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para o
desenvolvimento
agrícola
dos países ACP
N.o 60
Abril 2004
Comércio justo
Encetar um círculo virtuoso 1
Distribuição
Os supermercados e a revolução
no mercado retalhista 3
TIC
Pobres mas ligados 4
PALOP 6
BREVES 8
REFERÊNCIAS 11
PUBLICAÇÕES 12
ENTRE NÓS 14
Ilustração: C. Ollagnon
PONTO DE VISTA
A mulher e a descentralização
Se o teu marido te ouve… 16
Neste número
Enquanto que os
Encetar um círculo
produtores africanos
descobrem as exigências
dos supermercados, os europeus
virtuoso
impõem às grandes cadeias de
distribuição que se interessem mais Vender a um preço justo é o desejo de todos os agricultores.
pelo comércio justo e pelos produtos O comércio justo tornou-se a sua divisa. Apreciado por um
biológicos. Tanto num caso como no
outro, apenas uma minoria de
número crescente de europeus, no entanto não toca senão uma
produtores do Sul já aproveita estas ínfima parte dos agricultores do Sul, que esperam acima de
novas pistas da comercialização. tudo uma alteração das regras do comércio internacional.
O conceito do comércio solidário
levou trinta anos para sair da sua
O
comércio justo está na moda na Eu- A grande distribuição, sempre atenta às novas
marginalidade militante. Hoje, com as ropa. Comprar os produtos de pe- tendências, compreendeu-o bem. Todas, ou
tecnologias da informação, as novas quenos agricultores do Sul, pagos a quase todas as grandes marcas apresentam alguns
tendências dos mercados circulam um preço justo, é, para os consumidores do produtos de comércio justo, mesmo que por
mais depressa. Os consumidores do Norte, demonstrar a sua solidariedade para com vezes sejam difíceis de encontrar nas prateleiras.
Norte e os produtores do Sul têm os produtores marginalizados, esmagados pela “Consumir melhor é urgente”, proclama a úl-
tudo ao alcance do rato do globalização. É tornar-se “consumidor-actor” tima campanha publicitária do Carrefour, a ca-
computador. Estes últimos estão longe por um mundo menos injusto e mais humano. deia líder de hipermercados no mundo, que não
Os grandes fóruns internacionais e as campa- se esquece de precisar que é necessário “respeitar
de estar todos ligados, mas os que o
nhas levadas a cabo pelas associações que de- o homem e o seu ambiente”… enquanto asse-
estão, aprendem depressa a captar as
nunciam regularmente a iniquidade do comér- gura aos seus clientes os mais baixos preços pos-
oportunidades e a tecer a sua teia na cio internacional e a exploração dos produtores síveis. Na Suíça, mesmo a McDonald’s, o rei da
Web. agrícolas dos países em desenvolvimento fize- restauração rápida, deixou-se persuadir e serve
ram com que, de alguma forma, se alterassem hoje café do comércio justo aos seus clientes.
as mentalidades. Os Europeus querem “consu- Uma forma de dourar a sua imagem de marca.
mir melhor” e são mais sensíveis às condições Por sua vez, os organismos de cooperação
de produção dos seus alimentos, sejam condi- também se interessaram. Assim, a União Eu-
ções sociais ou ecológicas. ropeia apoia as iniciativas do comércio justo
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Comércio justo •
nos países ACP financiando, por exemplo, das três vezes mais caras do que no mercado se mostrarem muito diminutas, “dará a mecha
campanhas de promoção destes produtos na local por uma associação suíça: “A minha pro- para o sebo”?
Europa. Num recente relatório sobre o café, o dução é de uma tonelada por semana e a Ter- Pois, por agora, este tipo de comércio aplica-
próprio Banco Mundial reconhece que o co- respoir compra 58 kg!”, queixa-se um dos pro- -se apenas a produtos para exportação de grande
mércio justo melhora claramente as condições dutores. Um problema frequente nos frutos e consumo, como o café ou a banana, ou a nichos
de vida dos produtores do Sul. vegetais frescos que são geralmente biológicos e de mercado como o das frutas e vegetais bioló-
Os números testemunham este entu- simultaneamente de comércio justo, o gicos. É o que contestam os seus críticos que ad-
siasmo: entre 2000 e 2002, as vendas do que raramente é o caso do café. vogam que longe de ajudar os agricultores po-
comércio justo aumentaram mais de Numerosas iniciativas provêem de bres, o comércio justo lhes cria ainda mais
40% no mundo. Em França e na No- pequenas associações do Norte que fun- dependência face aos consumidores do Norte e
ruega, dois países até então pouco en- cionam frequentemente com recursos perpetua a divisão do trabalho entre países de
volvidos, duplicaram entre 2001 e 2002! voluntários mas reduzidos. Elas têm produtores pobres e de consumidores ricos. Ou-
Mas encontram-se ainda longe do Reino mais de boa vontade do que de profis- tros lamentam que os custos ecológicos não
Unido e da Suíça, os campeões desta sionalismo, e estão sujeitas, em particu- sejam tomados verdadeiramente em conta.
forma de comércio solidário, em volume lar para os produtos frescos, às contin- Neste contexto, a Max Havelaar Foundation,
de vendas. Contudo, cada cidadão suíço gências do transporte aéreo. Resumindo, que lidera as vendas de produtos justos na Eu-
apenas despende em média 10 € por vendem os produtos limitando o nú- ropa, tem sido fortemente criticada por trazer
ano para ajudar os produtores do Sul. mero de intermediários, através de redes de avião para a Suíça flores produzidas em es-
Porque mesmo que as ideias generosas de pequenas lojas especializadas, que tufa à base de produtos químicos, no Zimba-
sejam amplamente partilhadas, meter a apenas podem absorver quantidades mí- bué. Os gastos energéticos para a produção e
mão no porta-moedas, para pagar uns nimas. A força dos grandes distribuido- transporte são aberrantes e bem longe de qual-
cêntimos a mais do que os artigos do co- res reside no aprovisionamento por cen- quer princípio de desenvolvimento sustentado!
mércio convencional, é mais difícil… trais de compra, que rotulam os Finalmente, alguns acham que este movimento
Não obstante esta fulgurante progressão, produtos vendidos e podem escoar não leva suficientemente em conta os interesses
o café, o chá, as bananas, os sumos de quantidades muito maiores. dos pequenos agricultores do Norte que en-
frutas, o açúcar, o arroz, os principais frentam a concorrência dos do Sul.
produtos vendidos com certificado de Rótulos incómodos O próprio mundo do comércio justo é agi-
comércio justo, representam somente… tado por diversos debates quanto à sua finali-
0,01% do comércio mundial. O comércio ético inicial normalizou- dade. Deste modo, a associação Minga que
se, ao sair da sua marginalidade. Não é reúne cerca de trinta associações em França, de-
propriamente “justo” o que se pretende. nuncia “uma visão Norte-Sul que tem a ten-
800 000 agricultores
Para serem “justos” os produtos têm de dência a reduzir o comércio justo a uma nova
abrangidos
corresponder a um certo número de pa- forma de ajuda ao Terceiro mundo e aos pro-
Não é assim de estranhar que, no Sul, drões internacionais estritamente defini- dutores” enquanto que na sua origem, durante
este tipo de comércio baseado na equi- dos desde de 2000 pela FLO (Fair trade os anos 70, a divisa do comércio justo era jus-
dade, na parceria, na confiança e no inte- Labelling Organizations international), tamente “o comércio e não a ajuda”.
resse comum permaneça mal compreen- um organismo reconhecido pelos diver-
dido. É certo que os grupos e cooperativas sos intervenientes neste sector, preocupa-
Tornar o comércio justo
que beneficiam do comércio justo apreciam dos em ter um certificado reconhecido
vender as suas produções a um preço mais por todos. Os pequenos produtores do Sul É necessário continuar a aumentar o volume
elevado que o de mercado, obter pré-finan- marginalizados, reconhecidos como de- de vendas ou antes fazer evoluir as práticas e as
ciamentos para as suas campanhas agrícolas e vendo ser os beneficiários deste sistema, regras do comércio internacional a fim de que
poder contar com contratos de longo prazo. têm também critérios a respeitar. Assim, os a maioria dos produtores, e não apenas uma
Beneficiam ainda de infra-estruturas (es- benefícios deverão ser equitativamente re- pequena minoria, possa tirar proveito de pre-
colas, centros de saúde...) instaladas gra- partidos entre todos aqueles que parti- ços mais justos? A Oxfam, organização britâ-
ças ao bónus de desenvolvimento atri- cipam na produção (em particular as nica pioneira desta forma de comércio, optou
buídos aos grupos, em complemento mulheres), o funcionamento do agru- pela segunda via e pôs em movimento uma vi-
do preço pago pelo produto. Mas só pamento deve ser transparente e demo- gorosa campanha intitulada “tornar o comércio
800 000 agricultores no mundo benefi- crático. Há regras por vezes mal com- justo”. Muitos militantes crêem que é mais efi-
ciam destas vantagens. É na América Latina preendidas pelos agricultores. Por exemplo, caz os consumidores exercerem pressão sobre
que está a maioria deles, o movimento ainda é produtores do Burkina Faso compreendem mal as empresas para promover os valores ecológi-
marginal no Sudeste da Ásia e em África. que se lamente o facto das mulheres carregarem cos e sociais sustentados, mesmo que esta acção
Poucos são os abrangidos e além disso, na grandes cargas de fruta em cestos, e que se queira só dê frutos a longo prazo, do que comprar al-
maior parte das vezes apenas uma ínfima parte forçar os agricultores a partilharem os ganhos guns produtos a um preço justo.
da produção dos agricultores é vendida com cer- das suas colheitas com elas. “De tanta atenção Segundo todas as previsões, o comércio justo
tificado de comércio justo. Quantidades insufi- dada ao destino da mulher, passa a discrimina- vai ainda desenvolver-se não só na Europa mas
cientes para mudar verdadeiramente as suas ção. O essencial é satisfazer a família”, comen- também nos Estados Unidos. Por si só, não irá
vidas. Porque, como diz um técnico agrícola do tou um extensionista após o seu regresso de uma alterar o destino dos agricultores do Sul, no en-
Burkina Faso, “o que interessa aos camponeses reunião da FLO. tanto o seu impacto não é desprezável. Com
não é a terminologia ‘comércio justo’. Aquilo As exigências do Norte parecem tanto mais efeito, ele contribui para a tomada de cons-
que querem é o concreto, é o dinheiro que entra incompreensíveis aos camponeses, quanto mui- ciência do Norte sobre a necessidade de mudar
no seu bolso”. Assim acontece com os produ- tas vezes os produtos são simultaneamente as regras do comércio mundial e permite aos
tores de manga na cooperativa onde trabalha, equitativos – pagos a um preço justo – e bio- produtores do Sul integrarem-se melhor nos
que em 2002 ficaram felicíssimos por ver as suas lógicos, cultivados sem produtos químicos. Se circuitos do comércio tradicional. Porque mais
mangas biológicas serem compradas por duas bem que independentes, os dois movimentos do que o aumento de 10 a 25 % do seu nível
vezes o preço de exportação das mangas co- andam frequentemente de mãos dadas. Os de vida, o interesse para os agricultores de tra-
muns, mas no ano passado ficaram muito de- consumidores europeus estão tanto ou mais balhar com as organizações do comércio justo
sapontados, quando apenas 300 toneladas preocupados com o respeito pelo ambiente e é sobretudo a aquisição de competências sobre
foram compradas dum total de 40 000 tonela- pela sua saúde do que com o bem-estar dos métodos de gestão e negociação com os parcei-
das produzidas. O mesmo problema nos Ca- produtores. As regras que eles impõem são ros comerciais, para saberem eles próprios de-
marões, onde as papaias biológicas são compra- muito restritivas. E se as quantidades vendidas fender os seus interesses.
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Distribuição Clientes e produtores
mercado retalhista
A rápida expansão de supermercados em amplas zonas do
mundo em desenvolvimento constitui uma ameaça para os
pequenos agricultores. Mas também oferecerá novas
oportunidades aos produtores rurais, se conseguirem marcar
presença no novo mercado.
É
sexta-feira à tarde em Antanarivo, e cados impõem aos fornecedores condições de
como muitas outras pessoas na capital negócio duras. Os produtores têm de ser ca-
malgaxe, Hanitra Randrianarivelo está a pazes de fornecer produtos prontos para ir para
fazer uma grande compra semanal no seu su- a prateleira 365 dias por ano, com padrões cadeia de supermercados Score. Para ganhar o
permercado local Champion. Agrada-lhe a va- constantes de sabor, aparência e segurança. contrato, teve de proceder à embalagem, eti-
riedade de escolha, as frutas e os vegetais fora “Os tomates têm não só que ser saborosos, quetagem e distribuição, mas declara que o in-
de estação e o facto de poupar tempo fazendo mas terem bom aspecto”, afirmou Stamoulis. vestimento valeu a pena. “Estou a ganhar um
as compras aqui. “No final, o preço fica o “Têm também de ter baixos níveis de resíduos bom dinheiro,” disse, descarregando no super-
mesmo”, diz Randrianarivelo, enquanto guarda de pesticidas, ser entregues nos prazos e forne- mercado de Dakar, onde as prateleiras estão co-
no seu carrinho de compras os produtos. “Se cidos em quantidades regulares. Os supermer- bertas por uma grande variedade de frutos, ve-
comparar com os feijões que se compram no cados não querem as suas prateleiras vazias getais, galinhas e leite produzidos por outros
mercado, que não foram seleccionados, e que parte do tempo.” fornecedores locais.
se tem de escolher. De qualquer forma é mais À medida que a rede de retalho alarga, exis-
rápido aqui.” Randrianarivelo tem um bom As novas regras do jogo tem mais oportunidades para o comércio re-
emprego, e poucas preocupações com a conta A embalagem, o armazenamento e o trans- gional. Actualmente, as bananas que se encon-
que a espera na caixa. Mas em outros cantos de porte requerem investimento e novas práticas tram num supermercado de Cape Town podem
África, famílias com rendimentos muito infe- para os pequenos produtores. É esperado que provir do Zimbabwe, enquanto que os vegetais
riores estão a virar-se para as lojas de self-service cerca de 90% da produção fornecida ao Fresh- e abacates podem ser do Quénia ou da Zâm-
como solução para as suas necessidades. mark, a subsidiária da Shoprite para as aquisi- bia. Com a ajuda adequada os agricultores
Os supermercados têm feito incursões maci- ções, chegue lavada, embalada, etiquetada e com podem ser bem sucedidos. Um projecto na
ças no sistema de retalho alimentar em grande código de barras. Como a maioria dos super- Zâmbia permitiu a pequenos agricultores da re-
parte do mundo em desenvolvimento, trans- mercados compradores mais importantes, a gião de Chipata produzir para a Shoprite cou-
formando os mercados agro-alimentares e os Freshmark opera centros de distribuição que co- ves, tomates e feijão verde de alta qualidade.
hábitos de consumo de milhões. Mas a rápida brem regiões inteiras, o que pode implicar que
transformação do mercado alimentar de reta- os produtores tenham que transportar mercado- Aprovisionamento local
lho é um importante desafio para muitos pro- ria a grandes distâncias, em veículos frigoríficos “Há ameaças, mas também há oportunida-
dutores. Os pequenos agricultores, incapazes de apropriados. A segurança alimentar pode colocar des, “afirmou Stamoulis. Explorar estas opor-
responder às novas necessidades de produção mais entraves, com muitas cadeias internacionais tunidades irá levar tempo, mas na FAO existem
alimentar, incluindo o embalamento e a distri- a insistirem em padrões para a produção e para planos para estabelecer ligações entre produto-
buição, podem ser afastados da economia ali- a embalagem que são mais rigorosos do que os res, ONG e os próprios supermercados. Para
mentar se não conseguirem adaptar-se. impostos a nível nacional. À medida que o im- proteger a sua imagem, algumas cadeias estão a
pacto dos supermercados se tornou mais visível, fazer mais esforços para se abastecerem local-
Adaptar-se ou morrer emergiram tensões. Na Tanzânia, horticultores mente. Na Namíbia, os estabelecimentos estão
“Os agricultores mais pequenos estão em pe- lançaram um protesto contra um novo super- a prestar assistência técnica, fornecendo se-
rigo de ser marginalizados se não tiverem ajuda mercado que abriu com fruta fresca importada mentes aos pequenos agricultores, conheci-
tecnológica, capital para arranque e o que for da África do Sul. mentos e apoio na certificação. Após o tumulto
necessário para entrar neste mercado”, disse Mas para aqueles capazes de responderem às na Tânzania, a Shoprite reivindica que 90% do
Kostas Stamoulis, um economista da FAO. novas exigências, as recompensas são atractivas. fornecimento do stock do estabelecimento de
“Eles necessitam de ajuda para instalações de O advento dos supermercados representa um Arusha provem de fornecedores locais.
embalagem e armazenamento, para a obtenção mercado estável, com pagamentos imediatos Os produtores de países em desenvolvimento
das sementes certas, para a aquisição de co- para os fornecedores. Outros benefícios poten- estão precariamente inseridos em cadeias de
nhecimentos sobre produtos químicos e cré- ciais incluem melhoramentos na qualidade e se- produção orientadas para os gostos dos consu-
dito.” gurança alimentar nos alimentos vendidos lo- midores – uma escorregadela e podem ser “des-
A América Latina, incluindo as Caraíbas, calmente, uma vez que os agricultores se listados”, um termo assustador, com conse-
está na crista da onda dos supermercados, mas esforçam para cumprir os padrões mais eleva- quências assustadoras. Mas ser pequeno não
embora mais lenta no arranque, a África está a dos dos supermercados. Isto resultará não só no significa necessariamente exclusão. No distrito
aproximar-se rapidamente, sobretudo no Sul e melhoramento dos géneros alimentares para de Solwezi na Zâmbia, o supermercado local
no Leste. A África do Sul domina com duas ca- consumo doméstico, colocará, também, os pro- fez da pequena escala dos seu fornecedores um
deias, Shoprite/Checkers e Pick’N Pay. dutores numa melhor posição para competir argumento de venda. Todos os dias, uma mul-
Através de sistemas centralizados de aquisi- nos mercados de exportação. tidão constante de agricultores entrega alface,
ção, margens diminutas e insistência em pro- No Senegal, o pequeno agricultor Aboubacar espinafres e cebolas, não de camião, mas sim
dutos e qualidade normalizados, os supermer- Fall vende toda a sua produção de arroz para a de bicicleta ou de carrinho de mão.
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TIC
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• TIC
dar aos pobres – diz a declaração final da CMSI sião da CMSI, o Fundo E-quality Fund for
“Obrigado Internet!” – particularmente àqueles que vivem nas zonas African Women and Innovation foi lançado
rurais e isoladas (…), os meios para se tornarem para ajudar as mulheres a participar mais acti-
Seis anos após a sua primeira ligação à In- autónomos, aceder à informação e utilizar as vamente nesta revolução da informação de que
ternet, o entusiasmo de Dramane Traoré TIC, como instrumento, nos esforços que de- muitas continuam à margem.
encontra-se intacto. O coordenador de Ci-
senvolvem para erradicar a pobreza”. Não fal-
kelaw, uma modesta organização de pro-
dutores rurais do Burkina Fasso, sediada tam grandes declarações, mas o fosso digital
em Bobo-Dioulasso, na parte ocidental de oculta sempre o fosso social entre os países ricos Solidariedade digital
Burkina, não dá o braço a torcer: “A In- e os países pobres. Apenas um africano em cada
ternet foi inventada por organizações de cem tem acesso à Internet, contra um em dois
camponeses”. Actualmente, Cikelaw or- O Fundo de Solidariedade Digital é uma
gulha-se de ter um ficheiro de 150 ende-
ou três na América do Norte e na Europa se- iniciativa africana lançada pelo presidente
reços e de receber cerca de 500 e-mails gundo o relatório da CNUCED. E um com- senegalês Abdoulaye Wade por ocasião da
por ano. Se esta “linha relacional” como putador custa 18 meses de um salário médio no Cimeira da informação. O objectivo era
a designa D. Traoré permite estar em con- Quénia e dois anos no Gana. criar um fundo alimentado pelas contri-
tacto com os seus correspondentes, o im- buições voluntárias da indústria, dos Esta-
Quanto ao telemóvel, explode em África, dos e dos consumidores do Norte. Por
portante é a seu ver os financiamentos re-
cebidos via Internet, a ligação em rede e onde conhece o maior crescimento mundial exemplo, uma percentagem sobre a venda
as informações técnicas. dos últimos cinco anos. Mas as comunicações de cada computador financiaria os projec-
A associação conseguiu vários créditos continuam muito onerosas e inacessíveis para tos de equipamento no Sul. Rejeitado
graças à Internet: 10 000 euros para fi- pelos Estados, verá no entanto o dia gra-
uma grande parte da população. A implanta-
nanciar durante dois anos o crédito às ças ao apoio de várias grandes cidades
ção dos telemóveis depende, na verdade, do (Genebra, Lyon e Turim) que já promete-
mulheres, uma subvenção para realizar
uma avaliação das suas actividades, 7000 sector privado que visa acima de tudo rentabi- ram importantes contribuições para o ali-
euros para um projecto de economia soli- lizar os seus investimentos. Todos os que não mentar. O Senegal anunciou que irá con-
dária levado a cabo com uma rede de tiverem um poder de compra suficiente serão tribuir com 400 000 euros. O Fundo será
cinco ONG… gerido de forma transparente e não bu-
postos de lado, caso não se instaurem parcerias rocrática a partir de Genebra, por uma
A fim de relançar a batata e a soja, Cike- entre os Estados, as empresas e a sociedade civil Fundação que reunirá membros da socie-
law navega e encontra muitos endereços
de produtores de sementes nos Países Bai-
dos países do Sul, adverte Marie Thorndal da dade civil, do sector privado e dos Estados.
xos e em França e uma ficha técnica mar- associação Redes e Cooperação. Porque para re- www.solidaritenumerique.org
roquina que ele adapta para os produto- duzir o fosso digital é preciso reduzir a factura
res do Burkina Faso. Para a soja, a dos pobres. É desta questão que se ocupa o
associação estabelece ligações com a Ame-
Partenariat mondial du savoir (GKP), entidade Outros vão mais longe e questionam-se se é
rican soybean, que lhe envia brochuras
sobre esta planta e sua utilização. organizadora da plataforma de Genebra, uma legítimo investir nestes meios de comunicação
Os vírus informáticos, o relâmpago que rede mundial que favorece os contactos entre sofisticados enquanto as necessidades primárias
causa danos no modem, o custo da nave- parceiros potenciais. não são satisfeitas. “As nossas prioridades são a
gação, nada desencoraja os membros desta saúde, a água e a educação. A Internet não nos
associação. Para estes as vantagens são Auto-estradas, pode trazer soluções para isso”, resume Ould
mais importantes que os inconvenientes.
mas também estradas Najem Shindouk, o primeiro internauta tuare-
Cikelaw
01 BP 186 Bobo-Dioulasso, Torna-se necessária uma vontade política gue de Tombouctou. Estar ligado não nos
Tel/fax: 226 97 30 27
como a do presidente do Mali, Amadou Tou- torna necessariamente mais ricos. Podemos co-
E-mail: cikelaw@fasonet.bf nhecer os preços nos mercados, mas de que
mani Toure, que deseja ligar 700 autarquias do
seu país à rede mundial, ou a de Wade, o pre- serve se não existir uma estrada para ir vender
sidente senegalês que compreendeu a impor- os produtos? É verdade. Mas permanecer à
2003. A única excepção é o Quénia que orga- tância para África de não ficar na cauda do margem das auto-estradas da informação mar-
niza leilões on-line para vender o seu café, mundo. Mas estes dois países são excepções. O ginalizaria ainda mais os países ACP, que
como já o fazem diversos países da América La- grosso dos governos interessa-se pouco pelo as- podem deste modo encontrar o seu lugar na
tina. Os raros sites na Internet de venda de pro- sunto, ou temem a multiplicação dos pontos mundialização. Com a condição das assinatu-
dutos agrícolas são pouco atractivos, excepto de acesso a informações fora do seu controlo. ras não serem demasiado caras.
na África do Sul, e não dispõem de um sistema Além disso, aceder a estas tecnologias não é
de pagamento das transacções on-line. um fim em si mesmo. Também se torna ne-
cessário que os instrumentos e as informações Apesar de ser caro cada vez se usa
Brinquedos sofisticados sejam adaptados aos usos locais. O que está mais o telemóvel.
ou instrumentos longe de ser o caso da Internet. Os conteúdos
de desenvolvimento? especificamente concebidos para, e sobretudo
Não faltam projectos de laboratórios para pelos, representantes do Sul são raros. Para na-
técnicas inovadoras ou instrumentos de desen- vegar na Internet, é preciso saber ler e com-
volvimento concebidos para romper o isola- preender o inglês ou o francês! Algumas pes-
mento dos produtores agrícolas e permitir-lhes soas acreditam ainda que estas redes de
viver melhor. Quando são simples e bem adap- comunicação electrónica criam uma nova
tados às necessidades, os progressos são per- forma de dependência cultural face aos países
ceptíveis. Mas permanecem muito localizados ocidentais uma vez que o fluxo se processa
e ainda é demasiado cedo para medir o seu im- num único sentido.
pacto global sobre a agricultura de um país. O desenvolvimento não reside apenas na téc-
Não impede que hoje se tenha tornado pra- nica, constata o Fundo Internacional de De-
Foto: S. Ouattara © Syfia International
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Palop •
A produção de leite
em ambiente tropical
– o caso de Angola
Uma pequena homenagem a um amigo Kuanhama, Kakolete de seu nome, sékulu de muita virtude
e conhecimento, que no Katófe me ensinou a gostar verdadeiramente de vacas e me iniciou no
gosto do leite fermentado, o mahine, muito antes do iogurte. Saudades minhas, tempos bons!
A
produção leiteira e a transformação entre os 38,4 o a 39 o C e é mantida através do • redução da produção de leite (podendo atin-
do leite é praticada por várias etnias, acerto entre o calor produzido e a sua dissipa- gir 25%), dos teores de gordura (menos
especialmente no Sul de Angola, ção para o ambiente. Parte desse calor é pro- 0,1% por cada 10% de aumento na tempe-
desde tempos imemoriais, assumindo o leite, duzido em consequência da fermentação mi- ratura máxima diária) e redução da proteína;
no seu estado natural ou fermentado (mahini crobiana no retículo-rúmen. As forragens de • aumento da incidência de mamites;
dos mumuhuílas e kuanhamas ou mavele dos muito baixa qualidade geram mais calor de fer- • perda de peso;
mucubais), um papel importante na dieta e na mentação, contribuindo para uma maior carga • aumento da transpiração e ritmo respirató-
cultura desses povos: Kuanhamas, Humbes, calórica total. rio (arfar) (>80 movimentos respiratórios/
Mumuhuílas, Kuvales (Mucubais). A manteiga Quando a temperatura corporal se eleva sig- /minuto);
é usada como cosmético, o leite é de uso obri- nificativamente, vários eventos homeotérmicos • aumento da temperatura corporal (de 38,5 o C
gatório na alimentação, o boi é o centro da cul- tem lugar, dentre os quais tem particular im- para 39,5 o C).
tura destas gentes. portância a evaporação da humidade através da
Ruy Duarte de Carvalho, no seu livro, Vou superfície do corpo (sudação) e pelos pulmões A diminuição da ingestão da matéria seca
lá visitar pastores (Ed. Círculo de Leitores) re- (arfando). Quando a temperatura ambiental depende da digestibilidade do alimento, afec-
fere: “Detém-te agora um pouco sobre as opera- elevada diminui a capacidade do animal para tando especialmente as forragens. Se forem ad-
ções de recolha e de distribuição deste leite. Só de- irradiar o calor corporal, o equilíbrio do ba- ministrados em separado, a diminuição da in-
pois disso poderás presumir saber alguma coisa lanço térmico verifica-se à custa da diminuição gestão é maior nestas do que nos concentrados.
sobre o consumo alimentar entre os Kuvale e a da ingestão e do metabolismo, da perda de Quando o Índice de Temperatura e Humi-
partir daí encontrarás algumas das linhas de força peso corporal e da baixa da produção de leite. dade aumenta acima de 72 (equivalente a 25 o C
que fundamentam o seu sistema socioeconómico.” A zona de conforto térmico para produção e 50% de humidade) mesmo antes de se veri-
Também, no seu livro Etnografia do Sudoeste de leite ocorre entre 10 o e 20 o C, sendo que a ficar o declínio da produção leiteira, a perfor-
de Angola, refere Carlos Eastermann, “a grande vaca adulta em lactação é mais tolerante ao frio mance reprodutiva das vacas leiteiras diminui,
ambição de um homem adulto é ser proprietário do que ao calor. O efeito negativo do aumento o que se deve mais à mortalidade embrionária
de manadas de bois” e ainda “É quase impossível de temperatura é tanto maior quanto mais ele- do que à insuficiência hormonal. A mortalidade
saber-se o número de cabeças na posse de um vada for a humidade ambiente. O Prof. Frank embrionária poderá estar relacionada com o au-
grande proprietário, pois é ele o primeiro a igno- Wiersma reduziu esta relação a um único ín- mento da temperatura intra-uterina.
rá-lo, pela incapacidade em que se encontra de dice, designado por Índice de Temperatura e
Estratégias para aliviar
fazer uma contagem exacta. Andaria porém en- Humidade (ITH). A perda de calor por eva-
os efeitos do calor
ganado quem julgasse que por isso ele desconhece poração funciona bem com humidades baixas,
os seus bois. Sabe-lhe a cor, a forma dos chifres, o que justifica que produções muito elevadas se Várias estratégias de maneio podem ser uti-
sabe se são velhos ou novos e poderá indicar mui- verifiquem em zonas muito quentes, mas secas, lizadas para obviar a severidade do stress tér-
tas vezes a genealogia de grande número deles”. como por exemplo em Israel. mico sobre a vaca leiteira:
Pode assim Angola contar com a tradição, o • Proporcionar sombra eficaz e alguma forma
saber e a cultura zootécnica das suas gentes Consequências metabólicas de acelerar o arrefecimento evaporativo;
para, associando-lhe conhecimentos e tecnolo- na produção de leite • Optar por uma época de reprodução/inse-
gias modernas, relançar o sector da produção Quando a temperatura corporal aumenta, minação nos meses mais frios;
de leite. actividades como a ingestão de alimentos e os • Usar tratamentos hormonais para a sincro-
esforços físicos são reduzidos. Para dissipar nização dos cios;
O stress térmico: mais calor, a circulação de sangue pela pele au- • Adoptar estratégias de alimentação que
aspectos fisiológicos menta e, em consequência, diminui a circula- façam aumentar a ingestão e minimizem a
As vacas, como os outros mamíferos, são ho- ção nos órgãos internos. Ocorre um aumento perca de peso após o parto.
meotermas. A sua temperatura normal situa-se da transpiração e da frequência respiratória
para elevar a proporção de calor perdido pela Modificação da nutrição
Girolando – uma vaca leiteira adaptada
ao ambiente tropical. evaporação da água. Este arrefecimento Acredita-se que a composição da dieta é im-
activo, recorrendo ao aumento da fre- portante no alívio do stress térmico, pois sabe-
quência respiratória, aumenta as necessi- -se que as vacas que atingem um estádio hipe-
dades de manutenção (energia) do ani- rémico, embora recusem a forragem, conti-
Foto: Assoc. Bras. Criadores de Girolando
ESPORO 60 • PÁG. 6
• Palop
piração. Estudos feitos na Universidade da Flo- ração, ajudando-as a manter a temperatura dores de vento. As sombras reduzem a radiação
rida mostraram vantagem na adição de mais normal e a produção de leite. Para tal são in- incidente em cerca de 30%.
sódio, potássio e magnésio na alimentação da dicadas nebulizações ou chuveiros muito finos, A água deve ser a maior preocupação nos pe-
vaca leiteira durante períodos de stress pelo calor. localizados junto à área de manjedouras, ou à ríodos de maior calor, sendo essencial a sua dis-
área de espera para a ordenha, funcionando de ponibilidade ad-libitum pelas vacas leiteiras su-
Arrefecimento por evaporação forma intermitente. O efeito evaporativo po- jeitas a stress térmico.
e disponibilidade de água derá ser acentuado com ventoinhas ou apro-
Prof. José Estevam Matos, Universidade dos Açores,
veitando correntes de ar predominantes. Por condensação de palestra proferida
Nos períodos de maior calor, há que pro- exemplo, localizando estrategicamente cortinas no Encontro Desafios da Agricultura Tropical
porcionar às vacas formas de acelerar a evapo- de árvores que proporcionem sombra e corre- no Início do Milénio, Lisboa, 2003 .
Comércio justo
utensílios de madeira, que podem constituir
uma importante fonte de rendimentos adicio-
nais para as pequenas comunidades.
D
esde Setembro de 2003 que o CIDAC Lojas do Mundo canal ideal para o seu escoa- capacidade organizativa e institucional dos
– Centro de Intervenção para o De- mento, o que já não acontece com os produtos agricultores e dos agentes comerciais para a fu-
senvolvimento Amílcar Cabral, em frescos, muito mais exigentes em termos técni- tura promoção do comércio justo na Guiné-
colaboração com o INEP – Instituto Nacional cos e logísticos. Não esqueçamos ainda que a ac- -Bissau. Trata-se de identificar a sua capacidade
de Estudos e Pesquisa da Guiné-Bissau e com tual legislação comunitária sobre a qualidade ali- de responderem com sucesso às solicitações dos
apoio da cooperativa espanhola IDEAS, im- mentar e ambiental exige processos de controlo mercados exigentes do Norte, atendendo ao
portadora de produtos de comércio justo, vem sanitário, fitossanitário e técnico-laboratorial nos facto da Guiné-Bissau apresentar múltiplos
desenvolvendo um trabalho de investigação países de origem, serviços que no caso da Guiné- constrangimentos do lado da oferta, desde a ca-
sobre as potencialidades e dificuldades de in- -Bissau são, na sua maioria, inexistentes. rência das infra-estruturas físicas e sociais, ao
trodução de produtos da Guiné-Bissau nos cir- É assim irrealista procurar concretizar a curto generalizado contexto de pobreza, que leva os
cuitos europeus do comércio justo. prazo o potencial de comercialização do pescado produtores a privilegiarem estratégias de redu-
Tradicionalmente, a Guiné-Bissau tem sido da Guiné-Bissau e não podem ser esquecidas as ção de riscos no curto prazo, em detrimento de
um actor marginal nos circuitos do comércio questões relativas ao comércio das frutas frescas estratégias de acumulação no longo prazo.
internacional, com excepção do caju, onde o levantadas no artigo já referido. Quanto às ma- Este trabalho de inquérito permitirá aferir se
país, com 70 000 toneladas exportadas em deiras tropicais da Guiné-Bissau, um importante as relações de produção nas comunidades e os
2003, é o 5.o produtor mundial de amêndoa recurso potencial, são simultaneamente pauta- modos de organização existentes permitem sus-
não processada. Existe no entanto um dinâ- das por uma exploração irresponsável e insus- tentar a produção dentro dos circuitos de co-
mico tecido de pequenos promotores de ini- tentável e a sua exploração exige avultados in- mércio justo ou, em alternativa, se as mudanças
ciativas comerciais, que operam informalmente vestimentos em logística e certificação. necessárias para a integração serão assimiladas,
com especial ênfase no sector dos bens ali- Deste modo, para as equipas de investigação, sem contradições sociais, culturais ou económi-
mentares, envolvendo actividades de importa- a partir da informação recolhida no terreno du- cas pelas comunidades envolvidas. O passado
ção/exportação para os mercados da sub-região: rante os últimos meses, as prioridades são claras: mostra-nos que a falta de atenção a este tema
Senegal, Gâmbia e Guiné-Conakry. O que sig- levou à rejeição generalizada de novos produtos,
• utilização exclusiva de produtos em relação
nifica que existe uma experiência no país que novas tecnologias ou novos modelos de organi-
aos quais não se coloque em dúvida a origem
poderá constituir a base de desenvolvimento de zação, que se mostraram desadaptados na res-
e que maximizem o aproveitamento das tec-
iniciativas de exportação para outros mercados, posta às necessidades e expectativas das comu-
nologias e saberes locais, sem necessidade de
a partir de redes de comércio interno capazes nidades guineenses.
investimentos avultados em novas tecnolo-
de agregarem a oferta. O resultado final procurará associar o ‘po-
gias ou capital fixo;
tencial dos produtos’ – Procura – ao contexto
Os circuitos abertos pelo • preferência por produtos já introduzidos no
em que são produzidos, às estratégias a adoptar
comércio justo passado em circuitos de comércio justo – ainda
pelos actores relevantes em cada fileira e ao acu-
que a origem, qualidade e quantidade fossem
À primeira vista, para além do cajú, os pro- mulado de experiências de ‘desenvolvimento’ e
distintos – e cuja aceitação por parte dos con-
dutos guinenses potencialmente exportáveis ‘capacitação’ dos pequenos produtores em pro-
sumidores se mostrou satisfatória ou boa;
serão as frutas tropicais, frescas ou transforma- jectos anteriores.
• preferência por produtos cuja exportação,
das, o pescado e as madeiras. Produtos que, importação e distribuição no mercado euro-
com especial destaque para as frutas tropicais, peu seja possível à escala das organizações de Têxteis
representam uma importante fonte de receitas comércio justo e sobre os quais não existam tradicionais
de exportação para alguns países vizinhos da barreiras significativas à sua comercialização; promovidos
Guiné-Bissau. Porém, como as questões nos • preferência por produtos de elevada procura pelo
circuitos do comércio convencional são na rea- local e cujos excedentes de exportação sejam comércio
lidade mais complexas do que aparentam (ver justo.
absorvidos pelos mercados locais.
Exportar é Preciso, in Esporo 59), é oportuno
analisar o que se poderá esperar dos circuitos A escolha final da equipa de trabalho incidiu
do comércio justo, que se dirigem a dois tipos sobre produtos das gamas agrícolas-florestais,
de canais: nomeadamente hortofrutícolas (manga, cajú,
óleo de palma, arroz) e os subprodutos do em-
• as Lojas do Mundo – pequenos retalhistas; bondeiro (frutos, sumo de cabaceira). Trata-se de
• o circuito do comércio convencional – após produtos a que adicionalmente poderá ser con-
certificação por parte das organizações de co- ferida a designação de produção biológica. Pa-
mércio justo competentes. ralelamente foram escolhidos produtos de arte-
Foto: CIDAC
ESPORO 60 • PÁG. 7
Breves •
Funciona ou não?
Alerta ovos, carne e animais vivos. Em-
bora não existam implicações sérias
mundiais de perus vivos são a
França, a Alemanha, a Holanda e o
É agora a altura do mercado
da medicina tradicional se nos perus para a saúde pública, a doença Reino Unido. Para evitar animais
organizar na África do Sul. Os pode causar perdas financeiras e infectados os compradores têm que
institutos de investigação e as mortalidade nos bandos de aves. procurar garantias do vendedor ou
■ Será que não há fim para a pro-
universidades estabeleceram O problema é agravado pelo requerer medidas de quarentena.
em conjunto um Centro virtual
vação das doenças animais na agri-
cultura europeia? Desde Outubro facto de os únicos produtos quími- Prevenir a doença não é fácil; é
de medicinas tradicionais para
estimular a investigação e de 2003, ocorreram surtos de cos (dimetridazol e nifursol) dispo- possível apenas tratando o peru
fortalecer a validade das suas doença da cabeça-preta nas explo- níveis para tratar a doença terem com anti-helmínticos para matar os
pretensões terapêuticas. Um rações de perus em França, na Bél- sido banidos pela Comissão no ini- vermes nos intestinos, ou man-
primeiro estudo incidiu sobre a gica, na Alemanha e na Holanda. É cio de 2003, por serem canceríge- tendo os perus em instalações fe-
Shutherlandia microphylla nos para as pessoas. Importar ani- chadas, ou no exterior sobre gravi-
utilizada no combate ao
causada por um protozoário (orga-
nismo unicelular) das minhocas da mais pode assim comportar riscos. lha, para evitar o contacto com as
VIH/SIDA.
terra; entram nos intestinos das África importou mais 7 milhões minhocas.
Website: www.sahealthinfo.org/
traditionalmeds/traditionalmeds.htm aves, afectam o fígado e os intesti- de perus vivos da Europa em 2002:
nos e tornam o sangue dos perus só Madagáscar importou 2 mi-
Teremos que estar atentos
O peixe Chambo azulado – escurecendo a cabeça. lhões. Os maiores exportadores
às manchas negras na cabeça
está de volta A doença encontra-se presente vermelha?
Os stocks de peixe chambo no na maioria dos países, mas é menos
lago Malawi estão a ser contagiosa do que a gripe das aves
restabelecidos através de um que varreu o Sudeste Asiático no
plano lançado pelo início de 2004. Apesar de serem
Departamento de Pescas nos
portadoras, as galinhas não são
finais de 2003. As capturas
baixaram de 12 000 toneladas
afectadas. Os perus, no entanto,
por ano, nos anos 70, para as uma vez contraída a infecção, per-
actuais 800 toneladas por ano, manecem infectados por muito
devido à pesca excessiva, aos tempo, tal como as capoeiras onde
aparelhos de pesca ilegal, a vivem. A cabeça-preta não está na
ESPORO 60 • PÁG. 8
• Breves
plorações e pressões populacionais, 9200 mulheres, e 10 no Oeste e ti- projecto está a ser formulado”, diz
Informação no combate
estão a ser o toque de finados da nham formado 2000 mulheres. Mohammed Majzoub. “ Irá con-
à seca
biodiversidade do lago, diz o rela- Mais de 80 % das mulheres aplica- centrar-se no apoio à comercializa-
ram em casa os seus novos conheci- ção de alimentos processados e no O Comité Permanente Inter-
tório da investigação. Estados para a Luta contra a
James Kelmanson, gestor técnico mentos para melhorar a nutrição, e fortalecimento do movimento.” Seca no Sahel (CILSS), acolheu
da Oserian Flowers, de propriedade cerca de 500 iniciaram o seu pró- várias dezenas de especialistas
holandesa, uma das cerca de trinta prio negócio. A segurança alimentar em direito fundiário em
melhorou e muitas mulheres agora Mesmo no mercado, Bamako, no Mali, em meados
explorações hortícolas em Nai-
o trabalho de uma mulher de Novembro, por ocasião do
vasha, nega o impacto da indústria podem adquirir medicamentos.
nunca acaba. Seminário Praia+9 sobre
sobre o lago: “Nós temos aqui ex- “Ordenamento fundiário e
celentes instalações de tratamento desenvolvimento sustentável
das águas e dos esgotos”. Não dei- no Sahel e na África
Ocidental”. Esta reunião foi
xamos nenhum químico que seja ir realizada na continuidade do
para o lago. Somos muito cons- anterior encontro na Praia,
cienciosos das nossas técnicas de capital de Cabo Verde, em
exploração”. 1994. As principais questões
tratadas foram o reforço das
Dois outros lagos – Bogoria e organizações da sociedade
Foto: L Taylor @ Panos Pictures
ESPORO 60 • PÁG. 9
Breves •
O futuro das ervas
do passado
Dando
Uma forma de preservar a conhecer
plantas selvagens e os
conhecimentos sobre os seus o trabalho
usos é cultivá-las. Trabalho
nesta área deu um prémio à ■ Acha que os investigadores são
Rukararwe Partnership
um pouco tímidos? Não é o caso
Workshop for Rural
Development (RPWRD) no no Instituto Nacional de Investiga-
distrito de Bushegi no Uganda ção Agrícola da Papua Nova Guiné
Ocidental concedido pelo (NARI), onde responsáveis e cien-
Consultative Group on tistas, e seis centros de recursos re-
International Agricultural gionais têm de dedicar 30% do seu
Research (CGIAR) nos finais
de 2003.
tempo e dos seus recursos à comu-
nicação, nos dois sentidos, com os
RPWRD
Po box 275 agricultores e com as agências de
Busheny-Uganda extensão: “O objectivo da NARI é
E-mail:nyinebitahwa@yahoo.com a informação”.
Website: rukararwe.kabissa.org
Estando já familiarizados com
programas de rádio, feiras, cober-
Banco de sementes
tura de jornais e panfletos, os in-
em Angola
vestigadores do NARI expandiram
Em Janeiro de 2004, o Centro
ESPORO 60 • PÁG. 10
• Referências
01 Africa’nti:
A
ntes de pesquisar infor-
www.africanti.org
mação sobre as TIC é
melhor saber exacta- 02 African Internet Connectivity:
http://demiurge.wn.apc.org/africa
mente o que se procura, para evi- (em inglês)
Ilustração. N. Mahmoud
tar perder-se… nas teias de ara-
03 Worldspace:
nha da rede das redes. Visto que
www.worldspace.com/sitemap.html
para um tal assunto é logicamente
Ilustração. Dziwornli
para aceder directamente ao plano
para a Internet que nos viramos do site (em inglês)
em primeiro lugar. É lá que en- 04 Para encomendar o DVD Construire
contramos a maioria das infor- le cyberespace (ou as versões
mações bem como em alguns precedentes em CD-Rom):
UNESCO, Division de la société
CD-ROM e mais raramente nos de l’information, 1 rue Miollos,
livros ou revistas. cyberespace (4), realizado pelo úteis avaliações dessas experiên- 75015 Paris.
Para fazer uma ideia da diver- programa Sociedade da informa- cias. Outros programas foram de- • Contacto : Mme Annick Ongouya
sidade de dados sobre este as- ção do instituto das Nações Uni- senvolvidos na América Latina e (a.ongouya@unesco.org);
InfoDev, The World bank, 1818 H
sunto, não obstante recente, abra das para a formação e investiga- nas Caraíbas bem como na Ásia: Street, N.W. Washington, DC
o site da Africa’nti (1) que é um ção (UNITAR) em parceria com, as informações encontram-se dis- 20433 U.S.A.
observatório da inserção e do entre outros, a UNESCO e o poníveis no site. • Contacto: Jacqueline Dubow:
(Jdubow@worldbank.org).
impacto das TIC em África, um Banco Mundial. É uma ferra- Se lhe interessa mais determi-
projecto de investigação que menta muito completa, que vai nada região ou país eis algumas 05 CRDI:
reúne investigadores franceses e na sua terceira reedição e reúne pistas. No portal da UNESCO www.crdi.org
Technologies de l’information et de
africanos. Este site, em francês, uma vasta documentação: mate- (6) a rubrica Communication et la communication pour le
reúne uma impressionante lista rial de apoio a cursos, documen- information dá acesso a todas as développement en Afrique.
de links, boletins e obras, em tos multimédia, obras, textos de actividades desta organização em • Vol.1: Potentialités et défis pour
le développement communautaire,
francês e inglês, dividida por reflexão, estudos de caso, docu- matéria de TIC, região a região, CODESRIA/CRDI, 2003, 220 p.
grandes temas e acompanhados mentos jurídicos… bem como país a país, links a ou- ISBN 1-55250-000-4
na maioria por uma curta e útil Se é neófito e deseja sobretudo tros programas ou sites locais. • Vol.2 : L’expérience des télé-centres
communautaires,
apresentação. No menu: o estado compreender e conhecer as apli- Em cada zona, existem tam-
CODESRIA/CRDI, 2004, 220 p.
das infra-estruturas e da conecti- cações concretas destas tecnolo- bém portais que reúnem nume- ISBN 1-55250-006-3
vidade (telecomunicações, redes gias, irão interessar-lhe mais as rosos dados. Para as ilhas do Pa- • Vol. 3: La mise en réseau
electrónicas, rádio rural, satélites, experiências e os projectos em cífico, por exemplo, abra o site d’institutions d’apprentissage,
Schoolnet, CODESRIA/CRDI, 2004
sistemas por cabo…), os progra- curso. Aí, o leque das fontes de Pacific ICT portal, em inglês (7), ISBN 1-55250-006-3
mas internacionais, as organiza- informação é muito grande, uma muito claro e de fácil acesso. Na 30 US $ o volume, 75 US $ os três
ções locais que têm projectos e, vez que todos os que gerem os África Ocidental, quase que cada volumes da colecção. Venda online
no site do CRDI ou escrever para
por fim, os aspectos económicos programas têm o seu próprio site, país tem um site dando acesso aos CRDI: BP 8500, Ottawa (Ontário)
e jurídicos da Internet. o seu boletim ou seu fórum de diferentes programas e actores do K1G 3H9, Canadá
Aqueles que desejam um ser- discussão. Mas muitas vezes é país. No Senegal, o site do obser-
06 UNESCO:
viço à escolha devem portanto bem difícil, sem se ser um espe- vatório sobre os sistemas de in- www.unesco.org
fazer a sua opção. Para os adep- cialista destas questões, avaliar a formação, as redes e as estradas
07 The Pacific ICT portal:
tos da técnica, por exemplo, o site pertinência das abordagens pro- da informação do Senegal (OSI- www.pacificforum.com/ict/index.
da African Internet Connectivity postas. RIS) (8) e no Benin, o site ORI- shtml (em inglês)
(2) fornece todas as informações O Centro de Investigação para DEV (9) são dois sites particular-
08 OSIRIS:
úteis sobre as ligações país a país. o Desenvolvimento Internacional mente bem fornecidos que dão www.osiris.sn
Outro site interessante, é o do (CRDI) (5), foi um dos pionei- acesso a numerosos links de ou-
09 ORIDEV:
Worldspace (3) cujos satélites ros na utilização das TIC para o tros países da região. A ter em www.oridev.org
Afristar e Asiastar cobrem larga- desenvolvimento. A partir de atenção também o site IAFRIC
mente estes continentes. Encon- 1997, o seu programa Acacia (10), um site de voluntários que 10 IAFRIC:
www.iafric.net
trará aí informações sobre os ma- apoia os esforços desenvolvidos permite aos estudantes e aos in-
teriais utilizáveis para captar as pelas comunidades da África sub- vestigadores dar a conhecer os 11 Annuaire suisse de politique
de développement – 2003, 240 pp
informações destes satélites, bem sariana para colocar as TIC ao seus trabalhos sobre estas tecno- Société de l’information et
como os programas difundidos serviço do seu desenvolvimento logias. coopération internationale:
em cada região. Se pretende saber social e económico. O CRDI Enfim, se deseja exercer o seu dévelopment.com,
como pode utilizar esta ferra- tem então já uma perspectiva su- espirito crítico, leia a recente obra ISSN 1-660-593-4
IUED Service des publications
menta mágica, não hesite em ficiente para propor uma colec- “Société de l’information et coo- Case postale 136
procurar o DVD Construir le ção de três livros que apresentam pération internationale” publi- CH-1211 Genève 21
ESPORO 60 • PÁG. 11
Publicações •
O comércio em CD
É possível uma outra exploração das florestas
Este CD-ROM (em inglês
e francês) comporta mentos, relações com as Division de l’information
todos as actas do seminário do populações, nada é negli- Viale delle Terme di Caracalla
00100 Roma
CTA sobre comércio (ver genciado para orientar os Itália
Esporo 54), que decorreu em responsáveis, a quem ele é E-mail: FO-publications@fao.org
Bruxelas, na Bélgica, em vivamente recomendado, Website: www.fao.org/forestry
Novembro de 2002, e um como uma matriz para
confiável conjunto de Gestion durable des forêts tropicales en
conceber normas nacionais. Afrique centrale: recherche
publicações sobre questões do
O segundo documento d’excellence
comércio.
da FAO mostra que vários Por I. Amsallem et al., FAO,
Meeting the challenge of effective países da África central se Collection Études FAO Forêts
ACP participation in agricultural n.o 143, 2003,
empenharam numa “inves- 136 p., ISBN: 92-5-204976-2
trade negotiations: the role of
ICM/Pour une participation
tigação de excelência”. 38 US$ • 30,20 €
efficace des pays ACP aux Conscientes das ameaças que pai- FAO
■ Aqueles que têm responsabilida- ram sobre os seus ecossistemas flo- Ver endereço em cima
négociations sur le commerce des
des na gestão das florestas africanas restais, multiplicam os esforços
produits agricoles: le rôle de la
GIC
não se poderão queixar. A FAO pu- com vista ao ordenamento susten-
Produzido pela SOLAGRAL blica neste momento um fluxo tado das suas florestas, pela adop-
para o CTA, 2003. CD-ROM contínuo de obras destinadas a ção de novas políticas, revisão das
Número CTA 1143.
20 unidades de crédito
ajudá-los. Após os “Princípios de
boa gestão de licenças e contratos
leis florestais e elaboração de pro- Procedimentos
gramas florestais nacionais. Dá
Ponha-as a crescer
relativos a florestas públicas” (Es-
poro 59), eis duas obras mais “po-
exemplos e fornece análises mais de segurança
aprofundadas sob forma de 14 es-
Poderiam chamar a isto Tudo o líticas” (em francês), que vêm em tudos de caso.
que sempre quis saber sobre comum afirmar que é possível ex-
propagação de árvores plorar as florestas tropicais segundo Code régional d’exploitation forestière
tropicais. É a reedição de um métodos que preservam a sustenta- à faible impact dans les forêts
muito prático, educativo e, bilidade e limitam significativa- denses tropicales humides d’Afrique
acima de tudo, sempre actual mente os impactos negativos. Centrale et de l’Ouest
manual (em inglês), contendo FAO, 2003, 138 pág.,
A primeira é um código de boa ISBN: 92-5-204982-7
um incitamento à cópia, conduta, cuja a elaboração mobiliza 45 US$ • 35,75 €
disseminação e tradução dos o departamento de florestas da Ficheiros PDF (20 a 500 Kb por
seus conteúdos. Como capítulo) em:
FAO desde 1996: questões a prever
qualquer propagador que se www.fao.org/DOCREP/006/Y4864F/Y
antes, durante e depois da explora- 4864F00.HTM
preze se sentiria obrigado a
dizer.
ção, gestão da fauna, construção de FAO – Groupe des ventes et de la
estradas, manutenção de equipa- commercialisation
Raising seedlings of tropical trees
Por A Longman, (Volume 2),
Commonwealth Secretariat,
Papel económico 56, 2003. 118 p.
ISBN 0 85092 656 4 ■ Mesmo tendo um nome bár-
16 GBP • 24 € Segurança baro, o HACCP não é desconhe-
The commonwealth Secretariat, cido, porque nós já apresentámos
Marlborough House, Pall Mall, Alimentar largamente esta metodologia de
Londres SW1 Y 5HX, UK controlo das micotoxinas em Refe-
Fax: +44 20 7930 0827 ■ Nos últimos anos sucederam-se rências consagrada à segurança ali-
Website: www.publications.
crises alimentares que muito alar- mentar (ver Esporo 54, pág.11). Eis
thecommonwealth.org/
maram a opinião pública e consti- o manual (em francês) que lhe per-
tuem motivo de preocupação por mitirá compreender e aplicar o mé-
A quem pertence
parte das entidades responsáveis em todo. É um verdadeiro estojo de
esta terra?
todos os países. As polémicas a que ferramentas: bases teóricas, mode-
A compreensão das relações temos assistido sobre a segurança los de formulários, exemplos de
fundiárias é recente, mas dos alimentos põem em confronto aplicação (em nenhum país ACP,
apoia-se actualmente em interesses diversos e visões distintas, infelizmente), análise de riscos e
numerosas experiências mas acima de tudo revelam uma procedimentos a empregar.
concretas de reformas da
enorme ignorância sobre as matérias tervenientes na cadeia alimentar para
legislação sobre a terra e os a compreensão dos perigos e, assim, Manuel sur l’application du Système
em discussão, não apenas da parte
recursos naturais. Estas actas seja possível minimizar os riscos. de l’analyse des risques – points
(em francês) dão uma visão de
das pessoas que assistem a esses con- critiques pour leur maîtrise (HACCP)
frontos, mas também e infelizmente Destina-se este pequeno livro a
conjunto dos debates em pour la prévention et le contrôle des
por parte dos seus intervenientes. profissionais e estudantes das áreas mycotoxines
curso.
Com base no conhecimento dos das Ciências Agrárias e da Nutri- FAO, Collection FAO Document
Pour une sécurisation foncière des ção e ainda a políticos, jornalistas e technique Alimentation et Nutrition
producteurs ruraux: Actes du
processos produtivos e na expe-
público culto, interessado em co- n.o 73, 2003,
séminaire international riência adquirida no ensino de Nu- 94 p.,
trição, o autor descreve os princi- nhecer os principais riscos de ori- ISBN: 92-5-204611-9
d’échanges entre chercheurs et
décideurs pais perigos biológicos (bacterioses, gem alimentar. 13 US$ • 10,35 €
Edições Gret, micotoxicoses e parasitoses) e quí- Ficheiros HTML
Segurança Alimentar – Perigos (20 a 150 Kb
2003, – 175 p., micos (dioxinas, nitratos, pesticidas Biológicos e Químicos por capítulo) em:
ISBN: 2-86844-134-3 e metais pesados). Por Manuel Chaveiro Soares www.fao.org/DOCREP/005/Y1390F/
21 €
Numa linguagem simples e clara, Publicações Ciência e Vida, Lda Y1390F00.HTM
Gret librairie Apartado 44, 2676-901 Odivelas, Ficheiro PDF (788 Kb) em:
211-213, rue La Fayette
apresenta de forma rigorosa os ac-
Portugal ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/005/
75010 Paris, França tuais conhecimentos científicos publicienciaevida@sapo.pt y1390F/y1390F00.pdf
E-mail: diffusion@gret.org sobre a segurança dos alimentos, ISBN 972-590-074-X FAO
Website: www.gret.org com o objectivo de informar os in- 8€ Ver endereço em cima
ESPORO 60 • PÁG. 12
• Publicações
ESPORO 60 • PÁG. 13
Entre nós •
A
o escritório do CTA em Bruxelas, como uma antena, sintonizando e captando os outras organizações, em vez de as duplicar ou
que até recentemente desempenhou desenvolvimentos entre os actores de Bruxelas sobrepor-se a elas.
um papel essencialmente adminis- que afectam os países ACP e actuando como “Bruxelas não é mais meramente um local
trativo, está a ser confiada uma nova activi- ligação entre o que agora é um espaço em rá- onde os planos do CTA e a sua agência irmã
dade. A expansão das competências e áreas de pido alargamento dos parceiros ACP-UE e o são aprovados”, disse o Director do CTA, Carl
actuação da filial faz parte dum plano para as- CTA. De forma análoga, o escritório irá pro- Greenidge. “pode desempenhar um papel cen-
segurar que o perfil do CTA se mantém no curar criar um maior fluxo de informação com tral no aprofundamento do diálogo. Assim, o
topo, na estratégica capital belga, e que o Cen- grupos chave, incluindo o Secretariado ACP, o escritório tem de desempenhar um papel mais
tro se encontra bem posicionado para se inse- Secretariado do Conselho da UE, a Comissão activo no processo do movimento de ideias e
rir nas questões que afectam os países ACP. Europeia, a Assembleia Parlamentar Paritária e resultados, entre um leque mais alargado de ac-
Até Janeiro deste ano, quando as alterações ti- o Parlamento Europeu, a sociedade civil e tores”.
veram efeito, o escritório de Bruxelas tinha a seu
cargo predominantemente ligações – com o se-
cretariado ACP e o Grupo ACP, com a Comis-
são Europeia e com o Ministério dos Negócios
Estrangeiros belga em assuntos como vistos.
Caixa postal
Mas a partir de agora, a filial irá desempe-
nhar um papel muito mais dinâmico. Irá actuar É sempre um prazer receber respostas
dos nossos leitores. É bom saber que
@
existem tantos por aí fora, lendo o
fruto do nosso trabalho! Mas é espe-
cialmente animador ouvir de pessoas
que têm experiências concretas que de-
sejam transmitir aos outros. Que o
grupo de leitores da Esporo continue a
crescer sem parar.
A revista Esporo
Esporo é uma publicação
Informação
para o
desenvolvimento
agrícola
dos países ACP
N.o 60
Abril 2004
bimestral do Centro
Comércio justo
Encetar um círculo virtuoso 1
Distribuição
Um futuro florido
Os supermercados e a revolução
no mercado retalhista 3
TIC
Pobres mas ligados 4
PALOP 6
Técnico de Cooperação
BREVES 8
REFERÊNCIAS 11
PUBLICAÇÕES 12
ENTRE NÓS 14
Ilustração: C. Ollagnon
PONTO DE VISTA
A mulher e a descentralização
Se o teu marido te ouve… 16
O
comércio justo está na moda na Eu- A grande distribuição, sempre atenta às novas
marginalidade militante. Hoje, com as ropa. Comprar os produtos de pe- tendências, compreendeu-o bem. Todas, ou
tecnologias da informação, as novas quenos agricultores do Sul, pagos a quase todas as grandes marcas apresentam alguns
tendências dos mercados circulam um preço justo, é, para os consumidores do produtos de comércio justo, mesmo que por
mais depressa. Os consumidores do Norte, demonstrar a sua solidariedade para com vezes sejam difíceis de encontrar nas prateleiras.
Norte e os produtores do Sul têm os produtores marginalizados, esmagados pela “Consumir melhor é urgente”, proclama a úl-
pelos Acordos de
tudo ao alcance do rato do globalização. É tornar-se “consumidor-actor” tima campanha publicitária do Carrefour, a ca-
computador. Estes últimos estão longe por um mundo menos injusto e mais humano. deia líder de hipermercados no mundo, que não
Os grandes fóruns internacionais e as campa- se esquece de precisar que é necessário “respeitar
de estar todos ligados, mas os que o
nhas levadas a cabo pelas associações que de- o homem e o seu ambiente”… enquanto asse-
estão, aprendem depressa a captar as
nunciam regularmente a iniquidade do comér- gura aos seus clientes os mais baixos preços pos-
oportunidades e a tecer a sua teia na cio internacional e a exploração dos produtores síveis. Na Suíça, mesmo a McDonald’s, o rei da
ESPORO 60 • PÁG. 14
• Entre nós
O
renovado programa do CTA, DORA de livros gratuitos. Os seleccionados foram es- 6700 AJ Wageningen
(acrónimo afectuoso para distribui- colhidos entre os parceiros do CTA e subscri- Pays-Bas
ção de livros agrícolas de referência) tores do Serviço de Distribuição de Publicações Fax: + 31 317 460067
E-mail: spore@cta.int
arrancou bem e está a ser ainda mais desen- (SDP).
volvido este ano, com uma grande profusão de O Programa DORA foi adaptado ao já con- Assinatura da Esporo
títulos para os leitores escolherem. Para recapi- solidado e muito popular sistema de unidades
■ Para receber a versão impressa
tular, a iniciativa lançada no ano passado subs- de crédito. Este, como muitos dos nossos lei- • A assinatura é gratuita para as
tituiu o antigo sistema que oferecia livros gra- tores sabem, oferece a possibilidade de se tor- organizações e pessoas residentes nos países
tuitamente apenas a uma mão-cheia de nar um subscritor SDP e obter unidades de ACP (África,
Caraíbas e Pacífico) e na UE:
instituições – cerca de dez. crédito que podem ser usadas para encomen- CTA Spore subscriptions,
Com as novas regras de jogo, nada menos do dar publicações da lista CTA. Para se poder PO Box 173
que 1250 organizações beneficiam do esquema candidatar ao sistema de unidades de crédito, 6700 AJ Wageningen
os candidatos – organizações ou particulares – Pays-Bas
ou spore@cta.int
tem de estar sediados num país ACP e exercer • A assinatura é paga para os restantes
agricultores introduziram o girassol, cujo
óleo proporciona rendimento e cujas a sua actividade na agricultura ou no desen- endereços: 36 € por ano (6 números):
plantas combatem as ervas daninhas na volvimento rural. Todos os anos, os subscrito- Assinatura a subscrever junto do distribuidor
rotação com o milho. Ele também ajudou comercial (ver em baixo).
res recebem uma cota de unidades de crédito,
a organizar seminários para ensinar boas ■ Receber o resumo gratuito por e-mail
para utilizarem como quiserem, seleccionando
práticas agrícolas e rega gota-a-gota. Subscreva a edição e-mail (90 kb) em:
títulos do catálogo CTA, muitos dos quais são http://esporo.cta.int
“Eu iniciei uma feira agrícola na nossa
área e formei uma sociedade cooperativa
objecto de recensão na Esporo. ou envie um e-mail em branco para
O programa DORA é restrito a organiza- join-esporo-pr@lists.cta.int
agrícola, que orgulhosamente oriento
Para a versão unicamente de texto:
com os meus contactos”, escreve o Sr. ções, e funciona apenas por convite. É dada join-esporo-text-pr@lists.cta.int
Tembo. “Uma das minhas fontes de inspi- prioridade a instituições agrícolas que possuam
ração e conhecimento é a revista Esporo. ■ Leia a Esporo no seu ecrâ
Obrigado Esporo, em nome dos agriculto- uma biblioteca e/ou conheçam bem o esquema • na internet: spore.cta.int
res de Kacholola”. E obrigado Sr. Tembo, de unidades de crédito, uma vez que o com- • por satélite: capte as emissões da Esporo
em nome de todos aqui na Esporo. promisso de partilha dos livros fornecidos é Plus nos canais da Afristar dos programas
multimédia da Fundação WorldSpace.
uma das condições de escolha para o esquema. Informações detalhadas: spore@cta.int
Metade das instituições escolhidas são de ex-
Nos números antigos! pressão inglesa e metade francesa, tendo o CTA Reproduza a Esporo com autorização
feito seu melhor na escolha de beneficiários de • Para fins não comerciais, os artigos da
Macodou Sow, um técnico agrícola, es- Esporo podem ser livremente reproduzidos
creve para lembrar aos leitores um clube
um largo leque de países ACP e de uma varie-
sob a condição de ser mencionada a fonte.
da Spore/Senegal que ele fundou em dade de organizações (incluindo organizações Agradecemos o envio de uma cópia para a
1991. A Esporo deu a notícia no seu nú- de género e associações de mulheres). redacção.
mero 33! Uma vez convidados a tomarem parte da • Para fins comerciais terá de ser solicitada
“Actualmente”, escreve, “o clube tem 836 autorização prévia.
DORA, são atribuídos aos subscritores unida-
membros, incluindo 575 mulheres, espa-
lhados por 18 zonas em 10 das 11 regiões
des de crédito extras, as quais podem ser usa- PUBLICAÇÕES
do Senegal. Entre eles encontram-se téc- das para encomendar publicações. A novidade
nicos do mundo rural, mulheres trabalha- aqui é o facto de os membros da DORA po- Como obter as publicações?
doras, formadores em alfabetização, hor- derem usar as suas unidades para encomendar Todas as publicações do CTA identificadas
ticultores, artesãos, criadores de gado, na Esporo pelo símbolo (folha verde)
técnicos informáticos, etc.
não só livros do catálogo CTA mas também li-
encontram-se disponíveis gratuitamente
O nosso único obstáculo é que nós não
vros de referência editados por outros editores.
para os assinantes do Serviço de Distribuição
possuímos um parceiro que nos possa Títulos não-CTA podem ser escolhidos de um de Publicações (SDP) do CTA. Os restantes
apoiar verdadeiramente. Trabalhamos só catálogo expedido para os subscritores todos os leitores podem adquiri-las junto
com meios próprios. Devido à pobreza, anos. O catálogo inglês inclui cerca de 250 pu- do distribuidor comercial do CTA.
falta-nos de tudo para realizar os nossos Apenas as organizações agrícolas e rurais
projectos de desenvolvimento nos meios
blicações para escolha e o francês cerca de 150. e as pessoas residentes nos países ACP podem
rurais, onde os camponeses se arrastam Para 2004, os 1250 subscritores escolhidos ser assinantes do SDP. Os assinantes do SDP
sem apoio. A informação que providen- para membros da DORA permanecerão inal- beneficiam anualmente dum certo número
ciam na revista Spore encoraja-nos muito.” terados. Está-lhes a ser enviado um catálogo ac- de unidades de crédito gratuitas para obter
as publicações do catálogo do CTA. Consulte
“Os diferentes subscritores da Spore de- tualizado de publicações não-CTA para anali- lista das publicações disponíveis no catálogo
veriam poder conhecer-se e desenvolver
sarem, bem como um suplemento do catálogo electrónico do CTA (www.cta.int).
parcerias entre eles. Seria bom se o CTA
pudesse com frequência organizar reu- CTA, que incluirá vários novos títulos. Mas ■ As restantes publicações, que são
niões de descoberta e partilha para os aquelas organizações que não foram seleccio- referenciadas por um quadrado cor de
subscritores. Gostaríamos de ver num fu- laranja, encontram-se disponíveis junto
nadas não devem perder a esperança. Embora
turo uma rede de clubes da Spore, que dos editores ou nas livrarias mencionados.
reunisse subscritores de todos os países.”
a lista de membros para este ano esteja fechada,
novos subscritores serão procurados para 2005. Distribuidor comercial
A sua fidelidade e o seu dinamismo dão
verdadeiramente prazer de ver! Também E entretanto, o esquema de unidades de crédito (a partir de 01 de Maio de 2004)
esperamos que tal venha a inspirar leito- está ainda em aberto. SMI (Distribution Services) Limited
res de outros países e que a Spore/Esporo P.O.Box 119
venha deste modo a favorecer boas per- Stevenage
mutas entre vós. Por muito simpáticas que Hertfordshire SG1 4TP
nos pareçam tais iniciativas a Spore/Es-
O nosso distribuidor comercial Reino Unido
poro não tem vocação para as apoiar. mudou. Veja a nova morada Fax: +44 1438 748844
Apenas moralmente… aqui ao lado E-mail: CTA@earthprint.co.uk
Website: www.earthprint.com
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Ponto de vista •
A mulher e a descentralização
Se o teu marido
te ouve…
Agente no terreno e
directora-geral do Centro de A presença de mulheres no seio das instâncias de decisão
Estudos Sociais da África
Ocidental (CESAO), a não garante de maneira alguma um bom exercício
Sr.a Rosalie Ouoba, não parou
de se bater durante 20 anos
da democracia, e ainda menos o início de um desenvolvimento
para fazer ouvir a voz das real. Para que a descentralização, embora cheia de promessas
mulheres rurais. Actualmente,
estabelecida por conta para as mulheres, não seja apenas uma moda passageira,
própria, anima uma rede de
avaliação para a África
é necessário, antes de mais, privilegiar o diálogo no seio
Ocidental e Chade. da família.
T
extos de leis voluntaristas, profissões de parte a reservar à mulher para os seus vegetais. conselheiro municipal ou de freguesia, etc., é
fé, intenções louváveis… Pode dificil- Estas mudanças prolongam-se nas instâncias necessário estar numa lista de um partido po-
mente acusar-se os governos africanos locais sobre outros temas, sem, por essa razão, lítico. Sabendo que poucas mulheres são filia-
de não favorecerem a inclusão de mulheres na tomar a aparência de contestação. Porque ho- das em partidos, têm poucas possibilidades de
gestão das instâncias descentralizadas. Mas esses mens e mulheres aprenderam já a dialogar em aceder a essas responsabilidades. A modificação
esforços falham, devido a uma grave omissão: casa sobre assuntos importantes para a família. das leis impõe-se para permitir às organizações
no meio rural a mulher não toma a palavra O que não era o caso no passado. da sociedade civil, nomeadamente associações
diante dos homens para decidir sobre o destino Se esta atitude, por modesta que seja, alastrar, femininas, apresentar candidatos, com a espe-
da comunidade. Geralmente, apenas as mulhe- um diálogo real poderá estabelecer-se entre o rança de os fazer eleger, para se envolverem nas
res de “orelhas moucas”, que desafiam a ordem homem e a mulher. As vantagens principais: estruturas de decisão e defenderem o ponto de
estabelecida, se exprimem em público. uma maior produtividade agrícola e um esta- vista das mulheres. Isto poderá assegurar uma
O número limitado de mulheres no seio de tuto melhor da mulher no seio da família. Por- maior presença de mulheres no seio dessas ins-
instâncias dominadas pelos homens constitui que quanto mais a mulher se empenhe, e in- tâncias.
também um travão suplementar à livre expres- vista, mais ela força a admiração do seu marido
são feminina. Como podem os homens, apesar e da sociedade… Primeira etapa da cidadania: Aprender a tomar a palavra
de toda a sua boa vontade, tomar boas decisões
O efeito do número conta, as mulheres serão
para as mulheres? Eles terão tendência, por «O diálogo no seio da encorajadas a tomar a palavra para se apoiarem
exemplo, a minimizar a escavação de poços em
número suficiente na aldeia, porque, ao con- família, condição para mutuamente e dar a sua opinião sobre pontos
precisos na gestão da comunidade. Em pri-
trário das mulheres, não vivem quotidiana-
mente a estopada do transporte da água, pon-
uma participação das meiro lugar, elas poderão igualmente concertar-
-se e designar uma porta-voz. Essa poderá ex-
tuada por longas marchas e esperas esgotantes mulheres nos assuntos primir-se mais facilmente em nome das outras
em volta do poço. É preciso ter atenção por-
que esta falsa participação pode abrir mais o da comunidade» mulheres do que em seu nome pessoal. Em se-
gundo lugar, as mulheres deverão ter formação
fosso homens-mulheres e bloquear o desenvol-
em negociação, no lobbying, no domínio do
vimento na base. decidir com a mulher e com os filhos, que cons-
jogo e na compreensão das grandes questões
Felizmente as coisas podem mudar. Não de- tituem a força de trabalho da família, o pro-
em debate. Isso permitirá ter capacidade de
vido às leis impostas, declarações… mas por grama de actividades familiares. É a melhor ma-
apresentar propostas e de defender os seus in-
uma tomada de consciência das realidades lo- neira de obter mudanças de atitudes e
teresses. Pois, geralmente, elas estão presentes
cais. Uma boa noticia do Mali, por exemplo: comportamento face à mulher. Uma mulher
mas não dominam muito bem os assuntos.
uma associação membro da União das mulhe- considerada será encorajada a exprimir-se livre-
Neste caso elas evitam abrir a boca, para não
res rurais da África Ocidental e do Chade ( a mente. Caso contrário, ela pode pensar para si,
se ridicularizarem. Mesmo que elas estejam
UFROAT arrancou em 2000, em Bobo-Diou- “se eu falo, como o vão aceitar? Que irão dizer?”
presentes fisicamente, não podem dar nem o
lassso, pela Sr.a Ouoba, então directora-geral do Mas se a sua família lhe der a possibilidade de
seu ponto de vista e menos ainda defendê-lo.
CESAO, NtRd) conta com numerosas mulhe- se exprimir, ela poderá mais facilmente fazer
Uma tal mini-revolução não prestará serviço só
res eleitas nos municípios rurais. ouvir a sua voz nas instâncias públicas e fazer
às mulheres, mas a toda a comunidade. Dimi-
valer o seu ponto de vista, como mulher e como
Dialogar sobre as apostas nuirá assim o fosso entre homens e mulheres,
cidadã. Poderemos então dizer que ela participa
importantes para a família homens e jovens…
na gestão da comunidade onde vive.
A seu tempo, nós aconselhámos isto: “De O diálogo no seio da família é então uma
E-mail: da UFROAT: resafra_t@yahoo.fr
volta a vossas casas, negoceiem a criação de um condição para uma participação plena e com-
espaço de debate com o vosso marido e come- pleta das mulheres nos assuntos da comuni-
cem pela gestão da exploração agrícola”. Alguns dade. Mas não dispensa “medidas de acompa-
As opiniões expressas neste Ponto de vista
homens aceitam então discutir com a mulher, nhamento”. Existem certamente muitas. são as do autor e não reflectem
para saber qual a área do campo a consagrar ao Insistiremos na revisão de leis e na formação. forçosamente as ideias do CTA.
algodão, à produção de alimentos, e qual a Actualmente, para ser presidente da câmara,
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