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e bicondicionais
Proposições condicionais
Num debate sobre algum tema importante, é comum utilizarmos ideias
que procuram sustentar nossos argumentos. Essa sustentação, muitas vezes,
se dá por uma relação entre causa e consequência, asserção com razão ou
hipótese com tese. As proposições que estudaremos a partir de agora intro-
duzem os raciocínios mais sutis, presentes em diversas situações cotidianas,
e nos auxiliam tanto na linguagem falada quanto na escrita.
Se x = 3, então x2 = 9.
Se 2 + 5 = 7, então 7 – 5 = 2.
se p, então q:
p implica q:
p somente se q:
Para entender como pode ser obtido o valor lógico de uma proposição
condicional, considere outro exemplo:
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Proposições condicionais e bicondicionais
p q p q
V V V
V F F
F V V
F F V
Exemplo 1:
De acordo com a regra que permite aferir valor lógico a uma proposição
condicional, observe algumas sentenças com os respectivos valores lógicos:
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Proposições condicionais e bicondicionais
“Se uma semana possui 8 dias, então Ernesto Geisel não foi presidente
da República brasileira.”
A proposição “Se uma semana possui 8 dias, então Ernesto Geisel não foi
presidente da República brasileira” é verdadeira, pois tanto a primeira propo-
sição (p) quanto a segunda proposição (q) são falsas.
Exemplo 2:
A proposição “Se não sei meu nome, então não sei o seu” pode ser escrita
de outras formas equivalentes:
1.ª forma: “Não saber meu nome implica não saber o seu.”
2.ª forma: “Não sei o meu nome somente se não sei o seu.”
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Proposições condicionais e bicondicionais
3.ª forma: “Não saber o meu nome é condição suficiente para não saber
o seu.”
4.ª forma: “Não saber o seu nome é condição necessária para não saber o
meu.”
Exemplo 3:
Por outro lado, a proposição “ir à missa” é condição necessária para a ocor-
rência da proposição “hoje é domingo”. Assim, temos:
Exemplo 4:
Exemplo 5:
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Proposições condicionais e bicondicionais
Exemplo 6:
Proposição recíproca
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Exemplo 3:
A proposição “Se sou carioca, então sou brasileiro” tem como recíproca a
proposição “Se sou brasileiro, então sou carioca”.
Proposição inversa
Portanto, ambas podem ter valores lógicos diferentes, não sendo, assim,
logicamente equivalentes.
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Exemplo 3:
A proposição “Se sou carioca, então sou brasileiro” tem como inversa a
proposição “Se não sou carioca, então não sou brasileiro”.
Proposição contrapositiva
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Proposições condicionais e bicondicionais
Logicamente Equivalentes
(p q) ≡ (~q ~p)
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Exemplo 3:
Implicação material
Além da proposição contrapositiva, ~q ~p, a proposição condicional
p q possui outra proposição equivalente, porém, não condicional. A pro-
posição ~p q, chamada de implicação material, é equivalente à proposição
condicional p q. Para comprovar essa equivalência, vamos construir as cor-
respondentes tabelas-verdade.
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Proposições condicionais e bicondicionais
p q ~p p q ~p q
V V F V V
V F F F F
F V V V V
F F V V V
Equivalentes
p q ≡ ~p q
Exemplo:
Proposição condicional:
Contrapositiva:
Implicação material:
Observação:
Observe a tabela-verdade:
p q ~p ~q p q ~p ∨ q p ~q
V V F F V V F
V F F V F F V
F V V F V V F
F F V V V V F
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Proposições condicionais e bicondicionais
~(p q) ≡ p ~q
Exemplo:
Proposição condicional:
Negação:
Proposições bicondicionais
As proposições bicondicionais são formadas a partir de proposições con-
dicionais. Assim, quando ocorrer simultaneamente as proposições “se p,
então q” e “se q, então p”, dizemos que também ocorre a proposição bicondi-
cional “p se, e somente se, q” e a representamos por p q .
conjunção
(p q) (q p) ≡ (p q)
Condicional recíproca bicondicional
p equivale a q:
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Proposições condicionais e bicondicionais
Observe ainda que esses valores da última coluna podem também ser
obtidos através dos valores lógicos da primeira e segunda colunas. Nesse
caso, quando p e q têm valores iguais, a bicondicional tem valor V, e quando
p e q têm valores diferentes, a bicondicional tem valor F.
Exemplo 1:
p: x é divisível por 3
q: y é múltiplo de 5
p q
q p
~p ~q
~q ~p
p q
~p ~q
Exemplo 2:
Sejam as proposições:
p: 10 é múltiplo de 4.
q: 10 é par.
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Proposições condicionais e bicondicionais
p q:
q p:
~p ~q:
~q ~p:
p q:
p q ~p ~q p q q p ~p ~q ~q ~p p q
F V V F V F F V F
Exemplo 3:
p q ~q p ~q p q ~(p q)
V V F F V F
V F V V F V
F V F F V F
F F V F V F
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Proposições condicionais e bicondicionais
Exemplo 4:
Considere as proposições:
p: João é casado
p q
~q p
p q
q p
~q ~p
p→q
p→q
~p ↔ ~q
Exemplo 5:
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Proposições condicionais e bicondicionais
p q
~q r
p r
~q ~r
~p (~r q)
(p ~r) q
Conjuntos
É possível relacionar as proposições condicionais e conjuntos. Isso pode
ser feito naturalmente pela associação de conceitos matemáticos com concei-
tos lógicos. Para uma melhor compreensão, atente para alguns conceitos.
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Proposições condicionais e bicondicionais
Elementos de conjuntos
Os deputados federais são eleitos para representar os interesses da socie-
dade brasileira no Congresso Nacional, em Brasília.
Deputado Federal 1
Deputado Federal 2
Deputado Federal n
Senador 1
Senador 2
Senador m
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Proposições condicionais e bicondicionais
Exemplo 1:
Exemplo 2:
Exemplo 3:
S = {x/ x2 – 5x + 6 = 0}
– (– 5) ± (–5)2 – 4 . 1 . 6 5±1
x2 – 5x + 6 = 0 ⇒ x = ⇒x= ⇒ x = 2 ou x = 3
2.1 2
Logo, o conjunto solução S da equação é S = {2, 3}:
S
2 3
Diagrama
x = 2 22 – 5 . 2 + 6 = 0 0 = 0 (igualdade verdadeira)
x = 3 32 – 5 . 3 + 6 = 0 0 = 0 (igualdade verdadeira)
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Proposições condicionais e bicondicionais
Observação:
Subconjuntos
Assim como elementos podem estar associados a conjuntos utilizando os
símbolos correspondentes a pertence ( ) e não pertence ( ), dois conjuntos
podem estar também relacionados por meio dos símbolos (está contido)
ou (não está contido). Como exemplo, considere:
B: políticos brasileiros
B
C
Nesta representação
C está contido no B
B: políticos do Brasil
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Proposições condicionais e bicondicionais
B
A
Nesta representação
o conjunto A não
está contido em B
Exemplo:
C B
1 4
0 2
5
3
Conjunto vazio
Um conjunto qualquer pode ter muitos elementos, até infinitos elemen-
tos podem ocorrer. Por outro lado, um conjunto pode também não ter ele-
mentos. Quando um conjunto não possui elemento algum é chamado de
conjunto vazio.
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Proposições condicionais e bicondicionais
Observações:
Exemplo 1:
( V ) {2, 3} {2, 3, 4}
( V ) Se A BeB C, então A C.
( V ) Se A BeB A, então A = B.
Exemplo 2:
Para satisfazer tal relação, X deve conter {3, 4} e, ao mesmo tempo, estar
contido em {2, 3, 4, 5}. Assim, existem quatro conjuntos possíveis para X:
X = {2, 3}
X = {2, 3, 4}
X = {2, 3, 5}
X = {2, 3, 4, 5}
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Proposições condicionais e bicondicionais
0 405 Km
Por esse motivo, podemos escrever: Todo inglês é europeu. E representar: Pessoa
inglesa → Pessoa europeia, ou seja: Se uma pessoa é inglesa, então é europeia.
Observação:
Em Lógica, quando utilizamos a proposição “p → q” (se p, então q), estamos
relacionando dois conjuntos: P (formado pelos elementos que satisfazem a pro-
priedade p) e Q (formado pelos elementos que satisfazem a propriedade q), de
forma que todos os elementos de P sejam elementos de Q, ou seja, P ⊂ Q.
p → q corresponde a P ⊂ Q.
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Proposições condicionais e bicondicionais
Exemplo 1:
Considere as definições:
p: Ana é inglesa
q: Ana é europeia
e as designações
Entretanto, a proposição:
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Proposições condicionais e bicondicionais
é equivalente a:
Europeus
Ingleses
Ana Ana
Proposição condicional:
Exemplo 2:
Considere as definições:
p: Bruno é carioca
q: Bruno é brasileiro
e as designações:
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Proposições condicionais e bicondicionais
Exemplo 3:
Considere as ações:
p: Estudar
q: Aprovação no concurso
e as designações:
Da mesma forma:
Exemplo 4:
Pessoas apressadas
Pessoas que
dirigem rápido
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Proposições condicionais e bicondicionais
Exemplo 5:
Verdes
Plantas
Proposição condicional:
Plantas → Verdes
Isso pode ser verificado no diagrama anterior: os elementos que não per-
tencem ao conjunto dos “Verdes” necessariamente não pertencem ao con-
junto das ”Plantas”.
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Proposições condicionais e bicondicionais
Exemplo 6:
Honestos
Advogados
A proposição:
Observe:
Proposição condicional:
Advogados → Honestos
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Proposições condicionais e bicondicionais
(MACHADO, 2000, p. 9)
Explique como essa única pergunta feita a qualquer um dos homens possi-
bilitou a identificação da origem de cada um deles.
Comentário do autor:
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Proposições condicionais e bicondicionais
Atividades de aplicação
1. Considere as proposições simples:
p: 7 é um número ímpar.
a) ( ) p → q
b) ( ) ~q → r
c) ( ) p → r
d) ( ) q → ~r
e) ( ) ~r → ~q
f) ( ) p ↔ q
g) ( ) ~q ↔ r
h) ( ) (~p → r) ↔ (~q)
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Proposições condicionais e bicondicionais
f) ( ) Almir não ser almirante é condição suficiente para Bruno não ser
biruta.
g) ( ) Almir não ser almirante é condição necessária para Bruno não ser
biruta.
j) ( ) Bruno não ser biruta é condição suficiente para Almir não ser
almirante.
k) ( ) Bruno não ser biruta é condição necessária para Almir não ser
almirante.
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Proposições condicionais e bicondicionais
U Z 4 5
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Proposições condicionais e bicondicionais
10. A sentença “Estou feliz se, e somente se, meu time ganha” é verdadeira.
Marque V caso se possa concluir que a sentença apresentada é neces-
sariamente verdadeira. Caso contrário, marque F.
a) ( ) Estou feliz.
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Proposições condicionais e bicondicionais
Referências
ABELARDO, Pedro. Lógica para Principiantes. Petrópolis: Vozes, 1994.
ALENCAR FILHO, Edgard de. Iniciação à Lógica Matemática. São Paulo: Nobel,
2003. 203 p.
BOLL, Marcel; REINHART, Jacques. A História da Lógica. Lisboa: Edições 70, 1982.
127 p.
DESCARTES, René. Discurso do Método. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
102 p.
LAUSCHNER, Roque. Lógica Formal. 4. ed. rev. Porto Alegre: Sulina/ Unisinos,
1984. 207 p.
LIARD, L. Lógica. 6. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1965. 211 p.
LIPSCHULTZ, Seymour. Teoria dos Conjuntos. São Paulo: McGraw-Hill, 1972. 337 p.
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Proposições condicionais e bicondicionais
NAHRA, Cínara; WEBER, Ivan Hingo. Através da Lógica. 5. ed. Petrópolis: Vozes,
1997. 174 p.
OLIVEIRA, Augusto J. Franco de. Lógica Aritmética. Brasília: UnB, 2004. 241 p.
TELLES JR., Goffredo. Curso de Lógica Formal. 3. ed. São Paulo: Edusp, 1973. 367
p.
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Proposições condicionais e bicondicionais
Gabarito
1. a) ( V ) b) ( V ) c) ( F ) d) (V)
e) ( F ) f ) ( V ) g) ( V ) h) (F)
2. a) ( V ) b) ( V ) c) ( F ) d) (F)
e) ( V ) f ) (F)
3. a) ( ) b) ( X ) c) ( ) d) (X)
e) ( ) f ) ( ) g) ( X ) h) ( )
i) ( X ) j) ( X ) k) ( )
4.
6. a) ( V ) b) ( F ) c) ( F ) d) (F)
7. a) ( F ) b) ( F ) c) ( F ) d) (F)
e) ( V )
p q ~q p q p ~q
V V F V F
V F V F V
F V F V F
F F V V F
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Proposições condicionais e bicondicionais
9. a) ( F ) b) ( F ) c) (F)
d) ( F ) e) (V)
10. a) ( F ) b) ( F ) c) ( F ) d) (F)
e) ( V ) f ) ( V ) g) ( V ) h) (V)
i) ( F ) j) ( F ) k) ( F ) l) (F)
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