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2014, Monteiro Junior Fd. Deficiência de


Vitamina D uma novo fator de risco
cardiovascular

DATASET · NOVEMBER 2014

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Francisco das Chagas Monteiro Júnior Joyce Lages


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Rev Bras Cardiol. 2014;27(5):356-365 Monteiro Júnior et al.
setembro/outubro Deficiência de Vitamina D e Doença Cardiovascular
Artigo de Revisão

Artigo de Deficiência de Vitamina D: um Novo Fator de Risco Cardiovascular?


Revisão
Vitamin D Deficiency: a New Cardiovascular Risk Factor?

Francisco das Chagas Monteiro Júnior, Natália Ribeiro Mandarino, João Victor Leal Salgado,
Joyce Santos Lages, Natalino Salgado Filho
Universidade Federal do Maranhão - Hospital Universitário - Serviço de Cardiologia - São Luís, MA - Brasil

Resumo Abstract
O papel da vitamina D na regulação do metabolismo The role of vitamin D in bone metabolism regulation is
ósseo já está bem estabelecido. Entretanto, nos últimos already well established. However, during the past few
anos, vários estudos evidenciam que a função da years, several studies have shown that the function of
vitamina D se estende muito além da saúde óssea, vitamin D extends well beyond bone health, including
incluindo a regulação do sistema imunológico e efeitos immune system regulation and antiproliferative effects
antiproliferativos nas células, podendo ainda
in cells, while also playing an important role in
desempenhar papel importante na fisiologia do sistema
cardiovascular. Evidências crescentes demonstram forte cardiovascular system physiology. Growing evidence
associação entre hipovitaminose D e hipertensão arterial is demonstrating strong associations between
sistêmica (HAS), síndrome metabólica (SM), diabetes hypovitaminosis D and hypertension, metabolic
mellitus (DM) e aterosclerose, podendo representar, pois, syndrome, diabetes and atherosclerosis, thus possibly
um fator de risco cardiovascular emergente. Os indicating an emergent cardiovascular risk factor. The
mecanismos pelos quais a vitamina D exerceria seus mechanisms through which vitamin D exerts its
efeitos cardio e vasculoprotetores ainda não estão protective cardiovascular effects are not yet fully
completamente esclarecidos, mas há inúmeras evidências elucidated, but there is ample evidence that it may play
de que ela possa exercer importantes papéis na regulação important roles in renin-angiotensin system regulation,
do sistema renina-angiotensina (SRA), nos mecanismos as well as insulin secretion and sensitivity mechanisms
de secreção e sensibilidade à insulina e na atuação das and the actions of inflammatory cytokines, in addition
citocinas inflamatórias, além de ações cardíacas e
to direct cardiac and vascular actions. This review
vasculares diretas. Nesta revisão, são apresentados
vários estudos associando deficiência de vitamina D com presents several studies associating vitamin D deficiency
marcadores de aterosclerose e risco cardiometabólico, with cardiometabolic risk and atherosclerosis markers,
assim como pequenos ensaios randomizados que as well as some minor randomized clinical trials
avaliaram os efeitos cardiovasculares de sua assessing the cardiovascular effects of vitamin D
suplementação. No entanto, embora seja plausível supplements. However, although it is plausible to
considerar a suplementação dessa vitamina como um consider vitamin D supplementation as a promising
meio promissor de interferir favoravelmente no risco way of intervening favorably in cardiovascular risk,
cardiovascular, grandes estudos randomizados e major randomized placebo-controlled trials, with
controlados com placebo, com poder estatístico adequate statistical power for evaluating hard
adequado para avaliação de desfechos pesados ainda endpoints, are still needed in order to definitively
são necessários para que se possa estabelecer
confirm its role in the prevention and treatment of
definitivamente seu papel na prevenção e tratamento da
cardiovascular diseases.
doença cardiovascular (DCV).

Palavras-chave: Deficiência de vitamina D; Doenças Keywords: Vitamin D deficiency; Cardiovascular


cardiovasculares; Suplementação alimentar diseases; Supplementary nutrition
Correspondência: Francisco das Chagas Monteiro Júnior
Rua Santa Luzia, 27 - Quintas do Calhau - 65072-008 - São Luís, MA - Brasil
E-mail: monteirojr@elo.com.br
Recebido em: 02/04/2014 | Aceito em: 24/08/2014

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Introdução de 48 horas, sofre um rearranjo dependente da


temperatura dando origem à vitamina D3. Tanto a
A DCV representa a principal causa de vitamina D dietética quanto a formada a partir da
morbimortalidade no mundo1. Embora o papel dos pré-vitamina D3 na pele ligam-se a proteínas circulantes
fatores de risco tradicionais já esteja consolidado, e são transportadas ao fígado onde são hidroxiladas
sabe-se que eles podem não explicar completamente no carbono 25, originando a 25-hidroxivitamina D3
o desenvolvimento da DCV, o que tem suscitado a [25(OH)D]. Esta é, em seguida, novamente hidroxilada,
busca contínua de novos fatores de risco. Evidências dessa vez no carbono 1, principalmente em nível
crescentes sugerem que a deficiência de vitamina D mitocondrial nas células tubulares renais, sob ação da
possa estar associada a maior risco cardiovascular2. 1α-hidroxilase (1α-OHase), originando finalmente a
1,25-dihidroxivitamina D3 [1,25(OH)2D], sua forma
A vitamina D é um hormônio esteroide, cuja função biologicamente ativa. Essa fase de ativação é
primordial consiste na regulação da homeostase do estritamente regulada pelos níveis séricos do PTH,
cálcio e fósforo, em interação com as paratireoides, cálcio e fósforo. Embora biologicamente inerte, no
rins e intestinos. Apesar de poder ser obtida por entanto, é a 25(OH)D, a forma circulante mais estável,
ingestão alimentar, a sua principal fonte é representada que é dosada laboratorialmente e adotada na prática
pela síntese no próprio organismo3. para se avaliar a reserva orgânica de vitamina D3,4.

O papel da vitamina D na regulação do metabolismo Em nível celular, a 1,25(OH)2D atravessa a membrana


ósseo já está bem estabelecido. Nessa função, ela e liga-se ao receptor específico, o VDR, presente no
promove principalmente aumento da absorção citoplasma. Esse complexo, 1,25(OH)2D-VDR, sofre
intestinal e reabsorção renal de cálcio, na presença do translocação para o núcleo e heterodimeriza com o
hormônio paratireoideo (PTH). Assim, doenças como receptor do ácido retinoico (RXR). Na sequência, o
raquitismo e osteomalácia têm sido classicamente complexo 1,25(OH)2D-VDR-RXR se liga aos elementos
atribuídas à deficiência de vitamina D3. Entretanto, de resposta da vitamina D (VDRE) no DNA,
recentemente vários estudos têm evidenciado que a aumentando a transcrição para o RNA dos genes
função da vitamina D se estende muito além da saúde responsáveis pela expressão das proteínas envolvidas
óssea, incluindo a regulação do sistema imunológico nas ações da vitamina5.
e efeitos antiproliferativos nas células, podendo ainda
desempenhar papel importante na fisiologia do Atualmente sabe-se que receptores tipo VDR estão
sistema cardiovascular4. Assim, a hipovitaminose D presentes em inúmeros tipos celulares, incluindo
tem sido associada a desordens tão variadas quanto células hematopoiéticas, linfócitos, células epidérmicas,
doenças autoimunes, infecções e câncer, além da células pancreáticas, neurônios, cardiomiócitos,
DCV4. No entanto, se a deficiência de vitamina D células do músculo liso vascular e endotélio, além de
representa um novo fator de risco cardiovascular e se osteoblastos, osteoclastos, epitélio do intestino
sua suplementação oral é capaz de reduzir a incidência delgado e células tubulares renais4, o que explicaria a
de eventos cardiovasculares ainda é motivo de debate. multiplicidade de ações exercidas pela vitamina D
sobre sistemas tão variados como o endócrino, o
Assim, nesta revisão, além de aspectos básicos imunológico, o reprodutor, o sistema nervoso central
relacionados ao metabolismo da vitamina D, será e o aparelho cardiovascular, bem como as inúmeras
abordada a associação entre sua deficiência e a implicações da sua deficiência para a saúde4.
ocorrência de DCV, bem como discutidos os possíveis
mecanismos implicados nessa associação e o impacto Prevalência e fatores determinantes da
de sua reposição na prevenção e controle da DCV. hipovitaminose D
A definição de hipovitaminose D ainda é motivo de
Metabolismo e fisiologia da vitamina D
debate. No entanto, a maioria concorda que níveis
Em condições normais, apenas aproximadamente 10% séricos de 25(OH)D <20 ng/mL (ou 50 nmol/L) sejam
da vitamina D necessária são obtidos por ingestão indicativos de deficiência; na faixa de 20 ng/mL a
alimentar, sob a forma tanto de vitamina D 2 30 ng/mL (ou 50 nmol/L a 75 nmol/L) correspondam
(ergocalciferol) como vitamina D3 (colecalciferol). a insuficiência; e >30 ng/mL (ou 75 nmol/L)
Assim, a sua principal fonte é representada pela síntese representem suficiência da vitamina.
no próprio organismo. Quando exposto à radiação
ultravioleta, o precursor cutâneo da vitamina D, Segundo estudos realizados em vários continentes, a
o 7-dehidrocolesterol, sofre uma clivagem fotoquímica hipovitaminose D representa, atualmente, uma das
originando a pré-vitamina D3, a qual, em um período condições mais comuns. Estima-se que mais da metade

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das crianças e adultos que vivem nos Estados Unidos risco de mortalidade por todas as causas, mas a
da América, Canadá, México, Europa, Ásia, Nova associação se mostrou mais forte para a mortalidade
Zelândia e Austrália sofram da hipovitaminose D6. cardiovascular (OR ajustado = 2,36 [1,17-4,75], IC 95%
para indivíduos com níveis <25,0 nmol/L em
Inquérito populacional recente nos Estados Unidos comparação àqueles com níveis ≥100,0 nmol/L) do
demonstrou que a prevalência de hipovitaminose D que para a não cardiovascular (OR=1,42 [0,73-2,79],
duplicou nos últimos 10 anos, acometendo atualmente IC 95% para participantes com níveis <25,0 nmol/L
até 90,0% das populações pigmentadas (negros, em comparação àqueles com níveis ≥100,0 nmol/L)19.
hispânicos e asiáticos) e em torno de ¾ da população
branca7. No estudo Framingham Offspring, envolvendo
1 739 indivíduos, com idade média de 59 anos,
Vários fatores podem interferir na prevalência de seguidos por cinco anos, verificou-se que aqueles com
hipovitaminose D. A exposição cada vez menor à luz níveis de 25(OH)D <15 ng/mL apresentaram um risco
solar, característica da vida moderna, aliada ao uso relativo para ocorrência de eventos cardiovasculares
disseminado de filtro solar, representa o fator mais de 1,62 quando comparados àqueles com níveis
importante para sua crescente prevalência. ≥15 ng/mL, mesmo após ajuste para fatores de risco
Adicionalmente, em indivíduos de pele escura a convencionais20.
síntese cutânea da vitamina pode ser reduzida em até
50,0-90,0%, pois a melanina funciona como filtro solar No Health Professionals Follow-up Study, que acompanhou
natural. Fatores adicionais incluem baixa latitude, 18 225 homens, com idade entre 40-75 anos, por
período do inverno, envelhecimento, sexo feminino, 10 anos, os autores observaram que os participantes
desnutrição, uso de vestes cobrindo a maior parte do com níveis de 25(OH)D ≤15 ng/mL apresentaram uma
corpo e obesidade6,8. incidência de infarto do miocárdio significativamente
maior do que aqueles com níveis ≥30 ng/mL, com
risco relativo de 2,42, após análise multivariada21.
Associação entre hipovitaminose D e DCV
Estudo recente, envolvendo 1 259 indivíduos,
A associação entre hipovitaminose D e marcadores demonstrou que o status da vitamina D pode
inflamatórios e de aterosclerose subclínica tem sido influenciar também o prognóstico de indivíduos já
relatada em vários estudos, em geral transversais e de acometidos pelo infarto do miocárdico22.
pequeno porte. Assim, correlação negativa tem sido
descrita entre níveis séricos de 25(OH)D e tanto No Ludwigshafen Risk and Cardiovscular Health (LURIC),
proteína C-reativa ultrassensível (PCR-US)9,10 quanto em que 3 316 pacientes foram acompanhados por
microalbuminúria 9. Além disso, a deficiência de sete anos, evidenciou-se que baixos níveis tanto de
vitamina D tem sido associada tanto à disfunção 25(OH)D quanto de 1,25(OH)2D foram preditores
endotelial, refletida por menor dilatação mediada por independentes de acidente vascular encefálico (AVE)
fluxo de artéria braquial (DMF)11,12 quanto à maior fatal 23. Resultado semelhante, em relação a AVE
espessura íntimo-medial carotídea (EIMC)3,13-15, em isquêmico, foi obtido no Copenhagen City Heart Study,
diferentes perfis de pacientes. Resultados divergentes, uma coorte que acompanhou 10 170 indivíduos de
no entanto, também têm sido relatados, observando- uma população geral durante 21 anos24.
se ausência de associação com EIMC16, marcadores
inflamatórios (PCR-US, fator de necrose tumoral α, Analisando 90 idosos com insuficiência cardíaca (IC)
interleucina-6)17, marcadores endoteliais (molécula de estável e 31 controles, Ameri et al.25 observaram
adesão intercelular-1 e molécula de adesão celular concentrações de 25(OH)D significativamente mais
vascular-1)17 e incidência de microalbuminúria18. baixas naqueles com IC, verificando entre estes uma
prevalência de hipovitaminose D de quase 100%.
Por outro lado, importantes evidências associando Observaram ainda que indivíduos com níveis
hipovitaminose D com DCV, obtidas a partir de <10 ng/mL apresentavam diâmetros e volumes tanto
grandes coortes e alguns estudos transversais, também telediastólicos como telessistólicos do ventrículo
têm sido publicadas. esquerdo maiores e fração de ejeção mais baixa
comparativamente àqueles com níveis ≥10 ng/mL.
No Third National Health and Nutrition Examination
Survey (NHANES III), envolvendo 3 408 idosos, Analisando transversalmente dados de 4 839 participantes
acompanhados durante sete anos, verificou-se, após do National Health and Nutrition Examination Survey
ajuste para dados demográficos, estação do ano e 2001–2004, Melamed et al.26 verificaram que indivíduos
fatores de risco cardiovascular, que níveis basais de no quartil inferior de 25(OH)D, comparativamente
25(OH)D estiveram inversamente associados com o àqueles do quartil superior, apresentavam uma razão

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de chance de prevalência de doença arterial periférica caso-controle, em que gestantes foram acompanhadas
de 1,8, mesmo após ajustes para dados demográficos, desde o primeiro trimestre até o parto, uma concentração
comorbidades, nível de atividade física e dosagens basal de 25(OH)D <15 ng/mL associou-se, de forma
laboratoriais. independente, a um risco cinco vezes mais elevado de
ocorrência da doença34.
Associação entre deficiência de vitamina D e presença
de aneurisma de aorta abdominal também foi relatada. Por fim, em meta-análise recente, que incluiu 19
Em estudo transversal, conduzido por Wong et al.27, estudos prospectivos e 65 994 indivíduos, Wang et al.35
envolvendo 4 233 homens idosos (70-88 anos), sendo descreveram que o risco relativo da categoria de níveis
311 diagnosticados como portadores de aneurisma de mais baixos de 25(OH)D em relação à de níveis mais
aorta abdominal, observou-se que participantes altos foi 1,52 para todas as doenças cardiovasculares,
pertencentes ao quartil inferior quando comparados 1,42 para mortalidade cardiovascular, 1,38 para
àqueles do quartil superior de 25(OH)D apresentavam doença arterial coronariana (DAC) e 1,64 para AVE.
uma razão de chance de apresentar aneurisma
variando de 1,23 para aneurismas ≥30 mm, a 5,42 para Possíveis mecanismos envolvidos na associação
aneurismas ≥40 mm, após análise multivariada27. entre hipovitaminose D e DCV
A associação entre hipovitaminose D e HAS, SM e DM Os mecanismos pelos quais a vitamina D exerce seus
também tem sido pesquisada. Várias análises da efeitos cardio e vasculoprotetores ainda não estão
população do Third National Health and Nutrition completamente esclarecidos, sendo apontados os seus
Examination Survey (NHANES III), resumidas em efeitos regulatórios sobre o sistema renina-
revisão de Ullah et al.28, têm demonstrado uma clara angiotensina (SRA), o controle glicêmico, as citocinas
associação inversa entre níveis de 25(OH)D e pressão inflamatórias, os níveis do PTH e a deposição de cálcio
arterial, de forma independente de inúmeras variáveis no músculo liso vascular, além de ações vasculares
potencialmente confundidoras. Em participantes de diretas2.
duas coortes prospectivas, incluindo 613 homens do
Health Professionals’ Follow-Up Study e 1 198 mulheres - Vitamina D e SRA
do Nurses’ Health Study, durante quatro anos de Já está bem estabelecido que a estimulação inapropriada
seguimento, o risco relativo de desenvolvimento de do SRA associa-se com maior incidência de HAS e
HAS em homens com níveis de 25(OH)D <15 ng/mL, DCV28. Uma forte evidência que favorece o papel da
após análise multivariada, foi de 6,13 em comparação vitamina D na regulação do SRA provém de estudos
àqueles com níveis ≥30 ng/mL. Entre as mulheres, a experimentais. Em estudo envolvendo ratos knockout,
mesma comparação evidenciou um risco relativo desprovidos dos VDR, demonstrou-se produção
de 2,6729. elevada de renina e angiotensina II, causando HAS,
hipertrofia cardíaca e aumento da ingestão de água, e
Em estudo transversal realizado em duas grandes estas anomalias puderam ser evitadas com o
cidades chinesas, incluindo mais de 3 200 indivíduos, tratamento de inibidor da enzima conversora de
com idades entre 50-70 anos, verificou-se que níveis angiotensina, concluindo-se que a vitamina D
mais baixos de 25(OH)D se associaram de forma representa potente supressor da biossíntese da
significativa não só com a presença de SM como de renina36. Por outro lado, em ratos normais, demonstrou-
qualquer de seus componentes, após análise se que a deficiência de vitamina D estimula a expressão
multivariada30. Associação entre hipovitaminose D e de renina, enquanto que, se for administrada a
presença de SM, em estudos menores, também foi 1,25(OH)2D, ocorre redução da síntese de renina36.
observada em obesos31 e crianças32. Há ainda evidências de que o PTH, cujos níveis
séricos podem aumentar secundariamente à
Em análise transversal de 6 228 participantes do Third hipovitaminose D, pode também estimular a secreção
National Health and Nutrition Examination Survey de renina28. Assim, as evidências sugerem fortemente
(NHANES III), com idade ≥20 anos, a presença de DM que a deficiência de vitamina D possa estar implicada
associou-se significativamente com níveis mais baixos na patogenia da HAS via ativação do SRA.
de 25(OH)D, após análise multivariada, em brancos
não hispânicos e indivíduos de origem mexicana, - Vitamina D e sensibilidade à insulina
notando-se, no entanto, ausência de tal associação A associação entre obesidade e diminuição da
entre negros não hispânicos33. sensibilidade à insulina já está bem estabelecida. Por
outro lado, demonstrou-se que obesos têm prevalência
Associação entre hipovitaminose D e ocorrência de aumentada de hipovitaminose D, o que possivelmente
pré-eclâmpsia também foi descrita. No estudo, tipo se deve tanto à eventual menor exposição solar quanto

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ao maior sequestramento da mesma no tecido adiposo, Há ainda evidências experimentais que sua ação
com diminuição de sua biodisponibilidade 28. A antiaterogênica envolve efeitos específicos sobre o
demonstração de uma forte correlação inversa entre sistema imunológico, incluindo efeito direto sobre
glicemia e níveis de 25(OH)D37,38 aliada aos estudos células CD4 naive, induzindo o desenvolvimento de
associando hipovitaminose D com maior incidência linfócitos Th2, que produzem interleucina-10 (IL-10),
de DM tipo 233,39 sugerem um papel direto importante a qual inibe a ativação de macrófagos, etapa-chave na
da deficiência dessa vitamina na patogenia da doença. aterogênese46. Além disso, inibe a transcrição do
Parece que níveis adequados de vitamina D no interferon-γ (IFN-γ), secretado pelas células Th1 que
organismo são essenciais no processo de sensibilidade é, ao contrário, um potente ativador dos macrófagos
à insulina, como apontam algumas pesquisas. No e supressor dos linfócitos Th247.
estudo de Chiu et al. 40, envolvendo 126 adultos
saudáveis, ficou evidente, após análise de regressão No coração, há evidências que a vitamina D tem
múltipla, incluindo idade, sexo, etnia, índice de massa importante papel na modulação da estrutura e função
corpórea, pressão arterial e estação do ano, a do miócito. O tratamento com 1,25(OH)2D aumenta a
correlação positiva entre níveis de 25(OH)D e o índice expressão da miotrofina, uma proteína muscular
de sensibilidade à insulina (r=0,46 e p=0,0007). Por cardíaca, e diminui a expressão do peptídeo natriurético
outro lado, existe evidência que a hipovitaminose D atrial, que está inversamente relacionado com a função
está associada também com a diminuição da secreção cardíaca. Além disso, o tratamento com 1,25(OH)2D
de insulina, via disfunção da célula β, como aumenta a expressão do VDR nas células cardíacas48.
demonstrado experimentalmente41, o que tem sido Assim, a supressão dos efeitos da vitamina D justifica
corroborado por sua associação também com a o desenvolvimento de hipertrofia miocárdica e IC no
incidência de DM tipo 142. modelo experimental já citado de ratos knockout49.

Mecanismo que tem sido proposto para explicar a Efeitos da reposiçâo de vitamina D na DCV
associação entre hipovitaminose D e obesidade,
HAS, DM tipo 2 e outras manifestações da SM Dados de estudos randomizados para avaliar o
envolve o metabolismo do cálcio43. Baixos níveis impacto da suplementação de vitamina D no risco
séricos de cálcio, resultantes da deficiência de cardiovascular são limitados, principalmente em
vitamina D, podem acarretar elevação do PTH, o relação aos desfechos duros, e têm reportado, por
qual, por sua vez, promove aumento desse íon em vezes, resultados conflitantes.
nível intracelular. O aumento do cálcio intracelular
pode levar tanto a maior diferenciação de pré- Em climatéricas, os achados têm sido variados e em
adipócitos em adipócitos como inibir a função da geral desapontadores. No clássico Women’s Health
GLUT-4, enzima envolvida na captação celular de Initiative (WHI), que envolveu 36 282 participantes,
glicose mediada pela insulina. com idade entre 50-79 anos, randomizadas para tomar
uma dose baixa de vitamina D (400 UI/dia)
- Ações vasculares e cardíacas da vitamina D conjuntamente com cálcio (1 000 mg) ou placebo e
Estudos experimentais demonstram várias ações acompanhadas por sete anos, não foi observada
protetoras da vitamina D diretamente sobre o coração nenhuma diferença significativa entre os grupos em
e vasos sanguíneos. Em cultura de células de músculo relação à incidência de eventos cardiovasculares50. Em
liso vascular de coelho, Wakasugi et al.44 demonstraram estudos menores, utilizando-se doses variadas de
que a síntese da PGI2, que tem papel importante na vitamina D (de 400 UI até 2 500 UI/dia), a suplementação
redução da trombogenicidade, adesão celular e da vitamina também não promoveu alterações
proliferação de células musculares lisas, aumentou significativas nem no perfil lipídico nem no status
significativamente na presença de 1,25(OH) 2D. É inflamatório51-53. Em um desses estudos, também não
possível, pois, que a vitamina D possa exercer um se evidenciou nenhuma alteração significativa na
papel protetor contra o desenvolvimento da DMF, velocidade da onda de pulso carotídeo-femoral
aterosclerose. ou augmentation index de aorta com a suplementação53.
Entretanto, chama a atenção, no WHI, o fato de
Além disso, tem sido demonstrada a sua participação mulheres com maior índice de massa corpórea e
na regulação da expressão de várias proteínas com múltiplos fatores de risco coronarianos terem
ação vascular, como fator de crescimento endotelial, apresentado menor incidência de eventos
metaloproteinase tipo 9, miosina, elastina, colágeno cardiovasculares no grupo que recebeu vitamina D50.
tipo 1 e ácido γ-carboxiglutâmico, esta última uma Adicionalmente, em outro estudo pequeno (n=148),
proteína protetora do vaso contra a calcificação e, envolvendo mulheres idosas com hipovitaminose D
ainda, na supressão de citocinas pró-inflamatórias45. documentada [25(OH)D <20 ng/mL], randomizadas

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para receber, durante oito semanas, suplementação Já Yiu et al. 58 não demonstraram nenhum efeito
oral de 800 UI de vitamina D3 + 1 200 mg cálcio ou significativo da suplementação de vitamina D em alta
apenas 1 200 mg de cálcio por dia, Pfeifer et al. 54 dose sobre parâmetros de função vascular e inflamação
relataram quedas significativas na pressão arterial em diabéticos tipo 2. Nesse estudo, 100 indivíduos
sistólica, frequência cardíaca e níveis séricos do PTH, foram randomizados, de forma duplo-cego, para
de 9,3% (p=0,04), 5,4% (p=0,02) e 17% (p=0,02), tomarem vitamina D por via oral na dose de
respectivamente, nos participantes do primeiro 5 000 UI/dia ou placebo, durante 12 semanas. Ao final,
grupo. os autores não evidenciaram nenhum efeito
significativo da suplementação de vitamina D sobre
Efeitos favoráveis da suplementação oral de vitamina D a função endotelial, avaliada pela DMF, níveis séricos
sobre a pressão arterial também foram relatados por de células endoteliais progenitoras e velocidade de
Forman et al.55, que abordaram indivíduos negros onda de pulso tornozelo-braquial, nem sobre
saudáveis. Nesse estudo, 283 indivíduos com idade biomarcadores de inflamação, perfil lipídico ou
média de 51 anos, quase metade em uso de anti- hemoglobina glicada.
hipertensivos, foram randomizados pelo método
duplo-cego para receber VO vitamina D3 em diferentes Alguns benefícios da suplementação oral de vitamina D
doses (1 000 UI, 2 000 UI ou 4 000 UI/dia) ou placebo foram demonstrados em indivíduos obesos. Em
durante três meses. Na avaliação final, os autores 200 indivíduos com sobrepeso e baixos níveis de
observaram alterações pequenas, mas significativas 25(OH)D (média de 12 ng/mL), randomizados de
na pressão arterial sistólica (em média, +1,7 mmHg maneira duplo-cego para receber vitamina D
no grupo-placebo e -0,66 mmHg, -3,5 mmHg e (83 microgramas/dia) ou placebo durante 12 meses,
-4,0 mmHg, respectivamente, nos grupos tratados com Zittermann et al.59 verificaram que a suplementação
1 000 UI, 2 000 UI e 4 000 UI de vitamina D3). da vitamina se associou a reduções significativas dos
níveis de triglicérides e do marcador inflamatório fator
Alguns efeitos favoráveis da suplementação de de necrose tumoral-alfa, embora tenha promovido um
vitamina D foram relatados também em pacientes aumento pequeno mas significativo dos níveis de
diabéticos e intolerantes à glicose. No estudo Calcium LDL-colesterol.
and Vitamin D for Diabetes Mellitus (CaDDM), em que
92 indivíduos adultos (idade média de 57 anos) com Em alguns estudos, demonstrou-se um efeito favorável
intolerância à glicose foram randomizados pelo método da suplementação de vitamina D sobre a função
duplo-cego para receber 2 000 UI de vitamina D endotelial. No ensaio conduzido por Tarcin et al.12,
ou 800 mg de cálcio/dia durante 16 semanas, os envolvendo 23 indivíduos com deficiência severa de
autores observaram aumento da secreção de insulina 25(OH)D (<10 ng/mL), observou-se, após a reposição
no grupo vitamina D e sua diminuição no grupo- da vitamina D, sob a forma de 300 000 UI por via
controle, com diferença estatisticamente significativa, intramuscular mensalmente por três meses, melhora
bem como um aumento menor na hemoglobina significativa da função endotelial, refletida por
glicada no grupo vitamina D, com significância aumento da DMF. Resultados parecidos, utilizando-se
estatística limítrofe56. também doses altas de vitamina D, foram observados
por Harris et al. 60 em afro-americanos e por
Com o objetivo de pesquisar os efeitos de altas doses Witham et al.61 em pacientes acometidos por AVE.
de vitamina D3 por VO sobre a saúde vascular e
controle glicêmico de diabéticos tipo 2, Witham et al.57 Em pacientes com IC, em pequenos estudos
randomizaram, de forma duplo-cego, 61 indivíduos randomizados com seguimento de curto prazo, vários
com níveis de 25(OH)D <40 ng/mL para receber dose efeitos favoráveis da suplementação oral de
única de placebo ou diferentes doses de vitamina D3 vitamina D em doses elevadas têm sido descritos,
(100 000 UI ou 200 000 UI). Nas análises de oito e incluindo diminuição dos níveis séricos do peptídeo
16 semanas, os autores não observaram diferenças natriurético atrial62,63, aumento dos níveis da citocina
significativas entre os grupos quanto à função anti-inflamatória interleucina-1064 e redução dos
endotelial, avaliada pela DMF, resistência insulínica níveis tanto do fator de necrose tumoral alfa quanto
e níveis de hemoglobina glicada. No entanto, da PCR-US64, observando-se, no entanto, resultados
evidenciaram reduções significativas, em relação ao conflitantes em relação à capacidade funcional62,63.
grupo-placebo, tanto da pressão arterial sistólica em
ambos os grupos que receberam vitamina D, à análise Por fim, em subestudo do EURODIAB Study Group
de oito semanas, quanto do peptídeo natriurético tipo tipo caso-controle, em que foram analisados os dados
B no grupo que recebeu 200 000 UI, à análise de de 820 casos e 2 335 controles, os autores verificaram
16 semanas. que a suplementação de vitamina D na infância se

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associou à diminuição significativa da incidência de randomizados e controlados com placebo, com


DM tipo 1, mesmo após ajuste para vários fatores seguimento de longo prazo e com poder estatístico
potencialmente confundidores, sendo estimada uma adequado para avaliação de desfechos duros. Só assim
razão de chance de 0,67, o que reforça o possível papel poderá ser estabelecido definitivamente o papel da
imunomodulador protetor da vitamina contra o suplementação de vitamina D na prevenção e
desenvolvimento da doença42. tratamento da DCV.

Em suma, como visto, além do pequeno tamanho Potencial Conflito de Interesses


amostral e curto período de observação da maioria Declaro não haver conflitos de interesses pertinentes.
dos estudos, tem-se observado falta de uniformidade
entre eles quanto aos critérios de inclusão e dose de Fontes de Financiamento
vitamina D administrada, assim como muitas vezes a O presente estudo não teve fontes de financiamento externas.
vitamina D tem sido administrada conjuntamente com
cálcio. Vinculação Acadêmica
Este artigo representa parte da Tese de Doutorado em
Vale frisar que a suplementação de vitamina D é Cardiologia de Natália Ribeiro Mandarino, pela Universidade
considerada segura. De fato, evidência acumulada Federal do Maranhão.
tem demonstrado que a ingestão prolongada de
10 000 UI/dia de vitamina D3 não acarreta nenhum
risco de efeitos adversos 65. Por outro lado, em Referências
condições naturais, uma simples exposição total do
corpo à luz solar é capaz de induzir rapidamente 1. Murray CJ, Ezzati M, Flaxman AD, Lim S, Lozano R,
(<20 minutos) a síntese do equivalente a 10 000 UI, sem Michaud C, et al. GBD 2010: a multi-investigator
qualquer efeito adverso conhecido 65 . Assim, a collaboration for global comparative descriptive
intoxicação por vitamina D é extremamente rara, epidemiology. Lancet. 2012;380(9859):2055-8.
só ocorrendo com a ingestão de doses acima de 2. Zittermann A, Schleithoff SS, Koerfer R. Putting
50 000 UI/dia65. cardiovascular disease and vitamin D insufficiency into
perspective. Br J Nutr. 2005;94(4):483-92.
No entanto, a dose da suplementação oral de 3. Reis JP, von Mühlen D, Michos ED, Miller III ER 3rd,
vitamina D3 em indivíduos sem exposição solar, ainda Appel LJ, Araneta MR, et al. Serum Vitamin D,
é controversa. O Institute of Medicine recomenda como parathyroid hormone levels, and carotid atherosclerosis.
adequadas doses diárias de 200 UI para crianças e Atherosclerosis. 2009;207(2):585-90.
adultos de até 50 anos, 400 UI para adultos de 4. Marques CDL, Dantas AT, Fragoso TS, Duarte ALBP.
51-70 anos e 600 UI para aqueles com mais de 70 anos. A importância dos níveis de vitamina D nas doenças
Entretanto, a maioria dos experts concorda que, sem autoimunes. Rev Bras Reumatol. 2010;50(1):67-80.
exposição solar adequada, crianças e adultos requerem 5. Pike JW, Zella LA, Meyer MB, Fretz JA, Kim S.
aproximadamente 800-1 000 UI de vitamina D3 por dia. Molecular actions of 1,25-dihydroxyvitamin D3 on
Em indivíduos com deficiência comprovada de genes involved in calcium homeostasis. J Bone Miner
vitamina D, Holick65 tem preconizado doses ainda Res. 2007;22(Suppl 2):V16-9.
maiores: 50 000 UI de vitamina D2 por semana durante 6. Dini C, Bianchi A. The potential role of vitamin D for
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papel na saúde cardiovascular. Diversos estudos têm 9. Bonakdaran S, Varasteh AR. Correlation between serum
demonstrado forte associação entre hipovitaminose D 25 hydroxy vitamin D3 and laboratory risk markers of
e risco cardiometabólico. Embora ainda haja cardiovascular diseases in type 2 diabetic patients.
necessidade de futuras investigações, é inegável a Saudi Med J. 2009;30(4):509-14.
importância potencial da hipovitaminose D como 10. Amer M, Qayyum R. Relation between serum
problema de saúde pública emergente no mundo, com 25-hydroxyvitamin D and C-reactive protein in
importantes implicações para a morbimortalidade symptomatic adults (from the continuous National
cardiovascular. No entanto, ainda se carece de Health and Nutrition Examination Survey 2001 to 2006).
evidências cabais, baseadas em grandes estudos Am J Cardiol. 2012;109(2):226-30.

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