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Amor Transferêncial
4 de Janeiro de 2011
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Introdução
Manusear a transferência amorosa pode trazer-nos grandes dificuldades, que por
vezes podem ser comparadas, às das transferências agressivas e paranóides, e que
podem, no seu desenvolvimento, obstruir a capacidade analítica do terapeuta, pelo
menos temporariamente.
O trabalho que se segue descreve o fenómeno da tranferência no âmbito da
análise e o seu respectivo manuseamento, pois é somente graças a este fenómeno que se
pode estabelecer efectivamente o seu tratamento.
O presente trabalho ainda faz destaque relativamente ao modo como o
psicanalista deve lidar com a tranferência amorosa, que como Freud alerta, é onde
reside a verdadeira e séria dificuldade.
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Amor Transferêncial
narcísica do aluno com frequência o coloca. E o aluno assim o faz pensar. Como recorda
Lacan, “o desejo situa-se na dependência da demanda”. (Murta, 2006)
Segundo Catherine Millotesta esta dinâmica transferencial é inevitável, pois:
“(...),para que o desejo do aluno não fosse alienado no do professor, seria necessário que
não houvesse nenhum desejo em particular, ou seja, que o professor não investisse o
aluno como objeto de seu desejo de ensinar, o que interditaria no aluno o acesso a
qualquer desejo: “não há desejo além do desejo alienado”. (Murta, 2006, p.39)
No clássico relato do caso Dora, Freud afirma que o paciente não recorda nada
do que reprimiu e esqueceu, mas reproduz o reprimido uma acção inconsciente e
repetitiva. No pós-escrito deste trabalho, Freud refere que as transferências são
reedições, reduções das reações e fantasias que, ao se avançar na análise, geralmente
despertam e tornam-se conscientes, caracterizadas por uma substituição de uma pessoa
anterior pela pessoa do médico. (Isolan, 2005)
“Em 1915, Freud referiu-se ao “amor de transferência” como uma complicação
do processo psicanalítico, que acontece com freqüência e no qual o paciente se diz
“apaixonado ” pelo seu terapeuta.” (Isolan, 2005, p.189)
Nesta situação o analista deve reconhecer que a paixão do paciente não deve ser
atribuída aos encantos de sua própria pessoa. Freud afirma que o analista deve estar
atento para saber com o que está a lidar, utilizando a transferência amorosa para uma
melhor compreensão do paciente. Freud classifica também a transferência em positiva e
negativa. A transferência positiva refere-se, a todas as pulsões e derivações relativas à
libido,isto é, sentimentos de afecto e carinho, incluindo os desejos eróticos, sob a forma
de amor não-sexual não persistindo como um vínculo erotizado. A transferência
negativa é referente à existência de pulsões agressivas e suas derivações, como por
exemplo inveja, ciúmes, destrutividade e sentimentos eróticos intensos. (Isolan, 2005)
“(...), nas transferências eróticas, a capacidade de fantasiar não é perdida, e as
demandas eróticas se mantêm ao nível da fantasia, ou seja, o analista é um objeto da
fantasia do paciente, ao contrário das transferências erotizadas, onde ele é vivido como
um objeto concreto.” (Isolan, 2005, p.190)
Zimerman refere que existem dois grandes riscos que podem acompanhar a
instalação da transferência erotizada no campo analítico:
“(...), que, diante da não gratificação, por parte do terapeuta, dessas demandas
sexuais do paciente, este recorra a atuações fora da situação analítica, que, às vezes,
podem adquirir características de grave malignidade. (...), que a terapia, a partir dessa
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transferência perversa, possa descambar para uma perversão da transferência, (...), com
a possível eventualidade de o terapeuta ficar nela envolvido.” (Isolan, 2005, p.190)
Ao se manusear a transferência amorosa, deve-se ter em conta que as reedições
de conflitos infantis provêm de desejos que permaneceram insatisfeitos e que procuram
realização no contexto do tratamento psicanalítico. O papel do terapeuta é mostrar a
realidade do que está a ser pedido, o que poderá ser feito pela análise pormenorizada
dos sentimentos transferenciais, contratransferênciais da dupla analítica. (Isolan, 2005)
“Quando o terapeuta interpreta, colocando em palavras essa troca de emoções
inconscientes, ele possibilita a passagem para o simbólico. A interpretação, ao tornar
consciente o que é inconsciente, possibilita à libido ficar à disposição do ego para
investimentos mais saudáveis.” (Isolan, 2005, pp. 190-191)
Ao interpretar, entra-se em contato com a realidade, e não com a realização do
desejo, como pede o paciente. E, caso a interpretação seja correctamente utilizada, reduz
com frequência, o desejo e a resistência inerentes à transferência amorosa. (Isolan,
2005)
Freud, no entanto afirmava que existe uma: “determinada classe de mulheres
com quem esta tentativa de preservar a transferência erótica para fins de trabalho
analítico, sem satisfazê-la, não logrará êxito. Trata-se de mulheres de paixões poderosas,
que não toleram substitutos”. (Isolan, 2005, pp. 190-191)
“Quanto mais um tratamento analítico demora e mais claramente o paciente se
dá conta que as deformações do material patogênico não podem, por si próprias,
oferecer qualquer proteção contra sua revelação, mais sistematicamente faz ela uso de
um tipo de deformação que obviamente lhe concede as maiores vantagens - a
deformação mediante a transferência.” (Freud, 1912, p. 64)
Essas circunstâncias permitem que se combata contra todo o conflito da esfera
da transferência.
Desta forma, a transferência, no tratamento analítico, aparece inevitávelmente,
desde o início, como a mais forte arma da resistência.
Como é possível que a transferência sirva tão admiravelmente de meio de resistência?
(Freud, 1912)
“(...), uma relação de dependência afetuosa e dedicada pode, (...), ajudar uma pessoa a
superar todas as dificuldades de fazer uma confissão. Assim, a transferência para o
médico poderia, (...), servir para facilitar as confissões, (...). (Freud, 1912, p.64)
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Bibliografia