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APRENDER A CRER
PRODUÇÃO E ADAPTAÇÃO:
2
ÍNDICE GERAL
Página
INTRODUÇÃO 1
Artigo 1 - O Único Deus 3
Artigo 2 - Como conhecemos Deus 7
Artigo 3 - A palavra de Deus 13
Artigo 4 - Os livros canônicos 15
Artigo 5 - A autoridade da Sagrada Escritura 18
Artigo 6 - A diferença entre os livros canônicos e apócrifos 21
Artigo 7 - A Sagrada Escritura: perfeita e completa 24
Artigo 8 - A Trindade: um só Deus, três pessoas 28
Artigo 9 - O testemunho da Escritura sobre a Trindade 32
Artigo 10- Jesus Cristo é Deus 35
Artigo 11- O Espírito Santo é Deus 38
Artigo 12- A criação do mundo; os anjos 42
Artigo 13- A providência de Deus 46
Artigo 14- A criação do Homem. Sua queda e sua incapacidade de fazer o bem 50
Artigo 15- O pecado original 56
Artigo 16- A eleição eterna por Deus 61
Artigo 17- O Salvador, prometido por Deus 66
Artigo 18- A encarnação do Filho de Deus 69
Artigo 19- As duas naturezas de Cristo 74
Artigo 20- A justiça e a misericórdia de Deus em Cristo 79
Artigo 21- A satisfação por Cristo 83
Artigo 22- A justificação pela fé por Cristo 88
Artigo 23- Nossa justiça perante Deus em Cristo 93
Artigo 24- A santificação 97
Artigo 25- Cristo, o cumprimento da lei 103
Artigo 26- Cristo, nosso único Advogado 108
Artigo 27- A igreja católica ou universal 113
Artigo 28- O dever de juntar-se à igreja 117
Artigo 29- As marcas da verdadeira igreja, de seus membros e da falsa igreja 121
Artigo 30- O governo da igreja 129
Artigo 31- Os ofícios na igreja 133
Artigo 32- A ordem e a disciplina da igreja 137
Artigo 33- Os sacramentos 141
Artigo 34- O santo batismo 147
Artigo 35- A santa ceia 154
Artigo 36- O ofício das autoridades civis 161
3
ARTIGO 1
O ÚNICO DEUS
Todos nós cremos com o coração e confessamos com a boca1 que há um só Deus2. Um
único e simples ser espiritual3. Ele é eterno4, incompreensível5, invisível6, imutável7,
infinito8·, todo-poderoso9; totalmente sábio10, justo11e bom12, e uma fonte abundante de todo
bem13.
1- O assunto do artigo 1.
O artigo 1 da “Confissão de fé” trata (exclusivamente) de Deus.
a) Quatorze virtudes ou atributos de Deus são alistados; incluindo a palavra “ser”,
encontramos até quinze expressões que dizem quem Ele é.
b) Contudo, essa “lista” não tem o objetivo de fornecer uma definição exata de Deus. Nós,
homens, não somos capazes de fazer uma “lista” completa dos atributos de Deus, porque
Ele excede nosso entendimento. Aliás, a “lista” nem sequer é completa (não se fala, por
exemplo, da santidade de Deus). O objetivo do artigo 1 se explica nas primeiras onze
palavras: “Todos nós cremos com o coração e confessamos com a boca”. Dizemos e
repetimos, com nossas próprias palavras e de maneira espontânea, o que o próprio Deus
vivo revelou de si mesmo, na Palavra dEle.
1
Romanos 10:10
2
Deuteronômio 6:4 ; 1 Coríntios 8:4 ,6 ; 1 Timóteo 2:5.
3
João 4:24
4
Salmo 90:2
5
Romanos 11;33
6
Colossenses 1:15 ; 1 Timóteo 6:16
7
Tiago 1:17
8
1 Reis 8:27 ; Jeremias23:24
9
Gênesis 17:1 ; Mateus 19:26 ; Apocalipse 1:8
10
Romanos 16:27
11
Romanos 3:25,26 ; Romanos 9:14 ; Apocalipse 16:5,7
12
Mateus 19:17 Veja também Isaías 40 , 44 e 46.
13
Tiago 1:17
6
porém, Mateus 10.12-33). Por causa desta atitude dos Nicodemitas, o artigo diz:
“confessamos com a boca”.
c) “Todos nós cremos...”. Nenhum membro da igreja pode deixar de crer, pensando que
outros crêem por ele. Na igreja, podemos fazer muita coisa uns pelos outros, mas um não
pode crer pelo outro. Não podemos dizer: a igreja (ou seja: o clero, os teólogos) crê por
mim. Portanto, “todos nós cremos”.
d) Não podemos provar a existência de Deus. Nenhuma das chamadas provas da existência
de Deus conseguiu convencer todos os homens; e nenhuma vai conseguir. Porque a
existência de Deus não depende de provas humanas. Deus existe e nós devemos crer que
Ele existe. A Bíblia simplesmente pressupõe a existência de Deus (veja Gênesis 1.1). Há
apenas um meio de que todos os homens precisam pra realmente crer em Deus: a palavra
dEle (veja Lucas 16.27-31); somente através da Bíblia é que podemos crer em Deus.
- eterno: Ele, de maneira alguma, está sujeito ao temporário; Ele transcende o tempo. Ele
não tem aniversários, nem envelhece. Ele não precisa aguardar o que o futuro trará. No
meio de eventos chocantes, podemos saber que o eterno Deus prevê tudo, que tudo está nas
mãos dEle e que tudo aconteceu conforme os planos dEle (Isaías 40.27-28).
-incompreensível: não podemos entender totalmente o que Deus faz. Porém, não se trata de
um “labirinto”, e, sim, de uma profundidade de riqueza. Podemos contentarmos com o que
Deus revela na Palavra dEle e tranqüilamente confiar no que Ele faz (Isaías 55.8,9,12).
-invisível: nossos olhos não têm a mínima condição de ver a Deus. Ele “habita em luz
inacessível” (1 Timóteo 6.16). Por isso, nos alegramos, com muita gratidão, porque o
soberano Deus nos fará ver (!) o filho dEle , Jesus Cristo (1 Timóteo 6.15).
-imutável: jamais haverá uma mudança brusca nos propósitos de Deus. Ele não se nega a si
mesmo. E jamais nos negará (2 Timóteo 2.12,13).
-infinito: Deus transcede todo o espaço, e ao mesmo tempo está presente em toda parte. Em
qualquer lugar, Ele nos guardará (Salmo 139.5-10).
-todo-poderoso: isto não significa que Deus também pode praticar injustiça. Não podemos
confundir “todo-poderosos” com “arbitrário”. Deus é capaz de fazer tudo o que quer fazer;
mas “de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo” (2 Timóteo 2.13). Ainda que nossa
situação pareça impossível, Ele nos livrará dela.
-(totalmente) sábio: até no que os homens acham uma loucura, brilha a sabedoria de Deus,
a saber: na maneira com que Ele nos salva (1 Coríntios1.18-25). Tudo o que Deus faz
conosco e em nosso favor, é fruto da sabedoria dEle.
-(totalmente) justo: trata-se aparentemente de uma palavra “severa”; mas podemos ter a
certeza de que Deus realiza as promessas que nos fez, mesmo que a situação seja
ameaçadora. Sempre podemos considerar-nos seguros. Quando Davi escapou da situação
perigosa do Salmo 22, ele glorificou a justiça(!) de Deus (Salmo 22.31).
-(totalmente) bom e uma fonte muito abundante de todo bem: talvez seja o mais bonito que
podemos dizer de Deus. “Rendei graças ao SENHOR, porque Ele é bom” (Salmo 136.1).
Todo homem experimenta as provas da bondade de Deus. O que recebemos dEle, são “boas
dádivas” e “dons perfeitos” (Tiago 1.17).
ARTIGO 2
Nós o conhecemos por dois meios. Primeiro: pela criação, manutenção e governo do
mundo inteiro, visto que o mundo, perante nossos olhos, é como um livro formoso1, em que
todas as criaturas, grandes e pequenas, servem de letras que nos fazem contemplar “os
atributos invisíveis de Deus”, isto é “o seu eterno poder e a sua divindade”, como diz o
apóstolo Paulo (Romanos 1.20). Todos estes atributos são suficientes para convencer os
homens e torná-los indesculpável.
Segundo: Deus se faz conhecer, ainda mais clara e plenamente, por sua sagrada e divina
Palavra2, isto é, tanto quanto nos é necessário nesta vida, para sua glória e para a salvação
dos que Lhe pertencem.
1- O assunto do artigo 2.
O assunto do artigo 2 da “confissão de fé” diz que Deus se revela a nós, homens, por dois
meios:
a) Pelo o que Ele fez e ainda faz. Ele criou o mundo e até hoje o mantém e governa. Por
isso, a criação é como um livro formoso sobre Deus, cujas criaturas são as letras do livro.
Assim podemos “ler” o que, sem este livro, seria invisível, isto é, o eterno poder de Deus e
sua divindade (Romanos 1.20). O livro é tão convincente que aos homens não resta
nenhuma desculpa que justifique a sua ignorância.
02-“Nós o conhecemos”: uma surpresa.
a) As primeiras três palavras do artigo 2 são significativas: “nós o conhecemos”. Conhecer
Deus, de maneira alguma é normal ou lógico, porque o artigo 1 falou que Ele é eterno,
incompreensível e infinito. O conhecido teólogo Suíço Karl Barth (1886-1968) ensinou que
é impossível ter verdadeiro conhecimento de Deus, portanto, não somos capazes de saber
quem Ele é e o que Ele quer. Na opinião de Barth, não podemos deixar Deus “preso” na
medida humana do nosso entendimento.
b) Em parte Barth tem razão: realmente não podemos pretender “fechar” Deus no
entendimento humano; seria uma arrogância. Por outro lado, Deus se faz conhecer
justamente de acordo com a medida do nosso conhecimento (desta realidade Barth não quis
saber).
Deus se “adapta” ao nosso entendimento limitado. Um exemplo pode esclarecer este modo
de falar: uma criança conhece sua mãe, mesmo que não saiba tudo sobre ela. Apesar disso,
o conhecimento da criança é absolutamente fiel. Entre mil outras mães, ela conhece a sua
mãe. Assim os filhos de Deus conhecem seu pai celestial.
clamam” (Salmo147.7-9); Ele faz com, que “não deixe de haver sementeira e ceifa, frio e
calor, verão e inverno, dia e noite” (Gênesis 8.22).
A palavra governo indica que Deus dirige todos os eventos, até as mais terríveis, como
mostra, por exemplo, a história de José que foi vendido pelos seus irmãos (Gênesis 50.20;
veja também Atos 2.23).
b) Todo este cuidado múltiplo de Deus faz, do mundo “um livro formoso”. E um livro
formoso corresponde às maiores exigências: é claro, bem legível, instrutivo, impressionante
e convincente. O próprio Deus é o autor desse livro. Ele faz com que as palavras do livro
sejam e forneçam uma mensagem, uma pregação; elas nos dão a entender “o seu eterno
poder e a sua divindade”, que são o assunto desse livro bonito, que Deus é tanto o autor
como o personagem principal.
pelos apóstolos e por Cristo. Este segundo meio nos faz conhecer Deus mais clara e
plenamente do que o primeiro meio (a criação). Pois, em sua palavra, Deus fala aos
homens em palavras humanas que todos podem entender. Salmo 104, por exemplo, fala
mais claramente do poder eterno de Deus do que qualquer flor. Além disto, a Palavra de
Deus também fala mais plenamente, porque somente através dela sabemos que “Deus
amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito” (João 3.16).
b) Às vezes se diz que, conforme o artigo 2 da confissão, os dois meios (para conhecer
Deus) são dois livros de igual importância, que podem ser lidos separadamente. Um é o
livro formoso da criação, o outro é a palavra escrita de Deus. O argumento é que o segundo
meio apenas fala “mais clara e plenamente”; então, somente complementa o primeiro meio.
Seria possível, portanto, conhecer Deus razoavelmente bem somente pela criação ou pela
natureza.
Neste contexto fala-se sobre o chamado “conhecimento natural de Deus”. Os católico-
romanos acreditam neste conhecimento natural (como foi decidido no I concílio do
Vaticano, em 1870).
Pórem, o artigo 2 não ensina assim. Se você pergunta: quem conhece Deus pelos dois
meios, a resposta é: nós, ou seja: os fiéis, as mesmas pessoas que falam no artigo 1. Os
incrédulos não conhecem Deus, nem pelo livro da criação, nem pelo livro da bíblia; usam,
como cegos, o livro da criação. Para realmente enxergar a criação, precisamos dos “óculos”
da Bíblia (veja 1 coríntios 2.9-10 e Romanos 10.14).
c) No entanto, nosso conhecimento de Deus não é completo, não pela Bíblia e muito menos
pela criação. Deus transcende nosso entendimento. Mas o que sabemos dEle, é fidedigno; e
é também suficiente, porque é tudo quanto “nos é necessário nesta vida, para sua glória e
para a salvação dos que Lhe pertencem”. São palavras sensatas. Deus não se revela para
satisfazer nossa curiosidade. Mas Ele se faz conhecer para nos salvar e para ser glorificado
por nós.
ARTIGO 3
11
A PALAVRA DE DEUS
Confessamos que a Palavra de Deus não foi enviada nem produzida “por vontade humana,
mas homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”, como diz o apóstolo
Pedro (2 Pedro 1:21).
Depois, Deus, por seu cuidado especial para conosco e para com a nossa salvação,
mandou seus servos, os profetas e os apóstolos, escreverem sua Palavra revelada1. Ele
mesmo escreveu com próprio dedo as duas tábuas da lei2.
Por isso chamamos estas escritas: sagradas e divinas Escrituras3.
Acabe quer pelejar contra a Síria e todos os (falsos) profetas dele dizem: “Assim diz o
SENHOR (...); o SENHOR a entregará nas mãos do rei” (2Crônicas 18:10-11). Apedido do
rei Josafá, Acabe consulta também o (verdadeiro) profeta Micaías. O mensageiro que vai
chamar o profeta, fala (v. 12): “Eis que as palavras dos profetas a uma voz predizem
cousas boas para o rei; seja, pois, a tua palavra como a palavra de um deles, e fala o que é
bom”. Em Jeremias 28 encontramos o falso profeta Hananias (que “profetizou” o que o
povo de Judá queria ouvir, contradizendo as profecias de Jeremias).
A Bíblia não somente fala de falsos profetas, mas também de falsos apóstolos. Jesus
escreve na carta à igreja de Éfeso sobre aqueles “ que a si mesmos se declaram apóstolos e
não são, o os achates mentirosos” (Apocalipse 2:2).
Portanto, é uma colocação bem certa a do artigo 3 que chama os profetas e apóstolos:
“servos de Deus”. Assim enfatiza-se que eles não anunciaram as opiniões deles mesmos,
mas que falaram em nome de Deus.
b) Tudo isso significa, ao mesmo tempo, que o processo de escrever se realizou de maneira
infalível. Deus dirigiu os autores da Bíblia de tal maneira que se lembraram de palavras
faladas e de eventos ocorridos. Eles anotaram tudo quanto Deus queria e como Ele queria.
Nem tudo o que foi falado, também foi escrito. Geralmente os profetas devem ter dito
mais do que escreveram nos seus livros (das palavras e obras de Jesus fala-se assim em
João 21:25). Mas isto não quer dizer que temos, na Bíblia, as palavras de Deus, apenas na
medida em que os escritores da Bíblia se lembraram delas ou as consideraram válidas.
Trata-se do cuidado especial de Deus; a Palavra dEle não “nasceu” por acaso ou pela
vontade e pela arbitrariedade de homens.
c)Mesmo que o artigo 3 fale sobre os autores da Bíblia como “servos de Deus”, isto não
significa que tudo lhes foi ditado, palavra pr palavra. Deus mão usou os autores da Bíblia
como instrumentos passivos (ou como máquinas). Por isso dizemos que a inspiração não foi
“mecânica”. Deus não eliminou o talento, a vontade e a capacidade dos autores de
investigar, de compor, de escrever etc. Dizemos, portanto, que a inspiração foi “orgânica”.
Lucas, por exemplo, teve que se preparar muito bem para escrever seu livro sobre Jesus
(Lucas 1:3-4).
Entretanto, mantemos a convicção de que a “obra literária” destes homens é realmente a
Palavra de Deus.
d)Chama a atenção o artigo 3 que enfatiza o fato de Deus ter escrito, com o próprio dedo, as
duas tábuas da lei. Sobre este exemplo do cuidado de Deus para com seu povo. João
Calvino faz observações válidas. Devia ter sido suficiente que Deus somente falasse,
porque dá para contar a lei nos (dez) dedos (e os pais deviam ensinar a lei às crianças). Mas
Deus sabe que somos fracos e que temos memória limitada. Por isso, Ele não somente
anunciou a lei, mas também a escreveu. Assim, Ele nos deu sua Palavra, que é a base da
nossa fé.
ARTIGO 4
15
OS LIVRO CANÔNICOS
A Sagrada Escritura consiste de dois volumes: o Antigo e o Novo Testamento, que são
canônicos e não podem ser contraditos de forma alguma.
A Igreja de Deus reconhece a lista seguinte:
Os livros do Antigo Testamento:
Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio (os cincos livros de Moisés); Josué,
Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1e 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Ester, Jô, Salmos,
Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Isaías, Jeremias (com Lamentações), Ezequiel, Daniel (os
quatro profetas maiores); Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum,
Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias (os doze profetas menores);
Os livros do Novo Testamento:
Mateus, Marcos, Lucas, João (os quatro evangelistas); Atos dos Apóstolos; Romanos, 1 e 2
Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timóteo,
Tito, Filemon (as treze epístolas do apóstolo Paulo); Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3
João, Judas e Apocalipse.
A conseqüência desta opinião foi que Marcião não aceitou o AT e que, do NT,
somente aceitou o evangelho de Lucas (mas purificado das máculas judaicas) e dez cartas
de Paulo (também ‘purificadas’).
Marcião teve muita influência e formou muitas ‘igrejas’.
b) Na época da reforma (no século XVI) foram os anabatistas que depreciaram o AT. Pois,
o AT nos ensinaria a vingar-nos ao invés de amar nossos inimigos (como ensina o NT); o
AT nos ensinaria a fazer juramentos ao invés de dizer que nosso ‘sim’ é suficiente (como
ensina o NT). O AT seria, na opinião deles, um livro terrestre e não-espiritual. Por isso, o
AT deveria ser rejeitado e substituído pelo NT, que é um livro superior e espiritual. É
contra esta opinião que o artigo 4 confessa que a Escritura consiste de dois volumes.
Nos séculos XIX e XX, o AT continuou sendo o alvo das críticas. Um exemplo
conhecido e muito vergonhoso foi a atitude dos chamados “Cristãos Alemães” que
simpatizavam com Hitler, odiavam os judeus e, conseqüentemente, injuriavam o AT como
um livro judaico pornográfico.
c) Em oposição a estes ataques a igreja confessa que o AT e o NT são igualmente a Palavra
de Deus. É uma confissão que se baseia na Bíblia. O próprio Jesus aceitou o AT como a
Palavra de Deus. Ele disse que não tinha vindo para “revogar a lei ou os profetas”
(expressão para indicar o AT!), mas para cumpri-los (Mateus 5:17-18; veja também Lucas
24:27, 44-45).
Estes textos (e outros) mostram como é a relação entre os dois Testamentos: o que o AT
promete, se cumpre no NT. O prometido é o Cristo. Por isso, precisamos até hoje do AT
para entender o NT. E podemos entender o AT somente à luz do NT (conf. Também o
artigo 25 da “Confissão de Fé”).
ARTIGO 5
Recebemos1todos estes livros, e somente estes, como sagrado e canônico, para regular,
fundamentar e confirmar nossa fé2. Acreditamos, sem dúvida nenhuma, em tudo que eles
contêm, não tanto porque a igreja aceita e reconhece estes livros como canônicos, mas
principalmente porque o Espírito Santo testifica em nossos corações que eles vêm de Deus 3,
como eles mesmos provam. Pois, até os cegos podem sentir que as coisas, preditas neles as
cumprem4.
1- O assunto do artigo 5.
Este artigo trata da autoridade absoluta dos livros que foram alistados no artigo 4 (e explica,
portanto, a frase do artigo 4: “que não podem ser contraditos de forma alguma”).
a) Sobre “todos os livros” confessamos que os recebemos “como sagrados e
canônicos” e que têm importância decisiva para nossa fé; e que acreditamos em tudo
o que está escrito neles.
b) Em seguida explica-se o porquê: não tanto porque a igreja também aceita
estes livros, mas principalmente porque o Espírito Santo nos convence de que eles
vêm de Deus, como eles mesmos provam. Até os cegos podem sentir que as coisas,
preditas neles, realmente acontecem. Então, o conteúdo da Escritura é totalmente fiel.
2- A importância dos livros bíblicos para nossa fé.
a) A Bíblia é indispensável para nossa fé. O artigo 5 usa três verbos para deixar
claro que a Bíblia tem importância decisiva: regulamos nossa fé conforme ela,
fundamentamos nossa fé nela e confirmamos nossa fé com ela. Em outras palavras
a Bíblia é a norma, a base e o alimento da nossa fé.
b) (1) a Bíblia é o indicador da direção de nossa fé. Ela é o nosso ‘fio de
prumo’ (norma, cânon). Só ela determina o que acreditamos ou não acreditamos,
mesmo que considerássemos algo uma loucura. “Porque a loucura de Deus é mais
sábia do que os homens” (1 Coríntios 1:25).
(2) Baseamos nossa fé na Bíblia. A fé não está baseada em raciocínios ou provas, que
sempre possam ser questionados, quer hoje quer amanhã. Assim já fé estaria baseada
num fundamento não-fidedigno; “a palavra do Senhor, porém, permanece
eternamente” (1 Pedro 1:24-25).
(3) Quanto mais conhecemos a Bíblia, tanto mais forte fica a nossa fé. O apóstolo
Pedro chama a Bíblia: “O genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado
crescimento para salvação” (1 Pedro 2;2).
03- Como os livros bíblicos chegaram até nós.
a) A primeira palavra do artigo 5 diz de que maneira os livros bíblicos chegaram até nós:
“recebemos todos estes livros como sagrados e canônicos”. Não é a igreja que examina e
seleciona. A Bíblia não é a escolha da igreja. Aliás, a igreja não tem, por si mesma, a norma
1
1 Tessalonicenses 2:13.
2
2 Timóteo 3:16,17.
3
1 Coríntios 12:3; 1 João 4:6; 1 João 5:6b.
4
Deuteronômio 18:21,22; 1 Reis 22:28; Jeremias 28:9; Ezequiel 33:33.
19
para determinar as condições as quais um livro divino deve corresponder. Por isso, ela
recebe da mão de Deus, esses livros.
b) Não sabemos exatamente de que maneira Deus, no decorrer dos séculos, conservou e
colecionou os livros bíblicos. Em todo caso, de uma longa história ‘nasceu’ primeiro o
Antigo Testamento como uma coleção fixa, que tem (por exemplo) o nome de “a escritura”
(João 2:22) ou “as escrituras” (João 5:39).
Com o Novo Testamento aconteceu a mesma coisa. Nos primeiros séculos ainda havia
alguma dúvida, porque o Novo Testamento não ‘caiu do céu’, Paulo, por exemplo, escreveu
suas cartas a diversas igrejas. Umas cartas foram perdidas; outras foram conservadas e
multiplicadas. Mas este ‘processo’ não se realizou por acaso. O próprio Deus fez com que o
numero de livros, determinado por Ele, continuasse circulando. E estes, por seu caráter
divino, se destacaram tanto que a igreja, sem muito esforço, os conheceu e reconheceu
como livros divinos. A igreja, de fato, não fez mais do que receber os livros bíblicos já
existentes.
Quer dizer: a igreja não chegou até à Bíblia, mas a Bíblia chegou até à igreja!
do fato de que Deus é o autor da Bíblia (1 Coríntios 2:14-15). É o Espírito que produz a fé
em nosso coração pela pregação do Evangelho. Quer dizer: o Espírito nos convence
também da origem divina da Bíblia, que é “o poder de Deus para a salvação de todo aquele
que crê” (Romanos 1:16).
c) Chegamos, portanto, a uma conclusão animadora: nossa fé na Bíblia não depende da
nossa opinião ou de raciocínios e provas de outros homens, mas é fruto da convicção pelo
Espírito Santo.
ARTIGO 6
Distinguimos estes livros sagrados dos livros apócrifos que são os seguintes: 3 e 4 Esdras,
Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, os Acréscimo ao livro de Ester e Daniel, a
Oração de Manasses e 1 e 2 Macabeus.
A igreja pode, sim, ler estes livros e tirar deles ensino, na medida em que concordem
com os livros canônicos. Porém, os apócrifos não têm tanto poder e autoridade que o
testemunho deles possa confirmar qualquer artigo da fé ou da religião cristã; e muito menos
os podem diminuir a autoridade dos sagrados livros.
as pessoas, ao lerem essa tradução grega, não podiam duvidar da autenticidade dos livros
apócrifos. Foi assim que eles ‘entraram’ na Bíblia.
sim, ler os apócrifos”, temos que entender isto assim: os membros da igreja podem lê-los
particularmente, em casa.
ARTIGO 7
01 – O assunto do artigo 7.
Este artigo destaca a perfeição da Palavra de Deus, como mostram as palavras que
encontramos: “perfeitamente, suficientemente, por extenso, perfeitíssima, (em todos os
sentidos) completa, infalível”.
a) A Sagrada Escritura contém tudo o que devemos saber sobre a vontade de Deus. Ela
nos ensina suficientemente o que devemos crer para sermos salvos. E ela descreve
amplamente a maneira de servirmos a Deus.
b) Disto há tanta certeza que o artigo, em nome da Escritura, confessa que até apóstolos ou
anjos nada podem acrescentar à Escritura ou tirar dela.
c) O artigo fala também sobre os escritos dos mais santos homens e vários ‘poderes’ ( como
costumes ou decretos de concílios), que não podem ser igualados às Escrituras.
O argumento de rejeitar todas essas palavras humanas é que todos os homens são
mentirosos (veja Salmo 116:11) e “mais leves que a vaidade” (Salmo 62:9).
d) “Por isso, rejeitamos, de todo o coração, tudo que não está de acordo com esta regra
infalível” (da Escritura). Assim nos ensinaram os apóstolos.
1
2 Timóteo 3:16,17 ; 1 Pedro 1: 10-12.
2
1 Coríntios 15:2 ; 1 Timóteo 1:1.
3
Deuteronômio 4:2; Provérbios 30:6; Atos 26:27: Romanos 15:4. 4:6.
4
Salmo 19:7; João 15:15; Atos 18:28; Atos 20:27; Romanos 15:4.
5
Marcos 7:7-9; Atos 4:19; Colossenses 2:8; 1 João 2:19.
6
Isaías 8:20; 1 Coríntios 3:11; Efésios 4:4-6; 2 Tessalonicenses 2:2; 2 Timóteo 3:14,15.
25
(1) A opinião de que a Bíblia teria apenas um conteúdo deficiente e casual contradiz a
informação de Lucas 1:1-4 e João 20:31.
Já o livro de Deuteronômio mostra que o povo de Deus se compromete com a
revelação escrita. Esta devia ser colocada no Tabernáculo (Deuteronômio 31:24-28). Os
sacerdotes deviam ler esta lei diante de todo o povo (Dt 31:9-13). Até o rei devia ter
consigo um traslado da lei (Dt 17:18-20). Em resumo: a norma para todos, já naquela
época, não era a tradição oral, mas as Sagradas Escrituras.
Quanto aos fatores humanos e ‘casuais’: é verdade que Paulo escreveu cartas, ou
porque ele não podia visitar uma certa igreja, ou porque ele estava preocupado, ou porque
deixou sua capa em algum lugar (2 Timóteo 4:13). Mas o erro básico dos católico-
romanos é que se limitam apenas a esses fatores casuais e que, a partir desses fatores,
querem explicar tudo. Mas há também o ‘fator’ divino. Nossos antepassados falavam de
uma Bíblia “predestinada”. Assim queriam dizer: foi o próprio Deus que, do material
abundante, fez duma escolha. Foi Ele, não o acaso, que determinou a quantidade de livros
necessária à igreja.
(2) Os católico-romanos dizem que a Escritura precisa ser completada pela tradição. Mas,
num dos últimos versículos da Bíblia (Apocalipse 22:18, 19), encontramos uma séria
advertência contras os acréscimos à profecia (e contra os ‘cortes’). No sentido estrito, esta
advertência se refere ao próprio Apocalipse. Mas, pelo fato de que este livro
irrefutavelmente faz parte de toda a Escritura, a advertência vale também para toda a
Escritura. Aliás, encontramo-la muitas vezes (Deuteronômio 4:2, 12:32; 1 Coríntios 4:6;
Gálatas 1:8,9).
De uma Bíblia incompleta e casual jamais se pode falar assim.
ARTIGO 8
Conforme esta verdade e esta Palavra de Deus, cremos em um só Deus1, que é um único
ser, em que há três pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo2. Estas são, realmente e desde
a eternidade, distintas conforme os atributos próprios de cada Pessoa.
O Pai é a causa, a origem e o princípio de todas as coisas visíveis e invisíveis 3. O Filho é
o Verbo, a sabedoria e a imagem do Pai4. O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, é
a eterna força e o poder5.
Esta distinção não significa que Deus está dividido em três. Pois, a Sagrada Escritura
nos ensina que cada um destes três, o Pai e o Filho e o Espírito Santo tem sua própria
existência, distinta por seus atributos, de tal maneira, porém, que esta três Pessoas são um
só Deus. É claro, então, que o Pai não é o Filho e que o Filho não é o Pai; que também, o
Espírito Santo não é o Pai ou o Filho.
Entretanto, estas Pessoas, assim distintas, não são divididas nem confundidas entre si.
Porque somente o Filho se tornou homem, não o Pai ou o Espírito Santo. O Pai jamais
existiu sem seu Filho6 e sem seu Espírito Santo, pois todos os três têm igual eternidade, no
mesmo ser. Não há primeiro nem último, pois todos os três são um só em verdade, em
poder, em bondade e em misericórdia.
01 – O assunto do artigo 8.
Este artigo trata de um novo assunto (a Trindade). Porém, a confissão, com palavras
expressas, liga esse novo assunto aos artigos 2-7, que falam da Bíblia: a Escritura é a
decisiva e fidedigna Palavra de Deus; ela é o alicerce. A primeira ‘parede’ que é erigida
neste alicerce, é a doutrina da Trindade.
a) Esta doutrina implica em que há um só Deus, mas nEle há três Pessoas. Cada uma destas
Pessoas tem atributos (características) que as outras duas não possuem. São os chamados
‘atributos incomunicáveis’. Portanto, há uma verdadeira distinção entre as três Pessoas.
Elas têm sua ‘autonomia própria’.
Isto se mostra nos nomes. O Pai é o princípio de todas as coisas; o Filho é a imagem do
Pai; e o Espírito Santo é o eterno poder, que procede do Pai e do Filho.
b) Duas conclusões erradas são rejeitadas:
(1) As três pessoas não podem ser separadas uma das outras. Jamais houve ou há uma sem
as outras. E, quanto ao seu poder ou bondade, “não há primeiro ou último”. Em tudo isso as
três Pessoas são totalmente iguais.
1
1 Coríntios 8:4-6.
2
Mateus 3:16, 17; Mateus 28:19.
3
Efésios 3:14,15.
4
Provérbios 8:22-31; João 1:14; João 5:17-26; 1Coríntios 1:24; Colossenses 1:15-20; Hebreus 1:3;
Apocalipse 19:13.
5
João 15:26.
6
Miquéias 5:1; João 1;1,2.
29
(2) As três Pessoas também não podem ser confundidas uma entre as outras, como um só
exemplo já deixa claro: “somente o filho se tornou homem, não o Pai ou o Espírito Santo”.
01. Existe uma história sobre um certo indígena que pensou ser capaz de explicar a
Trindade através de uma figura da natureza. Como a mesma água que cai em forma
de chuva, neve ou chuva de pedra, assim também Deus se revelaria na forma de três
Pessoas. Como você avalia esta história? Será que é lícito explicarmos a Trindade
através de certas figuras (monte com três picos, etc.)?
02. Voe pode indicar que João 1:1 ensina tanto a própria existência (autonomia) do
Filho, como também sua unidade com o Pai?
03. Qual é a diferença entre os atributos de Deus dos artigos 1 e 8?
04. O catecismo de Heidelberg (Domingo 8, p/r 24) fala de “Deus Pai e nossa
criação”. Mas o Filho e o Espírito não participaram da criação? Confira João 1:3 com
Gênesis 1:2.
32
ARTIGO 9
Tudo isto sabemos, tanto pelo testemunho da Sagrada Escritura1, como pelas obras das três
Pessoas, principalmente por aquelas que percebemos em nós.
Os testemunhos das Sagradas Escrituras, que nos ensinam a crer nesta Trindade, se
acham em muitos lugares do Antigo Testamento. Não é preciso alistá-los, somente escolhê-
los cuidadosamente. Em Gênesis 1:26, 27, Deus diz: “Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança etc. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem; homem e
mulher os criou”. Assim também em Gênesis 3:22: “Eis que o homem se tornou como um
de nós”. Com isto se mostra que há mais de uma Pessoa em Deus, por que Ele diz:
“Façamos o homem à nossa imagem”; e, em seguida, Ele indica que há um só Deus,
quando diz: “Deus criou”. É verdade que Ele não diz quantas Pessoas há, mas o que é um
tanto obscuro, para nós, no Antigo Testamento, é bem claro no Novo. Pois quando nosso
Senhor foi batizado no rio Jordão, ouviu-se a voz do Pai que falou: “Este é o meu filho
amado “ (Mateus 3:17); enquanto o filho foi visto na água e o Espírito Santo se manifestou
em forma de pomba2.
Além disto, Cristo instituiu, para o batismo de todos os fiéis, esta forma: Batizai todas as
nações “em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mateus 28:19). No evangelho
segundo Lucas, o anjo Gabriel diz a Maria, mãe do Senhor: “Descerá sobre ti o Espírito
Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra, por isso também o ente santo
que há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lucas 1:35). Do mesmo modo: “A graça
do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos
vós” (2 Coríntios 13:13). * Em todos estes lugares, nos é ensinado que há três Pessoas em
um só ser divino. E embora esta doutrina ultrapasse o entendimento humano, cremos nela,
baseados na Palavra, e esperamos gozar de seu pleno conhecimento e fruto do céu.
Devemos considerar, também, a obra própria que cada uma destas três Pessoas efetua
em nós: o Pai é chamado nosso Criador, por seu poder; o Filho é nosso Salvador e
Redentor, por seu sangue; o Espírito Santo é nosso Santificador, porque habita em nosso
coração.
A verdadeira igreja sempre tem mantido esta doutrina da Trindade, desde os dias dos
apóstolos até hoje, contra os judeus, os muçulmanos e falsos cristãos e hereges como
Marcião, Mani, Práxeas, Sabélio, Paulo de Samósata, Ário e outros. A igreja antiga os
condenou, com toda a razão. Por isso, nesta matéria, aceitamos, de boa vontade, os três
Credos ecumênicos, a saber: o Apostólico, o Niceno e o Atanasiano; e também o que a
igreja antiga determinou em conformidade com estes credos.
* Originalmente o texto incluía aqui as seguintes palavras: “E: “há três que dão testemunho
no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um” (1 João 5:7)”. A referência
a 1 João 5:7b é duvidosa, porque este texto não se acha nos manuscritos antigos.
1
João 14:16; João 15:26; Atos 2:32, 33; Romanos 8:9; Gálatas 4:6; Tito 3:4-6; 1 Pedro 1:2; 1 João 4:13,14; 1
João 5:1-12; Judas :20,21; Apocalipse 1:4,5.
2
Mateus 3:16.
33
ARTIGO 10
35
Cremos que Jesus Cristo, segundo sua natureza divina, é o único Filho de Deus 1, gerado
desde a eternidade, Ele não foi feito, nem criado – pois, assim, Ele seria uma criatura –,
mas é de igual substancia do Pai, co-eterno, “o resplendor da glória e a expressão exata do
seu Ser” (Hebreus 1:3), igual a Ele em tudo2.
Ele é o Filho de Deus, não somente desde que assumiu nossa natureza, mas desde a
eternidade3, como os seguintes testemunhos nos ensinam, ao serem comparados uns aos
outros:
Moisés diz que Deus criou o mundo4, e o apóstolo João diz que todas as coisas foram
feitas por intermédio do Verbo que ele chama Deus5. O apóstolo diz que Deus fez o
universo por seu Filho6 e, também, que Deus criou todas as coisas pro meio de Jesus
Cristo7. Segue-se necessariamente que aquele que é chamado Deus, o Verbo, o Filho e
Jesus Cristo, já existia, quando todas as coisas foram criadas por Ele. O profeta Miquéias,
portanto, diz: “Suas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade”
(Miquéias 5;2); e a carta aos Hebreus testemunha: “Ele não teve principio de dias, nem fim
de existência” (Hebreus 7:3).
Assim, Ele é o verdadeiro, eterno Deus, o Todo-poderoso, a quem invocamos, adoramos
e servimos.
como pregador de reformas socais. Desta maneira, estas pessoas, apesar dos elogios,
roubam a Jesus sua glória divina. Por isso, este artigo não trata de questões teóricas. Trata-
se realmente da glória divina de Jesus Cristo.
b) Além disto, a confissão de que Cristo é Deus, tem, para nós, uma vital importância. Pois
se o próprio Cristo não é Deus, a fé cristã não tem nada ‘especial’, mais fica igual a outras
religiões. Neste caso, a fé cristã também ensinaria (como as outras religiões ensinam) que
somos salvos por uma criatura (o que não é salvação). Se fosse assim, teríamos recebido, de
uma criatura, nosso conhecimento a respeito de Deus. Mas quem garante que esta criatura
não se enganou, quando falou de Deus?
Quer dizer: também nossa salvação e a certeza da nossa fé estão ‘em jogo’, ao
confessarmos que Cristo é Deus.
a) O artigo 10 não alista textos bíblicos que mostrem a divindade de Cristo. Certamente há
tais textos e eles têm seu valor, como Isaías 9:6; João 20:28; Romanos 9:5; Colossenses
2:9. Observamos que o artigo 10, ao final do primeiro parágrafo, se refere a Hebreus 1:3.
b) No que diz respeito às provas, o artigo 10 usa uma outra maneira: mostra a relação entre
as palavras de Moisés (Gênesis 1:1), de João, que Jesus participou da obra divina da criação
e que já existia, sim, que existia desde a eternidade (veja o próprio artigo). Chamamos esta
maneira de “conferir a Escritura com a Escritura”.
ARTIGO 11
38
Cremos e confessamos, também, que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, desde a
eternidade. Ele não foi feito, nem criando, nem gerado, mas procede de ambos1.
Na ordem, Ele é a terceira Pessoa da Trindade, de igual substância, majestade e glória
do Pai e do Filho, verdadeiro e eterno Deus, como nos ensinam as Sagradas Escrituras2.
(4) O pecado contra o Espírito Santo não será perdoado (Mateus 12:31). Por isso, Ele
deve ser Deus.
e) O Espírito Santo é mais do que um dom ou poder impessoal. Ele é uma pessoa viva, um
alguém. Pois, podemos até entristecê-Lo (Efésios 4:30).
ARTIGO 12
Cremos que o Pai, por seu verbo –quer dizer: por seu Filho-, criou, do nada, o céu, a terra e
todas as criaturas, quando bem Lhe aprouve1. A cada criatura Ele deu sua própria natureza e
forma e sua própria função para servir ao seu Criador. Também, Ele ainda hoje sustenta
todas essas criaturas e as governa segundo sua eterna providência e por seu infinito poder,
para elas servirem ao homem, a fim de que o homem sirva a seu Deus.
Ele também criou bons os anjos para serem seus mensageiros e servirem aos eleitos2.
Alguns deles caíram na eterna perdição3, da posição excelente em que Deus os tinha criado,
mas os outros, pela graça de Deus, perseveraram e continuaram em sua primeira posição.
Os demônios e os espíritos malignos são tão corrompidos que são inimigos de Deus e de
todo o bem4. Como assassinos, com toda a sua força, estão à espreita da igreja e de cada uns
de seus membros, para demolir e destruir tudo com sua astúcia5. Por isso, por causa de sua
própria malícia, estão condenados à maldição eterna e aguardam, a cada dia, seus tormentos
terríveis6.
Neste ponto, rejeitamos e detestamos o erro dos saduceus que negam a existência de
espíritos e de anjos7; também o erro dos maniqueus que dizem que os demônios têm sua
origem em si mesmo e são maus por natureza; eles negam que os demônios se
corromperam.
1
Gênesis 1:1; Gênesis 2:3; Isaías 40:26; Jeremias 32:17; Colossenses 1:15,16; 1 Timóteo 4:3; Hebreus 11:3;
Apocalipse 4:11.
2
Salmo 103:20,21; Mateus 4:11; Hebreus 1:14.
3
João 8:44; 2 Pedro 2:4; Judas :6.
4
Gênesis 3:1-5; 1 Pedro 5:8.
5
Efésios 6:12; Apocalipse 12:4, 13-17; Apocalipse 20:7-9.
6
Mateus 8:29; Mateus 25:41; Apocalipse 20:10.
7
Atos 23:8.
43
ARTIGO 13
A PROVIDÊNCIA DE DEUS.
46
Cremos que o bom Deus, depois de ter criado todas as coisas, não as abandonou, nem as
entregou ao acaso ou à sorte1, mas que as dirige e governa conforme sua santa vontade, de
tal maneira que neste mundo nada acontece sem sua determinação2. Contudo, Deus não é o
autor , nem tem culpa do pecado que se comete3. Pois seu poder e bondade são tão grandes
e incompreensíveis, que Ele ordena e faz sua obra muita bem e com justiça, mesmo que os
demônios e os ímpios ajam injustamente4. E as obras dEle que ultrapassam o entendimento
humano, não queremos investigá-las curiosamente, além da nossa capacidade de entender.
Mas, adoramos humildes e piedosamente a Deus em seus justos julgamentos, que nos estão
escondidos5. Contentamo-nos em ser discípulos de Cristo, a fim de que aprendamos
somente o que Ele nos ensina na sua Palavra, sem ultrapassar estes limites6.
Este ensino nos traz um inexprimível consolo, quando aprendemos dele, que nada nos
acontece por acaso, mas pela determinação de nosso bondoso Pai celestial. Ele nos protege
com um cuidado paternal, dominando todas as criaturas de tal modo que nenhum cabelo –
pois estes estão todos contados- e nenhum pardal cairão em terra sem o consentimento de
nosso Pai (Mateus 10:29,30). Confiamos nisto, pois sabemos que Ele reprime os demônios
e todos os nossos inimigos, e que eles, sem sua permissão, não nos podem prejudicar7.
Por isso rejeitamos o detestável erro dos epicureus, que dizem que Deus não se importa
com nada e entrega tudo ao acaso.
1
João 5:17; Hebreus 1:3.
2
Salmo 115:3; Provérbios 16:1, 9,33; Provérbios 21:1; Efésios 1:11; Tiago 4:13-15.
3
Tiago 1:13; 1 João 2:16.
4
Jó 1:21; Isaías 10:5; Isaías 45:7; Amós 3:6; Atos 2:23; Atos 4:27,28.
5
1 Reis 22:19-23; Romanos 1:28; 2 Tessalonicenses 2:11.
6
Deuteronômio 29:29; ! Coríntios 4:6.
7
Gênesis 45:8; Gênesis 50:20; 2 Samuel 16:10; Romanos 8:28,38,39.
47
nosso entender parece a única conclusão possível. Mas o artigo 13 diz: “contudo, Deus não
é o autor, nem tem culpa do pecado que se comete”.
b) Mas como é possível que Deus ‘dirija’ também os atos pecaminosos, sem ser
responsável por estes? Não somos capazes de entender isso; os juízos de Deus são
insondáveis (Romanos 11:33). Nosso entendimento , neste ponto, alcança seus limites. Mas
a nossa fé aceita o que a Bíblia diz. E ela diz que Deus “ordena e faz sua obra muito bem e
com justiça”, mesmo quando Ele permite que os demônios e os ímpios ajam injustamente.
Mas de que maneira a Escritura explica que Deus permite o pecado, sem ser responsável
pelo pecado? Quando um homem pode impedir um homicídio, mas não o impede, ele é co-
responsável pelo crime. Mas pode permitir que um homicídio aconteça, sem ser
responsável? Como é possível? O artigo 13 responde: tão grandes são o poder e a bondade
de Deus. Por seu poder Deus permite o pecado que Ele odeia, enquanto Ele, por sua
bondade, de maneira alguma tem culpa.
Pela fé dizemos, ao mesmo tempo, duas coisas: Deus odeia homicídio, adultério, tortura,
roubo e, por sua bondade, Ele detesta todos os pecados. Mas Ele também tem o
incompreensível poder de permitir que o mal aconteça, sem que o ódio dEle contra o
pecado diminua. A bondade de Deus não traz limites ao poder dEle, assim como o poder
dEle não ‘prejudica’ a bondade dEle.
Mais não podemos nem devemos dizer. A maneira de a bondade e o poder de Deus
cooperarem ultrapassa nosso entendimento. Por isso, o artigo 13 diz que tanto o poder
como a bondade dEle “são incompreensíveis”.
b) Não se trata de um ‘papo furado’(!). A igreja confessou tudo isso em épocas difíceis
(perseguições!). Precisamos aprender a crer no consolo de que o artigo 13 fala. Por isso,
confessa-se: “Este ensino nos traz um inexprimível consolo, quando aprendemos dele, que
nada nos acontece por acaso, mas pela determinação de nosso bondoso Pai celestial”.
ARTIGO 14
50
Cremos que Deus criou homem do pó da terra1, e o fez e formou conforme sua imagem e
semelhança: bom, justo e santo2, capaz de concordar, em tudo, com a vontade de Deus.
Mas, quando o homem estava naquela posição excelente, ele não a valorizou e não a
reconheceu. Dando ouvidos às palavras do diabo, submeteu-se por livre vontade ao pecado
e assim à morte e à maldição 3. Pois transgrediu o mandamento da vida, que tinha recebido
e, pelo pecado, separou-se de Deus, que era sua verdadeira vida. Assim ele corrompeu toda
a sua natureza e mereceu a morte corporal e espiritual4.
Tornando-se ímpio, perverso e corrupto em todas as suas práticas, ele perdeu todos os
dons excelentes5, que tinha recebido de Deus. Nada lhe sobrou destes dons, senão pequenos
traços, que são suficientes para deixar o homem sem desculpa6. Pois toda a luz em nós se
tornou em trevas7 como nos ensina as Escrituras: “A luz resplandece nas trevas, e as trevas
não prevaleceram contra ela” (João 1:5). Aqui o apóstolo João chama os homens “trevas”.
Por isso, rejeitamos todo o ensino contrário, sobre o livro arbítrio do homem, porque o
homem somente é escravo do pecado e “não pode receber coisa alguma se do céu não lhe
for dada” (João 3:27). Pois quem se gloriará de fazer alguma coisa boa pela própria força,
se Cristo diz: “Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer” (João 6:44)?
Quem falará sobre sua própria vontade sabendo que “o pendor da carne é inimizade contra
Deus” (Romanos 8:7)? Quem ousará vangloriar-se sobre seu próprio conhecimento,
reconhecendo que “o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus” (1 Coríntios
2:14)? Em resumo: quem apresentará um pensamento sequer, admitindo que não somos
“capazes de pensar alguma coisa como se partisse de nós”, mas que “a nossa suficiência
vem de Deus” (2Coríntios 3:5)?
Por isso, devemos insistir nesta palavra do apóstolo: “Deus é quem efetua em vós tanto
o querer como o realizar, segundo a sua vontade” (Filipenses 2:13). Pois somente o
entendimento ou a vontade que Cristo opera no homem, está em conformidade com o
entendimento e vontade de Deus, como Ele ensina: “Sem mim nada podeis fazer” (João
15:5).
1
Gênesis 2:7; Gênesis 3:19; Eclesiastes 12:7.
2
Gênesis 1:26, 27; Efésios 4:24; Colossenses 3:10.
3
Gênesis 3:16-19; Romanos 5:12.
4
Gênesis 2:17; Efésios 2:1; 4:18.
5
Salmo 94:11; Romanos 3:10; 8:6.
6
Romanos 1:20, 21.
7
Efésios 5:8.
51
morte e à maldição. Pelo pecado ele transgrediu o mandamento que promete a vida, e
cortou a ligação com a verdadeira vida (ou seja: ele rompeu com Deus).
c) O homem se tornou tão mau que perdeu todos os dons excelentes que tinha recebido de
Deus. Restaram só alguns pequenos traços desses dons. Entretanto, estes traços são
suficientes para tirar-lhe qualquer desculpa de sua maldade. Não é à toa que o apóstolo João
caracteriza o homem como “trevas”, que não prevaleceram contra a luz que resplandece.
d) Por isso rejeitamos todo ensino em que se defende o chamado livre arbítrio do homem,
quer dizer: todo ensino que afirma que o homem, por força própria, é capaz de escolher
tanto o bem como o mal. Isto é impossível visto que o homem, agora, é escravo do pecado.
Ele é incapaz de fazer o bem, nem “pela própria força”, nem por “sua própria vontade”,
nem por “seu próprio conhecimento” nem por “um pensamento sequer” ( veja o artigo 14, a
partir de : “pois quem se gloriará de ...”).
Só quando Cristos nos renovar, nossa vontade e nosso entendimento concordarão com a
vontade e o entendimento de Deus, porque sem Cristo nada podemos fazer.
c) Entendemos, portanto, que o homem, feito do pó, deve a posição excelente dele
exclusivamente ao fato de que ele foi criado à imagem de Deus. Foi em razão disso que
Deus deu ao homem todos aqueles “dons excelentes”, como (por exemplo) o corpo, a
inteligência e a vontade.
Em resumo: o homem possuía todo o necessário para, como imagem de Deus,
(1) conviver com Deus;
(2) cultivar a terra, conforme Deus mandou.
Para o homem cumprir esta tarefa dupla, Deus o fez tão “bom, justo e santo” que ele era
“capaz de concordar, em tudo, com a vontade de Deus”.
autônomo e que “serve de lei para si mesmo”. Por isso, tudo o que ele faz é pecado. As
palavras de Romanos 14:23 são decisivas: “e tudo o que não provém da fé é pecado”. Em
resumo: nossos atos não são bons, quando os praticamos somente conforme a lei, mas
quando os praticamos pela fé!
ARTIGO 15
O PECADO ORIGINAL
55
Cremos que, pela desobediência de Adão, o pecado original se estendeu por todo o gênero
humano1. Este pecado é uma depravação de toda a natureza humana2 e um mal hereditário,
com que até as crianças no ventre de suas mães estão contaminadas 3. É a raiz que produz no
homem todo tipo de pecado. Por isso é tão repugnante e abominável diante de Deus que é
suficiente para condenar o gênero humano4.
Nem pelo batismo o pecado original é totalmente anulado ou destruído, porque o pecado
sempre jorra desta depravação como água corrente de uma fonte contaminada 5. O pecado
original, porém, não é atribuído aos filhos de Deus para condená-los, mas é perdoado pela
graça e misericórdia de Deus6. Isto não quer dizer que eles podem continuar
descuidadamente numa vida pecaminosa. Pelo contrário, os fiéis, conscientes desta
depravação, devem aspirar a livrar-se do corpo dominado pela morte (Romanos 7:24).
Neste ponto rejeitamos o erro do pelagianismo, que diz que o pecado é somente uma
questão de imitação.
Nós o herdamos. Por isso, temos a tendência de perguntar se é, então, por nossa culpa que
nascemos assim. Ou seja: será que o pecado original realmente existe?
b) Os pelagianos (‘discípulos‘ de Pelágio; veja o artigo 14) negam que o pecado original
existe. Na opinião deles, todo mundo nasce sem pecado. Eles acham que não é justo dizer
que o homem nasce com uma natureza corrompida e que, por isso, é condenado por Deus.
E afirmam que cada um tem um livre arbítrio para escolher entre o bem e o mal. Escolher o
mal é questão de seguir os exemplos errados; não é porque o homem nasce pecador.
c) Porém, é a Palavra de Deus que decide sobre esta questão da realidade do pecado
original. E o ensino dela é claro.
Salmo 51 (por exemplo) ensina que o pecado original é uma realidade, Davi se acusa a
si mesmo. Ele cometeu um crime terrível. Mas este crime não é um caso à parte, nem é
explicável pela influência de maus exemplos. Davi volta seus pensamentos para o passado:
para a juventude e o nascimento dele; até mesmo para o momento em que começou a vida
dele. Sempre havia o pecado. Conscientizando-se disto, ele exclama: “Eu nasci na
iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe” (Salmo 51:5). Davi se sabe
‘contaminado’ nas mais profundas ‘raízes’ de sua existência.
Entretanto, a conclusão dele não é que ele, então, não tem culpa de ser assim; pelo
contrário, tudo é ainda pior, porque a iniqüidades dele já data de antes do nascimento. Davi
aceita seu pecado ‘hereditário’ como dívida perante Deus. Pois, quando diz: “apaga todas
as minhas iniqüidades” (v. 9), ele incluí também a iniqüidade em que nasceu (v.5).
d) Por isso (pelo fato de que o pecado original constantemente pressiona o homem à
rebelião contra Deus) “é tão repugnante e abominável diante de Deus, que é suficiente para
condenar o gênero humano”.
e) Assim o artigo 15 ‘sublinha’ o artigo 14. Ali se confessa que, com todas as nossas
capacidades, somos corruptos; aqui se reconhece que estamos contaminados com esta
depravação a partir do momento em que começa nossa vida. Em outras palavras: não há
nenhuma possibilidade de que exista, no homem, alguma ‘substância’ boa ou alguma fonte
boa. O homem não é capaz de salvar-se a si mesmo; nem ele quer. Tamanho é o domínio do
pecado original.
c) “Os fiéis, conscientes desta depravação, devem aspirar a livrar-se do corpo dominado
pela morte”. Que quer dizer a expressão “o corpo dominado pela morte”?
Paulo us esta expressão em Romanos 7:24 (“quem me livrará do corpo desta morte?”).
“corpo” indica mais do que carne e osso; é toda a nossa existência. E “morte” é mais do que
nosso falecimento. O apóstolo que dizer que a nossa existência está continuamente no
poder da morte, por causa do pecado. O pecado nos afasta de Deus e nos separa da
verdadeira vida (mesmo que, ‘por fora’, estejamos vivos e tenhamos boa saúde). Por causa
do pecado original que funciona como “fonte contaminada”. Jazemos na morte. É deste
domínio do pecado que nos mantém no poder da morte espiritual, que desejamos ser
livrados. Assim temos que entender o apóstolo Paulo quando diz: Quem me livrará do
corpo desta morte?”.
ARTIGO 16
Cremos que Deus, quando o pecado do primeiro homem lançou Adão e toda a sua
descendência na perdição1, mostrou-se como Ele é, a saber: misericordioso e justo.
Misericordioso, porque Ele livra e salva da perdição aqueles que Ele em seu eterno e
imutável conselho2, somente pela bondade, elegeu3 em Jesus Cristo nosso senhor4, sem
levar em consideração obra alguma deles5. Justo, porque Ele deixa os demais na queda e
perdição, em que eles mesmos se lançaram6.
1
Romanos 3:12.
2
João 6:37, 44; João 10:29; João 17:2, 9,12; João 16:9.
3
1 Samuel 12:22; Salmo 65:4; Atos 13:48; Romanos 9:16; Romanos 11:5; Tito 1:1.
4
João 15:16,19; Romanos 8:29; Efésios 1:4,5.
5
Malaquias 1:2,3; Romanos 9:11-13; 2 Timóteo 1:9; Tito 3:4,5.
6
Romanos 9:19-22; 1 Pedro 2:8.
61
Ao fazer sua escolha, Deus teve seus próprios motivos que não nos revelou. “Quão
insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos” (Romanos 11:33).
Os eleitos de Deus seriam salvos por Cristo que, no lugar deles, pagaria a dívida.
O artigo 16 resume assim: “aqueles que Ele em seu eterno e imutável conselho, somente
pela bondade, elegeu em Jesus Cristo nosso Senhor, sem levar em consideração obra
alguma deles”. O outro lado da eleição é que “Ele deixa os demais em sua queda e
perdição”.
assume inteiramente a culpa dos eleitos. A eleição por parte de Deus se realiza em Cristo. O
artigo 16 diz que Deus nos “elegeu em Cristo Jesus nosso Senhor”.
certeza da nossa observação física pela qual sabemos com certeza que (por exemplo) o sol
existe. Trata-se da certeza da fé.
b) A fé tem o Evangelho como base e como ‘solo alimentício’. E, no Evangelho, ele
encontra Cristo e se entrega a Ele. Agora, aquele que, pela fé, abraça Cristo, vai ter também
a crescente certeza de ser eleito por Deus. Por quê? Disse Calvino que Cristo é, por assim
dizer, o espelho em que observarmos nossa eleição por Deus. Pelo espelho (‘retrovisor’),
um motorista pode ver o que, sem espelho, ficaria escondido. O espelho aumenta muito a
visão dele. Assim Cristo é o espelho (‘retrovisor’) em que claramente observamos que Deus
nos tem destinado para a salvação, não só hoje, mas já desde a eternidade.
c) Por outro lado, que não quer olhar nesse espelho (Cristo!), jamais vai descobri sua
eleição por Deus. Não podemos ter certeza da nossa eleição sem Cristo e, portanto, sem o
Evangelho, em que encontramos Cristo. Podemos ver nossos nomes no livro de Deus, mas
não diretamente; somente através do espelho. Este espelho é o Cristo do Evangelho, que
nos garante que Ele, antes dos tempos eternos, foi destinado para salvar-nos.
Cremos que nosso bom Deus, vendo que o homem havia se lançado assim na morte
corporal e espiritual, e se havia feito totalmente miserável, foi pessoalmente em busca do
homem, quando, este, tremendo, fugia de sua presença1. Assim Deus mostrou sua
maravilhosa sabedoria e bondade. Ele confortou o homem com a promessa de lhe dar seu
Filho, que nasceria de uma mulher (Gálatas 4:4) a fim de esmagar a cabeça da serpente
(Gênesis 3:15) e de tornar feliz o homem2.
1
Gênesis 3:9.
2
Gênesis 22:18; Isaías 7:14; João 1:14;5:46;7:42; Atos 13:32; Romanos 1:2,3; Gálatas 3:16; 2 Timóteo 2:8;
Hebreus 7:14.
65
Foi isto que Deus viu acontecer. Ele viu que o homem “se havia feito totalmente
miserável”. Pois, no momento em que a relação do homem com Deus é cortada, desfaz-se
também a relação entre o homem e seu próximo. Prova triste é a maneira ‘distante’ de Adão
falar sobre sua esposa (Gênesis 3:12). Aliás, também a relação entre o homem e toda a
natureza se desfaz. A terra foi maldita, com todas as conseqüências (Gênesis 3:17-19).
(1Coríntios 2:9). Este plano de salvação por meio de Cristo crucificado é considerado
loucura pelos homens, mas esta loucura de Deus é mais sábia do que os homens (1Coríntios
1:25).
ARTIGO 18
67
Confessamos, então, que Deus cumpriu a promessa, feita aos pais antigos pela boca dos
seus santos profetas1, quando enviou ao mundo seu próprio, único e eterno Filho, no tempo
determinado por Ele2. Este assumiu a forma de servo e tornou-se semelhante aos homens
(Filipenses 2:7), tomando realmente a verdadeira natureza humana com todas as suas
fraquezas3, mas sem o pecado4. Foi concebido no ventre da bem-aventurada virgem Maria,
pelo poder do Espírito Santo, sem intervenção do homem5. E não somente tomou a natureza
humana quanto ao corpo, mas também a verdadeira alma humana, para que fosse um
verdadeiro homem. Pois, estando perdidos tanto a alma como o corpo, Ele devia tomar
ambos para salvá-los.
Por isso, confessamos (contra a heresia dos anabatistas que negam que Cristo tomou a
natureza humana de sua mãe), que Cristo participou do sangue e da carne dos filhos de
Deus (Hebreus 2:14); que Ele, “segundo a carne, veio da descendência de Davi” (Romanos
1:3); fruto do ventre de Maria (Lucas 1:42); nascido de uma mulher (Gálatas 4:4); rebento
de Davi (Jeremias 33:15; Atos 2:30); renovo da raiz de Jessé (Isaías 11:1); brotado de Judá
(Hebreus 7:14); descendentes dos judeus, segundo a carne (Romanos 9:5); da descendência
de Abraão6, tornando-se semelhante aos irmãos em tudo, mas sem pecado (Hebreus
2:16,17; 4:15).
Assim Ele é, na verdade, nosso Emanuel, isto é: Deus conosco (Mateus 1:23).
“que não tinha pastor” (Mateus 9:36). Ele ficou tomado de pavor e de angústia (Marcos
14:33).
b) Portanto, não aceitamos nenhuma opinião que, de uma ou de outra maneira, deixe
‘sumir’ a alma humana de Jesus e a substitua pela natureza divina dEle.
No século IV, o bispo Apolinário (na Síria) Já ensinava assim. Ele disse que Jesus tinha
um verdadeiro corpo humano e uma verdadeira alma, mas não um espírito humano. A
divindade dEle substituiu seu espírito humano. Então, Apolinário comprometeu a natureza
humana de Jesus. Esta doutrina já foi condenada pelo concílio de Constantinopla em 361.
O fato de Jesus ter recebido e assumido também a alma humana é a base da nossa
salvação: “Pois, estando perdidos tanto a alma como o corpo, Ele devia tomar ambos para
salvá-los”.
concebido e nascido sem pecado é que o Espírito Santo o formou no ventre de Maria. O
anjo Gabriel falou: “Descera sobre ti o Espírito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá
com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer, será chamado Filho de
Deus” (Lucas 1:35).
Em todo caso, a Escritura claramente ensina o nascimento virginal d Jesus (veja também
Mateus 1:16; Lucas 3:23).
ARTIGO 19
Cremos que, por esta concepção, a pessoa do Filho está unida e conjugada,
inseparavelmente, com a natureza humana1. Não há, então, dois Filho de Deus, nem duas
pessoas, mas duas naturezas, unidas numa só pessoa, mantendo cada uma delas suas
características distintas. A natureza divina permaneceu não-criada, sem início, nem fim de
vida (Hebreus 7:3), preenchendo céu e terra2. Do mesmo modo a natureza humana não
perdeu suas características, mas permaneceu criatura, tendo início, sendo uma natureza
finita e mantendo tudo o que é próprio de um verdadeiro corpo 3. E ainda que, por meio da
sua ressurreição, Cristo tenha concedido imortalidade à sua natureza humana, Ele não
transformou a realidade da mesma4, pois nossa salvação e ressurreição dependem também
da realidade de seu corpo5.
Estas duas naturezas, porém, estão unidas numa só Pessoa de tal maneira que nem por
sua morte foram separadas. Ao morrer, Ele entregou, então, nas mãos de seu Pai um
verdadeiro espírito humano, que saiu de seu corpo6, entretanto a natureza divina sempre
continuou unida à humana, mesmo quando Ele jazia no sepulcro 7. A divindade não cessou
de estar nEle, assim como estava nEle quando era criança, embora, por algum tempo, não
se tivesse manifestado.
Por isso confessamos que Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem: verdadeiro
Deus a fim de vencer a morte por seu poder; verdadeiro homem a fim de morrer por nós na
fraqueza de sua carne.
1
João 1:14, 10:30: Romanos 9:5; Filipenses 2:6,7.
2
Mateus 28:20.
3
1 Timóteo 2:5.
4
Mateus 26:11; Lucas 24:39; João 20:25; Atos 1:3,11; Atos 3:21; Hebreus 2:9.
5
1 Coríntios 15:21; Filipenses 3:21.
6
Mateus 27:50.
7
Romanos 1:4.
72
d) Esta confissão tem tudo a ver com nossa salvação. Pois, como Deus, Cristo era capaz de
vencer a morte; como homem, Ele era capaz de assumir a morte.
Isto deve fazer parte do “esvaziar-se” de Filipenses 2 (veja 02.d). Mas aqui, chegamos ao
limite do nosso pensar e esclarecer.
ARTIGO 20
Cremos que Deus, perfeitamente misericordioso e justo, enviou seu Filho para assumir a
natureza humana em que foi cometida a desobediência1. Nesta natureza, Ele satisfaz a
Deus, carregando o castigo pelos pecados, através de seu mui amargo sofrimento e morte2.
Assim Deus provou sua justiça sobre seu Filho, quando carregou sobre Ele nossos pecados 3
e derramou sua bondade e misericórdia sobre nós, culpados e dignos da condenação. Por
amor perfeitíssimo, Ele entregou seu Filho à morte, por nós, e O ressuscitou para nossa
justificação4, a fim de que, por Ele, tivéssemos a imortalidade e a vida eterna.
verdade encontramos nesta frase: “Por amor perfeitíssimo, Ele entregou seu Filho à morte,
por nós”.
Este ensino do artigo 20 corresponde plenamente ao ensino bíblico. A Bíblia também
diz que Deus nos amou e, por isso, “enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos
pecados” (1João 4:10-11; veja também João 3:16 e Efésios 1:4-5). A mais profunda base da
nossa salvação não é o sacrifício de Cristo, pois o sacrifício dEle tem como base o amor
inexplicável do Deus Triuno.
c) Por outro lado, a Bíblia realmente diz, também, que nós éramos inimigos de Deus e que
“fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho” (Romanos 5:9-10). Porém,
isto não significa que Deus nos odiava antes de Jesus ter modificado esta situação. Assim
diminuiríamos o amor de Deus, porque foi justamente pelo amor para conosco que Ele
enviou seu Filho (João 3:16). Mas é verdade que a Bíblia, ao mesmo tempo, diz que Deus
estava irado contra nós, o mesmo Deus que, por amor, enviou seu Filho ao mundo. Então,
temos que dizer as duas coisas: (1) Deus nos amou e mostrou sua misericórdia e (2) Ele
estava irado contra nós. Estas duas ‘coisas’ encontramos também em Efésios 2:3-4. Por um
lado , os fiéis, antes de sua conversão (“outrora”), são chamados “filhos da ira”, quer dizer:
a ira de Deus pesa neles. Mas, por outro lado, Deus (“sendo rico em misericórdia”) amou
esses filhos da ira com um “grande amor”.
Para nós, homens, é difícil de explicar totalmente estas duas verdades. Mas é o nosso
dever repetir o que a Escritura diz.
ARTIGO 21
Cremos que Jesus Cristo é um eterno Sumo Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque,
o que Deus confirmou por juramento1. Perante seu pai e para apaziguar-lhe a ira, Ele se
apresentou em nosso nome, por satisfação própria2, sacrificando-se a si mesmo e
derramando seu precioso sangue, para purificação dos nossos pecados 3, conformes os
profetas predisseram4.
Pois, está escrito que “o castigo que nos traz a paz estava sobre” o Filho de Deus; e que
“pelas suas pisaduras fomos sarados”5; “como cordeiro foi levado ao matadouro”; “foi
contado com os transgressores”6 (Isaías 53:5,7,12); e como criminoso foi condenado por
Pôncio Pilatos, embora este o tivesse declarado inocente7. Assim, então, restituiu o que não
tinha furtado (Salmo 69:4), e sofreu, “o justo pelos injustos”8 (1Pedro 3:18), tanto no seu
corpo como na sua alma9, de maneira que sentiu o terrível castigo que os nossos pecados
mereceram. Assim “o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra” (Lucas
22:44). Ele “clamou em alta voz: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
(Mateus 27:46) e padeceu tudo para a remissão dos nossos pecados.
Por isso dizemos, com razão, junto com Paulo que não sabemos outra coisa, “senão
Jesus Cristo, e este crucificado” (1Coríntios 2:2). Consideramos “tudo como perda por
causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus”, nosso Senhor (Filipenses 3:8).
Encontramos toda consolação em seus ferimentos e não precisamos buscar ou inventar
qualquer outro meio para nos reconciliarmos com Deus, “porque com um única oferta
aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados”10 (Hebreus 10:14). Por isso o
anjo de Deus O chamou Jesus, quer dizer: Salvador, porque ia salvar “o seu povo dos
pecados deles”11 (Mateus 1:21).
1
Salmo 110:4; Hebreus 7:15-17.
2
Romanos 4:25; 5:8-9; 8:32; Gálatas 3:13; Colossenses 2:14; Hebreus 2:9,17; 9:11-15.
3
Atos 2:23; Filipenses 2:8; 1 Timóteo 1:15; Hebreus 9:22; 1 Pedro 1:18,19; 1João 1:7; Apocalipse 7:14.
4
Lucas 24:25-27; Romanos 3:21; 1Coríntios 15:3.
5
1Pedro 2:24.
6
Marcos 15:28.
7
João 18:38.
8
Romanos 5:6.
9
Salmo 22:15.
10
Hebreus 7:26-28; 9:24-28.
11
Lucas 1:31; Atos 4:12.
81
d) Tanto no seu corpo como na sua alma, Ele sentiu o terrível castigo que nós tínhamos
merecido. O suor dEle se tornou em gotas de sangue e Deus O desamparou. Tudo isto Ele
padeceu para a remissão dos nossos pecados.
e) Por isso dizemos, como Paulo, que não há nada mais importante para conhecer “senão
Jesus Cristo, e este crucificado”. Pois, temos a certeza de que Ele, por seus ferimentos,
definitivamente nos reconciliou com Deus e que, para sempre, nos conduz à perfeição. Não
foi à toa que o anjo de Deus O chamou Jesus, quer dizer: Salvador. Porque Ele nos salva
dos pecados que desfazem nossa comunhão com Deus.
(Hebreus 7:14). Jesus, portanto, também foi nomeado diretamente por Deus (contra
qualquer expectativa). “Portanto se testifica (de Jesus): Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedeque” (Hebreus 7:17). E Deus confirmou esta
nomeação por juramento (Hebreus 7:20-21).
Assim mostra-se, já na nomeação (que foi bem direta e, por isso, surpreendente),
a superioridade de Melquisedeque e Jesus sobre Arão. E, no caso de Jesus, a
nomeação ainda foi confirmada por Deus por juramento.
(2) O segundo ponto se refere à duração do sacerdócio. Os filhos de Levi eram
sacerdotes temporariamente, “porque são impedidos pela morte de continuar”
(Hebreus 7:23). Mas lemos sobre Melquisedeque que não teve “fim de existência” e
que “permanece sacerdote perpetuamente” (Hebreus 7:3). Não é muito provável que
isto signifique que Melquisedeque, até hoje, seja sacerdote, no céu. Deve significar
que ele não teve sucessor. Ninguém era capaz de assumir a obra dele, quando ele
não mais teve condições de desempenhar seu ministério por causa de doença,
velhice ou morte. Ele foi sacerdote uma vez por todas e, assim, não teve fim de
existência. Ele, por assim dizer, levou seu ministério na morte e não o abandonou
para entregá-lo a um outro.
Tudo isto se cumpriu com Jesus. Ele também é sacerdote perpetuamente e, por
isso, Deus lhe disse: “Tu és sacerdote para sempre” (Hebreus 7:21). “Este, no
entanto, porque continua para sempre, tem o seu sacerdócio imutável” (Hebreus
7:24). Este fato tem importantes conseqüências para nós, pois “por isso também
pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles” (Hebreus 7:25).
Estes dois pontos (1 e 2) são indicados na primeira frase do artigo 21: “Cremos que Jesus
Cristo é um eterno Sumo Sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, o que Deus
confirmou por juramento”.
b) Há muito conhecimento que é útil. Mas “o conhecimento de Cristo Jesus” excede tudo.
Comparado a este conhecimento, qualquer outro conhecimento, que em si mesmo possa ser
útil, perde seu valor, conforme diz Paulo a (Filipenses 3:8). É como a carga preciosa de um
navio. Quando o navio, por seu peso, corre perigo de afundar, a carga é sacrificada para
salvar vidas. Assim também o conhecimento de Cristo crucificado, em última análise, torna
inútil qualquer outro conhecimento.
c) As seguintes palavras são muito tranqüilizadoras: “Encontramos toda consolação em
seus ferimentos e não precisamos buscar ou inventar qualquer outro meio para nos
reconciliarmos com Deus”. Todo “buscar” ou “inventar” acabou. Jesus definitivamente nos
reconciliem com Deus “com uma única oferta”.
d) A riqueza de tudo isso encontramos no nome Jesus, quer dizer: Salvador, Redentor,
Libertador. Mas o artigo 21, citando Mateus 1:21, enfatiza que se trata da salvação dos
nossos pecados, que provocam a ira de Deus e, portanto, são as causas de toda a nossa
miséria.
ARTIGO 22
Cremos que, para obtermos verdadeiro conhecimento desse grande mistério, o Espírito
Santo acende, em nosso coração, verdadeira fé1. Esta fé abraça Jesus Cristo com todos os
seus méritos, apropria-se dEle e nada mais busca fora dEle2. Pois das duas, uma: ou não se
acha em Jesus Cristo tudo o que é necessário para nossa salvação, ou tudo se acha nEle, e ,
então, aquele que possui Jesus Cristo pela fé, tem a salvação completa3. Dizer porém que
Cristo não é suficiente, mas que, além dEle, algo mais é necessário, significaria uma
blasfêmia horrível. Pois Cristo seria apenas um salvador incompleto.
Por isso, dizemos, com razão, junto com o apóstolo Paulo que somos justificados
somente pela fé, ou pela fé sem as obras4 (Romanos 3:28). Entretanto, não entendemos isto
como se a própria fé nos justificasse5, mas ele é somente o instrumento com que abraçamos
Cristo, nossa justiça. Mas Jesus Cristo, atribuindo-nos todos os seus méritos e tantas obras
santas, que fez por nós e em nosso lugar, é nossa justiça6. E a fé é o instrumento que nos
mantém com Ele na comunhão de todos os seus benefícios. Estes, uma vez dados a nós, são
mais que suficientes para nos absolver dos pecados.
quase cada página da Escritura, porque é o coração do Evangelho? Contudo, é com toda a
razão que o artigo 22 fala de um mistério. Pois, para nosso entendimento é inaceitável que
um só homem pague os nossos pecados, morrendo na cruz (confira 1Coríntios 1:23).
João Calvino disse que o nosso entendimento, em coisas espirituais é mais cego do que
as toupeiras e não entende esta doutrina, assim como um cego não pode discernir cores e
um burro não pode entender uma sinfonia (veja também Mateus 16:17).
É por isso que esta doutrina, tão claramente revelada, é caracterizada como um “grande
mistério”. Não podemos entendê-la porque somos homens de um entendimento
contaminado e muito limitado.
b).(1) Conforme a opinião católico-romana, nosso entendimento não está tão
contaminado não. Seria mais uma questão de ‘nível’. Quer dizer: não se trata de
contaminação, mas de pouca capacidade.
Porém, a Bíblia ensina que nosso entendimento realmente resiste contra a
Palavra de Deus e a considera uma loucura. Então, não é uma questão de pouca
capacidade, mas de inimizade. Nosso entendimento precisa ser transformado.
(2) Os arminianos (ou remostrantes) têm uma opinião quase idêntica. Dizem que o
Espírito Santo apenas precisa aconselhar o homem; eles falam de um ‘toque leve’.
Mais não seria necessário para fazer o homem entender que o evangelho é aceitável.
(3) Estas opiniões (que têm como base a convicção de que o Evangelho é aceitável
para o entendimento humano) contradizem a Escritura: Gênesis 6:5; 8:21; Salmo
94:11; João 1:5 Além disso, estas opiniões, na prática, sempre levam à adaptação da
Bíblia aos conceitos contemporâneos.
c) De que maneira, então, podemos participar da obra de reconciliação, já que não etmos,
neste ponto, entendimento e vontade? Indispensável é uma intervenção do próprio Deus
Moisés já disse que Deus tem que dar-nos coração para entender; e olhos para ver; e
ouvidos para ouvir (Deuteronômio 29:4) Portanto, a nós tem que acontecer o que aconteceu
aos discípulos de Jesus: “Então lhes abriu o entendimento para entenderem as Escrituras”
(Lucas 24:45)
O artigo 22 diz que o Espírito Santo “acende, em nosso coração, verdadeira fé”. A fé é
dom de Deus (Efésios 2:8). Ela é como uma lâmpada que ilumina nosso entendimento
Assim, o Espírito torna nosso entendimento capaz de entender a doutrina da reconciliação e
torna nossa vontade disposta para aceitá-la. Desta maneira, realmente obtemos “verdadeiro
conhecimento desse grande mistério”.
Deus é aceitar a mão estendida de Deus, ou seja: abraçar Cristo. Somente assim Deus, que
estava irado contra nós, volta a ser alcançável, como disse Jesus: “Eu sou o caminho, e a
verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6). Portanto, a fé escolhe o
“caminho” que o próprio Deus abriu: Cristo. A fé também não pergunta por que Deus ama
pecadores e não diz que nossos pecados, apesar de tudo, são invencíveis. Não, a fé faz o
que deve fazer. Ela, antes de mais nada, pega a mão estendida de Deus, abraçando Cristo.
c) Quem se agarra a Cristo, ao mesmo tempo recebe todos os benefícios dEle. O artigo 22
até diz que “aquele que possui Jesus Cristo pela fé, tem a salvação completa”. Aquele que
abraça Cristo, “apropria-se dEle” e de todos os seus méritos. E estes benefícios, “uma vez
dados a nós, são mais que suficientes para nos absolver dos pecados”.
d) Não é um pouco limitado dizermos que a fé abraça Cristo? Não devemos crer na Bíblia
inteira? É claro que devemos aceitar toda a Bíblia Mas a Bíblia, em cada página, trata de
Cristo.Ele é o conteúdo da Escritura.O próprio Jesus diz que as Escrituras testificam dEle e
também que Moisés escreveu a respeito dEle (João 5:39, 46; veja também Hebreus 10:7).
Por isso, o artigo 22 diz, com tanta ênfase, que recebemos absolvição “somente pela fé, ou
pela fé sem as obras”, ou seja: somente porque abraçamos Cristo, com todos os seus
méritos.
02. Romanos 4:3 diz, conforme Gênesis 15:6, que Abraão creu e que “isso lhe foi
imputado como justiça” (veja também Gálatas 3:6). Aqui, então, não se atribui à fé
(em si mesma) um certo valor (contra o artigo 22)?
ARTIGO 23
Cremos que nossa verdadeira felicidade consiste no perdão de nossos pecados, por causa de
Jesus Cristo, e que isto significa para nós a justiça perante Deus1. Assim nos ensinam Davi
e Paulo, declarando: “Bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justiça,
independentemente de obras” (Romanos 4:6; Salmo 32:2). E o mesmo apóstolo diz que
somos “justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo
Jesus”2 (Romanos 3:24).
Portanto, perseveramos neste fundamento, dando toda a glória a Deus3, humilhando-vos
e reconhecendo que nós, homens, somos maus. Não nos vangloriamos, de nenhuma
maneira, de nós mesmos ou de nossos méritos4. Somente nos apoiamos e repousamos na
obediência do Cristo crucificado5. Esta obediência é nossa se cremos nEle6. Ela é suficiente
para cobrir todas as nossas iniqüidades. Ele liberta nossa consciência de temor,
perplexidade e espanto e, assim, nos dá ousadia de aproximar-nos de Deus, sem fazermos
como nosso primeiro pai Adão que, tremendo, quis cobrir-se com folhas de figueira7. E,
certamente, se tivéssemos que comparecer perante Deus, apoiando-nos, por pouco que
fosse, em nós mesmos ou em qualquer outra criatura –ai de nós--, pereceríamos8. Por isso,
cada um deve dizer com Davi: “Ó SENHOR, não entres em juízo com o teu servo, porque à
tua vista não há justo nenhum vivente” (Salmo 143:2).
1
1 João 2:1.
2
2Coríntios 5:18, 19; Efésios 2:8; 1Timóteo 2:6.
3
Salmo 115:1; Apocalipse 7:10-12.
4
1Coríntios 4:4; Tiago 2:10.
5
Atos 4:12; Hebreus 10:20.
6
Romanos 4:23-25.
7
Gênesis 3:7; Sofonias 3:11; Hebreus 4:16; 1João 4:17-19.
8
Lucas 16:15; Filipenses 3:4-9.
91
A Ele temos que entregar o resultado dos nossos atos. Ninguém escapa disso. Portanto, não
há pergunta mais importante do que esta: Deus aprova ou não aprova nossos atos? Se Ele
aprova, então, Ele nos aceita totalmente e somos salvos. Nossa salvação, antes de mais
nada, é que não há mais nada entre Deus e o homem.
b) Mas quando é que não há mais nada entre Deus e o homem? E com que condição Ele
aprova nossa vida? O que entregamos a Deus, todo dia, deve ser “justiça perante Ele”. É a
condição. Quer dizer: nossa vida deve corresponder totalmente às exigências que Deus
estipulou. Só assim podemos comparecer perante Deus com o resultado da nossa vida e,
portanto, não haverá mais nada entre Deus e nós.
Naturalmente não é suficiente nós mesmos acharmos que fizemos tudo muito bem.
Paulo diz, numa determinada situação, que “de nada me argüi a consciência; contudo, nem
por isso me dou por justificado, pois quem me julga é o Senhor” (1Coríntios 4:4). Homens
têm a tendência de dar, a si mesmos, um nota alta: “todos os caminhos do homem são puros
aos seus olhos, mas o SENHOR pesa o espírito” (Provérbios 16:4).
c) É neste ponto que a Bíblia dá o sinal de alarme. Pois o resultado dos nossos atos não nos
fornece nenhuma ‘justiça perante Deus’. Pelo contrário, Ele condena nossa vida e, assim,
manifesta-se a nossa grande miséria. O medo de comparecermos perante Deus, com
tamanha dívida, soa bastante nas últimas frases do artigo 23.
Fala-se de Adão que, “tremendo, quis cobrir-se com folhas de figueira”; fala-se de Davi
que disse: “SENHOR, não entres em juízo com o teu sevo, porque à tua vista não há justo
nenhum vivente”.
É a partir desta realidade horrível que a igreja confessa, no artigo 23, de que maneira
somos salvos.
houvesse pecados. Por isso, “já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”
(romanos 8:1).
c) Para nós só resta crer. Pois, Deus nos atribui a obediência de Cristo. E “esta obediência é
nossa, se crermos nEle”.
Cristo. Esta justiça “liberta nossa consciência de temor, perplexidade e espanto e, assim,
nos dá ousadia de aproximarmo-nos de Deus”.
Essa libertação é indicada, no começo do artigo 23, como “nossa felicidade”. Pois,
aquele que pode aproximar-se de Deus sem medo, é salvo e, portanto, feliz!
b) Acontece que muitos, hoje em dia, acham que a Bíblia contém uma mensagem de
libertação somente para o mundo político e social, no sentido de uma libertação de pobreza,
opressão e discriminação. O erro é que não se vê uma relação entre a ira de Deus contra o
pecado e a miséria neste mundo. Muitas vezes nega-se a realidade da ira de Deus. Deus é
considerado ‘companheiro’, na luta contra a miséria do mundo. A reconciliação com Deus
se tornou um capítulo esquecido.
Mas a Bíblia ensina que uma sociedade desequilibrada tem tudo a ver com a ira de Deus
que “se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens” (Romanos 1:18;
confira também os vv. 28-32).
c) A Bíblia não nos ensina a fechar os olhos para os problemas do mundo. Ela, sim, nos
mostra a única saída para resolver os problemas. Pois, quem é reconciliado com Deus, a
principio já é libertado de todos os outros ‘poderes’. Porque “Ele nos libertou do império
das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Colossenses 1:13).
A reconciliação com Deus implica em nossa libertação, no sentido mais amplo e
profundo da palavra. A conseqüência será uma nova terra e paz e justiça, a salvação
completa.
ARTIGO 24
A SANTIFICAÇÃO
94
Cremos que a verdadeira fé, tendo sido acesa no homem pelo ouvira da Palavra de Deus e
pela obra do Espírito Santo1, regenera o homem e o torna um homem novo 2. Esta
verdadeira fé o faz viver na vida nova e o liberta da escravidão do pecado3.
Por isso, é impossível que esta fé justificadora leve os homens a se descuidarem da vida
piedosa e santa4. Pelo contrário, sem esta fé jamais farão alguma coisa por a mor a Deus 5,
mas somente por amor a si mesmos e por medo de serem condenados. É impossível,
portanto, que esta fé permaneça no homem sem frutos. Pois, não falamos de uma fé vã, mas
de fé, de que a Escritura dez que “atua pelo amor” (Gálatas 5:6). Ela move o homem a
exercitar-se nas obras que Deus mandou na sua Palavra. Estas obras se procedem da boa
raiz da fé, são boas e agradáveis a Deus, porque todas elas são santificadas por sua graça.
Entretanto, elas não são levadas em conta para nos justificar. Porque é pela fé em Cristo
que somos justificados, mesmo antes de fazermos boas obras6. De outro modo, estas obras
não poderiam ser boas, assim como o fruto da árvore não pode ser bom, se a árvore não for
boa7.
Então, fazemos boas obras, mas não paras merecermos algo. Pois, que mérito
poderíamos ter? Antes, somos devedores a Deus pelas boas obras que fazemos e não Ele a
nós8. Pois, “Deus é quem efetua em” nós “tanto o querer como o realizar, segundo sua boa
vontade” (Filipenses 2:13). Então, levemos a sério o que está escrito: “Assim também vós,
depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos sevos inúteis, porque
fizemos apenas o que devíamos fazer” (Lucas 17:10). Contudo, não queremos negar que
Deus recompensa as boas obras9; mas, por sua graça, Ele coroa seus próprios dons.
E, em seguida, mesmo que façamos boas obras, nelas não fundamentamos nossa
salvação. Porque, por sermos pecadores não podemos fazer obra alguma que não esteja
contaminada e não mereça ser castigada10. E, ainda que pudéssemos produzir uma só boa
obra, a lembrança de um só pecado bastaria para torná-la rejeitável perante Deus11. Assim,
sempre duvidaríamos, levados de um lado para o outro, sem certeza alguma, e nossa pobre
consciência estaria sempre aflita, a não ser que se apoiasse no mérito do sofrimento e da
morte de nosso Salvador12.
1
Atos 16:14; Romanos 10:17; 1Coríntios 12:3.
2
Ezequiel 36:26, 27; João 1:12, 13; 3:5; Efésios 2:4-6; Tito 3:5; 1Pedro 1:23.
3
João 5:24; 8:36; Romanos 6:4-6; 1João 3:9.
4
Gálatas 5:22; Tito 2:12.
5
João 15:5; Romanos 14:23; 1Tmóteo 1:5; Hebreus 11:4, 6.
6
Romanos 4:5.
7
Mateus 7:17.
8
1Coríntio 1:30, 31;4:7; Efésios 2:10.
9
Romanos 2:6-7; 1Coríntios 3:14; 2João:8; Apocalipse 2:23.
10
Romanos 7:21.
11
Tiago 2:10.
12
Habacuque 2:4; Mateus 11:28; Romanos 10:11.
95
a) A verdadeira fé faz com que nasçamos de novo e comecemos uma vida nova, em que
somos libertados da escravidão do pecado.
Recebemos esta fé pelo ouvir do Evangelho; é assim que o Espírito Santo opera em nós.
b) Então, é impossível que a fé nos torne indiferentes a um bom modo de viver. Pelo
contrário, é somente pela fé que somos capazes de fazer boas obras, a saber: por amor a
Deus e não por interesse próprio ou por medo do inferno. É até impossível “que esta fé
permaneça, no homem, sem frutos”. A Escritura diz que a fé atua pelo amor. Pela fé,
chegamos a treinar-nos “ns obras que Deus mandou na sua Palavra”.
Tais obras são aprovadas por Deus, porque todas as manchas dão ‘lavadas’ pela graça
dEle.
c) Entretanto, estas obras “não são levadas em conta para nos justificar”. Assim como uma
árvore tem que ser boa antes de seus frutos serem bons, assim nós também temos que
receber absolvição antes de sermos capazes de fazer boas obras. Portanto, nada merecemos,
fazendo boas obras. Aliás, “fizemos apenas o que devíamos fazer”.
d) Podemos dizer que “Deus recompensa as boas obras”, mas nossa salvação continua
sendo realizada pela graça. Pois, quando Deus recompensa as voas obras, Ele “coroa” o que
é sua própria obra e não a nossa obra.
e) Contudo, não fundamentamos nossa salvação nas boas obras. “Assim, sempre
duvidaríamos”, porque toda obra está contaminada e merece castigo. “E, ainda que
pudéssemos produzir uma só boa obra, a lembrança de um só pecado bastaria para torná-la
rejeitável perante Deus”. Em resumo: “nossa pobre consciência estaria sempre aflita, a não
ser que se apoiasse no mérito do sofrimento e da morte de nosso Salvador”.
Porque a absolvição da nossa dívida não é o ponto final da nossa salvação, como se
depois tivéssemos toda liberdade de cometermos pecados. Aqueles que receberam remissão
e absolvição são “transformados em servos de Deus” (Romanos 6:22).
e) Somente aquele que foi absolvido por graça, é capaz de fazer boas obras. Pois, quer se
esforça para ser justificado por força própria, pode fazer coisas boas e louváveis, mas
(como diz o artigo 24) não as faz “por amor a Deus, mas somente por amor a si mesmo e
por medo de ser condenado”.
f) O artigo 24 enfatiza que a fé nos tornas ativos, citando Gálatas 5:6 onde Paulo fala sobre
a fé que “atua pelo amor”. Fé tem que se manifestar nas boas obras. A fé nos leva a nos
exercitar “nas obras que Deus mandou na sua Palavra” (veja também Tiago 2:14-26).
g) Sobre as obras que têm a fé com raiz, confessa-se que “são boas e agradáveis a Deus,
porque todas elas são santificadas por sua graça”. Então, reconhece-se aqui que atos de fé
são aceitáveis para Deus. É um pensamento bíblico porque o próprio Jesus disse que Deus é
glorificado se os fiéis derem muito fruto (João 15:8). Ele disse também por que: os fiéis são
os ramos que totalmente dependem da videira, que é Cristo (vv. 4-5). Portanto, trata-se de
frutos que nós não produzimos, mas que vêm de Cristo. E é por isso que Deus quer aceitá-
los, mesmo que os frutos estejam contaminados pelos nossos pecados. Ele cobre e purifica,
por sua graça, o que há de errado nos frutos. Assim eles são santificados e aceitos por Ele;
somente assim.
O ‘resultado’ da nossa vida é agradável a Deus, na medida em que se manifesta
pelo poder de Cristo e é purificado pelo sangue de Cristo.
novo. O espírito de manifestaria aos fiéis somente (mas verdadeiramente!) sem a Palavra,
em sonhos e visões. A Bíblia serviria apenas para iniciantes. Mas a igreja, contra essa
opinião, confessa que a fé vem pelo ouvir da Palavra (veja Romanos 10:14, 17).
A fé, portanto, realmente tem uma origem divina (contra os católico-romanos), mas ela
tem seu fundamento e sua fonte na Palavra de Deus escrita que está ao alcance e controle
de todos (contra os anabatistas).
04. As boas obras não são levadas em conta para nos justificar.
As chamadas boas obras, “se procedem da boa raiz da fé, são boas e agradáveis a Deus”;
“entretanto, elas não são levadas em conta para nos justificar”. São mencionados os
seguintes motivos:
a) Não somos capazes de fazer boas obras, a não ser que não haja mais nada entre Deus e
nós. Somente homens bons podem fazer boas obras. E, no caso, homens bons são aqueles
que receberam remissão. É impossível que façamos boas obras, antes de Deus nos aceitar
como homens bons, ou seja: como homens sem dívida (“assim como o fruto da árvore não
pode ser bom, se a árvore não for boa”). O homem, ele mesmo, deve ser aceito por Deus e
só depois suas obras o serão. Um exemplo encontramos em Gênesis 4:4, onde está escrito
que Deus “se agradou de Abel” (isto vem primeiro) e (depois e por isso) “de sua oferta”.
Somos justificados pela fé em Cristo, “mesmo antes de fazermos boas obras”. Nossas boas
obras, portanto, no que diz respeito à justificação, sempre vêm ‘atrasadas’.
b) Mais um motivo é que devemos nossa boas obras a Deus, que “efetua em nós tanto o
quere como o realizar” (Filipenses 2:13). “Antes, somos devedores a Deus pelas boas obras
que fazemos e não Ele a nós”, como diz o artigo 24. Mesmo que tenhamos feito tudo,
fizemos apenas o que devíamos fazer (Lucas 17:10).
ARTIGO 25
Cremos que as cerimônias e figuras da lei terminaram com a vinda de Cristo e que, assim,
todas as sombras chegaram ao fim1. Por isso, os cristãos não devem mais usá-las. Contudo,
para nós, sua verdade e substância permanecem em Cristo Jesus, em quem têm seu
cumprimento2.
Entretanto, ainda usamos testemunhos da Lei e dos Profetas para confirmarmo-nos no
Evangelho e, também, para regularmos nossa vida em toda honestidade, para a glória de
Deus, conforme sua vontade3.
1
Mateus 27:51; Romanos 10:4; Hebreus 9:9, 10.
2
Mateus 5:17; Gálatas 3:24; Colossenses 2:17.
3
Romanos 13:8-10; 15:4; 2Pedro 1:19; 3:2.
100
Ele, de fato começou o ano de jubileu (Lucas 4:212) e Ele é o verdadeiro cordeiro pascal
(1Coríntios 5:7).
As sobras do culto do Antigo Testamento serviam para preparar Israel para a vinda de
Cristo. Mas também tinham o objetivo de assegurar aos judeus a reconciliação com base na
obras de Cristo que Ele havia de realizar (Salmo 32:1).
Testamento, terá mais entendimento no Novo Testamento e ficará cada vez mais
impressionado com a forte unidade da Bíblia.
(2) “para regularmos nossa vida em toda honestidade, para a glória de Deus,
conforme sua vontade”. Isto significa que Deus, já no Antigo Testamento, revelou
como Ele queria que nós vivêssemos hoje. Mas como? Ele não exige de nós a
mesma coisa que outrora exigiu dos judeus. Então, será que a vontade de Deus
mudou e que o Antigo Testamento, neste ponto, está antiquado? Não, de maneira
alguma. Um pai manda seu filho, quando pequeno, para escola porque quer que ele
estude; quando adulto, o filho não é mais mandado para escola, porque ele mesmo
tem que entender que estudos são importantes. Mas isto não significa que o pai
mudou de opinião sobre a necessidade de sou filho estudar. Mas o ‘tratamento’
mudou (pois o filho pequeno se tornou adulto). Assim também Deus tratou Israel
como filho menor. Um grego (na época de Paulo) muitas vezes tinha um tutor ou
aio para educar e ensinar seus filhos menores. Assim também Deus deu a lei com
todas as suas regras para educar e ensinar Israel (veja Gálatas 3:24). O Antigo
Testamento é, por assim dizer, o ‘livro escolar’ de Deus para crianças, mas o Novo
Testamento é o livro para adultos que têm maior responsabilidade (veja Hebreus
12:25; “muito menos nó...”). Mas em ambos os livros fala o mesmo Pai e a vontade
dEle não mudou!
ARTIGO 26
Cremos que nenhum acesso temos a Deus, senão pelo único Mediador1 e advogado Jesus
Cristo, o Justo2. Porque Ele se tornou homem e uniu as naturezas divina e humana, para que
nós, homens, tivéssemos acesso à majestade divina3. De outro modo, nenhum acesso
teríamos. Mas este Mediador que o Pai constituiu entre Ele e nós, não nos deve assustar por
sua grandeza, aponto de fazer-nos procurar um outro, conforme nossa própria vontade.
Porque não há ninguém, nem no céu, nem na terra, entre as criaturas, que nos ame mais que
Jesus Cristo4. “Pois ele, subsistindo em forma de Deus... a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens” por nós, “em todas as
coisas ... semelhante aos irmãos” (Filipenses 2:6,7; Hebreus 2:17).
Agora, se tivéssemos que buscar outro mediador que nos fosse favorável, quem
poderíamos encontrar que mais nos amasse senão Ele que entregou sua vida por nós, sendo
nós ainda inimigos (Romanos 5:8,10)? E se tivéssemos que buscar alguém que tivesse
poder e estima, quem os teria tanto quanto Ele que está sentado à direita do seu Pai 5, e que
tem “toda a autoridade... no céu e na terra” (Mateus 28:18)? E quem seta ouvido antes do
que o próprio bem-amado Filho de Deus6?
Foi, então, somente falta de confiança que levou os homens ao costume de desonrar os
santos em vez de honrá-los. Pois fazem o que estes santos jamais fizeram ou desejaram,
mas sempre rejeitaram conforme era seu dever7, como mostram seus escritos.
Aqui não se deve alegar que não somos dignos; pois não apresentamos as orações a
Deus em razão de nossa dignidade, mas somente pela excelência e dignidade de nosso
Senhor Jesus Cristo8, cuja justiça é a nossa, mediante a fé 9. Por isso, a Escritura nos diz,
querendo tira de nós esse tolo receio, ou antes, essa falta de confiança, que Jesus Cristo
tornou-se “em todas as coisas... semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo
sacerdote nas coisas referentes a Deus, e para fazer propiciação pelos pecados do povo.
Pois naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são
tentados” (Hebreus 2:17, 18). E a Escritura diz também, para animar-nos ainda mais a ir
para Ele: “Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que entro
nos céus, conservemos firmes a nossa confissão. Porque não temos sumo sacerdote que não
possa compadecer-se das nossas fraquezas, antes foi ele tentado em todas as coisas, à nossa
semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião
oportuna”10 (Hebreus 4:14-16). A Escritura diz ainda: “tendo, pois, irmãos, intrepidez para
entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus... aproximemo-nos... em plena certeza de
fé etc.” (Hebreus 10:19-22). E também: Cristo “tem o seu sacerdócio imutável. Por isso
também pode salvar totalmente os que por que ele se chegam a Deus, vivendo sempre para
interceder por eles”11 (Hebreus 7:24,25).
1
1Tmóteo 2:5.
2
1João 2:1.
3
Efésios 3:12.
4
Mateus 11:28; João 15:13; Efésios 3:19; 1João 4:10.
5
Hebreus 1:3; 8:1.
6
Mateus 3:17; João 11:42; Efésios 1:6.
7
Atos 10:26; 14:15.
8
Jeremias 17:5, 7; Atos 4:12.
9
1Coríntios 1:30.
10
João 10:9; Efésios 2:18; Hebreus 9:24.
11
Romanos 8:34.
104
Então, do que precisamos mais, visto que o próprio Cristo declara: “Eu sou o caminho, e
a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim” (João 14:6)? Por que buscaríamos
outro advogado visto que agradou a Deus nos dar seu Filho como Advogado? Não O
abandonemos para buscar outro que nunca encontraremos. Pois quando Deus O deu a nós,
bem sabia que éramos pecadores.
Por isso, conforme o mandamento de Cristo, invocamos o Pai celestial mediante Cristo,
nosso único Mediador1, como nos foi ensinado na oração do Senhor2. E temos a certeza de
que o Pai nos concederá tudo o que Lhe pedirmos em nome de Cristo3 (João 16:23).
1
Hebreus 13:15.
2
Mateus 6:9-13; Lucas 11:2-4.
3
João 14:13.
105
(3) Os últimos dois parágrafos exortam mais uma vez a não buscar “outro
advogado”. Os argumentos são:
-o próprio Cristo se declara a si mesmo o único caminho a Deus (João 14:6);
-o próprio Deus nos deu este Mediador e Ele “bem sabia que éramos pecadores” ou
seja: Ele não se enganou a si mesmo;
-não invocamos o Pai celestial conforme nossa teimosia, mas “conforme o
mandamento de Cristo”, que nos ensinou o ‘Pai nosso’.
A ultima frase resume tudo: “E temos a certeza de que o Pai nos concederá tudo o que Lhe
pedirmos em nome de Cristo”.
sacerdotal de Cristo no céu. Ele intercede pelos homens junto ao trono celestial de seu Pai
“vivendo sempre para interceder por eles” (Hebreus 7:25). Lá Ele, dia e noite, é nosso
Advogado (como sacerdote) e esta ‘advocacia’ é até o objetivo da existência de Cristo
como homem.
b) Melhor advogado não achamos. Pois, “quem será ouvido antes que o próprio bem-amado
Filho de Deus?”. Mas, ao mesmo tempo, “não há ninguém, nem no céu, nem na terra, entre
as criaturas, que nos ame mais que Jesus Cristo”.
Então, ninguém tem laços tão fortes tanto para Deus como para nós.
c) O laço forte dEle para nós O faz entender perfeitamente a nossa situação atual na terra (o
artigo 26 se refere a isso até duas vezes). O próprio Jesus sofreu nas tentações e, por isso,
“é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hebreus 2:18); e Ele pode compadecer-se
das nossas fraquezas, porque “foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança”
(Hebreus 4:15). É muito animador que Alguém, que conheça nossa situação, interceda por
nós.
d) O laço dEle para Deus faz com que Deus O ouça. Para nós, isto implica em que não
somos mais condenados, apesar dos pecados, porque Ele intercede por nós (Romanos 8:24).
É animadora a observação (do artigo 26) de que Deus bem sabia que éramos pecadores,
quando nos deus seu Filho para interceder por nós. Isto significa que Deus, de antemão,
aprovou e aceitou a intercessão de Cristo em favor de pecadores.
e) O artigo 26 termina com uma observação importante a respeito das nossas orações: o Pai
nos concederá tudo o que Lhe pedirmos em nome de Cristo. Em razão do assunto do artigo
26, temos que pensar principalmente nas orações em que pedimos remissão, reconciliação e
proteção. Devemos admitir como certo que orações, feitas “em nome de Cristo”, realmente
são apresentadas ao Pai em nome de Cristo e, por isso, certamente serão ouvidas.
ARTIGO 27
Cremos e confessamos uma só igreja católica ou universal1. Ela é uma santa congregação e
assembléia2 dos verdadeiros crentes em Cristo, que esperam toda a sua salvação de Jesus
Cristo3, lavados pelo sangue dEle, santificados e selados pelo Espírito Santo4.
Esta igreja existe desde o princípio do mundo e existirá até o fim. Pois, Cristo é um Rei
eterno, que não pode estar sem súditos5. Esta santa igreja é mantida por Deus contra o furor
do mundo inteiro6, mesmo que ela, às vezes, por algum tempo, seja muito pequena e, na
opinião dos homens, quase desaparecida7. Assim, Deus guardou para si, na perigosa época
de Acabe, sete mil homens, que não tinham dobrado os joelhos a Baal8.
Esta santa igreja também não está situada, fixada ou limitada em certo lugar, ou ligada a
certas pessoas, mas ela está espalhada e dispersa pelo mundo inteiro9. Contudo, está
integrada e unida, de coração e vontade, no mesmo Espírito, pelo poder da fé10.
1
Gênesis 22:18; Isaías 49:6; Efésios 2:17-19.
2
Salmo 111:1; João 10:14, 16; Efésios 4:3-6; Hebreus 12:22, 23.
3
Joel 2:32; Atos 2:21.
4
Efésios 1:13; 4:30.
5
2Samuel 7:16; Salmo 89:36; 110:4; Mateus 28:18, 20: Lucas 1:32.
6
Salmo 46:5; Mateus 16:18.
7
Isaías 1:9; 1Pedro 3:20; Apocalipse 11:7.
8
1Reis 19:18; Romanos 11:4.
9
Mateus 23:8; João 4:21-23; Romanos 10:12,13.
10
Salmo 119:63; Atos 4:32; Efésios 4:4.
108
Contudo, alguém que tenha todas as informações sobre a igreja, mas tente analisá-la
com seus olhos humanos e seu entendimento humano, não pode dizer o que é realmente a
igreja.
b) Pois, o essencial, o característico da igreja não é visível ao olho humano, nem
disponível ao entendimento humano.
O essencial da igreja é que o Filho de Deus a reúne e que Ele é seu rei. Isto não é visível,
nem demonstrável, nem controlável. Isto sabemos somente pela Bíblia. Sabemos o que é a
igreja exclusivamente através da Bíblia; ou seja: sem a Bíblia e sem fé não podemos saber o
que é a igreja. É por isso que o artigo 27 começa com as palavras: “Cremos e confessamos
uma só igreja”.
artigo 27) e os artigos sobre a obra de Cristo! Isto é claro, porque a igreja é o fruto dessa
obra de Cristo. Deus comprou a igreja com o sangue de Cristo (Atos 20:28).
Por isso, a igreja não pode ser tolerante para com aqueles que se desviam dessa doutrina
(a respeito da obra de salvação em Jesus Cristo). Assim, ela destruiria o fundamento em
que se apóia, e envenenaria sua fonte de vida. Pelo contrário, ela deve dar proteção contra
“todo vento de doutrina” (Efésios 4:14; veja também Apocalipse 2:14,20).
Os verdadeiros crentes também são chamados “santificados”, ou seja: eles não
pertencem mais ao mundo. E eles são “selados pelo Espírito Santo”: o que está selado, fica
fora do alcance de ‘estranhos’; assim também o Espírito Santo selou todos os que esperam
toda a sua salvação de Jesus Cristo, de tal maneira que eles ficam fora do alcance de
poderes ‘estranhos’; aquela que espera tudo de Cristo, está sendo protegido por Ele e pelo
Espírito Santo.
c) (1) Precisamos prestar atenção especial às palavras (do artigo 27) “congregação
e assembléia”. Pois a igreja é a congregação dos verdadeiros crentes. A palavra
grega, que encontramos no Novo Testamento para indicar a igreja (comunidade
cristâ), é “ekklèsia”. Originalmente esta palavra tinha o sentido de uma assembléia
pública de cidadãos gregos. O uso desta palavra no Novo Testamento (para
significar a igreja) mostra que a igreja era considerada uma congregação de pessoas;
e também que estas pessoas eram uma unidade. Milhares de pessoas que assistem a
um jogo de futebol num estádio, não são uma congregação. Ou seja: a igreja é mais
do que uma ‘turma’ de muitas pessoas, como a figura do rebanho com seu pastor
muito bem explica (João 10).
Portanto, o artigo 27 caracteriza a igreja como uma congregação, uma
assembléia, uma unidade, uma comunhão, um corpo, um rebanho.
(2) Contudo, essa congregação (assembléia) tem algo especial. Pois, o artigo 27 não
se refere à igreja (comunidade) que, a cada domingo, num determinado lugar, se
reúne num certo prédio, e cujos membros convivem uns com os outros, d maneira
cordial, mostrando muita unidade. Trata-se, aqui, da igreja que “está espalhada e
dispersa pelo mundo inteiro”. Conseqüentemente, nem todas as pessoas (que fazem
parte desta igreja) se conhecem uma às outras, pelas grandes distâncias e diferentes
línguas; às vezes vivem escondidos e nem sabem da existência de outros cristãos,
assim como Elias, “na perigosa época de Acabe”, não sabia que havia ainda sete mil
fiéis. Então, chama a atenção que esta igreja, espalhada pelo mundo inteiro, é
caracterizada não somente como a totalidade (soma) de todos os fiéis, mas como a
congregação e assembléia de todos os fiéis, ou seja: um rebanho co Cristo como
Supremo Pastor, e um corpo de que Ele é o cabeça, (uma igreja) “integrada e
unida, de coração e vontade, no mesmo Espírito, pelo poder da fé”.
(3) Agora vem a pergunta prática: será que faz muita diferença se a igreja universal
é a totalidade (soma) dos crentes ou se ela é a congregação e assembléia dos
crentes?
Muitas vezes se diz que não é importante de que igreja você, na terra, seja
membro (você pode até não ser membro de uma igreja). Quando se trata de um
“verdadeiro crente” (ainda conforme este raciocínio), ele esta unido à Cristo, o
Pastor, e ‘automaticamente’ faz parte do rebanho, da igreja universal. Isto seria
verdade, se a igreja fosse (somente) a totalidade de todos os fiéis. Mas o artigo 27
confessa, com ênfase e conforme a Bíblia, que a igreja é uma congregação e
assembléia e o artigo 28 (veja a seguir) diz que se acha “esta assembléia” em toda
110
igreja (comunidade) local que seja fiel. Portanto, alguém que queira pertencer à
assembléia ou ao rebanho da igreja universal, deve juntar-se à igreja de sua
‘vizinhança’ (cidade), pois lá o rebanho de Cristo está ao seu alcance. É lá que
Cristo quer ter-nos, pois lá Ele alimenta e protege suas ovelhas pela pregação do
Evangelho e pela distribuição dos sacramentos e pela obra dos presbíteros e
diáconos.
Por isso, há uma forte tensão entre amar ao Supremo Pastor e ficar afastado do
rebanho do mesmo pastor. É impossível dizer espontaneamente ‘sim’ ao pastor e
quer ser alimentado e protegido por sua mão e, ao mesmo tempo, dizer ‘não’ ao
rebanho daquele pastor. Por isso, temos que exortar aquele que diz estar unido a
Cristo, a juntar-se ao rebanho de Cristo.
ARTIGO 28
Esta santa assembléia é a congregação daqueles que são salvos, e fora dela não há
salvação1. Cremos, então, que ninguém, qualquer que seja a posição ou qualidade, deve
viver afastado dela e contentar-se com sua própria pessoa. Mas cada um deve se juntar e se
reunir a ela2, mantendo a unidade da igreja, submetendo-se à sua instrução e disciplina3,
curvando-se diante do jugo de Jesus Cristo4 e servindo para a edificação dos
irmãos5,conforme os dons que Deus concedeu a todos, como membros do mesmo corpo6.
Para observar melhor tudo isto, o dever de todos os fiéis é, conforme a Palavra de Deus,
separar-se daqueles que não pertencem à igreja7, e juntar-se a esta assembléia8 em todo
lugar onde Deus a tenha estabelecido. Este dever deve ser cumprido, mesmo que os
governos e as leis das autoridades o contrariem e mesmo que a morte ou a pena corporal
sejam a conseqüência disto9.
Por isso, todos os que se separam desta igreja ou não se juntam a ela, contrariam a
ordem de Deus.
1
Mateus 16:18, 19; Atos 2:47; Gálatas 4:26; Efésios 5:25-27; Hebreus 2:11-12; 12:23.
2
2Crônicas 30:8; João 17:21; Colossenses 3:15.
3
Hebreus 13:17.
4
Mateus 11:28-30.
5
Efésios 4:12.
6
1Coríntios 12:7, 27; Efésios 4:16.
7
Números 16:23-26; Isaías 52:11, 12; Atos 2:40; Romanos 16:17; Apocalipse 18:4.
8
Salmo 122:1; Isaías 2:3; Hebreus 10:25.
9
Atos 4:19,20.
112
Para entender esta exortação, que se dirige a todos os fiéis, é necessário explicar por que
aqueles que já são fiéis (crentes) devem juntar-se à igreja. Por que um fiel (crente)
necessariamente deve juntar-se à igreja?
b) O artigo 28 fala de maneira bem radicai “ninguém deve (viver afastado dela)”. E à
palavra “ninguém” ainda se acrescenta: “qualquer que seja a posição ou qualidade”.
Absolutamente ninguém deve viver afastado “desta santa assembléia”. E não é difícil de
adivinha de que assembléia se fala: é a igreja universal (o assunto do artigo 27), ou seja: a
“santa congregação e assembléia dos verdadeiros crentes”.
c) É importante observar que a igreja, aqui, não faz sua própria exigência. Não é a igreja
que ordena que todo crente deva juntar-se a ela. Falar assim seria uma arrogância. O artigo
28 diz: “Cremos, então, que ninguém...”. Portanto, o apelo que a igreja faz, vem da Palavra
de Deus.
d) Nem todos os fiéis, na época em que a Confissão foi escrita, reconheceram que ninguém
deveria viver afastado da igreja. Alguns pensavam que era suficiente estarem pessoalmente
unidos a Cristo, e não se juntavam à igreja. Podemos pensar nos muitos fiéis na França que
se tinham decidido em favor da Reforma. Mas, sob ameaça de tortura e morte, era-lhes
proibido realizar cultos. Ainda havia mais dificuldades. Quem não participava da missa ou
não deixava batizar sua criança na igreja católico-romana, já era suspeito. Por isso, muitos
fiéis se sentiam obrigados a assistir a esses cultos (referindo-se, como desculpa, aos
exemplos de Nicodemos, João 3:1-2, e de Naamã, 2Reis 5:18-19).
O artigo 28 é a prova de que a igreja, naquela época difícil, não cedeu ao raciocínio de
que o laço de fé para Cristo permitiria a alguém ficar afastado da igreja. Isto não seria
possível “mesmo que a morte ou a pena corporal” fossem a conseqüência.
e) Já havia, naquela época, outro argumento para não se juntar à igreja. Os anabatistas
gostavam de falar mal das imperfeições não somente da igreja católico-romana, mas
também das igrejas da Reforma (aliás, isto nunca é difícil). Os pecados dos membros da
igreja lhes serviam de pretexto para não se juntarem à igreja. Eles enfatizavam muito o laço
pessoal de cada crente para com Deus. O Espírito Santo não estaria interessado em
nenhuma igreja e jamais se comprometeria com a pregação e os sacramentos. A igreja não
teria nenhuma importância para a obra do Espírito Santo (que “sopra onde quer”). É
também contra esta indiferença para com a igreja que o artigo 28 luta.
f) A obra missionária da igreja também tem a ver com essa questão. Muitas vezes se diz
que é importante ganhar alguém para Cristo, mas não ou não tanto para a igreja. Decidir-
se a favor de Cristo é (como se diz) a coisa principal e decidir-se a favor da igreja é menos
importante. O laço para Cristo é decisivo e este laço pode existir também sem a igreja ou
fora dela.
Ninguém pode negar que se deve distinguir entre as duas coisas. De fato há fiéis fora da
igreja e incrédulos dentro dela. Mas esta realidade não nos pode levar à conclusão de que
ser membro da igreja não seja importante. Decisivo é que o próprio Deus diz que devemos
juntar-nos á igreja e, também, que Lea dá proteção. São estes dois motivos que se destacam
no artigo 28.
A figura do pastor com seu rebanho já esclarece muito. As ovelhas devem juntar-se ao
rebanho, porque é lá que o pastor garante proteção. É lá que há (por exemplo) os
presbíteros, constituídos pelo próprio Espírito Santo, para pastorear o rebanho (Atos 20:28).
Por isso, apela-se para “todos os fiéis” a juntar-se a esta assembléia em todo lugar onde
Deus a tenha estabelecido”.
b) Muitos acham que juntar-se à igreja é apenas uma opção, uma questão de ‘organizar-se
sem compromisso’. O importante é que as pessoas se convertam. Como elas depois se
organizam é uma questão menos importantes. Pois, o laço para com Cristo vem em
primeiro lugar; só depois vem a igreja. Conforme esta opinião, a igreja é a filha dos fiéis.
São eles que têm fé e, em seguida, se organizam (eventualmente) numa igreja. Os fiéis são
a mãe e a igreja a filha. E a igreja existe graças aos fiéis. Mas o apóstolo Paulo diz que a
igreja é “nossa mãe” (Gálatas 4:26). E, assim como uma criança não pode viver sem mãe,
assim também os fiéis não podem viver sem a igreja. Uma mãe educa seus filhos e o artigo
28 fala sobre a instrução e disciplina da igreja, ou seja: o jugo de Cristo, pois é Ele que dá
poder e ‘volume’ à instrução e à disciplina da igreja.
c) O artigo 28 não fala de uma unidade teórica entre “todos os fiéis” ou entre os eleitos (ou
seja: a unidade dos crentes que pertencem a diferentes ‘denominações’). Fala, sim, de
maneira bem prática, sobre “a unidade da igreja” que deve ser mantida, e exorta todos os
fiéis a esforçar-se para esta unidade. Há unidade quando todos se submetem à instrução da
“nossa mãe”. Assim, todos os fiéis realmente são uma só família e servem para “a
edificação dos irmãos”, “como membros do mesmo corpo”.
d) Outro argumento para juntar-se a “esta santa assembléia” é que “fora dela não há
salvação”. O que significa isto? Às vezes explicam-se estas palavras, assim: ninguém é
salvo fora da totalidade dos eleitos. Esta verdade é inegável e ninguém vai contestá-la. Mas
o artigo 28 não fala de todos os eleitos, mas da “santa assembléia” que é a igreja universal à
qual cada um se deve juntar e que, na terra, tem seus endereços (lugares) onde se pode e
deve bater na porta, porque fora dela não há salvação.
Portanto, tudo indica que aquelas palavras (“fora dela não há salvação”) não são uma
verdade geral, mas uma advertência. Isto faz diferença. Por exemplo: quando está
chovendo, você ode dizer àqueles que, com você, estão em casa: lá fora está chovendo. É
uma verdade incontestável. Mas quando o médico diz ao doente (atacado de gripe): é
melhor ficar uns dias na ama. Pois lá fora vai apanhar frio, então, é uma advertência.
Quando o doente se arrisca e, contudo, não sofre nada, não podemos dizer que o médico
mentiu.
O médico apenas advertiu. Com razão. Advertências devem ser bem claras. De vez em
quando até fortes. Para evitarmos que alguém caia, dizemos (para advertir): cuidado, você
cai! Para evitar que uma ovelha se desvie, um bom pastor diz: fora do rebanho você está
perdida. E para evitar que nos afastemos da proteção que Cristo nos dá na igreja, adverte-
se: fora dela não há salvação.
Para entendermos bem esta advertência, não podemos limitar a palavra “salvação” à
vida vindoura (depois da nossa morte). Trata-se também da salvação que desde já
desfrutamos na igreja. A salvação é distribuída pela pregação, que nos estimula e fortalece
e que abre perspectivas. Na igreja há ‘fontes’ que hoje nos tornam felizes (Salmos 87:7).
e) Então, o artigo 28 não fala (da maneira positiva ou negativa) sobre a fé pessoal e a
salvação pessoal daqueles fiéis que não se juntam á igreja. Diz que são “fiéis”. Pois se trata
de “dever de toso os fiéis” (1) “separar-se daqueles que não pertencem à igreja, e juntar-se
a esta assembléia”. Fala-se, aqui, claramente sobre os fiéis (crentes) que ainda não
114
pertencem à igreja. O fato de a igreja chamá-los fiéis não significa que Lea aprove a atitude
errada deles para com ela. Ela os chama fiéis para tanto mais exortá-los a cumprir seu
dever. (2) Mas, se não cumprem seu dever, a igreja deve confessar que eles “contrariam a
ordem de Deus”.
f) O próprio Deus exorta todos os fiéis a “separar-se daqueles que não pertencem à igreja”,
como mostram 2Coríntios 6:17 (“separai-vos, diz o Senhor”); João 10:5, 8; Romanos
16:17-18; Apocalipse 18:4. E Efésios 1:22 ensina como é importante juntarmo-nos à igreja,
porque diz que Deus “deu Cristo à igreja”. É a regra: quem quiser encontrar-se com Jesus,
deve juntar-se a comunidade cristã. Uma ovelha que queira ser alimentada e protegida deve
tomar seu lugar no rebanho. Lá está o pastor. Assim terá salvação.
Aqui não falam fanáticos que consideram a igreja importante: aqui falam aqueles que
acreditam no que o próprio Deus, em sua Palavra, diz sobre a igreja.
ARTIGO 29
115
Cremos que se deve discernir diligentemente e com muito cuidado, pela Palavra de Deus,
qual é a verdadeira igreja, visto que todas as seitas, que atualmente existem no mundo, se
chamam igreja, mas sem razão1. Não falamos aqui dos hipócritas que, na igreja, se acham
entre os sinceros fiéis; contudo, não pertencem à igreja, embora sejam membros dela2. Mas
queremos dizer que se deve distinguir o corpo e a comunhão da verdadeira igreja, de todas
as seitas que se dizem igreja.
As marcas para conhecer a verdadeira igreja são estas: ela mantém a pura pregação do
Evangelho3, e a pura administração dos sacramentos4 como Cristo os instituiu, e o exercício
da disciplina eclesiástica para castigar os pecados5. Em resumo: ela se orienta segundo a
pura Palavra de Deus6, rejeitando todo o contrário a esta Palavra7 e reconhecendo Jesus
Cristo como o único cabeça8. Assim, com certeza, se pode conhecer a verdadeira igreja; e a
ninguém convém separar-se dela.
Aqueles que pertencem à igreja podem ser conhecidos pelas marcas dos cristãos, a
saber: pela fé9 e pelo fato de que eles tendo aceitado Jesus Cristo como único Salvador,
fogem do pecado e seguem a justiça10, amando Deus e seu próximo11, não se desviando para
a direita nem para a esquerda e crucificando a carne, com as obras dela12. Isto não quer
dizer, porém, que eles não têm ainda grande fraqueza, mas, pelo Espírito, a combatem, em
todos os dias de sua vida13, e sempre recorrem ao sangue, à morte, ao sofrimento e à
obediência do Senhor Jesus. Nele, eles têm a remissão dos pecados, pela fé14.
Quanto à falsa igreja, ela atribui mais poder e autoridade a si mesma e a seus
regulamentos do que à Palavra de Deus e não quer submeter-se ao jugo de Cristo15. Ela não
administra os sacramentos como Cristo ordenou em sua Palavra, mas acrescenta ou elimina
o que lhe convém. Ela se baseia mais nos homens que em Cristo. Ela persegue aqueles que
vivem de maneira santa, conforme a Palavra de Deus, e que lhe repreendem os pecados, a
avareza e a idolatria16.
É fácil conhecer estas duas igrejas e distingue-las uma da outra.
01. O assunto do artigo 29.
O artigo 29 tratou do dever de todos os fiéis de juntar-se à igreja. O artigo 29 explica de que
maneira podemos achar esta igreja, no meio de tantas ‘organizações’ que se chamam igreja.
1
Apocalipse 2:9.
2
Romanos 9:6.
3
Gálatas 1:8; 1Timóteo 3:15.
4
Atos 19:3-5; 1Coríntios 11:20-29.
5
Mateus 18:15-17; 1Coríntios 5:4, 5,13; 1Tessalonicesses 3:6, 14; Tito 3:10.
6
João 8:47; 17:20; Atos 17:11; Efésios 2:20; Colossenses 1:23; 1Timóteo 6:3.
7
1Tessalonissences 5:21; 1Timóteo 6:20; Apocalipse 2:6.
8
João 10:14; Efésios 5:23; Colossenses 1:18.
9
João 1:12; 1João 4:2.
10
Romanos 6:2; Filipenses 3:12.
11
1João 4:19-21.
12
Gálatas 5:24.
13
Romanos 7:15; Gálatas 5:17.
14
Romanos 7:24, 25; 1João 1:7-9.
15
Atos 4:17, 18; 2Timóteo 4:3, 4; 2João :9.
16
João 16:2.
116
a) Quase todas as seitas se chamam igreja, mas sem ração. Por isso devemos discernir,
“diligentemente e com muito cuidado”, a partir da Escritura, qual é a verdadeira igreja.
Não consideramos, aqui, os hipócritas que se acham na igreja, mas, na realidade, não
pertencem a ela. Falamos sobre a igreja organizada, que devemos distinguir de todas as
seitas que se dizem igreja.
b) Da igreja como organização (instituição) as características são:
-ela usa a pregação de tal modo que esta transmita o Evangelho de maneira pura;
-ela usa os sacramentos como Cristo os instituiu;
-ela usa a disciplina de tal maneira que os pecados sejam castigados.
Em resumo: ela se orienta segundo a Palavra de Deus, rejeita tudo o que contradiz a
Palavra, e reconhece Cristo como o único Cabeça da igreja. Por meio destas marcas
podemos saber, com certeza, o que é a verdadeira igreja e, por isso, ninguém tem o direito
de separar-se dela.
c) Também os membros da igreja são reconhecíveis. Deles as características são:
-têm fé;
-aceitaram Jesus Cristo e, por isso, querem fugir do pecado e praticar a justiça;
-amam a Deus e ao próximo;
-estão no rumo certo;
-se negam a si mesmo.
Isto não significa “que lês não têm grande fraqueza, mas , pelo Espírito, o combatem”. E
eles sempre recorrem a Jesus, pois, pela fé nEle, têm a remissão dos pecados. Porque Ele
pagou com seu sangue.
d) Porém, há também uma falsa igreja. Dela as características são:
-ela atribui mais poder e autoridade a si mesma e às suas resoluções do que à Palavra de
Deus; ela não se submete à autoridade de Cristo;
-ela não administra os sacramentos como Cristo ordenou em sua Palavra, “mas acrescenta
ou elimina o que lhe convém” e, portanto, “se baseia mais nos homens que em Cristo”.
-ela persegue aqueles que vivem conforme a vontade de Deus e que lhe repreendem os
pecados, como a avareza e a idolatria.
e) Para aquele que segue e obedece a este ensino, “é fácil conhecer estas duas igrejas (a
verdadeira e falsa) e distingui-las uma da outra”.
por Deus, e não sabe mais o que é e o que não é pecado. a conseqüência é que verdadeiros
fiéis podem ser perseguidos por ela. É também possível que tal igreja simplesmente deixe
de exercer a disciplina. Mas, nos dois casos, a causa é a mesma.
A primeira marca (a pregação) trata da Palavra audível e a segunda (os sacramentos) da
Palavra visível. Essa terceira marca (a disciplina) trata, por assim dizer, da Palavra
palpável. Assim fica claro que a questão sempre é o que a igreja faz com o evangelho.
falsa uma igreja, enquanto nela ainda há verdadeiros fiéis e até pastores que pregam
conforme a Escritura e que advertem para ajudar a recuperar a igreja doente.
Esses fiéis estão lá contra “a ordem de Deus” (artigo 28).Mas –e disso se trata aqui-,
assim como os órgãos sãos não podem evitar que o doente seja declarado doente, assim
também esses fiéis não podem evitar que a igreja deles como organização deva ser
chamada falsa. Pois, ela (1) não faz ouvir a voz do bom pastor, (2) despreza os sacramentos
e (3) persegue os fiéis que abertamente lhe dizem a verdade.
Portanto, a expressão “falsa igreja” não carimba todos os membros de tal igreja como
“falsos fiéis” (a expressão “verdadeira igreja” também não significa que todos os seus
membros são “verdadeiros fiéis”).
c) Agora, qual é o sentido da palavra “falsa” (na expressão “falsa igreja”)? É verdade a
falsa igreja “persegue aqueles que vivem de maneira santa, conforme a Palavra de Deus”, e
que Jesus falou sobre “os falsos profetas que se vos apresentam disfarçados em ovelhas,
mas por dentro são lobos roubadores” (Mateus 7:15). Dirigida por seus ‘profetas’, a falsa
igreja realmente é capaz de agir com violência. Porém, essas observações não explicam
ainda o sentido principal da palavra “falsa”.
Temos que pensar numa moeda falsa. Esta parece verdadeira, mas não vale nada. Uma
igreja falsa perece verdadeira. Ela tem a aparência de uma igreja séria. Realiza cultos, tem
ministros e apela para o evangelho. E na é uma aparência ‘planejada’. Ela age na convicção
de ser igreja. Ela julga “tributar culto a deus” (João 16:2). Por isso, ela pode proceder, às
vezes, e maneira tão fanática.
Mas, apesar de tudo isso, “ela atribui mais poder e autoridade a si mesma e a seus
regulamentos de que à Palavra de Deus”.
d) A expressão “falsa igreja” não significa que, em tal igreja, não há mais nada do
evangelho ou dos sacramentos. Calvino disse que Deus, por sua fidelidade, estava
conservando sua aliança e o batismo na então igreja católico-romana, apesar da
incredulidade dos homens, “para que a igreja não parecesse totalmente”. Deus queria que,
“depois da destruição, sobrasse um prédio semi-caído”.
07. “É fácil conhecer estas duas igrejas”.
a) O artigo 29 diz que é fácil distinguir a verdadeira igreja da falsa. Mas é claro que esta
‘facilidade’ só aparecerá quando estudarmos, neste ponto, a Palavra de Deus
“diligentemente e com muito cuidado”. Precisamos crescer mais e mais no pleno
conhecimento e toda percepção (Filipenses 1:9) e estar dispostos a aceitar o ensino da
Bíblia. Desta maneira ninguém precisa ficar na incerteza sobre onde se ouve a voz do bom
pastor Jesus, porque Ele mesmo nos assegura que as ovelhas “lhe reconhecem a voz” (João
10:4-5).
b) Contudo, isto não significa que uma igreja que mostra sérias falhas (por exemplo, na
pregação) logo deve ser chamada falsa. Ela se torna falsa, quando não mais se deixar
advertir e, em seus atos e palavras, persistir no rumo errado. Na Idade Média, a igreja
católico-romana, embora fraca e bastante desviada, era a legítima igreja, mas se tornou
falsa quando rejeitou o apelo para a reforma e mandou eliminar os fiéis.
Portanto, o decisivo não é se há erros ou heresias na igreja. Pois, sabemos que isto
acontecerá: “dentre vós mesmos se levantarão homens falando cousas pervertidas, para
arrastar os discípulos atrás deles” (Atos 20:30: veja também 2Pedro 2:1; 1João 2:19). O
decisivo é o que uma igreja faz contra erros ou heresias, depois de ter sido advertida.
121
ARTIGO 30
O GOVERNO DA IGREJA
122
Cremos que esta verdadeira igreja deve ser governada conforme a ordem espiritual, que
nosso Senhor nos ensinou na sua Palavra1. Deve haver ministros ou pastores para pregaram
a Palavra de Deus e administrarem os sacramentos2; deve haver também presbíteros3 e
diáconos4 para formarem, com os pastores, o conselho da igreja5. Assim, eles devem manter
a verdadeira religião e fazer com que a verdadeira doutrina seja propagada, que os
transgressores sejam castigados e contidos, de forma espiritual, e que os pobres e os aflitos
recebam ajuda e consolação, conforme necessitam6.
Desta maneira, tudo precederá, na igreja, em boa ordem, quando forem eleitas pessoas
fiéis7, conforme a regra do apóstolo Paulo na carta a Timóteo8.
1
Atos 20:28; Efésios 4:11, 12; 1Timóteo 3:15; Hebreus 13:20, 21.
2
Lucas 1:2; 10:16; João 20:23; Romanos 10:14; 1Coríntios 4:1; 2Coríntios 5:19, 20; 2Timóteo 4:2.
3
Atos 14:23; Tito 1:5.
4
1Timóteo 3:8-10.
5
Filipenses 1:1; 1Timóteo 4:14.
6
Atos 6:1-4; Tito 1:7-9.
7
1 Coríntios 4:2.
8
1Timóteo 3.
123
(1) A forma de governo da igreja é uma questão de utilidade. Temos que ver
simplesmente o que é necessário numa determinada época e não fixar-nos numa só
forma. Assim como há várias formas de governar países (existem reinos e
repúblicas), assim também há várias formas de governo na igreja. O argumento da
utilidade decide sobre a forma mais conveniente.
(2) Conforme o Novo Testamento foram os apóstolos que dirigiram a igreja. Não
havia ainda uma forma de governo fixa. Não sabemos exatamente como as igrejas,
época, eram governadas e, portanto, não podemos copiar nada na época atual. É
impossível dizer:
Assim era e assim o fazemos hoje também.
c) Se a última afirmação (b.2) é verdade, então, temos que buscar, nós mesmos, uma forma
de governo da igreja.
Mas ela não é verdade. O Novo Testamento, de fato, mostra uma certa evolução.
Primeiramente havia os apóstolos, ajudados pelos evangelistas; havia também profetas.
Mas logo depois daquela época inicial (que, em vários sentidos era especial e única). As
igrejas receberam uma organização fixa. O próprio Novo Testamento nos informa sobre
essa organização, por exemplo, na primeira carta de Paulo a Timóteo e na carta a Tito (que
provavelmente já tenham sido escritas durante a terceira viagem missionária de Paulo!).
Nestas duas cartas ‘pastorais’, Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, escreve sobre a
organização da igreja para os séculos vindouros.
Por isso: “Cremos que esta verdadeira igreja deve ser governada conforme a ordem
espiritual que nosso Senhor nos ensinou em sua palavra”. A Palavra de Deus é a norma.
Não há lugar para argumentos de utilidade.
d)Encontramos duas vezes, no artigo 30, a palavra “espiritual”, na primeira frase
(“conforme a ordem espiritual”) e, depois, quando se fala sobre castigar “de forma
espiritual”.
Assim indica-se que a ordem da igreja e os castigos da parte dela são especiais. Aqui,
“espiritual” é o oposto de “mundano” (“mundial”). Quer dizer: a igreja deve ser governada,
mas de uma maneira que é diferente da do estado. A igreja deve castigar (se for necessário),
mas de uma maneira que é diferente da das autoridades civis.
A história da igreja ensina que uma forma de governo mundana facilmente pode
dominar a igreja. Basta pensar no ‘poder’ do papa, como se ele fosse um rei o um
presidente, e na maneira como a igreja católico-romana castigava e mandava castigar os
hereges.
Por isso é fundamental, para a igreja, escolher a organização “que nosso Senhor nos
ensinou em sua Palavra”. “Nosso Senhor” é Jesus, o Cabeça da igreja quem dá à igreja seus
oficiais (conforme Efésios 4:11).
Filipenses 1:1: “... a todos os santos em Cristo Jesus, inclusive bispos –presbíteros e
diáconos, que vivem em Felipos”).
b) O Novo Testamento usa dois nomes para o presbítero. O primeiro é “prebyteros” ou
ancião. Este nome indica que se trata de pessoas de uma certa idade (e, portanto, de uma
certa sabedoria e experiência).
O segundo nome é “episkopos” ou supervisor (o nome “bispo” vem da palavra
“episkopos”, confira Filipenses 1:1). De fato poderíamos dizer que os presbíteros são
bispos; falando assim, porém, falamos de todos os presbíteros e não de alguns (com na
igreja católico-romana). Na sua última conversa com os “presbíteros” da igreja de Éfeso
(Atos 20:17), Paulo os chama também de “bispos” (v. 28).
O nome (título) “episkopos” ou “bispo” ou “supervisor” indica alguém que dirige a
igreja.
c) Então, todos os presbíteros são chamados tanto presbíteros (anciãos) como bispos.
Entretanto, o Novo Testamento ensina também que há presbíteros com uma tarefa
especial. Paulo diz, em 1Timóteo 5:17, que “devem ser consideramos merecedores de
dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se
afadigam na palavra e no ensino”. Todos os presbíteros devem “presidir” (dirigir), mas
alguns deles trabalham na pregação e no ensino. São os pastores de hoje (que, portanto, são
presbíteros com uma tarefa especial, nada mais e nada menos).
d) Na igreja não pode haver pessoas que, sem ajuda e consolo por parte dos outros
membros, sofram por causa de doenças, solidão ou pobreza. Por isso há também diáconos.
A palavra característica (no Novo Testamento) para o trabalho dos diáconos é “servir”.
Diaconia (diaconato) significa serviço.
Em Filipenses 1:1, os diáconos são mencionados ao lado dos presbíteros. Em 1Timóteo
3, o apóstolo Paulo fala tanto sobre os presbíteros (vv. 1-7) como sobre os diáconos (vv.8-
10). É importante frisar que os diáconos não são ‘ajudantes’ dos presbíteros. Os diáconos
têm sua tarefa própria, que é diferente da dos presbíteros.
a) O artigo 30 explica como o Senhor quer que sua igreja seja governada. Ele mesmo
instituiu os ofícios na igreja. Por isso podemos ter a certeza de que “desta maneira, tudo
procederá, na igreja, em boa ordem”.
Mas há uma condição: devem ser “eleitas pessoas fiéis, conforme a regra do apóstolo
Paulo na carta a Timóteo”. Encontramos esta “regra” em 1Timóteo 3:2-12, onde Paulo aliás
não fala tanto sobre fidelidade e, sim, sobre aptidão (capacidade). Aquele que é fiel, nem
sempre é apto para o ministério.m Fidelidade é a primeira condição, mas a aptidão também
deve ser manifesta. Podemos dizer que “a regra do apóstolo Paulo” inclui as duas condições
(fidelidade e aptidão).
b) As palavras de Paulo em 1Timóteo 3 mostram tanto a igualdade como a diferença entre
presbíteros e diáconos.
A igualdade deles se mostra porque as qualificações de ambos os ofícios são
praticamente as mesmas.
A diferença, porém, existe porque (por exemplo) espera-se do presbítero que seja “apto
para ensinar” (1Timóteo 3:2).
ARTIGO 31
OS OFÍCIOS NA IGREJA
126
a) Os discípulos de Jesus já discutiram “sobre qual deles parecia ser o maior” (Lucas 22:24-
27; veja também Mateus 23:8-11 e João 13:14). Mas Jesus os ensina que todos eles são
iguais e que devem servir uns aos outros. O Novo Testamento, de maneira nenhuma,
‘alimenta’ a idéia de que um apóstolo ou presbítero é mais importante do que o outro. A
igreja católico-romana coloca Pedro acima de todos os outros oficiais. Mas ele mesmo,
dirigindo-se aos presbíteros, diz que é “presbítero como eles” (1Pedro 5:1). Mesmo como
apóstolo ele não se coloca acima dos presbíteros a quem escreve.
Logo após a morte dos apóstolos, a igreja se desviou do ensino do Novo Testamento. E
não é para estranhar que o artigo 31 diz justamente sobre os pastores (os “ministros da
Palavra”) que “têm, onde quer que estejam, igual poder e autoridade”, embora isto se refira
também aos presbíteros e diáconos. Mas principalmente os pastores se mostravam
inclinados a elevar-se. Muitas vezes ‘conquistavam’, dentro da sua comunidade, a maior
autoridade e cada vez mais se destacavam dos presbíteros e diáconos. Tornavam-se os
bispos da igreja. Além disto, o bispo de uma igreja numa cidade grande era considerado
mais importante do que o de uma igreja pequena no interior. E ainda mais importantes se
tornavam os bispos de cidades como Roma e Éfeso onde os apóstolos haviam trabalhado.
Assim, aos poucos, ‘crescia’ a organização papal; e finalmente um só bispo, o papa de
Roma, elevou-se como o ‘cabeça’ do todos.
b) O artigo 31 rejeita toda esta ‘escada’ de ofícios (a chamada hierarquia). Todos os
pastores, “onde quer que estejam” (numa igreja grande ou numa pequena; muna cidade ou
no interior), têm igual poder. Aliás, uma igreja também não é mais importante do que a
outra.
Um ofício não é mais importante do que o outro. Os ofícios são diferentes. O ofício de
diácono é diferente do de presbítero, mas não inferior. E o ofício de presbítero é diferente
do de pastor, mas não inferior.
c) O artigo 31 também aponta o motivo da igualdade de todos os oficiais. Este motivo não
parte de um determinado princípio de emancipação, no sentido de: todos os oficiais têm os
mesmos direitos, porque tal princípio se baseia na igualdade de todos os homens. Porém os
oficiais da igreja têm “igual poder a autoridade, porque todos são servos de Jesus Cristo, o
único Bispo universal e o único Cabeça da igreja”. Esta frase, de fato, é o coração do artigo
31! A igreja tem um só bispo: Jesus Cristo. É por isso que os oficiais devem proceder de
maneira humilde, como sevos de Cristo, e honrar uns aos outros como servos de Cristo.
Os oficiais não podem dominar a comunidade de Cristo, nem dominar uns aos outros. Eles
devem demonstrar, no seu trabalho pastoral, o amor de Cristo para com sua igreja. Para
demonstrar este amor, eles mesmos devem ‘diminuir’. Só assim são verdadeiros servos de
Cristo.
“com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam”. E na carta aos
Hebreus lemos que eles “valem por vossas almas, como quem deve prestar contas, para que
façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros” (13:17).
b) O artigo 31 diz “que cada um deve ter respeito especial pelos ministros da Palavra
(pastores) e “presbíteros da igreja”. Por que não se fala aqui dos diáconos? Será que eles
não merecem respeito?
Isto tem a ver com a história do texto da Confissão de Fé. Originalmente usava-se, em
lugar da palavra “presbíteros”, a palavra “regentes”; esta palavra incluía também os
diáconos (“regentes” no sentido de homens que fazem com que tudo, na igreja, proceda em
boa ordem). Mais tarde esta palavra “regentes” foi mudada me “presbíteros” e, assim,
‘caíram’ os diáconos. Mas isto não importa muito. O artigo 31 trata dos ofícios na igreja. O
que se diz de um ofício, pode-se dizer também do outro. Portanto, devemos ter aquele
“respeito especial” também pelos diáconos.
ARTIGO 32
Cremos que os que governam a igreja devem cuidar para não se desviarem do que Cristo,
nosso único Mestre, nos ordenou1; embora seja útil e bom que, entre eles, se estabeleça e
conserve determinada ordem para manter o corpo da igreja.
Por isso, rejeitamos todas as invenções humanas e todas as leis que se queiram
introduzir para servir a Deus, mas que venham, de qualquer maneira, comprometer e
constranger a consciência2. Aceitamos, então, somente o que serve para promover e guardar
a concórdia e a unidade e para manter tudo na obediência a Deus3.
Esta ordem (caso desobedecida) exige a excomunhão, feita confirme a Palavra de Deus,
com todas as suas conseqüências4.
que a Confissão de Fé foi elaborada, o exemplo assustador de uma igreja com uma ordem
inventada por homens.
Em relação a estes males da igreja católico-romana, os anabatistas achavam que
nenhuma regra ou ordem era necessária. Isto lhes parecia o melhor para a igreja. Esta
atitude reacional sempre volta na história da igreja, Depois de terem lutado contra uma
ordem (constituição) errada ou abusada, alguns nem querem mais saber de ordem nenhuma.
O artigo 32 mostra uma posição equilibrada. Embora aponte os perigos, fazendo uma séria
advertência, o artigo confessa que é “útil e bom” que, entre os oficiais da igreja, “se
estabeleça e conserve determinada ordem”.
c) Por que uma ordem é boa e útil? Foi Calvino que disse: jamais acontecerá que todos os
membros da igreja achem tudo bonito e bom; por isso, muitas coisas devem ser bem
organizadas para evitar confusão e arbitrariedade.
Porém, decisivo mesmo é que a própria Bíblia ensina que deve haver uma boa ordem.
Na igreja de Corinto, os membros não contavam uns com os outros; cada um vivia por
conta própria. Às vezes, no culto, várias pessoas profetizavam ao mesmo tempo. Até na
mesa da santa ceia o rico não tomava conta do pobre. Era uma situação impossível e, por
isso, o apóstolo Paulo deu várias regras, para a celebração da santa ceia (1Coríntios 11:28-
34), para as profecias no culto e para a posição da mulher (1Coríntios 14:26-40).
O forte argumento para esta ordem é: “porque Deus não é de confusão; e, sim, de paz”
(1Coríntios 14:33 a). Esta oposição de “confusão” e “paz” é reveladora, porque mostra que
o objetivo não é a ordem em si mesma, mas a paz. Não deve haver ordem só pela ordem.
Isto leva a uma religão-de-regras. O artigo 32 rejeita este tipo de ordem, quando diz que
“rejeitamos todas as invenções humanas e todas as leis que se queira introduzir para servir a
deus, mas que venham, de qualquer maneira, comprometer e constranger a consciência”.
Até com regras que em si são boas, pode-se praticar idolatria, quando as colocamos ao lado
ou em lugar de Deus para confiar nelas. A ordem da igreja deve servir para estabelecer
a paz com Deus e com todos.
c) Portanto, há várias coisas que a igreja deve organizar, mas sobre as quais a Bíblia não dá
uma regra ou uma orientação. Sobre estas coisas pode haver divergência de opinião. Mas
podemos resolvê-las por maioria de votos. É claro que aqueles que votarem contra, também
devem cumpri o que foi resolvido, a não ser que a decisão contradiga a Palavra de Deus ou
a constituição aceita.
04. A excomunhão.
a) A última frase do artigo 32 trata da excomunhão que faz parte da ordem da igreja e que é
a última conseqüência da disciplina.
b) O artigo 32 não diz muito sobre a excomunhão. Contudo, diz exatamente o necessário:
(1) A excomunhão tem como objetivo a unidade da igreja e a obediência a Deus.
Pois o artigo 32 diz que “esta ordem (caso desobedecida) exige a excomunhão”. E
sobre “esta ordem” diz o artigo que ela deve servir “para promover e guardar a
concórdia e a unidade e para manter tudo na obediência a Deus”.
(2) A excomunhão é uma exigência.
(3) Ela deve ser feita “conforme a Palavra de Deus”.
(4) Não se trata somente da última conseqüência da disciplina (que é a
excomunhão), mas também de todo o processo da disciplina. Porque o artigo 32
fala sobre a excomunhão “com todas as suas conseqüências”.
Fazemos algumas observações sobre estes pontos.
c) O objetivo da excomunhão é guardar a unidade e de manter tudo na obediência a Deus.
(1) Para aquele que está sendo excomungado, a excomunhão é a última tentativa de
levá-lo àquela unidade e àquela obediência (veja 1Coríntios 5:5; Hebreus 12:4-11).
(2) Para a igreja que pratica a excomunhão, esta é a última tentativa de guardar a
unidade e de manter a obediência, porque o mal, sem a excomunhão, continua
existindo (1Coríntios 5:6), o que provoca a ira de Deus sobre toda a comunidade
(1Coríntios 11:30-32).
(3) Num certo sentido, a excomunhão é também a última tentativa de ‘salvar’ o
nome de Deus. Pois uma igreja que nada faz contra pecadores, dá motivo aos de
fora para blasfemarem o nome de Deus.
d) A excomunhão é uma exigência, porque nós a encontramos na Escritura. Muitas vezes se
diz que a excomunhão é muito ‘dura’ e que ela atrapalha o Espírito Santo, porque assusta e
endurece o pecador. Também se diz aquele que pratica a excomunhão (a disciplina) supõe
ser superior aos outros.
Mas, contra estes opiniões, dizemos que é necessário obedecer à Escritura. O apóstolo
Paulo ficou indignado quando a igreja de Corinto deixou de praticar a excomunhão quando
era necessário (1Coríntios 5). É nas cartas às sete igrejas da Ásia, o próprio Cristo toda
neste assunto (Apocalipse 2:2; 14-16; 20; veja também 2Tessalonicenses 3:14-15).
e) A excomunhão deve ser feita “conforme a Palavra de Deus”. Isto implica em
considerarmos tanto a doutrina como a vida. Às vezes se diz que a doutrina é apenas a
teoria que uma pessoa tem, mas que é mais importante o que uma pessoa faz na prática da
vida. Ou seja: as palavras de alguém não são importantes e, sim, seus atos. Porém, quem
ensinar e propagar uma doutrina que contradiz a Palavra de Deus está num caminho muito
perigoso. Porquê? Porque está envenenando a fonte de que deve beber. Por isso, não
podemos pensar: ele está se desviando da Bíblia, mas está vivendo de maneira sincera e
exemplar (os atos neutralizam as palavras). Pois a Escritura ensina que o desvio da doutrina
133
cristã (isto é: o desvio da própria Palavra de Deus) exige a disciplina e (em último caso) a
excomunhão (veja Romanos 16:17; Gálatas 1:6-9; 1Timóteo 1:20).
f) A excomunhão deve ser feita “conforme a Palavra de Deus”. Isto significa também que
deve ser claro que se cometeu pecado contra Deus e não contra “invenções humanas”. Para
a disciplina e a excomunhão é fundamental a palavra de Jesus: “Em verdade vos digo que
tudo o que ligardes na terra, terá sido ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra, terá
sido desligado no céu” (Mateus 18:18). Quer dizer: o limite que a igreja marca na terra
deve ser o mesmo que Cristo marca no céu. A igreja não pode ultrapassar o limite que
Cristo marcou no seu ensino. Aqui são válidas as palavras: “assim na terra como no céu”.
Infelizmente a igreja muitas vezes ‘ligou’ na terra o que Cristo não ‘ligou’ no céu. Mas o
abuso da excomunhão não exclui o bom uso.
ARTIGO 33
OS SACRAMENTOS
134
Cremos que nosso bom Deus, atento à nossa ignorância e fraqueza, instituiu os
sacramentos, a fim de nos selar suas promessas e mos conceder penhores de sua
benevolência e graça para conosco, e, também, alimentar e sustentar nossa fé1. Ele
acrescentou os sacramentos à Palavra do Evangelho2 para melhor apresentar aos nossos
sentidos tanto o que Ele nos declara por sua Palavra, côo o que Ele opera em nossos
corações.
Assim, Ele confirma a salvação de que nos faz participar. Pois os sacramentos são
visíveis sinais e selos de uma realidade interna e invisível. Através deles, Deus opera em
nós, pelo poder do Espírito Santo3. Por isso, os sinais não são vãos nem vazios para nos
enganar, porque Jesus Cristo é a verdade deles e, sem Ele, nada seriam.
Além disto, nos contentamos com o número dos sacramentos que Cristo, nosso Mestre,
instituiu e que não são mais de dois: o sacramento do batismo 4 e o da santa ceia de Jesus
Cristo5.
mais importante aquilo que Deus e Cristo fazem. Pois é claro que o sacramento é
sacramentos somente pelo que Deus e Cristo fazem.
b) Antes de mais nada deve ser claro que o próprio Deus instituiu os sacramentos. Um
certificado de garantia tem valor somente quando tiver sido dado e assinado por aquele com
quem fechamos um negócio. Os sacramentos, de fato, são certificados de garantia, ou
“penhoras”, da “benevolência e graça” de Deus para conosco. Tais penhores têm valor
somente quando tiveram sido dados pelo próprio Deus. Pois só Ele é capaz de concedera
graça que vem dEle mesmo. Sacramentos, instituídos pela própria igreja (a igreja católico-
romana instituiu, ela mesma, sacramentos), não têm nenhum valor. Porque só Deus tem o
direito de instituir sacramentos; a igreja não tem este direito.
É por isso que o artigo 33 começa assim “Cremos que nosso bom Deus (...) instituiu os
sacramentos”.
c) O artigo 33 enfatiza que, no que diz respeito aos sacramentos, Deus e Cristo fazem tudo.
Ou seja: Deus e Cristo não somente instituíram os sacramentos, mas Eles também
participam de qualquer nova administração dos sacramentos.
É fundamental que Deus participe de tudo o que acontece nos sacramentos e pelos
sacramentos. Eles vêm dEle e permanecem dEle; só assim o sacramento realmente é
sacramento.
A resposta é que não precisamos nem podemos separar essas duas coisas.
Vamos ver uma comparação. Um pai que está viajando, manda uma carta a seu filho e
lhe promete dar uma bicicleta quando voltar. É claro que a bicicleta não acompanha a carta;
por enquanto está na loja (invisível ao menino). O que acompanha a carta é uma figura
(ilustração) da bicicleta, que o menino admira todo dia, até o diz em que ele realmente
ganha e vê a bicicleta.
Agora a Bíblia. Ela é, por assim dizer, a carta em que Deus nos promete sua graça. E
assim como aquele pai ‘acrescentou’ às suas palavras uma figura a fim de ‘apresentar
melhor’ ao filho o presente, assim Deus acrescenta à sua Palavra um sinal e selo para
melhor nos apresentar sua graça.
Mas –e esta é a diferença com a bicicleta-, mesmo quando Deus realmente dá sua graça
prometida, ela continua invisível. Todo mundo vê que aquele menino ganho uma bicicleta.
Pois uma bicicleta não é “uma realidade interna”. Mas a realidade de alguém receber a
graça (perdão dos pecados e um novo coração) continua invisível. Pois é “uma realidade
interna” que Deus “opera em nossos corações”.
Por isso, os sacramentos têm um duplo objetivo. Primeiro: eles enfatizam e esclarecem o
que Deus “nos declara (promete) por sua Palavra”. Segundo: enfatizam e esclarecem
também “o que Ele opera em nossos corações”. O artigo 33 não hesita em colocar estas
duas verdades uma ao lado da outra, mas na seqüência certa: os sacramentos apresentam
“tanto o que Ele (Deus) nos declara por sua Palavra, como o que Ele opera em nossos
corações”.
b) Os sacramentos são um sinal das promessas de Deus, ou seja: eles retratam (‘plantam’)
essas promessas anunciadas e escritas, pelo uso de água, pão e vinho. Os sacramentos são
ilustrações (retratos) das promessas de Deus.
O batismo é uma purificação com água; no batismo usa-se água, como todo mundo pode
ver com seus próprios olhos. Assim o batismo retrata o que Deus nos promete na sua
Palavra e o que Ele opera em nossos corações, a saber: Ele nos purifica dos nossos pecados.
E a santa ceia é, como ceia, uma bonita ilustração tanto do que Deus nos promete na sua
Palavra como do que Ele opera em nossos corações, a saber: Ele alimenta e sacia nossa
vida espiritual.
Podemos caracterizar batismo e santa ceia como a pregação visível das promessas de
Deus. Aliás, além da nossa vista (olho), usamos também, na santa ceia, nossas mãos e
nossa boca (língua), enquanto o adulto que é batizado, sente a água. Portanto, Deus, de
fato, nos ajuda, sendo nós homens terrestres com sentidos terrestres.Ele faz isso “para
melhor apresentar aos nossos sentidos tanto e que Ele nos declara por sua Palavra, como o
que Ele opera em nossos corações”.
c) Além de sinais, os sacramentos são também selos das promessas de Deus. Um
documento selado tem credibilidade maior (assim como um selo postal garante que foi
pago o serviço de o correio entregar uma carta no seu destino). Batismo e santa ceia são
selos das promessas de Deus que garantem sua credibilidade. Deus nos dá garantias
máximas. Observamos que o artigo 33 usa fortes palavras: “a fim de nos conceder penhores
de sua benevolência e graça para conosco”.
d) Assim fica claro também que os sacramentos se referem às mesmas promessas das quais
fala o Evangelho; elas não dão uma nova mensagem ou uma outra graça. Os sacramentos
são exclusivamente uma ilustração e garantia das promessas do Evangelho: estão ligados ao
Evangelho, de que são sinais ou ilustrações e selos ou penhores.
Acrescentamos ainda que encontramos as palavras “sinal” e “selo” em Romanos 4:11.
137
ARTIGO 34
O SANTO BATISMO
Cremos e confessamos que Jesus Cristo, o qual é “o fim da lei” (Romanos 10:4),
derramando seu sangue, acabou com qualquer outro derramamento de sangue, que se possa
139
ou queira realizar para reconciliação e remissão dos pecados. Tendo abolido a circuncisão,
que se praticava com sangue, Ele instituiu, em lugar dela, o sacramento do batismo1.
Pelo batismo somos recebidos na igreja de Deus e separados de todos os outros povos e
outras religiões para pertencermos totalmente a Ele2, tendo sua marca o estandarte. O
batismo nos serve para testemunhar que Ele eternamente será nosso Deus e misericordioso
Pai.
Por isso, Cristo mandou batizar todos os seus “em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo” (Mateus 28:19), somente com água. Desta forma Ele nos dá a entender que assim
como a água tira a impureza do corpo, quando derramada em nós, e também assim como a
água é vista no corpo de quer recebe o batismo, assim o sangue de Cristo através do
Espírito Santo3, lava a alma, purificando-a dos pecados4, e faz com que nós, filhos da ira,
nasçamos de novo para sermos filhos de Deus5.
Porém, não somos purificados de nossos pecados pela água do batismo6, mas pela
aspersão com o precioso sangue do Filho de Deus7. Ele é nosso Mar Vermelho8, que
devemos atravessar para escapar da tirania de Faraó -que é o diabo - e para entrar na Canaã
espiritual.
Os ministros, por sua parte, nos administram somente o sacramento, que é visível, mas
nosso Senhor nos concede o que o sacramento significa, a saber: os dons invisíveis da
graça. Ele lava nossa alma, purificando-a e limando-a de todas as impurezas e iniqüidades9.
Ele renova nosso coração, enchendo-o de toda a consolação, e nos dá a verdadeira certeza
de sua bondade paternal. Ele nos reveste do novo homem, despindo-nos do velho com todas
as suas obras10.
Por isso, cremos que quem quer entrar na vida eterna, deve ser batizado só uma vez11. O
batismo não pode ser repetido, porque também não podemos nascer duas vezes e porque
este batismo tem utilidade não somente no momento de recebê-lo, mas durante a vida
inteira.
Rejeitamos, portanto, o erro dos anabatistas, que não se contentam com o batismo que
uma vez receberam e que, além disto, condenam o batismo dos filhos pequenos dos crentes.
Nós cremos, porém, que eles devem ser batizados e, com o sinal da aliança, devem ser
selados, assim como a crianças em Israel eram circuncidadas com base nas mesmas
promessas que foram feitas a nossos filhos12. Cristo, de fato, derramou seu sangue para
lavar, igualmente, as crianças dos fiéis e os adultos13. Por isso, elas devem receber o sinal e
o sacramento da obra que Cristo fez para elas, como o SENHOR, outrora, na lei,
determinava que as crianças participassem, pouco depois do seu nascimento, do sacramento
1
Colossenses 2:11.
2
Êxodo 12:48; 1Pedro 2:9.
3
Mateus 3:11; 1Coríntios 12:13.
4
Atos 22:16; Hebreus 9:14; 1João 1:7; Apocalipse 1:5b.
5
Tito 3:5.
6
1Pedro 3:21.
7
Romanos 6:3; 1Pedro 1:2; 2:24.
8
1Coríntios 10:1-4.
9
1Coríntios 6:11; Efésios 5:26.
10
Romanos 6:4; Gálatas 3:27.
11
Mateus 28:19; Efésios 4:5.
12
Gênesis 17:10-12; Mateus 15:14; Atos 2:39.
13
1Coríntios 7:14.
140
14
Levítico 12:6.
141
Batismo e circuncisão têm o mesmo efeito. É por isso que o apóstolo Paulo chama
ao batismo: a circuncisão de Cristo.
pertencemos a Deus. Soldados tinham seu estandarte. Era o sinal que não deixava dúvida
sobre o exército a qual pertenciam. Assim o batismo é o nosso estandarte que nos faz
reconhecíveis como soldados de Deus e de Cristo.
c) “O batismo nos serve para testemunhar que Ele eternamente será nosso Deus e
misericordioso Pai”, conforme explica a fórmula de batismo de Mateus 28:19: “batizando-
os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”. O que significam estas palavras?
Não há melhor maneira de nossas mãos entrarem em contato dom água do que colocá-
las na água. Assim também não há maneira mais convincente de sermos unidos a Deus do
que sermos submersos no seu nome. No batismo, de fato, somos batizados ou submersos
com nosso nome (que é pronunciado com voz alta), no nome do Pai Triuno. Seu nome se
torna o nosso. Por isso somos chamados filhos de Deus. Pertencemos a Ele.
retrato da purificação da alma. Mas ele o faz em nome de Deus que garante: o que o
ministro torna visível pela aspersão com água, Eu darei. No batismo temos a ver sempre
com Deus (veja também o artigo 33, 05. e).
esta garantida de Deus é tão fiel que até podemos dizer que o batismo é “o lavar
regenerador” (Tito 3:5) e “a lavagem dos pecados” (Atos 22:16).
isso, ele deve ser adulto porque crianças pequenas não têm fé nem podem prometer nada a
Deus.
Mas conforme a Bíblia é Deus que, no batismo, tem o papel principal: Ele nos garante
suas promessas.
Por isso é decisiva a pergunta se essas promessas de Deus se dirigem também às
crianças de pais crentes. A resposta é afirmativa. Tanto na época do Antigo Testamento (ou
seja: na época da circuncisão) como na época atual, as crianças têm as mesmas promessas
que os pais (adultos) têm. O apóstolo Pedro, no dia de Pentecoste, ‘atualiza’ (Atos 2:39) as
promessas de Deus feitas a Abraão e a seus filhos (Gênesis 17:7-10). Quer dizer: essas
promessas ainda são válidas tanto para adultos como para crianças, Ele as sela também
hoje; outrora pela circuncisão, hoje pelo batismo. Pos as crianças eram circuncidados “com
base nas mesmas promessas que foram feitas a nossos filhos”.
b) A questão do batismo das crianças pode ser considerada também por um outro lado: será
que a Escritura mostra que Cristo derramou seu sangue também pelas crianças e que Ele
garante isso às crianças, embora pequenas, por um sacramento? Se for assim, devem ser
batizadas.
O artigo 34 se refere a Levítico 12:6, um texto que fala sobre a oferta da purificação que
a mãe devia trazer depois do nascimento de uma criança. Os anabatistas diziam que este
texto mão exigia nada a respeito da criança. Mas Lucas 2:22 informa sobre esta oferta em
relação ao nascimento de Jesus e diz: “passados os dias da purificação deles” (plural!), ou
seja: tanto de Maria como da criança Jesus. E aquela oferta (um cordeiro ou, se este era
caro demais, um par de pombinhos) se referia ao sacrifício de Cristo na cruz. O artigo 34
fala sobre a “oferta de um cordeiro, que era um sacramento de Jesus Cristo”.
Assim se prova (a) que o sangue de Cristo foi derramado também pelas crianças e (b)
que isto deve ser confirmado por um sacramento logo depois do seu nascimento. Portanto,
as crianças pequenas devem ser batizadas.
c) Um texto importante é Colossenses 2:11 (-12), onde o apóstolo Paulo diz que aquele que
foi batizado, não precisa mais da circuncisão. O apóstolo faz uma comparação entre a
circuncisão e o batismo e demonstra que a circuncisão está incluída na comunhão com
Cristo, que se estabelece definitivamente no batismo. Por isso ele diz que o batismo é “a
circuncisão do Cristo” (podemos até traduzir: “a circuncisão cristã”). Ou seja: o batismo, na
época atual (na época do Novo Testamento), tomou o lugar da circuncisão, por causa do
próprio valor que o batismo tem. Portanto, o batismo é uma circuncisão (mas sem sangue) e
tem o mesmo objetivo que a circuncisão tinha.
ARTIGO 35
A SANTA CEIA
146
Cremos e confessamos que nosso Salvador Jesus Cristo ordenou e instituiu o sacramento da
santa ceia1, a fim de alimentar e sustentar aqueles que Ele já fez nascer de novo e
incorporou à sua família, que é sua igreja.
Agora, aqueles que nasceram de novo têm duas vidas diferentes2. Uma é corporal e
temporária: eles a trouxeram de seu primeiro nascimento e todos os homens a têm. A outra
é espiritual e celestial: ela lhes é dada no segundo nascimento que se realiza pela Palavra do
Evangelho3, na comunhão com o corpo de Cristo. Esta vida apenas os eleitos de Deus
possuem. Assim Deus ordenou para a manutenção da vida corporal e terrestre, pão comum,
terrestre, que todos recebem como recebem a vida.
Porém, a fim de manter a vida espiritual e celestial, que os crentes possuem, Ele lhes
enviou um “pão vivo, que desceu do céu” (João 6:51), isto é, Jesus Cristo4. Ele alimenta e
mantém a vida espiritual dos crentes5 quando é comido, quer dizer: aceito espiritualmente e
recebido pela fé6.
A fim de nos figurar este pão espiritual e celestial, Cristo ordenou um pão terrestre e visível
como sacramento de seu corpo e o vinho como sacramento de seu sangue7. Com eles nos
assegura: tão certo como recebemos em nossa alma pela fé8 -que é a mão e a boca da nossa
alma-, o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue de Cristo, nosso Único Salvador, para
manter nossa vida espiritual.
Agora, há certeza absoluta de que Jesus Cristo não nos ordenou seus sacramentos à toa.
Então, Ele realiza em nós tudo o que nos apresenta por estes santos sinais, embora de
maneira além da nossa compreensão, como também a ação do Espírito Santo é oculta e
incompreensível9.
Entretanto, não nos enganamos, dizendo que, o que comemos e bebemos, é o próprio
corpo natural e o próprio sangue de Cristo. Porém, a forma pela qual os tomamos não é pela
boca, mas, espiritual, pela fé. Desta maneira, Jesus Cristo permanece sentado à direita de
Deus, seu Pai, no céu10 e, contudo, Ele se comunica a nós pela fé. Nesta ceia festiva e
espiritual, Cristo nos faz participar de si mesmo com todas as suas riquezas e dons e deixa-
nos usufruir tanto de si mesmo como dos méritos de seu sofrimento e morte 11. Ele alimenta,
fortalece e consola nossa pobre alma desolada pelo comer de seu corpo, e a reanima e
renova pelo beber de deu sangue.
Depois, embora os sacramentos estejam unidos com a realidade da qual são um sinal,
nem todos recebem ambos12. O ímpio recebe, sim, o sacramento, para sua condenação, mas
não a verdade do sacramento, como Judas e Simão, o Mago: ambos receberam o
1
Mateus 26:26-28; Marco 14:22-24; Lucas 22:19-20; 1Coríntios 11:23-26.
2
João 3:5-6.
3
João 5:25.
4
João 6:48-51.
5
João 6:63; 10:10b.
6
João 6:40, 47.
7
João 6:55; 1Coríntios 10:16.
8
Efésios 3:17.
9
João 3:8.
10
Marcos 16:19; Atos 3:21.
11
Romanos 8:32; 1Coríntios 10:3, 4.
12
1Coríntios 2:14.
147
sacramento, mas não a Cristo que por este é figurado1. Porque somente os crentes
participam dEle2.
Finalmente, recebemos na congregação do povo de Deus 3 este santo sacramento com
humildade e reverência. Assim comemoramos juntos, com ações de graça, a morte de
Cristo, nosso Salvador, e fazemos confissão da nossa fé e da religião cristã4. Por isto,
ninguém deve participar da ceia antes de ter-se examinado a si mesmo, da maneira certa,
para, enquanto comer e beber, não comer e beber juízo para si (1Coríntios 11:28, 29). Em
resumo, somos movidos, pelo uso deste santo sacramento, a um ardente amor para com
Deus e nosso próximo.
Por esta razão rejeitamos como profanação dos sacramentos todos os acréscimos e
abomináveis invenções que o homem introduziu neles e misturou come eles. E declaramos
que se deve contentar com a ordenação que Cristo e seus apóstolos nos ensinaram e falar
sobre os sacramentos conforme eles falaram.
totalmente “nossa pobre alma desolada” e a renova, deixando-a comer seu corpo e beber
seu sangue.
f) Mais ainda, o sacramento é mais do que a ilustração: não somente retrata a realidade de
que é um sinal, mas traz também esta realidade. Porém, não é assim que todo mundo recebe
automaticamente, com o sacramento, a realidade do sacramento, a saber: Cristo. O ímpio
recebe o sacramento (o que leva à sua condenação), mas não a verdade do sacramento
(como aconteceu a Judas, o traidor, e a Simão o Mago). Só os fiéis recebem Cristo.
g) “Finalmente, recebemos na congregação do povo Deus este santo sacramento”, ou seja:
num culto oficial da igreja. E o recebemos como pessoas humildes, que mostram respeito.
Comemoramos juntos a morte do nosso Salvador, pela qual damos graças. Assim
expressamos nossa fé.
É também por essa razão que ninguém pode participar da ceia “antes de ter-se
examinado a si mesmo”. Devemos evitar que comamos e bebamos juíza para nós,
participando sem pensar. “E resumo, somos movidos, pelo uso deste santo sacramento, a
um ardente amor para com Deus e nosso próximo”.
h) Por isso, rejeitamos como profanação tudo o que se acrescentou, inventou e misturou em
relação à ceia. E enfatizamos que se deve contentar com o que Cristo e seus apóstolos
ensinaram. Devemos falar sobre os sacramentos conforme eles falaram.
Jesus’ não é um ato que se faz de maneira secreta, mas simplesmente pela aceitação das
Palavras dEle. “As palavras que eu vos tenho dito, são espírito e são vida” (v. 63).
Na mesa da ceia acontece fundamentalmente a mesma coisa. Trata-se de aceitarmos
Cristo e de unirmo-nos a Ele. Isto se realiza ao cremos na suas palavras. Pois a ceia
confirma as palavras de Cristo. Comer Cristo ou comer seu corpo e beber seu sangue quer
dizer: aceitá-Lo crendo nas suas palavras. Então, na realidade comemos e bebemos Cristo
em todo culto da igreja, mas a santa ceia nos mostra isso com mais clareza.
Aliás, também não entendemos totalmente como pão comum sustenta nossa vida. É
também um mistério. Mas acreditamos que pão comum nos alimenta e usamos nossa mão e
boca para comê-lo na certeza de que assim sustentamos nossa vida.
Ao participarmos da ceia, não entendemos como ela pode sustentar nossa vida espiritual.
Mas cremos em Cristo, que nos deu sua palavra. E esta fé é a mão e a boca com que
tomamos o pão e o vinho. E o efeito é realmente que nossa vida espiritual é sustentada e
que nossa fé é fortalecida. Pois “há certeza absoluta de que Jesus Cristo não nos ordenou
seus sacramentos á toa”.
“Humildade” quer dizer: consideramos grandes tanto Deus tanto sua bondade e,
portanto, consideramos pequenos nós mesmos. É uma atitude que nos cabe na ceia. Porque
a ceia chama nossa atenção para a morte de Cristo pelas nossas dívidas. Diz o artigo 35:
“Assim comemoramos juntos, com ações de graça, a morte de Cristo”. Em resumo: a ceia
deve ser celebrada com humildade, reverência e ações de graça (ou gratidão).
c) E assim “Fazemos confissão da nossa fé e da religião cristã”. Isto significa que
justamente a celebração da ceia expressa a essência da religião cristã. Reconhece-se a
verdadeira igreja pela pura administração desse sacramento.
d) O artigo 35 também diz que “ninguém deve participar da ceia antes de ter-se examinado
a si mesmo” (veja também 1Coríntios 11:28). Isto não significa que cada um decide, por si
mesmo, se participa ou não da ceia. Pois Cristo ordena: “tomem, comam”. Mas Ele impõe
cartas obrigações às quais devemos corresponder (a forma para a celebração da santa ceia
explica o auto-exame).
e) O artigo 35 relaciona o auto-exame com Deus e com nosso próximo, pois diz que
“somos movidos, pelo uso deste santo sacramento, a um ardente amor para com Deus e
nosso próximo”.
ARTIGO 36
152
Cremos que nosso bom Deus, por causa da perversidade do gênero humano, constituiu reis,
governos e autoridades1. Ele quer que o mundo seja governado por leis e códigos 2, para que
a indisciplina dos homens seja contida e tudo ocorra entre eles em boa ordem 3. Para este
fim Ele forneceu às autoridades a espada para castigar os maus e proteger os bons
(Romanos 13:4).
Seu ofício não é apenas cuidar da ordem pública e zelar por ela, mas também proteger o
santo ministério da igreja a fim de * promover o reino de Jesus Cristo e a pregação da
Palavra do Evangelho em todo lugar4, para que Deus seja honrado e servido por todos,
como Ele ordena na sua Palavra.
Depois, cada um, em qualquer posição que esteja, tem a obrigação de submeter-se às
autoridades, pagarem impostos, render-lhes honra e respeito, obedecer-lhes5 em tudo o que
não contrarie a Palavra de Deus6, e orar em favor delas para que Deus as guie em todos os
seus caminhos, “para que vivamos vida tranqüila e mansa com toda piedade e respeito”
(1Timóteo 2:2).
Neste assunto rejeitamos os anabatistas e outros revolucionários e em geral todos os que
se opõem às autoridades e aos magistrados, e querem derrubar a ordem judicial7,
introduzindo a comunhão de bens, e que abalam os bons costumes que Deus estabeleceu
entre as pessoas.
* Originalmente o texto incluía aqui as seguintes palavras: “... impedir e exterminar toda
idolatria e falso culto a Deus, destruir o reino do anticristo e...”.
de Cristo seja promovido e que o Evangelho seja pregado em todo lugar.
d) Cada um (“em qualquer posição esteja”) tem o dever de submeter-se às autoridades,
pagar impostos e obedecer-lhes em tudo “o que não contrria a Palavra de Deus”. Devemos
1
Provérbios 8:15; Daniel 2:21; João 19:11; Romanos 13:1.
2
Êxodo 18:20.
3
Deuteronômio 1:16; 16:19; Juízes 21:25; Salmo 82; Jeremias 21:12; 22:3; 1Pedro 2:13-14.
4
Salmo 2; Romanos 13:4ª; 1Timóteo 2:1-4.
5
Mateus 17:27; 22:21; Romanos 13:7; Tito 3:1; 1Pedro 2:17.
6
Atos 4:19; 5:29.
7
2Pedro 2:10; Judas: 8.
153
orar também em favor das autoridades, no sentido de que Deus “as guie em todos os seus
caminhos”, a fim de que haja ‘espaço’ para a vida cristã.
e) Rejeitamos a opinião dos anabatistas e de todos os revolucionários que não aceitam
governo ou autoridade, mas que querem derrubar a ordem judicial, e que abalam as boas
regras que Deus deu para que se pudesse agir e viver com responsabilidade.
As autoridades não podem obrigar seus súditos a servir a Deus. Mas elas devem fazer
com que as pessoas tenham livre acesso à pregação. Pois não é pelo poder das autoridades,
mas é pelo poder divino do Evangelho pregado que as pessoas honram e sevem a Deus. Por
isso, as autoridades devem proteger e promover a pregação do Evangelho.
ARTIGO 37
157
O JUÍZO FINAL
e Deus “lhes enxugará dos olhos toda lágrima”17 (Apocalipse 21:4). Assim ficará manifesto
que a causa deles, que agora por muitos juízes e autoridades está sendo condenada como
1
Mateus 24:36; 25:13; 1Tessaloniceses 5:1, 2.
2
Hebreus 11:39, 40; Apocalipse 6:11.
3
Apocalipse 1:7.
4
Mateus 24:30; 25:31.
5
Mateus 25:31-46; 2Timóteo 4:1; 1Pedro 4:5.
6
2Pedro 3:10-13.
7
Deuteronômio 7:9-11; Apocalipse 20:12-13.
8
Daniel 12:2; João 5:28, 29.
9
1Coríntios 15:51, 52; Filipenses 3:20, 21.
10
Hebreus 9:27; Apocalipse 22:12.
11
Mateus 11:22; 23:33; Romanos 2:5, 6; Hebreus 10:27; 2Pedro 2:9; Judas :15; Apocalipse 14:7 a.
12
Lucas 14:14; 2Tessalonicenses 1:3-10; 1João 4:17.
13
Apocalipse 15:4; 18:20.
14
Mateus 13:41, 42; Marcos 9;48; Lucas 16:23-28; Apocalipse 21:8.
15
Apocalipse 20:10.
16
Apocalipse 3:5.
17
Isaías 25:8; Apocalipse 7:17.
158
herética e ímpia, é a causa do Filho de Deus. E, como recompensa gratuita, o Senhor os fará
possuir a glória que jamais poderia surgir no coração de um homem18.
Por isso, esperamos este grande dia com grande anseio para usufruirmos plenamente das
promessas de Deus em Jesus Cristo, nosso Senhor.
18
Daniel 12:3; Mateus 5:12; 13:43; 1Coríntios 2:9; Apocalipse 21:9-22:5.
159
salvação”. Pois, naquele dia, toda injustiça será punida definitivamente e os fiéis serão
justificados publicamente.
b) Cristo “se manifestará juiz sobre vivos e mortos”. A Bíblia ensina claramente que Deus
Lhe concedeu o direito ou a autoridade de julgar (João 5:22, 27). Pedro diz que é Ele
“quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos” (Atos 10:42). E Paulo falou aos
filósofos de Atenas que Deus “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça
por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os
mortos” (Atos 17:31).
c) Cristo também “porá em fogo e chamas este velho mundo para purificá-lo”. Então, Ele
não destruirá o mundo, porque Deus não quer abandonar ou sacrificar sua criação. Ela tem
um grande futuro. Deus não a entrega aos destruidores. A nova terra de apocalipse 21 e 22
é a continuação do mundo de Gênesis 1 e 2, mas também do de Gênesis 3. isto significa que
nosso trabalho de todo dia tem valor permanente para a nova terra (Apocalipse 14:13;
Mateus 25:14-30).
d) Jesus virá do céu “corporal e visivelmente”. Pois os anjos, logo após a ascensão,
disseram aos discípulos que Ele viria “do modo como o viste subir” (Atos 1:11). Todos os
homens “verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens” (Mateus 24:30, 31), com grande
glória e majestade (veja também 1Tessalonicenses 4:16).
seja: o último dia virá depois de Deus cumprir seu programa de trabalho. Isto já indica um
prazo mais demorado. A Bíblia diz também que:
-deve vir uma grande apostasia (2Tessalonicenses 2:3-8);
-devem sobrevir tempos difíceis (2Timóteo 3:1);
-satanás sairá a seduzir muitas nações (Apocalipse 20:7-8).
E o apóstolo Pedro, mais tarde, fala sobre escarnecedores que dizem: “Onde está a
promessa da sua vinda? Porque desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem
como desde o princípio da criação” (2Pedro 3:3-8). Mas o apóstolo não se mostra
decepcionado por causa da demora da volta do Senhor!
d) Descobrimos, portanto, que a Escritura diz (1) que aquele dia vem logo, (2) que a data é
desconhecida e (3) que, antes, deve acontecer muita coisa.
Estes três pontos não se contradizem. Podemos interligá-los assim: nos grandes
acontecimentos da história (3) percebemos os passos apressados de Cristo (1) que pode vir
a qualquer momento (2).
Os homens darão conta “de toda palavra frívola que preferirem” (Mateus 12:36).
Também aquilo que foi feito às escondidas “será trazido à luz diante de todos” (veja
Eclesiastes 12:14; Romanos 2:16). Todos os atos estão registrados e serão julgados
(Apocalipse 20:12).
O artigo 37 fala sobre “os livros”: são os documentos do processo que Deus usará no
juízo (Apocalipse 20:12; veja também Daniel 7:10).
PERGUNTAS
163
Para facilitar o estudo da “Confissão de Fé” (as perguntas se referem ao comentário a cada
artigo e podem ser usadas também para grupos de estudo bíblicos).
11. Hebreus 1:1 diz que Deus, outrora, falou “muitas vezes, e de muitas
maneiras, aos pais”. Você conhece algumas destas maneiras?
12. Lucas diz que “igualmente a mim me pareceu bem, depois de acurada
investigação de tudo desde sua origem, dar-te por escrito excelentíssimo
Teófilo, uma exposição em ordem” (Lucas 1:3). Então, Lucas escreveu seu
evangelho somente porque ele mesmo o quis?
13. O artigo 3 afirma que Deus “mandou seus sevos, os profetas e os
apóstolos, escreverem sua Palavra revelada”. Você tem a opinião de que os
autores da Bíblia escreveram seus livros de maneira infalível e, também, que
lembraram, de maneira infalível, de palavras e eventos?
14. A Bíblia contém todas as palavras de Deus? Veja João 21:25.
15. Confessamos que a Bíblia é a Palavra inspirada de Deus. Mas existem
opiniões erradas a respeito da inspiração. Fala-se, por exemplo, sobre a
‘inspiração mecânica’, quer dizer: os autores da Bíblia eram meros
instrumentos passivos na produção de sus livros. Será que é uma opinião
correta?
16. Como a inspiração, na sua opinião, se realizou? Você acha que podemos
falar de ‘inspiração orgânica’ (ou seja: Deus usou os autores como eram, com
seu caráter, temperamento, instrução, cultura, vocabulário, estilo etc.)?
17. Disse João Calvino: “Devemos às Escrituras o mesmo respeito que
devemos ao próprio Deus”. É correto falar assim?
18. É inegável que os escritores da Bíblia escreveram seus livros como
homens da época, da cultura e do povo deles. Você acha que este fato diminui
a autoridade da Bíblia?
07. No livro apócrifo de Judite se diz que Nabucodonosor era o rei dos assírios
e que morava na cidade de Nínive; também se diz que ele lutou contra Israel
depôs d exílio. É verdade?
08. Você considera o julgamento sobre os livro apócrifos, no artigo 6, severo
ou ameno?
09. O artigo 6 diz que “a igreja pode ler estes livros (apócrifos)”. Você acha
bom que um pastor, no culto, leia um texto dos apócrifos e faça uma pregação
sobre uns versículos deles?
10. Na época em que a “Confissão de Fé” foi escrita, muitos estavam desconfiando
de que a igreja da Reforma queria propagar uma nova doutrina (os católico-romanos
falavam isto abertamente). Então você entende a importância do falto de que a igreja
da Reforma tenha aceitado, com tanta ênfase, os Credos ecumênicos?
06. Muitas vezes se diz que o Espírito é apenas um dom ou um poder impessoal. De
que maneira as palavras de Efésios 4:30 contradizem esta opinião?
07. Confessamos que o Filho é “gerado pelo Pai” e que o Espírito “procede do Pai”.
Você acha que esta diferença é importante? Em outras palavras: podemos inverter
essas expressões e dizer que o Filho “procede do Pai” e que o Espírito “é gerado
pelo Pai”?
08. Você sabe provar, pela bíblia, que o Espírito procede do Pai e do Filho?
09. A (chamada) Igreja Oriental confessa que o Espírito procede do Pai, mas não do
Filho. Qual é a conseqüência desta opinião?
10. O Espírito procede também do Filho. Que significa esta confissão, de maneira
positiva, ao pensarmos na pregação do Evangelho (veja João 16:1-15)?
11. O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade. Então, Ele é inferior ao Pai e
ao Filho?
12. Os pentecostais dão muita ênfase aos dons de Espírito, mas principalmente ao
dom de línguas, a revelações especiais e a curas milagrosas. Você acha que a Bíblia
também dá tanta ênfase às manifestações espetaculares do Espírito (veja 1Coríntios
14:19; Gálatas 5:22)?
13. Qual é a tarefa mais importante da igreja, conforme Mateus x :3-20?
14. O que é o pecado contra o Espírito Santo?
15. Será que é importante sabermos que o pecado contra o Espírito existe?
18. Por que os outros anjos “perseveraram e continuaram em sua primeira posição”?
19. Você acha que há muitos anjos (conf. 2Reis 6:16)?
20. Será que Cristo morreu também pelos anjos caídos (demônios) e será que eles
podem ser salvos? Veja o artigo.
05. Por que Deus é justo também quando Ele não salva todos os homens?
06. Será que podemos salvar-nos a nós mesmos? O que diz Efésios 2:1?
07. Você acha que Deus, ao fazer sua escolha, teve seus próprios motivos? Como
você entende o ensino da Bíblia de que Deus escolheu homens “em Jesus Cristo”?
08. A doutrina da eleição nos coloca diante de vários mistérios. Então, não seria
melhor ficar calado sobre esta doutrina?
09. A Bíblia, em mais de um texto, fala sobre a eleição. Você acha que, por isso, é
necessário que a igreja fale sobre a eleição?
10. Como você entende Deuteronômio 29:29, em relação à doutrina da eleição?
11. De que maneira Deus mostra que é misericordioso?
12. Zacarias (pai de João Batista) falou, no seu cântico, sobre “a entranhável
misericórdia de nosso Deus” (Lucas 1:78). Que quer dizer esta expressão?
13. Os arminianos (ou: remostrantes) dizem que Deus escolhe os homens de quem
Ele, de antemão, sabe que crerão (fé prevista por Deus). Você consegue mostrar, à
luz de Efésios 1:4 e 2:10, que esta opinião é errada?
14. Por que a misericórdia de Deus, na eleição, não prejudica a justiça dEle?
15. Você acha justo que Deus salva uns e não salva outros?
16. É certo dizer que todos os homens têm direito à graça de Deus? É certo dizer
que todos os homens merecem a morte?
17. Você pensa que o fato de Deus escolher uns, O obriga a salvar todos?
18. Timóteo era ajudante do apóstolo Paulo. Ele era jovem, lutava contra muita
resistência que encontrou e, por isso, facilmente podia perder a coragem. Em
2Timóteo 1:8-9, Paulo fortalece Timóteo com a eleição dele. Como?
19. Você acha que o apostolo Paulo, em Efésios 1:3-4, mostra que a eleição nos
torna alegres?
20. Para tirarmos conforto da doutrina da eleição, precisamos ter certeza da nossa
eleição pessoal. Esta certeza existe?
21. Disse Calvino que Cristo é, por assim dizer, o espelho em que observamos nossa
eleição por Deus. Você entende esta figura?
22. Você sabe o que é a doutrina da expiação universal?
23. Para quem Cristo morreu, conforme a Bíblia?
24. A força e o valor da morte de Cristo são suficientes para reconciliar o pecado do
mundo inteiro. Mas por que isto não é um argumento para a doutrina da expiação
universal?
11. O apóstolo Paulo diz (em Romanos 8:3) que Jesus veio “em semelhança da
carne pecaminosa”. Como você entende isto?
12. O artigo 18 afirma que Jesus “assumiu a forma de servo”. Que quer dizer isto?
13. De que maneira o artigo 18 enfatiza que Jesus, ao nascer e viver na terra, era um
homem ‘completo’?
14. Você sabe exemplos da Bíblia que mostram que Jesus tinha uma alma humana
(com suas capacidades de entender e sentir)? Veja Lucas 2:47, 52; Marcos 13:32;
João 11:3; Mateus 9:36; Marcos 14:33.
15. Você acha que o fato de Jesus ter recebido e assumido também a alma humana é
fundamental para nossa salvação? Veja o próprio artigo 18.
16. O artigo 18 diz (até duas vezes) que Jesus se tornou semelhante aos homens,
“mas sem o pecado”. Mas, sem pecado, Jesus podia ser verdadeiro homem?
17. Jesus foi tentado pelo diabo, como informa a Bíblia. Mas não era impossível
Jesus ser tentado, como homem sem pecado?
18. Muitas pessoas afirmam que o ensino bíblico sobre o nascimento de Jesus da
virgem Maria não tem nenhuma importância para a doutrina da salvação. Você acha
que crer ou não crer no nascimento virginal de Jesus é indiferente? O ‘modo’ de
Jesus ter nascido tem a ver com a honra de Deus?
19. Foi a própria decisão de Jesus viver como homem. Isto, então, podia depender
da “intervenção do homem”?
20. Por que Jesus não tinha o pecado original, embora fosse filho de uma mulher
pecadora?
21. Você acha que a Bíblia ensina o nascimento virginal de Jesus? Veja Mateus
1:18, 20; Lucas 1:34, 35.
22. Os anabatistas negam que Jesus “tomou a natureza humana de sua mãe”. Você
entende por que a frase final do artigo 18 (sobre Emanuel) é um ataque frontal a esta
opinião?
23. De que maneira os muitos nomes (Davi, Jessé etc.) e as muitas expressões
(“veio de”, “fruto de” etc.) da penúltima frase do artigo 18 mostram que Jesus, na
vida humana dEle, faz parte dos homens?
07. Você acha que, a partir do paraíso, tem havido uma profunda relação entre Deus
e o homem, entre o Criador e sua criatura?
08. Por que esta relação entre Deus e o homem foi tão profunda em Cristo?
09. De que maneira diz Filipenses 2:6-8 que Jesus é Deus e homem? Que quer dizer
a expressão de que Ele, na encarnação, “se esvaziou” (v. 7)?
10. Alguns teólogos têm afirmado que o artigo 19 vai alem dos limites (do nosso
conhecimento) e que tenta (em vão) esclarecer o mistério das duas naturezas de
Cristo. Você concorda com esta critica? Ou será que o artigo 19 quer apresentar o
ensino bíblico?
11. Você acha que o assunto do artigo 19 tem a ver com a opinião daqueles que
consideram Jesus (apenas) um ‘verdadeiro rei’ ou um ‘homem excelente’?
12. O concilio de Calcedônia (451) condenou a opinião de Eutiques (um monge de
Constantinopla) e afirmou que as duas naturezas de Cristo são “inconfundível e
imutável”. Então, o que ensinou Eutiques?
13. Os anabatistas (século XVI) disseram que o corpo de Jesus não foi fruto do
ventre de Maria. Ele tinha, então, um corpo verdadeiramente humano (na opinião
deles)?
14. Lutero ensinou que a natureza humana de Jesus se transformou. Ele comparou
esta transformação a um pedaço de ferro que se faz candente e, assim, tem também
as características de fogo. O que você acha desta opinião?
15. Você acha que a natureza divina de Jesus, depois da encarnação, continuou
igual? Veja João 3:13.
16. Leia e confira João 10: 30 e 14:28. Como estes dois textos mostram que Jesus,
além de ser Deus, também era verdadeiro homem?
17. Os luteranos dizem (de acordo com Lutero) que o corpo (humano) de Cristo é
onipresente. Você acha que Atos 1:11 e 1Pedro 1:8 contradizem esta opinião?
18. A Bíblia diz que Jesus sabia tudo (João 21:17), mas que Ele não conhecia a data
do último dia (Marcos 13:32). Você sabe ou não sabe explicar isto?
19. O concilio de Calcedônia (451) também condenou a opinião de Nestório e
afirmou que as duas naturezas de Cristo são “indivisíveis e inseparáveis”. Então, o
que ensinou Nestório?
20. Você acha que podemos dividir os atos e as palavras de Cristo entre o que Ele
falou e fez como Deus ou como homem?
21. De que maneira mostram Atos 20:28 e 1Coríntios 2:8 a união das duas naturezas
de Cristo?
05. A palavra “misericordioso” nos faz pensar num rosto sorridente de uma pessoa
que sempre quer ajudar os outros e procura o bem deles. Este sentido da palavra
“misericordioso” serve para explicar a misericórdia de Deus?
06. Para um homem é quase impossível ser justo e misericordioso ao mesmo tempo.
Para Deus também é?
07. Conforme o artigo 20, o fato de Deus ter envidado seu Filho mostra tanto a
justiça como a misericórdia dEle. De que maneira?
08. O artigo 20 diz que Jesus devia “assumir a natureza humana em que foi
cometida a desobediência”. O que significa isto?
09. Como Isaías 53:5-6 e João 1:29 mostram que Jesus sofreu em nosso lugar?
10. O artigo 20 afirma que Deus “provou sua justiça sobre seu Filho”. Isto significa
que Deus não manifesta sua justiça sobre nós? Veja Hebreus 9:22 e Romanos 3:26.
11. Muitas vezes se diz que Deus é amor, no sentido de que Ele perdoa nossas
dividas sem exigir pagamento. Por que não podemos falar assim?
12. Como fala o artigo 20 sobre o amor de Deus, em relação à justiça dEle?
13. Existe uma opinião que afirma o seguinte: Deus é tão justo que Ele odeia o
homem pecador; mas Jesus ‘mudou’ esta situação; então, foi Jesus que tornou Deus
misericordioso para conosco. Como você avalia esta opinião?
14. Você acha que o artigo 20 afirma que Deus já se mostrou misericordioso para
conosco quando enviou se Filho? Veja também 1João 4:10-11; João 3:16; Efésios
1:4-5.
15. A Bíblia, por outro lado, realmente diz que nós éramos inimigos de Deus e que
“fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho” (Romanos 5:9-10).
Mas isto significa que Deus nos odiava antes de Jesus ter modificado esta situação?
Ou será que temos de dizer as duas coisas: (1) Deus nos amou e (2) Ele estava irado
contra nós? Veja também Efésios 2:3-4.
16. Qual é o fruto da justiça e da misericórdia de Deus? Veja as ultimas palavras do
artigo 20.
17. O artigo 20 fala sobre dois atos de Deus que fizeram com que não recebêssemos
o que merecíamos. Que atos são?
18. Por que a morte e a ressurreição de Jesus foram necessárias para nossa salvação?
07. Deus é o juiz que nos responsabiliza. Então, que pergunta, em relação à nossa
salvação, é importante?
08. Nossa vida deve corresponder totalmente às exigências que Deus estipulou.
Agora, nós, homens, temos a tendência de dar, a nós mesmos, uma nota alta no que
diz respeito à vida cristã. Como a Bíblia avalia esta tendência? Veja 1Corintios 4:4 e
Provérbios 16:4.
09. O resultado dos nossos atos não nos fornece nenhuma justiça perante Deus.
Como o artigo 23, nas ultimas frases, fala sobre isso?
10. Comparecemos perante Deus com uma divida que nos assusta. Que palavra
(três) usa o artigo 23 para mostrar nosso medo?
11. Apoiamo-nos na obediência de Cristo, ao comparecermos perante Deus. O que
Cristo fez por nós?
12. Deus nos atribui a justiça de Cristo. Davi (Salmo 32:1) e Paulo (Romanos 4:7)
dizem que nossos pecados são “cobertos”. Como você entende esta expressão? Qual
é o resultado final de tudo isso (conforme Romanos 8:1)?
13. O que nos resta, para que a obediência de Cristo seja a nossa?
14. Conforme a igreja católico-romana, o próprio homem, de uma ou de outra
maneira, ceve fazer algo para fazer as pazes com Deus. Você acha que o homem
(nós) pode (podemos) “fazer algo”?
15. O artigo 23 diz que damos “toda a glória a Deus, humilhando-nos e
reconhecendo que nós, homens, somos maus”. Então, você não acha que a doutrina
católico-romana (a absolvição divina se baseia na justiça humana) rouba a Deus sua
honra?
16. Estaríamos perdidos, se nosso arrependimento ou confissão de pecados ou
nossas boas obras fossem o fundamento da absolvição?
17. Romanos 4:5 diz que Deus “justifica ao ímpio”. Como você entende isso?
18. Do que a justiça de Cristo, conforme o artigo 23, liberta nossa consciência?
Como a primeira frase do artigo 23 caracteriza esta libertação?
19. Acontece que muitos, hoje em dia, acham que a Bíblia contém uma mensagem
de libertação somente para o mundo político e social, no sentido de uma libertação
de pobreza, opressão e discriminação. Que erro há nesta opinião, em relação à ira de
Deus (Romanos 1:18)?
20. Que saída mostra a Bíblia, como solução de todos os problemas (veja
colossenses 1:13)?
08. Lutero disse que a fé não é uma “idéia preguiçosa”. Como você entende esta
expressão?
09. Qual é a primeira coisa que o artigo 24 diz sobre a fé?
10. O que significa a expressão “fé justificadora” (veja o artigo)? Que opinião
errada a respeito desta fé é rejeitada?
11.Você acha que há diferença entre cometer pecado e viver no pecado? O que diz
o apóstolo João sobre isso (1João 3:9 e 1:8)?
12. Será que aquele que recebeu absolvição, com prazer se envolve nos pecados que
provocam a ira de Deus? Veja Romanos 6:22.
13. O que diz Gálatas 5:6 sobre a fé? Como você entende isto?
14. Como considera Deus nossas boas obras produzidas pela fé? O que disse Jesus
sobre estas obras (João 15:8)?
15. Por que, conforme Jesus, aceita Deus nossas boas obras?
16. O que diz o artigo 24 sobre a origem da fé? Você acha que a fé é uma ‘criação’
de Deus, ou seja: algo que vem e depende de Deus?
17. Os anabatistas, na época, disseram que o Espírito Santo produz a fé em nossos
corações de maneira direta (então, sem a Palavra de Deus). O que confessa o artigo
24 contra esta opinião (confira Romanos 10:14, 17)?
18. O artigo 24 diz que as nossas obras, “se procedem da boa raiz da fé, são boas e
agradáveis a Deus”. Mas para o que elas não são levadas em conta?
19. Você sabe explicar por que jamais poderemos ter absolvição pelas nossas boas
obras? Confira o que o artigo 24 diz sobre a árvore e seus frutos (Mateus 7:17).
20. Por que “somos devedores a Deus pelas boas obras que fazemos”? veja os textos
que o artigo 24 cita: Filipenses 2:13 e Lucas 17:10.
21. O que diz a Bíblia sobre a recompensa das obas obras? Veja Mateus 10:42 e
Hebreus 11:6.
22. o artigo 24 diz, em relação à recompensa das boas obras, que Deus, por sua
graça, “coroa seus próprios dons”. Como você entende estas palavras “por sua
graça”?
23. Qual é a recompensa das boas obras? Veja Romanos 2:6-7.
24. Por que a Escritura fala sobre recompensa?
25. O artigo 24 aparentemente fala sobre as boas obras de maneira mais e menos
positiva. Por quê?
26. O artigo 24 diz que a lembrança de um só pecado bastaria para tornar uma só
boa obra rejeitável perante Deus. Falar assim não é um exagero? Veja Tiago 2:10.
26. Você acha que Deus exige mais de nós, hoje, do que exigiu outrora dos judeus
(na época do Antigo Testamento)? Confira Hebreus 12:25.
24. Cremos que a igreja universal sempre existirá, porque Cristo é um rei eterno que
não pode ficar sem súditos. Como provam 2Samuel 7:16; Lucas 1:32-33 e
Apocalipse 22:16 esta verdade?
18. Será que o dever de todos sos fieis realmente é “separar-se daqueles que não
pertencem à igreja”? Veja 2Coríntios 6:17; João 10:5, 8; Romanos 16:17-18;
Apocalipse 18:4.
19. Efésios 1:22 diz que Deus “deu Cristo à igreja”. Por que estas palavras mostram
a importância de juntar-se à igreja?
20. Você acha que uma igreja, que adapte o evangelho à sua própria opinião, é
capaz de saber o que é e que não é pecado?
21. Como o artigo 29 resume as três marcas da igreja? Você concorda com este
resumo?
22. O artigo 29 também presta atenção às marcas dos membros da igreja. Isso é
importante. Pois, está boa a situação na igreja, se a pregação, os sacramentos e a
disciplina não têm efeito na vida dos membros? Confira a situação na igreja de
Éfeso (Apocalipse 2;1-3).
23. Muitos dizem que evitaram ou até abandonara a igreja devido às suas
experiências decepcionantes com cristãos. Mas o artigo 29 diz que os verdadeiros
cristãos são super-homens?
24. Não é pouca coisa dizer que uma (certa) igreja é falsa. Você acha que a
expressão “falsa igreja” é um juízo sobre a organização ou sobre os membros de tal
igreja?
25. Qual é o sentido da palavra “falsa” (na expressão “falsa igreja”)? Pense numa
moeda falsa (que parece verdadeira, mas não vale nada!).
26. O que é necessário para distinguir a verdadeira igreja da falsa? Veja a primeira
frase do artigo 29 e confira Filipenses 1:9.
27. O que é decisivo para uma igreja ser chamada falsa: que há erros ou heresias
nela ou que ela não reage contra erros ou heresias, depois de ter sido advertida?
14. Como mostra 1Timóteo 5:17 que há presbíteros com uma tarefa especial? Que
tarefa especial?
15. Por que há, na sua opinião, também diáconos na igreja? Pense no significado da
palavra “diácono”: aquele que seve (ajuda).
16. O que diz o artigo 30 sobre a tarefa dos pastores? Como mostra o artigo a
importância do trabalho deles?
17. O que diz o artigo sobre a tarefa dos presbíteros? E sobre a tarefa dos diáconos?
18. Que condição existe para que, na igreja, tudo preceda em boa ordem?
19. Leia 1Timóteo 3:1-10. Qual é a regra do apóstolo Paulo, de que o artigo 30 fala?
20. Nosso respeito pelos oficiais da igreja pode depender da posição social deles?
Em que deve basear-se nosso respeito por eles?
05. O que Deus nos quer “apresentar melhor” através dos sacramentos?
06. É o poder de quem que se une aos sacramentos?
07. Quem é a verdade (o verdadeiro conteúdo) dos sacramentos?
08. Quantos sacramentos há? Por que não há mais?
09. O que é mais importante: o que os homens fazem nos sacramentos (ser,
batizado, tomar pão e vinho etc.) ou o que Deus e cristo fazem? Por quê?
10. Os sacramentos são “penhores” ou certificados de garantia da “benevolência e
graça” de Deus para conosco. De que maneira tem valor um certificado de garantia?
11. Você acha que sacramentos, instituídos pela própria igreja, têm valor?
12. O que diz o começo do artigo 33 sobre a ‘origem’ dos sacramentos?
13. O artigo 33 enfatiza que, no que diz respeito aos sacramentos, Deus e Cristo
fazem tudo. Por que isso é fundamental?
14. Deus se mostra “atento à nossa ignorância e fraqueza”. Como você entende a
palavra “ignorância” em relação ao Evangelho? E como você entende a palavra
“fraqueza”?
15. Você acha que podemos dizer que os sacramentos nos dão mais clareza e
certeza?
16. O artigo 33 diz que os sacramentos são “sinais e selos de uma realidade interna e
invisível”. Mas diz também que os sacramentos selam as promessas de Deus (que
estão escritas na Bíblia). Com que palavra fala o artigo 33 sobre essas duas coisas
(final do primeiro parágrafo)?
17. Como retrata o batismo as duas coisas de que falamos (veja a pergunta 16)? E
como a santa ceia as retrata?
18. O artigo 33 fala sobre “melhor apresentar aos nossos sentidos”. Como você
entende isso? Que “sentidos” usamos nos sacramentos?
19. Os sacramentos são “selos”. O que quer dizer isto?
20. Você acha que os sacramentos se referem às mesmas promessas das quais fala o
Evangelho? Ou será que os sacramentos dão uma nova mensagem e uma outra
graça?
21. O artigo 33 confessa que os sacramentos explicam e garantem o Evangelho.
Você acha que, por isso, podemos dizer que o poder dos sacramentos é o poder do
Evangelho? E você acha que o poder do Evangelho é, ao mesmo tempo, o poder do
Espírito Santo?
22. O artigo 33 diz que “Jesus Cristo é a verdade deles (dos sacramentos)”. Como
você entende estas palavras?
23. O que acontece quando pessoas recebem os sacramentos com incredulidade?
Será que assim o seu batismo fica sem poder e que sua participação da ceia não em
sentido?
24. Só Deus tem o direito de instituir sacramentos. Por quê?
25. A igreja católico-romana tem sete sacramentos. Você sabe quais/
PERGUNTAS SOBRE ARTIGO 34:
01. Qual é o assunto deste artigo?
02. O artigo 34 diz que Cristo é “o fim da lei”. Por que Ele é o fim da lei? E qual é a
conseqüência disso para a circuncisão?
03. Do que somos separados pelo batismo e a quem somos unidos pelo batismo?
04. Com que devemos ser batizados? O que Deus nos quer dizer com isso?
05. Que efeito tem a purificação da nossa alma?
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06. O artigo 34 diz que Cristo é “nosso mar vermelho”. Por quê?
07. O que dá o ministro (pastor) e o que dá o Senhor através do batismo?
08. Por que o batismo não deve ser repetido?
09. Qual é, conforme o artigo 34, a opinião dos anabatistas sobre o batismo (dois
aspectos)?
10. O que confessa o artigo 34 contra os anabatistas (três pontos)?
11. Como podemos caracterizar uma pregação?
12. Por que pregações (infelizmente) não são suficientes? De que maneira o batismo
(como sinal e selo) leva em conta nossas falhas?
13. Com que confissão começa o artigo 34?
14. Qual era a polemica na época em que a “Confissão de Fé” foi escrita? O que
responderam os anabatistas? E qual é a resposta do artigo 34?
15. Qual é o duplo efeito do derramamento do sangue de Cristo? O que diz Hebreus
13:8 neste contexto?
16. Qual é a diferença entre circuncisão e batismo? Mas qual é o objetivo de ambos?
17. Você acha que o próprio batismo nos torna membros da igreja?
18. Pelo batismo temos, confirme o artigo 34, a marca e o estandarte de Deus. Como
você entende isto?
19. O que significa a expressão “batizar em nome de Deus” (Pai, Filho e Espírito
Santo)?
20. O que acrescentam os católico-romanos à água do batismo? Por quê?
21. A água do batismo deve ser água normal. Isto significa que ela não tem valor?
22. Qual é a comparação que se faz no batismo?
23. Que Pessoa da Trindade realiza a purificação da nossa alma?
24. Qual é, no artigo 34, a relação entre Faraó e o diabo?
25. O artigo 34 diz que o ministro (pastor) administrar “somente o sacramento, que
é visível”. Então, o batismo é apenas um gesto bonito? Ou será que Deus realmente
garante que concede aquilo que o batismo retrata?
26. Os anabatistas se deixavam batizar de novo. Quais oram os quatro argumentos
deles?
27. Como pensavam os anabatistas sobre o batismo?
28. O artigo 34 diz que “o batismo não pode ser repetido, porque também não
podemos nascer duas vezes”. Como você entende este argumento?
29. O batismo também não pode ser repetido, quando alguém, depois do seu
batismo, tem vivido sem Deus durante muitos anos. Por que não? Em que sentido
podemos comparar tal situação a um casamento?
30. As crianças pequenas não devem ser batizadas, conforme os anabatistas. Por que
não? Mas qual é a base (fundamento) do batismo? Esta base também para as
crianças?
31. O que diz Levítico 12:6? Os anabatistas diziam que este texto não exigia nada a
respeito de crianças. Mas o que diz Lucas 2:22? Então, o que é provado com isso
(duas coisas)? Qual é a conclusão?
32. Que comparação faz o apóstolo Paulo em Colossenses 2:11-12? Este texto
afirma que circuncisão e batismo têm o mesmo objetivo?
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