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CTCC: CENTRO TEOLÓGICO CRISTÃO DO CEARÁ.

BIBLIOLOGIA BÍBLICA: UM ESTUDO INTRODUTÓRIO DO LIVRO MAIS LIDO


DE TODOS OS TEMPOS.

ENDERSON SANTOS E FLÁVIO FERREIRA.

FORTALEZA
2016
SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA........................................................................3
2. INTRODUÇÃO.............................................................................................................3
3. A INERRÂNCIA DA BÍBLIA.....................................................................................4
3.1. A importante questão da inspiração...........................................................................6
3.2. A diferença entre inspiração, revelação e iluminação............................................10
3.3. Os autógrafos e as cópias...........................................................................................10
3.4. A Bíblia como um livro divino e humano................................................................11
4. A DEFINIÇÃO DE CÂNON E O PROCESSO DE CANONIZAÇÃO DA
BÍBLIA.........................................................................................................................12
5. O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO E SEU DESENVOLVIMENTO
5.1. A extensão do cânon do A.T.
5.2. A organização dos livros do A.T.
5.3. O reconhecimento do A.T. como escritura sagrada.
6. PERÍODO INTERBÍBLICO.
6.1. A origem dos apócrifos do A.T.
6.2. A importante influência do império grego.
7. O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO.
7.1. O desenvolvimento e extensão do cânon do N.T.
7.2. A organização dos livros do N.T.
7.3. O reconhecimento do N.T. como escritura sagrada.
8. A BÍBLIA ATRAVÉS DOS SÉCULOS.
8.1. Línguas originais.
8.2. Traduções.
8.3. Cópias.
8.4. Preservação.
9. CONCLUSÃO.
10. BIBLIOGRAFIA.
3

1. INTRODUÇÃO.
Sem sombra de dúvidas ela é um livro único. Essa declaração é proposital, pois
estamos falando de um dos livros mais antigos do mundo e, no entanto, ainda é o best-seller
mundial por excelência, mesmo com a grande concorrência atual do Alcorão. Ela atravessa
culturas e etnias, e se mantém soberana desde épocas, até mesmo, remotas. Podem dizer o que
quiserem a respeito de sua origem, mas a realidade é que não se pode taxa-la de retrógrada
por que até mesmo o próprio ocidente reconheceu que ela está acima da sangrenta discursão
cultural entre oriente e ocidente. Tiranos, por vezes enciumados, e outras vezes invejosos,
tentaram destruí-la, mas pessoas têm arriscado a sua vida para protegê-la e preservá-la –
aquilo que para os destituídos de coragem é a coisa mais importante. É o livro mais traduzido,
mais citado, mais publicado e que mais influência tem exercido em toda a história da
humanidade. Estamos falando da Bíblia1.
Mas, de onde veio a Bíblia? Que garantia temos nós, que só os livros certos foram
incluídos na Bíblia? A Bíblia contém erros? Se a Bíblia é um livro antigo, o que temos são
cópias? Seus originais existem? Quais são as cópias mais antigas da Bíblia de que dispomos?
Como podemos ter certeza de que o texto da Bíblia não foi mudando ao longo dos anos? Por
que há tantas traduções da Bíblia, e qual delas se deve usar? Essas são apenas algumas das
muitas questões importantes acerca da Bíblia, cujas respostas tentaremos elucidá-las na
presente apostila.

2. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA.
“Bibliologia Bíblica é o estudo da história e da teologia no que diz respeito às origens,
formação transmissão da Bíblia enquanto livro e enquanto revelação divina para os homens”
(PESTANA, 2008, p.6 – ênfase minha).
Nesta definição de Pestana podemos perceber duas características importantes da
referida disciplina: 1) é um estudo histórico, pois acompanha todas as fases da trajetória da
Bíblia como livro; e 2) é, simultaneamente, um estudo de teologia, pois observa a tanto o
processo de formação, transmissão e desenvolvimento da Bíblia do ponto de vista teológico,
como de suas evidencias internas, demonstrando a Bíblia como de Palavra de Deus.
Portanto, a Bibliologia Bíblica, ocupa-se em encarar a Bíblia como um livro humano,
e, ao mesmo tempo, como revelação divina.

1
A palavra Bíblia (Livro) entrou para as línguas modernas por intermédio do francês, passando primeiro pelo
latim biblia, com origem no grego biblos. Originariamente era o nome que se dava à casca de um papiro do
século XI a.C. Por volta do século II d.C, os cristãos usavam a palavra para designar seus escritos sagrados.
(GEISLER; NIX, 1997, p.5)
4

3. A INERRÂNCIA DA BÍBLIA.
Devemos iniciar a questão pelo termo inerrância. Etimologicamente a palavra
inerrância é composta por um prefixo de negação “in” mais um adjetivo “errante” que
significa “aquele que não erra”, ou, “aquele que não é capaz de errar”. Contudo, não
queremos apenas a definição de um termo, mas definir e formular uma doutrina, e isso exige
mais do que um estudo etimológico. Para a teologia a palavra inerrância tem o sentido de que
“o conhecimento total dos fatos mostra [que] os autógrafos originais das Escrituras, se
interpretados adequadamente, são verdadeiros em tudo que afirmam seja no aspecto
doutrinário, moral, social, físico ou científico” (GEISLER [org.], 2003, p.349 – acréscimo
meu). Isso significa que a palavra inerrância, do ponto de vista bíblico/teológico está mais
associada ao conceito de “verdade” do que “impossibilidade de erro”. Portanto, a definição
bíblico/teológica de inerrância da Bíblia é que ela “sempre diz a verdade”, ou, que “ela é
inteiramente verdadeira e nunca falsa”. 2
O Salmo 119 prova o ponto quando diz três vezes que verdade é um atributo da
palavra de Deus (Bíblia): “A tua lei é a verdade” (v. 142 – NVI); “Todos os teus
mandamentos são verdadeiros” (v. 151 – NVI); “A verdade é a essência da tua palavra” (v.
160 – NVI). E ainda podemos contar com passagens como Provérbios 30:5 que diz: “Cada
palavra de Deus é comprovadamente pura” (NVI); e João 17:17 que diz: “A tua palavra é a
verdade” (NVI). Então o que afirmamos tem, sim, o apoio da própria Bíblia.
Uma pergunta se faz necessária: “se olharmos somente pela definição etimológica, a
Bíblia contém erros?” Bem, antes de começarmos a responder a questão, vale lembrar três
pontos importantes: 1) O distanciamento histórico. Do início de seu testamento mais recente
já se passa mais de dois mil anos; 2) O distanciamento linguístico. Suas línguas originais
estão mortas: hebraico antigo, o aramaico (siríaco); e o grego coinê; 3) O distanciamento
cultural. Mesmo com muitas partes do oriente buscando manterem-se fiéis a cultura antiga, é
evidente o seu distanciamento cultural.
Partindo desse ponto, temos duas afirmações a fazer. 1) A Bíblia não tem compromisso
com a linguagem técnica da ciência. Vejamos esse importante comentário de Grudem (2014,
p.59):
A Bíblia pode falar que o sol nasce e a chuva cai porque, pela ótica de quem fala, é
exatamente isso que ocorre. Da perspectiva de um observador postado no sol (caso
fosse possível) ou em algum ponto “fixo” hipotético no espaço, a terra gira trazendo
o sol ao campo visual, e a chuva não cai só de cima para baixo, como também de um
lado para outro ou de baixo para cima, de acordo com a direção necessária para que
seja conduzida pela gravidade até a superfície da terra. Mas essas explicações são

2
Veja Geisler, A inerrância da Bíblia: uma defesa sólida da infalibilidade das Escrituras, p. 349.
5

irremediavelmente pedantes e impossibilitariam a comunicação normal. De acordo


com a perspectiva de quem fala, o sol nasce e a chuva cai, e essas palavras
descrevem com perfeita veracidade os fenômenos naturais observados por quem
fala.

Portanto, essa é linguagem que a Bíblia usa a “do ponto de vista do observador”.
2) A existência de aparentes discrepâncias não significam erros. Um dos exemplos
mais recentes é a passagem sinótica do cego, ou, cegos de Jericó, registrada em Mt. 20:29,
Mc. 10:46, e Lc. 18:35. No relato de Mateus e Marcos, havia dois cegos e Jesus e seus
discípulos estavam saindo de Jericó. Já no de Lucas, havia somente um cego e Jesus e seus
discípulos estavam chegando a Jericó. E então, como resolver essa aparente discrepância?
Vejamos esse comentário de Morris (2007, p.254) sobre a questão:
Mateus fala de dois cegos sendo curados enquanto Jesus saia de Jerico. Marcos
menciona um cego, citando seu nome, Bartimeu, curado enquanto Jesus saia desta
cidade- Lucas não da o nome do homem e localiza o milagre na ocasião da entrada
de Jesus na cidade. Ha pouca duvida de que todos os três se refiram ao mesmo
incidente, embora com as informações que atualmente possuímos talvez seja
impossível dar uma explicação satisfatória destas diferenças. Alguns pensam que
houvesse dois cegos, dos quais Bartimeu era o mais destacado ou mais conhecido na
igreja. E ressaltado também que havia dois Jericos, a antiga, famosa no Antigo
Testamento, e a nova, estabelecida perto por Herodes Magno. Alguns sustentam que
a cura foi realizada enquanto Jesus saia de uma delas para entrar na outra.

Sendo assim, se esses pontos de distanciamentos histórico, linguístico e cultural não


forem respeitados, e não procurarem resolver a questão, muitos dirão que a Bíblia contém
erros. Mas como pudemos concluir isso é uma questão de disposição, pois depende de quem
estará analisando. Pode ocorrer que tal indivíduo já venha com ideias preconcebidas, e isso o
impedirá de averiguar mais afundo buscando, de fato, a verdade.
No entanto, algumas ressalvas, se colocada nestes termos de atributo de verdade e não
de impossibilidade de “erro”, precisam ser feitas:
1) A inerrância não exige comprometimento severo com as regras gramaticais. As
regras gramaticais são meras declarações do uso formal da linguagem. Todos os dias, autores
habilidosos rompem com ela em favor de uma comunicação superior. Por que negar esse
privilegio aos autores das Escrituras?
2) A inerrância não exclui o uso de figuras de linguagem ou de um tipo específico de
gênero literário. A Bíblia contém hipérboles (Mt. 2:3) e outras figuras de linguagem. E isso
não significa dizer que as figuras de linguagem expressem falsidades só porque não são
literais. “As figuras de linguagem são comuns à comunicação do dia-a-dia, e embora, nem
sempre seja fácil determinar se a linguagem é figurativa ou literal, não há nada inerente à
linguagem figurativa que a impeça de expressar adequadamente a verdade e o significado
desejados” (GEISLER [org.], 2003, p.355). Temos ainda a questão do gênero literário. A
6

Bíblia contém vários gêneros literários como, apocalíptico, profético, drama, etc. Os Salmos,
por exemplo, são escritos em forma de poesia, e isso nada tem a ver com a verdade ou
falsidade do conteúdo expresso pelo estilo.
3) A inerrância não requer precisão histórica ou semântica. Costuma-se dizer que a
doutrina da inerrância é insustentável porque a Bíblia não parece se preocupar com os
parâmetros da precisão histórica e linguística em que nosso tempo exige. Para alguns a
palavra imprecisão tem um sentido de “ambiguidade; incerteza; dubiedade; dúvida” (BUENO,
2007, p.424). Mas pensemos um pouco. Um fato deixa de ser um fato se for contado de outro
ponto de vista, e ainda, com mais simplicidade? E ainda, fatos historicamente registrados
deixam de ser verdadeiros se forem contados em forma de crônica, poesia e outro gênero
literário? Deixam de ser precisos? Com certeza não. Então mais uma vez, como
argumentamos antes, é uma questão de verdade. “Por que absolutizar o critério moderno de
precisão? Não era de esperar que a Escritura refletisse os padrões da época em que foi escrita?
Não seria arrogância de nossa parte achar que nossos padrões estão certos e os dos autores
bíblicos estão errados?” (GEISLER [org.], 2003, p.355).
Poderíamos continuar questão das ressalvas em favor da inerrância nos aprofundando
na questão, mas não temos tempo e espaço aqui para isso. Recomendamos a leitura do
capítulo nove da obra organizada por Norman Geisler de título: A inerrância da Bíblia,
páginas 303 à 361. Passemos agora para o ponto seguinte.

3.1. A importante questão da inspiração.


No nosso português o termo inspiração traz, também, um sentido de “entusiasmo
poético” (BUENO, 2007, p.439), o que pode nos prejudicar no entendimento
bíblico/teológico do termo inspiração. Segundo é aplicado nas Escrituras o vocábulo grego
theópneustos, que significa literalmente “soprada por Deus”, e, portanto, inspirada (2Tm.
3:16). O termo em o sentido de uma “influencia sobrenatural exercida pelo Espírito Santo,
sobre homens divinamente escolhidos, em virtude da qual seus escritos tornam-se fidedignos
e autoritários” (CHAMPLIN, 2014 [12ª edição], p.471), diferindo, portanto, do nosso
português sobre o ponto do “qual é objeto de inspiração”. Enquanto que no português o
objeto inspirado é o elemento humano, no grego bíblico são os escritos.
Vejamos esse importante comentário de Geisler e Nix (1997, p.10):
A Bíblia é que é inspirada, e não seus autores humanos. O adequado, então, é dizer
que: o produto é inspirado os produtores não. Os autores indubitavelmente
escreveram e falaram sobre muitas coisas, como, por exemplo, quando se referiram a
assuntos mundanos, pertinentes a esta vida, os quais não foram divinamente
inspirados. Todavia, visto que o Espírito Santo, conforme ensina Pedro tomou posse
7

dos homens que produziram os escritos inspirados, podemos, por extensão, referir-
nos à inspiração em sentido mais amplo. Tal sentido mais amplo inclui o processo
total por que alguns homens, movidos pelo Espírito Santo, enunciaram e escreveram
palavras emanadas boca do Senhor; e, por isso mesmo, palavras dotadas da
autoridade divina.

Mas isso implica em participação robótica do autor humano? Historicamente, os


estudiosos da Bíblia e da teologia tentaram explicar como se deu esse processo de inspiração.
Hoje podemos identificar, pelo menos, sete teorias sobre o processo da inspiração, a saber, 1)
a teoria da inspiração dinâmica, 2) do ditado ou mecânica, 3) da inspiração natural ou
intuição, 4) da inspiração mística ou iluminação, 5) da inspiração dos conceitos e não das
palavras, 6) dos graus de inspiração, 7) e da inspiração verbal plenária. Vejamos o que diz
cada uma delas.
1) A teoria da inspiração dinâmica.
Afirma que Deus forneceu a capacidade necessária para a confiável transmissão da
verdade que os escritores das Escrituras receberam como ordem de comunicar. Isto os tornou
infalíveis em questões de fé e prática, mas não nas coisas que não são de natureza
imediatamente religiosa, isto é, a inspiração atinge apenas os ensinamentos e preceitos
doutrinários, as verdades desconhecidas dos autores humanos. Esta teoria tem muitas falhas:
Ela não explica como os escritores bíblicos poderiam mesclar seus conhecimentos
sobrenaturais ao registrarem uma sentença, e serem rebaixados a um nível inferior ao
relatarem um fato de modo natural. Ela não fornece a psicologia daquele estado de espírito
que deveria envolver os escritores bíblicos ao se pronunciarem infalivelmente sobre matérias
de doutrina, enquanto se desviam a respeito dos fatos mais simples da história. Ela não analisa
a relação existente entre as mentes divina e humana, que produz tais resultados. Ela não
distingue entre coisas que são essenciais à fé e a pratica e àquelas que não são.
2) A teoria do ditado ou mecânica.
Afirma que os escritores bíblicos foram meros instrumentos (amanuenses), não seres
cujas personalidades foram preservadas. Se Deus tivesse ditado as Escrituras, o seu estilo
seria uniforme. Teria a dicção e o vocabulário do divino Autor, livre das idiossincrasias dos
homens (Rm. 9:1-3; 2Pe. 3:15,16). Na verdade o autor humano recebeu plena liberdade de
ação para a sua autoria, escrevendo com seus próprios sentimentos, estilo e vocabulário, mas
garantiu a exatidão da mensagem suprema com tanta perfeição como se ela tivesse sido ditada
por Deus. Não há nenhuma insinuação de que Deus tenha ditado qualquer mensagem a um
homem além daquela que Moisés transcreveu no monte santo, pois Deus usa e não anula as
8

suas vontades. Esta teoria, portanto, enfatiza sobremaneira a autoria divina ao ponto de
excluir a autoria humana.
3) A teoria da inspiração natural ou intuição.
Afirma que a inspiração é simplesmente um discernimento superior das verdades
moral e religiosa por parte do homem natural. Assim como tem havido artistas, músicos e
poetas excepcionais, que produziram obras de arte que nunca foram superadas, também em
relação às Escrituras houve homens excepcionais com visão espiritual que, por causa de seus
dons naturais, foram capazes de escrever as Escrituras. Esta é a noção mais baixa de
inspiração, pois enfatiza a autoria humana a ponto de excluir a autoria divina. Esta teoria foi
defendida pelos pelagianos e unitarianos.
4) A teoria da inspiração mística ou iluminação.
Afirma que inspiração é simplesmente uma intensificação e elevação das percepções
religiosas do crente. Cada crente tem sua iluminação até certo ponto, mas alguns têm mais do
que outros. Se esta teoria fosse verdadeira, qualquer cristão em qualquer tempo, através da
energia divina especial, poderia escrever as Escrituras. Schleiermacher foi quem disseminou
esta teoria. Para ele inspiração é “um despertamento e excitamento da consciência religiosa,
diferente em grau e não em espécie da inspiração piedosa ou sentimentos intuitivos dos
homens santos”.
5) A teoria da inspiração dos conceitos e não das palavras.
Esta teoria pressupõe pensamentos à parte das palavras, através da qual Deus teria
transmitido ideias, mas deixou o autor humano livre para expressá-las em sua própria
linguagem. Mas ideias não são transferíveis por nenhum outro modo além das palavras. Esta
teoria ignora a importância das palavras em qualquer mensagem. Muitas passagens bíblicas
dependem de uma das palavras usadas para a sua força e valor. O estudo exegético das
Escrituras nas línguas originais é um estudo de palavras, para que o conceito possa ser
alcançado através das palavras, e não para que palavras sem importância representem um
conceito. A Bíblia sempre enfatiza suas palavras e não um simples conceito (1Co. 2:13; Jo.
6:63; 17:8; Ex. 20:1; Gl. 3:16).
6) A teoria dos graus de inspiração.
Afirma que há inspiração em três graus. Sugestão, direção, elevação, superintendência,
orientação e revelação direta, são palavras usadas para classificar estes graus. Esta teoria alega
que algumas partes da Bíblia são mais inspiradas do que outras. Embora ela reconheça as duas
autorias, dá margem à especulação fantasiosa.
7) A teoria da inspiração verbal plenária.
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É o poder inexplicado do Espírito Santo agindo sobre os escritores das Sagradas


Escrituras, para orientá-los (conduzi-los) na transcrição do registro bíblico, quer seja através
de observações pessoais (1Jo. 1:1-4), fontes orais (Lc. 1:1-4) ou verbais (At. 17:18; Tt.1:12;
Hb. 1:1), ou através de revelação divina direta (Ap. 1:1-11; Gl. 1:12), preservando-os de
erros e omissões, abrangendo as palavras em gênero (Gn. 3:15), número (Gl. 3:16), tempo
(Ef. 4:30; Cl. 3:13), modo (Ef. 4:30; Cl. 3:13) e voz (Ef. 5:18), preservando, desse modo, a
inerrância das Escrituras, e dando a ela autoridade divina. Portanto, a inspiração verbal
plenária fica assim estabelecida.
Em Gn. 3:15 o pronome hebraico está no gênero masculino, pois se refere
exclusivamente a Cristo (Ele te ferirá a cabeça...). Em Gl. 3:16 Paulo faz citação de um
substantivo hebraico que está no singular, fazendo, também, referência exclusiva a Cristo. Em
Ef. 4:30 e Cl.3:13 o verbo perdoar encontra-se, no grego, no modo particípio e no tempo
presente, o que significa que o perdão judicial de Deus realizado no passado, quando
aceitamos a Cristo, estende-se por toda a nossa vida, abrangendo o perdão dos pecados do
passado, do presente, e do futuro (1Jo. 1:9 trata do perdão do pecado doméstico e não do
judicial). Jesus Cristo reconheceu a inspiração verbal plenária quando declarou que nem um
til (a menor letra do alfabeto hebraico) seria omitido da lei (Mt. 5:18 e Lc. 16:17).3
Como deve ter ficado evidente, a teoria mais aceita entre os ortodoxos e conservadores
é a inspiração verbal e plenária, pois ela preserva a Bíblia de erros humanos sem anular a
participação dos autores bíblicos. E ainda, essa teoria acentua a autêntica infalibilidade e
autoridade divina da Bíblia, demostrando que Deus é o seu autor principal que atua como uma
espécie de supervisor do autor humano. Encerremos com esse comentário de Geisler e Nix
(1997, p.20-21):
Independentemente de outras afirmações que possam ser formuladas a respeito da
Bíblia, fica bem claro que esse livro reivindica para si mesmo esta qualidade: a
inspiração verbal. O texto clássico de 2Timóteo 3:16 declara que as graphã, i.e., os
textos, é que são inspiradas. "Moisés escreveu todas as palavras do Senhor..." (Êx.
24:4). O Senhor ordenou a Isaías que escrevesse num livro a mensagem eterna de
Deus (Is. 30:8). Davi confessou: "O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra
está na minha boca" (2Sm. 23:2). Era a palavra do Senhor que chegava aos profetas
nos tempos do Antigo Testamento. Jeremias recebeu esta ordem: "... não te esqueças
de nenhuma palavra" (Jr 26.2). [E ainda,] a Bíblia reivindica a inspiração divina de
todas as suas partes. É inspiração plena, total, absoluta. "Toda Escritura é
divinamente inspirada..." (2Tm. 3:16). Nenhuma parte das Escrituras deixou de
receber total autoridade doutrinária. A Escritura toda (i.e., o Antigo Testamento
integralmente), escreveu Paulo, "é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar,
para repreender, para corrigir, para instruir em justiça" (2Tm 3:16). E foi além, ao

3
Disponível em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAN2gAK/bibliologia Acessado em: 14 de Março
de 2016.
10

escrever: "... tudo o que outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito" (Rm.
15:4).

3.2. A diferença entre inspiração, revelação e iluminação.


Há dois conceitos que são intimamente relacionados entre si, e que nos ajudam a
esclarecer, através da comparação, o que vem a ser inspiração. São eles a revelação e a
iluminação. Revelação refere-se à exibição, ou, exposição da verdade. Já a Iluminação, à
devida compreensão dessa verdade descoberta. Entretanto, a inspiração não é nem uma, e nem
outra, pois como diz Geisler e Nix (1997, p.12):
A revelação prende-se à origem da verdade e à sua transmissão; a inspiração
relaciona-se com a recepção e o registro da verdade. A iluminação ocupa-se da
posterior apreensão e compreensão da verdade revelada. A inspiração que traz a
revelação escrita aos homens não traz em si mesma garantia alguma de que os
homens a entendam. É necessário que haja iluminação do coração e da mente. A
revelação é uma abertura objetiva; a iluminação é a compreensão subjetiva da
revelação; a inspiração é o meio pelo qual a revelação se tornou uma exposição
aberta e objetiva. A revelação é o fato da comunicação divina; a inspiração é o meio;
a iluminação, o dom de compreender essa comunicação.

3.3. Os autógrafos e as cópias.


Uma segunda questão precisa ser levantada: “se Bíblia é um livro extensamente
copiado dado a sua idade, esse conceito de inerrância se estende dos autógrafos (os escritos
originais de próprio punho dos autores humanos) até as cópias?”
Comecemos com essa declaração de Geisler e Nix (1997, p.12):
A inspiração e a consequente autoridade da Bíblia não se estendem automaticamente
a todas as cópias e traduções da Bíblia. Só os manuscritos originais, conhecidos por
autógrafos, foram inspirados por Deus. Os erros e as mudanças efetuados nas cópias
e nas traduções não podem ser atribuídos à inspiração original.

Antes de prosseguirmos vejamos o que vem a ser autógrafo? Bueno diz que um
autógrafo é um “escrito do próprio autor” (2007, p.102). Então, partindo desse ponto, a
palavra “autógrafo”, se utilizada no campo da Bibliologia bíblica, se refere ao escrito de
original dos autores bíblicos (e.g. o escrito de Isaías, Jeremias, Paulo, João, etc.). O que
Geisler e Nix tiveram a intenção de dizer é que a inerrância e a inspiração da Bíblia está
contida somente nos escritos originais de próprio punho dos autores bíblicos.
Obviamente não existem mais os originais, pois devido o tempo que se passou se
desgastaram. Andersen sugere Jó como o livro mais antigo do A.T. com “cerca de 750 a.C”
(1984, p.62). Já em relação ao N.T., Carson, Moo e Morris sugerem Gálatas como documento
11

mais antigo de mais ou menos 48 d.C4. Muitos têm feito objeções à inerrância dos autógrafos,
pois não podem ser examinados e nunca foram vistos. Eles perguntam: como é possível
afirmar que os originais não continham erro, se não podem ser examinados? “A resposta é
que a inerrância bíblica não é um fato conhecido empiricamente, mas uma crença baseada no
ensino da Bíblia a respeito de sua inspiração, bem como baseada na natureza altamente
precisa da grande maioria das Escrituras transmitidas e na ausência de qualquer prova em
contrário” (GEISLER; NIX, 1997, p.12)
Abordaremos a questão – “até que ponto as cópias da Bíblia são exatas?” – com um
pouco mais de abrangência posteriormente no ponto 6. Previamente, Geisler e Nix (1997,
p.12) nos dão um pouco de refrigério com o seguinte comentário: “por ora basta-nos observar
que o grandioso conteúdo doutrinário e histórico da Bíblia tem sido transmitido de geração a
geração, ao longo da história, sem mudanças nem perdas substanciais”. E ainda:
As cópias e as traduções da Bíblia, encontradas no século xx, não detêm a inspiração
original, mas contêm uma inspiração derivada, uma vez que são cópias fiéis dos
autógrafos. De uma perspectiva técnica, só os autógrafos são inspirados; todavia,
para fins práticos, a Bíblia nas línguas de nossa época, por ser transmissão exata dos
originais, é a Palavra de Deus inspirada (GEISLER; NIX, 1997, p.12).

A Bíblia assevera ser a declaração de um Deus incapaz de cometer erro. É verdade que
nunca se descobriram os originais infalíveis da Bíblia, contudo, nunca descobriram um único
autógrafo original falível. O que nós temos em mãos são manuscritos que foram copiados
com toda precisão e traduzidos para muitas línguas, dentre as quais está o nosso português
(provaremos o ponto no cap.6). “Portanto, para todos os efeitos de doutrina e de dever, a
Bíblia como a temos hoje é representação suficiente da Palavra de Deus, cheia de autoridade”
(GEISLER; NIX, p.12).

3.4. A Bíblia como um livro divino e humano.


Depois de tanto falarmos sobre os assuntos de inerrância e inspiração da Bíblia,
chegamos a simples conclusão: a Bíblia é tanto um livro humano, quanto divino. O que
tencionamos expressar com a Bíblia ser um livro humano, referimo-nos as suas categorias
humanas, ou seja, letras, palavras, sentenças, tudo de forma objetiva, e, portanto,
proposicional. Deus utilizou-se de autores humanos, orientando-os passo a passo em cada
processo da produção das Sagradas Escrituras, da forma como concluímos no ponto 2.1, ou
seja, plena e verbalmente.

4
Ver CARSON; MOO; MORRIS, Introdução ao Novo Testamento, p.326.
12

Já o que tencionamos dizer com a Bíblia ser um livro divino é que “Deus controlava
de tal forma o processo da comunicação dirigido a seus servos, e por meio deles, que, em
última análise, era Ele mesmo a fonte e o emissor não da profecia bíblica simplesmente, mas
também da história, da sabedoria e das doutrinas bíblicas – e ainda dos poemas, cujas
diretrizes magníficas de adoração e devoção fixaram um padrão de louvor e adoração para os
crentes de todas as épocas” (GEISLER (org), 2003, p.227).
Portanto, a Bíblia é inegavelmente inerrante, pois afinal de contas, ela foi inspirada
pelo próprio Deus, e o fato de haver a participação humana em sua produção não elimina a
sua infalibilidade.

4. A DEFINIÇÃO DE CÂNON E O PROCESSO DE CANONIZAÇÃO DA


BÍBLIA.
A palavra em cânon deriva do termo grego kanõn que significa “cana, ou, régua”,
que, por sua vez, se origina do termo hebraico kaneh, palavra do Antigo Testamento que
significa “vara ou cana de medir” (Ez. 40:3). Ainda em épocas que antecederam ao
cristianismo, essa palavra já era utilizada com o sentido de padrão ou norma, além de cana ou
unidade de medida. “O Novo Testamento emprega o termo em sentido figurado, referindo-se
a padrão ou regra de conduta (Gl. 6:16)” (GEISLER; NIX, 1997, p.61).
Geisler e Nix (1997, p.61) sugerem a “época de Atanásio (c. 350)”, como já estando
em desenvolvimento o conceito de cânon bíblico ou de Escrituras autorizadas. Contudo,
podemos ver em Kostenberger e Kruger uma data mais antiga, quando usando como exemplo
o Fragmento Muratoriano, nos dão a data de 180 d.C.5
Uma questão extremamente importante relacionada ao ponto é o processo de
canonização da Bíblia. Geisler e Nix (1997) falam de três elementos que são fundamentais no
processo de canonização da Bíblia, a saber, a inspiração de Deus, o reconhecimento dessa
inspiração divina por parte da comunidade judaico/cristã e a atitude de colecionar e
preservar os livros inspirados.
Inspiração de Deus. Foi Deus quem deu o primeiro passo no processo de canonização,
quando de início inspirou o texto. Discorremos um pouco sobre o que vem a ser inspiração do
ponto de vista bíblico/teológico, desta feita, “a razão mais fundamental por que existem 39
livros no Antigo Testamento [e os livros 27 do N.T] é que só esses livros, nesse número exato,
é que foram inspirados por Deus. É evidente que o povo de Deus não teria como reconhecer a

5
Para um melhor entendimento, veja KOSTENBERGER; KRUGER, A heresia da ortodoxia (São Paulo, SP:
Editora Vida Nova, 2014), pp.139-238.
13

autoridade divina num livro, se ele não fosse revestido de nenhuma autoridade” (GEISLER;
NIX, 1997, p.4).
Reconhecimento por parte do povo de Deus. Uma vez que Deus houvesse autorizado e
autenticado um documento, os homens de Deus o reconheciam. Kostenberger e Kruger
reconhecem a familiaridade do povo de Deus com os termos de aliança do Antigo Oriente
Próximo6, e a relaciona com o reconhecimento do povo a um cânon dizendo que “os escritos
canônicos são, por assim dizer, a documentação de Deus, de sua relação de aliança com o seu
povo” (2014, p.149). Por fim, Kostenberger e Kruger (2014, p.150) finalizam dizendo que,
O cânon não meramente uma ideia criada pelos cristãos do quarto século, ou um
conceito que surgiu depois dos fatos e que a igreja desenvolveu para lutar contra os
primeiros hereges, como Marcião. Antes, o conceito de cânon é parte permanente da
vida do povo de Deus desde o início de Israel como nação e, portanto, continua ser
parte do seu povo na vida da igreja.

Então, podemos concluir que “esse reconhecimento ocorria de imediato, por parte da
comunidade a que o documento fora destinado originariamente. A partir do momento que o
livro fosse copiado e circulado, com credenciais da comunidade de crentes, passava a
pertencer ao cânon” (GEISLER; NIX, 1997, p.74).
Coleção e preservação pelo povo de Deus. Geisler e Nix começam com a seguinte
afirmação: “o povo de Deus entesourava a Palavra de Deus” (1997, p.74). E, ainda, Geisler e
Nix (1997, p.74) continuam:
Os escritos de Moisés eram preservados na arca (Dt. 31:26). As palavras de Samuel
foram colocadas “num livro, e o pôs perante o Senhor” (1Sm. 10:25). A lei de
Moisés foi preservada no templo nos dias de Josias (2Rs. 23:24). Daniel tinha uma
coleção dos “livros” nos quais se encontravam “a lei de Moisés” e “os profetas”
(Dn. 9:2,6,13). Esdras possuía cópias da lei de Moisés e dos profetas (Ne. 9:14,26-
30). Os crentes do Novo Testamento possuíam todas as “Escrituras” do Antigo
Testamento (2Tm. 3:16), tanto a lei como os profetas (Mt. 5:17).

Parece-nos que logo no primeiro século havia indícios de preservação dos documentos
apostólicos (e.g. as cartas de Paulo) por parte da igreja (Cl. 4:16). Kostenberger e Kruger
também confirmam o mesmo em relatos de país apostólicos e primeiros documentos cristãos:
Irineu confirma praticamente todas as epístolas de Paulo (exceto, talvez, Filemom) e
as usa amplamente. Além do mais, a predominância de Paulo é também corroborada
pelo Fragmento Muratoriano (c. 180 d.C), no qual todas as treze epístolas paulinas
aparecem relacionadas como Escrituras imbuídas de autoridade. Diante disso,
estudiosos sugerem que as coletâneas das epístolas de Paulo foram reunidas e
começaram a ser usadas desde muito cedo. (2014, p.212 – ênfase minha)

6
Um rei suserano (reinado em regime feudal) discutia os termos de sua relação com um rei vassalo sobre o qual
ele governava, e defina as estipulações de seu acordo. Como elemento final desse processo, havia a entrega de
uma cópia escrita do documento a cada uma das partes que a colocava em seu respectivo santuário, onde era
prevista a sua leitura pública em intervalos regulares. Veja questão com maiores detalhes em
KOSTENBERGER; KRUGER, A heresia da ortodoxia (São Paulo, SP: Editora Vida Nova, 2014), pp.144-150.
14

Portanto, vimos a definição do termo cânon e como se caracterizou o processo de


canonização dos livros da Bíblia como a conhecemos hoje. Passemos agora a considerar
separadamente, nos capítulos seguintes, o cânon propriamente dito de cada testamento.

5. O CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO E SEU DESENVOLVIMENTO.


Segundo Geisler e Nix (1997), não existem informações suficientes para nos ajudar a
compreender a história completa de como o cânon do Antigo Testamento foi formado. Porém,
“existem dados disponíveis que permitem traçar um esquema global e ilustrar alguns elos de
vital importância. O resto precisa ser projetado, lançando mão do exercício de julgamento
racional” (GEISLER, NIX, 1997, p.78).
O primeiro dado histórico sobre a formação do A.T., é a evidencia da continuidade
profética. Esse processo de continuidade profética pode ser comparado com a corrida
olímpica com bastão, onde “os profetas passaram o bastão um para o outro, desta maneira,
estabelecendo uma corrente de pensamento e uma indicação de onde procurar pelo que era
considerado canônico” (KAISER, 2007, p.31). Vejamos alguns dados bíblicos:
1) 1 Crônicas 29:29 declara que a história do rei Davi foi escrita nos livros dos profetas
Samuel, Natã e Gade.
2) 2 Crônicas 9:29, a história de Salomão escrita pelos profetas Natã, Aías e Ido.
3) Semelhantemente, o trabalho de Roboão (2Cr. 12:15) foi composto pelos profetas
Semaías e Ido.
4) Depois, a história de Abias foi composta pelo profeta Ido (2Cr. 13:22);
5) A história de Josafá foi registrada pelo profeta Jeú (2Cr. 20:34);
6) A de Ezequias pelo profeta Isaías (2Cr. 32:32);
7) E a de Manassés pelos “videntes” (outro nome para profetas) cujos nomes não foram
citados (2Cr. 33:18, 19).7
Como pudemos perceber houve uma continuidade entre os profetas.
A evidência seguinte já foi mencionada, mas não com a intenção de demonstrar o
processo de formação e desenvolvimento do cânon do A.T., como faremos a seguir.
Mencionaremos como uma segunda evidencia o reconhecimento e coleção progressiva dos
escritos proféticos. Kaiser (2007) declara que, houve, sim, um reconhecimento progressivo de
alguns livros como sendo canônicos desde a sua produção, pelos leitores e ouvintes
contemporâneos dos profetas, pois, estavam em uma melhor circunstancia para julgar as

7
Para um melhor entendimento, veja KAISER, Documentos do Antigo Testamento: sua relevância e
confiabilidade (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2007), pp.28-37.
15

alegações de seus escritos proféticos. “Esta visão situa-se em justaposição à visão corrente, de
que a formação do cânon precisou de crescimento progressivo, tempo e veneração antes de
serem recebidos como canônicos” (KAISER, 2007, p.29).
Geisler e Nix (1997) confirmam o ponto dizendo que, essa evidência histórica da
existência de uma coleção progressiva dos livros veterotestamentários se confirma pelo uso,
bem peculiar, de escritos de profetas antigos feito por profetas que viriam mais tarde. Como
por exemplo, Geisler e Nix (1997, p.79) citam “os livros de Moisés que são citados por todo o
Antigo Testamento, desde Josué (1.7) até Malaquias (4.4), incluindo-se a maior parte dos
grandes livros intermediários como: 1Rs. 2:3; 2Rs. 14:6; 2Cr. 14:4; Jr. 8:8; Dn. 9:11; Ed. 6:18
e Ne. 13:1”. Eles dizem ainda, que na época de Neemias (século V a.C.) a sucessão profética
já se havia encerrado, pois já estavam produzidos e colecionados os 22 livros8 do cânon
hebraico (GEISLER; NIX, 1997, p.82).
Portanto, havia, sim, uma atitude na comunidade da aliança veterotestamentária de
colecionar e preservar os livros escritos pelos profetas, ao serem reconhecidos como
inspirados por Deus.
Finalizemos a questão com uma terceira evidência, a saber, que o cânon do Antigo
Testamento se concluiu com os profetas. Geisler e Nix (1997, p.81) dizem expressamente que
“com Neemias completa-se a cronologia profética”. O próprio Novo Testamento, nos fornece
argumentação sólida para isso, quando não demonstra registro de uma disputa entre Jesus e os
judeus sobre a extensão do cânon. E ainda, “jamais o Novo Testamento cita outro livro,
depois de Malaquias, como autorizado” (GEISLER; NIX, 1997, p.83). Unido a essa
argumentação temos o testemunho de livros históricos, como Talmude, que diz que “depois
dos últimos profetas, Ageu, Zacarias e Malaquias o Espírito Santo apartou-se de Israel”.9
Portanto, não podem existir escritos canônicos após o último profeta da antiga
aliança, servindo este (o profeta Malaquias) como o limite do cânon.
Passemos agora para a seguinte questão: até onde se estende o cânon Antigo
Testamento, e quais são seus livros?

5.1. A extensão do cânon do A.T.


5.2. A organização dos livros do A.T. (1-Pelos judeus; 2-Pelos católicos romanos; 3-
protestantes)

8
O fato de os judeus contabilizarem os livros do Antigo Testamento como 22, ou, 24 não alteram em nada a
contagem cristã/protestante de 39 livros. Veja a discussão no ponto 5.1 da presente apostila.
9
Veja em GEISLER; NIX, Introdução bíblica: como a Bíblia chegou até nós (São Paulo, SP: Editora Vida,
1997) p.83.
16

5.3. O reconhecimento do A.T. como escritura sagrada.


6. PERÍODO INTERBÍBLICO.
6.1. A origem dos apócrifos do A.T.
6.2. A importante influência do império grego (1-A helenização do mundo; 2-A
atitude romana de manter a helenização; 3-O surgimento do grego do povo...o
coinê).
7. O CÂNON DO NOVO TESTAMENTO.
7.1. O desenvolvimento e extensão do cânon do N.T.
7.2. A organização dos livros do N.T. (1-N.T. muratoriano; 2- N.T. usado por
Orígenes; 3- N.T. usado por Eusébio; 4-N.T. reconhecido no concílio de Cartago)
7.3. O reconhecimento do N.T. como escritura sagrada.
8. A BÍBLIA ATRAVÉS DOS SÉCULOS.
8.1. Línguas originais
8.2. Traduções
8.3. Cópias
8.4. PRESERVAÇÃO (1-Manuscritos e sua autenticidade e confiabilidade; 2-O
surgimento da crítica textual)
9. CONCLUSÃO.
10. BIBLIOGRAFIA.
ANDERSEN, Francis I., Jó: introdução e comentário (São Paulo, SP: Editoras Vida Nova e
Mundo Cristão, 1984).
CARSON, D. A.; MOO, Douglas J.; MORRIS, Leon, Introdução ao Novo Testamento (São
Paulo, SP: Editora Vida Nova, 2008).
GEISLER, Norman; NIX, Willian, Introdução Bíblica: como a Bíblia chegou até nós (São
Paulo, SP: Editora Vida, 1997).
GEISLER, Norman (org.), A inerrância da Bíblia: uma defesa sólida da infalibilidade das
Escrituras (São Paulo, SP: Editora Vida, 2003).
KOSTENBERGER, Andreas J.; KRUGER, Michael J., A heresia da ortodoxia (São Paulo,
SP: Editora Vida Nova, 2014).
MORRIS, Leon, Lucas: introdução e comentário (São Paulo, SP: Editora Vida Nova, 2007).

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