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Belém-Pará
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS
FACULDADE DE FÍSICA
Belém-Pará
2017
RESUMO
This paper presents the results of the practical study of the cooler of the type pot-in-pot
through experimentation. The cooler the type pot-in-pot works with the principle of
evaporative cooling of the water retained in a layer of porous material comprising in a vessel
of clay or other similar material. The framers of this device developed for domestic use and
the spread in regions of hot and dry climate for conservation of food and vegetables. Despite
its simplicity, the explanation of the phenomena governing the procedure for its operation
requires a careful approach and complete of thermodynamics and its extensions. This is what
this work proposes to show and superimposed the climatic aspects of the tropical region. The
observation, together with the support of the literature researched, led to the conclusion that
the pot-in-pot is suitable for the use of teaching physics. The explanations about it are
contained in this work.
1 Introdução ......................................................................................................................... 8
5 Metodologia ..................................................................................................................... 35
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 42
O presente estudo nasceu de um desafio de sala de aula proposto pelo professor como
atividade discente voltada à prática na disciplina física estatística do curso de licenciatura em
física. Trata-se do estudo do refrigerador evaporativo (pot-in-pot cooler). Este consiste da
combinação de dois vasos de barro, um interno ao outro, cuja separação é preenchida com
areia úmida, e tem a finalidade de resfriar e conservar alimentos como vegetais e
refrigerantes. Esse dispositivo foi um dos temas do International Young Physicists'
Tournment (IYPT 2010-2011). Consta que esse dispositivo foi idealizado na Nigéria em 1990,
por Mohamed Bah Alba, o que lhe rendeu um prêmio internacional.
As fontes de referência indicadas pelo IYPT 2010-2011 serviram de partida para esse
trabalho, tanto para conhecer o contexto histórico do dispositivo como para se encontrar uma
teoria que explica o processo físico termodinâmico. Entretanto, ao mesmo tempo em que se
encontraram essas informações também se verificou a necessidade de aprofundar as bases
teóricas, dado o caráter técnico e complexo do assunto. Dessa forma, apresenta-se nos
capítulos dois e três a revisão bibliográfica dos conceitos de apoio ao estudo. São definições
de transição de fase, os postulados da transferência de calor e massa, bem como as relações
que governam o processo evaporativo, que é o fenômeno principal na mecânica do dispositivo
e cujas correlações empíricas no processo de escoamento são necessariamente incorporadas
na lógica do modelo matemático adotado.
1
Uma cooperativa de Burkina Faso, um país do continente africano.
9
2 Transição de fase
Diferente do que usualmente é apresentado como evaporação da água a 100 ⁰C, neste
trabalho será abordada aquela que se ocorre em temperatura ambiente. Essa condição pode ser
mais bem entendida no artigo de Silveira (2016) e nas explicações da teoria cinética da
evaporação na seção 2.1.
Nesse sentido introduz-se aqui o termo fase para designar qualquer estado específico
da matéria, tal como o de um sólido, um líquido ou um gás (YOUNG & FREEDMAN, 2008,
pag.193). Por exemplo, o composto 𝐻2 𝑂 existe na fase sólida como gelo, na fase líquida
como água e na fase gasosa como vapor d’água. Já a transição de um estado para outro é
chamada de transição de fase ou mudança de fase.
Nota: A figura mostra o aquecimento do conteúdo do calorímetro em função da energia elétrica dissipada no
aquecedor, para diferentes potências.
A Figura 2-1, retrata o estudo de Silveira (2016) e mostra a perda de massa em uma
amostra de água submetida ao aquecimento. Observa-se que ocorrem perdas de massa e de
energia térmica fornecida a amostra de água em várias temperaturas e decorrentes da
evaporação, ou seja, de uma transição de fase. Por exemplo, com 105kJ fornecidos à amostra
usando uma fonte de energia de 40W, houve uma perda de 31g de água por evaporação. A
11
quantidade de energia seria suficiente para a água atingir 100 ⁰C, mas houve uma transição de
fase para a fase vapor um pouco acima de 75 ⁰C, com perda energia e massa por evaporação.
A evaporação de um líquido pode ser explicada pela teoria cinética, que diz que a
energia cinética média para qualquer grau de liberdade de uma molécula ou outro objeto é
1
𝑘𝑇 (FEYNMAN, 2008, pag.42-1), a se considerar o comportamento idêntico ao de um gás
2
ideal. Na explicação de Feynman, o problema da evaporação, dada uma caixa com um grande
volume parcialmente preenchida por líquido em equilíbrio e vapor em dada temperatura,
reside em, primeiramente, descobrir quantas moléculas há na fase vapor comparado ao
número que há no líquido. Depois disso, estimar quantas moléculas 𝑁𝑒 que deixam a
superfície por segundo, de forma a manter o equilíbrio com a quantidade 𝑁𝑐 que se
condensam da fase vapor.
Nesse sentido, considerando que para levar uma única molécula do estado líquido para
vapor, certa quantidade de trabalho 𝑊 deve ser feito, Feynman mostra que no equilíbrio:
𝑊
𝑣
𝑁𝑐 = 𝑁𝑒 = (𝑉 ) ∙ 𝑒 −𝑘𝑇 , (2-1)
𝑎
Todo líquido ocupando uma parte de um recipiente fechado no qual é feito vácuo e
mantido a temperatura constante (abaixo da sua temperatura crítica 𝑇𝑐 ) evapora
instantaneamente (PINEDA & VELASCO, 2009, p. 201). Dependendo da quantidade de
líquido, todo ele passa para o estado de vapor, ou acaba alcançado um estado de equilíbrio
com o seu vapor até uma pressão de equilíbrio. Na temperatura crítica 𝑇𝑐 , e acima dela, a
amostra de um gás tem uma fase única que ocupa todo o volume do recipiente. Esta fase é,
por definição, um gás. Então a fase líquida de uma substância não se forma acima da
temperatura crítica (ATKINS, 2015, pag.27).
Uma amostra de gás comprimida, a uma temperatura constante pouco abaixo de sua
temperatura crítica 𝑇𝑐 , experimentará uma redução de volume e aumento de pressão.
Entretanto, haverá um ponto onde ocorrerá outro comportamento entre pressão e volume em
nada semelhante. Nele iniciará o processo de condensação do material da amostra para a fase
líquida, a tal ponto que o material em fase líquida estará em equilíbrio com o vapor. O valor
de pressão estabelecido nesse ponto é a pressão de vapor do líquido.
A pressão de vapor de uma substância aumenta com a temperatura, isto porque nas
temperaturas mais elevadas o número de moléculas que tem energia suficiente para escaparem
da interação como as moléculas vizinhas é maior (ATKINS, 2015, p.115).
Se um líquido é colocado em um recinto onde existe ar (ou outro gás) a uma dada
temperatura, o líquido evapora-se até que a pressão parcial de vapor de água na mistura de gás
torna-se igual à pressão de vapor do líquido a essa temperatura (PINEDA & VELASCO,
2009, p.215). A mistura gasosa satisfaz a lei de Dalton. Portanto, mantendo a mesma
quantidade de ar na mistura, a medição da pressão parcial de vapor de água nele à diferentes
temperaturas permite conhecer a dependência da pressão de vapor com a temperatura do
líquido.
13
Nota: A figura mostra as regiões de temperatura e pressão em que ocorrem as várias fases, e também as linhas
que caracterizam as transições entre as fases.
Neste estudo há interesse na região separada pela curva de vaporização onde ocorre o
equilíbrio líquido-vapor. Atkins (2015, p. 125) mostra que a curva de vaporização pode ser
obtida a partir da equação de Clapeyron, considerando a entalpia de vaporização ∆𝑣𝑎𝑝 𝐻
independente da temperatura, sendo expressa conforme equação
𝑝 ∆𝑣𝑎𝑝 𝐻 1 1 (2-2)
ln( ) = ∙( − )
𝑝𝑐 𝑅, 𝑇 𝑇𝑐
onde 𝑅 é igual a 8,3145JK-1 mol-1, 𝑝 a pressão, 𝑇𝑐 é a temperatura crítica e 𝑝𝑐 é a pressão na
temperatura crítica.
onde a pressão parcial de vapor e pressão de vapor devem estar na mesma unidade, neste
trabalho utilizaremos o pascal (𝑃𝑎 = 𝑁/𝑚2 ).
Medida importante é a temperatura de bulbo úmido 𝜃𝑤 que seria aquela que teria
uma porção de ar se esta fosse resfriada sob a saturação (100% de umidade relativa) por
evaporação de água sobre ele com o calor latente sendo fornecido pelo ar. E a temperatura
de bulbo seco 𝜃𝑠 , como sendo a temperatura quando tomada do ar com umidade relativa
abaixo de 100%. Conforme Miranda at. al (2015), para determinar a pressão parcial na
equação na equação (2-3), calcula-se primeiro a pressão de vapor 𝑝 por meio da equação
(2-4), onde 𝑒 é o número de Euler:
17,3𝜃𝑤 7,5𝜃𝑤
𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 = 𝐴 × 𝑒 237,3+𝜃𝑤 , ou 𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑝𝑜𝑟 = 𝐴 × 10237,3+𝜃𝑤 (2-4)
onde o parâmetro 𝐴 equivale a 610,8 𝑃𝑎 (para resultados em 𝑃𝑎), 0,6108 𝑘𝑃𝑎 (para
resultados em 𝑘𝑃𝑎), ou 4,58 𝑚𝑚𝐻𝑔 (para resultados em 𝑚𝑚𝐻𝑔), 𝜃𝑤 é a temperatura de
bulbo úmido em °𝐶. Em seguida, deve-se calcular a pressão parcial de vapor por meio da
equação (MIRANDA at. al, 2015):
2
Consultar a referência para outros aspectos específicos da constante psicrométrica.
15
Considere uma região definida no espaço através de uma fronteira da qual massa,
energia e momento possam fluir, no interior da qual mudança de massa, energia e momentum
possam ocorrer e também forças externas atuar. Tal região é denominada “volume de
controle” e as suas fronteiras são chamadas “superfícies de controle” (KAYS e CRAWFORD,
1993, p. 5). O volume de controle é utilizado em diversas análises. Pode ser de dimensões
finitas ou infinitesimais. No caso de um volume de controle onde não haja a troca de matéria
então é denominado de sistema termodinâmico.
Considerando que o termo criação com a conotação de fluxo saindo menos, o fluxo
entrando corresponde ao acréscimo de armazenamento, então o princípio da conservação de
massa, quando aplicado ao volume de controle pode ser expresso pela equação (KAYS e
CRAWFORD, p. 6):
𝐺 ≡ 𝑉𝜌 (3-2)
,
16
𝑚̇ = 𝐴𝐺 = 𝐴𝑉𝜌 (3-3)
onde, 𝑚̇ é a taxa de fluxo de massa através da superfície de controle, 𝑘𝑔/s.
O termo criação nessa expressão possui a mesma conotação para o princípio da conservação
da massa, ou seja, fluxo saindo menos o fluxo entrando corresponde ao acréscimo de
armazenamento.
(3-5)
Taxa de acúmulo de energia = 𝑆,
onde essa taxa terá dimensão tanto volumétrica e superficial dependendo do contexto. De
acordo com Kays e Crawford (1993), a energia pode cruzar a superfície de controle na forma
de trabalho ou calor, ou como energia armazenada em qualquer massa que flua através da
superfície. Em resumo, abaixo são listadas algumas formas de energia frequentemente
encontradas em sistemas de escoamento:
17
Energia que pode cruzar a superfície de controle: trabalho mecânico, fluxo de trabalho,
calor;
Energia armazenada por unidade de massa à medida que cruza a superfície de controle:
energia térmica interna, energia cinética, energia potencial, entalpia;
Energia que pode estar envolvida na variação da energia armazenada através do volume
de controle: energia térmica interna, cinética, energia potencial, geração de energia.
3.5 Fluidos
Um fluido é definido como uma substância que se deforma continuamente sob a ação
de uma tensão cisalhante. Uma importante consequência dessa definição é que, quando um
fluido está em repouso, não pode haver tensão cisalhante. Tanto líquidos como gases são
fluidos. Algumas substâncias, como o vidro, são tecnicamente classificadas como fluidos.
Entretanto, a taxa de deformação em vidro, em temperaturas normais, é tão lenta que torna
impraticável considerá-lo um fluido (WELTY at al., 2017, p. 1).
Considere a força 𝛥𝐹⃗ atuando em um elemento 𝛥𝐴. A força 𝛥𝐹⃗ é decomposta nas
componentes normal e paralela à superfície do elemento. A força por unidade de área ou a
𝛥𝐹⃗
tensão em um ponto é definida como: o limite de quando 𝛥𝐴 → 𝛿𝐴, em que, 𝛿𝐴 é a
𝛥𝐴
menor área para a qual as médias estatísticas são significativas, expressa de acordo com a
equação:
18
𝛥𝐹⃗𝑛 𝛥𝐹⃗𝑠
lim = 𝜎𝑖𝑖 ; lim = 𝜏𝑖𝑖 (3-6)
𝛥𝐴→𝛿𝐴 𝛥𝐴 𝛥𝐴→𝛿𝐴 𝛥𝐴
onde 𝜎𝑖𝑖 é a tensão normal e 𝜏𝑖𝑖 é a tensão cisalhante (WELTY at al., 2017, p. 3).
A lei de Fick é a mais restrita relação, e que é exata, para a difusão de massa em uma
mistura binária3 na ausência de outros gradientes de potenciais. Em notação vetorial, a lei de
Fick é expressa pela equação
𝐺⃗𝑑𝑖𝑓𝑓,𝑗 = −𝜌𝐷𝑗 ∇
⃗⃗𝑚𝑗 , (3-9)
3
Em uma mistura binária, apenas dois componentes estão presentes (WELTY at al., 2017, p. 400).
19
De acordo com Welty at al. (2017, p. 281), certos parâmetros são úteis na correlação
de dados convectivos e nas relações funcionais para os coeficientes convectivos de
transferência de calor. Além disso, ainda em Welty at al. (2017, p. 133), são mencionados o
uso de coeficientes adimensionais como um recurso de análise de equações diferenciais
governantes e que esses coeficientes favorecem a análise na medida em que se apresentam
determinadas situações, por exemplo, simetria geométrica. Relaciona-se a seguir os
coeficientes adimensionais e parâmetros empíricos que são utilizados nesse estudo, estes
últimos estão agrupados conforme a aplicação específica, tais como transferência de calor por
convecção (KAYS e CRAWFORD, p. 281) e de transferência de massa (KAYS e
CRAWFORD, p. 516).
ℎ ∙ ∆𝑇 ℎ𝐿𝑐 𝑘𝑐 𝐿𝑐 (3-10)
𝐵𝑖 = = , ou 𝐵𝑖𝑚 = (WELTY at al. , 2017, p. 504)
∆𝑇 𝑘 𝐷𝐴𝐵
𝑘∙ 𝐿
𝑐
resistência interna é desprezível e existe mais capacidade de transferir calor por condução do
que existe por convecção. Nesse último caso, o fenômeno controlador da transferência de
calor é a convecção, sendo os gradientes de temperatura dentro do meio, bem pequenos. No
caso de 𝐵𝑖𝑚 , seu valor pode explicar então as resistências convectivas à transferência de
massa e a diferença de concentração na superfície da espécie A de sua concentração na fase
fluida (WELTY at al., 2017, p. 506).
O número de Spalding: 𝐵
Denominação Expressão
Transferência de massa
Número de Schmidt, 𝑆𝑐𝑗 (WELTY at al., 2017, p. 516) 𝜈 𝜇⁄𝜌 𝜇
𝑆𝑐𝑗 =
𝐷𝑗
=
𝐷𝑗
=
γj (3-16)
O número de Lewis, 𝐿𝑒𝑗 , (WELTY at al., 2017, p. 517) 𝑘 ⁄𝜌𝑐 𝑘 ⁄𝑐 Γ
𝐿𝑒𝑗 = = = (3-15)
𝐷𝑗 𝜌𝐷𝑗 γj
Fonte: O autor.
O vaso de barro menor é colocado dentro de um vaso de barro maior e o espaço entre
eles é preenchido com areia grossa. Esta areia é molhada e subsequentemente a abertura do
pequeno vaso de barro deve ser coberta com um pano molhado. Devido à porosidade de barro
cozido, uma parte da água da areia pode difundir-se através da argila e evaporar-se na
superfície do lado de fora do pote maior (RINKER, 2014). Este processo de evaporação
consome a energia térmica do interior do vaso de barro externo resultando em diminuição da
temperatura do ar no vaso de barro interno.
precisando ser exatamente iguais ao por ele indicado. O mais importante diz ele é que um
vaso caiba dentro do outro.
Fonte: (a) (RINKER, 2014, p. 6); (b) e (c) adaptado de Damle at al. (2015, p. 13).
Nota: (a) Refrigerador pot-in-pot em operação. (b) Detalhes em corte. (c) Parâmetros geométricos.
25
Fonte: O autor.
Nota: Volume de controle entre o pot-in-pot e a vizinhança estacionária com temperatura T∞ que teoricamente
determina a temperatura Tw .
radialmente no espaço anelar ocupados pela substância transferida. Essa condição (vide
Figura 4-4) está hipoteticamente indicada por uma superfície 𝑀-𝑀4 representando o estado 𝑀
da substância transferida com propriedades uniformes (ou média) dadas pela equação
𝑇𝑖 + 𝑇𝑜
𝑇𝑀 =, e, 𝜔𝑣,𝑀 = 1 (4-2)
2
onde 𝑇𝑖 é a temperatura da superfície externa
, do vaso interno, e 𝑇𝑜 é a temperatura da
superfície interna do vaso externo.
𝑇𝑖 𝑇𝑜
𝐻 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 𝑇𝑖 + 𝑇𝑜
𝑇𝑀 =
2
4
O duplo M indica que o estado da substância é o mesmo por toda a extensão da altura da superfície.
27
De acordo com Damle e Date (2015), vários fatores na equação (4-1) variam com o
tempo. Variações na temperatura ambiente 𝑇∞ e umidade relativa Θ∞ são óbvias. Entretanto,
a dependência no tempo do calor operacional dependerá do ritmo de uso e dos alimentos.
Assim, o objetivo é de identificar a influência dos fatores em regime permanente. De
forma a garantir isso é necessário assumir as seguintes pressupostos: a) a umidade é mantida
continuamente no espaço anelar entre os vasos a uma taxa igual à taxa de evaporação 𝑚̇𝑤 .
Isso garante que a altura (𝐻) da coluna de água no espaço anular permanece constante; b) a
temperatura da água injetada no espaço anelar é hipoteticamente exatamente igual à
temperatura 𝑇𝑀 . Isso assegura que a temperatura imaginária 𝑇𝑀 (Figura 4-4) permaneça
constante.
Segundo Damle e Date (2015) e com referência a Figura 4-5, haverá um fluxo de
massa cruzando a superfície ∞-∞ fluindo em direção à superfície 𝑤-𝑤, mas com as
propriedades em ∞-∞ em 𝑘𝑔/𝑠 igual a 𝑔𝐴𝑜 ; e um fluxo de massa cruzando de ∞-∞ fluindo a
partir da superfície 𝑤-𝑤, mas com as propriedades em 𝑤-𝑤 igual a 𝑔𝐴𝑜 + 𝑚̇𝑤 , onde, 𝐴𝑜 =
2𝜋𝑟𝑜 𝐻; e 𝑔 é o coeficiente de transferência de massa (𝑘𝑔/𝑚2 𝑠).
𝑔𝐴𝑜
𝐻 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑
𝑚̇𝑤
𝑟𝑜
𝐴𝑜 = 2𝜋𝑟𝑜 × 𝐻
𝑤 ∞
𝑔𝐴𝑜 + 𝑚̇𝑤 𝐻
𝑤 ∞
𝑖
𝑀 𝑜 𝑤 ∞
𝐴𝑜
Fonte: O autor.
= 2𝜋𝑟𝑜 × 𝐻
28
Agora ainda em referência a Figura 4-5, desde que 𝑚̇𝑤 registre a fase considerada na
superfície 𝑤-𝑤, o balanço de massa ao longo da largura da fase considerada (vapor) mostra
que na hipótese de um fluxo de massa fictício (𝑔𝐴𝑜 ), o processo não cria ou destrói qualquer
massa na fase considerada (idem). A magnitude de 𝑔 não é afetada pela presença de
gradientes de espécies de frações de massa 𝜔𝑗 ou temperatura 𝑇, não é afetada pela
turbulência, radiação etc. na fase considerada. O fluxo de 𝑔 também não é afetado pela
direção de 𝑚̇𝑤 (DAMLE e DATE, 2015, p. 15).
𝑔𝐴𝑜 𝜔𝑣,∞
𝐻 𝑚̇𝑤
𝑤 ∞
Fonte: O autor.
Nota: O desenho retrata a conservação da massa aplicada ao volume confinado entre as superfícies 𝑤-𝑤 𝑒 ∞-∞
29
Rearranjada, a expressão (4-3) fica conforme a equação (4-4) abaixo, onde, 𝜔𝑣,∞ é o
percentual de massa de vapor ambiente, e 𝜔𝑣,𝑤 é o percentual de massa de vapor na superfície
𝑤-𝑤.
𝜔𝑣,∞ − 𝜔𝑣,𝑤
𝑚̇𝑤,𝑚 = 𝑔𝐴𝑜 𝐵, onde, 𝐵 = (4-4)
, 𝜔𝑣,𝑤 − 1
Segundo Damle e Date (2015) desde que o número de Lewis, 𝐿𝑒, seja
aproximadamente 1, para o modelo em estudo, o coeficiente 𝑔 (𝑘𝑔⁄𝑚2 ∙ 𝑠) pode ser estimado
a partir do coeficiente de transferência de calor por convecção 𝛼𝑜 conforme expressão (4-5),
onde 𝐶𝑝𝑚 é o calor específico do meio misto.
αo (4-5)
𝑔≈
𝐶𝑝𝑚
αo 𝐻
𝑁𝐻= ; 𝑁𝑢𝐻 = 0,59(𝐺𝑟𝐻 ∙ 𝑃𝑟)0,25 (4-6)
𝑘𝑎
5
Os termos em azul possuem no arquivo digital uma ligação às respectivas definições no próprio material.
6
A lei de Darcy diz que a vazão de uma amostra de solo é diretamente proporcional à área da seção transversal,
à perda de carga, e inversamente proporcional ao comprimento da amostra (FERNANDES, 2106, p.174).
30
𝑄𝑛𝑐 𝑔𝐴𝑜 ℎ∞
𝑚̇𝑤 ℎ𝑀,𝑤
𝑜 𝑤 ∞
Fonte: O autor.
31
Numa segunda etapa, da mesma forma, é aplicado o balanço de energia (vide Figura
4-8) através das superfícies 𝑤 − 𝑤 e 𝑜 − 𝑜, resultando na expressão abaixo (4-10).
𝑜 𝑤
𝑄𝑛𝑐
𝑄𝐿
𝑜 𝑤
Fonte: O autor.
Em uma terceira etapa (vide Figura 4-9) é aplicada a equação de balanço na região
entre as superfícies 𝑀 − 𝑀 e 𝑜 − 𝑜 com a aplicação da lei de Fourier da condução resultando
4
na equação (4-11) onde 𝑄𝑟𝑎𝑑 = εσ(T∞ − Tw4 ).
𝜕𝑇 𝜕𝑇
𝑚̇𝑤 (𝐻𝑀,𝑜 − 𝐻𝑀 ) − 𝑘𝑠𝑤 𝐴 | − (𝑘𝑠𝑤 𝐴 | ) = 𝑄𝑟𝑎𝑑 (4-11)
𝜕𝑟 𝑜 𝜕𝑟 𝑀
32
Figura 4-9 - Esquema para entendimento da equação de balanço para a região entre as
superfícies 𝑀 − 𝑀 e 𝑜 − 𝑜.
𝑀 𝑜
𝑄𝑟𝑎𝑑
𝜕𝑇
𝑄load = − (𝑘𝑠𝑤 𝐴 | )
𝜕𝑟 𝑀
𝑚̇𝑤 (ℎ𝑀,𝑜 − ℎ𝑀 )
𝜕𝑇
𝑄𝑜 = −𝑘𝑠𝑤 𝐴 |
𝜕𝑟 𝑜
𝑀 𝑜
Fonte: O autor.
equação (4-11), resulta na obtenção de uma expressão para 𝑚̇𝑤 = 𝑚̇𝑤,𝑒 , conforme equação
(4-13), onde o susbcrito 𝑒, significa que valor está sendo obtido via conservação de energia.
ℎ𝑤 = 𝐶𝑝𝑎 (𝑇𝑤 − 𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + [(𝐶𝑝𝑣 − 𝐶𝑝𝑎 ) ∙ (𝑇𝑤 − 𝑇𝑟𝑒𝑓 ) + 𝜆𝑟𝑒𝑓 ]𝜔𝑣,𝑤 (4-15)
𝑇𝑖 +𝑇𝑜
ℎ𝑀 = 𝐶𝑝𝑤 (𝑇𝑀 − 𝑇𝑟𝑒𝑓 ) → 𝑇𝑀 = (4-16)
2
33
Segundo as indicações de Damle e Date (2015) uma vez que sendo 𝑇𝑤 um valor
desconhecido, então as temperaturas intermediárias, 𝑇𝑖 , 𝑇𝑜 e 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 podem ser determinadas
1−𝜃𝑠 𝜃
conforme equações (4-17) a (4-23), em que, 𝑘𝑆𝑤= = 𝑘𝑠 × 𝑘𝑤𝑠 , é condutividade térmica
𝜃
para o meio areia+água, 𝑘𝑐𝑙𝑤 = 𝑘𝑠1−𝑐𝑙 × 𝑘𝑤𝑐𝑙 , é a condutividade térmica para a argila úmida.
𝜃𝑠 o coeficiente de porosidade da areia, 𝜃𝑐𝑙 o coeficiente de porosidade do vaso de argila.
Essas condutividades são valores efetivos, devido à condição de constituição do meio por
duas fases, sólida e fluida (PANDEY e PESALA, 2016).
.
𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 1 𝑏𝑖 (4-17)
𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 = 𝑇𝑖 + ∙[ + ]
𝐴𝑖 𝛼𝑖 𝑘𝑐𝑙𝑤
𝑄𝐿 + 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑
𝑇𝑖 − 𝑇𝑜 = 𝑟 (4-18)
𝑘𝑠𝑤 𝐴𝑖 ⁄𝑟𝐼 ln( 𝑜⁄𝑟𝑖 )
𝑄𝐿 + 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑
𝑇𝑜 − 𝑇𝑤 = (4-19)
𝑘𝑐𝑙𝑤 (𝐴𝑜 ⁄𝑏𝑜 )
𝑏𝑜 𝑟𝑖 ∙ln(𝑟𝑜 ⁄𝑟𝑖 )
𝑇𝑖 = 𝑇𝑤 + (𝑄𝐿 + 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 ) ∙ {𝑘 + } (4-21)
𝑐𝑙𝑤 𝐴𝑜 𝑘𝑠𝑤 ∙𝐴𝑖
𝑏𝑜
𝑇𝑜 = 𝑇𝑤 + (𝑄𝐿 + 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 ) ∙ ( )
𝑘𝑐𝑙𝑤 𝐴𝑜 (4-22)
−1
𝑚̇w 𝐶𝑝𝑤 ⁄2
𝑄𝐿 + 𝑄𝑙𝑜𝑎𝑑 = −𝑄𝑟𝑎𝑑 ∙ [1 + 𝑟
] (4-23)
𝑘sw 𝐴𝑖 ⁄[𝑟𝑖 ln( 𝑜 )]
𝑟𝑖
Início A
Calcular temperaturas Ti , 𝑇𝑜 , 𝑇𝑀
B
Calcular entalpias ℎ∞ , ℎ𝑤 , ℎ𝑀
Calcular 𝜔𝑣,mean 𝜔𝑣,mean
= 0,5(𝜔𝑣,∞ + 𝜔𝑣,w )
Equação
Calcular 𝑚̇𝑤,𝑒
Calcular 𝐶𝑝𝑚
𝐶𝑝𝑎 (1 − 𝜔𝑣,mean ) (4-13)
+ 𝐶𝑝𝑣 ∗ 𝜔𝑣,mean
Equação
Comparar 𝑚̇𝑤,𝑚 com 𝑚̇𝑤,𝑒
Calcular 𝛼𝑜 (4-13)
Equação (4-6)
𝑔
Calcular 𝐵𝑖𝑚 𝐵𝑖𝑚 ≡ Ajustar 𝑇𝑤
𝜌𝑤 ∙ 𝑘ℎ𝑦
Calcular 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑
Equação (4-7)
Calcular 𝐵 ∗
B
A
Fim
5 Metodologia
1. Do entorno (ambiente), 𝑇∞ ;
2. Da superfície externa do vaso externo, 𝑇𝑤 ;
3. Da superfície imaginária coaxial média na camada de areia úmida, 𝑇𝑀 ;
4. Temperatura do ambiente interno do vaso interno, 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 .
𝑀1 𝑀3
Φ∞ = 84,6 Φ∞ = 71,4
29,5 31,1 27,9 28,70 28,7 32,0 27,0 27,90
29,3 30,1 27,7 28,50 28,9 31,5 27,0 27,80
28,6 30,7 27,7 28,40 27,6 31,5 27,3 27,50
28,7 30,9 27,7 28,30 28,4 31,7 27,3 27,40
A 30,7 27,7 A 28,1 31,5 27,0 A
Média 29,0 30,7 27,7 28,5 Média 28,34 31,64 27,12 27,65
𝑅1 28,7 30,7 28,2 29,6 𝑅3 27,73 31,64 26,62 27,40
𝑀2 𝑀4
Φ∞ = 83,2 Φ∞ = 77,0
29,1 30,5 27,6 28,00 28,9 30,7 28,2 28,3
28,1 30,3 27,7 27,70 28,7 30,9 28,1 28,1
28,5 30,5 27,7 27,60 28,7 31,0 28,2 28,3
28,5 30,7 27,4 27,60 28,5 30,4 28,1 28,1
A 30,2 27,5 A 28,7 30,9 28,2 28,3
Média 28,55 30,44 27,58 27,73 Média 28,7 30,8 28,2 28,2
𝑀5
Φ∞ = 74,5
28,1 31,3 27,6 28,70
28,7 31,3 27,7 28,60
28,3 31,1 27,6 28,50
28,1 31,1 27,7 28,30
28,4 A 27,6 28,20
FONTE: O autor.
NOTA: 𝐴 - dados ausentes; 𝑀 - valores medidos pelo termômetro; Média - a média dos valores M; 𝑅 -
resultados obtidos segundo modelo; Φ∞ - a umidade relativa estimada com base nos dados do Erro! F
6 Resultado e análise
Valores
Média de
Grandeza Método Grupo menores valores deΦ∞
Grupo maiores valores deΦ∞
valores
Menor 𝑇∞ do grupo Maiores 𝑇∞ do grupo
Temperaturas (°𝐶)
𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 (1) Média experimental 28,11 27,73 28,50 28,20 28,46 27,65
𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 (2) Calculado 28,17 28,55 29,60 27,70 27,61 27,40
𝑇∞ (3) Medido 30,96 30,44 30,70 30,80 31,20 31,64
Variações (°𝐶)
(1) (3) − (1) 2,85 2,71 2,2 2,6 2,74 3,99
Fonte: O autor.
Nota: Os dados estão apresentados agrupados com base nas características de umidade relativa.
Com referência ao QUADRO 6-1, na coluna - Média de valores - nota-se que o valor
médio 28,11º𝐶 (média da média experimental) de 𝑇𝑐𝑜𝑙𝑑 apresentou-se bem próximo do valor
médio dos valores calculados, 28,17°𝐶. As variações de temperatura não são uniformes, tanto
para os maiores valores quanto para os menores valores de umidade relativa. Essas
40
𝑃𝑟 0,29
𝑁𝑢𝐿 = 0,18 (0,2+𝑃𝑟 𝑅𝑎𝐿 ) (6-1)
41
7 Considerações Finais
De forma a dar continuidade dos trabalhos nessa área de estudo, uma vez que o
enfoque deste trabalho tenha sido preponderantemente um estudo de caso com análise de
dados brutos, lançam-se duas hipóteses para trabalhos futuros:
REFERÊNCIAS
ALONSO, M; FINN, E. Física um curso universitário. Vol. II, S. Paulo. Edgard Blücher,
1972. 565 p.
DAMLE, R. M.; DATE, A. W. Heat and Mass Transfer in a Clay-Pot Refrigerator: Analysis
Revisited. Journal of Energy, Heat and Mass Transfer 37 (2015) 11-25.
KAYS, W. M.; CRAWFORD, M. E. Convective heat and mass transfer. 3ed. McGraw-Hill,
Inc., 1993, EUA, 601p.
LIU, W.; PENG, S. W.; MIZUKAMI, K. A general mathematical modelling for heat and
mass transfer in unsaturated porous media: an application to free evaporative cooling. Heat
and Mass Transfer 31 (1995) 49-55. Springer-Verlag 1995.
PANDEY, R.; PESALA, B. Heat and mass transfer analysis of a pot-in-pot refrigerator using
Reynolds flow model. 2016. Disponível em
http://thermalscienceapplication.asmedigitalcollection.asme.org/. Acesso em 19/04/2017.
RINKER, Peter. The clay pot cooler – an appropriate cooling technology. 2014. Disponível
em www.movement-verein.org. Acesso em 24/6/2017.
YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física II: termodinâmica e ondas, 12ed (Página
183).. Edição do Kindle.
______. Sears and Zemansky's universe physics: with modern physics, 13ed. San Francisco:
Pearson, 2012.
44
𝐹
𝑝𝑣,∞ Φ 𝑝𝑠𝑎𝑡 𝑇
∞
= (100), = 𝑒 (1−𝜏) , 𝜏 = 1 − 𝑇∞ , 𝐹 = 𝑎1 × 𝜏 + 𝑎2 × 𝜏 1,5 × 𝑎3 × 𝜏 3 + 𝑎4 × 𝜏 3,5 +
𝑝𝑠𝑎𝑡 𝑝𝑐𝑟 𝑐𝑟
4 7,5
𝑎5 × 𝜏 + 𝑎6 × 𝜏 , 𝑎1 = −7,85951783, 𝑎2 = 1,84408295, 𝑎3 = −11,7866497, 𝑎4 =
22,6807411, 𝑎5 = −15,9618719, 𝑎6 = 1,80122602, 𝑇𝑐𝑟 = 647,096𝐾, 𝑝𝑐𝑟 = 220,64𝑏𝑎𝑟,
𝑝𝑡𝑜𝑡 = 1,01324𝑏𝑎𝑟 (DAMLE e DATE, p. 25).