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— Golpista? Golpistas são vocês. Eu sabia que não podia aceitar o convite. Vocês
não querem unir coisa nenhuma. Então vou embora daqui.
Fazia quase meio século que estava no Exército, já fora secretário de finanças e
superintendente de refinaria, mas não conseguira passar dois anos arregimentado num
quartel.De setembro de 1962 a janeiro de 64, sua atividade clandestina foi intensa
e irrelevante. Resumia-se a intermináveis conversas no apartamento dele, em geral
às quintas-feiras, com os generais Cordeiro de Farias, Ademar de Queiroz e Antonio
Carlos Muricy. Não tinham plano para o levante ou projeto para o novo governo. Nem
sequer data para a rebelião
Castello juntou-se aos conspiradores no final de janeiro de 1964.
Supunha-se que os combates pudessem durar 48 horas, trinta dias ou seis meses.
Geisel calculava que se o caso não fosse resolvido em três dias, duraria dois
meses.
Nomeado chefe do Gabinete Militar de Castello Branco, Geisel voltava ao gabinete
presidencial, onde estivera em 1945, 54 e 61. Na sua cabeça, porém, havia uma
novidade: “Em 64 veio a idéia de não se devolver tudo de novo aos ‘casacas’, e eu
era partidário dela”
doze anos. Um (Cordeiro de Farias) tinha vinte anos de generalato e dez como
quatro-estrelas.31 O efeito da mudança foi o desaparecimento doschamados “donos do
Exército” e a redução da área de manobra das vivandeiras políticas.
Geisel tentou afastar Costa e Silva do centro do poder pelo menos quatro vezes,
segundo Gaspari. A primeira, quando Geisel comandava o país na prática, durante a
curta interinidade de Mazzilli, em 1961.
O principal motivo: o ministro estava se transformando em candidato a presidente e
Geisel imaginava um comando profissional para as Forças Armadas. Na manhã de 17 de
fevereiro de 1966 o ministro da Guerra desembarcou no aeroporto do Rio de Janeiro.
Surpreendeu-se ao ver Geisel na pista. “Ué, tu também por aqui, Ernesto?”
perguntou-lhe.51 O chefe do Gabinete Militar respondeu que estava representando
Castello. De volta a Brasília, recebeu dois relatórios da cena que presenciara. Um
mencionava que eram Seiscentos os oficiais reunidos no aeroporto. “Cerca de 40 a 60
generais, 200 oficiais superiores, 100 subalternos, mil pessoas”, anotou Geisel.
O segundo relatório terminava com o item “Faixas Apresentadas”.
Uma delas dizia: “Linha dura é a linha certa”.\
argumentos do chefe do Gabinete Militar contra o candidato
eram todos profissionais: “O mal é o ministro da Guerra querer ser
O general lembrava-se de outra: “Manda brasa, Seu Artur”presidente. Ele passa a
agir dentro do ministério em função da sua candidatura”, ou “O exército não pode
ser partido político, comigo ele ficava ao sol e ao sereno
Pensou em pedir demissão, mas Foi mandado para o Superior Tribunal Militar.Geisel
passou de general-de-brigada a general-de-exército em cinco anos e oito meses.
Ninguém conseguira coisa parecida. As duas promoções demoravam cerca de dez anos.
Nos raros casos em que se formaram maiorias legalistas, como em julho de 1968,
quando o tribunal classificou como ineptas as denúncias imprecisas e inconclusivas,
Geisel votava com a minoria. Dois meses depois, os ministros mudaram de idéia, e
ele se tornou maioria.8 Sua trajetória está melhor demarcada pelos votos em que foi
vencido. Em 1968 Geisel negou ao ex-governador de Sergipe, Seixas Dória, o direito
de ser julgado peloSTM — e não numa auditoria — por supostos crimes cometidos em
63, quando a Justiça Militar nem sequer tinha jurisdição em matéria política.
Geisel rompeu o seu silêncio político em outubro de 1967, quando uma comissão de
parlamentares visitou presos em Juiz de Fora e achou onze vítimas de torturas. Em
todos os casos os criminosos eram militares agindo dentro de quartéis do Exército.
Um dos integrantes da comissão era o deputado Marcio Moreira Alves, cuja luta
contra a tortura já entrava em seu terceiro ano. Ele remexera na história de
setembro de 1964 e criticara a conduta de Geisel durante sua missão ao Nordeste:
“Este general honrado mancomunou-se com um bando de sádicos”O general respondeu na
sessão doSTM de 30 de outubro. Recapitulou os acontecimentos de 1964 e fechou sua
“Explicação Pessoal” citando longamente uma nota do general Lyra Tavares que
culpava a “técnica de ação comunista no campo psicológico” pela divulgação de
“falsidades e lendas”. Tudo coisa “dos teóricos da guerra revolucionária [que]
pretendem explorar a credulidade pública atribuindo a elementos das forças armadas
arbitrariedades e abusos de autoridade incompatíveis com a dignidade da função
militar e do sentimento humano”.15
Esse raciocínio repetia a idéia de que a questão da tortura era
uma campanha esquerdista.
No dia 6 de novembro de 1969, chegou a Geisel um telex do chefe do Gabinete Civil
informando-o de que Medici acabara de nomeá- lo para a presidência da Petrobrás
GOLBERY
Aqui e ali ainda há ecos de Spengler (“uma civilização talvez já ferida de morte”),
mas a influência do pessimismo alemão se dissolvera. No lugar dela está o choque
entre dois modelos: a “anomia” dos Estados liberais ou o “totalitarismo” dos
regimes socialistas. A saída? “Uma nova era para a história da humanidade, a era do
planejamento, de liberdade e de justiça.” Para isso, era preciso definir “o
problema complexo da guerra civil”, que ele também chama de “guerra
ubversiva”planejar a guerra contra movimentos internos que culminassem “na
subversão armada, na revolução, na guerra civil”. No caso da subversão comunista,
argumentava que a hipótese de guerra contra a “poderosa quinta-coluna” deveria ser
a mesma concebida para “a agressão externa partida da Rússia ou de seus
satélites”.59 Apesar de total, a guerra só começaria de verdade quando houvesse uma
ameaça tangível: “De qualquer forma, entre uma subversão armada e as perturbações
da ordem pública que requeiram apenas mera repressão de caráter policial, a
diferenciação não apresenta, em geral, maiores dificuldade
Um ano depois da “Novembrada”, promovido a coronel, Golbery estava no Estado-Maior.
Lá, haveria de começar a convivência dele com o coronel Ernesto Geisel e com um
novo subordinado a quem se afeiçoa-ria, o tenente-coronel João Baptista Figueiredo,
então com quarenta anos.
NO GOVERNO JANIO: No Serviço Federal de Informações e Contra-informação havia
quinze oficiais. Comandava a equipe o coronel Ednardo D’Avila Mello, um oficial
benquisto, bom jogador de basquete, signatário doMemorial
dos Coronéis de 1954. Abaixo estavam os tenentes-coronéis João
PC O Brasil foi o primeiro país do chamado mundo ocidental a romper relações com
Moscou.21 A legalidade do Partido Comunista durara menos: dezoito meses. Depois de
ter conseguido 500 mil votos (10% do eleitorado) para seu candidato a presidente e
de ter feito uma bancada de catorze deputados, oPCB, com 180 mil membros,
controlando duas editoras e oito jornais, foi posto fora da lei em maio de 1947.
ATÉ O PALITEIRO DO IPÊS