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Uma nova terapia para política?

Andrew Samuels
http://www.ajb.org.br/jung-rj/artigos/nova_terapia_para_politica.htm

Este artigo foi publicado no “The Times Higher Education Supplement”, em janeiro de 2001.

A crise na política é também uma oportunidade para a revitalização do sistema, argumenta o


psicoterapeuta britânico Andrew Samuels em seu novo, controverso e muito debatido livro Política no
Divã

Psicoterapeutas sempre acreditaram que seus insights poderiam ser tão úteis para a sociedade o quanto o
são para seus pacientes. Freud falou da compreensão dos “Enigmas do mundo”, enquanto Jung disse que
os terapeutas “não podem evitar a confrontação com a História contemporânea”. Porém, categoricamente
negando a ajuda oferecida, o mundo nunca apareceu para sua primeira sessão de terapia. E talvez não
fazê-lo tenha sido um ato de sabedoria. Muitas tentativas de relacionar idéias psicoterapêuticas à assuntos
sociais acabaram se limitando a nada mais do que a insistência de que tudo é psicológico – o que permite
que os terapeutas mantenham uma postura de superioridade. Enquanto isso, a moda de analisar figuras
políticas em público vem sendo, com certa razão, ridicularizada. Deteriorando a imagem do terapeuta de
um comentarista socialmente responsável.

No entanto, se os conceitos terapêuticos ainda não foram devidamente aplicados em nossa vida política,
talvez tenha finalmente chegado a hora. É cada vez maior o número de pessoas que repudiam o sistema
político atual e também vem aumentando a sensação de que as providências políticas em voga não têm o
poder de resolver nossos problemas sociais. Nós poderíamos nos tornar cada vez mais dispostos à pensar
em abordagens alternativas. Enquanto que a política sempre tratará de lutas pelo poder e controle dos
recursos, uma nova compreensão está surgindo de que, tal como nos ensinou o feminismo, tudo o que é
pessoal é na verdade político - e vice versa. E nesse sentido os terapeutas podem ter alguma coisa para
contribuir.

Observe a questão da liderança. Um dos mais perigosos, antiquados, mas ainda persistentes temas da
nossa vida política é a crença no líder heróico. Mas enquanto a liderança remeter à uma estória de heróis,
nós continuaremos a ter uma camada social mais baixa desmoralizada e uma elite faminta por poder. O
que nós precisamos, portanto, é mudar o relacionamento psicológico entre políticos e cidadãos. Nós
temos que aceitar a idéia de que nossos líderes inevitavelmente nos desapontarão em algum momento, e
que a liderança é, num certo sentido, a arte de administrar o fracasso. A gente pode então olhar para esses
defeitos e ver o que nós podemos aprender com eles, ao invés de ficar culpando o velho e ansiando por
um novo líder heróico. Este é o tipo de processo ao qual os terapeutas e seus clientes estão engajados em
sua rotina. Na esfera pública, nós temos que tentar sempre, por mais doloroso que seja, estipular um novo
acordo com as limitações daqueles que um dia a gente infantilmente admirou, finalmente aceitando que
ninguém pode ser melhor do que “suficientemente bom”. E nós temos que encontrar isso dentro de nós
mesmo para ir além do cinismo e da sensação de abandono (que podem ser igualmente infantis) e confiar
num dado momento em um certo líder.

Para mudar nossas idéias sobre os líderes também precisamos mudar nossa visão de nós mesmos
enquanto cidadãos. Muito tem sido escrito sobre a apatia ultimamente. Existe no entanto, um consenso de
que o problema estaria relacionado à muita paixão, exageradas aspirações e à crença em soluções
perfeitas- o que conduz, inevitavelmente ao desapontamento e a retração. O que parece ser uma apatia é
na verdade um difuso sentimento de impotência, freqüentemente associado a uma intensa autocrítica.
Sentindo-nos assim não podemos realizar nada daquilo que sabemos que precisa ser feito – Nós não
temos nem o poder nem temos um método para solucionar os assustadores problemas da pobreza,
injustiça,despoluição do meio ambiente - nós desistimos da política, nos encerramos em nossas vidas
privadas (deixando nossos valores e aspirações políticas adormecerem) e não fazemos nada. Novamente,
as idéias da psicoterapia poderiam ser úteis nesse contexto. Se nós pudermos aceitar que a perfeição
política é inatingível, e se nós nos perguntarmos se somos cidadãos “suficientemente bons” (do mesmo
modo que a gente espera por líderes suficientemente bons), nós talvez possamos nos libertar dessa
sensação de desespero que nos paralisa no presente, de forma que aquelas esperanças e impulsos políticos
possam despertar novamente.

Mesmo aqueles que se descreveriam como despolitizados - pessoas que não participam diretamente de
nenhum processo político- costumam possuir sentimentos pessoais sobre os eventos políticos. No entanto,
a visão tradicional da política tem mostrado que no mundo não há um meio de vazão para esses
sentimentos. Em workshops sobre política que eu venho conduzindo ao longo dos anos, eu sou
continuamente arrebatado pela quantidade de energia política contida (oposta ao poder político) que
existe nas classes baixas de modo geral. Pessoas descrevem todo tipo de reação corpórea e emocional aos
eventos em Kosovo, ou ao problema dos sem-teto, ou da falta de espírito de comunidade aonde moram.
Porém essas pessoas não vêem forma de transformar essas reações em ações políticas práticas. Elas
simplesmente sentem-se sobrecarregadas com esse tipo de emoção. Um dos objetivos dos workshops é
encontrar maneiras de articular os sentimentos que os participantes têm em relação à eventos e questões
políticas, podendo assim lidar com eles de uma maneira diferente no campo ‘racional’. Reforçando
novamente as semelhanças entre esse processo e o da terapia. Cidadãos são capacitados a desbloquear
tanto suas energias políticas quanto as psicológicas.

Outra coisa que eu descobri nesses workshops foi que o modo como as pessoas se relacionam com
política depende muito de suas personalidades e traços de caráter -- um fato que não é levado em conta
quando dividimos os cidadãos em grupos que são apenas baseadas em suas opiniões e suas inclinações
partidárias. Em relação à política, como na vida em geral, existem pessoas extrovertidas e introvertidas.
Igualmente, existem pessoas que tendem a reagir espontaneamente de acordo com as emoções nelas
suscitadas enquanto outras pensam e repensam tudo nos mínimos detalhes até tomarem uma posição.

Por inúmeras razões, algumas relativas ao background pessoal outras ao temperamento inato, o modo
pelo qual as pessoas manifestam suas naturezas políticas é bem diverso. Alguns se tornam violentos
terroristas, outros pacifistas. Alguns buscam respaldo empírico para suas idéias; outros improvisam.
Alguns gostam de participar de atividades políticas cooperativas; outros agüentam o pesadelo de realizar
tarefas em grupo apenas com a finalidade de atingir o que se está sendo perseguido.

A concepção de diferentes estilos ou tipos políticos é muito útil na compreensão de conflitos, sejam eles
interpessoais, dentro de alguma organização, ou entre nações. Assim como os introvertidos e os
extrovertidos sofrem de uma incompreensão mútua, as pessoas de um determinado tipo político
freqüentemente não têm nenhuma idéia de como pessoas de um tipo diferente do seu estariam realmente
“fazendo” política. Isso não quer dizer que o conteúdo político seja irrelevante, mas apenas que grupos
com objetivos completamente diferentes tendem a usar métodos semelhantes para alcançar seus
propósitos. E que indivíduos com objetivos similares podem se expressar e atuar de maneira
completamente diferente e discordar de como membros do seu grupo agem para alcançar seus propósitos.
Se por um lado a existência de diferentes tipos políticos pode gerar discórdia num mesmo grupo, por
outro, também é verdade que grupos que se opõem podem descobrir que têm muito mais em comum do
que eles supunham.

Há alguns anos atrás eu ministrei alguns grupos de discussão em Jerusalém, com participantes israelenses
judeus e palestinos. Eu sugeri ao grupo uma lista contendo vários tipos políticos e os convidei a escolher
um ou dois tipos que se adequassem mais às suas personalidades. (A lista continha os seguintes tipos:
Guerreiro, terrorista, exibicionista, líder, ativista, paternal, seguidor, criança, mártir, vitima, malandro,
curandeiro, negociador, agregador, diplomata, filosofo, místico, indulgente.) Logo ficou claro que
existiam similaridades de tipos políticos que iam de encontro à divisão ideológica dos dois grupos. Então
se tornou possível conectar indivíduos do mesmo tipo político desses dois grupos distintos. Usando esse
novo tipo de formação aonde agregadores conversavam com agregadores e terroristas com terroristas, os
diálogos se tornaram menos inibidos e mais engajados.
Finalmente, eu gostaria de comentar sobre como a incidência de depressão nos E.U.A aumentou
consideravelmente na ultima década. A minha predição é de que a experiência da eleição Presidencial vá
elevar esses números ainda mais. Por que? Nós sabemos que no fundo da experiência da depressão
encontram-se sentimentos de culpa e autocensura. Mas o que os terapeutas regularmente encontram por
trás desses sentimentos são ódio, raiva e agressividade. O que provoca a depressão é a fantasia infundada
de que a raiva que as pessoas sentem destruiu algo ou alguém valioso, o que acaba causando esse
sentimento de culpa.

Nosso crescente entendimento de que experiência emocional e social estão conectadas é de muito auxílio
nesses casos. Além do mais, muitos grupos em nossa sociedade têm boas razões para se sentirem
raivosos: Pobres, minorias étnicas, mulheres (e alguns homens), pessoas com problemas de saúde, pais
que não têm um colégio adequado onde seus filhos possam estudar, trabalhadores em empregos
destruidores da alma, e cidadãos amedrontados com o que fazemos com o meio ambiente. Você nem
precisa sofrer diretamente desses problemas pra sentir raiva, por serem esses problemas coletivos. E as
eleições deixaram muitos Americanos muito irritados - - e depressivos-- naturalmente.

© Andrew Samuels 2001. Todos os direitos reservados.

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