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METROLOGIA 2003 – Metrologia para a Vida

Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM)


Setembro 01−05, 2003, Recife, Pernambuco - BRASIL

EFEITO DA INCERTEZA DE MEDIÇÃO NA SENSIBILIDADE DA


CARTA DE CONTROLE DE VALORES INDIVIDUAIS

Janaína Helena C. da Silva1, Gustavo Daniel Donatelli1


1
Programa de Pós-Graduação em Metrologia Científica e Industrial
Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis, Santa Catarina, Brasil

Abstract: Neste trabalho avalia-se através de simulação desvantagem, a baixa sensibilidade para detectar mudanças
computacional, a influência do processo de medição na no processo, é compensada pela grande simplicidade
sensibilidade da carta de controle. Estudou-se o efeito de operacional, o qual a converte numa das cartas mais
contribuições de diferente natureza à incerteza de medição apropriadas para a implantação do controle estatístico de
(i.e. aleatória, sistemática constante, sistemática linear e processos em ambientes pouco favoráveis.
resolução), definindo aquelas com influência mais
A sensibilidade da carta de controle para detectar mudanças
significativa. A partir desses resultados, esboçou-se um
no processo é influenciada pela presença de erros de
critério para avaliar a capacidade de processos de medição a
medição nos dados. Diversos trabalhos tem sido publicados
serem usados em aplicações de CEP, discutindo-os, por
nessa área, analisando o problema desde um ponto de vista
comparação com outros critérios de capacidade existentes.
probabilístico [2, 3, 4]. Esses estudos não consideram a
Palavras chave: Controle estatístico de processos, Incerteza variabilidade amostral dos limites de controle, devida à
de medição, ARL. limitada informação disponível na corrida inicial, utilizam
somente a regra de decisão do ponto fora dos limites de
controle e assumem erros de medição normalmente
1. INTRODUÇÃO distribuídos, com parâmetros constantes ao longo da faixa.
O ideal da qualidade classe mundial é alcançado somente Esses estudos, embora sejam pouco realistas, mostram que o
com processos de produção que operam “... no alvo, com erro de medição reduz significativamente a sensibilidade da
variância mínima”. Para que um processo opere nessa carta de controle às mudanças no processo.
condição, é necessário: Neste trabalho avalia-se a influência do processo de medição
! Eliminar os modos de operação inconsistente; na sensibilidade da carta de controle. O uso da simulação
! Identificar e eliminar as causas especiais de variação; computacional permitiu gerar valores possíveis dos erros
! Reduzir as variações por causas estruturais e comuns. para cada valor do mensurando, a partir do conceito de
incerteza de medição. Considerou-se que o erro está
A forma idônea de realizar essas ações de melhoria é composto por uma componente randômica, i.e. o erro de
aplicando controle estatístico de processos (CEP). O CEP repetitividade, uma componente sistemática constante e uma
utiliza gráficos da série de tempo dos estatísticos de posição componente sistemática que depende linearmente do valor
e dispersão do processo para detectar, em tempo real, do mensurando. O efeito da resolução com que se registram
mudanças da média ou do desvio-padrão. Assim, o rol do os dados foi simulado usando uma função arredondamento,
CEP é detectar sinais em presença de ruído: o ruído devido à adequada para instrumentos com leitura digital.
variação por causa comum. Para que isso seja possível, a
carta de controle apresenta limites de controle, localizados a Os resultados mostram que diferentes contribuições à
uma distância de três desvios-padrão a cada lado da linha incerteza influenciam em forma diferenciada à sensibilidade
média. da carta de indivíduos. Destacam-se como especialmente
prejudiciais os efeitos do erro de repetitividade e da
Existem diversos tipos de cartas de controle, dependendo resolução com que se registram os dados. Incertezas
dos estatísticos usados e da forma em que eles são associadas às contribuições sistemáticas de valor constante
processados e interpretados para identificar sinais de na faixa, não influenciam sobre a sensibilidade, mas podem
mudança. Entre estas, a mais simples é a carta de valores fazer com que o processo opere fora do alvo.
individuais, que substitui às tradicionais cartas de Shewhart Surpreendentemente, para processos que operam centrados
quando é técnica ou economicamente inviável formar no alvo, erros linearmente dependentes do valor do
subgrupos (e.g. destruição do produto na avaliação, mensurando possuem pouca influência na sensibilidade da
produção em pequenos lotes, etc.). Sua principal carta.
Esboça-se um critério para avaliar a capacidade de processos A sensibilidade da carta de indivíduos às mudanças no
de medição a serem usados em aplicações de CEP, processo pode ser quantificada por meio da probabilidade
discutindo-o através de comparações com outros critérios de de intervenção no processo ou por meio do comprimento
capacidade existentes. médio de corrida (ou ARL: Average Run Length), que é o
número médio de unidades ou amostras que passam entre
que se produza uma mudança no processo e a carta a
2. A CARTA DE VALORES INDIVIDUALES detecte.
O objetivo principal da CVI é detectar mudanças na média
O ARL diminui com o aumento de magnitude da mudança,
do processo. Para que isso seja possível, os valores medidos tornando-se essencialmente igual a 1, para mudanças da
em unidades ou amostras obtidas seqüencialmente são média maiores a três desvios-padrão do processo. Para
graficados numa carta, junto aos denominados de limites de
processos sem mudança, i.e. estáveis, o ARL é igual ao
controle, que estabelecem um intervalo provável para a
inverso da probabilidade de alarme falso. A característica
variação puramente amostral. Os limites de controle são
funcional do ARL pode ser alterada usando distintos
calculados a partir do desvio-padrão do próprio processo.
conjuntos de regras de detecção. A regra mais simples e
Walter Shewhart instituiu a utilização de limites 3σ, os quais difundida é a tradicional regra de Shewhart: “o processo está
apresentam um bom balance entre a quantidade de alarmes fora de controle quando um ponto aparece fora dos limites
falsos e a perda de sinais de mudança no processo [5].
de controle 3σ”. Quando se usa somente essa regra, a
No mundo real, o desvio-padrão do processo é probabilidade de se produzir um alarme falso é, para
desconhecido, mas pode ser estimado a partir de um certo processos normalmente distribuídos, aproximadamente
número de valores medidos, sempre que estes sejam obtidos 0.27%. A sensibilidade às mudanças no processo pode ser
durante um intervalo no qual o processo apresenta melhorada usando o conjunto de regras conhecido como “da
estabilidade. Geralmente se recomenda coletar um mínimo Western Electric”, que agrega à regra do ponto fora, outras
100 valores individuais, para estimar os limites de controle três regras de corrida (figura 1).
[6]. No caso específico da carta de indivíduos, usa-se a
amplitude móvel de duas medições sucessivas como Regra 1
estimador do desvio-padrão dentro do subgrupo: LSC
Regra 3

mRi = y i − y i −1 ∀i = 2...n (1)


Alvo
Onde n é o número de unidades ou amostras de produto.
Dados n-1 subgrupos sob controle, o desvio-padrão do Regra 2
processo pode ser estimado por: Regra 4 LIC
n
∑ mRi
i=2
mR = (2) Figura 1: As quatro regras da “Western Electric”, usadas para
n −1 detecção de mudanças no processo.

mR O custo a pagar por essa capacidade extra de detecção é,


ˆ y =
σ (3)
d2 além de uma maior complexidade na interpretação da carta,
um aumento da probabilidade de alarme falso. Isto pode ser
Onde d2 = 1,128 para agrupamentos de dois indivíduos. constatado na figura 2:
Observe-se que o desvio-padrão assim estimado está sujeito
a variações com referência ao valor verdadeiro populacional,
devido à amostragem e aos erros de medição. Em geral, na 400
medida que o tamanho da amostra diminui, o valor esperado ARL S
do desvio-padrão estimado aumenta, produzindo o ARLW
300
afastamento dos limites de controle.
Os limites de controle da carta de indivíduos se posicionam
200
a distâncias iguais da média do processo, estimada por:

1 n

100
y= ⋅ y (4)
n i =1 i
0
Assim:
0 1 2 3
_
LSC y = y + 3 ⋅ σ
ˆy
Figura 2: Comportamentos teóricos do ARL para limites 3-sigma,
(5) quando se usa a regra 1 (ARLS) e quando se usam as quatro regras
_
LIC y = y − 3 ⋅ σ
ˆy da “Western Electric” (ARLW).
Dadas as diferenças existentes entre as aplicações reais de Distribuição. do
CEP e as condições sob as quais se calcula o ARL, este não
mensurando
deveria ser interpretado como um indicador absoluto da
sensibilidade da carta de controle para detectar mudanças no
processo [7]. No entanto, isso não invalida seu uso, na
comparação da sensibilidade de diferentes tipos de cartas, ou Distrib.
da sensibilidade da mesma carta quando usada sob do erro
diferentes condições. É nesse sentido que ele é utilizado aleatório Erro sistemático
neste trabalho. constante

3. MODELO E ALGORITMO DE SIMULAÇÃO


Curva
O modelo de simulação foi construído para atender as de erro Erro sistemático
seguintes premissas relativas à distribuição de valores do linear
mensurando:

( )
• Processo de fabricação x ~ N µ p ; σ 0 . Os valores de
Figura 3: Composição do erro de medição para sistemas
dedicados.
µ p e σ 0 caracterizam a distribuição de valores do
A esses erros sistemáticos, agrega-se um erro aleatório puro
mensurando. O valor de µ p varia ao longo da ou de repetitividade, normalmente distribuído:
N (µ 0 ; σ 0 ) durante a
simulação, mantendo o processo
(
E rep ~ N 0; σ rep ) (7)
corrida inicial e mudando para N (µ1 ; σ 0 ) depois da
O valor medido é construído somando o valor do
perturbação da média.
mensurando aos erros de repetitividade, sistemático
• A perturbação da média do processo ∆ = µ1 − µ 0 se constante e sistemático linear, e arredondando para simular
o efeito da resolução. A equação a seguir mostra essa
produz após definidos os limites de controle.
operação, para um evento de resultado da medição:
O problema foi adimensionalizado, definindo µ 0 = 0 e
  x + erep + econst + elin (x ) 1  
σ 0 = 1 . Então, o tamanho da perturbação relativa da média, y (x ) = R ⋅  Int  +  (8)
  R 2  
torna-se δ = (µ1 − µ 0 ) σ 0 .
Onde Int() a função que devolve o inteiro do argumento
A construção e a interpretação da carta de indivíduos foram entre parênteses.
realizadas usando os valores medidos, obtidos a partir dos
valores do mensurando por contaminação com erro de Em metrologia, erros sistemáticos conhecidos são
medição. Assim: corrigidos. Por isso neste trabalho, tornou-se necessário
tratar os erros sistemáticos como residuais (i.e.
• Os limites de controle foram estimados usando a média desconhecidos em valor médio e taxa de variação com o
das amplitudes móveis correspondentes às medições dos valor do mensurando). Esses erros são considerados
100 indivíduos da corrida inicial. geralmente, como contribuições à incerteza de medição. O
• Calcularam-se o RLS (RLW) contando o número de mesmo acontece com o erro de repetitividade, que não pode
valores individuais desde que se produz a perturbação até ser conhecido para cada valor medido.
que a carta, interpretada com a regra 1 (regras da Este trabalho pretende estudar o efeito da incerteza na
Western Electric), fornece o primeiro sinal de fora de sensibilidade da carta de controle. Para isso, o algoritmo
controle. simula o efeito de todos os possíveis erros que são
O modelo de erro de medição usado nesta pesquisa foi consistentes com uma declaração de incerteza determinada
construído para representar o comportamento metrológico (figura 4). Essa simulação é obtida pela mudança do padrão
de sistemas de medição dedicados (figura 3). de erros em cada iteração do laço interno da figura 4,
identificado com “i=1...n”. Essa mudança inclui:
Baseia-se em assumir que no intervalo de variação dos
valores do mensurando, as componentes sistemáticas • A mudança do valor do erro sistemático constante,
residuais de erro podem ser representadas pela soma de um gerando-o aleatoriamente a partir de uma p.d.f. uniforme
erro sistemático constante mais um erro sistemático no intervalo [− Econst ; Econst ] ;
linearmente dependente do valor do mensurando, definido
como zero no alvo de fabricação: • A mudança da pendente C da reta que representa os erros
linearmente dependentes do valor do mensurando, gerada
elin (x ) = C ⋅ (Alvo − x ) (6) aleatoriamente para estar incluída num intervalo

onde Alvo = µ 0 e C é uma constante de proporcionalidade.


[− Elin ; Elin ], com p.d.f. uniforme;
• A mudança dos valores individuais de erro de 4. RESULTADOS DA SIMULAÇÃO
repetitividade, usando uma distribuição normal de σe Inicialmente o modelo foi implementado para entrada
constante. manual de contribuições à incerteza (laço k = 1...m aberto,
Observe-se que, cada vez que se itera no laço interno, a carta na figura 4). Esse modelo foi corrido para processos estáveis
é totalmente reconstruída, com novos valores do δ = 0 e para processos onde a mudança relativa da média é
mensurando e novos limites de controle. Assim, os n valores unitária (δ = 1). Para cada uma destas situações, estudaram-
de RLS e RLW serão portadores de informação sobre a se nove casos diferentes. O caso A corresponde a sistemas
variação amostral, mas também sobre a variação atribuível à de medição perfeitos. Os casos B e C se caracterizam pela
falta de conhecimento que se tem da medição, i.e., sobre a presença de contribuições aleatórias à incerteza. Nos casos
incerteza de medição. Nessa condição, é aceitável calcular D e E somente atuam erros sistemáticos constantes; F e G
os seus valores médios, ARLS e ARLW, já que todos os RLS e são casos em que somente existem erros sistemáticos
RLW obtidos no laço “i = 1...n” correspondem a condições de linearmente dependentes do valor do mensurando.
medição não diferenciáveis, metrologicamente (i.e. mesmo Finalmente, os casos H e I estudam o efeito da resolução.
valor e composição da incerteza de medição). Mais detalhes Em todos os casos a corrida inicial foi de 100 indivíduos.
sobre este modelo de simulação de erros consistentes com
Os valores das contribuições à incerteza para cada caso
uma determinada declaração de incerteza podem ser achados
podem se observar na tabela 1. No cabeçalho da tabela
nas referências [8] e [9].
podem-se observar as variáveis adimensionais que
determinam às diferentes contribuições à incerteza.
Início
Tabela 1: Valores dos parâmetros de simulação para estudo de
influência das variáveis
• Corrida inicial
σ rep Econst Elin R
Caso

• Estimação dos ε= γ= λ= ρ=
limites de controle σ0 σ0 σ0 σ0

A 0 0 0 0
Perturbação B 0,5 0 0 0
i=1...n da média δ δ=0...3
C 1 0 0 0
D 0 0,87 0 0
Determinação de E 0 1,73 0 0
RLS e RLW
F 0 0 0,87 0
G 0 0 1,73 0
Estimar
ARLS - ARLW H 0 0 0 0,1
I 0 0 0 1
k=1...m
Mudar δ Nas figuras 5 e 6 podem-se observar os resultados da
simulação para processos estáveis. A figura 5 fornece os
4 00

3 00
A R LS
A R LW
valores médios de ARLS com seu intervalo de confiança
2 00 95%, quando a carta é interpretada usando somente a regra 1
1 00

0
ou de Shewhart. A figura 6 traz os valores de ARLW,
0 1 2 3

correspondentes à aplicação das regras da Western Electric.

Mudar composição 1000

da incerteza 900
800

A RL S 700

600
δδ εε 500
400
300
A B C D E F G H I
Fim

Figura 5: Efeito de diferentes contribuições à incerteza no ARLS,


Figura 4: Fluxograma geral do algoritmo de simulação. quando δ=0 (processo estável).
Na figura 5, pode-se observar que todos os valores de ARLS, “enxerga” os desvios da média como sendo
incluindo o caso com sistema de medição perfeito, se acham proporcionalmente menores na medida que o desvio-padrão
por cima da linha que representa o valor teórico para limites do erro de repetitividade aumenta.
3σ (figura 2). Essa diferença comum está associada à sobre-
estimação dos imites de controle, devida ao uso de amostras
150
pequenas (100 unidades neste caso).
130
Relativo ao efeito de erros aleatórios os resultados 110
encontrados, concordam com os obtidos por Mittag e
Stemman [3], permitindo afirmar que a probabilidade de 90
alarme falso não é afetada pelos erros aleatórios de medição. 70
Erros sistemáticos constantes e linearmente dependentes do
mensurando, também não afetam o valor de ARLS quando se 50
trata de processos estáveis. O único caso que apresenta uma 30
diferença significativa é o caso I, caracterizado por um alto A B C D E F G H I
valor de resolução. Este fenômeno pode ser explicado,
considerando que a resolução produz um arredondamento Figura 7: Efeito de diferentes contribuições à incerteza no ARLS,
dos resultados de medição, levando a um acúmulo de quando δ=1.
valores na proximidade da linha média e, portanto, dentro
dos limites de controle.
18

95 16
90
85 14
80
75 12
70
10
65
60
8
55
A B C D E F G H I
50
A B C D E F G H I
Figura 8: Efeito de diferentes contribuições à incerteza no ARLW,
quando δ=1.
Figura 6: Efeito de diferentes contribuições à incerteza no ARLW,
quando δ=0 (processo estável).
Como nos casos com δ = 0, efeito da resolução não é fácil
de explicar. Cabe destacar aqui, que cartas operadas com
Na figura 6, pode-se observar que o uso das regras de uma resolução igual ao desvio-padrão dos valores do
detecção 2, 3 e 4 torna a carta mais robusta, com referência à mensurando perdem capacidade de detecção,
variação amostral dos limites de controle. Novamente, o independentemente das regras usadas para interpretá-las.
caso I resulta num valor de ARLW significativamente
diferente dos outros. No entanto, nota-se que quando se Com base nestes resultados, foi estudada a variação de ARLS
usam as regras da Western o efeito da resolução é inverso e ARLW com o valor da mudança da média do processo, para
daquele observado na figura 5: agora, a probabilidade de distintos valores de desvio-padrão de erro de repetitividade.
alarme falso é aumentada. Isso pode ser devido ao acúmulo Estes estudos foram realizados para dados obtidos com
de valores iguais na carta, levando que as regras 2, 3 e 4 resolução zero e com resolução igual ao desvio-padrão do
produzam sinais de fora de controle, com maior freqüência. processo (ρ=0 e ρ=1). Isso resultou nos gráficos
tridimensionais das figuras 9 a 12.
Nas figuras 7 e 8 podem-se observar os resultados na
Na figura 9 pode-se observar que o valor de ARLS se
detecção de desvios da média iguais ao desvio-padrão do
mantém constante e arredor de 600 para processos estáveis.
processo. Entre os casos analisados, destacam-se aqueles
Isso resulta numa probabilidade de alarme falso de
com influência de contribuições aleatórias à incerteza (casos
aproximadamente 0,17%. Pode-se observar também que, as
B e C) e com influência da resolução (caso I). Em todos
maiores diferenças entre a performance sem erro e com erro
esses casos se observa um aumento de ARLS e ARLW, ou
se dão para perturbações de processo no intervalo 0,6 ≤ δ ≤
seja, uma deterioração na capacidade de detecção de
1,4. A influência do erro de repetitividade não é expressiva
mudanças no processo. Comparando os casos B e C, pode-
se concluir que quanto maior o desvio-padrão relativo do para detecção de mudanças δ > 1,4.
erro de repetitividade, maior valor de ARLS e ARLW. Isso O comportamento do ARLW e similar do ARLS (figura 10).
pode ser explicado, quando se considera que a carta, cujos Para processos estáveis, o ARLW se mantém arredor de 90,
limites de controle já estão contaminados pela presença do independente do desvio-padrão do erro de repetitividade. A
erro de medição nas 100 valores obtidos na corrida inicial, probabilidade de alarme falso é aproximadamente 1,1%, o
que implica em um alarme falso, a cada 100 valores obtidos
de um processo estável.
ARLS

ARLS

δ ε

δ ε Figura 11: Influência do desvio-padrão do erro de repetitividade ε


no ARLS, para distintos valores de δ (ρ=1).
Na figura 12 se pode observar que o comportamento do
Figura 9: Influência do desvio-padrão do erro de repetitividade ε ARLW é praticamente independente do erro de repetitividade,
no ARLS, para distintos valores de δ (ρ=0).
quando os dados estão afetados por uma resolução ρ = 1. No
entanto, comparando com o caso ρ = 0 (figura 10) se nota
uma diminuição geral dos valores. Em particular, para
processos estáveis, o ARLW fica em torno de 55, o qual
ARLw resulta numa probabilidade de alarme falso de 1,8%: um
alarme falso cada 55 valores obtidos de um processo estável.

ARLw

δ ε

Figura 10: Influência do desvio-padrão do erro de repetitividade ε


no ARLW, para distintos valores de δ (ρ=0).
δ ε
Nas figuras 11 e 12 pode-se observar ainda o efeito
superposto do erro de repetitividade (considerado variável) e
a resolução com que se registram os dados (fixada em ρ = Figura 12: Influência do desvio-padrão do erro de repetitividade ε
1). Na figura 11, se pode observar que para processos no ARLW, para distintos valores de δ (ρ=1).
estáveis, o ARLS é afetado pelo desvio-padrão do erro de
repetitividade, diminuindo na medida que o erro aumenta.
Observa-se também que esse comportamento apresenta alta 5. UM CRITÉRIO DE CAPACIDADE
variabilidade. Embora sejam preliminares, os resultados apresentados na
seção anterior, permitem esboçar algumas recomendações
para a seleção de sistemas de medição, que podem ser
utilizados em aplicações da carta de controle de valores
individuais. Estas recomendações têm foco na sensibilidade
da carta para detectar mudanças na média do processo e não validade exclusiva quando os dados gerados pelo processo
na sua capacidade para posicionar essa média no alvo de de medição são usados para tomar decisões sobre o processo
fabricação. de fabricação, a partir da análise de uma carta de controle de
valores individuais.
• O desvio-padrão do erro de repetitividade deveria ser
menor que 0,5 desvio-padrão da distribuição de valores
do mensurando para que a mudança na capacidade de 6. DISCUSSÃO
detecção da carta de indivíduos seja desprezível.
O critério expressado em (10) foi comparado com alguns
• A resolução com que se registram os dados deveria ser critérios existentes de capacidade de amplo escopo,
menor de 0,2 desvio-padrão da distribuição de valores do detalhados na tabela a seguir:
mensurando.
Tabela 2: Equações dos critérios de capacidade que usam o
• Erros sistemáticos residuais independentes do valor do desvio-padrão dos erros de medição
mensurando não afetam a capacidade de detecção de
mudanças no processo, mas introduzem uma incerteza na Critério Equação
posição do mesmo.
2 2
• Erros linearmente dependentes do valor do mensurando EMP [10] Dr = 2 ⋅ σ m σ rep − 1 ≥ 4 (13)
não afetam a capacidade de detecção de mudanças no
0 ,2 ⋅ Tol
processo, sempre que a média do processo esteja
Bosch [11] Cg = ≥ 1,33 (14)
posicionada no em torno do alvo do processo, onde esses 6 ⋅ σ rep
erros são definidos como zero.
σR&R
MSA [12] R & R(%TV ) = ⋅ 100 ≤ 30% (15)
Estas recomendações não se encontram ainda numa forma σTV
prática para o metrologista, devido a sua dependência do
desvio-padrão de valores do mensurando.
O critério expressado pela equação (14) foi reformulado,
Se as recomendações propostas neste trabalho são atendidas,
para expressá-lo em termos do desvio-padrão das medições.
somente o desvio-padrão do erro de repetitividade afetará o
Para isso, recorreu-se ao índice de potencial de processo:
desvio-padrão da distribuição de valores medidos:
Tol
2 2 2
σ m = σ 0 + σ rep (9) Cp = (16)
6 ⋅ σm
Assim, o critério que limita o valor do desvio-padrão do erro Assim, resulta uma equação paramétrica:
de repetitividade pode ser expresso como:
0 ,2 ⋅ Cp ⋅ σ m
2 Cg = ≥ 1,33 (16)
σ rep σ rep
⋅ 100 ≤ 20% (10)
2
σm Para poder comparar com o critério expressado pela (15), foi
necessário assumir que a variação associada à
O critério que limita o valor da resolução foi alterado para: reprodutibilidade (e.g. mudança de operador) é nula. Isso
Re s está alinhado com o pensamento de Wheeler, quem postula
⋅ 100 ≤ 20% (11) que as tendências e inconsistências entre operadores devem
σm ser eliminadas antes que se possa afirmar que existe um
processo de medição único [13]. Aceitando essa condição:
que resulta ligeiramente menos conservativo. Considerando
σ rep
R & R(%TV ) =
as equações (10) e (11), pode-se afirmar:
⋅ 100 ≤ 30% (16)
σm
2
σ rep 
⋅ 100 ≤ 20%  A comparação destes critérios com o proposto neste artigo
2 
σm  foi realizada substituindo em cada critério o valor limite da
 ⇔ Processo de medição adequado (12) 2 2
relação σ rep σ m = 0 ,2 .
R 
⋅ 100 ≤ 20% 
σm  Na tabela 3 se pode observar que processos de medição
 aprovados pelo critério proposto seriam reprovados pelos
critérios comumente usados na atualidade (equações 13 a
Deve-se observar que os limites expressados pelo sistema de 15). Isso pode conduzir a soluções de medição mais cara do
equações (12) não são arbitrários nem empíricos, senão que estritamente necessário, para atender o requisito de
estão derivados da análise científica do comportamento da sensibilidade da carta.
carta de valores individuais, quando construída a partir de
dados com incerteza. Desta forma, a (12) constitui um
critério de capacidade orientado à aplicação, ou seja, de
Tabela 3: Resultados da comparação com os critérios de perda de sensibilidade quando a carta de valores individuais
capacidade que usam o desvio-padrão dos erros de medição é aplicada.
2 2 Resta ainda uma pergunta: pode se usar a incerteza de
Critério Resultados para σ rep σ m = 0 ,2
medição para selecionar e validar processos de medição a
EMP Dr = 3 ≤ 4 serem usados em aplicações da carta de indivíduos? Os
resultados permitem afirmar que não. Neste trabalho foi
Cp=1 Cg = 0,447 ≤ 1,33
demonstrado que nem todas as componentes que contribuem
Cp=1,33 Cg = 0,595 ≤ 1,33 à incerteza influenciam com a mesma intensidade na
Bosch
Cp=1,67 Cg = 0,747 ≤ 1,33 sensibilidade da carta de valores individuais. Contribuições
Cp=2 Cg = 0,894 ≤ 1,33 associadas a erros sistemáticos constantes e linearmente
MSA R&R(%TV) = 44,7% ≥ 30% dependentes do valor do mensurando não tem influência
significativa. A resolução, por outra parte, possui uma
O critério que estabelece um limite para a resolução com influência que está muita além do grau em que ela contribui
que se registram os dados foi comparado com os seguintes à incerteza. Assim, processos de medição com o mesmo
critérios de uso comum na indústria: valor de incerteza, mas com diferentes relações entre as
contribuições de distinta natureza, terão diferente
Tabela 4: Equações dos critérios de capacidade que usam a performance quando usados para fornecer dados para a carta
resolução com que se registram os dados de valores individuais. Nesse sentido, a incerteza não é uma
métrica confiável.
Critério Equação
Deve-se observar, por outra parte, que os resultados aqui
R apresentados não podem ser usados em forma autônoma, por
Bosch [11] ⋅ 100 ≤ 5% (13) serem específicos de um tipo de aplicação determinada,
Tol
analisada desde um certo ponto de vista: a carta de valores
R
⋅ 100 ≤ 10% (14) individuais, considerando a sensibilidade desta, para
Tol detectar mudanças no processo. Um sistema de medição
MSA [12]
R aplicado em CEP também deve fornecer informação
⋅ 100 ≤ 10% (15) confiável para posicionar a média do processo. Nesse
6 ⋅ σTV
sentido, erros sistemáticos residuais são relevantes. Nessa
Os critérios baseados na tolerância foram expressos em área, o trabalho de Hamburg-Piekar et al. pode fornecer
função do potencial de processo Cp e do desvio-padrão das algum subsídio [13].
medições. A comparação destes critérios com o proposto
neste artigo foi realizada substituindo em cada critério o 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
valor limite da relação R σ m = 0,2 . Os resultados da
Neste trabalho foi analisada a influência que erros de
comparação foram detalhados na tabela 5.
distinta natureza têm na sensibilidade da carta de valores
individuais, quando ela é interpretada usando a regra de um
Tabela 5: Resultados da comparação com os critérios de
capacidade que usam a resolução com que se registram os dados
ponto fora dos limites de controle e quando são usadas as
quatro regras da Western Electric. Como indicador de
Critério Resultado para R σ m = 0,2 performance foi usado o comprimento médio de corrida ou
ARL.
Cp=1 (R Tol ) ⋅ 100 = 3,33% ≤ 5%
Cp=1,33 (R Tol ) ⋅ 100 = 2,5% ≤ 5% Usando simulação computacional foi demonstrado que erros
sistemáticos linearmente dependentes do valor do
Bosch
Cp=1,67 (R Tol ) ⋅ 100 = 0,747 ≤ 5% mensurando não possuem influência significativa na
Cp=2 (R Tol ) ⋅ 100 = 2% ≤ 5% sensibilidade da carta. Por outra parte, os erros aleatórios, ou
de repetitividade, e a resolução com que se registram os
Cp=1 (R Tol ) ⋅ 100 = 3,33% ≤ 10% dados foram identificados como fatores altamente
Cp=1,33 (R Tol ) ⋅ 100 = 2,5% ≤ 10% influentes. A partir desses resultados, foram gerados dois
critérios para julgar a adequabilidade de processos de
MSA Cp=1,67 (R Tol ) ⋅ 100 = 2% ≤ 10% medição, o primeiro focado no desvio-padrão de
repetitividade e o segundo na resolução. Ambos critérios
Cp=2 (R Tol ) ⋅ 100 = 1,67% ≤ 10% usam como valor de comparação o desvio-padrão estimado
(R 6 ⋅ σ m )⋅ 100 = 3,33% ≤ 10% do processo. Os valores limites das relações correspondentes
foram definidos de forma tal, a tornar aceitável a diferença
Neste caso, observa-se que processos de medição que seriam de sensibilidade entre a carta construída com dados sem erro
aprovados pelos critérios da Bosch e MSA poderiam ser e a carta construída com dados que apresentam valores
reprovados pelo critério proposto neste artigo. Assim, esses limite de erro de repetitividade e resolução.
critérios podem conduzir à seleção de sistemas de medição A comparação destes critérios com critérios existentes
com resolução insuficiente, resultando numa excessiva mostrou que estes tornam-se mais conservativos no referente
ao erro de repetitividade e mais permissivos com referência
à resolução.
Os resultados aqui apresentados não são conclusivos e nem
autônomos. Eles são um passo adiante na formulação de
critérios de adequabilidade da medição que foquem mais nas
conseqüências da medição no produto e no processo, e
menos nas propriedades metrológicas da medição. Neste
sentido, eles precisam ser estendidos a outros tipos de cartas
de controle e ferramentas da garantia da qualidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Junho de 2003.

Janaína Helena Cardoso da Silva, Labmetro, Universidade Federal


de Santa Catarina, Caixa Postal 5053, 88040-970, Florianópolis,
SC-Brasil, telefone +55 48 239 2035, fax +55 48 239 2009,
jhs@labmetro.ufsc.br

Prof. Gustavo Daniel Donatelli, Labmetro, Universidade Federal


de Santa Catarina, Caixa Postal 5053, 88040-970, Florianópolis,
SC-Brasil, telefone +55 48 239 2037, fax +55 48 239 2009,
donatelli@labmetro.ufsc.br

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