: “Oferecem muito pinga de remorsos. Cacela transfor-
pouco interesse as praias do Sota- mou-se num êxito de multidões,
vento, separadas do mar por uma num tema apelativo para as revistas
cortina de ilhas arenosas e banha- especializadas em lazer e em via-
das por uma água azul-cobalto a gens exóticas e num ponto turístico
que falta o rebentar das ondas e o excitante para os seus autarcas. Mas,
babujar da espuma.” A “cortina” na realidade, Cacela e a sua Ria For-
monótona a que Proença se referia, mosa olham com pavor não para os
com algum desdém, na sua obra berberes do outro lado do mar, mas
Guia de Portugal publicada em 1927 para mais um Verão que se apresta a
pela Imprensa Nacional, está nesta chegar trazendo consigo as suas
STILLS
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Portugal 27 JULHO 2017
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AMARIONETA
go administrador e presidente da Co-
missão Executiva da Portugal Telecom
(PT), SGPS, estava notificado para ser
interrogado como arguido no âmbito
da Operação Marquês. A data anuncia-
da pelo MP não deixava margem para
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Portugal
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27 JULHO 2017
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PRODUTOS
OS É À CONFIANÇA
CONTINENTE
TE
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Portugal
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UM MUNDO DE ESPETÁCULOS 27 JULHO 2017
A PENSAR EM SI!
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M/6 M/6
“O eng.º Sócrates, a
mim, nunca me
transmitiu nada.
Nada! Porque eu
não falava com o 17 AGOSTO
eng.º Sócrates.” COLISEU LISBOA
BENHARPER.COM
DURANTE O INTERROGATÓRIO,
ZEINAL BAVA DISSE QUE
M/6
O INTERLOCUTOR DO PRIMEIRO-MINISTRO
NA PT ERA HENRIQUE GRANADEIRO
pagas y?’”
Como Bava regressou por breves
instantes à conversa, isso foi aprovei-
tado pelos investigadores para cana-
lizarem as perguntas para o gestor.
“O dinheiro que tinha de devolver
não eram 18 milhões, o dinheiro que
tinha de devolver eram 24 milhões”,
afirmou o procurador Filipe Costa. O
advogado de Bava insistiu nos 18 mi-
lhões, mas o magistrado de Coimbra M/6 M/6
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um accionista, desculpe lá! São os o conteúdo da conversa com o pri- se tinha tido outras reuniões com
accionistas (…) A partir daí cai o Car- meiro-ministro. “(…) o tema é o se- Sócrates, algumas semanais e uma
mo e a Trindade. Como é que a gente guinte… o tema… o tema… o tema da delas na casa do líder do Governo:
vai tratar deste assunto? A Telefónica conversa com o sr. primeiro-ministro “E só houve essa reunião em S.
dá-nos 15 dias…” foi dizer como é que estavam as coi- Bento? Não houve outra em que te-
A conversa sobre o tema prometia ZEINAL BAVA sas e agora ‘tou-lhe a falar de memó- nha ido a casa do engº José Sócra-
alongar-se, mas Rosário Teixeira SALIENTOU ria. Ah… quer dizer, os espanhóis ti- tes?”, perguntou Rosário Teixeira.
estava mais interessado em voltar à AOS PROCU- nham de pagar mais…”, disse por fim “Jamais”, respondeu Bava e garan-
questão da golden share e a uma RADORES Bava com Rosário Teixeira a insistir tiu que nem sequer sabia exacta-
eventual reunião que o gestor teria QUE NÃO SE se Sócrates teria realmente insistido mente onde morava Sócrates e que
tido com o Governo e José Sócrates. ARREPENDE num aumento do preço da venda da nem tivera “grande intervenção” no
Bava pareceu protelar a resposta, DE NADA DO Vivo e na eventual sugestão da com- encontro em S. Bento.
disse que não, antes da golden share QUE FEZ pra da Oi. “O engº Sócrates, a mim, O inspector Paulo Silva impacien-
de 2010, não. O procurador insistiu e NA PT nunca me transmitiu nada. Nada! tou-se – “Ó sr. dr…” Muitos minutos
quis saber se teria estado logo depois. Porque eu não falava com o engº Só- depois, Bava concluiu o testemunho:
E Bava confirmou que tinha ido com crates”, disse Bava. “(...) mas queria deixar claro que, em
Henrique Granadeiro ao Palácio de S. NO FIM DO Durante longos minutos, os inves- relação a tudo que a gente falou so-
Bento, para uma reunião com Sócra- INTERROGA- tigadores não se deram por satisfei- bre decisões da OPA, na venda da
tes e o ministro Pedro Silva Pereira. TÓRIO, FOI tos com as respostas e ficaram im- Vivo, no reajustamento da Vivo, etc,
“O que é que se passou , então, nessa DITO A BAVA pacientes quando julgaram que o em nada, em nada eu faria diferente
reunião?”, perguntou o procurador. QUE AINDA gestor era pouco ou nada claro. A do que aquilo que fiz. OK? Em nada.”
As explicações do gestor foram PODERÁ SER mesma pergunta, com variações, Rosário Teixeira fechou a sessão
confusas, quase atabalhoadas, com NOVAMENTE sucedeu-se: “Qual foi o objectivo da anunciando que era provável que
os dois inspectores tributários e os CHAMADO reunião com o primeiro-ministro…” Bava fosse de novo interrogado.
três procuradores a insistirem sobre AO MP Bava chegou até a ser questionado “Para continuarmos”, concluiu. W
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Noronha
da Costa
modos
do olhar
CENTRO
CULTURAL
DE CASCAIS
15 DE JULHO A
10 DE SETEMBRO ‘17
Apoio: Organização:
LUSA
Revita prevê que a concessão do
apoio careça da apresentação de
PEDRÓGÃO GRANDE. UM MÊS APÓS OS FOGOS um requerimento num formulário
próprio devidamente preenchido e
É zem: porque é que o dinhei- Segundo Rui lhões para reabilitação, isto é, para radas, bem como aquelas que se-
Fiolhais, 185
ro para a reconstrução e casas de primeira intervenções mais simples. Porém, jam consideradas indispensáveis à
reabilitação tarda a chegar a residência foram ainda existe uma diferença subs- subsistência das famílias, como al-
Pedrógão Grande, Castanheira de atingidas pelas tancial entre os valores dos donati- faias agrícolas. O presidente da
chamas
Pêra e Figueiró dos Vinhos, os con- vos anunciados publicamente por UMP, Manuel Lemos, explica à SÁ-
celhos mais afectados pelo incêndio várias instituições e os que entra- BADO a metodologia de interven-
de 17 de Junho? A resposta é um ram nas contas do Revita e dos ção adoptada: “Combinámos que
misto de burocracia, incumprimento parceiros, como a União das Mise- nós e a Gulbenkian fazíamos as
de promessas e falta de vontade. ricórdias Portuguesas (UMP) e a pequenas e médias intervenções e
O Instituto da Habitação e da Rea- Fundação Calouste Gulbenkian. o Revita fazia as grandes.”
bilitação Urbana (IHRU) e a Comis- Veja-se o caso do fundo público. O processo, sustenta, torna-se
são de Coordenação e Desenvolvi- “Temos uma conta aberta com 1 mais simples: agiliza-se a parte bu-
mento Regional (CCDR) do Centro O REVITA milhão em depósitos. Mas a minha rocrática e o pagamento. Basta, re-
concluíram o levantamento das ha- TEM NESTE expectativa é que ultrapassem os fere, “que a factura-recibo seja
bitações atingidas, mas muitas vão MOMENTO 4 milhões nas próximas duas se- emitida em nome da União”. “A
ter de esperar que donativos avul- 1 MILHÃO DE manas”, adianta Rui Fiolhais, sem nossa fiscalização [a consultora
tados cheguem ao fundo criado EUROS PARA detalhar as entidades que envia- Galbilec] diz ‘sim, senhor’ e paga-
pelo Governo, o Revita. E não só. APLICAR NAS ram verbas nem os prazos para mos de imediato”, indica Lemos,
O presidente do Revita, Rui Fio- CASAS ATIN- que a ajuda esteja no terreno. que nota ainda que as 24 habita-
lhais, esclarece que serão necessá- GIDAS PE- No entanto, a SÁBADO apurou ções – das 209 inventariadas pelo
rios 8 milhões de euros para obras LOS FOGOS que ainda está por chegar o dinhei- IHRU e pela CCDR Centro – atingi-
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Portugal
Q
uando João Fonseca ater-
rou no aeroporto de Min-
neapolis, nos Estados Uni-
dos, a 26 de Março de
2016, não estranhou ser chamado
para uma entrevista adicional. Como
não viajava sozinho, pediu aos agen-
tes que estavam à sua frente para o
funcionário com quem viajava, S.R.,
se juntar à conversa. Eles não se
opuseram. Queriam deixá-lo des-
contraído para responder a pergun-
tas aparentemente banais: o que es-
tava a fazer nos EUA, o que fazia ou
por que países tinha viajado.
O português disse ser engenheiro
electromecânico e trabalhar como
consultor para a Firstfield – Enge-
nharia e Sistemas de Segurança, de
cujo dono, Paulo Vicente, era amigo.
Estava ali para testar uma máquina
de “meio milhão de dólares” produ-
zida pela Ideal Aerosmith, uma firma
do Dakota do Norte, que podia ser
usada em aviões, mas que eles iam
usar para fabricar uma câmara com
lentes múltiplas. g terá sido através dessa busca elec-
Perante essa resposta, o agente O português foi trónica que as autoridades recolhe-
preso em Abril Várias empresas
lembrou-o que os EUA têm em vigor de 2016 por Das quatro firmas de João ram provas para acusar o engenhei-
embargos que impedem que esse conspirar para
Fonseca, só uma está activa ro português – mencionando outros
tipo de material chegue a países enviar tecnologia cúmplices –, de conspirar para ex-
dos EUA para
como a Síria, Sudão ou o Irão. João o Irão O engenheiro preso nos portar tecnologia para o Irão. Essas
Fonseca disse que compreendia. Tal EUA tem quatro empresas. provas serviram de base à detenção
como garantiu não ter viajado nos Uma está insolvente, outra de João Fonseca, a 3 de Abril de
cinco anos anteriores para os mes- extinta e uma terceira inactiva. 2016, e levaram-no, a 17 de Julho
mos países – o que o impediria de A única que ainda funciona, passado, a assinar um acordo em
entrar nos EUA sem um visto. a Tratoscope, tem sede em que confessou os factos e aceitou
No fim, João Fonseca entrou nos ENQUANTO Condeixa-a-Nova e uma uma pena de 20 meses e deportação
EUA. Não fazia ideia, mas há meses CONVERSA- sócia que a SÁBADO não para Portugal. A 7 de Setembro sa-
que os seus passos eram seguidos VA, O COM- conseguiu contactar. berá se o juiz ratifica o acordo.
pelo agente especial Robert Pinches. PUTADOR DE Em 2016 teve resultados A SÁBADO tentou contactar o ad-
Nem que, enquanto conversavam, o JOÃO FONSE- líquidos negativos vogado americano de João Fonseca,
seu computador e telemóvel esta- CA FOI VAS- de 13.500 euros. mas não obteve resposta até ao fe-
vam a ser vasculhados. CULHADO cho desta edição.
De acordo com os documentos ju- PELAS AUTO- Segundo a documentação judicial
diciais a que a SÁBADO teve acesso, RIDADES americana, para contornar o em-
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PORTUGAL
país do Médio Oriente. Por NunoTiagoPinto
Treinocom câmarasocultas
A informação encontrada no com-
putador pessoal de João Fonseca
serviu para o Departamento de Se-
gurança Interna concluir que, através
deste plano, ainda em 2014, a em-
presa portuguesa concordou em ad-
quirir material de alta tecnologia que
terá sido enviado através da China
ou da Turquia para uma empresa
iraniana, com sede em Isfahan, iden-
tificada apenas por KSP. João Fonse-
ca tinha uma missão essencial: rece-
bia formação no fabricante para
usar, instalar e calibrar as máquinas
e depois instalava-as no Irão e dava
formação aos utilizadores finais.
A primeira operação terá envolvido
a compra de cinco máquinas. As
duas primeiras, destinadas a produ-
zir lentes de alta tecnologia, foram
adquiridas à firma alemã Optotech. E
entre 15 e 19 de Junho de 2014 João
Fonseca esteve em Isfahan a instalar
os aparelhos. No seu email foram
encontradas a carta convite para ob-
ter um visto junto da embaixada ira-
niana em Lisboa, bem como os bi-
lhetes de avião para o Irão.
A terceira máquina foi adquirida à
PARA CON- empresa de tecnologia de ultrapreci-
TORNAR O são, Taylor Hobson. Ao contrário do
EMBARGO que sucedeu anteriormente, os en-
PARA O IRÃO, genheiros americanos instalaram o
AS EMPRE- aparelho no armazém da Firstfield e
SAS TENTAM deram a formação em Portugal. No
EXPORTAR entanto, segundo os documentos
PARA PAÍSES judiciais, a empresa portuguesa, a
TERCEIROS pedido da iraniana, instalou câma- Q
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Portugal www.sabado.pt
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PT Empresas, uma marca do grupo
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Segredos da CIA
sss
A SÁBADO publica o último de três artigos com revelações de Portugal Visto pela CIA, do jornalista Luís Naves.
O livro, que a Bertrand editará em Setembro, revela documentos inéditos sobre a actividade dos espiões
americanos em Portugal. Os relatórios da agência dedicados à revolução e ao Verão Quente sugerem que
esta falhou em momentos cruciais, provavelmente em consequência da pior crise da sua história
ACIAE
AREVOLUÇÃO
Os políticos americanos dividiram-se sobre o que fazer em
1975: no ano anterior, tinham abandonado Spínola, no auge
do Verão Quente esperavam uma guerra civil. Por LuísNaves
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Portugal
Q cio de uma guerra civil capaz de PARA A CIA, exigia que fosse respeitada a Assem-
alastrar a Espanha. A administração A SUBSTITUI- bleia Constituinte, que resultara das
Ford estava dividida em relação ao ÇÃO DE VAS- primeiras eleições livres, em Abril de
que fazer: o secretário de Estado CO GONÇAL- 1975, e que os comunistas preten-
Henry Kissinger (que durante algum VES POR diam substituir por assembleias po-
tempo teve imenso poder) defendia PINHEIRO pulares, ao estilo dos sovietes que ti-
a tese da vacina, que implicava o DE AZEVEDO nham sufocado a primeira república
isolamento de Portugal, enquanto o ERA MAIS UM russa. A analogia, aliás, não escapara
embaixador em Lisboa, Frank Car- PASSO PARA a Henry Kissinger, que considerava
lucci, subordinado de Kissinger, A GUERRA Mário Soares o equivalente portu-
apostava no apoio às forças mode- CIVIL guês de Alexander Kerensky (chefe
radas. Carlucci acabou por vencer o de governo derrubado pelos bolche-
debate, provavelmente com ajuda viques em Novembro de 1917). Muito
da CIA, como parece sugerir o con- em resumo, o memorando de 29 de
teúdo de um extraordinário memo- Agosto contava que o embaixador
rando da agência de espionagem, Carlucci tivera contactos regulares
datado de 29 de Agosto de 1975, com os moderados e que alguém
Portugal: A Step Closerto Civil War, nesse grupo, cujo nome não era re-
assinado pelo tenente-general Ver- ferido, teria garantido que os demo-
non Walters, que fora enviado a cratas estavam dispostos a avançar
Portugal para observar o que se pas- sobre Lisboa e a “empurrar os co-
sava. Referindo-se à substituição do munistas para o mar”, frase que no
primeiro-ministro-general Vasco documento aparecia entre aspas, dos oficiais moderados “afirma ter o
Gonçalves pelo almirante Pinheiro tendo pois sido pronunciada por al- apoio do general Carvalho, chefe
de Azevedo, o então director em guém ligado aos moderados do MFA das forças de segurança interna”. A
exercício da CIA considerava que e que os americanos consideravam referência só pode ser a Otelo Sarai-
Portugal acabara de dar um passo uma fonte credível. va de Carvalho, na altura um dos
adicional na direcção de uma guerra É Otelo? Existia outro grande mistério neste membros do triunvirato de generais
civil, mas considerava que era possí- Um memoran- memorando, o ponto 3, onde se di- que dominava a política portuguesa
vel gerir a situação: “A facção [mili- do de Agosto zia, preto no branco, que o grupo (formado pelo Presidente Costa Go-
tar] anticomunista de Melo Antunes de 1975 referia mes, por Vasco Gonçalves e o pró-
terá agora de decidir se derruba a que os oficiais prio Otelo). No fim de Agosto, Otelo
nova situação, como anteriormente moderados i estava à frente do Comando Opera-
disse que ia fazer, ou se perde a tinham o apoio Descrença cional do Continente (Copcon) e era
oportunidade de mudar a direcção do “general 1975 considerado um dos oficiais mais ra-
para que o País se encaminha.” Carvalho”, consi- O embaixador Carlucci com Soares: dicais do MFA. O facto é que a radi-
Vasco Gonçalves fora elevado a derado um dos Henry Kissinger equiparava-o a Ke- calização continuou por mais três
chefe do Estado-Maior e estava mais radicais rensky, o chefe de governo derruba- meses, até 25 de Novembro, quando
agora em condições de afastar to- do pelos bolcheviques em 1917 ocorreu uma movimentação militar
dos os oficiais que se opunham à
radicalização, mas isso não era ine-
vitável, apesar de Walters ter ava-
liado mal a posição do almirante
que chefiava o governo, apontado
no relatório como provavelmente
próximo dos radicais, mas que se
revelou democrata.
O memorando da CIA enunciava
uma recomendação geral de apoio
aos oficiais anticomunistas do MFA, “OS DEMO-
que semanas antes tinham feito um CRATAS ES-
ultimato à facção radical do movi- TÃO DISPO-
mento das forças armadas. Os mo- NÍVEIS PARA
derados teriam apoio de unidades ‘EMPURRAR
militares no Centro e no Norte do OS COMU-
País e queriam que a revolução se NISTAS PARA
JORGE PAULA/CM
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Mundo
VINGANÇA,
IMPUNIDADE
E CORRUPÇÃO
EM MOSSUL
Na segunda maior cidade iraquiana, as leis da guerra não
estarão a ser cumpridas: supostos jihadistas são atirados de
prédios ou executados por soldados iraquianos. Por Sara Capelo
ra de noite quando o lojis- AMINA, QUE por militares iraquianos: de cinco pressupõe que foi o que aconteceu.
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FOTOS GETTYIMAGES
de bala na perna, Linda – que per-
deu o marido numa batalha pouco
depois de chegar – pediu para re-
gressar: “Quero ir-me embora da
guerra, das muitas armas, do baru-
lho.” Por ser menor, o seu desejo
Estes militantes do EI fogem de g até poderá ser concedido. À SÁBA-
uma cidade que funciona a dois A ONU necessita DO, o Ministério de Sigmar Gabriel
de mil milhões Comida? Só lá fora
tempos. Mossul Este, a zona mais de dólares (€855 remeteu uma resposta sobre um
O governo já paga os salários
moderna, que sofreu menos ata- milhões) para eventual pedido de extradição para
reconstruir infra- aos funcionários públicos
ques aéreos e foi conquistada no o procurador-geral do país. Mas se,
-estruturas básicas
início do ano, tem negócios a fun- Desde Outubro de 2016, 940 pelo contrário, Linda e as outras
cionar e escolas abertas, onde as mil civis abandonaram Mossul. mulheres forem julgadas sob a lei
crianças têm aulas apesar de os Um terço viverão em campos. antiterrorismo iraquiana, está-lhes
professores não receberem salários Entre os que ficaram, 40 mil destinada uma de duas sentenças:
há três anos. Mas na Cidade Velha, foram mortos em ataques de a vida na prisão ou a morte.
conquistada no início de Julho ao ambos os lados do conflito. As crianças encontradas a va-
Estado Islâmico, falta tudo. Quando Os que sobreviveram e ainda guear sujas e nuas (algumas a ali-
ali esteve, Melany Markham, porta- não têm fontes de rendimento mentarem-se de carne crua) nas
-voz do Norwegian Refugee Coun- Quem é saem da cidade à procura de ruínas de Mossul são um outro pro-
cil (NRC), não encontrou crianças a Linda W.? comida dada pelas ONG e re- blema. A Unicef já conseguiu iden-
brincar nas ruas ou mulheres às Cresceu numa gressam, conta Melany Markham. tificar a família de 1.300. Mas mui-
compras. Nem podia: “Não há es- família protes- tas outras continuam sem saber o
colas, hospitais, energia e a única tante, mas as que aconteceu aos pais. Não é o
água que têm é a do [rio] Tigre”, conversas onli- caso de Amina, uma criança que
descreve à SÁBADO. Três quartos ne com um jiha- do território conquistado e teme as aparenta ter 3 anos: em russo, e
das estradas foram destruídas, qua- dista do Estado bombas colocadas nas escolas. E com algumas palavras em árabe,
se todas as pontes desapareceram. Islâmico motiva- em 15 distritos residenciais 32 mil consegue explicar que a mãe e o
A NRC e outras organizações já es- ram-na a con- casas foram reduzidas quase a pó. pai são “mártires”. Ou o de Khadija,
tão no terreno para lhes devolver verter-se ao is- A reconstrução civil – e o regresso cujo pai morreu em batalha e a
as infra-estruturas básicas. A água lão: vestia-se de da totalidade dos 940 mil desloca- mãe se fez explodir junto a milita-
é uma das primeiras para ajudar os forma conserva- dos – demorará muitos anos, prevê res. Os soldados iraquianos cha-
habitantes a suportarem os dias de dora, levava o Belkis Wille. mam-lhes “filhas do EI”. Não é cla-
45 oC. Só para estas obras, calculam Corão para a es- Linda W., uma alemã de 16 anos, ro o que lhes sucederá, mas os
as Nações Unidas, serão necessá- cola e aprendeu estava escondida com dezena e meios de comunicação internacio-
rios mil milhões de dólares (855 árabe. Aos 15 meia de mulheres numa cave nes- nais apontam para a hipótese de
milhões de euros). A NRC ainda anos, fugiu para sa parte da cidade. Junto a elas ti- serem devolvidas aos países de
não conseguiu entrar na totalidade o Iraque nham armas e cintos-bomba. Um origem dos pais. W
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Opinião
A
graça. Ou será que a luz ao ntónio Costaregressade férias, cia, incompetência funcional ou des-
fundo do túnel é um e parece que, com asua“coor- coordenação culposas, no inquérito
comboio? E como se gere a denação” modelar, acabam os judicial à tragédia de Pedrógão, alte-
incerteza, em descarada problemas do governo. rará o ar pacífico do oceano que ba-
pré-campanha autárquica? Mas é um falso ambiente de tran- nha o governo.
quilidade. Estes dados podem influenciar, claro,
Naverdade, só aquase total boavon- as eleições autárquicas de Outubro.
tade de Belém, aquase total timidez do Mas há grandes linhas já traçadas, e
PCP, aquase total domesticação do BE, que dificilmente mudam.
a quase total incompetência do PSD e Umadelas relaciona-se com apéssi-
aquase total irrelevânciado CDS criam maescolhado PSD em cidades funda-
esse climaparadisíaco. mentais.
O que mostra que tudo está colado Unido ao CDS no Porto, mas em tor-
com cuspo, alicerçado na mera “co- no de umacandidaturacinzentae ron-
municação” e “imagem”, ou no instinto ceira, desavindo com o CDS em Lis-
de sobrevivência. boa, numa altura em que precisava de
Ninguém de bem quermal àPátria. coligação antifulanista, e de arrepiar
Mas o mínimo uso de armas de Tan- caminho, o partido de Passos pode ca-
cos, ou qualqueracção de vítimas con- minharparaum desastre.
No Porto, o PSD devia ter-se enten-
dido com o actual presidente, ou Q
O j
Trabalhos
de Hércules
Ou a FAP substitui seis C-130, ou Por-
tugal fica sem capacidade táctico-es-
tratégica de transporte. O ideal seria
um avião multiuso, para a paz, para a
guerra e para a incerteza. Isto é, da
vigilância ao reconhecimento, da pa-
trulha marítima à retirada médica, da
largada de pára-quedistas e forças
especiais ao combate pesado aos fo-
gos, do reabastecimento ao apoio ar-
mado terrestre.
As hipóteses são o brasileiro da
Embraer, o KC-390, que custa 85
milhões, o Atlas (Airbus A400 M) de
152 milhões, e o Super Hercules (C-
130J) de 60.
O primeiro é o projecto mais avan-
çado, mas menos provado. O último
JORGE GODINHO
O
Politólogo é o mais testado e popular, mas mais
Nuno Rogeiro antigo. O Airbus é platina, mas patina.
nrogeiro@gmail.com Cabeça precisa-se. W
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O h O
As duas verdades Concertos
desconcertantes
Os dados sobre a economia dos EUA
são excelentes. As sondagens mos- Agosto é jazz na Gulbenkian, em Lis-
tram-no, ao contrário das desastrosas boa. Como sempre. Começa neste
(para Trump) amostras sobre política. fim de Julho: Steve Lehman (28/29,
Face à Rússia, Washington treina, na foto) experimenta o rap, a guitarra
arma e equipa os ucranianos, envia o torna-se vulcão com David Torn (29),
Global Hawk para o Donbass, exerci- e há ambiental inteligente com a
ta manobras anfíbias junto à Crimeia, franca Coax Orchestra (30).
D.R.
71
Dinheiro
T
Pedro de Almeida, ajeitou à moda da tropa
72 anos, vive em
Portugal desde (farda e cabelo curto)
o dia 28 de Maio – para entrar na escola na-
mudou-se para cá val e deixar de dar des-
para gerir o dossiê
da Comporta pesa à mãe – o pai, médico, morre-
ra subitamente e eram sete filhos
para sustentar, o mais novo com 5
anos. Como ainda não havia ricos
na família, só o salário de uma ana-
lista química, Pedro de Almeida foi
improvisando, vendeu enciclopé-
dias, andou a bater à porta de donas
de casa para saber que detergentes
usavam (e quantas vezes por dia),
arranjou cama e estudos pagos na
Marinha e uma vida militar que o le-
vou à improvisação seguinte: sair
80
accionistas
dela. “Para se ser militar é preciso
ter o chamado espírito militar e ele
Pedro de Almei- odiava aquilo. Foi um calvário”, diz
da assinou um um amigo. “Convenceu o médico
acordo por 59% que o tipo de vida que tinha ali não
do capital; era compatível com a maneira de
a família Espírito ser dele e que, se continuasse, aca-
Santo tem, ain- baria por enlouquecer.” Depois de
da, 26% do capi- várias semanas no hospital, interca-
tal, divididos por ladas com longos períodos em casa
cerca de 80 e com outras tantas conversas com
pessoas o médico (que por sorte estudara
Medicina com o seu pai), o esperado
relatório ficou finalmente pronto:
serviço militar cumprido, baixa por
incapacidade física.
Seriam precisos mais 56 anos e
muitas outras improvisações para
que o empresário, agora com 72 e
ainda workaholic convicto, chegasse
onde está hoje – em Setembro de
TEM GABINE- 2015 montou uma equipa nova (seis
TE JUNTO AO a sete pessoas em permanência); em
CHIADO, Maio do ano seguinte mudou-se
UMA CASA A para Portugal depois de 38 anos a vi-
20 METROS ver fora; já este mês assinou o con-
DALI, OUTRA trato de compra e venda de 59% do
NO ESTORIL. fundo que gere a área imobiliária da
MARISA CARDOSO
PERFIL. PEDRO DE ALMEIDA, O HOMEM QUE CONCORREU SOZINHO AO RETIRO DOS ESPÍRITO SANTO
ELE QUERACOMPO
Não nasceu empresário, nem rico, mas fez-se ambos. Antes disso viveu no campo (odiou), estudou
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Sociedade
Albino Martins
68 anos
Cresceu em Santa Cruz,
Torres Vedras. O pai
e o avô também eram
banheiros. Costumava
usar uma corda para tirar
pessoas da água
SÓPRECISEIDEUM
Albino passou por baixo de uma traineira. André fez um curso de 150 horas. Dois nadadores-
lbino Martins tinha 16 traineira. ‘Não me digas que és ca- “Cresci na praia. O meu avô era ba-
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André Costa
24 anos
É bombeiro. Trabalha
no Guincho, como
nadador-salvador,
desde 2016. Já ficou
preso na corrente
MERGULHO.ETU?
salvadores, um reformado e outro no activo, mostram o que mudou. Por Ana Catarina André
ndré Costa era nada- vítima de volta à praia – tinha le- em terra. “Temos de aprender
A dor-salvador há pou-
cos meses, quando
durante um resgate,
na praia do Guincho,
ficou preso na corrente. “Tinha pé,
mas assim que tentava dar um
passo era puxado pelo mar”, conta
vado pés de pato [barbatanas]; e
eu não. Então, tentei manter-me
calmo e deixei-me levar pelo mar
até à zona das rochas, antes da
praia do Abano.”
Nessa zona, e já com o mar me-
nos violento, conseguiu sair da
NAS PRAIAS
PORTUGUE-
SAS EXISTEM
5.422 NADA-
DORES-SAL-
VADORES,
com os erros.”
Em menos de dois anos – es-
treou-se em 2016 – salvou seis
pessoas das águas turbulentas do
Guincho, em Cascais. “Um dos as-
pectos mais importantes é saber ler
a corrente para perceber quais são
o jovem de 24 anos, que também água. Depois deste “auto-salva- COM IDADE as escapatórias possíveis”, explica
é bombeiro. “Como tinha ido com mento”, como lhe chama, não MÉDIA DE André, que tirou o curso de nada-
um colega, ele conseguiu trazer a voltou a deixar o equipamento 25 ANOS dor o ano passado. Neste mo- Q
77
Sociedade
€180
é o valor mínimo do curso.
Dependendo da entidade for-
madora pode chegar aos 300
3
anos é a validade de cada cur-
so. Passado esse tempo os nada-
dores têm de fazer novo exame
11
objectos (mala de primeiros
socorros, prancha de salvamen-
to e bóias, etc.) compõem o kit
obrigatório por cada 100 m de
área concessionada
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UM MUNDO DE ESPETÁCULOS 27 JULHO 2017
A PENSAR EM SI!
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M/6
3
M/6 M/6
Trêssemanasdecurso
Para se tornar nadador-salvador,
André teve de fazer um curso de
150 horas. Em menos de um mês,
aperfeiçoou técnicas de natação e
aprendeu técnicas de resgate e sal-
vamento na praia. “Treinávamos
em piscina e só fomos uma vez à
praia. Isso até pode ser suficiente
para trabalhar em zonas calmas,
mas no Guincho não.” Foi graças à
ajuda de dois colegas brasileiros,
com quem trabalha actualmente,
que melhorou a sua capacidade
de “ler o mar” e adquiriu novos Q
SAIBA MAIS SOBRE ESTE E OUTROS ESPETÁCULOS EM EVERYTHINGISNEW.PT
BILHETES: FNAC, WORTEN, EL CORTE INGLÉS E WWW.EVERYTHINGISNEW.PT 79
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Seu Jorge agir marco paulo fábia rebordão savanna diogo piçarra
12 de agosto 14 de agosto 15 de agosto 16 de agosto 17 de agosto 18 de agosto
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A ALTERAÇÕES.
OS GRANDES TRABALH
Sestas, pausas e passeios. Um autor americano estudou a rotina de grandes génios e líderes
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tina ajuda muito. As pessoas muito E andar a pé: Darwin, Kierke- duz-se em mais produtividade,
produtivas não têm uma súbita inspi- gaard, Thomas Jefferson, Dickens, quando na verdade o excesso de tra-
ração e vão a correr para a secretá- Steve Jobs, Tchaikovsky, Beetho- balho é uma fonte de ineficiência e
ria; elas começam a trabalhar e ficam ven. “O princípio da incerteza sur- de erros”. “Recentemente falei com o
inspiradas. Como Pablo Picasso dis- giu a Werner Heisenberg durante criador de uma startup e estava a
se, a inspiração existe, mas tem de te um passeio nocturno em Copenha- implementar a semana de trabalho
encontrar quando estás a trabalhar.” “A ROTINA ga, em 1927”, diz o autor na pág. de 4 dias porque sabia que os seus
O autor diz que há mais segredos. NÃO É 119. “E Erno Rubik chegou à crucial engenheiros, se fossem deixados
Como as sestas. A lista de adeptos é INIMIGA DA inovação do design que resultou no sozinhos, iriam trabalhar demais e
respeitosa: Churchill, MacArthur, CRIATIVIDA- cubo de Rubik enquanto caminhava estoirar. Ele quer grandes resultados
Kennedy, Tolkien, Jonathan Fran- DE. NA VER- pela margem do rio Danúbio.” deles, por isso organiza as coisas
zen, Murakami, Niemeyer, Edison, DADE, AJUDA O grande ponto do autor é o com- para que trabalhem menos, pensem
Allan Poe ou Salvador Dalí. MUITO” bate à ideia de que “mais horas tra- mais, tenham mais energia.” W
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PRODUTOS É À CONFIANÇA
CONTINENTE
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Sociedade
VOLTA
APORTUGAL
EMPOSTAIS
ILUSTRADOS g
O desenho à beira
da estrada da
serra da Arrábida,
lém não desiste. O lápis heliográfi-
co – que escreve em todas as su-
perfícies – é o melhor aliado.
A nova aposta do Turismo de Portugal com vista para
o convento, foi
Ao lado de Zé, a ilustradora pro-
fissional britânica Lis Watkins en-
faz-se com tintas, papel e 24 artistas. um dos momentos
marcantes saia o último capítulo da sua pas-
Lis Watkins e José Louro são uma das duplas de dia 12 sagem pela Sketch Tour Portugal –
uma parceria entre a associação
que já fizeram 1.000 quilómetros para sem fins lucrativos Urban Sketchers
desenhar a Grande Lisboa. Por Raquel Lito (comunidade internacional de ilus-
tradores) e o Turismo de Portugal
(TP), onde durante uma semana
um sketcher português recebe o
homólogo estrangeiro e pintam
om o caderno A5 pousado tos próximos são desenhados com uma das sete regiões turísticas.
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O DOCE SABOR
DE ESTARDOENTE
Aamoxicilinaserve paracurarquase todas as infecções e é a
mais indicadaparacrianças pequenas. Mas averdadeirarazão
porque se gostatanto delaé o saborachiclete. PorLucíliaGalha
além de ser eficaz para quase tudo, a NO REDDIT cêutica deixou de publicitar o medi-
probabilidade de causar efeitos se- HÁ UM GRU- camento como um doce. “Nos anos
cundários é menor do que com ou- PO DEDICA- 80, o anúncio à aspirina mostrava
tros antibióticos. Também há uma DO AO “ME- uns comprimidos a cantar ‘We’re not
razão para o gosto a chiclete: a peni- DICAMENTO Chiclete candy, even though we lookso fine
cilina tem um sabor muito amargo. COM SABOR A amoxicilina tem odor e sa- and dandy. Too much ofus is dan-
Tornar os medicamentos “saboro- A PASTILHA” bor a pastilha elástica. O me- gerous’ [Não somos doces, embora
sos” faz com que a experiência de COM 14 MIL dicamento em xarope con- pareçamos tão bons. Tomar muitos é
estar doente se torne menos trauma- GOSTOS tém açúcar, avisa a bula perigoso]”, lembra a especialista. W
87
Família
89
Social
O
DIOR
primeiro desfile de moda
“moderno”, com modelos
em vez de cabides, acon-
teceu em 1858, em Paris,
ideia de um inglês, Charles Worth.
Também nasceu aí o termo haute
couture, alta-costura, que os anos e a
indústria transformaram numa espé-
cie de “denominação de origem”,
com protecção legal e tudo. É um clu-
be: não há hoje mais de uma dezena
e meia de maisons e 2017 marca um
ano especial para uma das mais
especiais: a Casa Dior faz 70 anos.
Foi criada em 1947 por Christian
Dior, que tinha então 42 anos e have-
7
4
0 ANOS
CRIADORES
Seis estilistas sucederam ao fundador que dá nome à casa,
criada para uma “clientela realmente elegante”. Foi em 1947,
quando a França emergia da Segunda Guerra Mundial
4
Gianfranco Ferrè (1989-1997)
O italiano com um curso de
ria de morrer precocemente, apenas Arquitectura e conhecido como
10 anos depois. A linha de sucessores O Arquitecto projectou criações
(vai em seis) tem procurado guiar-se diáfanas em materiais de luxo.
pelas suas grandes linhas de pensa-
mento, como arriscar, criar diferente,
fazer sonhar. Claro que a evolução da 5
moda ditou que tivessem de abando- John Galliano
nar outros mandamentos, como (1997-2011)
aquele que dizia que um vestido nun- O polémico britânico
ca poderia ter menos de 20 metros de mostrou ao que ia com
tecido. Eis os sete criadores Dior. W o choque da primeira
colecção, inspirada
3
na tribo Masai.
3
Marc Bohan
(1960-1989)
Rejeitando as ex-
centricidades da
moda contempo-
rânea, o francês
criou modelos
clássicos que hoje
representam a
Dior em museus
de todo o mundo.
Detém o recorde
de longevidade à
frente da casa.
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1
Christian Dior (1947-1957)
O estilista tornou-se especialmente admira-
do pelas formas e silhuetas e dizia ter cria-
do o conceito de “mulher-flor”. Morreu de
súbito, numas férias em Itália, com 52 anos.
2
Yves Saint Laurent (1957-1960)
Viu-se à frente da casa com 21 anos
e foi despedido quando foi chamado
1
para a tropa. Na foto, de 1959, está
com a dançarina Tessa Beaumont
6
Raf Simons (2011-2015) Negócio
O belga sucedeu a Galliano e nunca assumiu No primeiro tri-
as colecções masculinas. Com ele a marca mestre de 2017
regressou ao romantismo e à delicadeza. as vendas atingi-
ram 10.400 mi-
6 lhões de euros,
mais 15% que
no ano anterior
7
Maria Grazia
Chiuri (2016-?)
A italiana de 53
anos trocou
FOI ABANDO- Valentino pela
NADO O Dior e na sua
MANDAMEN- primeira colecção
TO QUE DIZIA completa, este
QUE UM VES- ano, regressou a
TIDO NÃO modelos de 1947.
FOTOS GETTYIMAGES
PODIA TER
MENOS DE
20 METROS
DE TECIDO
91
Desporto
Entrevista
CARLACOUTO
É a mulher-maravilha do futebol português, com 145 jogos pela selecção
(um recorde) e 11 títulos de campeã nacional (outro recorde). Foi também a
primeira a marcar a Inglaterra, que este dia 27 é o adversário de Portugal no
Europeu feminino, a decorrer na Holanda. PorRuiMiguelTovareRaquelWise(fotos)
“Omeupai
pagava-mepara
jogarnoSporting”
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pecto físico dos homens dá-nos esquecer as seis Taças de Portugal Como é que se concilia tudo
outro preparo. [e as quatro dobradinhas]. isso?
Jogavas com que número no Alguma memória mais presente? Com vontade e paixão, as duas ar-
Sporting? Há um jogo mais memorável, sim. mas para combater a monotonia
Primeiro o 10, depois o 9 em definiti- Uma final da Taça, a primeira de do dia-a-dia [volta a rir-se]. Tens
vo. Fosse clube ou selecção, sempre todas no Estádio Nacional, com o de criar etapas. Por exemplo, na
o9 Boavista. Foi em 2010 e ganhámos selecção, a minha maior motiva-
Saíste do Sporting por opção? 6-0, com quatro golos meus. Foi ção era chegar às 50 internaciona-
Não, o Trajouce chegou-se à frente. imediatamente após a morte do F lizações, depois às 75, a seguir aos
E depois? meu pai e tinha de o homenagear “Lembro-me 100 jogos.
Seguiu-se a aventura no 1º De- na justa medida. da primeira Paraste nas 145.
zembro. O futebol feminino é amador, o vitória contra Queria chegar às 150, paciência.
Vocês eram campeãs a torto e a que fazias na vida? a Itália, em Ao todo, 29 golos. Lembras-te do
direito, qual era a motivação? Uiiiii, fui tanta coisa: carteira, jardi- Carrara. primeiro?
A nossa pica era bater o recorde dos neira, tipógrafa, vogal do assessor Ganhámos Sim, senhor, 2-0 à Finlândia, na
10 títulos seguidos do Boavista. do desporto na Junta dos Olivais. 2-1 e marquei Quarteira, para o Mundialito.
E? Entretive-me com muita coisa um golo. Foi Dos jogos mais emblemáticos,
Conseguimos, ganhámos 11. Sem enquanto jogava futebol. em 1994” vejo aqui uma derrota 13-0 Q
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Desporto www.sabado.pt
Cantinho do Tovar
94
1. BRINCAR AOS
COZINHEIROS.
2. DEIXAR O
FORNO A LIMPAR.
3. PASSAR A TARDE
COM A AVÓ.
FORNOS WISH
SISTEMA DUALCLEAN
LIMPEZA MAIS FÁCIL
20 R E C E I T A S P R É - P R O G R A M A DA S
Do leitor leitores@sabado.cofina.pt
de do caldo-verde - e que se tornou no mais rico do País. (...). A personali- Estatuto editorial (Leia na íntegra em www.sabado.pt)
dade invulgar e implacável e o empreendedorismo do rei da cortiça, como Os textos da SÁBADO não seguem o novo Acordo Ortográfico
era conhecido, destacaram-se desde cedo. Nunca quis ouvir falar em re- Assinaturas
forma nem tão-pouco deixar de trabalhar. (...). Telefone 210 494 999 Email assine@cofina.pt
Correio Remessa Livre 11258 – Loja da 5 de Outubro – 1059-962 LISBOA
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e Sónia Graça (Serviço de atendimento)
Setúbal Leça da Palmeira
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Posições radicais Desassombro Contacte-nos pelo 219 253 248 ou RevistasAnteriores@revistas.cofina.pt
Marketing
Agradeço à SÁBADO a entrevista A entrevista com Manuel Pinto Sónia Santos (gestora)
com Manuel Pinto Coelho. Permi- Coelho mostra uma vez mais Publicidade
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te perceber como o ego pode dar como a classe médica se protege Rua Luciana Stegagno Picchio nº 3, São Domingos de Benfica,
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um trabalho notável junto de tan- contrariar os princípios em que
Produção
ta gente que precisava. A sua ati- assentam os seus privilégios. De Avelino Soares (director-adjunto), Carlos Dias (coordenador),
Paulo Bernardino, José Carlos Freitas e Fátima Mesquita (assistente)
tude como clínico jamais deveria um clínico também se exige isto –
ser “vender” posições radicais desassombro. É por isso que tanta Circulação
Madalena Carreira (coordenadora) e Jorge Gonçalves
como o jejum e a toma de suple- gente o lê e segue.
Redacção
mentos em larga escala. Não ad- Rua Luciana Stegagno Picchio nº 3, São Domingos de Benfica,
mira o descrédito junto da classe L 1549–023 LISBOA Telefone +351 213 185 200 – Fax +351 210 493 144
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Crónica 27 JULHO 2017
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no, qualquer governo, em qualquer Acontece que não era. O gesto podia
CUIDADOS parte do mundo civilizado, a cometer serconstitucionalmente impoluto. Mas
semelhante torpeza? revelava um desprezo pela nossa tra-
INTENSIVOS A falta de inteligência não explica dição democrática – quem ganha,
Qualquer tentativa de manipular os nú- tudo. O poderexplicamuito mais. Li há mesmo em minoria, tem oportunidade
meros, ou até de os “tratar” com critérios tempos, e escrevi algures, que estudos de governar– que não auguravanada
bizarros(mortesdirectas, mortesindirec- recentes nas áreas da Psicologia e das de bom. Se juntarmos ao cenário cer-
tas) esbarra com coisas básicas, como in- neurociências defendiam que o efeito tos traços de carácter – como, por
demnizaçõesdevidas(enãorecebidas) do poderno cérebro humano eramuito exemplo, enviarmensagens ajornalis-
semelhante acertos tipos de lesão cere- tas com ameaças directas – o retrato
bral. Para Dacher Keltner (psicólogo) e do cavalheiro não era propriamente
SukhvinderObhi (neurocientista), o po- inspirador. O País que ainda pensa,
dertende ainibiros circuitos empáticos. confrontado com tal novidade, per-
Moral dahistória? guntou: “Será que, a partir de agora,
C Esta“doença”, se merece o nome, ali- vale tudo?”
mentano político, e sobretudo no líder,
Mortos umafalsaconfiançanas suas capacida-
des para entender e moldar o universo
SIM,ASTRAGÉDIASACONTECEM.
Nos dias seguintes, governos dignos
e vivos em volta. Com o poder, háumaparte da
massacinzentaque tende adiminuir. A
desse nome começam afazerpergun-
tas simples. Como foi possível? O que
NOSDIAS SEGUINTESà tragédia de única coisa que cresce é o sentimento falhou? E, já agora, quantas pessoas
Pedrógão Grande, um amigo jornalista, de impunidade. morreram – e quantas ficaram feridas?
que andou pelo terreno, dizia-me que o As respostas chegam pararestabelecer
número final e oficial de mortos – 64 – ESTE GOVERNO NÃO DESCONHE- o elo de confiança entre os cidadãos e
não correspondiaàverdade. Pelos seus CE ESSE SENTIMENTO. Leio na im- o Estado.
cálculos, o horroratingiaoutras propor- prensa nativa que há um antes e um No Portugal de 2017, temos esta ori-
ções. “Três dígitos”, suspeitavaele. depois de Pedrógão Grande. Antes de ginalidade: uma catástrofe sem pre-
Lembro-me de rir. E de pensar: em Pedrógão, o Governo caminhava so- cedentes – e ninguém sabe nada de
ditadura, é fácil controlar a realidade. bre as águas, iluminado pelainteligên- nada. Não existe uma explicação. Um
Basta ter uma polícia política e uma cia de António Costa e os milagres da número fiável de mortos. Um número
máquinaeficaz de censuraparamanter economia. Depois de Pedrógão, co- fiável de feridos. Aliás, sobre os feri-
o rebanho nalinha. meçou o naufrágio: Costa, afinal, não é dos, ninguém sabe em que estado es-
Em democracia, a dificuldade au- o “gestor político” que se imagina e tão: se melhoraram, se pioraram, se
menta. As pessoas falam. E, ponto cru- nem os sucessos económicos escon- morreram entretanto. E o dinheiro
cial, as famílias sabem quem perderam. dem afalênciado Estado. das ajudas? Ainda não chegou. Por-
Qualquertentativade manipularos nú- Entendo que estahistóriafaçaas de- quê? Não sabemos. Quanto é ao cer-
meros, ou até de os “tratar” com crité- lícias de muitas crianças. Infelizmente, to? Também não.
rios bizarros (mortes directas, mortes já não sou criança. O Governo que te- No topo do bolo, existe agora a sus-
indirectas) esbarra com coisas básicas, mos depois de Pedrógão é o mesmo peita de encobrimento do número de
como indemnizações devidas (e não que tivemos antes. Paraserexacto, é o vítimas e relatos dispersos de “pres-
recebidas). Para usar as palavras de mesmo que nasceu no dia de uma sões” e “ameaças” aos sobreviventes.
Talleyrand, ocultar a verdade de uma derrota eleitoral. Para os sábios co- Paranão falarem demais.
tragédia como Pedrógão não é apenas mentadeiros, perderas eleições e con- O sr. Presidente da República que
um crime; é um erro. E uma confissão seguirformarGoverno eraaprovade- esteja descansado: é apenas o regular
de estupidez que está para lá do meu finitiva de um António Costa tocado funcionamento das instituições no
entendimento. pelo génio. seu melhor. W
Aliás, continuaaestar. Mas as notícias
dos últimos dias têm provocado tremo-
res no meu optimismo antropológico.
Tudo começou com a 65ª vítima: uma
senhoraque fugiado inferno e foi mor-
talmente atropelada. Não está na lista.
Porquê? Segundo os “critérios”, não
morreu queimadanem asfixiada(pala-
vra de honra). O meu coração parou:
querem verque eu sobrestimei ainteli-
NUNO ANDRÉ FERREIRA
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16
CINEMA
Luc Besson volta aos
ambientes espaciais
de O 5.º Elemento
g GOURMET
Número 126 — 27 de Julho a 2 de Agosto de 2017. Este suplemento faz parte integrante da edição n.º 691 da revista SÁBADO e não pode ser vendido separadamente
VINHOS QUE
REFRESCAM
ISTOCK
g
9 4 VINHOS
GOURMET
p PALCO E PLATEIA
10 MÚSICA
COPOS DE TRÊS Ahmad Jamal está reformado, mas editou
E WINE GURUS
agora Marseille. O GPS aproveitou o pre-
texto para falar com esta lenda do jazz
16 CINEMA
20
Já ninguém no GPS se lembra do tempo em Luc Besson volta aos cinemas com
que a palavra sommelier entrou no seu dicioná- Valerian e a Cidade dos Mil Planetas.
rio – não sendo assim tão antigos, somos ópti- Conheça os detalhes deste filme
intergaláctico
mos para línguas. Nenhum de nós esquecerá,
contudo, este tempo em que a expressão wine 20 LIVROS
guru decidiu sair das caves e entrar para a His- No livro Putas Assassinas, do chileno
tória. Temos estado atentos: vimos os rótulos Roberto Bolaño confluem uma série
das garrafas ganharem tiques de mural de de histórias de personagens de outros
livros seus
street art, fomos a centenas de jantares com
milhares de pratos harmonizados com vinhos e
até encontrámos literatura especializada à boca
de estações de serviço. Durante todo este tem-
po fomos escrevendo sobre vinhos. Nunca an-
22 TEATRO & DANÇA
O grupo Byfurcação está a fazer
agora os seus conhecidos espectáculos
de Verão ao ar livre
22
tes, contudo, dedicámos um tema de capa aos 24 ARTES PLÁSTICAS
vinhos mal-amados – os de Verão. Para o fazer- A Culturgest, no Porto, recebe uma das
mos com a seriedade que o tema merecia, ou- instalações-chave de Alberto Carneiro,
vimos vários wine gurus. Um deles, António Lo- artista que morreu em Abril passado
pes, do grupo hoteleiro Anantara, em Vilamoura,
disse-nos uma coisa que nos ia partindo o co-
ração: que essa identidade vinhos de Verão
“não é bem real” (já o suspeitávamos, mas ado-
ramos um bom título). O que existem, continuou
S STYLE
o wine guru, são comidas mais leves, que ten-
dencialmente se comem mais no Verão – os vi-
nhos que melhor pairing fazem com elas é que
costumam ser mais frescos, ácidos e frutados.
28 27 SHOPPING
Estes são os acessórios que vai querer
levar consigo para a praia – alguns de
Percebemos a ideia – ao mesmo tempo que assinatura portuguesa
servimos mais um copo a cada um. 28 FÉRIAS
Passear de burro ou marcar presença
na festa da ria Formosa são algumas
das sugestões do GPS para esta semana
30 PROVADOR
Para sobreviver tem de resolver todos
os enigmas deste Escape Dinner
Director Eduardo Dâmaso Director adjunto João Carlos Silva Editor de fecho Carlos Torres Editora Ângela Marques Editora adjunta Rita Bertrand Redactores Ágata Xavier, Diogo Lopes,
Gonçalo Correia, Inês Mendes Oliveira e Markus Almeida Colaboradores Filipa Teixeira e João Tomé Críticos Ana Maria Henriques e Célia Pedroso (Restaurantes); Carlos Vidal (Artes Plásticas), André Santos,
Eduardo Pitta e Miguel Morgado (Livros), Filipe Lamelas e Pedro Salgado (Música), Gisela Pissarra (Teatro), Tiago R. Santos e Pedro Marta Santos (Cinema) Secretária da Direcção Catarina Gonçalves
Infografia Rúben Sarmento Fotografia Guilherme Venâncio (editor), Alexandre Azevedo (subeditor) Grafismo Nuno Silva (coordenador), Ana Soares (designer sénior) e Marta Cristiano Tratamento de Imagem
João Cruz, Ricardo Coelho e Ricardo Valente Consultoria Linguística Manuela Gonzaga Documentalista Anabela Meneses
Este suplemento faz parte integrante da revista SÁBADO e não pode ser vendido separadamente
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PLANALTO
RESERVA 2016
De rótulo renovado,
para que melhor se
perceba que vem da
mesma Casa Ferrei-
rinha que o colossal
Barca Velha, é um
clássico da frescura
do Alto Douro. Viva-
ço e elegante nesta
colheita de 2016, é
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QUINTA DOS
CARVALHAIS
COLHEITA
BRANCO 2016
Feito de Encruzado e
Gouveio, com aroma
a lima e limão, é o sa-
bor do Dão todo, den-
tro da garrafa – e en-
velhece bem: pode
guardá-la para o pró-
ximo Verão.
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DAS VINHAS
PARA A
VINHOS BEIRA DA
PISCINA
O que é um vinho de Verão? Aquele
4
cuja frescura vai bem com pratos
leves e churrascos ou... sozinho,
como aperitivo. Aqui fica a nossa
selecção e a de dois sommeliers
TEXTOS RITA BERTRAND E DIOGO LOPES MAGMA MAMORÉ DE
Os enólogos Diogo BORBA RESERVA
Fonseca Lopes e Correu bem a ideia
Anselmo Mendes do enólogo António
descrevem esta sua Ventura de criar este
empos houve em que os rosés eram con-
T
criação como a branco reserva (em
siderados vinhos menores em Portugal, expressão mais pura tempos, parecia que
sendo quase só consumidos por turistas, do terroir de Biscoi- só os tintos eram
tos, na ilha Terceira, dignos de estágio)
olhados com condescendência por quem Açores. É um mono- para a Sovibor.
só descortina nobreza nos tintos. Até os casta (Verdelho) Denso, mas fresco,
muito salino e vai bem com queijos.
brancos eram mal amados, mas foram mineral. €17
ganhando respeito, sobretudo a acompa- €15
nhar peixes grelhados, no caso dos ma-
duros, e a impor-se como parceiro de mariscadas, nos
verdes. Quanto aos espumantes, a cantilena enaltecia
os franceses e relegava os nossos, na Bairrada excelen-
tes, para as mesas de leitão – de onde só saíam entre o
Natal e o Ano Novo, convocados para brindes festivos.
Os tempos mudam – como cantou o Nobel Dylan e
escreveu o lírico Camões –, o que no mundo vinhateiro
se traduziu no resgate de castas autóctones (do Antão
Vaz alentejano ao Encruzado do Dão, passando pelo
Viosinho do Douro) e deu origem a uma maior diversi-
dade (e qualidade) na oferta.
O problema é que os produtores põem marcas dife-
rente no mercado a toda a hora e o consumidor não
sabe como escolher o mais adequado a cada época ou
situação. Para lhe facilitar a vida o GPS provou e elegeu
os melhores vinhos deste Verão, ideais para tardes pre-
guiçosas à beira da piscina, em terraços e esplanadas vi-
radas ao mar, como aperitivo ou companhia de saladas,
mariscos e churrascos – e para todas as carteiras. v
BRANCOS
LYBRA BRANCO QUINTA DE TITULAR: SOALHEIRO 9% RESERVA DO
– QUINTA DO GOLÃES 2015 É no Dão que nasce
Um vinho perigoso. COMENDADOR
MONTE D’OIRO O produtor chama- este fresquíssimo
De tão elegante e BRANCO 2015
Nos arredores de -lhe “o vinho da quin- Titular:, um monocas-
doce, este Alvarinho Maravilhoso branco
Lisboa mora a ta da avó” porque ta de Encruzado (tão
– que, como o nome da Adega Mayor,
quinta vínica de José esta combinação característica da área
indica, tem baixa difícil de encontrar
Bento dos Santos, de equilibrada de Alvari- de onde vem este
graduação alcoólica deste que ganhou
onde vem este bran- nho, Trajadura e Lou- vinho) que é “dese-
– escorrega bem, a medalha de Ouro
co fresco e mineral, reiro é feita segundo nhado” pelos enólo-
graças à sua acidez no Mundus Vini,
que resulta da com- as tradições minho- gos Carlos Magalhães
subtil (muitas notas concurso de prestí-
binação das castas tas. Muito fresco, e Manuel Vieira.
cítricas e tropicais) e gio na Alemanha,
Arinto e Viognier. com notas florais, é €10,90
à intensa doçura. sabe a fruta madura.
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ESPUMANTES E ROSÉS
h MARQUÊS QUINTA DO SOALHEIRO QUINTA VÉRTICE ELPÍDIO 80
DE MARIALVA ORTIGÃO CUVÉE BRUTO 2015 DOS ABIBES MILLÉSIME Nos 80 anos das
No concurso Vinhos Esta garrafa resume Caves São Domingos,
BLANC DE NOIR SUBLIME BRUTO 2010 expoente dos espu-
Espumante à base da de Portugal, este toda as qualidades Vem da Bairrada, Vem da mesma casa
Cuvée de 2012, feito das jovens e frescas mantes da Bairrada,
casta tinta (e mágica), este espumante mo- do Douro e tem as
de uvas tintas Baga uvas Alvarinho, espe- nasceu (à base de
típica da Bairrada, a nocasta (Arinto) de mesmas castas (Gou-
(as mais famosas cialmente selecciona- Pinot, branco e tinto,
Baga, este bruto da nariz interessante, veio, Malvasia Fina,
da Bairrada) e bran- das das vinhas de colheita de 2011) este
Adega de Cantanhe- onde predominam Rabigato, Viosinho e
cas Bical, Chardon- Melgaço para este Elpídio – nome que
de, de cor salmonada, notas de fruta tropi- Touriga Franca) que
nay e Arinto, foi espumante clássico, homenageia o seu
é cremoso e muito cal. Na boca sente-se o popular Vértice Cu-
eleito o melhor aperitivo perfeito, de fundador – em edição
gastronómico. a bolha fina e uma vée, mas o Millésime
espumante do ano. bolha fina e sabor limitada. Um luxo.
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A ESCOLHA DOS SOMMELIERS
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“É um vinho
biológico branco
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Anantara – começou na
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cozinha do Vila Vita, em Lisboa • 213 621 639 • 10h-20h
2003. A paixão pelos vi- (fecha domingo)
nhos foi crescendo e em
2008 decidiu dedicar-se OS GOLIARDOS
em exclusivo a esse uni- R. General Taborda, 91,
verso. Antes COVELA ROSÉ MERUGE TINTO Campolide
“Os vinhos que mais “É um grande vinho,
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grupo tailan- no Verão costumam fresco, que fica bem
dês onde ago- ter sempre uma boa
acidez. Com este
tanto com peixe
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“Escolho este vinho “É óptimo para acom- (fecha domingo e 2.ª)
pela sua casta, que é panhar uma degusta-
Alvarinho, uma das ção de petiscos lisboe-
melhores de Portu-
gal. É floral no nariz e
tas. É um vinho fresco
e frutado, fácil de
ALGARVE
RODOLFO TRISTÃO tem um sabor seco e degustar. Tem um
O actual sommelier do refrescante. Acompa- sabor intenso, com GARRAFEIRA SOARES
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gueses despertou para o (fecha sábado e domingo)
mundo da restauração
quando era pequeno, no GARRAFEIRA SANTOS
café dos avós, no Carta- R. Diogo Lobo Pereira, 2, Loulé
xo. Deixou de lado uma • 289 417 454 • 10h-19h30
NINFA FITA PRETA
carreira de médico e fu- “Destaco este vinho (fecha domingo)
por ser de uma “TRINCADEIRA
tebolista para se dedi- região [Tejo] que PRETA”
car ao vinho e já soma “Um vinho bastante
ADEGA ALGARVIA – ÁLVARO
tem vindo a recupe-
uma série de estágios rar estatuto no mun- versátil. É um tinto de ABRANTES, LDA.
do dos vinhos. Ele é Verão frutado, com R. Cristóvão Pires Norte, Loulé
em restaurantes de frutado, com um notas de especiarias,
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prestígio, como o famo- ligeiro toque floral, e sabor seco e frescura
so Celler de Can Roca, no sabor prima pela invulgar para um tin- (fecha sábado e domingo)
frescura e pela to. Acompanha carnes
em Girona, por exemplo. acidez” grelhadas e petiscos” * Preços indicativos de venda
€7,95 €9,42 ao público, não vinculativos
JÁ ABRIU!
ge, uma esplanada (coberta ou não, conforme o
tempo) com um jardim suspenso, uma piscina infini-
ta, um pool bar & shisha lounge e um quiosque com
serviço de take-away – e isto apenas no Pavilhão
O SUD Lisboa
deve o nome
à palavra
south, aqui
FOTOS ANTÓNIO NASCIMENTO
usada para
designar a
cultura des-
contraída dos
países do Sul
da Europa
e a comida
mediterrânea
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MÚSICA
10
N
sa telefónica com Ahmad Jamal –
lendário pianista de jazz que aca-
ba de lançar Marseille, um novo
álbum de originais –, os papéis de
entrevistado e entrevistador alte-
raram-se. “Como é a música tradi-
cional portuguesa?”, “O que gos-
tas mais de ouvir?”, “Quem são os músicos portu-
AHMAD JAMAL: gueses que mais têm dado que falar? O que tocam
eles?” Quase de rajada, este octogenário (celebrou
87 anos a 2 de Julho), que falava de Nova Iorque,
“
Esta vai ser a primeira vez
que vou actuar em Portugal
PARQUE DOS POETAS
– ESTÁDIO MUNICIPAL DE OEIRAS
Sáb., 29/7, 21h30 (com a portuguesa
Beatriz Pessoa na 1.ª parte)
com os palcos cheios.
• €23 a €65
Vou ter muita gente à minha
volta e do meu piano
“
Lembro-me de ir a Portugal em
“
Embora eu seja do jazz,
adoraria ter escrito muitos
2005, com o álbum The Pursuit. dos grandes clássicos do
Tinha acabado uma tournée pop-rock. Acima de tudo,
no Reino Unido e o público gostaria de ter sido eu a
português fez mais barulho compor Jealous Guy... Que
numa só noite, a bater palmas inveja tenho, nesse aspecto,
e a gritar, do que os ingleses do talento de John Lennon!
em dezenas de datas. Não
há plateia mais generosa
MÚSICA
“
Sou um tipo pacato
12 “
O meu novo álbum é o mais
autobiográfico de sempre.
e caseiro, sempre que não
estou em digressão. Acordo
às 6h, faço café e preparo
Ainda não está pronto, mas o pequeno-almoço, que
estou ansioso por mostrar aos gosto de tomar com
fãs as músicas mais pessoais. as minhas filhas. Depois
Quanto às outras, costumo levo-as, cada uma à sua
decidir os alinhamentos no escola, volto, vou para
momento, conforme me sinto o estúdio tocar e compor
quando começo a tocar e almoço com a minha
mulher [Sophie Dahl,
modelo e escritora]. Vou
buscar os miúdos ao fim
“
Tenho um projecto de gravação
de covers e adoro interpretar
da tarde e fazemos jogos
ao ar livre. À noite, gosto
de tequila e conversa
canções de outros, incluindo
rock. Não é uma coisa
pensada, simplesmente adoro
rock, cresci a ouvir os Nirvana
“
Sou um leitor ávido de
romances. Fiquei felicíssimo
quando vi o novo calhamaço
de Paul Auster, 4, 3, 2, 1.
Comecei a lê-lo um dia
depois de sair
D.R.
A CONVERSA FOI de manhã, an- como o que Ryan Gosling inter- dos Poetas, em Oeiras – sejam êxi-
tes das 10h, e Jamie Cullum já pretou em La La Land – Melodia tos tirados de Twentysomething,
estava fresquíssimo, a falar ao te- do Amor. A propósito, quisemos Interlude ou The Pursuit, sejam co-
lefone com a desenvoltura de saber o que achou: “Ia ser uma vers ou temas novos, como Work
quem está habituado a levantar- desilusão, se visse alguém a to- of Art, single de Março, a incluir no
-se cedo. Confirmou-o, a rir, justi- car piano como ele num concer- novo álbum, quase a sair.Antes
ficando-se com as duas filhas pe- to, mas o filme é bonito e pôs jazz dos concertos, conheça melhor
quenas e resumindo o seu dia-a- no cinema, o que é raro.” o músico inglês, vencedor de um
-dia ao GPS – que contraria a Jazz com abordagem pop é, de Grammy – em discurso directo. v
ideia do músico boémio, a tocar resto, o que traz aos Jardins de
noite fora em caves esconsas, Serralves, no Porto, e ao Parque TEXTO RITA BERTRAND
CARTAZ
FUNDAÇÃO GULBENKIAN
ANFITEATRO AO AR LIVRE
6.ª,28/7,21h30Sélébéyone
– Steve Lehman • Sáb.,29/7,
FESTIVAL
21h30Sun of Goldfinger
JAZZ EM AGOSTO ARRANCA – David Torn • Dom.,30/7,
21h30Coax Orchestra • 2.ª,
EM JULHO NA GULBENKIAN 31/7,21h30Peter Brötzmann
& Heather Leigh• 3.ª,1/8,
21h30Life and Other Tran-
O festival que tantas ve- mic (estrela do hip-hop tra e a solo, na perfor- sient Storms – Susana Santos
zes obriga os fãs de jazz a do Senegal), prolongan- mance Acapulco Redux. Silva • 4.ª,2/8,21h30Sudo
fazer conciliações malu- do-se até dia 6, data de O contrabaixista Pascal Quartet • 5.ª,3/8,21h30Star-
cas com a agenda de fé- encerramento com outra Niggenkemper também se lite Motel • 6.ª,4/8,21h30
Dave Douglas The Fictive Five – Larry Ochs
rias, de modo a não fa- proposta arrojada: High apresenta a solo, explo- • Sáb.,5/8,21h30Human
lharem os momentos épi- Risk, com o trompetista rando os limites do instru- Feel • Dom.,6/8,21h30High
cos que se vivem no Anfi- Dave Douglas a abraçar a mento, e o saxofone de Risk – Dave Douglas
teatro ao Ar Livre da Fun- electrónica. Peter Brötzmann “contra-
EDIFÍCIO COL. MODERNA
dação Gulbenkian, come- Pelo meio, há muita mú- cena” com a pedal steel Sáb.,29/7,18h30Steve
ça, este ano, ainda em sica aventureira, a derru- guitar de Heather Leigh. Lehman • Dom.,30/7,18h30
Julho, mas não é por isso bar fronteiras geográficas Mais? Life and Other Tran- Acapulco Redux – Julien Des-
prez • Sáb.,5/8,18h30EITR–
que muda de nome: a e estilísticas, como dita o sient Storms, o quinteto
Pedro Sousa & Pedro Lopes
34.ª edição do Jazz em jazz contemporâneo. Dois da trompetista Susana
Agosto arranca esta sex- guitarristas encarnam Santos Silva, e Sudo EDIFÍCIO SEDE – AUD. 2
ta-feira, 28, com Sélé- essa ideia na Gulbenkian: Quartet, que junta impro- 6.ª,4/8,18h30Pascal
Niggenkemper
béyone, projecto revolu- David Torn no projeto Sun visadores europeus de re- Bilhetes: €12 a €20
cionário que junta o saxo- of Goldfinger, com os in- nome, como o violinista
fonista Steve Lehman e contornáveis Tim Berne e Carlos Zíngaro, a contra- MÚSICA
os rappers HPrizm/High Ches Smith, e o francês baixista Joëlle Léandre e o
Priest (dos Antipop Con- Julien Desprez, como baterista Paul Lovens. Ora
Steve
sortium) e Gaston Bandi- membro da Coax Orches- espreite o cartaz. v RB Lehman 13
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FESTIVAL
CINEMA
Quem
16
vê caras Christin e desenhado por Jean-Claude Mézières
cativou Luc Besson (mestre de filmes de acção e
k O projecto era prometedor: des- moderna de Aix-en-Provence, Fran- Karl, e o filme teve a realização de “conhecer a vida”, crescendo
crever, com realismo (apesar da ça, depois na liberdade coreográfi- Valérie Muller com o marido, Ange- como intérprete e coreógrafa.
origem na graphic novel de Bastien ca de Anvers, Bélgica, junto de um lin Preljocaj, grande coreógrafo Quando irrompe a beleza de um
Vives) e sensibilidade, a autodes- bailarino de excepção, Karl. moderno francês de origem alba- pas-de-deux na reinterpretação de
coberta de uma artista, Polina, bai- As expectativas eram tanto mais nesa. Mas o cinema não é ballet, e Branca de Neve, pelos oito minu-
larina russa, de acesso garantido altas quanto Polina surge interpre- o par soçobra na verdade emocio- tos finais, é demasiado tarde. Há
ao Ballet do Teatro Bolshoi, que de- tada por Anastasia Shevtosa, do nal da viagem, das enormes cha- aqui um grande filme
cide interromper o percurso clássi- notável Ballet Mariinski de São Pe- minés industriais dos subúrbios algures escondido, mas CINEMA
co para definir uma identidade, pri- tersburgo, Jérémie Bèlingard, estre- moscovitas aos bares de Anvers não chegou a sair do
meiro numa companhia de dança la do Ballet da Ópera de Paris, é onde Polina arranja emprego para espaldar. v
17
PUB
CRÍTICA
k Há uma linhagem con- PEDRAS O sopro sobrenatural
siderável de filmes de ter- SOMBRIAS passa da sugestão do
ror psicológico em am- primeiro acto aos exces-
biente gótico. A Hammer
GRANÍTICO sos do clímax, Emilia TwSSS
fez disso parte da sua car- Clarke parece perdida DE PHIL VOLKEN
reira como produtora, e a sem a cabeleira loira da EUA • Acção • M12 • 108m
Com Eion Bailey e Danny Glover
BBC embebeu muitas das Daenerys Targaryen de
suas adaptações de clás- A Guerra dos Tronos e
CRÍTICA
sicos literários na mesma contratada para cuidar Eric D. Howell deveria re-
atmosfera. do filho silencioso de ver 33 vezes Os Inocen- PESADELO EM FÉRIAS
Pedras Sombrias assu- Klaus, um escultor viúvo tes (1961) para ter noção TORMENTO
me o legado no caso de com mansão na Toscânia do que é um conto as- VOLUNTÁRIO
Verena, uma enfermeira dos anos 50. sombrado. v PMS
k Este filme conta com um dos
TSSSS protagonistas mais estúpidos da
DE ERIC D. história recente do cinema: o mé-
HOWELL dico Kevin vai passar férias às Ca-
EUA/ITA • Thriller
• M16 • 94m raíbas com a mulher e o filho de
Com Emilia Clarke seis anos mas, à falta de barcos
e Marton Csokas na estância de luxo onde se hos-
peda, resolve alugar uma lancha
CINEMA usada a um autóctone – a quem
não se identifica ou informa onde
está hospedado – e arranca feito
louco com a esposa e o miúdo,
18
sem água, comida, protector solar,
telemóvel e roaming, carregando
no pedal durante uma hora, para
longe da costa, num oceano que
não conhece, sem perceber patavi-
na de navegação ou mecânica, até
se deter numa ilha deserta no
meio de nenhures.
A partir daí, Pesadelo em Férias
melhora e revela timing nas peripé-
cias, mas quem se pode importar
com o destino de um canastrão
destes? v PMS
ESTREIA
Clássicos e
• €15
JOÃO EO
PÉDEFEIJÃO
receita de • €8
sucesso
O grupo Byfurcação está
TEATRO & DANÇA a fazer quatro espectáculos
em simultâneo – e enche
todos. Paulo Cintrão, que o O PRINCIPEZINHO
dirige, explica porquê PARQUE DA
22 LIBERDADE, SINTRA
Até 29/9 • 6.ª., 21h30
TEXTO RITA BERTRAND • €15
24
A instalação
foi feita entre
1973 e 76
e integra
uma trilogia
or si só, o título já é uma obra de arte. Poéti- Nascido em São Mamede do Coronado, Santo Tir-
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Obey Giant,
que reproduz
um stencil
da cara
do wrestler
André the
ARTE URBANA Giant, é um CRÍTICA
COM 4 LETRINHAS dos traba-
lhos mais
conhecidos
FERNANDA
APENAS SE ESCREVE do artista FRAGATEIRO
– CHÃO COMUM
A PALAVRA OBEY ESCULTURA
Frank Shepard Fairey RECRIADA
nasceu em Charleston,
no Sul da Califórnia, em
1970, e é um dos maio-
res nomes da arte ur-
bana contemporânea.
Se nunca ouviu falar CARLOS VIDAL CRÍTICO
dele é porque o de-
signer do famoso pos- k Retrospectivemos, para
ter Hope, com o rosto chegar a esta intervenção:
de Barack Obama em há, na autora, intervenções
azul, vermelho e ama- públicas (por vezes discutí-
relo, assina com outro veis e de gosto peculiar, di-
nome, mais curto e im- vergindo do essencial da
perativo: sua obra, como as do Par-
ARTES PLÁSTICAS Obey. que das Nações); há uma
O artista infatigável busca de interac-
apresenta Obey está ções com a literatura onde,
Printed Matters – uma envolvido em A exposição de modo interessante, a pa-
26 várias causas encerra
mostra que inclui im- humanitárias durante o lavra (Blanchot ou Joyce)
pressões em papel, ma- mês de ganha forma visual ou es-
deira, metal e colagens Agosto cultórica (subtil); há uma
– na galeria Underdogs, sas na sociedade ac- soas dizem que o papel relação com a arquitectura,
em Marvila, Lisboa. Divi- tual. “Sou um produto vai acabar e ser substi- PRINTED buscando uma compreen-
dida em dois períodos da era da produção em tuído pelos meios digi- MATTERS são do lugar da escultura e
– LISBON
(um que encerra já a massa e do que a cultu- tais, mas eu digo que GAL. UNDERDOGS seu contexto; e, resumindo
29 de Julho e outro ra de massas criou”, ex- não se pode substituir Lisboa (aspecto fundamental), uma
que vai de 1 a 23 de Se- plica o artista no site da a experiência provoca- Até 29/7 e de 1 a 23/9 busca do feminino recalca-
• 14h-20h
tembro), a exposição galeria, garantindo que dora e táctil de uma im- • Fecha dom. e 2.ª do pelo modernismo (recu-
realça a importância da o papel está de boa pressão, na rua ou Grátis perando nomes como Lilly
comunicação de mas- saúde. “Algumas pes- numa galeria.” v AX Reich, que trabalhou com
Mies van der Rohe).
Retomando anterior termo
BIENAL de J. L. Brea, muito feliz, esta
intervenção no Montijo reve-
PAULA REGO HOMENAGEADA EM CERVEIRA la uma forte “beleza impla-
cável”, pois é de uma simpli-
Um ano depois de Os pintores Jaime Azi- The Barn, cidade desarmante: trata-se
de 1994,
atingir a maioridade, a nheira e Ernesto de pertence de refazer o chão de uma
Bienal Internacional de Sousa também serão à Colecção obra setecentista, “retoca-
Arte de Cerveira, na homenageados no Berardo da” por Pardal Monteiro nos
sua 19.ª edição, home- evento, que este ano é anos 40. A cota baixa e, jun-
nageia um dos maio- dedicado ao tema Da to ao altar, uma pequena
res nomes nacionais Pop Arte às Trans-Van- rampa deixa ver restos de
da pintura, Paula Rego. guardas – apropriações azulejos geométricos. A me-
A artista estará em da arte popular, reunin- mória liga a escultura à ar-
destaque com a exibi- do 600 obras, realiza- BIENAL DE quitectura. v
ção de 51 obras, desta- das por 500 participan- ARTE DE
cando-se The Barn, de tes de 35 países, expos- CERVEIRA TTTTS
VÁRIOS LOCAIS ERMIDA
1994, e Lenços dos tas não só em Cerveira, V. N. Cerveira, DE ST.ºANTÓNIO
Amores, de 1968 (de mas também aos con- Paredes de Coura, QUINTA DO PÁTIO D’ÁGUA,
realçar que Rego figu- celhos vinhos de Pare- Caminha, Vigo MONTIJO
e Ourense Permanente • 4.ª e 6.ª, 14h-17h30
rou na primeira edição des de Coura, Caminha, Até 16/9 (confirmar na Junta)
da Bienal, em 1978). Vigo e Ourense.. v AX Vários preços • Grátis
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o dia nesta
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(€98,50) uma alça entrançada colo-
rida e pompons. Além dis-
so, traz uma alça comprida
extra, para pôr ao ombro.
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Os acessórios que
são a sua praia SHOPPING
27
Ao trocar a cidade ou o campo por um bom areal
e um mergulho no mar, prepare-se com estilo
TEXTO INÊS MENDES OLIVEIRA ÉNFASIS
Com este apoio para a cabeça, tem aqui
uma opção alternativa para a almofada
em só nos biquínis e fatos-de-banho as ALÉM DOS
N
de praia.À venda no El Corte Inglés.
marcas portuguesas dão cartas. A pai- ACESSÓRIOS, €4,95
xão pela zona litoral faz com que muitos
empreendedores se virem para o mar NÃO SE
em busca de inspiração para novos projectos de ESQUEÇA HAVAIANAS
negócio – fazendo assim nascer novas marcas de DE LEVAR O De uma das mais
acessórios de praia. recentes colecções
Algumas – as de maior sucesso e originalidade –
PROTECTOR de Verão da marca,
estão nestas páginas, ao lado das internacionais SOLAR PARA A chegaram estes
clássicas, todas com acessórios – de chinelos e al- PRAIA E EVITAR chinelos de inspira-
mofadas a toalhas de praia – que, além de cumpri- EXPOR-SE NAS ção marinha, com
rem o seu objectivo, são divertidos e originais. Com riscas vermelhas
eles, preferindo a praia, o rio ou evitando a areia na
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• Até 30/7 • Entrada gratuita • €125/suíte júnior
João Charrua, autor da exposição, formou-se em Perto da praia de Odeceixe está a Casa Vicentina,
Arquitectura, mas continua a dedicar-se à sua de José Almeida. A propriedade agrícola determi-
paixão: os trabalhos em origâmi. Agora cria os na que seja um agroturismo com 12 suítes. Tanto
seus próprios modelos e são esses que estão as cores como os materiais usados na sua cons-
em exposição em Portel até ao fim de Julho. trução estão em harmonia com a região.
PASSEIOS DE BURRO
ALJEZUR
VALE DA AMOREIRA
• DE 3.ª A SÁBADO
• €35/1H30 COM GUIA
FÉRIAS
29
Imagine: numa
experiência
de laboratório
falhada, ficou
contaminado
por um vírus
mortal e agora
tem de encontrar
o antídoto.
Como?
A resolver
quebra-cabeças,
no Escape
Dinner
PROVADOR
30
ISTOCK
implorar-lhe por uma sugestão,
uma pista simples. Orgulhosamente
digo que eu e o meu grupo nos sa-
fámos bem e só precisámos dos
conhecimentos da Joana duas ou
três vezes. Porém, não se enganem:
não há nada fácil nos enigmas que
nos foram servidos. O objectivo era
ESTA FOI UMA EXPERIÊNCIA de descobrir seis ingredientes que, no
vida ou de morte – assim que me fim, seriam a chave para o antídoto.
sentei no lugar que me estava des- Quando chegou à mesa o prato
tinado, fui informada num tom ligei- principal, um risoto de cogumelos
ro e pouco preocupado de que a (especialidade do chef), foi severa-
minha vida corria perigo: um vírus mente negligenciado – não pela fal-
mortífero tinha sido acidentalmente ta de fome, mas sim pela ânsia de
libertado. “Como se sente?”, per- nos salvarmos. Pela altura da so-
guntou Joana, responsável por me bremesa, estávamos a um ingre-
ter dado a terrível notícia: “Tem sin- diente do fim. O antídoto foi final-
tomas?” Sem sair do fatídico res- mente alcançado depois de umas
taurante Casa do Chef, na Avenida colheradas energizantes de mousse
de Berlim, e numa corrida contra o de chocolate.
tempo, tive de descobrir a cura. Na realidade, estávamos a um úl-
O mote estava lançado: a produ- timo esforço da morte, que foi evita-
tora Grand’ideia tinha planeado in- gues, em busca da salvação, duran- encontrámos o primeiro enigma: da graças à sincronização de todas
fectar os quatro comensais à mesa, te este jantar especial (só há um “O jogo começa aqui.” “Aqui? Onde as mentes envolvidas. Dica: a reso-
no grupo que me calhou. Única por mês), de nome Escape Dinner. exactamente?”, perguntámos. A tal lução dos enigmas vai exigir a cola-
dica: tudo o que seria necessário A acompanhar os cogumelos sal- Joana, que inicialmente nos tinha boração de todos os sentidos (e de
para chegar ao antídoto estaria em teados numa redução de vinho e dado a má notícia, revelou ser a um smartphone). O próximo jantar
cima da mesa, ou seja, não seria mel chegou também uma folha A4, nossa agente secreta. No caso de o será a 11 de Agosto.
necessário andar a deambular pelo o nosso ponto de partida, e nada enigma nos cortar o fluxo de ideias
restaurante do chef Jorge Rodri- mais. Depois de lidas as instruções, e nos encostar à parede podemos TEXTO INÊS MENDES OLIVEIRA
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para o verão.
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JJÁ NAS BANCAS
Exercite o seu cérebro com mais uma edição dos livros Abre-te Cérebro da SÁBADO.