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A AUTO-ESTIMA E A ARTETERAPIA
NO TRABALHO COM TERCEIRA IDADE
Setembro/2003
Universidade Cândido Mendes
Pro-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento
Diretoria de Projetos Especiais
Projeto a “Vez do Mestre”
A AUTO-ESTIMA E A ARTETERAPIA
NO TRABALHO COM TERCEIRA IDADE
Setembro/2003
Agradecimentos:
Aos meus pais que sempre estiveram comigo,
me apoiando e acreditando no meu trabalho.
Aos meus irmãos pela paciência e carinho e ao
meu marido pelo amor, compreensão e
companheirismo dispensado durante a
realização deste trabalho acadêmico.
Dedico este trabalho a todas as pessoas que
acreditam encontrar nesta idade a “Melhor
idade”, se não deixarem seus sonhos morrerem,
porque envelhecer não é morrer para os sonhos,
envelhecer é acordar para vivê-los intensamente
independente da idade.
RESUMO
O indivíduo ao viver a experiência de criar algo com as próprias mãos, revela todo
seu “Eu” desconhecido, sua potencialidade em “ser”, existir. A arteterapia tem sido
um facilitador nessa conquista, em poder favorecer o regate a auto-estima e seu
processo libertador, assim como o autoconhecimento, que se torna uma alavanca para
uma maior compreensão de seu processo interior.
A pesquisa utilizada foi à bibliográfica onde podemos obter uma melhor clarificação
dos benefícios que a arteterapia pode trazer para uma melhor qualidade de vida aos
indivíduos da terceira idade que é a auto-estima, como o autor Christophe André, fala
em seu livro (auto-estima)
Introdução .......................................................................................................................06
1. A arte e seus benefícios terapêuticos ........................................................................08
1.1. Modalidade e materiais utilizados na arteterapia...............................................12
1.1.1. Artes plásticas ...........................................................................................13
1.1.2. Os materiais ..............................................................................................14
1.1.3. Materiais tridimensionais..........................................................................18
1.2. Instituições que incentivam a arte na terceira idade ..........................................21
2. A Arteterapia possibilitando o autoconhecimento....................................................24
2.1. A auto-estima.....................................................................................................27
2.2. O autoconhecimento ..........................................................................................31
3. A arte de envelhecer .................................................................................................33
3.1. Razões biológicas do envelhecer .......................................................................35
3.2. A importância da arte e sua contribuição para auto-estima...............................37
Conclusão........................................................................................................................41
Anexos ............................................................................................................................42
Folha de Avaliação .........................................................................................................43
Bibliografia .....................................................................................................................44
INTRODUÇÃO
Ao nos depararmos com a arte, estamos lidando com uma infinidade de significados,
várias imagens, percepção, linguagens, símbolos, ação e principalmente a
subjetividade do sujeito.
A arte implica em criar, modificar, transformar, e tem em sua essência um efeito
modificador, transformador e terapêutico. E arteterapia se mostra um facilitador
nesse processo de autoconhecimento, auto-estima, pois na verdade a arte permite o
revelar, expressar, o sentir e a terapia, que sob a ótica de Morgan, “é o nome usado
para qualquer tentativa de tratar de uma moléstia ou perturbação”, a cura, o
tratamento, a tomada de consciência, a expressão dos sentidos e um estimulo para o
autoconhecimento. Podemos dizer que arteterapia é um processo terapêutico que
transforma materiais em uma arte significativa para o próprio autor.
Em outras culturas e épocas, a arte surge, independente de religião, unicamente como
forma de expressão para quem produz, e como oportunidade de experiência especial
para quem aprecia. Qualquer que seja sua direção, a arte está em toda parte e é um
elemento definidor da identidade de um povo, de um grupo social e de um indivíduo.
O artista pode se manifestar de diversas formas: pelo som (música), pela linguagem
verbal oral ou escrita (literatura), pela imagem visual (pintura, desenho, escultura,
gravura, fotografia) ou pela linguagem corporal (dança). Ou pode, ainda, expressar-
se pela mistura de várias linguagens.
O artista, ou melhor, aquele que faz arte, pode almejar diversos objetivos como:
provocar emoção; proporcionar prazer estético; comunicar aos outros seus
pensamentos; sentir alegria ou satisfação durante o ato criativo; explorar novas
formas de expressão; perpetuar sua existência no mundo; divulgar suas crenças;
ocupar o tempo de forma criativa; documentar seu tempo; entre outros.
Os psiquiatras Kraepelin e Bleuler, conhecidos como mestres da psiquiatria,
mencionaram e valorizaram a arte no seu processo terapêutico. O Doutor Mohr
(1906), Simon (1876 e 1888) e principalmente o psiquiatra Prinzhorn (1922)
enfatizaram na Alemanha, o papel da arte em relação ao tratamento e produções de
doentes mentais.
No Brasil a psiquiatra Nise de Silveira fundou o Museu da Imagem do Inconsciente,
localizado no Rio de Janeiro, sendo pioneira no uso da arte como parte do processo
terapêutico. Ainda hoje, pacientes com certos tipos de esquizofrenia e outras
doenças mentais são tratados com essa nova terapêutica e os resultados tem sido
satisfatórios.
A arte faz parte do ser humano como um todo, pois somos seres que a cada dia
estamos criando e recriando nosso habitat, descobrindo novas formas para lidarmos
com o dia-a-dia de maneira criativa. A arte faz parte da história, pois desde a origem
da humanidade, até os dias atuais encontramos o homem utilizando a música, os
pincéis, as tintas, o artesanato, o teatro, os contos, o carvão, como forma de
comunicação e interação com o meio, e, com fins terapêuticos, descobrindo nela uma
melhor harmonia.
Vários estudiosos vêm mostrando o efeito da arte como um elemento modificador, de
interação com o seu “eu” interior, crescimento pessoal, e com isso, percebemos a
necessidade de descobrirmos um pouco mais sobre essa arte que é reveladora, que se
concretiza em um fazer (criação) através de uma linguagem artística. E existem
várias definições que nos fazem refletir sobre sua complexidade que é imensurável:
Capacidade que tem o homem de por em prática uma idéia, valendo-se da
faculdade de dominar a matéria.
A utilização de tal capacidade, com vista a um resultado que pode ser obtido por
meios diferentes.
Atividade que supõe a criação de sensações ou de estados de espírito de caráter
estético, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem
o desejo de prolongamento ou renovação.
Capacidade criadora do artista de expressar ou transmitir tais sensações ou
sentimentos.
Artes plásticas.
O conjunto das obras de arte de uma época, de um país, de uma escola.
Os preceitos necessários à execução de qualquer arte.
Livro, tratado ou obra que contém tais preceitos.
Capacidade natural ou adquirida de por em prática os meios necessários para
obter um resultado.
Dom, habilidade, jeito.
Ofício, profissão (nas artes manuais, especialmente).
Artifício, artimanha, engenho.
Maneira, modo, meio, forma.
A arte enriquece o ser humano a medida em que ele se descobre um ser em potencial,
independente da idade e condição social; seja ele criança ou adolescente, pobre ou
rico, novo ou velho. A arte trabalha com o lúdico que há em cada um de nós, com
criatividade, muitas vezes, até desconhecida; com a auto-imagem, muitas vezes
distorcidas; com a auto-estima, nos fazendo perceber o nosso valor e nos ensinando a
nos estimar a cada dia, enfim, trabalha com nossas emoções e sentimentos nos
fazendo enxergar além de uma imagem construída (pintada em tela), uma nova visão
– um novo paradigma.
“Para Freud a ARTE é um produto de uma neurose que se encontra sublimado”; isto
é, a arte adquire uma característica defensiva bem sucedida de um conflito, que pr
sua própria caracterização de foco de tensão, possibilita uma adequação social ao
ego. A arte seria por sua identidade como agente de criatividade, elemento
propiciador subordinado à vontade egóica dotando-a de liberdade de ação frente aos
impulsos sexuais ou agressivos.
Desse modo, percebe-se que a arte é explicada como sendo a manifestação de um
mero sintoma, e não um ato genuíno de criatividade.
Já Yung por se vincular a Psicologia analítica e considerar os conteúdos simbólicos
originários do inconsciente diz que os mesmos são capazes de serem submetidos à
investigação psicológica e permite o questionamento acerca do sentido dado à sua
obra.
O inconsciente para Yung guarda conteúdos dos quais a consciência gostaria de se
libertar, dinamiza e cria conteúdos novos. Se o inconsciente é assim postulado como
uma totalidade dos conteúdos psíquicos, pela teoria analítica, visa proporcionar um
fundamento mais aproximativo ao entendimento da criatividade e das ações
expressivas como reveladoras da alma humana.
A criação se traduz para Yung como sendo um possibilitador de reorganização
criativa, onde novos caminhos, como sua linguagem, dão espaço para se unir a
racionalidade, originando novos cenários, novas percepções possíveis à vida humana.
Assim surge a arteterapia possibilitando a expressão ou a comunicação de
representações como fantasias e sentimentos, favorecendo a estruturação e expansão
da personalidade através da criação.
Pastel seco - Relativamente fácil de usar, mas os efeitos podem borrar com
facilidade e precisam ser fixados. Devido à possibilidade de borrar, podem
provocar frustrações pela impressão de desfazer, ao mesmo tempo podem
promover sensações de exaltação, manifestando sentimentos idealizados, pueris,
sutis ou mais elevados.
Tintas - As tintas são muito mais fluidas e, portanto, mais difíceis de controlar do
que o material seco, mas também são muito mais gratificantes pelos efeitos que
permitem e muitas pessoas gostam de usá-las.
TINTA PARA PINTURA A DEDO - GROSSA, TEM UMA BOA QUALIDADE TÁTIL, É BOA
PARA TRABALHOS DE REGRESSÃO E PARA CRIANÇAS. É CARA.
Obs: Muitas tintas de alta qualidade artística são tóxicas, portanto use material
escolar.
Materiais tridimensionais maleáveis são bons para temas que envolvam sentimentos
fortes, principalmente raiva, porque as pessoas podem utilizar parte da energia
associada ao sentimento para trabalhar o material.
Materiais de máscaras - Algo fascinante para todos, objeto que disfarça, que
simula e transforma o próprio vocábulo “persona” provém do latim persona, que
originalmente significa máscara, a pessoa que se transforma em outro ser. A
máscara pode ser definida como uma cobertura, um disfarce, colocada sobre o
rosto para dissimulá-lo ou substituído por outro artificial, criando assim a ilusão.
A máscara corresponde ao estado rudimentar da consciência em que não há
distinção absoluta entre ser e parecer e em que a modificação da aparência
determina a modificação da própria essência. A máscara está freqüentemente
associada aos princípios básicos do teatro. Como o teatro, a máscara amplia
conceitos, exagera fatos, amplia a vida, mostra algo além do que aparenta.
Através da confecção de máscaras em ATT, com suas inúmeras possibilidades,
surgirão os símbolos necessários para a compreensão e transformação dos
conteúdos inconscientes que representam. Os símbolos inconscientes transitarão
para a consciência. Deste modo, contribuirão para a expansão de toda a estrutura
psíquica do ser humano, objetivando resgatar a qualidade de vida do indivíduo.
Outros materiais - Gesso, fita vinílica, fibras e outros materiais.
MATERIAL ADESIVO
COPYDEX - EMULSÃO DE BORRACHA, BOA PARA TECIDOS.
Cow gum - Emulsão de borracha, boa para papel. Facilmente removível, portanto é
útil para alterar posições.
PVA - Emulsão à base de água. Não é solúvel em água depois de seca. É boa para
papel, tecido, madeira. É útil para colagens e uso geral. Pode ser também misturada
com tinta em pó para fazer tinta plástica.
Cola branca tipo cascorez - Bom para papel, papier-mâché etc. Não use a variedade
para serviços pesados que contém fungicida.
Cola de benzina - Boa para colar madeira e outros materiais rapidamente.
1.2. Instituições que incentivam a arte na 3º Idade
O ser humano passa por diversos estágios de desenvolvimento ao longo de sua vida.
Primeiro é a infância para a adolescência e a idade adulta até a idade mais tenra. E
em todos esses estágios, e, em qualquer idade, reconhecemos em nós, várias
necessidades intrínsecas.
Estudiosos em comportamento humano destacam diversas necessidades inerentes ao
ser humano, como: necessidade de significado, segurança, aceitação, elogios, amor,
disciplina, enfim, necessidades estas que perduram por toda nossa vida.
A necessidade de significado refere-se a essa necessidade em todos os seres humanos
quer necessitam serem notados, apreciados e amados. Por vezes achamos que são só
as crianças que sentem essa carência. Mas os adultos, jovens e até mesmo os idosos
também chamam atenção para si mesmos e desejam ser reconhecidos como pessoas,
mas no geral de maneira menos visível, tal como mostrando algo que fizeram ou
descrevendo algum lugar que visitaram, os adultos procuraram dominar a conversa,
vestir-se de modo chamativo, exigir cargos de liderança, ou empenhar-se como locos
para obter uma honraria ou diploma, merecido ou não. Chamar o outro pelo nome
também nos faz importante, ter valor, esse sentimento faz com que tenhamos senso
de dignidade. A personalidade desenvolve à medida que se tomam decisões, decidir
o que queremos, ter tempo para ouvir o outro traduz-se em auto-respeito, e isso nos
faz gostar de nós mesmos, se sentir aceito, e é a aceitação que estabelece uma base
sólida para o crescimento e autoconfiança.
A aceitação está ligada a respeitar os sentimentos do outro, mostrando-lhe que o
comportamento negativo é inaceitável. Ouvir é realmente uma das melhores
maneiras de dizer “aceito você”.
Amar e ser amado também vêm a ser uma necessidade básica, pois a partir do
momento em que nascemos, queremos, precisamos de afeto, vivemos sozinhos,
precisamos do outro. Se uma dessas necessidades de amar e ser amado não forem
satisfeitas, as pessoas tendem a apresentar problemas emocionais. A criança
pequena, maiorzinha, o adulto, o solteiro, os idosos – enfim, todos necessitam de
expressões de amor.
Podemos descobrir mais a nosso respeito. Muitas vezes pensamos que já sabemos
tudo, pensamos que sabemos que reação teremos em determinada situação e quando
acontece algo, percebemos que a nossa reação foi extremamente diferente do que
pensávamos. Porquê isso acontece? Será que nos conhecemos completamente?
Um filósofo existencialista já dizia: “Somos seres incompletos”. Porquê será que
disse isso? A cada dia vamos nos completando, pois temos sempre algo a descobrir,
a experimentar e, teremos sempre necessidades a serem saciadas e é isto que nos faz
caminhar. Daí o auto-conhecimento ser um processo permanente em nossa vida.
Podemos fazer muito mais do que imaginamos, podemos ser muito mais do que
pensamos ser, podemos ter muito mais do que temos. Porém não nos conhecemos
por completo. A cada experiência que vivenciamos, cada desafio que encontramos
na vida, é que vai nos mostrando o quanto ainda temos a trilhar. O quanto
precisamos aprender a aprender. Nos conhecemos a medida em que experimentamos,
a medida em que ousamos, em que fazemos acontecer. E através da arte podemos
encontrar uma linguagem diferente de vivenciar o concreto e associar a nossa vida.
Acredita-se que “a arte desperta os afetos, ao mesmo tempo em que trabalha as
coordenações sensório-motoras e o corpo. E o corpo constitui o lugar do “eu”
corporal que á a primeira identificação do sujeito com ele mesmo. Toda
representação assinala, ao mesmo tempo, um eu – proprietário (do corpo enquanto
causa) e um eu autor (da obra enquanto efeito)”.
Pode-se dizer que o autor da obra vai se descobrindo ao longo do processo de
construção, completando-se a medida em que vai ultrapassando barreiras, e
vivenciando as alternativas que encontra na vida.
As coisas belas que possuímos não podem ser medidas com base em nossos bens
materiais: carro, casa própria, roupas elegantes, etc. Devemos avaliar essas coisas
como recursos materiais que as pessoas possuem, e que tem direito, possibilidade de
adquirir e de utilizar para desfrutar uma qualidade de vida confortável. Mas o que
adianta se não sabemos o que queremos, o porque temos e não gostamos?
Precisamos descobrir dentro de nós os recursos que possuímos como pessoa.
Construímos ao longo de nossa vida inúmeras convicções, aonde grande parte não
vem de nós e sim do outro. Trazemos para nós crenças que são do outro sem
perceber. E o que eu penso, eu acho? O que será que é mais importante? Existe um
valor dentro de nós seres humanos enorme, porém às vezes deixamos nos levar pela
verdade do outro. Tenho como recurso a capacidade de me comunicar, pensar, ouvir,
falar e tudo isso é extraordinário. Como seres humanos podemos planejar algo para
o futuro, pois não somos limitados, porém faz-se necessário aprender a descobrir a
cada dia nossa capacidade. Através da arteterapia pode-se aprender a “fazer” através
de materiais plásticos como já citado no capítulo anterior.
Através da arteterapia podem-se adquirir experiências novas, de construção e não
limitação, pois a arteterapia permite mergulhar no desconhecido mundo que há
dentro de cada um de nós. À medida que me permito experimentar, vivenciar a arte
descubro novas possibilidades de construção, realização e encantamento. Torno-me
arquiteto de minha obra, posso me conhecer mais e melhor. Torno-me possuidor de
minha obra e gerando em mim uma energia vital que garante o crescimento e o
equilíbrio dentro de mim. Reconhecer limitações, erros e aceitá-los faz com que
tenha maior compromisso comigo mesmo e desejo em me realizar, me completar
como pessoa.
A partir do momento em que construo algo, seja ele um desenho, um poema, uma
música, eu acredito mais em mim, na minha força, na minha capacidade e isso é me
conhecer.
2.1. A auto-estima
A cada dia passamos por diversas experiências diferentes. E sempre existe uma
oportunidade para nos conhecermos melhor. A vida é um desafio onde
constantemente somos acometidos por situações inesperadas, comportamentos não
previstos, que nos fazem tomar atitudes; sejam elas certas ou erradas. A
autoconfiança, a auto-segurança, o autocontentamento, a baixa-estima e a auto-
estima nos fazem reconhecer-nos como seres vivos que pensam, criam, executam,
tem desejos, erra, aceita e é isso que torna a vida interessante.
Todos têm seu caminho, e há milhares de caminhos para descobrir, para tornar-se
você. E precisamos nos observar mais, procurar nos compreender, nos perdoar, nos
criticar menos e amar-nos mais. Porque precisamos ser amados, sentidos, tocados,
precisamos de alguma manifestação de amor. Investir no autoconhecimento é
investir na modificação, é investir na vida. A modificação e o crescimento se dão
quando a pessoa se arriscou e ousa fazer experiências com sua própria vida. E fazer
experiências com sua própria vida envolve a confiança em si, experimentar com sua
vida, é a cada dia se descobrir, saber que pode ou não conquistar, mais busca no seu
próprio caminhar o aprendizado. E a vida se encontra dentro de nós, é o essencial.
Com todas as inibições, com todos os receios, com toda confusão e solidão somos
nós mesmos o – “EU”, onde encontramos o “EU” força, “Eu” existo?, “Eu” posso, o
“Eu” vou, o Eu existo, enfim encontramos dentro de nós respostas onde muitas vezes
procuramos fora.
O autoconhecimento nos fornece uma visão melhor de nós mesmos. E esta, é uma
busca permanente, que perdura por toda nossa vida. Aguça nosso perceber, observar,
e é isso que faz sentido – esse buscar . O homem é capaz de mudar, ver a vida de um
outro ângulo, pois tudo depende da forma como vemos o mundo.
Cada vez que aprendemos alguma coisa nova, nós nos tornamos uma coisa nova.
Novas experiências, novas atitudes, um ser novo também. Talvez isso é que nos faz
sermos uma pessoa dinâmica, a cada dia descobrindo algo diferente e nos
completando com as situações experimentadas. A cada livro que lemos, nos leva a
outros, a cada música uma sintonia diferente, que nos conduz a volta de si mesmo.
Se descobrir é uma viagem que dura a vida toda, queremos e precisamos realizar, ser
reconhecido, necessidade de liberdade, mais para isso tem que se experimentar,
tentar, ser livre para errar e lucrar com os erros. O segredo está em não cometer o
mesmo erro duas vezes. É preciso dar-se essa oportunidade. Permitir que tenha a
liberdade de ser eu mesmo – aprender que tudo se aprende. O amor se aprende, a
preocupação se aprende, a responsabilidade se aprende, o ódio se aprende, a
dedicação se aprende, o respeito se aprende, a bondade se aprende, tudo isso se
aprende na sociedade, no lar, num relacionamento, até mesmo sermos nós mesmos.
Além disso, o conceito de si – quem somos – aprendemos principalmente com a
família. Mas é preciso tirar a máscara, se desnudar para se ver realmente,
experimentar para descobrir; devo existir, porque fiz alguma coisa, porque essa
criação foi eu que fiz. Mas muitas vezes temos medo porque queremos que as coisas
sejam perfeitas. Somos fracos, vulneráveis, nos assustamos com facilidade, mais
temos mecanismos de defesa que construímos para nos proteger do outro, nos
proteger de si mesmo. Negamos uma situação para não nos sentirmos inferiores.
Sublinhamos algo que gostaríamos muito com outras que muitas vezes não nos
fazem bem. Compensamos uma necessidade em outra.
3. A ARTE DE ENVELHECER
Tem-se o conhecimento em que outras espécies de animais indicam que poucas são
as que sobrevivem muito além da idade fértil. Alguns exemplos são consideráveis na
espécie animal como o macho das abelhas e das formigas que morre
obrigatoriamente após fecundar a fêmea, e nisto parece resumir-se sua missão na
vida, assim como o salmão do Pacífico, que somente reproduz uma vez na vida,
envelhece e morre rapidamente após a reprodução. Percebe-se que todo esforço da
natureza parece dirigir-se à sobrevivência da espécie, neste sentido podemos dizer
que a seu aperfeiçoamento. Tanto a vida quanto a morte são essenciais a vida, e
jamais nos livraremos dessa continuidade. O homem a cada dia tem se dedicado ao
estudo genético para que consiga descobrir a longevitude e alguns dizem que é a
forma como o indivíduo se alimenta, o tipo de vida que leva, alguns falam que é
fazendo exercícios que estimulam o corpo a produzir mais. Enfim, são muitos
estudos e muitas considerações a esse respeito, porém a juventude eterna e a
imortalidade são ao que tudo indica inalcançáveis. A vida é simples, muitas vezes é
que complicamos, a vida é para todos e o importante é fazermos da nossa passagem
por esta vida algo agradável, algo que tenha valor para nossa existência para que
possamos torná-la duradoura quanto possível, que possa valer a pena acreditar no
tempero das nossas relações interpessoais, no tempero do amor a vida e com certeza
o amor a si próprio nos despertará a ter um cuidado maior com nossa essência e
vivermos o máximo que pudermos com qualidade de vida, sucesso e felicidade.
Embora o envelhecer traga algumas dificuldades, no plano dos afetos, o corpo é o
lugar de ressonância da emotividade independente da idade... A própria atividade
plástica desperta afetos latentes ligados aos vestígios mais antigos da memória. O
esforço de criação imaginária, tudo contribui para a emergência da emoção. No
plano da constituição do “eu”, podemos dizer que ao mesmo tempo em que aquele
das coordenações sensório-motoras e dos afetos, o corpo constitui o lugar do “eu”
corporal que é a primeira imagem de identificação com do sujeito com ele mesmo.
Portanto, toda representação assinala, ao mesmo tempo, um eu proprietário (do corpo
enquanto causa) e um eu – autor (da obra enquanto efeito). (Sara Paiin, 1990).
Nesse processo de envelhecimento o indivíduo passa várias crises que o fazem
refletir sobre sua vida de um modo geral. Tem-se apresentado, o receio de perder
autonomia e a liberdade, de ficar dependente das outras pessoas, o medo de ser
“peso” para as outras pessoas, e um outro aspecto está relacionado com a perda de
perspectiva do futuro e a possibilidade de sonhar. E sobre este “último” aspecto que
é o de possibilitar sonhos, é que a arte proporciona um papel fundamental para a
busca interior de seus conteúdos intrínsecos, que vão se apresentando como forma de
exprimir seu desejo e reconhecer sua existência como algo mais precioso a ser
encontrado assim como a pérola dentro da ostra.
3.2. A importância da arteterapia e sua contribuição para a
autoestima
A auto-estima e a Arteterapia
No trabalho com Terceira Idade
Setembro/2003
BIBLIOGRAFIA