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Informação

para o
desenvolvimento
agrícola
dos países ACP

N.o 63
Outubro 2004

Formação agrícola
Um novo chão fértil 1

Transformação
Acrescentar valor
aumenta o lucro 3

Rastreabilidade
Um percurso sinalizado 4

PALOP 6

BREVES 8

REFERÊNCIAS 11

PUBLICAÇÕES 12

ENTRE NÓS 14

PONTO DE VISTA

Foto: C. Fovet © CIRAD


Organismos geneticamente
modificados
África, a nova fronteira? 16

Web Site: spore.cta.int


Formação agrícola
Neste número
A formação dos
agricultores está no
coração deste número da
Um novo chão
Esporo. Deixada a cargo dos governos
e dos parceiros de desenvolvimento
durante muito tempo, é hoje mais do
que nunca indispensável. Para os
fértil
produtores dos países ACP não se
trata apenas de saber cultivar. Para Negligenciada durante muito tempo, a formação profissional
exportar e valorizar as suas
produções, é preciso também dos agricultores impõe-se actualmente como uma necessidade.
diversificar e transformar, conhecer os Mas deve ser repensada para se adaptar às necessidades e
hábitos dos consumidores e não alargada a todas as profissões rurais. Experiências, ainda que
prescindir de embalagens atractivas…
Os agricultores têm também que muito pontuais, estão em curso.
compreender e respeitar as exigências

A
criança aprende sempre os primeiros zindo simultaneamente mais? Como integrar-se
dos mercados europeus, tanto em
rudimentos de agricultura quando nos circuitos económicos mundializados? Para
matéria de preferências como em
acompanha os pais aos campos de responder a estas questões, as trocas de conhe-
relação às normas sanitárias e
cultura. Nos países ACP, esta aprendizagem fa- cimento no seio das famílias ou entre vizinhos
habituar-se a registar
miliar constitui ainda, quase em todo o lado, o já não são suficientes. Os procedimentos empí-
escrupulosamente como conduzem as
único modo de formação para a profissão de ricos, certamente bem adaptados ao meio, são
culturas. O seu ofício requer
produtor. Esta forma de transmissão de saberes demasiado lentos. Quando se encontra uma so-
capacidades cada vez mais variadas e
e de práticas deu provas durante muito tempo. lução, frequentemente já está ultrapassada. Lá,
complexas. Da formação de base à
À medida que a sociedade e a economia evo- onde a sida ceifa a geração dos activos, os mais
formação contínua ou à difusão da
luíam lentamente, os camponeses procuravam novos já não podem beneficiar da experiência
produção integrada, é um vasto
adaptar-se a estas mudanças. Actualmente as dos seus primogénitos. É igualmente o caso nas
campo onde tudo, ou quase tudo,
evoluções são muito rápidas ou mesmo brutais. regiões onde os conflitos provocaram desloca-
está por fazer.
Na maior parte dos países de África, os agri- ções prolongadas dos camponeses.
cultores deparam-se com mudanças e desafios Os intervenientes exteriores revelam-se in-
enormes: como alimentar uma população, so- dispensáveis para dar um impulso à formação.
bretudo urbana, que cresce rapidamente? Como Todos os peritos são unânimes em dizer que é
preservar os solos e os recursos naturais produ- urgente formar daqui a 30 anos uma nova ge-

ESPORO 63 • PÁG. 1
Formação agrícola •
ração de agricultores capazes de adoptar novas vide o país, assentava no mesmo princípio: lon- formação conjunta proposta pela Agricultura
práticas profissionais, à semelhança do que fi- gas discussões com a população rural para per- Rural e Modernização (APM África) e pelo
zeram os agricultores europeus do pós-guerra, mitir precisar os seus pedidos de formação e Centro de Investigação Agronómica para o De-
actores de uma verdadeira revolução agrícola. identificar os interessados. senvolvimento (CIRAD), para reforçar as suas
Mas se as grandes palavras não faltam, as ac- Assim, apercebemo-nos de que as preocupa- capacidades de intervenção na elaboração das
ções levadas a cabo permanecem ainda muito ções dos agricultores ultrapassam em muito as políticas agrícolas.
pontuais e apenas tocam uma porção ínfima de simples técnicas para melhorar a produtividade O outro eixo de reflexão diz respeito aos mo-
agricultores. Na maior parte dos países de das suas culturas. Desejam conhecer os merca- dos de aprendizagem dos agricultores. O agri-
África, todo o sistema de formação profissional dos e os preços, saber negociar e como se cultor apenas reterá e colocará em prática os co-
agrícola deve ser repensado e reconstruído. podem organizar em cooperativas… Todas as nhecimentos que lhe possam ser úteis. Sem
Os sistemas de vulgarização agrícola imple- estas questões preocupam-nos mais do que as uma forte motivação associada a um interesse
mentados após as independências caíram todos técnicas de cultivo. imediato para resolver um problema ou, indo
em desuso nos anos 80, com o fim das socie- Existem igualmente hoje em dia numerosas mais longe, para melhorar o seu futuro, os es-
dades de desenvolvimento às quais se encontra- profissões a montante e a jusante da agricul- forços de formação serão em vão. E para con-
vam frequentemente ligados. Considerados de- tura: aprovisionamento de factores de produ- vencer um agricultor frequentemente descon-
masiado dispendiosos, inadaptados e ineficazes, ção, armazenagem e transformação, gestão do fiado perante as novidades, nada melhor que
foram abandonados pelos parceiros de desen- crédito… Todas estas actividades para-agrícolas outro agricultor.
volvimento. Nada veio substituí-los à excepção, motivam os jovens mais instruídos. Considera- As viagens formam
durante algum tempo, dos projectos baseados das actividades mais valorizadas, poderiam dis- os agricultores
no famoso método “Formação e visita” enalte- suadi-los de partir para a cidade. No Senegal,
Isto explica o sucesso da
cido pelo Banco Mundial, que
formação dos agricultores
assenta numa rede de conse-
pelos próprios agricultores tal
lheiros no terreno e em agri-
como é praticada, por exem-
cultores retransmissores das
plo, nos Camarões. Recebido
mensagens. Embora mais pró-
em casa de um agricultor for-
ximo dos utilizadores, este sis-
mador, o produtor estabelece
tema adaptava-se mal à diversi-
ligações fortes com o seu
dade das actividades rurais.
alter ego com o qual trabalha
Actualmente, existem poucos
durante um mês. Posterior-
sistemas nacionais de formação
mente a estas viagens de es-
de agricultores. Apenas a for-
tudo, constatou-se uma difu-
mação de investigadores e de
são muito rápida de novos
quadros superiores ainda bene-
conhecimentos. As trocas de
ficia de financiamentos.
experiências entre campone-
Assiste-se actualmente, em
ses são sempre frutuosas
contrapartida, a um desenvol-
mesmo que tenham limita-
vimento de iniciativas levadas a
ções em matéria de inovação.
cabo por ONG e organizações
O importante é “abrir os sa-
camponesas. De natureza dis-
beres” e “encorajar o cruza-
tinta, defendem todas porém a
mento” como se pode ler no
necessidade de uma aborda-
estudo sobre aprendizagem,
gem participativa. Não se trata A formação das mulheres ilustrada por Barbara
publicado recentemente por Inter-Réseaux, um
mais de impor aos agricultores técnicas total- van Amelsfort que ganhou o 2,o prémio
do nosso concurso artístico (ver p. 14). local de trocas de experiências sobre o desen-
mente definidas. A participação de agrupa-
volvimento rural. É também por este motivo
mentos de agricultores na definição das suas o Centro Inter-Profissional de Formação para que as formações não se realizam mais em cam-
próprias necessidades tornou-se a regra. Mas as Profissões Agrícolas (CIFA) agrupa organi- pos experimentais ou em estações de investiga-
ainda é necessário que disponham de meios e zações camponesas, entidades privadas, estabe- ção, mas mais frequentemente nas parcelas dos
tempo. Assim, o Instituto de Investigação Agrí- lecimentos públicos e empresas fornecedoras de agricultores. Nos campos-escola da FAO, os
cola do Quénia (KARI), consciente do fraco factores de produção e de materiais. Assegura agricultores conduzem eles próprios as suas ex-
impacto dos seus trabalhos nos produtores lo- a formação contínua de conselheiros em agri- perimentações sobre as técnicas de cultivo.
cais, que apenas adoptavam em número muito cultura, próximos das preocupações dos pro- Estas experiências de formação multiformes
reduzido as soluções técnicas desenvolvidas, dutores e das experiências profissionais de cada mais próximas dos agricultores revelam-se fre-
lançou em 2000 uma iniciativa para responder um. Criado em 1995, o CIFA tem no seu ac- quentemente eficazes em pequena escala, mas
às necessidades tecnológicas ou de informação tivo uma melhor organização dos sectores do dificilmente conseguem, por falta de meios ou
dos agricultores (ATIRI). O projecto ajuda as arroz e do tomate no vale do rio Senegal e um de vontade política, estender-se a um país in-
comunidades rurais ou os agrupamentos de aumento significativo da produtividade. teiro. Os grandes organismos de ajuda tornaram-
agricultores a formular os seus pedidos junto O agricultor já não é considerado como um -se no entanto recentemente conscientes da ur-
dos diversos serviços agrícolas públicos ou pri- mero técnico a quem se deve ensinar a produ- gente necessidade de investir neste espaço, que
vados. Os instrumentos, serviços ou outros que zir mais, mas como um homem que deseja me- vai da escola primária à formação profissional.
lhes são então propostos são por conseguinte lhorar a sua vida social, cultural e económica, A organização das Nações Unidas para a Edu-
muito melhor adaptados e portanto valoriza- desenvolvendo as suas capacidades profissio- cação, Ciência e Cultura (Unesco), traçou, em
dos. Em quatro anos, foram directamente im- nais. Os líderes das organizações camponesas, colaboração com a FAO, um programa-piloto
plicados 15 000 agricultores de diversas locali- que representam os agricultores junto dos go- “Educação para as populações rurais” que ajuda
dades do país e lançadas dezenas de inovações. vernos e dos investidores, também têm neces- os países que desejem reforçar este sector. Os
sidades de formação. Cerca de vinte e cinco jovens e as mulheres são os alvos privilegiados.
Responder aos pedidos
responsáveis de organizações federativas locais, Segundo um estudo recente do Banco Mundial,
Na Costa do Marfim, o Centro das Profis- regionais ou nacionais da África Ocidental fre- uma melhor instrução primária para as mulhe-
sões Rurais, lançado há 10 anos, e considerado quentaram deste modo os seis módulos da res poderia fazer progredir a produção agrícola
um modelo na região antes do conflito que di- Universidade Rural Africana (UPAFA), uma em 24%. Talvez se deva começar por aqui.

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Transformação Juntar-se à onda
Mas o juntar-se a este sector não está isento

Acrescentar valor de dificuldades. Os produtores ACP que ex-


portam para os mercados do Norte enfrentam
rigorosas exigências de qualidade dos produtos
e problemas de agravamento de tarifas. Por

aumenta o lucro exemplo, o ananás fresco exportado para a UE


paga uma tarifa de 4,5%, que quando expor-
tado como sumo se eleva para 15,2%.
Os produtores também precisam de estar pre-
A diversificação para produtos com valor acrescentado pode cavidos com a saturação dos mercados. “O pro-
blema é que se toda a gente tiver a mesma ideia,
reduzir a vulnerabilidade dos produtores ACP. Mas embora
esse mercado rapidamente ficará saturado e os
estes produtos possam apontar a via para um futuro mais preços irão cair abruptamente,” avisou Hallam.
promissor, os produtores necessitarão de mais ajuda na O marketing e a embalagem são muito im-
comercialização antes de poderem tirar proveito deste rumo. portantes e os pequenos produtores necessitam
de ajuda para desenvolver estas aptidões. A
Guiana está desejosa de entrar nos sectores do

J
ane Nawuliro esticava um magro rendi- de 50% do comércio de NTAE seleccionados valor acrescentado através da exportação de
mento trabalhando horas a fio com uma (processados e parcialmente processados), e o mangas e ananás processados e da casca da al-
máquina de costura no canto de um potencial para crescimento futuro é considerá- farrobeira da Guiana (Hymenaea courbail),
quarto alugado. Hoje em dia ela dirige um vel. “As recompensas estão lá”, disse David também designada jatoba e conhecida pelas
próspero negócio, secando papaia, ananás e ba- Hallam, responsável do Tropical Products Ser- suas propriedades medicinais. Mas embora as
nana que vende à empresa ugandesa Fruits of vice da FAO, numa entrevista à Esporo. “Um análises dos mercados externos revelem boas
Nile, que está associada a uma companhia bri- processamento simples como a secagem, lava- oportunidades para estes produtos, a má em-
tânica de alimentos saudáveis. Nawuliro não gem e embalagem para a venda a retalho pode balagem e imagem do produto têm significado,
está sozinha no aproveitamento das oportuni- gerar um enorme valor acrescentado”. Carne até à data, uma penetração de mercado negli-
dades oferecidas pelo que os peritos de marke- preparada ou marinada rende muito mais do genciável.
ting designam de “factor de valor acrescentado”. que o produto cru. Legumes seleccionados, la-
Existem actualmente no Uganda cerca de 60 vados e bem apresentados são significativa-
destes secadores solares, metade dos quais ope- mente valorizados, e existe um forte potencial
rados por camponeses. de mercado para piripiri, ervas e especiarias lo-
Num número crescente de países ACP, os cais, quando processadas em produtos como
produtores estão a diversificar para produtos de molhos e condimentos. Nas Fiji, a viabilidade
valor acrescentado mais lucrativos. Novos em- de produzir produtos de valor acrescentado à
preendimentos, produzindo de tudo, das espe- base de peixe, como tiras ou palitos fritos e
ciarias aos cosméticos, estão a impulsionar as pasta de peixe, está a ser investigada.
economias rurais, onde a agricultura tradicio-
nal já não compensa. Em teoria, esta aborda- Experimentando produtos
gem é ideal para produtores rurais de pequena não alimentares
escala, oferecendo boas perspectivas de rendi-
O florescente mercado dos remédios e cos-
mento, e para o emprego local. Muitos dos em-
méticos naturais oferece um amplo leque de
preendimentos ugandeses de secadores solares
produtos de valor acrescentado. Para além de
expandiram-se empregando pessoal, como no
produzir mel, os apicultores podem usar a cera
caso de Nawuliro que emprega agora várias
da abelha para fazer cremes e amaciadores para
mulheres.
cabelo. No Mali e no Níger, os camponeses
estão a ganhar dinheiro com óleos essenciais
Pondo de lado o intermediário
extraídos da planta de vétivér.
No negócio de valor acrescentado, os pro- Acrescentar valor a um produto pode amor-
Foto: © Fruits of the Nile

dutores de pequena escala maximizam o seu tecer o choque da queda de preços. Os produ-
papel na cadeia de abastecimento, e por isso tores de Granada foram ameaçados por uma
aumentam a sua quota de lucro. Se certas con- acentuada descida no preço da noz-moscada
dições forem cumpridas, a globalização e a li- antes da Granada Cooperative Nutmeg Asso-
beralização do comércio podem oferecer aos ciation (GCNA) começar a diversificar em pro-
produtores ACP a possibilidade de aceder aos dutos com valor acrescentado. Uma destilaria
mercados internacionais. Em Granada, um para produção de óleo de noz-moscada gera Por contraste, o Jamaica Scientific Research
spray para aliviar as dores feito à base de noz- rendimentos anuais de 300 000 US$. A GCNA Council (SRC) desenvolveu com sucesso uma
-moscada, Nut-Med, é vendido na Internet a está a desenvolver também uma manteiga de gama de produtos de culturas locais, incluindo
mais de 500 000 utilizadores no Reino Unido noz-moscada, um subproduto da destilação. banana-pão e rodelas de fruta-pão e licores,
e Estados Unidos da América. “Tem um enorme potencial para a produção de compotas e geleias de azedas, goiaba e manga.
Segundo a Organização das Nações Unidas produtos terciários como sabões, champôs, cre- Os factores-chave neste sucesso foram a ajuda
para a Agricultura e Alimentação (FAO), o co- mes para a pele, gel, agentes de limpeza e per- técnica no processamento e no marketing, com
mércio de exportações agrícolas não tradicio- fumes”, afirmou Reginald Andall, do Caribbean marcas e embalagem. “Hope Gardens Sorrel
nais (NTAE) vale actualmente pelo menos Agricultural Research Development Institute – Chutney” é apenas um dos produtos de azedas
30 biliões de US$ anuais, e está a crescer. Os Instituto para o Desenvolvimento e Investiga- vendido como pãezinhos quentes na América
países em desenvolvimento representam cerca ção da Agricultura das Caraíbas – (CARDI). do Norte.

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Rastreabilidade

Um percurso
sinalizado
Para vender no mercado europeu será obrigatório, a partir de
Janeiro de 2005, poder seguir o percurso de cada planta ou
Fotos: © Syfia International
animal desde o campo até ao prato. Uma exigência
complicada e onerosa para os produtores dos países ACP, que
se debatem para cumprir as novas regras.

P
ara os países ACP, não há mais lugar os seus itinerários técnicos, a reduzir ou alterar
para hesitações, porque o cutelo está os seus tratamentos, a verificar ou reconstruir
prestes a cair: em Janeiro de 2005, a ras- as instalações de armazenagem dos produtos da
treabilidade será obrigatória para todos os pro- pesca e a instalar organismos de controlo. Pro-
dutos alimentares que entrem na União Euro- cedimentos estes que se revelam indispensáveis
peia (UE). Isto significa que se deve poder para que os exportadores sejam acreditados para
identificar a origem de qualquer produto ven- vender para a UE.
dido nos países da UE e refazer o seu percurso. Os países que se atrasaram já foram penali-
Do campo ou do estábulo ao prato, isto é da zados. Como é o caso de Cabo Verde cujos pei-
produção ao consumo, cada fruto, cada legume, xes e lagostas foram embargados durante três
cada peixe… é acompanhado em todas as eta- anos pelo facto de não respeitarem as normas
pas. Se um género alimentar se revelar impró- sanitárias, ou do Benin cujos camarões foram
prio, torna-se assim possível saber em que etapa rejeitados pela UE.
é que houve um problema e qual o produtor A rastreabilidade é uma exigência suplemen-
que está em causa, e conhecer a data de produ- tar. Dentro de alguns meses, todos os produ-
ção e o lote contaminado. Depois, encontrar as tos agrícolas, pecuários, da aquacultura ou da
mercadorias da mesma origem junto de outros pesca deverão ser cuidadosamente etiquetados
distribuidores e retirá-las rapidamente da venda. e identificados com documentos muito preci-
Os europeus são cautelosos e assim o campo sos, contendo todas as informações específicas
de aplicação desta exigência é muito vasto. De- a cada mercadoria, particularmente os diversos
verá ser possível reconstituir o percurso não só tratamentos fitossanitários aplicados, no caso
dos géneros alimentares mas também dos ali- das plantas, ou os medicamentos administra-
mentos para animais e de todas as outras subs- dos, no caso de animais.
tâncias susceptíveis de serem incorporadas na
alimentação dos homens ou do gado, e isto em Uma revolução cultural
todas as etapas da produção, da transformação Na UE, respeitar à letra estas medidas, que
e da distribuição. dizem respeito também à armazenagem e ao
acondicionamento, é por si só difícil, e a sua
Consumidores mais desconfiados aplicação sai cara aos pequenos agricultores.
Esta exigência muito pesada para os expor- Para os exportadores dos países do Sul, consti-
tadores dos países ACP junta-se às normas sa- tui um quebra-cabeças e é uma verdadeira re-
nitárias e aos limites máximos de resíduos volução cultural o que lhes é pedido. É preciso
(LMR) a respeitar por todos aqueles pretendam estar familiarizado com os textos e as directivas
vender na EU, sob pena de serem excluídos do comunitárias e saber lidar com tudo isso. Ao
mercado. Estas normas decretadas pela União agricultor que não sabe ler nem escrever, é-lhe
e em particular pela Direcção Geral de Saúde pedido um esforço colossal para anotar escru-
e Protecção dos Consumidores (DG SANCO) pulosamente tudo o que faz no seu campo: que
respondem às exigências crescentes dos euro- sementes utiliza? Em que data semeou? Qual o
peus em matéria de segurança alimentar. Entre adubo e o pesticida que aplicou? Em que datas?
outros escândalos, o das vacas loucas contri- Quando foi a colheita? Um verdadeiro diário
buiu para reforçar a desconfiança dos consu- de bordo da sua cultura.
midores. Inquietos pela sua saúde, pretendem Mas sem estes registos, o feijão-verde, as ba-
ter todas as garantias sobre o que comem. nanas, os amendoins ou os ananases destes
Os países ACP bem tentaram defender a sua agricultores nunca chegarão ao consumidor eu-
causa, invocando as dificuldades de pôr em prá- ropeu. Pois os distribuidores, que arriscam pe-
tica estas medidas, para que a UE reavaliasse as sadas multas ao colocarem à venda produtos
suas decisões ou atrasasse a sua aplicação. Tudo que não correspondam às normas, desejam ter
em vão. Numerosas normas, em particular todas as garantias do seu lado.
sobre os resíduos de pesticidas, encontram-se já Adaptar-se para continuar a exportar exige
em vigor, tendo forçado os produtores a rever assim investimentos importantes para os pro-

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• Rastreabilidade
dutores ACP, mas esta é a única solução para gras aos seus fornecedores. É o caso, por exem-
poder vender os seus produtos numa Europa “Este feijão tem uma mãe” plo, da EUREPGAP, uma associação que reúne
alargada a 25 países que compra actualmente produtores e retalhistas europeus. Estabelece
7 mil milhões de euros de produtos agrícolas A velha Alizèta, presidente do agrupa- um quadro de boas práticas agrícolas e define
aos países ACP. Para alguns, como os exportado- mento de mulheres de Sourgou em Bur- a norma mínima aceitável para a grande distri-
kina, explica a rastreabilidade à sua ma-
res de fruta e vegetais ou de produtos de peixe neira: “Este feijão tem uma mãe. Sabe-se
buição na Europa, que assegura 80% das ven-
da Namíbia e Senegal, o mercado da UE é vital. quantas vezes lhe deu o peito, como o ali- das de frutos e legumes frescos. Para satisfazer
Para assegurar a rastreabilidade, é necessário mentou e tratou. Francamente, pode-se a procura dos consumidores, estes operadores
proceder à reorganização da rede de abasteci- dizer que a história deste feijão é mais co- querem certificar-se de que oferecem aos seus
nhecida que a de uma criança da aldeia”.
mento e assegurar a formação dos agricultores. clientes produtos alimentares frescos, garanti-
Quando Seydou Zongo, o agente da União
Alguns exportadores já deram este passo, em de Cooperativas Agrícolas e Hortícolas do damente saudáveis. Impõem desde logo aos
particular as grandes empresas onde a produ- Burkina Faso (UCOBAM), veio explicar-lhes seus fornecedores critérios muito exigentes a
ção é cuidadosamente enquadrada. Tomemos o que deviam fazer, as mulheres pensaram respeitar em matéria de rastreabilidade, registo
o exemplo da Société d’exploitation de pro- que estava a fazer troça delas. Mas rapi- dos dados, gestão do solo, utilização de adubos,
damente o bom senso prevaleceu e apli-
duits agricoles et maraîchers (SEPAM), em caram à letra as suas instruções. tratamentos pós-colheita, etc.
Keur Ndiaye Lô, perto de Dakar, no Senegal. “Como os clientes europeus exigem todos Assim, pode-se ler no site da EUREPGAP
No seu grande entreposto, milhares de caixas estas mudanças, somos obrigados a se- que durante os tratamentos “os produtores
de tomate-cereja aguardam sair para França e guir”, reconhece Alizèta. Com a ajuda de devem estar equipados com vestuário de pro-
quatro secretárias do agrupamento, alfa-
Itália. As indicações nas embalagens são preci- tecção apropriado de acordo com as instruções
betizadas em francês, S. Zongo marca cada
sas. “O número no cartão da embalagem per- parcela, atribui um número a cada mulher, indicadas na etiqueta” ou “que um sistema de
mite reconstituir o percurso desde o local de indica a variedade plantada, precisa o registo deve ser definido para cada campo,
colheita até à Europa”, explica Jean-Réne Ter- adubo e os pesticidas utilizados, a data e pomar ou estufa a fim de permitir um registo
rasse, director de produção. “Cada parcela tem o número de colheitas… permanente das culturas e das actividades agro-
“Cada lote de feijões que exportamos
a sua marca identificadora, o que permite ana- nómicas levadas a cabo nesses locais”. Nos paí-
para a Europa é numerado. Pode-se saber
lisar tudo”, acrescenta Malick Mbengue, o “Se- em que parcela foi cultivado, por quem, ses ACP, apenas as grandes empresas conseguem
nhor rastreabilidade” da SEPAM. em que condições, que produtos foram vender para estas grandes cadeias de retalho.
Outros apressam-se para estarem prontos utilizados, etc.”, diz, com uma ponta de O cumprimento das normas sanitárias e da
orgulho, Rodolphe Djiguemdé, responsá-
antes da data fatídica. Diversos organismos, dos rastreabilidade é vital para os países ACP que
vel pelo departamento de qualidade e de
quais alguns financiados pela UE, ajudam os registo de proveniência de UCOBAM. Me- exportam para a Europa. Os produtores, muito
produtores a adaptar-se a estas novas exigên- tade dos 600 hectares de feijão-verde de distantes das preocupações dos consumidores
cias. É o caso, designadamente, da Comissão exportação do Burkina Faso estão prontos europeus, têm dificuldade em compreender a
para 2005. Estes esforços suplementares
de Ligação Europa-África/Caraíbas/Pacífico importância e o rigor e muitos apenas reagem
são pouco valorizados, como explica Dji-
(COLEACP) e o seu Programa Iniciativa Pes- guemdé, “o feijão que foi seguido passo quando forçados. Os dias estão contados e não
ticidas (PIP) (Ver Esporo 57) que ajuda as em- a passo não custa mais caro que os outros há escolha para garantir a quota de mercado.
presas privadas a atravessar esta difícil barreira. no mercado europeu. Os nossos esforços Como diz David Byrne, o comissário da pasta
não são incorporados nos preços. Permi-
Desde o final de 2003 que os consultores do da saúde e da protecção dos consumidores na
tem apenas manter-nos nesse mercado.”
PIP tem trabalhado com a associação de ex- UE, “ao ajudar os países em desenvolvimento
portadores da Jamaica e com empresas da Re- a respeitar as normas comunitárias de segu-
pública Dominicana, terceiro maior exportador rança alimentar, ajudamo-los simultaneamente
particular as pequenas estruturas locais para as
ACP de frutos e vegetais para a UE. a produzir produtos mais seguros para si pró-
quais os investimentos exigidos são muito gran-
No Quénia, os agricultores do centro do país prios”. Mas isso é outra história.
des e o tempo dado para fornecer a informa-
tiveram uma formação intensiva sobre rastrea- Ver Referências, p. 11.
ção requerida muito curto.
bilidade, de Maio a Setembro de 2004. Se-
gundo o director da Agricultura para a provín-
As normas dos importadores
cia, David King’ori, esta formação deverá Dos campos do Burkina Faso
permitir-lhes respeitar a data limite de Janeiro Como se isso não fosse suficiente, os impor- ao consumidor europeu a curta vida
de 2005. Mas nem todos o conseguirão, em tadores impõem por sua vez as suas próprias re- do feijão-verde é controlada
Fotos: © Syfia International

ESPORO 63 • PÁG. 5
Palop •

PRODUÇÃO INTEGRADA
Muitos agricultores tendem a crer que as pragas e doenças apenas podem ser controladas se, ao
primeiro sintoma de um ataque, correrem a pulverizar as suas culturas com pesticidas químicos.

M
as a experiência mostra que em ção que implica da parte do agricultor a ne- Observações nos talhões experimentais.

Desenho de Edmund Opare (Gana)


muitos casos estes produtos não cessidade de:
são necessários, porque no campo
que cultivam se verificam condições de equili- • saber identificar as pragas ou doenças e a na-
brio entre a praga e os seus inimigos naturais, tureza dos danos que provocam;
estando então a cultura em condições de resis- • conhecer os inimigos naturais das pragas e
tir ao ataque sem vir a sofrer perdas significa- saber como as combatem e as condições que
tivas. Se assim for, esta precipitação do agri- é preciso criar na cultura para favorer a sua
cultor salda-se num gasto desnecessário que, presença e actuação;
além disso, pode afectar a presença dos inimi- • conhecer as alternativas técnicas à sua dis-
gos naturais das pragas, provocando desequilí- posição que permitam actuações correntes
brios que se podem vir a reflectir em futuras ou de recurso no controlo das pragas, doen-
• reunir o grupo periodicamente para registar
culturas que, deixando de estar protegidas, po- ças e infestantes;
o que se passa nos dois talhões, que possa ter
derão sofrer então graves prejuízos. • avaliar a situação da sua cultura em cada mo-
importância para o desenvolvimento da cul-
Mas os agricultores sabem igualmente que mento, para decidir qual a acção a em-
tura, começando por registar a natureza do
em muitas situações, se não forem tomadas preender, no sentido de reduzir os danos a
solo, a sua fertilidade aparente, as fertiliza-
atempadamente medidas de protecção, as pra- que a está exposta, procedendo da forma si-
ções que foram feitas, o grau de presença de
gas e doenças que rondam as suas culturas multaneamente mais correcta do ponto de
infestantes, como decorre o tempo, como se
podem, de repente, tornar-se incontroláveis e vista dos equilíbrios que importa manter e
processa o desenvolvimento da cultura (apro-
chegar mesmo a provocar perdas totais das pro- da garantia de melhores resultados económi-
veitando para medir as plantas selecionadas e
duções. cos da exploração.
registar, se for caso disso, o n.o de folhas, flo-
res ou frutos – vingados e perdidos – e a ex-
Que fazer então? Partilha de experiências de
tenção verificada dos ataques de pragas e
Investigação & Desenvolvimento
O único caminho é conhecer profunda- doenças) e além disso, nos talhões, em si-
mente os problemas que enfrentamos, para en- Embora estes saberes constituam para o agri- multâneo com o registo das pragas, identifi-
contrar as soluções mais adequadas às condi- cultor preocupções correntes, a verdade é que car a presença de inimigos naturais e a sua
ções locais. isoladamente não consegue reunir toda a in- acção, não esquecendo finalmente, na altura
Não é novidade para ninguém que uma cul- formação de que necessita. própria, de avaliar os resultados da cultura e
tura instalada num solo fértil, dispondo da água Mas em contrapartida podem atingir-se re- o seu valor de mercado;
que necessita e de luz adequada e que não esteja sultados espectaculares, quando na busca de so- • durante as visitas, procede-se à identificação
afectada por pragas, doenças ou infestantes, se luções apropriadas às suas condições de traba- do que está a correr bem e do que está em
desenvolve bem e produz abundantemente. Sa- lho, os agricultores partilham uma experiência perigo, e se surgirem ideias para combater os
bemos ainda que as plantas vigorosas resistem conjunta de Investigação & Desenvolvimento problemas identificados de forma eventual-
muito melhor que as débeis às pragas e às doen- para a discussão dos problemas concretos que mente diferente do que é usual, procede-se a
ças. Teremos então obviamente que concluir que localmente enfrentam. uma experiência no pequeno talhão a isso
o trabalho do agricultor será garantir constante- A favor do interesse destas iniciativas note- destinado. Pode ser uma outra maneira de
mente, em todas as fases de desenvolvimento das -se ainda que sendo o trabalho do grupo diri- combater uma praga, ou a necessidade de se
suas culturas, a existência das melhores condi- gido para a solução de problemas que mais reforçar a rega, ou a fertilização ou qualquer
ções de produção possíveis, pois, na medida em preocupam os seus membros, está assim à par- outro aspecto. Mas o que se fizer aí de novo
que o consiga, garante bons resultados. tida garantida a difusão das suas conclusões no irá, nas semanas seguintes, ser avaliado, pelo
As condições de produção dependem em pri- seio da comunidade a que pertencem. grupo, nas suas consequências para os resul-
meiro lugar dos meios à disposição do agricultor, Uma das formas de atingir estes objectivos é tados da cultura;
designadamente a natureza das terras que cultiva o procedimento que poderemos designar de • de vez em quando, todos os grupos se reú-
e os factores de produção de que pode lançar AAESC – Análise Agro-Ecológica do Sistema nem e explicam, uns aos outros, o que estão
mão, que limitam à partida as opções que pode de Cultura, cujo processo de desenvolvimento a fazer, encetando-se uma discussão que pode
tomar. Mas, não esqueçamos também a impor- passa por: fazer nascer ideias que anteriormente não te-
tância dos conhecimentos de que o agricultor nham surgido e que poderão ser experimen-
dispõe sobre tudo o que interfere com as suas • organizar na comunidade alguns pequenos tadas. Estas reuniões servem para alargar à
culturas, e que lhe irão permitir tomar decisões grupos, cada um com meia dúzia de agricul- comunidade os resultados das experiências
acertadas em cada momento, fazendo em mui- tores; que vão sendo alcançados;
tos casos a diferença entre o sucesso e o falhanço. • cada grupo decide que cultura ou problema • assim se mantém o processo contínuo de ex-
Vem tudo isto a propósito do conceito de quer estudar, escolhendo para o efeito o perimentação e análise até ao termo da cul-
Protecção Integrada das Culturas, que mais não campo de um dos seus membros, onde são tura, altura em que se procede ao balanço
é que uma estratégia que combina os métodos marcados dois pequenos talhões equivalentes
disponíveis para assegurar a sanidade das plan- (um que serve de testemunha usando os mé- Trocas de ideias entre grupos de agricultores.
todos de cultivo correntes e o outro onde
Desenho de Edmund Opare (Gana)

tas, visando alcançar os melhores resultados


produtivos, envolvendo não apenas o controlo serão experimentadas as soluções que vierem
das pragas, doenças e infestantes, mas também a ser sugeridas pelo estudo em grupo);
todos os outros factores que afectam o desen- • assinalar em cada um desses talhões uma de-
volvimento das culturas. zena de plantas, escolhidas ao acaso, para
Em boa verdade, mais correcto será falar em serem objecto de observação detalhada ao
Produção Integrada, uma boa prática de produ- longo da cultura;

ESPORO 63 • PÁG. 6
• Palop
rais das pragas, sem esquecer à partida os
graus de tolerância”, dando exemplo da es-
pectacular recuperação de diversas fazendas
de café na Bahia (Brasil), onde se conseguiu
aumentar a resistência das plantações às pra-
gas e doenças mais importantes, através de
fertilizações equilibradas;
• na Esporo 57 o artigo intitulado A protecção
integrada na agricultura tropical aborda o
controlo das viroses da mandioca em Mo-
çambique e em S. Tomé e Príncipe;
• a ilustração deste artigo, retirada da publica-
ção abaixo referida, faz-nos compreender
que este exército de combatentes das pragas,
que trabalha gratuitamente a favor do agri-
cultor, deve ser poupado às agressões que o
uso indiscriminado de pesticidas de largo es-
pectro pode desencadear;
• a análise, em cada caso particular, da interac-
ção entre as pragas e os seus inimigos natu-
rais no campo cultivado, tem de ser sempre
o ponto de partida para qualquer actuação,
que pode passar pelo reforço da resistência da
cultura (actuando no seu equilíbrio vegeta-
tivo), pela criação de condições de cresci-
mento das populações de inimigos naturais
presentes (por ex.: através do “mulching”
para garantir a sua multiplicação), pelo uso
de insecticidas de origem vegetal (por ex.: ex-
tracto de folha de amargozeira – Azadirachta
indica ) ou pela utilização, se não houver
outra solução, de pesticidas químicos, mas es-
pecíficos em relação ao tipo de praga, com
efeito residual curto e, tanto quanto possível,
com interferência limitada sobre a população
Desenho de Edmund Opare (Gana)

de inimigos naturais existente.

Para mais informação consultar:


Guides de vulgarisation de la lutte intégrée /
Integrated pest management extension guides
por A. Youdeowei
Co-edição CTA/GTZ/MOFA/PPRSD – 2004
(ver Publicações pág. 12)

1 – Besouro do solo; 2 – Mosca que paira no ar (larva e adulto); 3 – Asa redonda; 4 – Louva-a-Deus;
5 – Percevejo assassino (pulgão); 6 – Aranha caçadora; 7 – Joaninha; 8 – Vespa parasita; Empresa comercial
9 – Formiga predadora. premiada

A empresa DELTA CAFÉS (Portugal), que


final de comparação dos resultados das expe- precipitar a concretizar a primeira intervenção comercializa no mercado internacional
riências efectuadas, com o procedimento cor- em que pense ou lhe seja sugerida – a aplicação café produzido em Timor Leste, foi reco-
rente, e se tiram as devidas conclusões, que de um pesticida ou outra qualquer medida des- nhecida pela sua conduta no quadro dos
podem apontar para a continuação da expe- garrada do processo que têm nas mãos – pelo procedimentos do comércio justo, ao re-
riência, explorando eventualmente novos ca- contrário, estará preparado, com base na expe- ceber em Nova Iorque o prémio Corpo-
rate Conscience Awards, pelo impacto po-
minhos. riência anteriormente colhida no local através
sitivo da sua actuação na comunidade.
das AAESC que já efectou, para olhar as suas Em Timor Leste desde o ano 2000, empe-
Escolher a melhor dentre intervenções na cultura como um processo in- nhou-se profundamente na problemática
as diversas intervenções possíveis teractivo, cujos resultados já pode em larga me- da produção local de café, que envolve
dida prever e, assim, com confiança, considerar 45 000 famílias, tendo conseguido obter o
Acabará por se verificar com o decorrer deste reconhecimento internacional pela quali-
que haverá à sua disposição eventualmente mais
processo de aprendizagem, fundamentado na dade excepcional do café localmente pro-
do que uma solução, passando o problema
experimentação, que se vai enraizando na duzido, para o que concorreu a definição
então a ser saber escolher a melhor intervenção. e implementação de procedimentos téc-
mente do agricultor a ideia de que uma cultura
nicos estandardizados destinados a ga-
é um sistema, cujos resultados são fruto da in-
Algumas abordagens concretas rantir a sustentabilidade da produção de
teracção dos factores que o compõem. Mas, café com alto nível de qualidade, encora-
para além disso, vai progressivamente come- • Na Esporo 54 publicámos um artigo intitu- jando em paralelo o desenvolvimento in-
çando a conhecer-se a forma como tal acontece lado Cafeicultura sem fitofármacos, onde o tegrado das comunidades de produtores,
no contexto local, o que constitui um cabedal autor apela para a necessidade de estudar em através de contribuições para a melhoria
do funcionamento das suas escolas fre-
de conhecimentos insubstituível para apoiar as profundidade “… as correlações que possam
quentadas por 2000 crianças.
futuras decisões do agricultor e para aumentar existir, na resistência às pragas e doenças,
Partilhar os benefícios com os produtores
o grau de confiança nos seus conhecimentos. com as condições fisiológicas e nutritivas das é considerado pela empresa como um in-
Efectivamente, deste modo, a atitude do agri- plantas ao longo do ano… Bem assim, a vestimento de bom retorno.
cultor mudará, e da próxima vez, em vez de se possibilidade de recurso aos inimigos natu-

ESPORO 63 • PÁG. 7
Breves •
A FAO lança ferramenta
para gestão
A palavra aos inventores rurais
da informação ■ Raros são os encontros onde os tar as suas pesquisas e as suas expe- cês hesitante, sempre com orgulho,
■ O Information Management agricultores são os principais prota- riências: 17 inovações originais e como conseguiram os resultados.
Resource Kit (IMARK) oferece
material pedagógico
gonistas. Mas no seminário-feira da eficazes das quais três foram pre- O público, constituído por agri-
informatizado completo para os inovação em Segou, no Mali, que miadas. cultores, investigadores e parceiros
cursos à distância sobre gestão de desenvolvimento, assistiu com
da informação agrícola. Criados
pela Organização das Nações
grande interesse a estas exposições
Unidas para a Alimentação e a muito concretas. Formaram-se rapi-
Agricultura (FAO) em conjunto damente grupos de trabalho por sec-
com outras organizações, os
tor em função das necessidades.
cursos IMARK são concebidos
como uma série de módulos em Todos concordaram num ponto:
CD-ROM, apoiados por um fórum como difundir estas inovações?
electrónico de discussão, que
Criando laços, convidando organi-
permite aos participantes trocar
opiniões, partilhar a informação zações de agricultores inovadoras,
e ajudar-se mutuamente. Os efectuando viagens de estudo, ac-
cursos interactivos em cinco tuando em associação com os media.
Foto: Ibrahim Tiemogo © CTA

línguas são especificamente


concebidos para uma Organizado com o apoio do
aprendizagem ajustada ao ritmo Fundo Internacional de Desenvol-
de cada um e são gratuitos. vimento Agrícola (FIDA), CTA e o
Website: www.fao.org/IMARK Inter-Réseaux, esta feira da inova-
ção, rica em ideias e descobertas,
Informação
a salvaguardar encantou todos os que nela parti-
ciparam.
■ Segundo um recente inquérito,
as organizações botânicas dos reuniu, de 22 a 26 de Março de Os numerosos stands debaixo
países em desenvolvimento não 2004, representantes das organiza- das tendas estavam repletos de bro- ✍ Inter-Réseaux Développement Rural
desejam partilhar a informação ções de agricultores do Benin, Bur- churas, filmes e cartazes. Nas salas, 32, rue Le Peletier
sobre as suas colecções de 75009 Paris
plantas e preferem não as kina Faso, Camarões, Costa do os agricultores explicavam em de-
França
difundir livremente na Internet. Marfim, Mali e do Níger, foram talhe, à vez, por vezes em dioula, Fax: +33 (0)1 42 46 54 24
Elas estão relutantes, em parte os próprios agricultores a apresen- em mooré, muitas vezes num fran- Website: www.inter-reseaux.org
porque receiam que companhias
privadas utilizem a informação
para desenvolver produtos
comerciais a partir dos recursos
biológicos, sem qualquer retorno
financeiro para os países de A conservação paga dividendos
origem destes recursos.
O relatório do inquérito, ■ O projecto de recuperação da
intitulado Study on Data Sahring planície inundável de Waza no
With Countries of Origin foi
norte do Camarões, é pertinente
publicado em Março de 2004
pela Global Biodiversity tanto no plano económico como
Information Facility (GBIF) – no plano moral. Representantes da
Centro de informação sobre a União Internacional para a Con-
biodiversidade mundial –, uma
organização intergovernamental
servação da Natureza e dos Seus
sediada na Dinamarca. Recursos (UICN) calcularam que o
Relatório disponível em: projecto se pagará em cinco anos.
www.gbif.org/prog/ocb/sdco Segundo as suas estimativas, o res-
tabelecimento de 90% da planície
Uma mulher, um rádio inundada gerará benefícios anuais
■ Sem possuir rádios seus, as de 2,5 milhões de euros, de ma-
Foto: © UICN

mulheres dependem da neira que os 12 milhões de custo


boa-vontade dos homens para
seguir as emissões… que elas não
serão amortizados em apenas cinco
podem escolher. Devido a esta anos.
constatação, a associação Munyu Os números constam do relató-
(“a voz das mulheres”) em
rio intitulado O retorno da água. tadores sobre as comunidades lo- doenças de origem hídrica. Os be-
Banfora, no Burkina Faso, que
aspirava criar uma rádio para Restabelecimento da Planície inun- cais. Um terço da população rural nefícios destas experiências são es-
melhor informar os seus dável de Waza Logone, que tem por (quase 8000 lares) registou perdas timados em 871 000 € por ano.
membros, montou a operação anuais de perto de 2,5 milhões de A UINC, que gere o projecto-pi-
objectivo encontrar os financia-
“uma mulher, um rádio”. As
mulheres organizaram uma mentos necessários à recuperação euros. loto através de um acordo com o
associação rádio, à razão de 200 completa das terras da planície de Experiências com inundações governo dos Camarões, espera
FCFA (0,30 €) por mulher e por Waza Logone. Durante as duas úl- parciais artificiais contribuíram já agora que os seus diversos parcei-
semana. A Munyu obteve ajudas
complementares da Oxfam e timas décadas, esta planície tem so- para o melhoramento na economia ros, onde se incluem o Ministério
Terre des Hommes (uma ONG frido terrivelmente com precipita- rural. Mais de 1700 toneladas de Holandês para o Desenvolvimento
alemã) e fez uma encomenda ções reduzidas e com a construção peixe foram capturadas nas regiões e Cooperação, a Comissão Euro-
junto de um fornecedor. O
resultado são 8000 mulheres que de uma barragem. A região outrora recuperadas. As ervas perenes rea- peia e o WWF, consigam arranjar
agora podem ouvir a Munyu na fértil está desertificada. As perdas pareceram, permitindo um au- financiamento suficiente para com-
sua própria estação que das pastagens na estação seca, de mento de 260% do número de ca- pletar a recuperação e ajudar a re-
rapidamente se tornou um
verdadeiro instrumento de
peixes, culturas irrigadas, água, beças de gado na região. A provisão gião a continuar no seu caminho
trabalho e comunicação. fauna e flora tiveram efeitos devas- de água potável reduziu em 70% as para o desenvolvimento sustentado.

ESPORO 63 • PÁG. 8
• Breves
✍ Adet Agricultural Research Centre
Uma ideia refrescante garante PO Box 08, Bahi Dar
Agricultores ensinam
agricultores
Etiópia
menores perdas Fax: +251 1 46 1294 ■ Zai la Sida é o nome de uma
associação de agricultores de
E-mail: fentahunmen@yahoo.com
Yattenga, uma região árida no
arrefecimento provo- norte do Burkina Faso, que
cado pela evapora- construiu na região, desde 1997,
ção para travar a
decomposição me-
As garras cinco escolas para ensinar outros
agricultores a praticar o zai
tabólica e a degra- mortíferas melhorado, uma técnica ancestral
de recuperação de solos. Os
dação fúngica. A cursos são gratuitos e começam
arca é constituída do desmodium em Janeiro após o fim dos

Ilustração: C. Ollagnon
trabalhos rurais. Têm a duração
por paredes du-
plas de tijolo se-
de folha de um dia e decorrem uma vez
por mês. Os agricultores-
paradas por um prateada -estudantes vêm de todo o
Burkina Faso. Na estação das
espaço de 15 cm
chuvas as escolas de campo são
cheio com areia
■ Os agricultores do Quénia têm mantidas pelos membros da
do rio molhada. A associação. A sua produção é
mostrado relutância em cultivar
areia é regada de ma- vendida para comprar os factores
Crotalari grahamiana, um arbusto de produção e o equipamento
nhã e ao final da tarde
muito útil para melhorar a fertili- necessário ao funcionamento da
■ Um dispositivo desenvolvido por para manter os valores de escola. Actualmente, o zai é
dade do solo, por receio de atrair
investigadores na Etiópia poderá temperatura e húmidade. Foram praticado por todo o Yatenga e
grandes populações de Amphicallia expandiu-se ao Níger e à Nigéria.
ajudar os produtores hortícolas a utilizados pimentos verdes e laran-
pactolicus, um insecto que se ali- Os campos encrostados estão
aumentar o tempo de conservação jas para testar a sua eficácia. Um novamente verdes e as culturas
dos seus frutos e vegetais e reduzir lote similar foi mantido à tempera- resistem melhor à seca.
as perdas devidas à deterioração. tura ambiente como controlo. Após
Adaptado de um modelo indiano, 9 dias, todos os produtos conserva- Boas novas para África
apresenta-se como uma grande arca dos à temperatura ambiente esta- ■ Foi criada, pela Associação
e utiliza materiais pouco dispendio- vam impróprios para consumo, en- Mundial de Rádios Comunitárias
(WACRB), com o apoio da FAO,
sos disponíveis localmente, como ti- quanto que 86,3% dos produtos uma agência de informação

Foto: G. Hailu © ICRAF


jolos, bambu e areia do rio, para guardados no fresco estavam ainda radiofónica sobre as questões do
conservar a frescura dos produtos em bom estado. Cerca de 50% dos desenvolvimento em África.
até um mês após a sua colheita. Tes- produtos continuavam bons após O consórcio Simbani África,
instalado em Joanesburgo, cobre
tado em Adet, onde as temperatu- 18 dias no fresco. E alguns pimen- todo o continente e promove a
ras médias máximas atingem os tos verdes ainda podiam ser consu- informação técnica da FAO sobre
26 o C, este equipamento utiliza o midos passado um mês. Uma borboleta Amphicallia
a agricultura e alimentação.
O seu programa é difundido em
pactolicus aprisionada pela
diversas línguas locais e a versão
Desmodium uncinatum.
escrita está também disponível
Melhorar a higiene menta geralmente das folhas desta
na Internet.
Website: http://simbani.amarc.org/fr/
espécie. Foi então desenvolvido um
dos produtos alimentares método biológico eficaz para con-
(Francês)
http://simbani.amarc.org/en/
de farinha de arroz e amendoim en- trolar estes insectos. As folhas de (Inglês)
rolado em folhas de bananeira ou de uma outra árvore, Desmodium un-
milho. As análises microbiológicas cinatum, ou “Silver Leaf ” (folha de Mais comunicação,
revelaram problemas e o IPM em- prata), apanham com efeito simul- menos confrontação
preendeu uma “acção pela quali- taneamente os adultos e as larvas ■ Ouvindo e fazendo circular
informação via rádio, jornais ou
dade” junto dos fabricantes e ven- da A. pactolicus. A Desmodium
através dos grupos de escuta, a
dedores deste bolo muito apreciado. pode ser utilizada em cultura in- Réseau de communication sur le
A formação permitiu-lhes adqui- tercalada ou plantada na orla do pastoralisme (RECOPA) – Rede de
rir conhecimentos básicos de hi- pousio de C. Grahamiana sem que Comunicação Sobre o Pastoreio –
tem podido prevenir e resolver
Foto: I Razanamparany © Syfia International

giene e microbiologia. Aos forman- seja necessária a utilização de pes- um grande número de conflitos
dos foram também dados conselhos ticidas dispendiosos e nocivos. ligados ao pastoreio no Burkina
para melhorar o processo de produ- Logo que os insectos tocam na Faso. Outros feitos notáveis da
rede incluem a criação de
ção e a apresentação do produto Desmonium, ficam prisioneiros. As
caminhos para o gado, a
para venda: não armazenar amen- borboletas que acidentalmente poi- delimitação de zonas de
doim triturado, trabalhar em cima sem na árvore ficam presas nos pastoreio e o estabelecimento de
de uma mesa e não uma simples pêlos das folhas e do caule. De comités rurais de negociação.
tábua… se forem escrupulosamente forma idêntica, as larvas jovens à
Factores
seguidos pelos fabricantes e vende- procura de alimento e as mais de-
de produção locais
dores, a koba ravina pode conservar- senvolvidas prestes a metamorfo-
■ A higiene e a qualidade dos pro- ■ Não é mais necessário ir até à
-se 3 dias à temperatura ambiente e sear-se ficam presas nesta armadi-
cidade comprar fertilizantes,
dutos alimentares tradicionais ven- 10 dias se for refrigerada, e isto sem lha. Utilizada em rotação, a C. basta ir à loja de factores de
didos nas ruas deixam muito a de- risco para o consumidor. Os fabri- Grahamiana, que fixa o azoto, é produção da sua aldeia e
sejar, apesar de poucos parecerem cantes adoptaram estas medidas ra- capaz de fornecer a quase totali- comprar o que for necessário.
A Fedération des producteurs
importar-se com isto. Contudo, por pidamente. Os muitos fabricantes e dade do azoto necessário às cultu- du Niger – Federação dos
vezes basta pouca coisa para os me- vendedores de alimentos tradicio- ras subsequentes, milho neste caso, Produtores do Níger – que
lhorar. Foi o que demonstrou o Ins- nais existentes nas ruas de África po- para os agricultores quenianos. representa 300 agrupamentos, já
titut Pasteur de Madagascar (IPM), diam seguir o seu exemplo por Fornece ainda lenha e desempenha criou 17 lojas deste tipo, muito
apreciadas pelos agricultores que
que analisou 120 amostras de koba forma a assegurar melhor qualidade um importante papel na luta con- aí encontram também conselhos
ravina, um bolo popular feito à base e preservação da comida de rua. tra as ervas daninhas. e formação.

ESPORO 63 • PÁG. 9
Breves •
Fertilizante
de jacinto-d’água
Tisanas secretas
■ Agora que o jacinto d´água
pode ser usado para fabricar ■ Em numerosos países ACP, as
composto, os horticultores das plantas medicinais fornecem remé-
margens do Níger estão a limpar dios ao alcance das comunidades
rapidamente o rio desta planta
invasora. Actualmente, 13 locais. Elas representam igualmente
cooperativas de horticultores um ganha-pão para os pequenos
produzem o composto. A técnica produtores, preservando ainda a
é simples. Primeiro, cava-se uma
biodiversidade. Na África do Sul,
fossa na qual se lança palha,
depois o jacinto d’água investigadores pensam que três
finamente cortado e, finalmente, plantas da província do Cabo

Foto: R. Faidutti © FAO/17502


estrume. Repetir até a fossa estar oriental poderão fornecer um tra-
cheia. De seguida, cobre-se com
esteiras e com um plástico
tamento de baixo custo para a dia-
impermeável. Duas semanas betes, problema crescente nos paí-
depois revolve-se e ao fim de 45 ses em desenvolvimento. Para além
dias o composto está pronto a das suas implicações medicinais, o
ser espalhado nos campos. Já
não é necessário comprar adubos remédio faz ter esperança em en-
químicos dispendiosos para obter tradas de dinheiro para esta região
uma boa produção e o rio economicamente debilitada. Os
respira melhor.
enfermeiros das clínicas rurais da partir de experiências com três es- secos em tisanas. Se a diabetes está
Vender o arroz província do Cabo oriental foram pécies de ratos. Todos se revelaram a explodir em África, deve-se essen-
a bom preço os primeiros a interessar-se por satisfatórios. Estão a ser agora uti- cialmente à urbanização, à ociden-
estas plantas, após terem consta- lizados, para um novo controlo, talização das práticas alimentares e à
■ Escoar a totalidade da
produção e a bom preço é o
tado os efeitos em pacientes que ti- macacos vervet, num processo com falta de actividade física.
sonho de todo o agricultor. Para nham sido tratados por curandeiros a duração de 3 a 6 meses e durante
os produtores de arroz de tradicionais. o qual são monitorizadas as fun-
Mogtedo no Burkina Faso Uma série de testes laboratoriais ções sanguínea, renal e hepática dos
tornou-se uma realidade. E isso
graças a uma rigorosa produziu, durante estes últimos de- primatas.
organização. No início da zoito meses, resultados impressio- Os nomes destas plantas autócto-
colheita, produtores e nantes, segundo os investigadores nes são por agora altamente confi- A planta
vendedores fixam o preço de
venda do arroz com casca e
descascado. Os papéis de cada
do grupo de investigação sobre a
diabetes para o Conselho de Inves-
denciais, a fim de proteger as pró-
prias plantas e os curandeiros tradi-
antiminas
um são estritamente respeitados tigação Médica, situado no Cabo. cionais que as utilizam há muito
bem como as regras colectivas. Um consórcio de investigadores e tempo para tratar a diabetes. O de- ■ A Arabidopsis thaliana é uma
Os produtores vendem planta curiosa. Modificada geneti-
directamente o seu arroz à
de curandeiros tradicionais foi fun- partamento de tecnologia pós-co-
cooperativa, onde as mulheres o dado e ensaios clínicos deverão co- lheita e vitícola do Conselho de In- camente por cientistas dinamar-
compram, promovem o seu meçar antes do final do ano. En- vestigação Agrícola estuda a criação queses, adquiriu a curiosa proprie-
descasque pelos debulhadores e saios de toxicidade e de eficácia de pequenas explorações produtoras dade de passar do verde para o
vendem no mercado. Só o arroz
branco pode ser vendido aos foram realizados em laboratório em de ervas, equipadas com unidades vermelho em três a cinco semanas
comerciantes vindos de fora. culturas de tecidos, e em seguida a de transformação dos ingredientes na presença de determinados me-
O instrumento de medição tais pesados e de explosivos presen-
homologado é um prato que tes nas minas antipessoais e muni-
comporta cerca de 4 kg de arroz.
Supervisores velam para que
ções não deflagradas. Este sistema
estas regras sejam respeitadas e de bio-detecção poderá mostrar-se
aplicam sanções. Todos ganham:
os produtores asseguram os seus
Silos metálicos para proteger muito útil em todos os países onde
após os conflitos subsistem muitas
rendimentos, as mulheres
independentes e comerciantes
as sementes minas no solo, ou seja 75 países, ac-
têm certeza de encontrar arroz a tualmente. Até agora a detecção de
um preço conhecido ■ Há muito que os agricultores bo- Técnicos vieram da Bolívia para minas fez-se recorrendo a cães e a
antecipadamente.
livianos utilizam silos metálicos ensinar 58 artesãos a fabricar silos. aparelhos, uma operação delicada,
Sementes certificadas para proteger as suas colheitas dos Já construíram perto de 2000. muito demorada e dispendiosa.
predadores. Agora, os agricultores Com uma capacidade de 125 a Os primeiros testes no terreno
■ No Mali, são os agricultores
membros da Association des
senegaleses tiram proveito desta ex- 1800 kg, destinam-se à conservação terão lugar brevemente, essencial-
organizations paysannes periência com a ajuda da FAO, em de alimentos sensíveis, especial- mente na África subsariana. Em
professionelles (AOPP) – colaboração com o governo do Se- mente contra uns insectos que se certas zonas como Moçambique ou
Associação das Organizações de negal e da associação senegalesa parecem com o gorgulho e cujas em Angola, apesar do retorno da
Agricultores Profissionais – que
produzem as sementes para a promoção do desenvolvi- larvas comem as sementes das le- paz, o desenvolvimento agrícola é
certificadas revendidas aos mento na base. guminosas armazenadas (amen- constantemente entravado pela
agricultores. O aprovisionamento doim, feijão-frade). Substituem presença destes engenhos. Os agri-
faz-se através de uma rede de
lojas das aldeias. Em 21 regiões
vantajosamente os tonéis ou os cultores não se atrevem a ir para os
do país, agricultores formados simples sacos usados até recente- campos por receio de perder a vida
cultivam as suas parcelas mente para armazenar milho- ou um membro ao pisar uma
Foto: M. Seck © Syfia International

individuais de sementes miúdo, milho e sorgo. Foram fei- mina. A Arabidopsis thaliana tem a
melhoradas. O serviço nacional
de sementes do Mali (SSNM)
tas sessões de demonstração em vantagem de se reproduzir natural-
fornece as sementes aos diversas regiões do país. Foi editado mente por autopolinização mas
produtores, supervisiona o um guia de utilização na língua sendo androestéril a sua expansão
processo de produção e local, mostrando as vantagens des- pode ser facilmente controlada,
certifica-as. Em seguida, a AOPP
compra as sementes que são tes silos que reduzem consideravel- afirmam os cientistas que a desen-
vendidas nas lojas das aldeias. mente as perdas pós-colheita. volveram.

ESPORO 63 • PÁG. 10
• Referências
E por último, se deseja saber

No rasto mais sobre as consequências dos re-


gulamentos sanitários e fitossanitá-
rios da UE para os países ACP, não

da rastreabilidade hesite em consultar dois estudos do


CTA sobre as normas SPS e o re-
gisto de proveniência disponíveis
on-line no site do Agritrade.

É
sempre indo à fonte que se jante. Felizmente que há organis- et pays et territoires d’outre-mer
consegue a melhor infor- mos para ajudar os países ACP a de- (SFP) – Melhoria do estado sanitá-
Para mais informações:
mação. Então, comece por cifrá-las e sobretudo a implementá- rio dos produtos da pesca para os
consultar o dossier sobre a segurança -las. Se está no sector hortícola, o países ACP e países e territórios do
Codex alimentarius
ultramar –, que visa facilitar o acesso www.codexalimentarius.net/web
destes países aos mercados europeus
COLEACP
melhorando os controlos sanitários www.coleacp.org
à exportação. Para obter informa- Unité de Gestion du Programme
ções concretas sobre as condições de Initiative Pesticides (UG/PIP)
98, rue du Trône (boîte 3)
acesso a estas ajudas é necessário
1050 Bruxelles
contactar as delegações da UE. Belgique
Mais abrangente é o Mécanisme Fax: +32.2.514.06.32
pour l’élaboration des normes et E-mail: pip@coleacp.org

Foto: © Syfia International


le développement du commerce CTA
(MENDC) – Mecanismo para a http://agritrade.cta.int/CTA_SPS_
study_ FR.pdf
elaboração das normas e desenvol- http://agritrade.cta.int/oconnor_
vimento do comércio –, que tem report_ fr.pdf
por objectivo reforçar as capacida- http://agritrade.cta.int/CTA_SPS%20
des de exportação dos países em de- Study_EN.pdf
http://agritrade.cta.int/Agritrade_
alimentar do site da União Euro- Programme initiative pesticides senvolvimento ajudando-os a fica- Report_0%27Connor.pdf
peia. Aí encontrará toda a legislação (PIP) – Programa iniciativa pestici- rem em conformidade com as
EUREPGAP
sobre os géneros alimentares. Textos das –, do COLEACP, já apresen- normas que regem o acesso aos http://www.eurep.org/
indispensáveis, certamente, mas tado na página de Referências da mercados para os produtos alimen-
MENDC
nem sempre muito digeríveis. Se Esporo 57, será do seu interesse. tares, produtos à base de peixe, de
Centre William Rappard
pretende apenas ter uma visão geral Forma empresas ou grupos de pe- fibras e produtos florestais. Partici- rue de Lausanne 154
sobre o assunto, clique em Synthèse quenos produtores de frutos e legu- pam neste mecanismo o Banco 1211, Genève 21
sur les dispositions générales et insti- mes frescos que pretendam adaptar- Mundial, a Organização Mundial Suisse
E-mail: STDFsecretariat@wto.org
tutionnelles – Síntese das disposi- se às exigências da UE. O seu site da Saúde Animal (OIE), a Organi- www.standardsfacility.org/
ções gerais e institucionais. Uma reúne muita informação útil, como zação Mundial do Comércio
Union européenne
outra página importante é a da Di- uma base de dados dos Limites Má- (OMC), a OMS e a FAO. São con- http://europa.eu.int/pol/food
rection générale Santé et protection ximos de Resíduos (LMR). cedidos donativos para projectos de • DG SANCO
des consommateurs (DG SANCO) Se exporta produtos do mar, po- reforço das capacidades tanto do www.europa.eu.int/comm/dgs/health_
– Direcção geral da saúde e protec- derá pedir ajuda ao programa Amé- sector público como privado. As consumer
• Délégations nationales
ção dos consumidores –, onde po- lioration de l’état sanitaire des pro- condições de acesso a estas verbas www.europa.eu.int/comm/external_
derá ler os dossiers sobre a segurança duits de la pêche pour les pays ACP estão indicadas no seu site. relations/repdel/index_rep_en.cfm
alimentar, a saúde pública e o con-
sumidor. Uma vez familiarizado
com este site indispensável, poderá
por sua vez assegurar-se da restrea-
bilidade das informações…
O outro site a conhecer é o da
Os pontos fortes da formação
A
parceria global para uma agricultura s informações sobre a for- de vulgarização nos países do Sul. Para mais informações:
saudável e sustentável (EUREP- mação profissional agrí- Será também interessante consultar
GAP), que apresenta de forma deta- cola são tão escassas o site que o mesmo organismo AGROPOLIS
lhada, para os frutos e legumes fres- quanto tem sido o interesse prestado consagra aos jovens camponeses, www.agropolis.fr/formation/biblio/
index.html/
cos, flores e plantas ornamentais, as a este sector ao longo dos últimos com um grande espaço para a for-
CTA
normas exigidas para ser certificado dez anos. Raros e muito dispersos mação. Connaissances pour le
por este organismo, reconhecido são os documentos actualizados dis- A biblioteca virtual AGROPO- développement
pelos grandes distribuidores euro- poníveis. A maior parte das expe- LIS, centro internacional de investi- /http://knowledge.cta.int/index.php/
peus. Outra fonte de regulamenta- riências conduzidas actualmente são gação e de ensino superior agrícola, article/articleview/951/1/62/
Knowledge for Development.
ção: o Codex alimentarius, gerido pontuais ou por vezes muito locais apresenta numerosos documentos de /http://knowledge.cta.int/index.php/
pela Organização das Nações Uni- e não dão origem a relatórios com colóquios consagrados à formação article/articleview/951/1/62/
das para a Alimentação e Agricultura grande difusão. ou a estudos locais, de acesso muito FAO
(FAO) e pela Organização Mundial Para ter uma primeira ideia, pode fácil e rápido. Em inglês, por sua vez, • Vulgarisation
www.fao.org/ruralyouth/index_fr.html
de Saúde (OMS), que define as nor- consultar-se a página sobre vulgari- o site do Instituto de Investigação do • Extension
mas alimentares internacionais. zação agrícola da FAO. Dá acesso a Quénia (KARI), refere o interessante www.fao.org/ruralyouth/index_en.html
A leitura das regulamentações numerosos documentos classifica- projecto ATIRI. Pode-se também ter • Jeunes ruraux
www.fao.org/ruralyouth/index_fr.html
sobre a restreabilidade e as diferen- dos, por grandes temas ou por pa- acesso a um resumo útil desta expe-
• Rural Youth
tes normas pode contudo parecer lavras-chave. Aí encontram-se al- riência no site do CTA Connaissan- www.fao.org/ruralyouth/index.html
complexa, rebarbativa para os não gumas obras de reflexão como ces pour le développement / Knowledge KARI ATIRI
iniciados e por vezes desencora- exemplos muito concretos de acções for Development. www.kari.org

ESPORO 63 • PÁG. 11
Publicações •
Microcrédito, grandes
necessidades
Luta integrada: passar a palavra
■ As instituições de microfinança Os agentes de vulgarização
tem desempenhado nos últimos
quinze anos um importante agrícola enfrentam um ver-
papel de financiamento das dadeiro desafio: ajudar os pequenos
actividades rurais, mas continuam
agricultores a aumentar a sua pro-
de uma forma global mal
adaptadas às necessidades dução alimentar a custo reduzido,
especificas do sector agrícola e preservando simultaneamente os
em particular das pequenas
explorações familiares. O que
recursos naturais. Que não é tarefa
pode ser feito, atendendo a que fácil, sabe quem se dedica a este
a liberalização obriga a que se trabalho. Os parasitas e as doenças
adaptem e se modernizem? Um
CD-ROM bilingue (francês e são um dos problemas que mais
inglês) reúne as actas do preocupam os agricultores, e mui-
seminário de Dacar de 2002 e tos deles acreditam que a única so-
apresenta as conclusões do
programa de investigação lução efectiva é pulverizar com pes- 38 pp.
“Microfinança e agricultura ticidas químicos. Este conjunto de ISBN 9956 17 002 X / 9988 0 1085 0
familiar” conduzido pelo CIRAD N.o CTA 1192 (francês) / 1180 (inglês)
quatro pequenos livros procura 10 unidades de crédito
e pelo Comité d’échange, de
réflexion et d’information sur les ajudar os agentes de vulgarização
systèmes d’épargne et de crédit na tarefa, por vezes difícil, de pas- Guide n.o 2: La pratique de la lutte
(CERISE), uma rede com base em intégrée dans la production de
França visando a promoção do
sar a palavra sobre a luta antipara- céréales et de légumineuses /
microfinanciamento. sitária integrada, actualmente con- Integrated pest management
siderado o método mais eficaz em practices for the production of
Le financement de l’agriculture
cereals and pulses
familiale dans le contexte de la matéria de protecção fitossanitárias
libéralisation. Quelle contribution 64 pp.
de la microfinance? / The preservando o ambiente. ISBN 9956 17 003 8 / 9988 0 1086 9
financing of family farming in the Estes guias (em francês e inglês), N.o CTA 1193 (francês) / 1178 ( inglês)
context of liberalisation. What 10 unidades de crédito
escritos por Anthony Youndei, um
can be the contribution of
microfinance? dos melhores agentes de vulgariza- Guide n.o 3: La lutte intégrée en
Por B. Wampfler, C. Lapenu ção da luta integrada em África, ex- production des plantes à racines et
e M. Roesch tubercules et des bananiers plantains /
põem os princípios-base do mé- Integrated pest managements
Actes du séminaire international
de Dakar / Results from the todo, descrevendo de seguida as practices for the production of roots
and tubers and plantains
research programme and estratégias adaptadas às diferentes
international workshop 54 pp.
proceedings, 21 – 24 Janvier
categorias de culturas. Cada um ISBN 9956 17 004 6 / 9988 0 1087 7
2002, CD-ROM, CIRAD, 2003 destes pequenos livros identifica os N.o CTA 1194 (francês) / 1179 (inglês)
ISBN 2 87614 556 1 Guides de vulgarisation de la lutte 10 unidades de crédito
principais parasitas e doenças dum intégrée / Integrated pest
15 € – Librairie du CIRAD
TA 283/04, Avenue Agropolis
dado grupo de culturas, bem como management extension guides Guide n° 4: La pratique de la lutte
34398 Montpellier Cedex 5 os seus inimigos naturais. Redigidos Por A. Youdeowei intégrée en production maraîchère /
França – Fax: +33 4 67 61 55 47 Co-edição CTA/GTZ/MOFA/PPRSD Integrated pest management
numa linguagem cristalina, contêm 2004 practices for the production of
E-mail: librairie@cirad.fr
desenhos dos parasitas e dos seus vegetables
predadores. O seu formato prático Guide n.o 1: Principes de la lutte 56 pp.
Comunicar em Ciência intégrée: l’obtention de cultures ISBN 9956 17 005 4 / 9988 0 1088 5
■ É conhecida a dificuldade dos e cómodo permite levá-los nas visi- saines / Principles of integrated pest N.o CTA 1195 (francês) / 1177 (inglês)
jovens universitários na redacção tas de campo aos agricultores. management: Growing healthy crops 10 unidades de crédito
de um relatório, na preparação
de uma intervenção oral ou
ainda ao elaborar uma
dissertação de mestrado ou de
doutoramento. Tal sucede não Lidar com a doença do cacau
por falta de conhecimentos, mas
simplesmente porque não vocar estragos na produção de resultado da pesquisa. A equipa
aprenderam a exprimir-se.
cacau na Costa do Marfim, o também desenvolveu testes que
A presente obra, redigida na
sequência de um curso sobre maior produtor mundial de cacau. irão acelerar em muito a velocidade
redacção científica destinado aos Numa tentativa de conter esta com que são identificadas as plan-
investigadores dos PALOP,
organizado pelo CTA, que teve
doença de uma vez por todas, in- tas resistentes. Para além de pro-
lugar na Répública de Cabo vestigadores dos Camarões, Costa porcionar esperança para produ-
Verde em 2001, apoia passo a do Marfim, França e Trinidad uni- tores ameaçados pela doença, o
passo, ao longo dos seus nove
capítulos, quem pretenda ram forças para encontrar formas projecto e a investigação dele re-
transmitir não apenas as suas de produzir árvores do cacau com sultante proporcionam também li-
ideias com rigor, mas levar a sua maior resistência ao Phytophtora. ções e técnicas para prevenir outras
exigência mais longe, produzindo
também (porque não?) belos Este livro (em inglês) é o resultado doenças do cacau, tais como a vas-
textos. de um projecto de 5 anos, que teve soura de bruxa, monília, e Oncoba-
Comunicar em Ciência – como como base o centro francês de in- sidium theobromae.
redigir e apresentar trabalhos
vestigação Centre de coopération Improvement of cocoa tree resistance
científicos
Por Madeira, Ana Carla ■ Todos os anos, até 30% das co- internationale en recherche agro- to Phytophthora diseases
e Maria Manuel Abreu lheitas mundiais de cacau perdem- nomique pour le développement Por C Cilas & D Despréaux (eds.)
Escolar Editora, 2004, 155 p. CIRAD, 2004. 176 p.
ISBN 972 592 165 8 – 10,5 €
-se devido ao míldio, uma doença (CIRAD). Os cientistas fizeram ISBN 2 87614 562 6
Escolar Editora causada por diversas espécies do gé- grandes progressos nos seus esfor- € 23 – CIRAD – TA 283/04
Rua do Vale Formoso, 37 nero Phytophtora. A espécie mais ços para produzir árvores de cacau Avenue Agropolis
1949-013 Lisboa, Portugal 34389 Montpellier Cedex 5 – França
Fax: + 351 218 681 183 virulenta e que maiores prejuízos com maior resistência, e algumas va- Fax: +33 4 67 61 55 47
E-mail: dinternal@dinternal.pt causa, a P. Megakarya, está a pro- riedades já foram plantadas como E-mail: librairie@cirad.fr

ESPORO 63 • PÁG. 12
• Publicações

Legumes bem familiares As últimas Balanços sobre a saúde


animal
não desprezíveis para os produtores novidades ■ Apareceram simultaneamente
três obras de referência sobre as
que se lançam na sua cultura. É o
caso, por exemplo, do koko (desig- Agrodok em doenças dos animais
transmissíveis ao homem.
nado eru nos Camarões), Gnetum
africanum, que esteve na origem de português A primeira, em dois volumes,
estuda as doenças infecciosas do
gado na Europa e nas regiões
trocas em vários países da África quentes. A Organização Mundial
Central. Depois da colheita vêm as de Saúde Animal (OIE) apresenta
finalmente, traduzido em francês preocupações da conserva- uma nova edição de zoonoses e
Légumes africains indigènes: présen- ção dos alimentos produzidos para doenças transmissíveis comuns ao
homem e aos animais.
tation des espéces cultivées – Legu- permitir o seu consumo ao longo Por fim, um número especial da
mes africanos indígenas: apresenta- de um período dilatado de tempo. Revue scientifique et technique
ção das espécies cultivadas –, repara O pequeno livro intitulado Con- de l’OIE – Revista científica e
técnica da OIE – faz o balanço
de forma espantosa a injustiça feita servação de frutos e legumes, sobre a situação e as
aos legumes autóctones durante dé- aborda as técnicas de conservação necessidades das instituições
cadas. Ilustrado com belas fotogra- de produtos frescos. Começando veterinárias no mundo em
desenvolvimento
As aparências enganam. Os fias, apresenta 179 legumes africa- por analisar as causas e os efeitos
Principales maladies infectieuses et
mercados africanos trans- nos classificados por família da deterioração, expõe de seguida parasitaires du bétail. Europe et
bordam de tomates ou de cebolas, botânica, dos quais 25 bem deta- os cuidados de preparação deste régions chaudes
lhados. E acima de tudo coloca a tipo de alimentos, antes da descri- (2 volumes vendidos conjuntamente)
legumes tornados tão familiares Por P. C. Lefèvre, J. Blancou
que nos esquecemos da sua origem tónica nos aspectos agronómicos ção das diferentes técnicas de con- e R. Chermette
exótica; vieram de outros lugares destas plantas para responder às servação: Conservação através do Editions Tec & Doc
com os colonos, escondendo nas numerosas questões daqueles que calor, Secagem, Conservação de le- 2003, 800 et 1024 pp.
ISBN 2 7430 0495 9 – 150 €
bancadas as espécies locais. Apesar desejam saber mais para as cultivar. gumes em sal e/ou vinagre e Pre-
EMinter, Allée de la Croix-Bossée
da sua falta de visibilidade econó- O interesse nutritivo destes legu- paração de doces de fruta, sumos, 94236 Cachan Cedex – França
mica, as folhas, os frutos e os le- mes é igualmente abordado. xaropes, geleias e frutos cristaliza- Zoonoses et maladies transmissibles
gumes indígenas nunca deixaram dos. Dedica ainda um capítulo aos communes à l’homme et aux
Légumes africains indigènes: leitores com espírito empreende- animaux
de ser colhidos, cultivados e con- présentation des espèces cultivées Vol. 1: Bactérioses et mycoses
sumidos nas aldeias. Actualmente dor: «Como desenvolver uma em- OIE, 2004, 398 pp.
Por R. R. Schippers
presa de processamento alimentar ISBN 92 9044 624 2 – 50 €
verifica-se uma nova tendência: Margraf Publishers/CTA
OIE, 12, rue de Prony
estes legumes são cada vez mais 2004, 496 pp. em pequena escala». Tudo exposto
75017 Paris – França
ISBN 3 8236 1415 0 de uma forma clara e com recurso
apreciados, mesmo na cidade. Re- N° CTA 1185
Fax: +33 1 4267 0987
presentam uma fonte de receitas a meios ao alcance da generalidade E-mail: pub.sales@oie.int
40 unidades de crédito
dos leitores. Les institutions vétérinaires dans le
Por sua vez, o livro intitulado monde en développement:
situation actuelle et besoins
Protecção dos grãos de cereais e de futurs
leguminosas é dedicado aos pro- OIE, 2004, 396 pp.
A descentralização dutos armazenados que maiores ISBN 92 9044 605 6 – 50 €
(OIE, ver endereço acima)
preocupações dão aos agricultores.
para além das palavras Os bolores, os insectos e os roedo- Melhor irrigação
■ Desde a década de 90 que a des- res são objecto de uma abordagem
Com excepção de
centralização faz parte das palavras preliminar, antecedendo a exposi- Madagáscar, África do Sul
mágicas do agrado dos financiado- ção das «Medidas preventivas con- e uns poucos países no Norte de
tra insectos e bolores», do «Con- África, o potencial para o
res e que pelo facto de serem tão desenvolvimento da irrigação
usadas acabam por perder toda a trolo dos insectos sem a utilização não tem sido abordado
realidade. Sob a alçada de um geó- de produtos químicos», do «Uso de eficazmente em África. De um
insecticidas» e da «Prevenção e luta total de 874 milhões de hectares
grafo, de um sociólogo antropó- de terra arável, a área actual
logo e de um agrónomo, cerca de contra os ratos» e ainda de cinco objecto de rega é de apenas
quinze investigadores de diferentes anexos versando matérias comple- 12,6 milhões de hectares, ou
disciplinas assumiram a tarefa de mentares, no mesmo estilo de todo 3,7% da superfície da África
subsariana. Em Janeiro de 2003,
tentar definir e delimitar a natureza o livro, prestando informações
16 peritos de seis países –
da “administração local” na África uteis amplamente comprovadas na Etiópia, Gana, Quénia, Malawi,
Ocidental. Um dos artigos que prática. Tanzânia e Zâmbia – reuniram-se
para partilhar informação sobre
compõem esta obra consagra-se problemas de irrigação mútuos e
assim ao “grande salto das organi- Conservação de frutos e legumes para aprenderem uns com os
Por James, Ife Fitz e Bas Kuipers outros.
zações de produtores agrícolas” e à mento local, responsáveis políticos, Agrodok n.o 3
ONG, investigadores, etc. Small-scale irrigation for food
passagem “da protecção sob tutela Co-edição Agromisa/CTA
security in sub-Saharan Africa
à globalização”. Exemplos de dinâ- 2003, 98 pp.
Summary report of a CTA study
La décentralisation en Afrique de ISBN: 90-77073-91-4
micas locais de confronto e de ar- N.o CTA 1191
visit, Ethiopia, 2003
l’Ouest. Entre politique et Por M Tafesse – CTA, 2004. 50 pp.
bitragem no Senegal, no Mali e no développement 5 unidades de crédito ISBN 92 9081 273 7
Burkina ilustram o que é pro- Por M. Totté, T. Dahou e R. Billaz Número CTA 1170
posto. Coll. Hommes et Sociétés Protecção dos grãos de cereais e de 5 unidades de crédito
COTA/Karthala/ENDA GRAF leguminosas
Esta obra (em francês) dirige-se 2003, 408 p. – ISBN 2 84586 398 5 Por de Groot, Inge
Report and recommendations
a todos os que, tanto no Sul como available in the Working
28 € € Éditions Karthala Agrodok n.o 18
Document series:
no Norte, são levados pela sua prá- 22-24, boulevard Arago Co-edição Agromisa/CTA
CTA Working Document 8031
75013 Paris, França 2003, 90 pp.
tica a interrogar-se sobre as ligações Fax: +33 1 45 35 27 05
5 unidades de crédito
ISBN: 90-77073-72-8
entre descentralização e desenvolvi- PDF (306 kb) em
E-mail: karthala@wanadoo.fr N.o CTA 1166
http://www.cta.int/pubs/wd8031
mento: agentes de desenvolvi- Site Web: www.karthala.com 5 unidades de crédito /index.htm

ESPORO 63 • PÁG. 13
Entre nós •

Concurso artístico

As mulheres e a informação
antes de mais

P
arece que o apelo, lançado na Esporo
57, que encorajava a participação fe-
minina no concurso artístico organi-
zado pelo CTA por ocasião do seu vigésimo
aniversário, foi ouvido. Os primeiros prémios
foram de facto concedidos a duas laureadas.
A única condição para a participação era estar
implicado no sector do desenvolvimento rural
num país ACP/EU.
“Quando tomei conhecimento através de
um colega que o CTA organizava um concurso
de desenho, não hesitei.” É com o encoraja-
mento dos seus quatro filhos que esta mãe de 1.o prémio

família do Togo se lançou ao trabalho seguindo rido neste número, no artigo sobre a formação
a sua inspiração: “Fiz o que pensei”, confessa a (ver página 2).
A revista Esporo Sr.ª Marceline Srakassou, custando-lhe a crer As duas laureadas, através das suas criações,
Informação
para o

Esporo é uma publicação


desenvolvimento
agrícola
dos países ACP

N.o 63
Outubro 2004
ter ganho o primeiro prémio. Tinha, contudo, mostraram-se sensíveis à comunicação, à circu-
bimestral do Centro
Formação agrícola
Um novo chão fértil

Transformação
Acrescentar valor
aumenta o lucro

Rastreabilidade
Um percurso sinalizado

PALOP
BREVES
1

8
todas as hipóteses de o alcançar, uma vez que lação de informação e à troca de experiências,
Técnico de Cooperação
REFERÊNCIAS 11

exerce há vários anos a profissão de ilustradora temas tão queridos do CTA.


PUBLICAÇÕES 12

ENTRE NÓS 14

PONTO DE VISTA
Foto: C. Fovet © CIRAD

Organismos geneticamente
modificados
África, a nova fronteira? 16

Web Site: spore.cta.int

Agrícola e Rural (CTA)


Formação agrícola
Neste número

Um novo chão
A formação dos
agricultores está no
coração deste número da

Os desenhos dos terceiros classificados ex


Esporo. Deixada a cargo dos governos
e dos parceiros de desenvolvimento
durante muito tempo, é hoje mais do
que nunca indispensável. Para os
fértil
produtores dos países ACP não se
trata apenas de saber cultivar. Para
exportar e valorizar as suas Negligenciada durante muito tempo, a formação profissional

– ACP-UE. O CTA rege-se


produções, é preciso também dos agricultores impõe-se actualmente como uma necessidade.
diversificar e transformar, conhecer os
hábitos dos consumidores e não
Mas deve ser repensada para se adaptar às necessidades e
prescindir de embalagens atractivas… alargada a todas as profissões rurais. Experiências, ainda que
Os agricultores têm também que muito pontuais, estão em curso.
compreender e respeitar as exigências
dos mercados europeus, tanto em
matéria de preferências como em

A
criança aprende sempre os primeiros bretudo urbana, que cresce rapidamente?
relação às normas sanitárias e rudimentos de agricultura quando Como preservar os solos e os recursos naturais

aequo, Sr. Kossi Dodji Apedo, do Togo, e o Sr.


habituar-se a registar acompanha os pais aos campos de produzindo simultaneamente mais? Como in-
escrupulosamente como conduzem as cultura. Nos países ACP, esta aprendizagem fa- tegrar-se nos circuitos económicos mundializa-
culturas. O seu ofício requer miliar constitui ainda, quase em todo o lado, o dos? Para responder a estas questões, as trocas
capacidades cada vez mais variadas e de conhecimento no seio das famílias ou entre

pelos Acordos de
único modo de formação para a profissão de
complexas. Da formação de base à vizinhos já não são suficientes. Os procedi-
produtor. Esta forma de transmissão de saberes
formação contínua ou à difusão da mentos empíricos, certamente bem adaptados
e de práticas deu provas durante muito tempo. ao meio, são demasiado lentos. Quando se en-
produção integrada, é um vasto
À medida que a sociedade e a economia evo- contra uma solução, frequentemente já está ul-
campo onde tudo, ou quase tudo,
luíam lentamente, os camponeses procuravam trapassada. Lá, onde a sida ceifa a geração dos
está por fazer.
adaptar-se a estas mudanças. Actualmente as activos, os mais novos já não podem beneficiar
evoluções são muito rápidas ou mesmo brutais. da experiência dos seus primogénitos. É igual-
Na maior parte dos países de África, os agri- mente o caso nas regiões onde os conflitos pro-
cultores deparam-se com mudanças e desafios vocaram deslocações prolongadas dos campo-
enormes: como alimentar uma população, so- neses.

ESPORO 63 • PÁG. 1

Cotonou entre o grupo G. Yohannes Demissew Tsigemelak, etíope, ex-


dos países de África, Caraíbas primem uma visão mais concreta da realidade
e Pacífico (ACP) e a União Europeia.
e igualmente mais técnica. Sobre o primeiro,
© CTA 2004 – ISSN 1019-9381
que sublinha o papel essencial da informação
Editor:
e… do CTA, um leitor, com a Spore na mão,
Centro Técnico de Cooperação Agrícola
e Rural (CTA) – Acordos de Cotonou
parece dá-lo a uns agricultores. Por último, a
ACP-UE julgar pelo desenho do nosso outro laureado
CTA, Postbus 380, etíope, a feminização da agricultura parece estar
6700 AJ Wageningen, no bom caminho na Etiópia. Vê-se mulheres a
Países-Baixos
Tél.: +31 317 467 100 3.o prémio ex aequo arrancar as ervas daninhas e a fazer a colheita
Fax: +31 317 460 067 de um campo, mas acima de tudo a conduzir
E-mail: cta@cta.int no Centro de Investigação e Ensaio dos Mo- uma parelha de zebus. Esta mensagem deleitará
Website: http://www.cta.int
delos de Autopromoção (CREMA), uma todas e todos os que desejam ver as mulheres
Redacção: ONG do Togo de apoio às organizações rurais. no comando. Uma desenho por vezes vale mais
A Esporo é produzida pela Syfia Ela ilustra documentos pedagógicos destinados do que um longo discurso!
International (França), com a
participação na edição em língua aos agricultores nos domínios da agricultura,
portuguesa de criação de gado, saúde, produção agroflorestal
António S.A. Vieira
Os premiados
e poupança / crédito.
Rua Nuno Gonçalves, 10 – Mercês
O segundo prémio foi obtido pela Sr.ª Bar- 1.o prémio
2635-438 Rio de Mouro – Portugal
E-mail: antonio.a.vieira@sapo.pt bara van Amelsfort, holandesa, que desempe- A Sr.a Marceline Tsrakassou
Participaram neste número: nha uma função administrativa no Royal Tro- do CREMA (Togo) está convidada a parti-
pical Institute de Amsterdão. Apaixonada pelo cipar em dois dias de formação ou semi-
Jacques Bodichon, Robert Huggan,
nário, à sua escolha, organizados ou co-
Fadhila Le Meur, David Manley, desenho, esta jovem recém-casada ilustra tam- -organizados pelo CTA.
Vladimir Monteiro, Souleymane bém livros e páginas na internet. O leitor terá
Ouattara, Fernand Nouwligbêto 2.o prémio
e Madieng Seck oportunidade de ver o seu quadro muito colo- Sr.a Barbara Van Amelsfort
com o apoio editorial do CTA. do Royal Tropical Institute (Holanda) po-
Paginação: Intactile (França) derá participar numa jornada de formação
e Edições 70 (Portugal) ou seminário à sua escolha.
Design: B. Favre 3.o prémio ex aequo
Sr. G. Yohannes Demissew Tsigemelak G.
Execução gráfica:
da Faculdade de Ciências de Addis Abeba
Edições 70, Lda (Etiópia) ganha um rádio, uma assinatura da
Rua Luciano Cordeiro, 123-2.0 Esq.o Spore e unidades de crédito para os livros.
1069-157 Lisboa – Portugal Sr. Kossi Dodji Apedo
E-mail: edi.70@mail.telepac.pt do Instituto Regional de Cooperação
Impressão: Soc. Industrial Gráfica, (IRCOD Champagne-Ardennes) do Togo
Lisboa, Portugal 3.o prémio ex aequo receberá unidades de crédito.

ESPORO 63 • PÁG. 14
• Entre nós

Novos horizontes para Anna Serviços para os leitores


Escreva à Esporo
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A
nna Sherwood integrou durante lândia. O seu itinerário ilustra o seu gosto pela
CTA
cerca de dois anos a equipa de todos mudança. Britânica de nascença, deixa a Eu- PO Box 380
e todas que, no CTA, trabalham nos ropa para ir estudar inglês e história no Ca- 6700 AJ Wageningen
bastidores para que a Spore/Esporo seja uma re- nadá, na Universidade de Toronto. Em 1993, Pays-Bas
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vista de qualidade, irrepreensível e atraente, no regressa ao velho continente. Anna Sherwood
E-mail: spore@cta.int
conteúdo e no estilo. Coordenadora do pro- será a responsável, no seio do Departamento
grama das publicações institucionais no seio do das Florestas da FAO, em Roma, pelas publi- Assinatura da Esporo
Departamento de Produtos e Serviços de In- cações da Unidade de Florestação Comunitária ■ Para receber a versão impressa
formação, animou com os seu dinamismo co- e do programa internacional • A assinatura é gratuita para as
municativo e sorridente a equipa responsável Arbres, forêts et communau- organizações e pessoas residentes nos países
ACP (África,
pela redacção da Spore/Esporo, nas suas versões tés rurales – Árvores, flo-
Caraíbas e Pacífico) e na UE:
impressa e electrónica e pelo Relatório Anual restas e comunidades CTA Spore subscriptions,
do Centro. Muito profissional, sempre fiável e rurais. A Itália apenas a PO Box 173
aparentemente imperturbável, foi assim que reterá durante oito 6700 AJ Wageningen
Pays-Bas
Anna cumpriu a sua missão no CTA. anos. Rumo a Norte ou spore@cta.int
Paixão pelas publicações e amor pelo rigor, para a Holanda e • A assinatura é paga para os restantes
a Anna também adora cinema e viajar. Foi a Wageningen. Para endereços: 36 € por ano (6 números):
esta segunda paixão que acabou por ceder. Em onde quer que Assinatura a subscrever junto do distribuidor
comercial (ver em baixo).
Julho, partia para uma viagem de vários meses vá, após o seu
■ Receber o resumo gratuito por e-mail
pela Ásia, Austrália e Nova Zelândia. Um pos- regresso de Subscreva a edição e-mail (90 kb) em:
tal da China, em Agosto, dava-nos conta que viagem, de- http://esporo.cta.int
tinha escalado a Grande Muralha, explorava sejamos-lhe ou envie um e-mail em branco para
Pequim e que a sua próxima etapa seria a Tai- boa sorte. join-esporo-pr@lists.cta.int
Para a versão unicamente de texto:
join-esporo-text-pr@lists.cta.int
■ Leia a Esporo no seu ecrâ
• na internet: spore.cta.int

Caixa postal • por satélite: capte as emissões da Esporo


Plus nos canais da Afristar dos programas
multimédia da Fundação WorldSpace.
Informações detalhadas: spore@cta.int
A comunidade do desenvolvimento está
repleta de peritos que detêm valiosos co-

@
nhecimentos para partilhar. Mas alguns Reproduza a Esporo com autorização
deles parecem incapazes de transmitir as • Para fins não comerciais, os artigos da
suas ideias sem utilizarem camadas im- Esporo podem ser livremente reproduzidos
penetráveis de gíria técnica. E isso é uma sob a condição de ser mencionada a fonte.
pena, visto que a boa comunicação pode Agradecemos o envio de uma cópia para a
contribuir muito para o melhoramento redacção.
da produtividade e da segurança ali- • Para fins comerciais terá de ser solicitada
mentar. autorização prévia.

secas mostrou-se extremamente bom no con-


trolo das térmitas”, diz. O Sr. Kupar experi-
PUBLICAÇÕES
O poder da franqueza mentou também diluir extracto de folhas e
sementes de neem em água e aplicá-lo como Como obter as publicações?
Shoesshoe Kholopo, um auxiliar bibliote- “spray”, um tratamento que, afirma ele, co- Todas as publicações do CTA identificadas
cário num serviço de informação agrícola em roou-se de êxito reduzindo as infestações da na Esporo pelo símbolo (folha verde)
Maseru, Lesoto, deixa um apelo aos peritos broca do caule. Entretanto, na Nigéria, Ajayi encontram-se disponíveis gratuitamente
técnicos para se expressarem numa lingua- Olarewaju está desejoso de partilhar deta- para os assinantes do Serviço de Distribuição
gem que toda a gente possa entender. “Os lhes de uma engenhosa maquineta desen- de Publicações (SDP) do CTA. Os restantes
países africanos, na sua maioria, estão en- volvida localmente para sifonar dejectos dos leitores podem adquiri-las junto
sombrados pela pobreza, no entanto existe tanques de criação usados em aquacultura. O do distribuidor comercial do CTA.
solo suficiente para ser utilizado. A razão é Sr. Olarewaju, um técnico de piscicultura no Apenas as organizações agrícolas e rurais
falta de conhecimentos”, escreve-nos. National Institute for Freshwater Fisheries e as pessoas residentes nos países ACP podem
“Assim, não deverei apelar àqueles que têm Research no estado de New Bussa, na Nigé- ser assinantes do SDP. Os assinantes do SDP
conhecimentos técnicos para os traduzirem ria, explica que o aparelho substitui o mé- beneficiam anualmente dum certo número
em linguagem de leigos e os cederem, pas- todo tradicional, uma mangueira de borra- de unidades de crédito gratuitas para obter
sando-os ao papel, para que outros os leiam cha: a mangueira é sugada pela boca para as publicações do catálogo do CTA. Consulte
e pratiquem?” induzir o fluxo, uma técnica que é anti-higié- lista das publicações disponíveis no catálogo
nica e trabalhosa. O novo aparelho é a ima- electrónico do CTA (www.cta.int).
gem da simplicidade: um tubo de metal com
■ As restantes publicações, que são
um funil e um tubo de borracha ligado numa
Inovações vencedoras extremidade. “O sifão para extracção dos
referenciadas por um quadrado cor de
laranja, encontram-se disponíveis junto
Como se fosse uma deixa, ficámos encanta- desperdícios metabólicos é colocado na ver-
dos editores ou nas livrarias mencionados.
dos ao receber duas cartas na nossa caixa tical nos tanques de cultura. É despejada
água através do funil, que exerce pressão na Distribuidor comercial
postal descrevendo inteligentes inovações
numa linguagem cristalina. Pramod Kupar, água que está dentro, originando um fluxo SMI (Distribution Services) Limited
do Bako Agricultural College em Shoa oci- de água através da saída exterior da man- P.O.Box 119
dental, Etiópia, escreve para contar aos lei- gueira de borracha. À medida que a água Stevenage
tores o seu sucesso no uso da árvore neem corre, move-se o sifão à volta para apanhar Hertfordshire SG1 4TP
como pesticida natural. “Quando aplicado na os desperdícios metabólicos.” Reino Unido
altura da sementeira ao longo das fieiras de Já o dissemos antes, e voltamos a dizer: por Fax: +44 1438 748844
milho, o pó de folhas e sementes (de neem) vezes as ideias mais simples são as melhores. E-mail: CTA@earthprint.co.uk
Website: www.earthprint.com

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Ponto de vista •

Organismos geneticamente modificados

África, a nova
fronteira?
Marian Mayet é uma jurista ambiental
e directora do African Center Em África, a engenharia genética está a fazer incursões, muitas
for Biosafety (ACB) – Centro Africano
para a Biossegurança, uma ONG vezes sob a forma de ajuda alimentar e ao desenvolvimento.
sediada em Joanesburgo. O ACB está
empenhado em expor os riscos que
À medida que o debate sobre GM aquece, um crítico apela a
declara serem colocados pela mais transparência e mais consulta aos agricultores e aos
engenharia genética no continente
africano. consumidores africanos.

A
engenharia genética fez uma entrada ços internos. Os agricultores locais podem de- de desenvolvimento como a US Agency for In-
rápida na agricultura dos Estados sistir de produzir excedentes, forçando os go- ternational Development (USAID) – Agência
Unidos, Argentina, Canadá, China, vernos a importar o défice produtivo. Em al- dos Estados Unidos para o Desenvolvimento
Brasil e África do Sul, sendo estes países res- ternativa, pode levar um governo a negligenciar Internacional – que têm por objectivo ajudar os
ponsáveis por 99% das culturas geneticamente o seu próprio sector agrícola, contando com a países em desenvolvimento a aceder e dominar
modificadas (GM) produzidas globalmente. ajuda ou as importações em vez de promover o as ferramentas da biotecnologia moderna, em
Estes países cultivam culturas GM que são es- desenvolvimento agrícola local. Pode também particular a engenharia genética. Estas são ge-
sencialmente resistentes a certos herbicidas ou introduzir um gosto por um determinado ali- ralmente feitas em parceria com companhias
insectos. Futuras plantas transgénicas poderão mento, que não é produzido localmente, e con- que estão a desenvolver e a produzir culturas
oferecer um leque muito mais vasto de produ- sequentemente minar o potencial de longo GM. Assim, os críticos acusam estas iniciativas
tos, incluindo aplicações em terras montanho- prazo para auto-sustentabilidade. Crucial- de poder servir os objectivos de promover as
sas, florestas, jardinagem, nutrição, farmacolo- mente, a ajuda alimentar está intimamente li- culturas GM em África, sem a devida fiscaliza-
gia, controlo biológico, produção de químicos gada ao escoamento de excedentes alimentares ção em termos de biossegurança ou a partici-
industriais e bioterapêutica. altamente subsidiados para os povos mais vul- pação pública que estas tecnologias necessitam.
Os proponentes advogam que transferindo neráveis e pobres do planeta.
os genes de um organismo para o outro, a en- Sangrando o potencial tradicional
genharia genética pode ultrapassar os constran- Uma porta de entrada
Com demasiada frequência, a decisão de in-
gimentos produtivos da produção convencio- pelas traseiras
troduzir tecnologias GM em África é tomada
nal. Defendem que as culturas transgénicas irão O uso de alimentos GM na ajuda alimentar com pouco ou nenhum debate ou consulta às
reduzir o uso de pesticidas e aumentar a segu- deu uma nova dimensão ao debate. A ajuda ali- pessoas que irão sofrer as consequências – os
rança alimentar nos países em desenvolvimento. mentar GM é vista como providenciando uma agricultores e consumidores africanos. O for-
As culturas GM são assim frequentemente de- importante “porta do cavalo” para a introdução necimento de ajuda alimentar GM e a explo-
fendidas como resposta às necessidades de mi- de organismos geneticamente modificados são de iniciativas que promovem as culturas
lhões de pessoas que não têm alimento sufi- (OGM) nos países em desenvolvimento, espe- GM em África terão sérias consequências para
ciente. cialmente em África. Os riscos colocados pelos o futuro da alimentação e da agricultura, e para
alimentos GM são extremamente contenciosos, milhões de agricultores, no continente. As cul-
Qual a utilidade da ajuda
turas GM representam um risco para a saúde,
alimentar GM?
No meio deste entusiasmo pela engenharia
«A inocuidade ambiente e modos de vida, permitindo contudo
o controlo das empresas GM sobre a agricul-
genética tem havido pouco espaço para a refle- destes elementos tura. E no entanto, as culturas GM não são se-
xão crítica. O salto para a engenharia genética quer necessárias, sendo a riqueza e os conheci-
acarreta consigo um leque alargado de questões não foi mentos dos agricultores imensos.
sobre biossegurança, incluindo riscos para saúde Como os participantes da Southern African
e ambientais, e impactos socioeconómicos mais demonstrada» Bishop Conference – Conferência dos Bispos
amplos. Isto requer a aceitação dos direitos de da África Austral – disseram: “A assunção de
propriedade intelectual sobre organismos vivos, em primeiro lugar porque a indústria GM foi que necessitamos criar novas variedades de cul-
a privatização da investigação pública e investi- incapaz, até à data, de fornecer provas conclu- turas recorrendo às tecnologias de engenharia
gação e desenvolvimento dispendiosos a expen- sivas de que os alimentos GM são seguros. genética ignora o facto de que existe um po-
sas da inovação baseada no agricultor. Já por duas vezes irrompeu a controvérsia tencial não explorado na abundância de varie-
Ao invés, estamos a assistir a tentativas agres- sobre a remessa de ajuda alimentar GM em dades (de sementes) existentes. Em África, por
sivas, em especial por parte de certos países e da África. Durante a crise alimentar na África Aus- exemplo, conhecem-se mais de dois milhares
indústria da engenharia genética, para impor as tral em 2001/2002, a Zâmbia impôs uma in- de sementes, tubérculos, frutos e outras plan-
culturas GM em África sob a aparência de luta terdição sobre a aceitação de ajuda alimentar tas alimentares nativas. Estes têm alimentado as
contra a fome. O potencial das agro-indústrias GM, e diversos outros países da África Austral pessoas durante milhares de anos, mas a maio-
lucrarem com a fome em África, com o pretexto impuseram diversas restrições. Já este ano, An- ria não está a receber actualmente qualquer
do fornecimento de ajuda alimentar, assistência gola e Sudão introduziram restrições à ajuda ali- atenção científica”.
técnica, investimento de capital na investigação mentar GM. Estes países são quase sempre con-
agrícola, capacidade de empreendimento e fi- frontados com uma falsa escolha entre a E-mail: mariammayet@mweb.co.za
nanciamento de iniciativas de biodiversidade, é aceitação de alimentos GM ou enfrentar terrí-
enorme. veis consequências, enquanto que alternativas
A crítica mais frequente sobre a ajuda ali- não GM quase sempre existem a nível nacional, As opiniões expressas neste Ponto de vista
mentar refere-se ao seu impacto na segurança regional e internacional. são as do autor e não reflectem
alimentar local. A ajuda alimentar actua como Existem diversas iniciativas importantes a de- forçosamente as ideias do CTA.
um desincentivo ao provocar a descida dos pre- correr no continente, financiadas por agências

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