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SISTEMA ALIMENTAR DO YÔGA

DE COMO ÉRAMOS FRUGIVORISTAS


E DE COMO DEIXAMOS DE SÊ-LO

Fator número um
No início da nossa evolução em direção ao que viria a se denominar
homo sapiens, nós éramos vegetarianos. Vivíamos nas árvores e
alimentávamo-nos de frutas e folhas, como ainda o fazem atualmente
muitos dos nossos parentes primatas. Para comer, não precisávamos
trabalhar. Aliás, morávamos dentro de uma salada! Além disso, a vida
era só comer, brincar, transar, dormir, acordar, estender o braço e
alcançar a refeição. Noutras palavras, estávamos no paraíso.
Na verdade, a Bíblia refere-se de forma inequívoca a esse Éden
(Gênesis, versículos 16 e 17). Fôramos postos num jardim pleno de
árvores frutíferas e podíamos comer de todas elas, menos de uma, a da
Noção do Bem e do Mal. Comendo desta, ficaríamos impedidos de
comer os frutos da Árvore da Vida.

Fator número dois


Tudo ia muito bem até que um belo dia fomos expulsos do paraíso por
um incidente climático no qual as árvores escassearam-se. Assim,
tivemos que descer para o chão4. Acontece que nós éramos animais
arborícolas e não terrícolas. No chão, nossas pernas não serviam para

4 Como este livro não pretende dissertar sobre antropologia, precisamos contentar-nos com
esta história resumida.

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grande coisa. De fato, até hoje, milhões de anos depois, continuamos


incompetentes quanto ao caminhar sobre o solo. Levamos mais de
doze meses para aprender a andar, quando qualquer herbívoro
irracional nasce, põe-se de pé e corre com apenas algumas horas de
nascido. Duas décadas depois, continuamos tropeçando e caindo por
tudo e por nada. Temos músculos enormes nas pernas e coxas, que
nos ocupam uma considerável quantidade de sangue e energia, mas
qualquer animalzinho dez vezes menor corre mais do que nós.
Perdendo nosso habitat nas árvores e sem ter capacidade para correr
no solo, ficamos à mercê dos predadores. Passamos a refugiar-nos nas
cavernas. Imagine o trauma dessa espécie que estava acostumada a
uma vida lúdica e sem preocupações, saltando e brincando por entre
os ramos verdejantes, o céu azul e os raios do sol, ser obrigada, quase
que repentinamente, a viver no escuro e com medo dos predadores.
Não foi à toa que o ser humano associou essas duas coisas e, para ele,
a escuridão passou a ser sinônimo de medo.
Não havendo mais tantos vegetais sobre a Terra, nossos ancestrais
foram compelidos a mudar sua dieta. Passaram a comer o que
houvesse. Tornaram-se coletores, catando uma castanha aqui, uma
raiz ali e uma lesma acolá. Com fome, come-se qualquer coisa. O
desespero da fome e de faltar alimento para a prole arraigou-se no
nosso psiquismo de forma tão atroz que desenvolveu uma síndrome
que carregamos até hoje e à qual denomino “síndrome do
supermercado”. Ela nos impele a ir coletando nas prateleiras mesmo
aquilo de que não necessitamos, a fim de levar para nossa toca, afinal,
“pode vir a ser necessário”.

Fator número três


Se nossas pernas são incompetentes, em compensação nossas mãos
são únicas. Desenvolvemos a habilidade de segurar, pois, ao nascer, o
filhote precisava contar com o instinto de se agarrar nos ramos da
árvore e nos pelos da mãe, caso contrário despencaria lá de cima. Até
hoje nossos recém-nascidos conservam esse reflexo, pegando
fortemente os dedos dos pais ou uma vareta que lhe seja posta nas
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mãos. Podemos mesmo levantar o bebê pela vareta, pois ele não a
soltará e não cairá5.
Na verdade, nós não evoluímos como espécie graças ao
desenvolvimento do cérebro e sim graças à oposição do polegar. Este
permitiu que agarrássemos os objetos por puro instinto. Com isso,
mais tarde iríamos tornar-nos homo instrumentalis, pouco diferentes
dos símios que também usam instrumentos. A partir de então, teria
ocorrido uma demanda neurológica que exigiu do cérebro o seu
aprimoramento. Mas, antes disso...

Juntando os três fatores


Juntando os três fatores acima, o que nós temos é o seguinte
panorama: um pithecus faminto, acocorado; um galho seco caído no
chão ao seu lado; e um almoço passando correndo. Quantas vezes essa
cena deve ter-se repetido ao longo de, digamos, cem mil anos? Numa
dessas incontáveis vezes, por mero instinto de agarrar, o pithecus
segurou o galho seco e usou-o como instrumento. Descobriu,
surpreso, que aquilo ampliara sua força, multiplicara sua velocidade e
alcançara mais longe, aonde os braços não chegavam. Pronto. O
almoço estava espatifado e tinha-se inaugurado uma nova era: a do
carnivorismo.

CARNIVORISMO
Agora, usando pedaços de pau, o primata bípede a caminho da
evolução passou a abater pequenas presas, com as quais alimentou sua
família. A partir de então, foi rápido deduzir que, se amarrasse uma
pedra na extremidade do pau, ele poderia abater animais maiores.
Necessitamos apenas de algo como 50.000 anos. Bem, nós somos
assim até hoje. Para mudar um paradigma precisamos esperar que
morram todos e mais algumas gerações. Contudo, um dia lá estávamos

5 Não tente fazer esse teste em casa. Peça ao seu pediatra que o demonstre, se ele achar
seguro.
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nós com machados e lanças de pedra lascada6. Começara a destruição


em massa da fauna e da flora. Nada mais deteria essa praga chamada
bicho homem na sua investida contra a natureza.
A prática da caça estimulou algumas tribos a migrar atrás das manadas
e, assim, muitos humanos tornaram-se nômades e exploradores. Com
isso, essa bactéria planetária espalhou-se por todo o globo.
No entanto, nós não fomos projetados para comer carnes. Animais
vegetarianos quando comem carnes adoecem mais e morrem mais
cedo. Não dispomos de sucos gástricos nem intestinos para processar
carne. A maior demonstração de que não nascemos para caçar é a
nossa virtual falta de ferramentas naturais para abater outro animal.
Não temos garras, nem presas, nem veneno, nada.

Experiência científica
Há uma experiência muito convincente que costumo fazer em sala de
aula e você pode reproduzi-la na sua casa. Material necessário: um ser
humano e uma vaca. Coloque o ser humano diante da vaca. Peça que o
ser humano mate a vaca com os recursos que a natureza lhe dotou, ou
seja, sua força, suas mãos, seus dentes, etc. O ser humano vai tentar
por todos os meios, vai querer estrangular a vaca, vai dar socos na
vaca e não vai conseguir matá-la. Talvez consiga aborrecê-la e acabe
levando uma chifrada. Fim da experiência científica. Conclusão: o ser
humano não foi projetado para caçar. Além do mais, na natureza ele
nem conseguiria se aproximar o suficiente para agarrar o bicho, pois
também fomos privados da velocidade que o predador necessita.

Contestação da validade da experiência acima


O ser humano contrapõe que ele é um animal inteligente. Como tal,
teve condições de fabricar ferramentas e, com elas, caçar. Já não é lá
muito verdadeira essa afirmação, pois estamos tentando provar que

6 Fico imaginando que os primeiros a utilizar ferramentas e armas de pedra lascada devem ter
sido hostilizados e anatematizados pelos demais, da mesma forma como foram perseguidos
todos os humanos que estiveram à frente do seu tempo.

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