Sei sulla pagina 1di 32

CAPITULO VI

SISTEMAS DE
ATERRAMENTO

6.1 INTRODUÇÃO

O termo aterramento se refere à terra propriamente dita ou a uma grande massa


que se utiliza em seu lugar. Quando se diz que algo está "aterrado", significa que, pelo
menos, um de seus elementos está propositalmente ligado à terra. Considerando os
conceitos de eletrização de um corpo, o aterramento seria a modalidade de eletrização
por contato, ou seja, coloca-se um condutor que poderá está carregado em contato direto
com a terra. Sabendo que a distribuição da carga após o contato dos corpos é
diretamente proporcional às dimensões dos corpos e considerando que a dimensão da
terra é muito maior que qualquer outro corpo, pode-se afirmar que toda a carga
armazenada no corpo aterrado será transferida para a terra. O cabeamento que liga o
condutor a terra é chamado de fio terra e o sistema composto pelo fio terra, eletrodos ou
conjunto de eletrodos enterrados, em contato direto com o solo é chamado de sistema de
aterramento ou simplesmente aterramento.

Existem partes do sistema elétrico que necessitam ser ligados à terra em pontos
estratégicos, para efeito de dissipação de energia durante desequilíbrios, mas, em geral,
os sistemas elétricos não precisam estar ligados à terra para funcionarem. Mas, nos
sistemas elétricos, quando designamos as tensões, geralmente, elas são referidas à terra.
Dessa forma, a terra representa um ponto de referência (ou um ponto de potencial zero)
ao qual todas as outras tensões são referidas. De fato, como um equipamento
computadorizado se comunica com outros equipamentos, uma tensão de referência
"zero" é crítica para a sua operação apropriada. A terra, portanto, é uma boa escolha
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 148
____________________________________________________________________________

como ponto de referência zero, uma vez que ela nos circunda em todos os lugares.
Quando alguém está de pé em contato com a terra, seu corpo está aproximadamente no
potencial da terra. Se a estrutura metálica de uma edificação está aterrada, então todos
os seus componentes metálicos estão aproximadamente no potencial de terra.

A norma NBR 14039 classifica os aterramentos em dois tipos, segundo a sua


função na instalação elétrica:

• Funcional: aterramento de um condutor vivo (normalmente o neutro )


objetivando o correto funcionamento da instalação;

• Proteção: aterramento das massas e dos elementos estranhos, objetivando a


proteção contra choques (contatos indiretos).

O conhecimento do comportamento do sistema de aterramento é um problema


difícil, pois o solo é um meio muito complexo, com propriedades que mudam com o
tempo e no espaço. Outro fator de dificuldade é que o desempenho do aterramento
depende das próprias condições impostas pelos fenômenos que solicitam sua
intervenção.

O aterramento de um sistema elétrico é considerado adequado quando atinge,


cumulativamente, os seguintes objetivos:

• Viabiliza adequado escoamento de sobrecorrentes indesejáveis, limitando as


tensões transferidas ao longo da rede, em conseqüência da descarga de
surtos;

• Garante a segurança dos usuários do sistema através da limitação das


diferenças de potencial entre o condutor neutro e a terra, resultantes das
correntes de desequilíbrio.

• Garante a efetividade do aterramento do sistema, limitando em valores


adequados os deslocamentos do neutro, por ocasião da ocorrência de defeitos
à terra;

• Assegura a operação rápida e efetiva dos dispositivos de proteção de


Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 149
____________________________________________________________________________

sobrecorrente, na ocorrência de faltas à terra, limitando a valores não


perigosos as tensões de passo resultantes da passagem das correntes de curto-
circuito.

• Limita o esforço de tensão na isolação dos condutores;

• Diminui as interferências eletromagnéticas nas proximidades do sistema


aterrado;

6.2 CONCEITOS IMPORTANTES

TENSÃO DE CONTATO

É a tensão que pode aparecer acidentalmente em uma parte normalmente não


energizada de um sistema, quando da falha de isolação, entre esta e uma parte
energizada.

TENSÃO DE TOQUE

Se uma pessoa toca um equipamento sujeito a uma tensão de contato, pode ser
estabelecida uma tensão entre mãos e pés, chamada de tensão de toque. Neste caso,
pode-se ter a passagem de uma corrente elétrica pelo braço, tronco e pernas, cuja
duração e intensidade poderão provocar fibrilação cardíaca, queimaduras ou outras
lesões graves ao organismo.

Figura 6.1 – Tensão de toque.

TENSÃO DE PASSO

Quando uma corrente elétrica é descarregada para o solo, ocorre uma elevação do
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 150
____________________________________________________________________________

potencial em torno do eletrodo de aterramento, formando-se um gradiente de potencial,


cujo ponto máximo está junto ao eletrodo e o ponto mínimo muito afastado dele. Se
uma pessoa estiver em pé em qualquer ponto dentro da região onde há essa distribuição
de potencial, entre seus pés haverá uma diferença de potencial, chamada de tensão de
passo, a qual é geralmente definida para uma distância entre pés de 1 metro.
Consequentemente poderá haver a circulação de uma corrente através das duas pernas,
geralmente de menor valor do que aquele no caso da tensão de toque, porém ainda
assim desagradável e que deve ser evitada.

Figura 6.2 – Tensão de passo.

RUÍDO DE MODO COMUM

Quando todos os condutores de um sistema de sinal ou de força possuem uma


diferença de potencial idêntica em relação a uma referência, essa tensão é chamada de
tensão ou sinal de modo comum. Se essa tensão não é desejada, é geralmente chamada
de ruído. Essa referência normalmente é a terra ou a carcaça do equipamento, que
podem também estar no mesmo potencial. Os equipamentos eletrônicos freqüentemente
apresentam uma sensibilidade aguçada em relação aos ruídos de modo comum entre os
condutores de alimentação (força) e a terra, que podem afetar tanto os sinais analógicos
como os digitais. O ruído de modo comum ocorre quando existe uma diferença de
potencial entre o terra ao qual a fonte de energia se refere e o terra ao qual o
equipamento se refere. Há sempre um acoplamento resistivo ou capacitivo entre os
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 151
____________________________________________________________________________

circuitos internos do equipamento e sua carcaça. A diferença de potencial pode ser


criada quando circula uma corrente pelo condutor de proteção ou pela terra, entre a
carcaça do equipamento e o aterramento da fonte de alimentação. Pela terra circulam
muitas correntes parasitas, causando pequenas diferenças de potencial entre pontos.
Essas correntes podem ser de freqüências diferentes da industrial (60 Hz) ou, mesmo se
forem de freqüência industrial, podem conter harmônicas ou transitórios devidos a
chaveamentos, manobras e outros fenômenos. Portanto, se a carcaça do equipamento
estiver ligada à terra, qualquer potencial que se estabeleça entre essa ligação e o ponto
de aterramento do sistema pode ser acoplado no interior do circuito eletrônico.

A carcaça do equipamento pode ser mantida no mesmo potencial do terra do


sistema se o condutor de proteção do equipamento for de baixa impedância e não estiver
ligado à terra em nenhum ponto, exceto no ponto de aterramento da alimentação, assim
chamado de "aterramento de ponto único". A diferença de potencial entre os pontos de
aterramento da fonte e do equipamento não deve ser suficiente para causar choques nas
pessoas e não deve possibilitar o acoplamento resistivo ou capacitivo em uma
intensidade tal que possa criar um ruído indesejado.

A ligação do aterramento do equipamento a um eletrodo que seja física e


eletricamente separado dos eletrodos de aterramento do sistema elétrico e da estrutura
da edificação provocará, inevitavelmente, um ruído de modo comum. A intensidade
desse ruído pode ser destrutiva para o equipamento e perigosa para as pessoas, uma vez
que uma falta no sistema elétrico pode elevar o potencial do sistema ou da estrutura
centenas ou milhares de volts acima da referência de terra.

Figura 6.3 – Ruído de modo comum.


Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 152
____________________________________________________________________________

POTENCIAL TRANSFERIDO

O termo potencial de terra transferido refere-se à tensão em relação à terra que


surgirá nos condutores em conseqüência do eletrodo de aterramento do sistema de
alimentação estar acima do potencial de terra normal. As maiores tensões transferidas
ocorrem geralmente pelas correntes de falta a terra. Os potenciais de transferência
podem ser diminuídos se a resistência (ou impedância) de terra for reduzida ao menor
valor possível. A isolação dos equipamentos de baixa tensão em locais onde há
potenciais diferentes em relação à terra pode ser obtida pelo emprego de dispositivos
que rejeitam tensões de modo comum, como transformadores de separação ou links em
fibras ópticas.

RESISTÊNCIA DE ATERRAMENTO

É a resistência oferecida à passagem de corrente elétrica, quando é aplicada uma


tensão a esse sistema. Essa resistência é composta dos seguintes elementos:

• Resistência dos eletrodos, cabos, conexões e fiações;

• Resistência de contato entre os eletrodos ou cabos e o elemento


circundante (que poderá ser a própria terra);

• Resistência do elemento que circunda o eletrodo ou cabo (poderá ser a


própria terra).

O primeiro componente geralmente é desprezível e poderá ser tornado menor


ainda, bastando aumentar a seção dos cabos e eletrodos. Normalmente varia com o
tempo, devido ao efeito de corrosão que se verifica principalmente nas conexões, devido
ao meio em que se encontra mergulhado o sistema (características não neutras),
piorando a qualidade dos contatos elétricos nos pontos de conexão.

Para efeito de condução de descargas atmosféricas, cuja característica é alta


freqüência, deverá ser diminuído ao máximo o comprimento dos cabos de interligação
entre o elemento a ser aterrado e a malha de terra, para se ter a reatância do cabo
diminuída, minimizando, portanto, o potencial resultante no elemento considerado.

O segundo componente também pode ser tomado pequeno desde que o eletrodo e
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 153
____________________________________________________________________________

a terra circundante estejam livres de gorduras, componentes orgânicos, pedras, pinturas,


vernizes e óxidos. Também varia com o tempo, devido a oxidação do eletrodo ou cabo
em contato com o meio no qual se acha envolvido. Por esse motivo, devem ser usados
eletrodos ou cabos constituídos de material não oxidante, como tipo Copperweld (alma
de aço com revestimento externo de cobre). Os mesmos proporcionam sistemas de
grande confiabilidade e de grande durabilidade.

O terceiro componente depende do formato e dimensões do eletrodo ou cabo, da


natureza, umidade e temperatura do meio circundante (terra) e, praticamente, é ele quem
define o valor da resistência de aterramento.

O instrumento clássico para medir-se a resistência do terra é o terrômetro. Esse


instrumento possui 2 hastes de referência, que servem como divisores resistivos
conforme a Fig. 6.4. Na verdade, o terrômetro “injeta” uma corrente pela terra que é
transformada em “quedas” de tensão pelos resistores formados pelas hastes de
referência , e pela própria haste de terra. Através do valor dessa queda de tensão, o
mostrador é calibrado para indicar o valor ôhmico da resistência do terra. Uma grande
dificuldade na utilização desse instrumento é achar um local apropriado para instalar as
hastes de referência. Normalmente, o chão das fábricas são concretados, e, com certeza,
fazer dois “buracos” no chão não é algo interessante.

Figura 6.4 – Uso do Terrômetro para medição da resistência de terra.

FATORES QUE INFLUENCIAM NO ATERRAMENTO

Há vários fatores que podem influenciar num aterramento:

• Tipo de solo;
• A geometria das malhas de aterramento;
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 154
____________________________________________________________________________

• A estratificação do solo em várias camadas.

Esses fatores interferem nos dois principais valores finais do projeto de


aterramento que são: a resistência da malha da terra, e a possível elevação do potencial
dessa malha, em alguns pontos, quando ocorre um curto-circuito de uma fase para a
terra, de uma fase para essa malha. Ao se injetar corrente nessa malha, a tensão da
malha sofre e isso vai determinar valores limites de suportabilidade do homem.

6.3 RESISTIVIDADE DO SOLO

O valor da resistividade em Ω x m é numericamente igual a resistência de um


cubo de 1 m de aresta. Vários fatores influenciam na resistividade do solo. Entre eles,
pode-se ressaltar:

• Tipo de solo;
• Mistura de diversos tipos de solo;
• Solos com camadas estratificadas com profundidades e materiais
diferentes;
• Teor de umidade;
• Temperatura;
• Compactação e pressão;
• Composição química dos sais dissolvidos na água retida.

As diversas combinações acima resultam em solos com características diferentes


e, conseqüentemente, com valores de resistividades distintas. Assim, solos
aparentemente iguais têm resistividades diferentes. Para ilustrar, a tabela 6.1 mostra a
variação da resistividade para solos de natureza distintas.

Tabela 6.1 – Relação entre tipo de solo e resistividade


TIPO DE SOLO RESISTIVIDADE Ω.m
Argila com 40% de umidade 80
Lama 5 a 100
Terra de jardim com 50% de umidade 140
Argila com 20% de umidade 330
Terra de jardim com 20% de umidade 480
Areia molhada 1.300
Argila seca 1.500 a 5.000
Areia seca 3.000 a 8.000
Granito 1.500 a 10.000
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 155
____________________________________________________________________________

Um solo apresenta resistividade que depende do tamanho do sistema de


aterramento. A dispersão de correntes elétricas atinge camadas profundas com o
aumento da área envolvida pelo aterramento. Para se efetuar o projeto do sistema de
aterramento deve-se conhecer a resistividade aparente que o solo apresenta para o
aterramento pretendido. Os métodos de medição são resultados da análise de
características práticas das e equações de Maxwell do eletromagnetismo, aplicadas ao
solo.

O levantamento dos valores da resistividade é feito através de medições em


campo, utilizando-se métodos de prospecção geoelétricos e a partir desses dados a
resistividade é calculada com base em fórmulas matemáticas, desenvolvidas através da a
teoria eletromagnética. Abaixo é mostrado o método de Wenner.

O método de Wenner usa quatro pontos alinhados, igualmente espaçados,


cravados a uma mesma profundidade (Figura 6.5).

Figura 6.5 – Quatro hastes de comprimento P separados de uma distância a.


A resistividade é dada por

A expressão acima é conhecida como Fórmula de Palmer, e é usada no método de


Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 156
____________________________________________________________________________

Wenner. Recomenda-se que diâmetro da haste ≤ 0,1a . Para um afastamento entre as


hastes relativamente grande, isto é, a > 20p, a fórmula de Palmer se reduz a:

O método utiliza um Megger, instrumento de medida de resistência que possui


quatro terminais, dois de corrente e dois de potencial. O aparelho, através de sua fonte
interna, faz circular uma corrente elétrica “I” entre as duas hastes externas que estão
conectadas aos terminais de corrente Cl e C2, conforme Figura 6.6. As duas hastes
internas são ligadas nos terminais P1 e P2. Assim, o aparelho processa internamente e
indica na leitura, o valor da resistência elétrica.

Figura 6.6 – Medição da resistividade do solo.


O método considera que praticamente 58% da distribuição de corrente que passa
entre as hastes externas ocorre a uma profundidade igual ao espaçamento entre as
hastes. A corrente atinge uma profundidade maior, com uma correspondente área de
dispersão grande, tendo, em conseqüência, um efeito que pode ser desconsiderado.
Portanto, para efeito do método de Wenner, considera-se que o valor da resistência
elétrica lida no aparelho é relativa a uma profundidade “a” do solo. As hastes usadas no
método devem ter aproximadamente 50 cm de comprimento com diâmetro entre 10 a 15
mm. Devem ser feitas diversas leituras, para vários espaçamentos, com as hastes sempre
alinhadas.
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 157
____________________________________________________________________________

Deve se observar durante a medição, que:

• As hastes devem estar alinhadas;


• As hastes devem estar igualmente espaçadas;
• As hastes devem estar cravadas no solo a uma mesma profundidade,
recomenda-se l0 a 20cm;
• O aparelho deve estar posicionado simetricamente entre as hastes;
• As hastes devem estar bem limpas, principalmente isentas de óxidos e
gorduras para possibilitar bom contato com o solo;
• A condição do solo (seco, úmido, etc) durante a medição deve ser anotada;
• Não devem ser feitas medições sob condições atmosféricas adversas,
tendo-se em vista a possibilidade de ocorrências de raios;
• Deve-se utilizar calçados e luvas de isolação para executar as medições.

6.4 ESTRUTURAS UTILIZADAS NO ATERRAMENTO

Os eletrodos mais utilizados na prática são: hastes de aterramento, malhas de


aterramento e estruturas metálicas das fundações de concreto.

HASTE DE ATERRAMENTO

O aterramento é feito por meio de hastes verticais que são interligadas em paralelo
para diminuir a resistência de terra (Figura 6.7). Esse é o método mais utilizado em
residências e para aterrar isoladamente a massa de um equipamento.

Figura 6.7 – Aterramento através de hastes verticais


A haste pode ser encontrada em vários tamanhos e diâmetros. O mais comum é a
haste de 2,5 m por 0,5 polegada de diâmetro. Não é raro , porém, encontrarmos hastes
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 158
____________________________________________________________________________

com 4,0 m de comprimento por 1 polegada de diâmetro. Cabe lembrar que, quanto
maior a haste , mais riscos corremos de atingir dutos subterrâneos (telefonia, gás , etc...)
na hora da sua instalação. Quanto à haste , podemos encontrar no mercado dois tipos
básicos:

• Copperweld: haste com alma de aço revestida de cobre e;


• Cantoneira: de ferro zincada , ou de alumínio.

MALHAS DE ATERRAMENTO

Outra forma de aterramento é a utilização de condutores horizontais formando


uma malha com ou sem hastes verticais (Figura 6.8). Esse tipo de aterramento é
utilizado para proteger grandes áreas que poderão estar submetidas a correntes de
desequilíbrios tais como usinas de energia, subestações , torres de transmissão, etc. Esse
tipo de eletrodo de aterramento, normalmente, é instalado antes da montagem do contra-
piso do prédio, e se estende por quase toda a área da construção. A malha de
aterramento é feita de cobre, e sua “janela” interna pode variar de tamanho dependendo
da aplicação.

Figura 6.8 – Malha de aterramento.

ESTRUTURAS METÁLICAS

Muitas instalações utilizam as ferragens da estrutura da construção como eletrodo


de aterramento elétrico (Figura 6.9). O concreto em contato com o solo é um meio
semicondutor com resistividade da ordem de 3000Ω/cm a 20 °C, muito melhor do que o
solo propriamente dito. Dessa forma, a utilização dos próprios ferros da armadura da
edificação, colocados no interior do concreto das fundações, representa uma solução
pronta e de ótimos resultados.
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 159
____________________________________________________________________________

Qualquer que seja o tipo de fundação, deve-se assegurar a interligação entre os


ferros das diversas sapatas, formando assim um anel. Essa interligação pode ser feita
com o próprio ferro da estrutura, embutido em concreto ou por meio do uso de cabo
cobre. A resistência de aterramento total obtida com o uso da ferragem da estrutura
ligada em anel é muito baixa, geralmente menor do que 1Ω.

Figura 6.9 – Ferragens da estrutura da construção.

CONEXÕES AOS ELETRODOS

As conexões dos condutores de aterramento aos eletrodos são realizadas


genericamente por três sistemas:

a) Dispositivos mecânicos

São facilmente encontrados, simples de instalar e podem ser desconectados para


efeitos de medição de resistência de aterramento. Apresentam um desempenho histórico
satisfatório. Apesar de apresentarem, às vezes, problemas de corrosão, se devidamente
protegidas, essas conexões podem desempenhar um bom papel. Recomenda-se que tais
conexões estejam sempre acessíveis para inspeção e manutenção;

b) Solda exotérmica

Esse método realiza uma conexão permanente e praticamente elimina a resistência


de contato e os problemas de corrosão, sendo ideal para as ligações diretamente no solo.
Requer o emprego de mão-de-obra especializada e não pode ser utilizada em locais
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 160
____________________________________________________________________________

onde haja a presença de misturas explosivas;

c) Conexões por compressão

É fácil de instalar, apresenta uma baixa resistência de contato, porém não podem
ser desconectados para as medições de resistência de aterramento.

6.5 PROTEÇÃO AO USUÁRIO E EQUIPAMENTOS

Quando se fala em proteger as pessoas contra choques elétricos, deve-se lembrar


que o perigo está presente quando o corpo da pessoa está sendo percorrido por uma
corrente elétrica superior a um dado valor por um tempo maior do que o suportável. Em
relação aos equipamentos o objetivo é evitar que surtos de tensão sejam vistos em seus
terminais de modo a danificá-los.

Na proteção às pessoas o aterramento deverá sempre ser o melhor caminho para


uma corrente produzida por descargas atmosféricas, correntes de defeito, correntes de
fuga, ou correntes induzidas. Nestes casos o usuário estará em paralelo com o
aterramento, logo, o valor da resistência de aterramento deve atender as condições de
proteção e de funcionamento da instalação elétrica. Conforme orientação da ABNT a
resistência deve atingir no máximo 10 Ohms.

No caso de descargas atmosféricas o aterramento em conjunto com o pára-raio


tipo Franklin (Sistema Predial de Proteção Contra Descargas Atmosféricas – SPDA)
também deve oferecer o melhor caminho para que a sua energia seja dissipada na terra
sem provocar durante o escoamento tensões elevadas na superfície, o que traria riscos
de choque às pessoas (Figura 6.10).
As descargas atmosféricas também podem incidir sobre o sistema elétrico ou nas
ou nas suas vizinhanças provocando sobretensões na rede elétrica. Outro fator que pode
provocar sobretensões são chaveamentos dos circuitos elétricos. Essas sobretensões,
quando ultrapassam os limites suportáveis pelos equipamentos, podem danificá-los. Isso
significa à perda de aparelhos eletrônicos sensíveis, seus programas, a comunicação
entre sistemas, enfim, prejuízos diretos e indiretos de grande monta. Para proteger as
instalações elétricas e seus componentes contra os danos provocados por sobretensões,
são empregados geralmente os pára-raios de linha. O seu objetivo é "desviar" do
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 161
____________________________________________________________________________

circuito de alimentação o excesso de tensão que poderia provocar o dano na instalação.


Esse "desvio" utiliza sempre o sistema de aterramento como caminho preferencial.

Figura 6.10 – Sistema Predial de Proteção Contra Descargas Atmosféricas

O aterramento também deve escoar cargas estáticas acumuladas em estruturas,


suportes e carcaças dos equipamentos em geral. A acumulação de eletricidade estática
em equipamentos, materiais armazenados ou processados e em pessoal de operação
introduz um sério risco nos locais onde estão presentes líquidos, gases, poeiras ou fibras
inflamáveis ou explosivas. Ela é gerada pela transferência dos elétrons entre dois ou
mais corpos que estão em contato e são separados. Muitos problemas de eletricidade
estática podem ser resolvidos pela ligação equipotencial de várias partes dos
equipamentos e a ligação à terra de todo o sistema. A ligação equipotencial minimiza a
tensão entre equipamentos, prevenindo descargas entre eles.
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 162
____________________________________________________________________________

Em sistemas industriais as carcaças dos equipamentos podem ser energizadas por


problemas na isolação elétrica o que causaria acidentes se as suas carcaças não fossem
aterradas.

(a) (b)

Figura 6.11 – (a) Com aterramento – com proteção; (b) Sem aterramento – sem proteção

No caso de defeitos à terra o sistema de aterramento deve oferecer um percurso de


baixa impedância de retorno para a terra da corrente de falta, permitindo, assim, que
haja a operação automática, rápida e segura do sistema de proteção para proteger o
usuário e o equipamento.

Figura 6.12 – Sistema aterrado facilita na identificação de uma falta à terra

Na manutenção de equipamento de alta tensão, além de isolá-lo da parte


energizada torna-se imprescindível aterrá-lo, pois outras partes energizadas vizinhas
podem induzir correntes elevadas em sua carcaça.
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 163
____________________________________________________________________________

6.6 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS SENSÍVEIS

Qualquer condutor de eletricidade ao ser percorrido por uma corrente elétrica,


gera ao seu redor um campo eletromagnético. Dependendo da freqüência e intensidade
da corrente elétrica, esse campo pode ser maior ou menor. Quando sua intensidade
ultrapassa determinados valores, ela pode começar a interferir nos outros circuitos
próximos a ele. Esse fenômeno é conhecido como interferência eletromagnética ou EMI
(Electromagnetic Interference). Existem também as interferências eletrostáticas
ocorridas principalmente no clima seco. Qualquer tipo de aparelho que usa eletrônica
digital poderá sofrer com estas perturbações.
Nesses equipamentos as informações são digitais, ou seja, sinais elétricos que
representam duas possibilidades do alfabeto binário: 0 ou 1. Interferências elétricas
externas poderão adulterar esses sinais corrompendo as informações. Neste caso, as
memórias são os componentes que mais sofrem por ter seus dados corrompidos. Outro
que sofre com as descargas eletrostáticas e interferências eletromagnéticas são os discos
rígidos, afetados por causa da interação entre mecânica, eletricidade e magnetismo que
caracteriza seu funcionamento. Em especial tratando de microcomputadores, estes
geralmente são ligados a outros micros e periféricos. Caso o potencial elétrico da
carcaça do computador for diferente do potencial elétrico da carcaça desses outros
equipamentos poderá levar a queima da porta paralela do seu micro ou da sua
impressora ou a queima da placa de rede.
A função do aterramento é ajudar a minimizar ou mesmo eliminar esses efeitos
sobre os dados binários e sobre os circuitos eletrônicos e eletromecânicos nos
equipamentos eletrônicos. Um bom aterramento para equipamentos eletrônicos aumenta
sua vida útil, melhora seu desempenho e diminui a freqüência de problemas com o
sistema operacional. Isso acontece porque passa a existir um caminho mais fácil e
rápido para os ruídos, interferências eletromagnéticas e para a eletricidade estática. Sem
o aterramento, o caminho mais fácil acontecerá em direção à rede elétrica ligada na
fonte, forçando a passagem desses efeitos indesejáveis por dentro do circuito eletrônico
do equipamento (Figura 6.13).
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 164
____________________________________________________________________________

(a) (b)

Figura 6.13 – (a) Sistema sem aterramento; (b) sistema com aterramento.

Nos equipamentos eletrônicos sensíveis (EES) se tem a barra de referência de


potencial de sinal eletrônico (BRE) que serve de referência para o funcionamento dos
diversos componentes do equipamento eletrônico, e não pode ser perturbada por sinais
espúrios. Os sistemas de corrente contínua presentes num EES, cuja referência é a BRE
operam nas tensões de +5/0/-5 V, +12/0/-12 V ou +24/0/-24 V. Logo se houver
alteração nesse potencial de referência, o equipamento eletrônico poderá realizar
operações inconsistentes.

Cronologicamente à aplicação dos sistemas de aterramento para EES seguiu os


seguintes passos:

a) Utilização do próprio sistema de aterramento de força.

Verificou-se que as malhas de terra para os equipamentos de força são


completamente inadequadas para equipamentos sensíveis, já que, em regime normal,
costumam ser percorridas por correntes de várias origens, denominadas espúrias
(provocadas por correntes anódicas/catódicas, correntes de circulação de neutro,
induções eletromagnéticas diversas, etc). Em regime transitório (curtos-circuitos para a
terra, descargas atmosféricas, etc), estas correntes podem ser extremamente elevadas.
Daí, verificamos que a malha de potencial fixo, inalterável, necessária aos equipamentos
eletrônicos sensíveis, não é a malha projetada para os sistemas de força.
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 165
____________________________________________________________________________

Figura 6.14 – Sistema de aterramento de força.

b) Utilização de um sistema de aterramento independente.

Foi estabelecida uma malha de terra “isolada”, independente, para os


equipamentos em questão. Esta malha, embora tenha tido algum sucesso, pois
efetivamente controla alguns aspectos negativos da malha de força (principalmente
reduz as correntes espúrias que percorrem as mesmas), apresenta alguns incovenientes,
a saber:

• O aterramento da carcaça (ou invólucro metálico do painel suporte dos


equipamentos) não é equalizado com o aterramento dos equipamentos
eletrônicos;

• Pode haver um acoplamento resistivo (para baixas freqüências) e


capacitivo (para altas freqüências) entre os sistema de força e o para
equipamentos eletrônicos;

As desvantagens são: O equipamento sensível está sempre sujeito a um


acoplamento capacitivo, quando qualquer um dos sistemas de aterramento for
submetido a uma corrente de alta freqüência; A malha de terra do equipamento sensível
está sempre sujeita a um acoplamento resistivo, quando o sistema de aterramento de
força for submetido a uma corrente elétrica e A segurança pessoal fica comprometida.
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 166
____________________________________________________________________________

Figura 6.15 – Sistema de aterramento independente.

c) Utilização de sistema de aterramento radial de “ponto único”;

Este método representa o passo seguinte na evolução dos sistemas de aterramento


dos equipamentos sensíveis, pois elimina do sistema isolado a sua principal
desvantagem, que é a falta de segurança pessoal originada da diferença de potencial que
pode aparecer entre as duas malhas. As características principais desse método são:

• Os equipamentos eletrônicos continuam isolados do painel de sustentação.


Suas barras de terra, também isoladas, são ligadas através de condutores
isolados, radiais, a uma barra de terra geral, comumente situada no quadro
de distribuição de força dos equipamentos. Esta barra também é isolada do
quadro de distribuição, mas conectada através de um cabo isolado a um
único ponto do sistema de aterramento de força. Portanto, equalizam-se as
duas malhas através desta conexão;
• As carcaças dos painéis de sustentação são ligadas ao sistema de
aterramento de força de forma convencional, isto é, de modo a permitir o
retorno das correntes de curtos-circuitos originadas pela falha na isolação
de alimentação de força dos equipamentos eletrônicos.

As desvantagens são: Incapacidade dos condutores de aterramento longos de


equalizar as barras de terra nos casos em que são percorridos por correntes de alta
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 167
____________________________________________________________________________

freqüência e neste caso o surgimento do acoplamento capacitivo entre o terra de


referência de sinal e a carcaça do equipamento eletrônico sensível. No intuito de
eliminar esse problema foi definida uma malha com características específicas que é
mostrado a seguir.

Figura 6.16 – Sistema de aterramento de ponto único

d) Utilização da Malha de Terra de Referência (M.T.R.).

Esse sistema se caracteriza pela construção de duas malhas de terra. A primeira


deve ser projetada de maneira convencional e é destinada ao aterramento dos
equipamentos de força. A segunda malha de terra, denominada malha de terra de
referência de sinal, é destinada ao aterramento da barra de terra de referência de sinal
eletrônico dos equipamentos sensíveis. O seu dimensionamento deve ser feito
considerando a circulação de correntes de alta freqüência. Neste tipo de sistema de
aterramento, a barra de terra de referência de sinal eletrônico dos equipamentos
sensíveis é conectada através de um condutor isolado à malha de terra de referência,
construída especialmente para impedir os efeitos causados pelas correntes de alta
freqüência. Sua função é exclusivamente oferecer um caminho em curto-circuito para as
correntes de alta freqüência, que por acaso venham atingir os equipamentos eletrônicos
sensíveis, fazendo com que não ocorram quedas de tensão com valores que possam
prejudicar a integridade e a operação dos equipamentos sensíveis.
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 168
____________________________________________________________________________

Figura 6.17 – Sistema de aterramento malha de terra de referencia do sinal.

O condutor de aterramento da barra de sinal do equipamento eletrônico sensível


deve ter o menor comprimento possível, de preferência igual ao afastamento entre os
condutores da malha de terra de referência (mesh), a fim de evitar diferenças de
potencial entre as extremidades do referido condutor, quando percorrido por uma
corrente de alta freqüência. A barra de terra de referência de sinal dos equipamentos
eletrônicos sensíveis está isolada da barra de aterramento da carcaça.

6.7 USO EM SISTEMAS TRIFÁSICOS

Existem três tipos de ligação do neutro de um sistema trifásico com a terra:


sistema solidamente aterrado, sistema impedante e sistema isolado.

No sistema isolado não se tem o contato do neutro com a terra. Neste caso se uma
das três fases do sistema entrar em contato com a terra, intencionalmente ou não, não se
detecta corrente de defeito. A proteção não detecta o defeito e, portanto o circuito não é
desligado. Os sistemas não aterrados foram muito populares nas instalações industriais
na primeira metade do século 20, precisamente porque as cargas acionadas por motores,
que eram muito comuns na época, não parariam simplesmente por causa de um curto-
circuito fase-terra.

No sistema impedante utiliza-se uma impedância para se fazer a conexão. Neste


Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 169
____________________________________________________________________________

caso se uma das três fases do sistema entrar em contato com a terra, intencionalmente
ou não, a impedância limita o valor da corrente de curto. Esse tipo de sistema é
intermediário aos outros dois, pois nem permite um alto valor de corrente de curto, nem
a elimina completamente.

Nesses dois tipos de sistemas as carcaças dos equipamentos poderão estar


submetidas a um potencial mais elevado do que o da terra sem que isso seja detectado
como defeito, o que é chamado de deslocamento do neutro da referência zero que é a
terra. Neste caso, as pessoas que tocam os equipamentos estarão submetidas a esse
potencial, podendo estar submetidos a condições de choque. Esses dois tipos de
sistemas têm a sua principal utilização quando não se deseja que o sistema seja
desenergizado imediatamente após um defeito com a terra

No sistema solidamente aterrado, o contato do neutro com a terra é feito por cabos
de baixa impedância, fazendo com que toda a corrente que surja no neutro rapidamente
seja eliminada pelo aterramento. A terra e os equipamentos se tornam equipotenciais,
não permitindo que haja deslocamento do neutro no momento do defeito. Neste caso as
correntes de defeito são elevadas o que facilita a detecção pela proteção de defeitos do
sistema para a terra. O sistema é mais seguro quanto à detecção de faltas para a terra e
na proteção de pessoas, mas estará sujeito a uma quantidade maior de paradas e
manutenções.

Dependendo da maneira como o sistema é aterrado e qual é o dispositivo de


proteção utilizado, os esquemas de aterramento em baixa tensão são classificados pela
NBR 5410/97 em três tipos:

• Esquema TT
• Esquema TN
• Esquema IT

Esquema TT

O neutro da fonte é ligado diretamente à terra, estando as massas da instalação


ligadas a um eletrodo de aterramento independente do eletrodo da fonte (figura 6.18).
Nesse caso, o percurso de uma corrente fase-massa inclui a terra, o que limita em muito
o valor da corrente devido ao elevado valor da resistência de terra. Essa corrente é
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 170
____________________________________________________________________________

insuficiente para acionar disjuntores ou fusíveis, mas suficiente para colocar em perigo
uma pessoa. Portanto, ela deve ser detectada e eliminada por dispositivos mais
sensíveis, geralmente chamados de interruptores diferenciais residuais (DRs).

Figura 6.18 – Esquema TT.

Esquema TN

O neutro da fonte é ligado diretamente à terra, estando as massas da instalação


ligadas a esses ponto por meio de condutores metálicos (condutor de proteção),
conforme Figura 6.19. Nesse caso, o percurso de uma corrente fase-massa é de
baixíssima impedância (cobre) e a corrente pode atingir valores elevados, suficientes
para serem detectados e interrompidos por disjuntores ou fusíveis.

O esquema pode ser do tipo TN-S, quando as funções de neutro e proteção forem
realizadas por condutores separados (N = neutro e PE = proteção), ou TN-C, quando
essas funções forem realizadas pelo mesmo condutor (PEN). Há ainda o esquema misto,
chamado de TN-C-S.

No Brasil, o esquema TN é o mais comum, quando se tratam de instalações


alimentadas diretamente pela rede pública de baixa tensão da concessionária de energia
elétrica. Nesse caso, quase sempre a instalação é do tipo TN-C até a entrada. Aí, o
neutro é aterrado por razões funcionais e segue para o interior da instalação separado do
condutor de proteção (TN-S). É fácil observar que, caso haja a perda do neutro antes da
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 171
____________________________________________________________________________

entrada consumidora (por exemplo, com o rompimento do neutro devido a um acidente


com caminhão ou ônibus), o sistema irá se transformar em TT. Isso nos leva a
conclusão de que, mesmo em sistemas TN, é conveniente utilizar dispositivos DR para
garantir a proteção das pessoas contra choques elétricos.

Figura 6.19 – Esquema TN.

Esquema IT

É um esquema parecido com o TT, porém o aterramento da fonte é realizado


através da inserção de uma impedância de valor elevado (resistência ou indutância),
conforme Figura 6.20. Com isso, limita-se a corrente de falta a um valor desejado, de
forma a não permitir que uma primeira falta desligue o sistema. Geralmente, essa
corrente não é perigosa para as pessoas, mas como a instalação estará operando em
condição de falta, devem ser utilizados dispositivos que monitorem a isolação dos
condutores, evitando a excessiva degradação dos componentes da instalação.

Um dispositivo supervisor de isolamento (DSI) deve sinalizar a aparição da


primeira falta na instalação, acionando um sinal sonoro ou visual, quando não os dois.

Após a aparição de uma primeira falta, sua detecção e eliminação requerem o uso
de dispositivos sensíveis à corrente diferencial sobre cada circuito. Quando a
interrupção é efetuada na primeira falta, a detecção de faltas deve ser realizada por
dispositivos sensíveis à corrente diferencial ou por dispositivo supervisor de isolamento
que provoque a interrupção geral da alimentação.
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 172
____________________________________________________________________________

O uso dos sistemas IT é restrito aos casos onde uma primeira falha não pode
desligar imediatamente a alimentação, interrompendo processos importantes (como em
salas cirúrgicas, certos processos metalúrgicos, etc.).

Figura 6.20 – Esquema IT.

6.8 PROJETO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

Diante da importância do sistema de aterramento, fundamental ao bom


funcionamento dos sistemas elétricos, surge à necessidade de analisar com bastante
critério o projeto de sistemas de aterramento. O projeto pode ser desenvolvido a partir
de algoritmos computacionais baseados em modelos do solo e o tipo de eletrodo que
simularão os efeitos na superfície do solo de uma corrente sendo dissipada em um
sistema de aterramento, ou através de fórmulas empíricas desenvolvidas a partir de
algumas aproximações quanto aos modelos dos elementos que compõe o sistema de
aterramento. A seguir será mostrado modelos que podem ser utilizado em algoritmos
computacionais.

MODELO COMPUTACIONAL
A solução para definir um projeto adequado está relacionada com a
disponibilidade de modelos apropriados, capazes de representar os aspectos
fundamentais dos fenômenos que ocorrem no sistema de aterramento.
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 173
____________________________________________________________________________

MODELOS DE SOLO

Os solos reais compostos de diversos elementos heterogêneos são classificados


de duas formas: regulares, que tem a sua resistividade variando só verticalmente, e
irregulares que possuem resistividade variando vertical e horizontalmente. Os solos
regulares são a maioria e por isso serão aqui tratados.
O mais simples dos modelos de solo regular é o uniforme, que supõe o solo
homogêneo e isotrópico (um solo homogêneo e isotrópico apresenta as mesmas
propriedades físicas em todas as direções, portanto tem resistividade constante em toda
sua extensão). Embora um modelo distante da realidade, sua aplicabilidade é grande
devido a facilidade que oferece na formulação matemática dos problemas. Os modelos
mais sofisticados de solos regulares aproximam a resistividade por uma função
contínua (exponencial) da profundidade. Entretanto, os modelos mais usuais,
consideram que o solo é constituído de certo número de camadas horizontais
homogêneas, isto é, com resistividades constantes, de espessuras finitas, exceto a mais
profunda, que é infinita. O modelo de solo de duas camadas, que é o preferido
universalmente, visto que as equações encontradas não são tão complexas e mesmo
assim proporciona bons resultados. O solo do Nordeste do Brasil foi submetido a
estudos na década de 90 e concluiu-se que 75% dele pode ser modelado em duas
camadas.

MODELOS DE ELETRODO

A forma pela qual a corrente se dispersa do eletrodo para o solo é uma


consideração física fundamental para se compreender o comportamento do sistema de
aterramento. A Figura 6.18 representa um segmento de eletrodo , onde três correntes são
indicadas. A corrente dissipada no solo pelo segmento considerado é Ig + jIc. As outras
são correntes que passam pelos segmentos adjacentes ao considerado. O campo elétrico
no solo determina as correntes de condução (Ig) e capacitiva (Ic) que compõem a
corrente total que se dispersa no solo. A relação entre tais correntes não dependem da
geometria do eletrodo, mas sim exclusivamente da relação σ/ωε, sendo σ e ε
respectivamente a condutividade e a permissividade do solo e ω a freqüência angular.
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 174
____________________________________________________________________________

Figura 6.21 - Segmento de um eletrodo.

Os métodos mais usuais de cálculo de potencial devido à dispersão de corrente


no solo consideram constantes a densidade de corrente (J ), na superfície dos condutores
que constituem o sistema de aterramento. Se por um lado a adoção desta hipótese
simplifica consideravelmente o modelo, por outro o torna bastante impreciso por não
levar em conta a variação do campo elétrico (E) ao longo de toda superfície do eletrodo.
A hipótese da densidade de corrente constante é sustentada na prática pela simplificação
que empresta aos cálculos de potencial. Os métodos que a empregam corrigem ad
posteriori, os valores calculados, por meio de fórmulas empíricas (IEEE-80,1986).
Em vista de eliminar essa simplificação desenvolveram-se outros métodos para
melhor representar o eletrodo. Um método bastante utilizado é o método do potencial
constante, onde não mais se considera a densidade de corrente constante, mas impõe-se
que a superfície do eletrodo estará submetida a um mesmo potencial. Esta condição é
razoável visto que o eletrodo possui uma elevada condutividade, podendo as perdas
internas serem desprezadas. Desta forma a distribuição de corrente no eletrodo torna-se
não uniforme.

6.9 PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

As descargas elétricas podem irromper em um ponto qualquer do solo. Uma


descarga penetrando o solo pode gerar um gradiente de potencial perigoso para as
pessoas e animais na vizinhança da descarga (Figura 6.22). Na presença de um sistema
de proteção contra descarga atmosférica (SPDA) as descargas são conduzidas até as
pontas do pára-raios (captor) através de um cabo de descida e dissipado através de um
sistema de aterramento. O SPDA propicia a proteção da construção dentro de
determinado raio de atuação e minimiza o efeito das tensões que surgem no solo durante
as descargas. A seguir será descrito os principais tipos de pára-raios.
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 175
____________________________________________________________________________

Figura 6.22 – Tensão de passo durante uma descarga atmosférica.

PÁRA-RAIOS DE HASTE

Utilizando a propriedade das pontas metálicas de propiciar o escoamento das


cargas elétricas para atmosfera, chamado de poder das pontas, Franklin concebeu e
instalou um dispositivo que desempenha esta função, que foi denominado de pára-raios.
Um sistema de pára-raios do tipo Franklin, é constituído de diferentes partes, cujos
elementos principais são (Figura 6.23):

a) Captor (1): é o principal elemento do pára-raios, formado por três pontas ou


mais de aço inoxidável ou cobre. É denominado de ponta;

b) Mastro ou haste (2): é o suporte de captor, sendo constituído de um tubo de


cobre de comprimento igual a 5m e 55 mm de diâmetro. Deve ser fixado firmemente
sobre o isolado de uso exterior. A função do mastro é suportar o captor e servir de
condutor metálico;

c) Isolador (3): é a base de fixação do mastro ou haste. Normalmente é fabricado


em porcelana vitrificada ou vidro temperado, para nível de tensão de 10KV;

d) Condutor de descida (4): é o condutor que faz ligação entre o captor e o


eletrodo de terra;
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 176
____________________________________________________________________________

e) Eletrodo de terra (5): o condutor de descida é conectado na sua extremidade


inferior a três ou mais eletrodos de terra, cujo valor da resistência de aterramento não
deverá ser superior a 10 ohms, na pior época do ano (período seco) para instalações em
geral e 1 ohm para edificações destinadas a materiais explosivos ou facilmente
inflamáveis;

f) Conexão de medição(6): é assim denominada a conexão desmontável destinada


a permitir a medição da resistência de aterramento. Deve ser instalada a 2m ou mais
acima do nível do solo .

Figura 6.23 – Partes de um pára raio tipo Franklin.

Esse tipo de pára-raio oferece uma proteção que corresponde ao "volume" de um


cone limitado por um angulo de 60 graus com a vertical. Tudo que estiver dentro do
espaço abrangido por este cone estará protegido (Figura 6.24).
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 177
____________________________________________________________________________

Figura 6.24 – Pára raio tipo Franklin.

GAIOLA DE FARADAY

O método da gaiola de Faraday consiste em envolver a superfície do volume,


parte superior e laterais, com malha captora de condutores elétricos nus (Figura 6.25),
cuja distância entre eles é função do nível de proteção desejado conforme Tabela 6.2.

Tabela 6.2 – Distância entre os condutores de acordo com o nível de proteção

Níveis de Eficiência do Sistema Distância (m)


Riscos
proteção de Proteção (%)
Nível I Muito Elevado 98 5

Nível II Elevado 95 10

Nível III Normal 90 10

Nível IV Baixo 80 20

O número dos condutores da malha pode ser determinado para qualquer dimensão
da malha pela equação abaixo
Helton do Nascimento Alves 6. Sistemas de Aterramento 178
____________________________________________________________________________

Onde:

Dm = dimensão da área plana da malha captora na sentido da largura e do


comprimento, em m;
Dco = distancia entre os condutores, em m determinado conforme Tabela 6.2.

A gaiola de Faraday tem recebido ultimamente a preferência dos projetistas, pois


pelo método de Franklin, a interligação entre as hastes (suportes dos captores) pode
conduzir a uma malha, no topo da construção, de dimensões tais que resultam
praticamente nas dimensões necessárias à aplicação do método de Faraday.

Figura 6.25 – Pára raio tipo gaiola de Faraday.

Onde

1. Captor tipo terminal aéreo


2. Cabo de cobre nu
3. Suportes isoladores
4. Tubo de proteção
5. Malha de aterramento
6. Conector de medição

Potrebbero piacerti anche