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APOSTILA

DE
DIREITO PROCESSUAL PENAL

VOLUME I

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Prof. Dra. Maria da Penha Meirelles Almeida Costa
I - ASPECTOS ELEMENTARES DE DIREITO
PROCESSUAL PENAL

1. O surgimento do processo

Nos primórdios de nossa civilização, o homem, à míngua de outro meio de


comunicação, bradava para expressar seus sentimentos e desejos. Com o passar do
tempo, diante da sua multiplicação, o ser humano buscou meios para melhor se
comunicar. Encontrou, então a linguagem para satisfazer o seu desejo.
A fala para o homem foi de suma importância, mas ele continuou se desenvolvendo e
procurou também aperfeiçoar os meios para solucionar seus conflitos de interesse. Na
verdade, ele criou o processo em decorrência de uma necessidade imperiosa de um
instrumento que pudesse dar amparo ao sentimento de justiça natural possuído por
todo ser humano. Evidentemente foi um processo demorado, em razão da
inexistência de um costume preexistente.
A partir de sua criação, ao longo dos séculos, muitas teorias contribuíram para o seu
desenvolvimento, aperfeiçoando-o até chegar ao que é hoje.
O homem é um ser social por excelência e, portanto, não vive senão em sociedade, até
para proteger o seu próprio grupo. Assim, o seu instinto gregário deu origem à
sociedade e, com ele, surgem os conflitos de interesse. É importante ressaltar que,
quando o conflito de interesse pertence a uma única pessoa, é fácil de ser resolvido,
posto que ela terá de sacrificar o menos importante em detrimento do mais importante
para ela naquele momento. Entretanto, quando existe o conflito de interesses de
pessoas diversas, estes devem ser resolvidos pela sociedade dos homens, a fim de
manter a paz social. Só para relembrar, pensando em termos de sociedade e a sua
conseqüente subsistência, seria impossível que cada qual fizesse justiça pelas próprias
mãos, visando solucionar o conflito. Por estas razões, podemos afirmar que o Estado
é soberano e cabe a ele dirimir tais controvérsias, agindo de forma neutra e imparcial,
solucionando cada pretensão que um impõe ao outro.

2. Jus puniendi e jus persequendi

O Estado recebe das pessoas delegação para agir em nome da vítima, que assim se
libera da vingança privada. Somente o Estado pode punir, exercendo a titularidade do
jus puniendi, o direito de impor sanções. Obviamente, esse direito é praticado
observando certos procedimentos, a fim de garantir total lisura na apuração da
conduta do infrator. Também, é da titularidade do Estado o jus persequendi, ou seja,
direito à persecução mediante instauração do devido processo legal.
Na verdade, este poder do Estado nada mais é do que um poder/dever, uma vez que,
encarregado de aplicar a Justiça, não detém discricionariedade que lhe permita optar
entre promover a ação penal e deixar de fazê-lo. Assim, praticado o crime, o Estado
tem a obrigação de propor a ação penal, salvo a hipótese de ação penal, onde a opção
cabe ao particular.
Já o jus persequendi é um direito subjetivo do Estado exercido pelo Ministério
Público, encarregado de postular, perante o Estado-Juiz, a condenação do infrator. O
Promotor de Justiça é o dominus litis, mas, no entanto, está subordinado a
normatividade processual, não podendo agir de acordo com sua exclusiva vontade ou

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predileções.

3. Distinção entre direito penal e processo penal

O direito penal é a substância. O direito processual penal é o instrumento que coloca


a substância a atuar.
Assim, para que o direito seja colocado em movimento, há necessidade de uma
violação de uma norma prevista como típica, um poder encarregado de aplicar a lei
penal e, por conseqüência, um método consistente no processo, que representa uma
série de atos coordenados.
O objetivo maior do processo penal é à busca da verdade real, diferente do processo
civil que tem por objetivo a busca da verdade formal, ou seja, a verdade contida nos
autos.

4. Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege

Muito embora cabe ao Estado o exercício do jus puniendi, existem princípios


constitucionais que o limita, como a impossibilidade de prosperar uma acusação sobre
um crime sem lei prévia que o defina, apresentando-se como atípico e, portanto,
desprovido de qualquer sanção.
Desta forma, nenhuma ação humana, ainda que pareça imoral ou contrária aos
interesses coletivos, se não estiver prevista em lei escrita e anterior a sua execução,
pode constituir-se delito em sentido lato.

5. Nulla poena sine judicio

O presente brocardo consagra o princípio da instrumentalidade do processo penal. É a


imposição do devido processo legal para se chegar a uma condenação. No entanto, é
importante ressaltar que tal conceito foi mitigado com a edição da Lei n. 9.099/95,
haja vista a possibilidade de transação.
Em outras palavras, o processo penal é uma ferramenta necessária à aplicação da lei
penal. Como sucessão de atos disciplinados pelo direito, o processo se interpõe
necessariamente entre o delito e a sanção, constituindo-se no único meio de
descoberta da verdade real.

6. Diferença entre processo e procedimento

O processo é o instrumento através do qual se aplica o direito material;


O procedimento é o modus operandi, é a maneira de proceder dentro do processo.
É a exteriorização do processo mediante a série de atos que o constituem.

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II - RELAÇÕES DO PROCESSO PENAL COM AS
DEMAIS CIÊNCIAS

Dentre as ciências auxiliares de maior conexão com o direito processual penal, podem
ser mencionadas a política criminal, a criminologia, a medicina legal, a psiquiatria
forense e a polícia científica.

1. Política Criminal

É a política criminal que fornece o critério para apreciação do valor da norma vigente
e propõe o modelo de norma a vigorar. O processo criminal não pode se afastar do
modelo de política criminal adotado. Este se reflete no processo e é inegável a
relação existente entre ambos, pois não basta apenas impor as sanções, mas saber
como aplicar a pena eficazmente, a fim de se obter os seus efeitos preventivos e
repressivos.

2. Criminologia

Criminologia é a ciência que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da


vítima e do controle social do comportamento delitivo, procura fornecer uma
informação válida, contrastada, sobre a gênese, dinâmica e variáveis principais do
crime - contemplado este como problema individual e como problema social -
fornecendo programas de prevenção eficaz do mesmo e técnicas de intervenção
positiva no homem delinqüente.

3. Medicina legal

Há uma ligação muito próxima entre o direito processual e a medicina legal. Esta
fornecerá parâmetros para se aferir a imputabilidade do réu sobre o qual pairar
dúvidas quanto à sanidade mental. Apurará os vestígios dos delitos e suas seqüelas
nas vítimas. É importante ressaltar que o resultado final do processo está vinculado à
qualidade de determinada perícia, daí sua inequívoca relevância para o processo.

4. Psiquiatria forense

A intervenção da psiquiatria na criminologia forense deriva de norma expressa do


Código Penal, o art. 26 e seu parágrafo único.

Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de
acordo com esse entendimento.
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em
virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto
ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.

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Na verdade, observamos que a sociedade separou a criminalidade da loucura, depois
de tê-las confundido por um longo período. Dessa diferenciação nasceu a perícia
psiquiátrica. O perito psiquiatra desempenha papel de extremo significado na
aplicação da justiça criminal.

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III - RELAÇÃO DO PROCESSO PENAL COM O
DIREITO CONSTITUCIONAL

A Constituição é fundamento de validade de toda a normatividade, pois, em relação às


suas normas, as demais são inferiores.
É no texto constitucional que se encontra o maior número de preceitos relevantes para
o processo criminal, bastando mencionar vários incisos do art. 5º, voltados à tutela da
liberdade, consagradores do processo como instrumento para a realização da Justiça.
Senão vejamos, o artigo e os seus respectivos incisos:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta
Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei;
III - ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
culta e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas
entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
comunicação, independentemente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou
instrução processual penal;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte,
quando necessário ao exercício profissional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer
pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;

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XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à
autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter
paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem
de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito
em julgado;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm
legitimidade para representar seus filiados, judicial ou extrajudicialmente;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV-a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver
dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada
pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de
sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu
desenvolvimento;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização publicação ou
reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a. a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da
imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b. o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou
de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações
sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário
para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das
marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o
interesse social e o desenvolvimento tecnológico do País;
XXX - é garantido o direito à herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será resguardada pela
lei brasileira, em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não
lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus;
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo
da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxa:
a. o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra
ilegalidade ou abuso de poder;

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b. a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e
esclarecimento de situações de interesse pessoal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a
direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato perfeito e a coisa julgada;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei,
assegurados:
a. a plenitude de defesa;
b. o sigilo das votações;
c. a soberania dos veredictos;
d. a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades
fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à
pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
executores e os que, podendo evitá-los, se omitem;
XVIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados,
civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de
reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do
patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará entre outras, as
seguintes:
a. privação ou restrição da liberdade;
b. perda de bens;
c. multa;
d. prestação social alternativa;
e. suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a. de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b. de caráter perpétuo;
c. de trabalhos forçados;
d. de banimento;
e. cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com
seus filhos durante o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;

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LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de
opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade
competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurado o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela
inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença
penal condenatória;
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo
nas hipóteses previstas em lei;
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for
intentada no prazo legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa
da intimidade ou o interesse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem judicial escrita e
fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão
militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados
imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele
indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por
seu interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo
inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do
depositário infiel;
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder;
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito liquido e certo,
não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica
no exercício de atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a. partido político com representação no Congresso Nacional;
b. organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e
em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus
membros ou associados;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;
LXXII - conceder-se-á habeas data:

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a. para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante,
constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de
caráter público;
b. para retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
judicial ou administrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a
anular ao lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que
comprovarem insuficiência de recursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que
ficar preso além do tempo fixado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecimentos pobres, na forma da lei:
a. o registro civil de nascimento;
b. a certidão de óbito;
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei,
os atos necessários ao exercício da cidadania.
Parágrafo 1º. As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm
aplicação imediata.
Parágrafo 2º. Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

Assim, só para exemplificar, observamos os seguintes incisos:

III - protege a pessoa de tratamento desumano ou degradante;


XXXVII - veda o juízo de exceção;
XXXVIII - reconhece a instituição do júri;
XXIX - princípio da reserva legal;
XL - princípio da retroatividade da lei benigna;
LIV – princípio do devido processo legal;
LV – princípio do contraditório e ampla defesa;
LVII – princípio da presunção de inocência;
LX – princípio da publicidade.

Ainda importam - e são fundamentais para o processo criminal - os incisos LII, LIII,
LVI, LVIII, LIX, LXI, LXII, LXIII, LXIV, LXV, LXVI, LXVII e LXVIII, os
quais podem ser analisados, detalhadamente, no tópico relativo ao artigo 5º da CF.

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IV - EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL PENAL NO
ESPAÇO

A lei processual penal aplica-se a todas as infrações penais cometidas em território


brasileiro, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional.
Vigora o princípio da absoluta territorialidade, ou seja, aos processos e julgamentos
realizados no território brasileiro, aplica-se à lei processual penal nacional. Justifica-
se por ser a função jurisdicional a manifestação de uma parcela da soberania nacional,
podendo ser exercida apenas nos limites do respectivo território.
A territorialidade vem consagrada no art. 1º do Código de Processo Penal:

Art. 1º. O processo penal reger-se-á, em todo território brasileiro, por este Código,
ressalvados:
I - os tratados, as convenções e regras de direito internacional;
II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da República, dos ministros de
Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da República, e dos ministros do
Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituição, arts. 86,
89, parágrafo 2º, e 100);
III - os processos da competência da Justiça Militar;
IV - os processos da competência do tribunal especial (Constituição, art. 122, nº
17);
V - os processos por crimes de imprensa;
Parágrafo único. Aplicar-se-á, entretanto, este Código aos processos referidos nos
ns. IV e V, quando as leis especiais que os regulam não dispuserem de modo
diverso.

As ressalvas mencionadas neste artigo não são, como podem parecer, exceções à
territorialidade da lei processual penal brasileira, mas apenas à territorialidade do
Código de Processo Penal. Impõem, tendo em vista as peculiaridades do direito, a
aplicação de outras normas processuais positivas na Constituição Federal e em leis
extravagantes, v.g., nos casos de crimes de militares, eleitorais, falimentares, de
entorpecentes, nas contravenções do jogo do bicho, nas infrações de menor potencial
ofensivo etc. O inciso I contempla verdadeiras hipóteses excludentes da jurisdição
criminal brasileira, isto é, os crimes serão apreciados por tribunais estrangeiros
segundo suas próprias regras processuais, v.g., casos de imunidade diplomáticas, de
crimes cometidos por estrangeiros a bordo de embarcações públicas estrangeiras em
águas territoriais e espaço aéreas brasileiro etc.
Considera-se praticado em território brasileiro o crime cuja ação ou omissão, ou cujo
resultado, no todo ou em parte, ocorreu em território nacional. Considera-se como
extensão do território nacional, para efeitos penais, as embarcações e aeronaves
públicas ou a serviço do governo brasileiro, onde quer que se encontrem, e as
embarcações e aeronaves particulares que se acharem em espaço aéreo ou marítimo
brasileiro, ou em alto-mar ou espaço aéreo correspondente.
A lei penal aplica-se aos crimes cometidos fora do território nacional que estejam
sujeitos à lei penal nacional. É a chamada extraterritorialidade da Lei penal.
Contudo, é preciso que se frise: a lei processual brasileira só vale dentro dos limites
territoriais nacionais. Se o processo tiver tramitação no estrangeiro, aplicar-se-á a lei
do país em que os atos processuais forem praticados.

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A legislação processual brasileira também se aplica aos atos referentes às relações
jurisdicionais com autoridades estrangeiras que devem ser praticados em nosso país,
tais como o cumprimento de rogatória etc.

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V - EFICÁCIA DA LEI PROCESSUAL PENAL NO
TEMPO

Art. 2º. A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade
dos atos realizados sob a vigência da lei anterior.

Percebe-se, desde logo, que o legislador pátrio adotou o princípio da aplicação


imediata das normas processuais, sem efeito retroativo, uma vez que, se tivesse, a
retroatividade anularia os atos anteriores, o que não ocorre.
Dessa forma, sem a sua retroatividade, os atos processuais realizados sob a égide da
lei anterior são considerados válidos e as normas processuais têm aplicação
imediata, regulando o desenrolar do processo.
Todavia, embora a lei processual não seja retroativa, há que se atentar quanto às
normas jurídicas que possuem natureza mista, ou seja, serem dotadas de natureza
processual e material, concomitantemente, atribuindo-lhe, assim, efeito retroativo ao
dispositivo que for mais favorável ao réu.

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VI - PRINCÍPIOS DO PROCESSO PENAL

1. Verdade real

No processo penal, o juiz tem o dever de investigar como os fatos se passaram na


realidade, não se conformando com a verdade formal constante dos autos, como
acontece no processo civil. Desse modo, se o juiz não estiver ainda convencido da
autoria, ou necessitar de outras provas, poderá requisitá-las para esclarecer eventuais
dúvidas sobre pontos relevantes. No processo penal, o juiz não representa mero
espectador, mas deverá esgotar todos os meios para satisfazer o princípio maior do
processo penal que é à busca da verdade real.

2. Legalidade (art. 28, do CPP)

Os órgãos incumbidos da persecução penal não podem possuir poderes discricionários


para apreciar a conveniência ou oportunidade da instauração do processo ou do
inquérito.

Assim, a autoridade policial, nos crimes de ação pública, tem o dever de determinar a
instauração do inquérito policial, e o órgão do Ministério Público é obrigado a
apresentar a respectiva denúncia, desde que o fato seja delituoso.

3. Oficiosidade

Os órgãos incumbidos da persecução penal devem proceder ex officio, não devendo


aguardar provocação, ressalvados os casos de ação penal privada e ação penal pública
condicionada à representação do ofendido. (CPP, artigo 5º §§ 4º e 5º, e artigo 24)

4. Autoritariedade

Os órgãos investigantes e processantes devem ser autoridades públicas (delegado de


polícia e promotor ou procurador de justiça). Exceção à esta regra é a ação penal
privada.

5. Indisponibilidade (CPP, arts. 17, 42 e 576)

- A autoridade policial não pode determinar o arquivamento do inquérito


policial (CPP, art. 17).

- O Ministério Público não pode desistir da ação penal pública, nem do recurso
interposto (CPP, arts. 42 e 576).

6. Princípio do juiz natural (CF, art. 5º, incisos XXXVII e LIII).

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A Constituição Federal proíbe a criação de tribunais de exceção, e, ligado à proibição
dos tribunais de exceção está o princípio do juiz natural ao expressar “Ninguém será
processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”.

Não se devem confundir as justiças especiais com os chamados tribunais de exceção.


As justiças especiais são as previstas na própria Constituição para o julgamento de
determinadas causas, como a Justiça Eleitoral, a Justiça do Trabalho e a Justiça
Militar. A proibição dos juizes de exceção refere-se à eventual criação de órgão
específico para a decisão civil ou penal de determinados casos, fora da estrutura do
Poder Judiciário. Os tribunais de exceção normalmente são instituídos em período
revolucionário, para o julgamento de fatos políticos, e estão afastados pelo texto
constitucional.

7. Publicidade (CPP, art. 792 e CF, arts. 5º, LX, e 93, IX, parte final).

Em regra, os atos processuais são públicos e as audiências são franqueadas ao público


em geral (CPP, art. 792). Contudo, segundo o parágrafo 1º do art. supra, “se da
publicidade da audiência, da sessão ou do ato processual, puder resultar escândalo,
inconveniente grave ou perigo de perturbação da ordem, o juiz, ou tribunal, câmara ou
turma, poderá, de ofício ou a requerimento da parte ou do Ministério Público,
determinar que o ato seja realizado a portas fechadas, limitando o número de pessoas
que possam estar presentes”.

8. Contraditório e ampla defesa (CF, art. 5º, LV).

O réu deve conhecer a acusação que se lhe imputa para poder contrariá-la, ou, ainda,
dela se defender, posto que nenhum acusado será processado ou julgado sem defensor
constituído ou nomeado, evitando possa ser condenado sem ser ouvido.
Por isso, é essencial que o acusador, ao formular a denúncia ou queixa-crime, narre
claramente os fatos que está a imputar ao futuro réu, a fim de que este tenha pleno
conhecimento da acusação, podendo elaborar sua defesa e produzir provas, sob pena
de inépcia da inicial.

9. Iniciativa das partes (“ne procedat judex ex officio”) - (CF, art. 5º,
LIX e art. 129, I, e CPP, arts. 29 e 30).

O juiz depende da provocação da parte. Cabe ao Ministério Público promover


privativamente a ação penal pública e ao ofendido, a ação penal privada.
Se o juiz der início a uma ação penal ele perderá sua imparcialidade.

10. Ne eat judex ultra petita partium (arts. 383 e 384 do CPP).

O juiz deve pronunciar-se sobre aquilo que lhe foi pedido. O que efetivamente vincula
o juiz criminal, definindo a extensão do provimento jurisdicional, são os fatos
submetidos à sua apreciação. Se o promotor, na denúncia, imputa ao réu um crime de
furto, e, ao final, apura-se que o crime cometido foi o de estupro, não pode o juiz
proferir condenação, ainda que o outro crime esteja caracterizado.

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11. Devido processo legal (CF, art. 5º, LIV).

Consiste em assegurar à pessoa o direito de não ser privada de sua liberdade e de seus
bens, sem a garantia de um processo desenvolvido na forma que estabelece a lei. (CF,
art. 5º, LIV).

12. Presunção de inocência (CF, art. 5º, LVII).

Nossa Constituição Federal consagra o princípio de que ninguém será considerado


culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Porém, convém
lembrar a Súmula 9 do Superior Tribunal de Justiça, segundo a qual a prisão
processual não viola o princípio do estado de inocência.
Entretanto, o art. 594 do nosso diploma processual impõe que o réu não poderá apelar
sem recolher-se à prisão, ou prestar fiança, salvo se for primário e de bons
antecedentes, assim reconhecido na sentença penal condenatória, ou condenado por
crime que se livre solto.
Nesse sentido, há muita discussão doutrinária à respeito de flagrante
inconstitucionalidade.

13. Favor rei (CF, art. 5º, XL e CPP, art. 617).

A dúvida sempre beneficia o acusado. Se houver duas interpretações, deve-se optar


pela mais benéfica; na dúvida, absolve-se o réu, por insuficiência de provas; só a
defesa possui certos recursos, como o protesto por novo júri e os embargos
infringentes; só cabe ação rescisória penal em favor do réu (revisão criminal).

14. Inadmissibilidade das provas obtidas por meios ilícitos


(CF, art. 5º, LVI).
Todas as provas obtidas por meios ilícitos são inadmissíveis no processo, visto
constituírem espécie de provas chamadas vedadas (CF, art.5º, LVI).
São consideradas provas vedadas àquelas produzidas em contrariedade a uma norma
legal específica, podendo ser imposta por norma de direito processual ou material.
Conforme a natureza, pode a prova vedada ser descrita como ilícita ou ilegítima,
sendo, em qualquer hipótese, proibidas pela Constituição.
São consideradas provas ilícitas, aquelas produzidas com violação às regras de direito
material, onde são praticados ilícitos de ordem penal, civil ou administrativa.

Exemplos:

diligência de busca e apreensão sem prévia autorização judicial ou durante o período


noturno;

confissão obtida mediante prática de tortura;

interceptação telefônica sem autorização judicial (violação de sigilo telefônico);

15
interceptação de cartas particulares (violação de correspondência).

Já as provas ilegítimas são aquelas produzidas com violação às regras de natureza


meramente processual.

Exemplos:

exibição de documento em plenário do Júri com desobediência ao disposto no artigo


475 do CPP;

juntada de documentos na fase de alegações finais (art.406 do CPP);

depoimento prestado com violação à regra proibitiva do art.207 CPP.

Entretanto, alguns autores como Fernando Capez e Vicente Greco Fº, entendem que
desprezar, sempre, toda e qualquer prova ilícita não é conduta juridicamente correta,
tendo em vista que, em determinadas situações, a importância do bem jurídico
envolvido no processo e a ser alcançado com a obtenção irregular da prova levará os
tribunais a aceitá-las. Leve-se em consideração uma prova obtida por meio ilícito
que, entretanto, levará à absolvição de um inocente. Entendem estes autores que o
interesse que se quer defender é muito mais relevante do que a intimidade que se
deseja preservar. Acreditam que o juiz poderá admitir uma prova ilícita ou sua
derivação a fim de evitar um mal maior.
Podemos resumir que o direito à liberdade e à segurança, à proteção da vida, do
patrimônio, conseqüentemente, não podem ser levados como regra e ser restringidos
pela prevalência do direito à intimidade e pelo princípio da proibição das demais
provas ilícitas.
Outros autores como Grinover, Scarance e Magalhães esclarecem ser praticamente
unânime o entendimento que admite possa ser utilizada, no processo penal, a prova
favorável ao acusado, ainda que colhida com infringência aos direitos fundamentais
seus ou de terceiros.
Embora pacífica a aplicação do princípio da proporcionalidade somente pro reo, o
STJ, em julgado recente, admitiu a incidência pro societate, aceitando que, dentro de
princípios lógicos, é perfeitamente viável a aceitação da prova obtida mediante
interceptação telefônica.
No entanto, oportuno ressaltar que, legalmente, em consonância com o que dispõe a
Lei n. 9.296, de 24 de julho de 1996, a interceptação de comunicações telefônicas de
qualquer natureza não será admitida, salvo por ordem judicial e sob segredo de
Justiça, sob pena de constituir-se em crime capitulado no artigo 10 da referida Lei.

16
VII - INQUÉRITO POLICIAL

1. Conceito

É o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária para a apuração de uma


infração penal e de sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em
juízo.

2. Polícia judiciária

Tem a função de auxiliar a justiça; atua quando os atos que a polícia administrativa
pretendia impedir não foram evitados. Possui a finalidade de apurar as infrações
penais e suas respectivas autorias, a fim de fornecer ao titular da ação penal elementos
para propô-la.

3. Competência e atribuição

A atribuição para presidir o inquérito policial é outorgada aos delegados de polícia de


carreira, conforme as normas de organização policial dos Estados. Essa atribuição
pode ser fixada, quer pelo lugar da consumação da infração (ratione loci), quer pela
natureza da mesma (ratione materiae).
A atribuição para a lavratura do auto de prisão em flagrante é da autoridade do lugar
em que se efetivou a prisão, devendo os atos subseqüentes ser praticados pela
autoridade do local em que o crime se consumou.

4. Características

4.1. Procedimento escrito

Tendo em vista as finalidades do inquérito, não se concebe a existência de uma


investigação verbal. Por isso, todas as peças do inquérito policial serão, num só
processo, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela
autoridade (CPP, art. 9º).

4.2. Sigiloso

A autoridade assegurará no inquérito policial o sigilo necessário à elucidação do fato


ou exigido pelo interesse da sociedade. O sigilo não se estende ao representante do
Ministério Público, nem à autoridade judiciária. Este sigilo deverá ser observado
como forma de garantia da intimidade do investigado, resguardando-se seu estado de
inocência.

4.3. Oficialidade

17
O inquérito policial é uma atividade investigatória feita por órgãos oficiais, não
podendo ficar a cargo do particular, ainda que a titularidade da ação penal seja
atribuída ao ofendido.

4.4. Oficiosidade

Significa que a atividade das autoridades policiais independe de qualquer espécie de


provocação, sendo a instauração do inquérito obrigatória diante da notícia de uma
infração penal (CPP, art. 5º, I), ressalvados os casos de ação penal pública
condicionada e de ação penal privada (CPP, art. 5º, II).

4.5. Autoridade

Exigência constitucional (CF, art. 144, parágrafo 4º); o inquérito policial é presidido
por uma autoridade pública, a autoridade policial (delegado de polícia).

4.6. Indisponibilidade

Após sua instauração não pode ser arquivado pela autoridade policial (CPP, art. 17).

4.7. Inquisitivo

Caracteriza-se como inquisitivo o procedimento em que as atividades persecutórias


concentram-se nas mãos de uma única autoridade, no qual não se aplicam os
princípios do contraditório e da ampla defesa. Neste momento não há ainda acusação,
só se apuram os fatos.

5. Valor probatório

O inquérito policial, além de seu conteúdo informativo, tem valor probatório, embora
relativo, haja vista que os elementos de informação não são colhidos sob a égide do
contraditório e da ampla defesa, nem tampouco na presença do juiz de direito.

6. Dispensabilidade

O inquérito policial não é fase obrigatória da persecução penal, podendo ser


dispensado caso o Ministério Público ou ofendido já disponha de suficientes
elementos para a propositura da ação penal (CPP, arts. 12, 27, 39, parágrafo 5º, e 46,
parágrafo 1º).

7. Incomunicabilidade

Destinada a impedir que a comunicação do preso com terceiros venha a prejudicar o


desenvolvimento da investigação. Esta incomunicabilidade não excederá de 3(três)
dias e será decretada por despacho fundamentado do juiz a requerimento da
autoridade policial ou do órgão do Ministério Público, respeitadas as prerrogativas do
advogado.

8. Notitia criminis

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É o conhecimento espontâneo ou provocado, pela autoridade policial, de um fato
aparentemente criminoso. É com base nesta informação que a autoridade dá início às
investigações.

9. Peças inaugurais do Inquérito Policial

a) portaria: quando instaurado de ofício (ação penal pública incondicionada);


(vide modelo nº 1);

b) auto de prisão em flagrante: (qualquer espécie de infração penal); (vide


modelo nº 2);

c) requerimento do ofendido ou de seu representante: (ação penal privada e


ação penal pública incondicionada); (vide modelos nº 3 e 4);

d) requisição do Ministério Público, Ministro da Justiça ou da autoridade


judiciária: (ação penal pública incondicionada e condicionada - quando
acompanhada da representação); (vide modelos nº 5 e 6);

e) representação do ofendido ou de seu representante legal: (ação penal pública


condicionada). (vide modelos nº 7 e 8).

10. Diligências que podem ser determinadas no curso da Investigação


Policial

Sempre que a autoridade policial tiver notícia a respeito de uma infração penal, cuja
ação penal seja pública, pouco importando se crime ou contravenção deverá ela
determinar a instauração do inquérito.
Tratando-se de infração de menor potencial ofensivo, assim consideradas as
contravenções, pouco importando a quantidade de pena cominada, e os crimes
apenados no máximo com 02 (dois) anos, ressalvados aqueles subordinados a
procedimento especial, cumpre a autoridade policial limitar-se a proceder a um Termo
Circunstanciado, registrando o tipo de ocorrência, dia, local, súmula da versão do
pretenso autor do fato, da pretensa vítima e de eventuais testemunhas, encaminhando-
o, à seguir, à sede do Juizado Especial Criminal, onde houver. Não havendo, deverá
encaminhá-lo ao Fórum Criminal.
Se o crime for de ação penal privada - e quando o é a própria lei penal o diz,
esclarecendo que “somente se procede mediante queixa” - ou de crime de ação penal
pública condicionada, isto é, subordinada à representação do ofendido, o inquérito
somente poderá ser instaurado se a pessoa legitimada a ofertar queixa ou a fazer
representação, der a devida autorização, seja requerendo, seja representando.
De qualquer sorte, instaurado o inquérito, a autoridade policial deve determinar uma
série de diligências visando ao esclarecimento do fato e à descoberta da autoria,
observada a regra programática prevista no art. 6º do CPP. Muito embora o referido
artigo determine que a autoridade policial deve “dirigir-se ao local, providenciando
para que se não alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos

19
criminais”, é evidente que o Delegado de Polícia não tomará tal providência em
qualquer crime. Se houver um crime de calúnia, de sedução, de lesão corporal, por
exemplo, não será realizada aquela diligência. E as razões são óbvias...

De regra, a autoridade policial toma as seguintes providências:


a) procura ouvir a vítima, as testemunhas que assistiram ao fato ou que dele têm
ciência;
b) determina a realização de exame de corpo de delito ou outro exame qualquer
(ex. exame grafológico, exame dos instrumentos etc.);
c) avaliação do produto do crime;
d) procura ouvir o pretenso culpado;
e) procede ao auto de reconhecimento de pessoas ou coisas;
f) procede ao auto de acareação;
g) procede à reconstituição do crime, se necessário, por meio da reprodução
simulada, a fim de verificar a possibilidade de haver a infração sida praticada
de determinado modo, caso haja contradições. A reprodução simulada pode
ser feita tanto pelo indiciado, caso queira, como pela vítima;
h) proceder à identificação dactiloscópica, quando houver fundada suspeita
quanto a identidade do indiciado, ou quando não identificado civilmente;
i) proceder à averiguação da vida pregressa do indiciado;
j) dirigir-se, a autoridade policial, ao local do crime, providenciando para que se
não alterem o estado e a conservação das coisas e pessoas, enquanto
necessários, até que cheguem os peritos para a elaboração dos exames
pertinentes;

l) apreender os instrumentos e todos os objetos que tiverem relação com o fato,


depois de liberados pelos peritos;
m) colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
n) proceder à busca e a apreensão, cf. art. 6º, II, do CPP:

I) no local do crime;

II) em domicílio: CF, art. 5º, XI.

1) no período noturno: - com assentimento do morador


- em flagrante delito
- no caso de desastre
- para prestar socorro

2) durante o dia: - nos casos acima


- por ordem judicial

III) na própria pessoa, que independerá de mandado, no caso de prisão ou


havendo fundada suspeita.

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11. Indiciamento

É a imputação a alguém, no inquérito policial, da prática do ilícito penal, sempre que


houver razoáveis indícios de sua autoria.
É a declaração do, até então, mero suspeito, como sendo o provável autor do fato
infringente da norma penal. Com o indiciamento, todas as investigações passam a se
concentrar sobre a pessoa do indiciado.
O indiciado deve ser interrogado pela autoridade policial, que poderá, para tanto,
conduzi-lo coercitivamente à sua presença, no caso de descumprimento injustificado
de intimação. Tanto no interrogatório judicial como no interrogatório policial o
indiciado não estará obrigado a responder às perguntas que lhe forem feitas, pois tem
o direito de permanecer calado (art. 5º, LXIII), sem que dessa opção se possa extrair
qualquer presunção que o desfavoreça.
O termo de interrogatório deverá ser assinado pela autoridade policial, pelo escrivão,
pelo interrogado e por suas testemunhas que hajam presenciado a leitura.
A autoridade policial deve, ainda, proceder à identificação do indiciado pelo processo
dactiloscópico, salvo se ele já tiver sido civilmente identificado.
Recusando-se à identificação, o indiciado será conduzido coercitivamente à presença
da autoridade, podendo, ainda, responder por crime de desobediência.
Deverá, ainda, ser juntada aos autos a sua folha de antecedentes, averiguada a sua vida
pregressa.

12. Encerramento do Inquérito Policial

Concluídas as investigações, a autoridade policial deve fazer minucioso relatório do


que tiver sido apurado no inquérito policial (art. 10, parágrafo 1º), sem, contudo,
expender opiniões, julgamentos ou qualquer juízo de valor, devendo, ainda, indicar as
testemunhas que não foram ouvidas (CPP, art. 10, parágrafo 2º), bem como as
diligências não realizadas. No caso de crime de tóxicos, a autoridade deverá indicar a
classificação da conduta nos arts. 12 ou 16 nos ter do art. 37 da Lei n. 6368/76.
Encerrado o inquérito, os autos serão remetidos ao juiz competente, acompanhados
dos instrumentos do crime e dos objetos que interessarem à prova (CPP, art. 11),
oficiando a autoridade, ao Instituto de Identificação e Estatística, mencionando o juízo
a que tiverem sido distribuídos e os dados relativos à infração e ao indiciado (CPP, art.
23). Do juízo, os autos devem ser remetidos ao órgão do Ministério Público, para que
este adote as medidas cabíveis.

13. Prazo

1) Se o indiciado estiver preso: 10 dias, contados da data da efetivação da prisão.

2) Se o indiciado estiver solto: 30 dias, contados a partir do recebimento da


notitia criminis, prorrogável conforme solicitação da autoridade policial e
liberalidade do Ministério Público.

Tratando-se de inquérito instaurado a requerimento do ofendido para apuração de


crime de ação privada (CPP, art. 5º, parágrafo 5º), uma vez concluídas as
investigações, os autos serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão o

21
impulso de quem de direito (CPP, art. 19). Assim, é conveniente que ele acompanhe o
desenrolar das investigações, para não perder o prazo estabelecido no art. 38 do CPP.

14. Arquivamento

Tal providência só cabe ao juiz, a requerimento do Ministério Público (CPP, art. 28),
que é o exclusivo titular da ação penal pública (CF, art. 129, I).

A autoridade policial pode deixar de instaurar o inquérito, mas, uma vez feito, o
arquivamento só se dá mediante decisão judicial, provocada pelo Ministério Público, e
de forma fundamentada, em face do princípio da obrigatoriedade da ação penal (art.
28). O juiz jamais poderá determinar o arquivamento do inquérito, sem prévia
manifestação do Ministério Público (CF, art. 129, I); se o fizer, da decisão caberá
correição parcial.
Se o juiz discordar do pedido de arquivamento do representante ministerial, deverá
remeter os autos ao procurador-geral de justiça, o qual poderá oferecer denúncia,
designar outro órgão do Ministério Público para fazê-lo, ou insistir no arquivamento.
O despacho que arquivar o inquérito é irrecorrível, salvo algumas exceções.
Arquivado o inquérito por falta de provas, a autoridade policial poderá, enquanto não
se extinguir a punibilidade pela prescrição, proceder a novas pesquisas, desde que
surjam outras provas que alterem o “panorama probatório dentro do qual foi
concebido e acolhido o pedido de arquivamento do inquérito”.
Nos casos de ação penal privada, informada pelo princípio da oportunidade, não há
necessidade do ofendido solicitar o arquivamento do inquérito; se, porventura,
entender que não há elementos para dar início ao processo, basta deixar que o prazo
decadencial do art. 38 do CPP flua sem o oferecimento da queixa-crime.

22
MODELOS EM INQUÉRITO POLICIAL

Modelo nº 01
(Portaria)

107º Distrito Policial

PORTARIA

Tendo chegado ao meu conhecimento através do informativo nº 1500/98 (B.O.), que


na data de 12.05.98, na Rua das Oliveiras, 38, JOSE FIRMINO DOS SANTOS veio
por efetuar disparos de arma-de-fogo contra a pessoa de JOÃO CARLOS
QUEIROZ, provocando-lhe lesões corporais e, em decorrência das mesmas veio o
mesmo a dar óbito no interior do Hospital das Clínicas, após dois dias de internação,
determino que, após A. e R. a presente, instaure-se o competente inquérito policial
para apuração dos fatos, tomando-se preliminarmente as seguintes providências :

J.aos Autos :

- Cópia do informativo nº 1500/98 (B.O.)


que primeiramente noticiou os fatos;
- Cópia do Auto de Exibição e Apreensão da
arma utilizada no crime;
- Requisição de exame indireto expedido ao
Instituto Médico Legal, referente as lesões
corporais experimentadas pela vítima;
- Requisição de exame ao Instituto de
Criminalística para elaboração de Laudo de
recenticidade de disparo e eficácia para a
arma apreendida;
- Cópia do informativo nº 1550/98 (B.O.)
que noticiou o óbito da vítima;
- Requisição de exame necroscópico do
cadáver da vítima;
- Intimem-se as testemunhas presenciais do
fato para que compareçam neste Distrito
Policial e prestem depoimento;

A seguir, voltem-me os autos conclusos para posteriores determinações.

CUMPRA-SE

23
São Paulo, 15 de maio de 1998.

Dr.Arnaldo Guimarães
Delegado de Polícia

24
MODELO Nº 02
( Auto de Prisão em Flagrante Delito )

PRIMEIRA PEÇA DA LAVRATURA DO APF - AUTO DE PRISÃO EM


FLAGRANTE DELITO

SERVIÇO PÚBLICO ESTADUAL


SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA
POLÍCIA CIVIL DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE POLÍCIA DO INTERIOR
11ª COORDENADORIA DO INTERIOR
DELEGACIA CIRCUNSCRICIONAL DE BARREIRAS

AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO


BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL DE Nº

Às ( ) horas do dia ( ) do mês ( ) do ano de 2007, nesta cidade de Barreiras,


Estado da Bahia, na sala do Cartório da Delegacia Circunscricional de Polícia,
onde presente se encontrava o Bel. Carlos Cruz Ferro, Delegado de Polícia,
comigo, Escrivã(o) de Polícia de seu cargo, ao final assinado, ai compareceu o
CONDUTOR, , , RG ou MAT. , conduzindo o preso , por infração, em tese, ao
artigo , haja vista ter sido este surpreendido logo após ter , sito o endereço ,
nesta cidade, do que foram TESTEMUNHAS ( ) e ( ). Entrevistadas as partes e
formado seu convencimento jurídico, deliberou a Autoridade Policial por ratificar a
voz de prisão dada pelo condutor e, após, cientificado o preso quanto aos
seus direitos individuais previstos no artigo 5º da Constituição Federal,
em especial os de receber assistência de familiares ou de advogado que
indicar, de não ser identificado criminalmente senão nas hipóteses
legais, de ter respeitadas suas integridades física e moral, de manter-se
em silêncio e/ou declinar informações que reputar úteis à sua
autodefesa, de conhecer a identidade do autor de sua prisão e, se
admitida, prestar fiança e livrar-se solto, determinou a lavratura deste
AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO, providenciando-se, conforme
documentação adiante acostada, que fica fazendo parte integrante deste: 1)
oitiva do condutor com entrega de cópia do termo; 2) expedição de
recibo de entrega do preso em favor do condutor; 3) oitiva das
testemunhas e 4) interrogatório do conduzido. Resultando demonstradas,
pelos elementos de convicção colhidos, a autoria e a materialidade da infração
penal, julgou a Autoridade Policial subsistente este auto de prisão em flagrante
delito, determinando ainda a expedição de nota de culpa ao preso. Nada mais
havendo, determinou a Autoridade Policial o encerramento deste auto que assina
com o Flagranteado e comigo, Escrivã(o) de Polícia, que o digitei e imprimi.

Autoridade Policial

FLAGRANTEADO: ______________________________

25
Escrivã(o) de Polícia:

SEGUNDA PEÇA NA ELABORAÇÃO DO FLAGRANTE

AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE


TERMO DE DEPOIMENTO DO CONDUTOR

BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL DE Nº

Às ( ) horas do dia ( ) do mês ( ) de do ano 2007, nesta cidade de Barreiras,


Estado da Bahia, na sala do Cartório da Delegacia Circunscricional de Polícia,
onde presente se encontrava o Bel. Carlos Cruz Ferro, Delegado da Polícia Civil,
comigo, Escrivã(o) de Polícia de seu cargo, ao final assinado, compareceu o(a)
CONDUTOR , brasileiro(a), , , RG ou MAT. , lotado e servindo junto à , situado
nesta cidade, onde recebe intimações, que efetuou a prisão em flagrante delito,
do CONDUZIDO . AOS COSTUMES DISSE NADA. TESTEMUNHA
COMPROMISSADA NA FORMA DA LEI PROMETEU DIZER A VERDADE DO
QUE SOUBER E LHE FOR PERGUNTADO, E, ASSIM, DEPOIS DE ADVERTIDA
DAS PENAS COMINADAS AO CRIME DE FALSO TESTEMUNHO, INQUIRIDA
PELA AUTORIDADE POLICIAL SOBRE OS FATOS QUE MOTIVARAM O
PRESENTE FEITO DISSE: "QUE ;". Nada mais disse. Nada mais havendo,
mandou a Autoridade Policial que se encerrasse o presente termo que, lido e
achado conforme, vai devidamente assinado. Eu ________, Escrivã(o) de Polícia,
que o digitei.

Autoridade Policial

CONDUTOR: _______________________________

Escrivã(o) de Polícia

TERCEIRA PEÇA NA ELABORAÇÃO DO FLAGRANTE

RECIBO DE ENTREGA DE PRESO

Recebi de ______ o preso __________, em perfeito estado de saúde física e


mental, o qual, segundo o condutor, teria sido flagranteado, com fulcro no artigo
_________ .

E por ser verdade, firmo o presente.

Passo Fundo, de de 2007.

Bel.
Delegado Titular

QUARTA PEÇA NA ELABORAÇÃO DO FLAGRANTE (EM EXISTINDO)

AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE


TERMO DE DECLARAÇÕES DA VÍTIMA

BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL DE Nº

26
Às ( ) horas do dia ( ) do mês ( ) de do ano 2007, nesta cidade de Barreiras,
Estado da Bahia, na sala do Cartório da Delegacia Circunscricional de Polícia,
onde presente se encontrava o Bel. Carlos Cruz Ferro, comigo, Escrivã(o) de
Polícia de seu cargo, ao final assinado, compareceu o(a) , brasileiro(a), , , RG ,
natural de , nascido aos , filho de , residente e domiciliado . INQUIRIDA A VÍTIMA
DISSE QUE: Nada mais disse. Nada mais havendo, mandou a Autoridade Policial
que se encerrasse o presente termo que, lido e achado conforme, vai
devidamente assinado. Eu ________, Escrivã(o) de Polícia, que o digitei.

Autoridade Policial

DECLARAÇÕES: ____________________________

Escrivã(o) de Polícia

QUINTA PEÇA NA ELABORAÇÃO DO FLAGRANTE

AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE


TERMO DE DEPOIMENTO DA 1ª TESTEMUNHA

BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL DE Nº

Às ( ) horas do dia ( ) do mês ( ) de do ano 2007, nesta cidade de Barreiras,


Estado da Bahia, na sala do Cartório da Delegacia Circunscricional de Polícia,
onde presente se encontrava o Bel. Carlos Cruz Ferro, comigo, Escrivã(o) de
Polícia de seu cargo, ao final assinado, compareceu o(a) , brasileiro(a), , , RG ou
Mat. , lotado e servindo no(a) , situado(a) , nesta cidade, onde recebe
intimações, PRIMEIRA TESTEMUNHA, da prisão do(a) flagranteado(a) . AOS
COSTUMES DISSE NADA. TESTEMUNHA COMPROMISSADA NA FORMA DA LEI
PROMETEU DIZER A VERDADE DO QUE SOUBER E LHE FOR PERGUNTADO, E,
ASSIM, DEPOIS DE ADVERTIDA DAS PENAS COMINADAS AO CRIME DE FALSO
TESTEMUNHO, INQUIRIDA PELA AUTORIDADE POLICIAL SOBRE OS FATOS QUE
MOTIVARAM O PRESENTE FEITO DISSE QUE: Nada mais disse. Nada mais
havendo, mandou a Autoridade Policial que se encerrasse o presente termo que,
lido e achado conforme, vai devidamente assinado. Eu ________, Escrivã(o) de
Polícia, que o digitei.

Autoridade Policial

DEPOENTE: ____________________________

Escrivã(o) de Polícia

SEXTA PEÇA NA ELABORAÇÃO DO FLAGRANTE

AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE


TERMO DE DEPOIMENTO DA 2ª TESTEMUNHA

27
BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL DE Nº

Às ( ) horas do dia ( ) do mês ( ) de do ano 2007, nesta cidade de Barreiras,


Estado da Bahia, na sala do Cartório da Delegacia Circunscricional de Polícia,
onde presente se encontrava o Bel. Carlos Cruz Ferro, comigo, Escrivã(o) de
Polícia de seu cargo, ao final assinado, compareceu o(a) , brasileiro(a), , , RG ou
MAT. , lotado e servindo no(a) , situado no(a) , nesta cidade, onde recebe
intimações, SEGUNDA TESTEMUNHA, da prisão do flagranteado(a) . AOS
COSTUMES DISSE NADA. TESTEMUNHA COMPROMISSADA NA FORMA DA LEI
PROMETEU DIZER A VERDADE DO QUE SOUBER E LHE FOR PERGUNTADO, E,
ASSIM, DEPOIS DE ADVERTIDA DAS PENAS COMINADAS AO CRIME DE FALSO
TESTEMUNHO, INQUIRIDA PELA AUTORIDADE POLICIAL SOBRE OS FATOS QUE
MOTIVARAM O PRESENTE FEITO DISSE QUE: Nada mais disse. Nada mais
havendo, mandou a Autoridade Policial que se encerrasse o presente termo que,
lido e achado conforme, vai devidamente assinado. Eu ________, Escrivã(o) de
Polícia, que o digitei.
Autoridade Policial
DEPOENTE: ____________________________

Escrivã(o) de Polícia

SÉTIMA PEÇA NA ELABORAÇÃO DO FLAGRANTE

AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE


TERMO DE INTERROGATÓRIO DO CONDUZIDO

BOLETIM DE OCORRÊNCIA POLICIAL DE Nº

Às ( ) horas do dia ( ) do mês ( ) de do ano 2007, nesta cidade de Barreiras,


Estado da Bahia, na sala do Cartório da Delegacia Circunscricional de Polícia,
onde presente se encontrava o Bel. Carlos Cruz Ferro, comigo, Escrivã(o) de
Polícia de seu cargo, ao final assinado, antes de iniciada a qualificação do
conduzido, pela Autoridade Policial foram a ele esclarecidos seus direitos,
previstos no art. 5º, LXII, LXIII, e LXIV, notadamente o seu direito de
silêncio, conforme art. 5º, LXIII, da Constituição Federal, e art. 186 do
Código de Processo Penal. Em seguida, passou a autoridade à QUALIFICAÇÃO
DO CONDUZIDO: , brasileiro(a), , , RG. , natural de , nascido aos , filho de ,
residente e domiciliado . Cientificado das imputações que lhe são feitas e
interrogado, nos termos do art. 187 do Código de Processo Penal, RESPONDEU: .
Nada mais disse. Nada mais havendo, mandou a Autoridade Policial que se
encerrasse o presente termo que, lido e achado conforme, vai devidamente
assinado. Eu ________, Escrivã(o) de Polícia, que o digitei.

Autoridade Policial

CONDUZIDO: __________________________

Escrivã(o) de Polícia

28
OITAVA PEÇA NA ELABORAÇÃO DO FLAGRANTE
NOTA DE CULPA
Barreiras(BA), __ de _____ de 2007.
A autoridade acima comunica a: _______, vulgo “A___”, RG. _______ SSP/BA,
brasileiro, solteiro, comerciante, natural de ___/BA, nascido em _______, filho
_____________ E _______, residente na Rua _____________, bairro _____,
nesta cidade.

Que se acha preso em flagrante na forma da Lei, POR INFRAÇÃO AO ARTIGO


121, § 2º INCISO II, C/C O ART. 14, INCISO II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL, fato
ocorrido, no dia de ontem, por volta das 15:40 horas.

LOCAL: Rua _____________, nº ____, bairro ___ Vista, nesta cidade.

CONDUTOR: _______________, já qualificado nos autos.

TESTEMUNHA: __________________, já qualificado nos autos.

TESTEMUNHA: ________________, já qualificado nos autos.

DELEGADO:

ESCRIVÃ(O):

CONDUZIDO: _____________________

29
MODELO Nº 03
(Modelo de Requerimento para instauração de inquérito policial em crime de ação privada e de Procuração)

ILMO SR DR DELEGADO DE POLÍCIA TITULAR DO 107º DISTRITO POLICIAL

MARIO SANTOS PEREIRA, brasileiro, casado, Comerciante, portador da Cédula de Identidade RG


12.564.987.SSP.SP, residente e domiciliado na Rua 1º de Agosto, 19, no bairro de Pereira Barreto,
nesta Capital, vem, respeitosamente à presença de V.Sa., através de seu Procurador infrafirmado, com
fulcro no artigo 5º, § 5º do C.P.P.,

REQUERER INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO POLICIAL

contra GERALDO BAPTISTA PEDREIRA, Brasileiro, solteiro, residente e domiciliado na Rua


Antonio João, 583, no bairro da Casa Verde, nesta Capital de São Paulo, requerendo a instauração do
competente Inquérito Policial por enquadrar a conduta da requerida no artigo 217 do Código Penal
Brasileiro, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor :

O requerido, desde o mês de junho de 1996 vinha mantendo namoro com a menor MARIANA
SANTOS PEREIRA, filha do requerente e de sua esposa MARIA SANTOS PEREIRA, nascida nesta
capital aos 12.12.80, tendo freqüentado a residência dos mesmos e, demonstrando sempre bons
propósitos, chegou a acenar à possibilidade de contrair casamento, tendo a mesma, inclusive,
começado a preparar enxoval.

Entretanto, inusitadamente, o requerido deixou, sem qualquer satisfação, de freqüentar a residência de


MARIANA, inclusive, deixando de ver a namorada, fato que deixou o requerente intrigado e que o fez
interpelar à filha, tendo a mesma alegado desavença entre namorados.

Passados três meses do fato, o requerente notou sintomas de gravidez na filha MARIANA, tendo
submetido a mesma a exame médico e sido constatado o estado. Instada a esclarecer o fato,
MARIANA informou que em determinada data, quando encontrava-se a sós com o namorado na
residência do requerente, este alegou que somente se casaria consigo se fosse virgem, tendo abalado a
moça emocionalmente, fazendo-lhe crer que poderia perder o ente amado. Diante da exigência,
permitiu que o mesmo a desnudasse e, em decorrência do fato, passaram a trocar carícias e a manter
ato sexual, tendo, após o ato, GERALDO afirmado que se casaria com MARIANA, alegando que nada
teria a temer.

30
Estarrecido com a declaração da filha, o requerente procurou GERALDO e este alegou que realmente
teria a intenção de casar-se com MARIANA, não tendo realizado o ato em virtude de problemas
financeiros e que, tão logo fossem sanados, o mesmo casar-se-ia com a filha do requerente.

Não obstante a promessa de casamento, passam-se já três meses da promessa, encontrando-se


MARIANA arcando com as conseqüências do engodo perpetrado pelo requerente para manter relação
sexual consigo, não vislumbando-se intenção naquele em reparar o ato, bem como de assumir a
criança, produto da relação sexual.

Diante do exposto, requer-se a instauração do competente Inquérito Policial para apuração dos fatos,
requerendo, desde já, oitiva de testemunhas, arroladas abaixo, depoimento pessoal do requerente e de
sua filha, perícias e depoimento pessoal do requerido, para elucidar-se, dessa maneira, a veracidade
das informações contidas na presente.

Nestes termos,
p.deferimento.

São Paulo, 06 de dezembro de 1996.

pp.Dr.HANS MARCOS OSTLUND


OAb 111.111/SP

PROCURAÇÃO
Pelo presente instrumento particular de mandato que fez datilografar e assina, MARIO SANTOS
PEREIRA, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado nesta Cidade na Rua 1º de Agosto,
19, constitui e nomeia seu bastante procurador ou onde com este instrumento se apresentar, o
Dr.HANS MARCOS OSTLUND, brasileiro, casado, portador do CIC. 11.889.977, inscrito na Ordem
dos Advogados do Brasil, Secção de São Paulo, sob o nº 111.111, com residência e escritório nesta
cidade, na rua Gomes Cardim, 342, a quem confere necessários poderes, inclusive os da cláusula " ad
judicia ", especialmente para requerer a instauração de inquérito policial e, posteriormente, queixa-
crime contra GERALDO BAPTISTA PEDREIRA, brasileiro, solteiro, residente e domiciliado na Rua
Antonio João, 583, no bairro de casa verde, nesta Capital, pelo fato de haver este, em fins de junho de
1996, nesta cidade, abusando da inexperiência e justificável confiança de sua filha MARIANA
SANTOS PEREIRA, então com dezesseis anos de idade, com ela mantido relações sexuais,
desvirginando-a e engravidando-a. Poderá o referido Procurador atuar em qualquer instância,
produzir provas, fazer alegações, interpor e arrazoar quaisquer recursos e contra-razoar os
eventualmente interpostos, receber intimações e notificações e, enfim, praticar todos e quaisquer atos
necessários ao fiel desempenho do presente mandato, inclusive substabelecer a quem convier, com ou
sem reservas de iguais poderes, o que tudo dará por muito bom, firme e valioso.

São Paulo, 6 de dezembro de 1996

MARIO SANTOS PEREIRA

Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997.

31
MODELO Nº 04
(Modelo de Requerimento da vítima)

ILMO.SR.DR.DELEGADO DE POLÍCIA DESTE MUNICÍPIO

BRUNO M.FRANCO, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua
Paissandu n.99, respeitosamente, vem, perante V.Sa., nos termos do artigo 5º, II do CPP, requerer a
instauração de inquérito policial contra INOCÊNCIO PUREZA, brasileiro, maior, do comércio,
solteiro, atualmente residindo em Ibitinga, onde trabalha na fábrica Monte-Belo, pelo seguinte fato :

1º) O Suplicante é proprietário de uma loja de calçados, situada nesta cidade, na Praça da
Matriz n.18, e, no dia 18 de maio próximo passado, determinou ao Suplicado, então seu empregado, se
dirigisse ao escritório de Pedro da Silva, situado nesta cidade, na Rua XV de novembro, n.19, a fim de
receber a quantia de R$ 180,00 (cento e oitenta reais) que lhe era devida e proveniente de vendas de
calçados que fizera, no mês anterior, a sua família.

2º) De volta, o Suplicado dissera ao Suplicante que estivera no escritório do devedor e este
informara que somente em julho é que poderia liquidar o débito.

3º) Todavia, anteontem, como o Suplicante precisasse daquele numerário para pagar uma
promissória, dirigiu-se pessoalmente ao escritório de Pedro da Silva, e qual não foi seu espanto ao
tomar conhecimento de que o Suplicado, no mesmo dia 18 de maio próximo passado, recebera a
importância devida, tendo firmado um recibo, cuja fotocópia acompanha o presente.

4º) Assim, tendo o Suplicado infringido o disposto no artigo 168, § 1º, III, 2ª figura do CP -
apropriação indébita na sua forma qualificada -, a instauração de inquérito é medida que se impõe.

5º) Além de Pedro da Silva, poderão testemunhar o fato Maria das Dores e Miguel Sanches,
brasileiros, maiores, empregados do estabelecimento comercial do suplicante e, Ricardo da
Conceição, contador, residente nesta cidade, na Rua Balpendi, 99.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Cosmópolis, 15 de julho de 1990

Bruno M.Franco

Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997.

32
MODELO Nº 05
(Modelo de Requisição do Promotor de Justiça)

Dr.Delegado

Tendo tido ciência, por intermédio de Antonio de Freitas, brasileiro, casado, natural deste Estaco,
residente na Rua das Andorinhas, n.10, nesta cidade, que em dias da semana passada, na fazenda "
Corumbataí ", de sua propriedade, situada neste município e comarca, seu administrador, Antonio
Felisberto, por questão de nonada, agrediu e feriu, com um rebenque, seu filho Gilberto Felisberto,
requisito instauração de inquérito a respeito, caso V.Sa. já não o tenha feito.

Para maior governo de V.Sa., esclareço terem sido testemunhas do fato Manoel Arcabouças e Ricardo
dos Santos, trabalhadores rurais, alí residentes.

Aproveito o ensejo que se me apresenta para externar-lhe protestos de consideração e estima.

Éder Godoy
Promotor de Justiça

À Sua Senhoria o Senhor


Doutor Ruy Antunes da Silva Mello.
DD.Delegado de Polícia deste Município
Nesta.

Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997.

33
MODELO Nº 06
(Modelo de Requisição do Juíz)

Dr.Delegado

Tendo chegado ao meu conhecimento que Felisbina Santa Pureza, brasileira, presumivelmente casada,
residente na Rua Sete de Setembro n.19, nesta cidade, de uns tempos a esta data, vem infligindo maus-
tratos ao seu filho Clodoaldo, de 10 anos de idade, expondo a perigo sua saúde, em virtude dos
trabalhos excessivos a que o sujeita, requisito a instauração de inquérito a respeito.

Além de outras testemunhas que poderão ser ouvidas no curso da investigação, deverão prestar
esclarecimentos a professora Clotilde dos Santos, residente nesta Cidade, na Rua Tiradentes, n.16, que
trouxe o fato ao meu conhecimento, e Zenóbio Pantaleão, alfaiate, residente na Rua Sete de Setembro
n.27, nesta Cidade.

Aproveito a oportunidade para reiterar-lhe meus protestos de estima e consideração.

Dra.Sofia Stéfanie Tourinho Ostlund


Juíza de Direito

À Sua Senhoria o Senhor


Doutor Ruy Antunes da Silva Mello,
DD.Delegado de Polícia deste Município
Nesta.

Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997.

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MODELO Nº 07
(Modelo de Representação reduzida a termo)

Delegacia de Polícia de Cosmópolis


(crime de ação pública condicionada)

Aos vinte e um dais do mês de julho do ano de mil, novecentos e noventa, nesta cidade de Cosmópolis,
deste Estado, na sede da Delegacia de Polícia, onde se achava o Sr.Dr.Ruy Antunes da Silva Mello,
Delegado respectivamente comigo, Escrivão de seu cargo, ao final assinado, compareceu Sigismundo
Pereira Filho, filho de Ambrosino Pereira e Maria das Dores Pereira, brasileiro, casado, lavrador,
natural de itambé, Estado da Bahia, residente nesta cidade, na Rua Itapicuru, n;11, e declarou que, na
qualidade de pai da menor Purificação Santina Pereira, atualmente com 17 anos de idade, e na
conformidade da lei processual penal, vem representar contra Vivaldino das Proezas, com 23 anos de
idade, presumivelmente solteiro, mecânico, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua da Paz n.44,
pelo fato de, em novembro do ano próximo passado, no quintal de sua residência, haver mantido
relações sexuais com sua referida filha, desvirginando-a. Solicita, assim, seja instaurado inquérito
policial a respeito, a fim de que possa, oportunamente, o DD.representante do Ministério Público
promover a ação penal. Disse mais que, não podendo prover às despesas do processo, requer a esta
autoridade lhe seja fornecido, para ser juntado aos autos, atestado de pobreza, para os fins do art.225,
§ 1º, I, combinado com o § 2º do mesmo artigo do CP. Nada mais. Lido e achado conforme, vai
devidamente assinado. Eu, Amadeu Leão, escrivão que o datilografei e assino.

Dr.Ruy Antunes da Silva Mello

Sigismundo Pereira

Amadeu Leão

Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997.

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MODELO Nº 08
(Modelo de Representação feita por Procuração e Modelo de Procuração)

Ilmo.Sr.Dr.Delegado de Polícia deste Município

Euzébio Costa, brasileiro, casado, funcionário público estadual, residente e domiciliado nesta cidade,
na rua Correa Telles n.10, por seu procurador infrafirmado (documento anexo), vem, respeitosamente,
expor e requerer a V.Sa. o seguinte :

1º) Em dias de fevereiro do ano em curso, nesta cidade, Manuel Ricardino da Silva, brasileiro,
casado, comerciante, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua São José n.89, irresignado com o
auto de infração, por sonegação fiscal, que o Suplicante, na qualidade de fiscal de rendas do Estado,
contra ele lavrou, aos 31 de janeiro próximo passado, procurou denegrir a honra do suplicante.

2º) Com efeito, passou o Suplicado a dizer a diversas pessoas desta cidade que aquele auto de
infração somente fora lavrado porque se recusara a dar ao suplicante a importância de R$ 50.000,00
(Cinqüenta mil reais) que lhe fora solicitada para poder " fechar os olhos ".

3º) Com trinta anos de serviço público e residindo nesta cidade, em que nasceu, sempre gozou de
prestígio e consideração não só entre seus colegas como também em toda a sociedade, pela sua
retidão de caráter e acendrado amor ao trabalho, razão pela qual lhe causou espécie e leviana e
criminosa exprovação violenta que lhe fizera o suplicado.

4º) As verrinas que lhe foram lançadas são, como não podiam deixar de ser, supinamente falsas,
pois, e isto apenas para argumentar, como poderia o Suplicante exigir ou solicitar do Suplicado
aquela soma para deixar de lavrar um auto de infração que obrigará o Suplicado a recolher aos cofres
públicos, entre impostos e multa, tão-somente a cifra de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) ?

5º) Assim, tendo ele infringido o disposto no artigo 138, "caput", do CP, vem, nos termos do
parágrafo único do art.145, combinado com o artigo 141, II, do mesmo estatuto e art.5º, § 4º, do CPP,
representar contra o Suplicado, autorizando e solicitando a instauração de inquérito policial a
respeito, a fim de que possa o DD.Representante do Ministério Público, posteriormente, contra ele
interpor ação penal.

Como testemunhas, poderão ser ouvidas, além de outras a juízo de V.Sa., Bernardino Campos,
Comerciante, residente nesta cidade, na Rua Campos Salles, n.10, Francisco Rocha, do Comércio,
residente na Rua Tamandaré, n.19, e Gilberto Tanajura, bancário, residente nesta cidade, na Rua
Aymorés, n.23.

Nestes termos,
P.deferimento.

Esplanada, 04 de maio de 1990

pp.Hans Marcos Tourinho Ostlund


Advogado

Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997.

36
PROCURAÇÃO

Por este instrumento particular de mandato, datilografado e por mim assinado, eu, Euzébio Costa,
brasileiro, casado, funcionário público estadual, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua Correia
Telles n.10, constituo e nomeio meu bastante Procurador, nesta cidade ou onde com este instrumento
se apresentar, o Dr.Hans Marcos Tourinho Ostlund, brasileiro, CIC n.11.233.344, advogado na OAB,
secção da Bahia, sob o n.445.566, residente nesta cidade e com escritório na Praça Tiradentes n.10,
para o fim especial de, perante a autoridade competente, fazer representação, nos termos do § 4º do
art.5º do CPP, contra Manuel Ricardino da Silva, brasileiro, casado, comerciante, residente e
domiciliado nesta cidade, na rua São José, n.89, visando à instauração de inquérito policial, a fim de
que, oportunamente, possa o DD.Promotor de Justiça contra ele promover a ação penal, como infrator
do art.138 do CP, pelo fato de haver ele, em fevereiro do ano em curso, nesta cidade, dito a diversas
pessoas que, na qualidade de fiscal de rendas do Estado, o outorgante lhe solicitara a quantia de R$
50.000.00 (Cinqüenta mil reais), para não lavrar contra ele auto de infração por sonegação fiscal.
Poderá o outorgado, ora constituído, praticar os atos necessários a fim de que o inquérito seja
instaurado, arrolar testemunhas, requerer diligências e tudo quanto for necessário para o fiel
desempenho do presente mandato, inclusive substabelecer a quem convier, com ou sem reservas de
iguais poderes, o que tudo dará por firme e valioso.

Esplanada, 02 de maio de 1990

Euzébio Costa
(firma reconhecida)

Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997.

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VIII - AÇÃO PENAL
1. Conceito

O direito de ação é o direito subjetivo público de pleitear ao Poder Judiciário uma


decisão sobre uma pretensão.
Desde o momento em que o Estado instituiu a proibição da justiça privada, foi
outorgado aos cidadãos o direito de recorrer a órgão estatais para a solução de seus
conflitos de interesses.

2. Espécies de ação penal no direito brasileiro

No processo penal é corrente a divisão subjetiva das ações, isto é, em função da


qualidade do sujeito que detém a sua titularidade.
Diante disto, levando-se em conta o sujeito que a promove, a ação penal pode ser
pública ou privada.

Ação penal pública: quando promovida pelo Ministério Público, e constitui regra do
nosso Direito.

Ação penal privada: quando promovida pelo particular. É privada, porque entendeu o
Estado que certas infrações penais afetam muito mais o interesse particular que o
social e, sem abrir mão do direito de punir, que irrefragavelmente lhe pertence como
uma das expressões mais características da sua soberania, transferiu ao particular o
direito de ação penal.

Por outro lado, a ação penal pública pode ser condicionada ou incondicionada.

Ação penal pública incondicionada: quando o seu exercício não depende de


manifestação da vontade de quem quer que seja. Exemplo: homicídio.

Ação penal pública condicionada: quando a propositura da ação penal depende de


uma manifestação de vontade. Essa manifestação de vontade se cristaliza num ato
que se chama representação ou requisição.

Seja condicionada, seja incondicionada, a ação penal inicia-se por um ato processual
- a denúncia, que é apresentada pelo representante do Ministério Público. Tratando-
se de ação penal privada, a sua peça inicial é denominada queixa-crime.

A ação penal privada apresenta-se sob três modalidades:

a) ação penal privada, ou propriamente dita: que somente pode ser exercida pela
vítima ou por quem legalmente a represente e, no caso de morte, por qualquer uma
das pessoas citadas no art. 31;

b) ação penal privada subsidiária da pública: que é aquela iniciada por meio de
queixa, quando embora se trate de crime de ação pública, o Promotor não haja
oferecido denúncia no prazo legal (art. 29 do CPP);

38
c) ação privada personalíssima: aquela cujo exercício cabe apenas ao ofendido.
3. As condições da ação

São requisitos que subordinam o exercício do direito de ação. Para se poder exigir, no
caso concreto, a prestação jurisdicional, faz-se necessário, antes de tudo, o
preenchimento de certas condições, que se denominam condições de procedibilidade.
São de duas ordens:

3.1. condições genéricas: exigidas sempre, pouco importando o tipo de ação penal
(se pública ou privada).

3.2. condições específicas: exigidas num ou noutro caso, e, quando necessário, a


lei penal ou processual consigna a exigência.

As genéricas são três:

a) possibilidade jurídica do pedido:

Significa que o Estado tem possibilidade, em tese, de obter a condenação do


réu, motivo pelo qual é indispensável que a imputação diga respeito a um fato
considerado criminoso. Demanda-se, assim, que a imputação diga respeito a
um fato típico, antijurídico e culpável. Em sendo o fato praticado atípico, não
há infração; não havendo infração, não pode haver pretensão punitiva e, não
havendo pretensão punitiva, não pode ser exercida a ação penal, devendo ser
rejeitada a peça acusatória.

b) legitimidade de parte:

Somente a parte legítima é que pode promover a ação penal. Assim, apenas o
titular do bem ou interesse lesionado é que pode exercer a ação penal.

O Estado é que detém o direito de punir, sendo, portanto, o titular desse


direito, apenas ele é que poderá exercer a ação penal. Todavia, em
determinados casos, poucos, aliás, sem abrir mão do seu direito de punir, o
Estado transfere ao particular o jus persequendi in judicio, isto é, o direito de
agir e de acusar - são os casos de ação penal privada. Nestes casos, o
particular é parte legítima para requerer que se instaure o processo.

Assim, se por acaso, num crime de ação privada, o Promotor oferece a


denúncia, deve o juiz rejeitá-la, sob o fundamento de que quem a promoveu
não era parte legítima.

c) interesse de agir: representa o interesse de obter do Estado-Juiz a tutela


jurisdicional, desde que presente o trinômio: necessidade, utilidade e
adequação. Na falta de um destes elementos, é inútil a provocação da tutela
jurisdicional, porque se apresenta não apta a produzir a correção da violação
do direito argüido na inicial.

39
Exemplo: quando já estiver extinta a punibilidade do acusado.
As específicas são:

a) representação do ofendido e requisição do Ministro da Justiça;

b) entrada do agente no território nacional;

c) autorização do legislativo para instauração de processo contra Presidente e


Governadores, por crimes comuns;

d) trânsito em julgada da sentença que, por motivo de erro ou impedimento,


anule o casamento, no crime de induzimento a erro essencial ou
ocultamento do impedimento.

Obs: A partir da Lei 11.719/2008 revogou-se o art. 43 e o seu conteúdo foi transferido, com
alterações, para o art. 395 do CPP, todavia, quanto às condições genéricas da ação, vários
doutrinadores continuam a sustentar serem as três já indicadas, ou seja, possibilidade jurídica do
pedido, interesse de agir e legitimidade de parte.

4. Ação penal pública incondicionada: Titularidade e Princípios

4.1. Titularidade
Exclusiva do Ministério Público, com uma única exceção: no caso de inércia
demonstrada pelo órgão público, é admitida ação penal privada subsidiária, proposta
pelo ofendido ou seu representante legal.

4.2. Princípio da obrigatoriedade


Identificada a hipótese de atuação, não pode o Ministério Público recusar-se a dar
início à ação penal.
Devendo denunciar e deixando de fazê-lo, o promotor poderá estar cometendo crime
de prevaricação.
Atualmente, o princípio sofre inegável mitigação com a regra do art. 98, I, da
Constituição Federal, que possibilita a transação penal entre Ministério Público e o
autor do fato, nas infrações penais de menor potencial ofensivo. A possibilidade de
transação está regulamentada pelo art. 76 da Lei 9.099/95, substituindo nestas
infrações penais, o princípio da obrigatoriedade pelo da discricionariedade regrada.

4.3. Princípio da indisponibilidade

Oferecida a ação penal, o Ministério Público dela não pode desistir (CP, art. 42).
Tal princípio não vigora no caso das infrações regidas pela Lei n. 9.099/95, cujo art.
89 concede ao Ministério Público a possibilidade de preenchidos os requisitos legais,

40
propor ao acusado, após o oferecimento da denúncia, a suspensão condicional do
processo, por prazo de dois a quatro anos, cuja fluência acarretará a extinção da
punibilidade do agente (art. 89). É, sem dúvida, um ato de disposição da ação penal.

4.4. Princípio da oficialidade

Os órgãos encarregados da persecução penal são oficiais, isto é, públicos.

4.5. Princípio da autoritariedade

Corolário do princípio da oficialidade. São autoridades públicas os encarregados da


persecução penal extra e in judicio (respectivamente, autoridade policial e membro do
Ministério Público).

4.6. Princípio da oficiosidade

Os encarregados da persecução penal devem agir de ofício, independentemente de


provocação, salvo nas hipóteses em que a ação publica for condicionada à
representação ou à requisição do ministro da justiça.

4.7. Princípio da indivisibilidade

Também aplicável à ação penal privada (CPP, art. 48). A ação penal pública deve
abranger todos aqueles que cometeram a infração, não podendo o Ministério Público
escolher, dentre os indiciados, quais serão processados.

4.8. Princípio da intranscendência

A ação penal só pode ser proposta contra a pessoa a quem se imputa a prática do
delito, é personalíssima.

5. Ação penal pública condicionada

É aquela cujo exercício se subordina a uma condição. Essa condição tanto pode ser a
manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal (representação),
como também a requisição do Ministro da Justiça. Entretanto, a ação continua sendo
pública, exclusiva do Ministério Público, que só pode dar início se a vítima ou seu
representante legal o autorizarem, por meio de uma manifestação de vontade.
Todavia, uma vez iniciada a ação penal, o Ministério Público a assume
incondicionalmente, a qual passa a ser informada pelo princípio da indisponibilidade,
sendo irrelevante qualquer tentativa de retratação.

5.1. Crimes cuja ação depende de representação da vítima ou de seu


representante legal.

1) Perigo de contágio venéreo (CP, art. 130, § 2º);

41
2) crime contra a honra de funcionário público, em razão de suas funções (art. 141, II,
c/c o art. 145, parágrafo único);

3) ameaça (art. 147, parágrafo único);

4) violação de correspondência (art. 151, § 4º);

5) correspondência comercial (art. 152, parágrafo único);


6) furto de coisa comum (art. 156, § 1º);
7) tomar refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utilizar-se de transporte, sem
ter recursos para o pagamento (art. 176, parágrafo único);

5.2. Natureza jurídica da representação

A representação é a manifestação de vontade do ofendido ou do seu representante


legal, no sentido de autorizar o desencadeamento da persecução penal em juízo.
Trata-se de condição objetiva de procedibilidade. É condição específica da ação
penal pública. Na ausência desta não se pode dar início a persecução penal.

5.3. Prazo

O prazo para exercer o direito de representação é de 6 (seis) meses, a contar do dia em


que o ofendido ou seu representante legal vier a saber quem é o autor do crime.

5.4. Forma

A representação não tem forma especial. O Código de Processo Penal, todavia,


estabelece alguns preceitos a seu respeito (art. 39, caput e §§ 1º e 2º), mas a falta de
um ou de outro não será, em geral, bastante para invalidá-la. Óbvio que a ausência de
narração do fato a tornará inócua.

A representação pode ser dirigida ao juiz, ao representante do Ministério Público ou à


autoridade policial (cf. art. 39, caput, do CPP).
Feita a representação contra apenas um suspeito, esta se estenderá aos demais,
autorizando o Ministério Público a propor a ação em face de todos, em atenção ao
princípio da indivisibilidade.

5.5. Irretratabilidade

A representação é irretratável após o oferecimento da denúncia (CPP, art. 25). A


retratação só pode ser feita antes de oferecer a denúncia, pela mesma pessoa que
representou.

5.6. Não vinculação

A representação não obriga o Ministério Público a oferecer a denúncia, devendo este


analisar se é ou não caso de propor ação penal, podendo concluir pela sua instauração,

42
pelo arquivamento do inquérito, ou pelo retorno dos autos à polícia, para novas
diligências. Ainda, não está vinculado à definição jurídica do fato estabelecida na
representação.

6. Ação penal privada: conceito, fundamento e princípios.

É aquela em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir, transfere a


legitimidade para a propositura da ação penal à vítima ou a seu representante legal. A
distinção básica que se faz entre ação penal privada e ação penal pública reside na
legitimidade (CF, art. 129, I). Apenas por razões de política criminal é que ele
outorga ao particular o direito de ação.

6.1. Fundamento

Evitar que o streptus judici (escândalo do processo), provoque no ofendido um mal


maior do que a impunidade do criminoso, caso não proposta a ação penal.

6.2. Titular

O ofendido ou seu representante legal (CP, art. 100, § 2º; CPP, art. 30). Na técnica do
Código, o autor denomina-se querelante e o réu querelado. Se o ofendido for menor
de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardo mental, e não tiver representante
legal, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado para o
ato (art. 33 do CPP).

6.3. Princípio da oportunidade ou conveniência

O ofendido tem a faculdade de propor ou não a ação de acordo com a sua


conveniência, ao contrário da ação penal pública, informada que é pelo princípio da
legalidade, sendo o qual não é dado ao seu titular, quando da sua propositura,
ponderar qualquer critério de oportunidade e conveniência. Diante disto, se a
autoridade se deparar com uma situação de flagrante delito de ação privada, ela só
poderá prender o agente se houver expressa autorização do particular (CPP, art. 5º, §
5º).

6.4.Princípio da disponibilidade

Na ação privada, a decisão de prosseguir ou não, até o final, é do ofendido. O


particular é o exclusivo titular dessa ação, porque o Estado assim o desejou e, por
isso, lhe é dada a prerrogativa de exercê-la ou não, conforme suas conveniências.
Ainda, é possível, até o trânsito em julgado da sentença condenatória, dispor por meio
do perdão ou da perempção (CPP, art.51 e 60, respectivamente).

6.5. Princípio da indivisibilidade

Segundo o artigo 48 do CPP, o ofendido pode escolher entre propor ou não a ação.
Não pode, porém, escolher dentre os ofensores qual irá processar. Ou processa todos,
ou não processa nenhum. O Ministério Público não pode aditar a queixa para nela
incluir os outros ofensores, porque estaria invadindo a legitimação do ofendido.

43
6.6. Princípio da intranscendência

Significa que a ação penal só pode ser proposta em face do autor e do partícipe da
infração penal, não podendo se estender a quaisquer outras pessoas.

6.7. Espécies de ação penal privada

6.7.1. Exclusivamente privada ou propriamente dita

Pode ser proposta pelo ofendido se maior de dezoito anos e capaz; por seu
representante legal, se o ofendido for menor de 16; pelo representante legal ou pelo
ofendido, se ele for maior de 16 e menor de 18 anos (CPP, art.34); ou no caso de
morte do ofendido, ou declaração de ausência, pelo seu cônjuge, ascendente,
descendente ou irmão (CPP, art.31).

6.7.2. Ação privada personalíssima

Sua titularidade é atribuída única e exclusivamente ao ofendido, sendo o seu exercício


vedado até mesmo ao seu representante legal, inexistindo, ainda, sucessão por morte
ou ausência. Há entre nós apenas dois casos dessa ação penal:

a) crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento (CP,


art.236, parágrafo único).

Observação: No caso de ofendido incapaz, seja em razão da idade ou de enfermidade mental, a queixa
não poderá ser exercida, posto que há incapacidade para estar em juízo e impossibilidade do direito ser
manejado por representante legal ou por curador.

6.7.3. Subsidiária da pública

Proposta nos crimes de ação pública, condicionada ou incondicionada, quando o


Ministério Público deixar de fazê-lo no prazo legal. É a única exceção prevista à
regra da titularidade exclusiva do Ministério Público sobre a ação penal pública.

7. Crimes de ação penal privada no Código Penal

7.1. calúnia, difamação e injúria (arts.138, 139 e 140), salvo as restrições do


art.145;
7.2. alteração de limites, usurpação de águas e esbulho possessório, quando não
houver violência e a propriedade for privada (art.161, § 1º, I e II);
7.3. dano, mesmo quando cometido por motivo egoístico ou com prejuízo
considerável para a vítima (art.163, “ caput ”, parágrafo único, IV);
7.4. introdução ou abandono de animais em propriedade alheia (art.164 c/c art.167)
7.5. fraude à execução (art.179 e parágrafo único);
7.6. violação de direito autoral, usurpação de nome ou pseudônimo alheio, salvo
quando praticado em prejuízo de entidades de direito (arts.184 caput e 186);

44
7.7. induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento para fins
matrimoniais (art.236 e seus parágrafos);

7.8. o exercício arbitrário das próprias razões, desde que praticado sem violência
(art.345, parágrafo único).

8. Prazo
O prazo para o ofendido ou seu representante legal exercer o direito de queixa é de 06
(seis) meses, contado do dia que vierem, a saber, quem foi o autor do crime (CPP,
art.38), com a possibilidade de haver exceções:
Lei de Imprensa - três meses, contado a partir da data do fato;
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento - seis meses, contados a
partir do trânsito em julgado da sentença que, por motivo de erro ou impedimento,
anule o casamento;
Crimes de ação privada contra a propriedade material que deixar vestígios,
sempre que for requerida a prova pericial - trinta dias, contados da homologação
do Laudo Pericial.
O prazo para propor a ação penal privada é decadencial, conforme regra do artigo 10
do CP, computando-se o dia do começo e excluindo-se o dia final.
No caso de ofendido menor de 18 anos, o prazo da decadência só começa a ser
contado do dia em que ele completar essa idade, e não no dia em que ele tomou
conhecimento da autoria.
Tratando-se de ação penal privada subsidiária, o prazo será de seis meses a contar do
encerramento do prazo para o Ministério Público oferecer denúncia.

Observação: Lembre-se de que o pedido de instauração de inquérito não interrompe o prazo


decadencial.

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MODELOS EM AÇÃO PENAL

MODELO Nº 01
(Modelo de Denúncia)

EXMO.SR.DR.JUÍZ DE DIREITO DESTA 1ª VARA

O Promotor de Justiça que esta subscreve, no uso de suas atribuições, vem, perante V.Exa., oferecer
denúncia contra Basílio Carapuça, qualificado as fls.18 dos inclusos autos de inquérito policial, pelo
seguinte fato :

1) Consta dos referidos autos que, no dia 27 de fevereiro do ano em curso, por volta das 20:00
horas, nesta cidade, à altura do prédio n.20 da Rua Bento Gonçalves, o denunciado agrediu e lesionou
Pedro Bernardino.

2) Na verdade, dias antes dos fatos, o denunciado soubera que a vítima ficara desgostosa com o
serviço mecânico prestado ao seu veículo na Oficina " Tudo OK ", de propriedade do denunciado, e,
por isto, dissera que não pagaria o pretenso conserto.

3) No dia, local e hora já citados, o denunciado encontrou-se casualmente com a vítima e lhe
perguntou se era verdade que não iria pagar os serviços que lhe foram prestados e, ante a resposta
afirmativa da vítima, que, inclusive, adiantou que assim procedia porquanto seu veículo saíra da
oficina do denunciado com os mesmos defeitos mecânicos, o denunciado irritou-se e, segurando a
vítima pelo braço, disse-lhe : " Você já me pagou e tenho até de lhe dar o troco " e, ato contínuo,
vibrou-lhe um murro à altura da região orbitária direita, produzindo-lhes lesões graves descritas no
laudo de fls.03. Em seguida, deixando a vítima estendida no solo, dalí se retirou.

4) Assim, estando ele incurso nas penas do art.129 § 1º, do CP, combinado com o art.61, II,
primeira figura do mesmo estatuto, requer, após o recebimento e autuação desta denúncia, seja o réu
citado para o interrogatório e, enfim se ver processado até final julgamento, nos termos do art.593 do
CPP, notificando-se a vítima e as testemunhas do rol abaixo para virem depor em juízo, em dia e hora
a serem designados, sob as cominações legais.

Rio de Janeiro, 14 de julho de 1990

Gilmar Augusto Teixeira


Promotor de Justiça

Rol :
1º) Pedro Bernardino (Vítima), qualificado as fls.4;
2º) Manoel Ricardo, qualificado as fls.08;
3º) Pedro dos Santos (funcionário municipal), qual.fls.10;
4º) Manoel José (Militar), qualif.a fls.15.

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Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997.

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MODELO Nº 02
(Modelo de despacho do Juíz recebendo a denúncia)

" Recebo a denúncia. Designo o dia ____, as ____ horas para o interrogatório. Cite-se.
Notifique-se o Dr.Promotor de Justiça. Defiro as diligências solicitadas pelo MP (Ministério
Público) (arts.394 e 399). (Data e Assinatura)"

Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997.

MODELO Nº 03
(Modelo de devolução dos autos à Polícia para novas diligências)

MM.Juíz :

A digna autoridade policial instaurou o presente inquérito para apurar um crime de furto. Constatou-
se, fartamente, a materialidade do fato. Apurou-se, também, que o seu autor, por sinal foragido, fora
um empregado da vítima. Embora o Doutor Delegado de Polícia deixasse de proceder à qualificação
direta do indiciado, e isto por razões óbvias, não havia motivos que o impedissem de proceder à sua
qualificação indireta. Sabe-se, apenas, que o indiciado se chama Pedro. Evidente que a
Promotoria não pode ofertar denúncia contra o indiciado, pois deixaria em sobressalto todos os
cidadãos com o prenome Pedro... Ademais, o art.41 do CPP dispõe que a denúncia ou a queixa deve
conter a qualificação do réu ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, e isto por razões
que dispensam comentários.

A denúncia deve ser oferecida contra o genuíno autor da infração, e, assim, tal ato processual não
pode ser praticado quando não se conhece a pessoa a quem deva ser atribuído tal qualidade. Certo
que ele está foragido. Nada impede que a digna autoridade policial colha, junto à vítima, a sua
qualificação. O indiciado já trabalhou para a vítima. É possível que ela ainda possua, nos seus
arquivos, os dados qualificativos do indiciado. Se a diligência for infrutífera, poderá o Doutor
Delegado, com os meios ao seu alcance, envidar esforços no sentido de trazer para os autos tais
elementos. Se de todo for impossível, restará à Promotoria requerer o arquivamento dos referidos
autos.

Ante o exposto, requer a Promotoria sejam os autos devolvidos à Delegacia de origem para os fins
acima expostos.

Bauru, 17 de julho de 1990

Antônio Munir Rafidi


Promotor de Justiça

Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997.

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MODELO Nº 04
(Modelo de pedido de arquivamento)

MM.Juíz :

Instaurou-se o presente inquérito, registrado sob o n.29/88, contra Pedro Pedrão, porquanto este, no
dia 2-2-1988, por volta das 14:30 horas, dirigindo o seu automóvel Opala, chapa DV-1114, descendo
a Rua 13 de maio, ao atingir a confluência com a Av.Rodrigues Alves, convergiu à direita, com o
objetivo de ir à Av.das Nações. Naquele instante, trafegava pela referida avenida Rodrigues Alves o
Monza dirigido por José José. Houve o choque entre os dois veículos e o motorista do Monza saiu
lesionado. Instaurou-se o inquérito, porquanto pareceu à digna Autoridade Policial, pelas primeiras
informações colhidas, houvesse sido o motorista do Opala o causador do acidente. Na verdade, após
perícia e ouvida de testemunhas que presenciaram o fato, foi o motorista do Monza quem,
imprudentemente desrespeitou o semáforo, levando o seu conduzido a colidir contra o pára-lama
esquerdo do Opala. Na verdade, o causador do acidente foi o motorista do Monza. Por outro lado,
somente ele saiu ferido. Como se trata de autolesão, o fato não pode ser erigido à categoria de crime.
Contudo, houve a contravenção definida no art.34 da Lei das Contravenções. Ele dirigiu o seu
veículo pela Av.Rodrigues Alves, pondo em perigo a segurança alheia. De observar-se, entretanto,
que o fato ocorreu no dia 2-2-1988, há mais de um ano. Quando do fato, José José tinha apenas 20
anos de idade. Ora, a pena cominada àquela contravenção é de quinze dias a três meses. Sendo a
pena máxima inferior a um ano, a prescrição ocorre em dois anos (art.109, VI do CP); como ele, à
época do fato, era menor de 21 anos, o prazo prescricional é reduzido de metade (art.115 do CP);
assim, está extinta a punibilidade, pelo que, uma vez reconhecida, deve o presente inquérito ser
arquivado.

Bauru, 28-6-1990

Maria Helena Côrtes Pinheiro


Promotora de Justiça

Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997.

MODELO Nº 05
(Modelo de despacho do Juíz recebendo o pedido de arquivamento)

" Acolho integralmente o pedido de arquivamento, nos termos formulados pelo Dr.Promotor de
Justiça. Arquivem-se estes autos, registrados sob o n.87/88. Deste despacho, recorro " ex offício "
para o Eg.Tribunal de Alçada Criminal. Subam os autos. (data e assinatura)".

Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997.

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MODELO Nº 06
(Modelo de Queixa)

Exmo.Sr.Dr.Juíz de Direito desta Comarca

Basílio Costa, brasileiro, casado, lavrador, residente e domiciliado nesta cidade, na rua Tupinambá
n.10, por seu procurador infrafirmado, vem, perante V.Exa., oferecer queixa contra Ricardo
Pantaleão, brasileiro, solteiro, lavrador, residente e domiciliado nesta cidade, na Rua Andradina n.15,
pelo seguinte fato:

1º) Consta dos inclusos autos de inquérito policial que, no dia 27 de fevereiro último, por volta
das 17:00 horas, o querelado, que possui um sítio contíguo ao do querelante, neste município, sem
assentimento do querelante ou de quem de direito, abriu a porteira situada na divisa das duas
propriedades e introduziu dois cavalos seus no sítio do querelante.

2º) Apurou-se, no inquérito, que, dias antes, o querelado adquirira aquelas duas alimárias e
soltou-as em seu sítio, junto as outras de sua propriedade, em vez de prendê-los no curral ou tomar
outra providência, limitou-se a abrir a porteira e introduzi-los no sítio do querelante.

3º) Pelo laudo de fls.10, vê-se que os referidos animais estragaram parte da plantação de milho e
feijão do sítio do querelante, estimando os peritos que os prejuízos orçaram em R$ 100.000,00 (Cem
mil reais).

4º) Ante o exposto, tendo o querelado infringido o disposto no art.164 do CP, requer a V.Exa.
que, recebida e autuada esta, seja o querelado citado para o interrogatório e, enfim, para se ver
processar até final julgamento, quando, então, deverá ser condenado, observando-se o disposto no
art.539 do CPP, notificando-se as testemunhas do rol abaixo para virem depor em juízo, em dia e hora
a serem designados, sob as cominações legais.

Nestes termos,
P.deferimento.

Bauru, 17 de julho de 1990.

pp.Miriam Badra Freitas e Silva


Advogada - OAB/SP__________

Rol :

1º Pedro Maria, qualif.fls.09;


2º Manoel Faria, qualif.fls.1 vº;
3º Ricardo Calafate, qualif.fls.17;
4º Maria dos Santos, qualif.fls.15.

Modelos extraídos do livro ‘ Prática de Processo Penal ‘ - Fernando da Costa tourinho Fº - 1997.

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IX – “ACTIO CIVILIS EX DELICTO”

1. Introdução

A ninguém é lícito causar lesão ao direito de outrem, conforme dispositivos do


Código Civil, em vigor, a seguir transcritos:

Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral, comete ato ilícito.

Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.

Parágrafo único: Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de


culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza risco para os direitos de
outrem.

Exemplo: Se alguém efetua uma venda e não recebe o preço, pode o credor
ingressar com a competente ação no juízo cível, a fim de receber o que lhe é
devido.

Até aí, estamos exclusivamente no domínio do Direito Civil.

Pode acontecer, entretanto, que o prejuízo sofrido seja resultado não de um ilícito
civil, mas de um ilícito penal. Nesse caso, a ação que o prejudicado pode intentar,
visando à satisfação do dano é denominada actio civilis es delicto, porque a causa
petendi é o fato criminoso.

2. Pretensão punitiva e pretensão de ressarcimento.

Quando alguém transgride a norma penal, em regra, surgem duas pretenções: a civil e
a penal.

No entanto, há infrações penais que originam tão somente a pretensão punitiva.


Exemplo: uso de substância tóxica.

3. Ação penal e acitio civilis ex delicto

As duas ações não se confundem. A primeira tem por escopo realizar o Direito Penal
objetivo, visa a aplicação de uma pena ou medida de segurança, enquanto a Segunda
tem por objetivo a satisfação do dano produzido pela infração.

O Estado, ao cuidar da actio civilis ex delicito, no processo penal, procurou exercer


verdadeira tutela administrativa dos interesses privados atingidos pelo crime (arts. 63
a 68 do CPP).

51
4. Relação de independência entre a ação penal e a ação civil.

No Direito pátrio, o sistema adotado é o de total independência entre a ação penal e


a ação civil, ou seja, a parte interessada, se quiser, somente poderá promover a ação
para satisfação do dano na sede civil. Por outro lado, se houver sentença penal
condenatória com trânsito em julgado, será ela exeqüível na jurisdição civil, onde
não mais se discutirá o an debeatur (se deve) e sim o quantum debeatur (quanto é
devido). Mas se, proposta a ação civil, estiver em curso a ação penal, deverá o juiz
do cível sobrestar o andamento da primeira, a fim de evitar decisões conflitantes.

Todavia, a demonstrar verdadeiro excesso de zelo, o legislador, na Lei 11.719/2008,


fez acrescentar parágrafo único no art. 63, determinando que transitada em julgada a
sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos
do inciso IV do caput do artigo 387 do CPP, sem prejuízo da liquidação para a
apuração do dano efetivamente sofrido.

Todavia, nada impede que a satisfação do dano ocorra na esfera penal.


Exemplos:
1. O CPP prevê, nos artigos 118 a 120, a restituição ao lesado de coisas apreendidas
no juízo criminal e até mesmo na fase investigatória;
2. Lei 9.099/95 c/c Lei 10.259/98 – crime de menor potencial ofensivo, onde a
reparação do dano se dá na presença do juízo penal (artigos 72 a 74 da lei).

5. Responsabilidade civil e responsabilidade penal

A responsabilidade penal é sempre pessoal, o resultado de que depende a existência


do crime somente é imputável a quem lhe deu causa, não podendo nenhuma pena
ultrapassar da pessoa do delinqüente. Já a responsabilidade civil se-lo-á, às vezes,
dos seus representantes legais, conforme artigo 932, incisos I a V e artigo 933, ambos
do novo Código Civil.

6. Quantificação

 Lesão corporal – arts. 949 e 950, parágrafo único, do CC.


 Crimes contra a honra – art. 953 e parágrafo único do CC.
 Cárcere privado em prisão ilegal – art. 954, parágrafo único, incisos I a III.
 Crimes contra o patrimônio – parágrafo único do art. 952.

Não se cuidando de nenhum desses crimes, a satisfação do dano far-se-á por


arbitramento, nos termos do art. 946 do novo Código Civil.

7. Dano Moral

52
A lei não estabelece um quantum a título de indenização por dano moral, somente o
direito à sua indenização, caso violado, nos termos dos artigos 186 c/c 927 do novo
Código Civil.
O artigo 946 do Código Civil deixa entrever que a quantificação dos prejuízos em
outras hipóteses que não as previstas nos artigos 948 a 954, principalmente dos danos
morais, deve ser estabelecida mercê de arbitramento, ficando a aferição do montante
devido ao arbítrio do julgador em cada caso concreto, pesadas as circunstâncias e
conseqüências do agravo moral, o que, se não é por si um vetor negativo, por outro
lado gera insegurança e perplexidade às partes, à falta de previsão normativa desses
limites indenizatórios. Nosso legislador não estabeleceu um mínimo nem um
máximo, cabendo ao juiz a dosimetria mais correta do quantum devido.

8. Execução
Transitada em julgado a sentença penal condenatória, esta valerá, por força de lei,
como título certo e ilíquido, em favor do titular do direito à indenização. Deverá
extrair carta de sentença no processo condenatório, a qual será o instrumento formal
do título executório e deverá conter:
a) autuação;
b) denúncia ou queixa;
c) sentença condenatória;
d) certidão de que passou em julgado a sentença condenatória;
e) assinatura do juiz e do escrivão

9. Sentença penal absolutória (art. 66).


A circunstância de a sentença penal ser absolutória, em princípio, não é a causa
impeditiva da ação civil, a não ser quando se proclame que o fato não houve ou se
ocorrer uma causa de exclusão de ilicitude, como legítima defesa, por exemplo.

10. Arquivamento de inquérito e extinção da punibilidade.

Se houver arquivamento, este somente impedirá a propositura da ação civil se a


causa alegada for por inexistência do fato ou uma causa de excludente de ilicitude.
No que tange à extinção da punibilidade, depende do motivo que a ensejou: somente
o casamento do agente com a ofendida impedirá.

11. Atividade do Ministério Público


O artigo 68 do CPP, de acordo com a nossa Carta Magna, ficou sem aplicação, posto
que, em face do instituto da justiça gratuita, não haveria necessidade de se incumbir
o Ministério Público de semelhante tarefa, incumbindo então a Defensoria Pública.

53
X - COMPETÊNCIA

1. Conceito de jurisdição

Jurisdição é a função estatal exercida com exclusividade pelo Poder Judiciário,


consistente na aplicação de normas da ordem jurídica a um caso concreto, com a
conseqüente solução do litígio. É o poder de julgar um caso concreto, de acordo com
o ordenamento jurídico, por meio do processo.

2. Características da jurisdição

a) Substitutividade: a função jurisdicional apresenta uma função substitutiva ou


secundária, ou seja, o juiz substitui a atividade do particular pela sua própria,
em vez de os interessados fazerem justiça por conta própria, quem a faz é o
juiz, representante da vontade estatal. O juiz é o terceiro imparcial,
desinteressado, situado fora do conflito.

Todavia, os órgãos jurisdicionais precisam ser provocados para atuar. Dai


dizer-se que a atividade jurisdicional não pode se automovimentar, ou seja, ne
procedat judex ex officio. Dessa forma, quando as partes não obtiverem êxito
numa composição extrajudicial, não lhes resta alternativa senão buscar o órgão
jurisdicional, invocando-lhe a tutela estatal.

Assim, o juiz diz o direito somente após provocação da parte e depois de ouvir
a parte contrária (contraditório), recolhendo provas e as razões dos
conflitantes. Ação é, pois, invocação da prestação jurisdicional.

b) Definitividade: ao se encerrar o processo, a manifestação do juiz torna-se


imutável.

3. Princípios da jurisdição

3.1. Princípio do juiz natural: ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente, que é aquela cujo poder jurisdicional vem fixado em regras
predeterminadas (CF, art. 5º, LIII); do mesmo modo, não haverá juízo ou tribunal de
exceção (CF, art. 5º, XXXVII).

3.2. Princípio da investidura: a jurisdição só pode ser exercida por quem tenha sido
regularmente investido no cargo de juiz e esteja no exercício de suas funções.
3.3. Princípio do devido processo legal: ninguém será privado da liberdade ou de
seus bens sem o devido processo legal (CF, art. 5º, LIV).

54
3.4. Princípio da indeclinabilidade da prestação jurisdicional: nenhum juiz pode
subtrair-se do exercício da função jurisdicional, nem “a lei excluirá da apreciação do
Poder Judiciário, lesão ou ameaça a direito” (CF, art. 5º, XXXV).
3.5. Princípio da indelegabilidade: nenhum juiz pode delegar sua jurisdição a outro
órgão, pois estaria, por via indireta, violando a garantia do juiz natural.
3.6. Princípio da improrrogabilidade: um juiz não pode invadir a competência de
outro, mesmo que haja concordância das partes. Excepcionalmente, admite-se a
prorrogação da competência.
3.7. Princípio da inevitabilidade ou irrecusabilidade: as partes não podem recusar
o juiz, salvo nos casos de suspeição, impedimento e incompetência.
3.8. Princípio da correlação ou da relatividade: a sentença deve corresponder ao
pedido. Não pode haver julgamento extra ou ultra petita.
3.9. Princípio da titularidade ou da inércia: ne procedat judex ex officio. O órgão
jurisdicional não pode dar início à ação, ficando subordinado, portanto, à iniciativa
das partes.

4. Divisão da Jurisdição e competência

Como poder soberano do Estado, a jurisdição é una. Dentre as várias funções estatais,
encontra-se a de aplicar o direito ao caso concreto para a solução de litígios.

É evidente, porém, que um juiz apenas não tem condições físicas e materiais de julgar
todas as causas, diante do que a lei distribui a jurisdição por vários órgãos do Poder
Judiciário. Dessa forma, cada órgão jurisdicional somente poderá aplicar o direito
dentro dos limites que lhe foram conferidos nessa distribuição.

Assim, a competência é a medida e o limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão


judicial poderá dizer o direito.

Essa delimitação do Poder Jurisdicional é feita em vários planos e levando em conta a


natureza da lide (ratione materiae), o território (ratione loci) e a função que certas
pessoas exercem (ratione personae).

5. Espécies de competência

a) “ratione materiae”: estabelecida em razão da natureza do crime praticado;

b) “ratione personae”: de acordo com a qualidade das pessoas incriminadas;

c) “ratione loci”: de acordo com o local em que foi praticado ou consumou-se o


crime, ou o local da residência do seu autor.

6. Como localizar qual o juízo competente

55
Antes de tudo, cumpre determinar qual o juízo competente em razão da matéria, isto
é, em razão da natureza da infração penal.

I - Competência ratione materiae: (verificar a quem compete o julgamento)


1) à jurisdição especial
2) à jurisdição comum
1) Jurisdições especiais

a) Justiça Eleitoral: para o julgamento de infrações penais dessa natureza (arts.


118 a 121 da CF);

b) Justiça Militar: para processar e julgar os crimes militares definidos em lei (art.
124 da CF);

c) Competência política do Senado Federal (atividade jurisdicional atípica): para


processar e julgar o presidente da República, o vice, o procurador-geral da
República, os ministros do STF e o advogado-geral da União, nos crimes de
responsabilidade, e os ministros de Estado nestes mesmos crimes, desde que
conexos aos do presidente ou do vice (art. 52, I e II da CF).

2) Jurisdição comum (federal ou estadual)


a) à justiça federal (art. 109, IV da CF) compete processar e julgar os crimes
políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou
interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas,
excluídas as contravenções penais de qualquer natureza (que sempre serão da
competência da justiça estadual, nos exatos termos da Súmula 38 do STJ:
“compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o
processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de suas entidades”);

b) à justiça comum estadual compete tudo o que não for de competência das
jurisdições especiais e federais.
c) ao Tribunal do Júri compete o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

* Verificar quadro demonstrativo na página seguinte

Fixada a competência em razão da matéria, cumpre verificar o grau do órgão


jurisdicional competente, ou seja, se o órgão incumbido do julgamento é juiz,
tribunal ou tribunal superior.

Cumpre observar que no território nacional há certas pessoas que, pelo fato de
desempenharem funções de relevo, são processadas e julgadas por órgão superiores.
É o que se denomina foro pela prerrogativa de função, que é chamada competência
ratione personae.

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Essa delimitação de competência é feita pela Constituição Federal, e visa preservar a
independência do agente político no exercício de sua função, e garantir o princípio da
hierarquia, não podendo ser tratado como se fosse um simples privilégio estabelecido
em razão da pessoa. Senão vejamos:

II - Competência ratione personae: está assim distribuída


1) Supremo Tribunal Federal (CF, art. 102, I, b e c): compete processar e julgar,
originariamente, nas infrações penais comuns, seus próprios ministros, o presidente
da República, o vice, os membros do Congresso Nacional e o procurador-geral da
República; nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União, os chefes de
missão diplomática de caráter permanente e os ministros de Estado (salvo se o crime
em que a competência será do Senado Federal).
2) Superior Tribunal de Justiça(CF, art. 105, I, a): compete processar e julgar,
originariamente, nos crimes comuns, os governadores dos Estados e do Distrito
Federal; nos crimes comuns e nos de responsabilidade, os desembargadores dos
Tribunais de Justiça dos Estados e Distrito Federal, os membros dos Tribunais de
Contas dos Estados e Distrito Federal, os membros dos Tribunais Regionais
Federais, Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos
ou Tribunais de Contas dos Municípios e os membros do Ministério Público da União
que oficiem perante tribunais.

3) Tribunais Regionais Federais (CF, art. 108, I, a): compete processar e julgar,
originariamente, os juízes federais, da justiça militar e do trabalho, da sua área de
jurisdição, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério
Público da União, ressalvada a competência da justiça eleitoral.
(CF, art. 74, I e II): compete processar e julgar,
4) Tribunal de Justiça de São Paulo
originariamente, nas infrações penais comuns, o vice-governador, os secretários de
Estado, os deputados estaduais, o procurador-geral de justiça, o procurador-geral do
Estado, o defensor público geral e os prefeitos municipais (CF, art. 29, X); nas
infrações penais comuns e de responsabilidade, os juízes dos Tribunais de Alçada e
de justiça militar, os juízes de Direito e os juízes auditores da justiça militar, os
membros do Ministério Publico, o delegado-geral de polícia e o comandante geral da
polícia militar.
Verificada a competência ratione materiae e personae, cabe, agora, fixar a
competência em razão do lugar (ratione loci), porque é necessário saber qual o juízo
eleitoral, militar, federal ou estadual dotado de competência em razão do território,
principalmente considerando a vasta extensão territorial brasileira.

III - Competência ratione loci:

Em cada Estado da Federação e Distrito Federal há órgãos representativos das


jurisdições comum e especial. É a delimitação ratione loci do plano superior e
inferior. Assim, se o crime eleitoral ocorre no Estado de Sergipe é a Justiça Eleitoral

57
sediada em Sergipe a competente. Se um policial militar comete um crime militar em
São Paulo, será julgado pela Justiça Militar de São Paulo, e assim por diante.
Mas por outro lado, cada Estado é dividido em pequenas áreas territoriais
denominadas comarcas. Em cada comarca o Estado-Membro mantém certo número
de juízes para solucionarem as lides de sua alçada, que ali ocorreram, sendo que em
cada uma delas também funciona o Tribunal do Júri.
Vejamos onde a causa penal deve ser julgada:
1) A competência de foro é estabelecida, de modo geral, em atenção ao lugar onde ocorreu o
delito:

“A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a


infração penal, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato
de execução (CPP, art. 70). Entretanto, se a infração ocorrer nas divisas de duas ou
mais comarcas, ou quando incerto quanto aos limites, a competência será do juízo que
primeiro tomou conhecimento do feito (art. 83). Por outro lado, tratando-se de crime
continuado praticado no território de diversas comarcas, aplica-se o estabelecido no
art, 71, CPP (firma-se pela prevenção)”.

2) Essa competência é firmada subsidiariamente pelo domicílio ou residência do réu, quando


desconhecido o lugar da infração:

“Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo


domicílio ou residência do réu” (CPP, art. 72, caput). “Nos casos de exclusiva ação
privada, o querelante poderá preferir o foro do domicílio ou da residência do réu,
ainda quando conhecido o lugar da infração” (CPP, art. 73).

é por
3) Estabelecida à competência de foro, pelo lugar da infração ou pelo domicílio do réu,
distribuição entre os juízes da jurisdição que se fixa à competência concreta daquele
perante o qual se movimentará a ação penal (CPP, art. 75). Não se procede à
distribuição, quando:
a) em razão da matéria, pela natureza do crime, se for crime de competência do júri
popular, o processo não poderá ser distribuído normalmente entre os juízes do local,
pois o julgamento fica afeto a um órgão jurisdicional especial (cf. CPP, art. 74,
parágrafo 1º);

b) em razão da conexão ou continência, as infrações devem ser apuradas em


processo já afeto à autoridade judiciária prevalente (CPP, arts. 76 a 78);
c) em razão da prevenção, deve a ação penal ser submetida à apreciação de
autoridade judiciária, que já tenha, de algum modo, tomado conhecimento do caso
(CPP, art. 83).

Quando desconhecido o lugar onde ocorreu a infração, e o réu tiver mais de uma
residência, a competência, entre os juízes das respectivas jurisdições, se estabelecerá
por prevenção. Assim, “se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-
se-á pela prevenção” (CPP, art. 72, parágrafo 1º).
No caso de além de desconhecido o lugar da infração, não se conhecer a residência do
réu, que não é encontrado, a competência se determinará pela prevenção de qualquer

58
juiz, que seja o primeiro a tomar conhecimento do fato: “se o réu não tiver residência
certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar
conhecimento do fato” (CPP, art. 72, parágrafo 2º).

4) Foro competente nos delitos qualificados pelo resultado:

Nos delitos qualificados pelo resultado a consumação se dá quando ocorre um dos


eventos que majoram a pena.
Exemplos: artigos 127; 129, § 3º; 133, § 1º e 2º; 135 parágrafo único; 136, § 1º e 2º; 148. § 2º; 157,
§ 3º; 159, § 2º e 3º etc.

IV – Competência nos delitos plurilocais ou de distância mínima:

Nos delitos plurilocais a ação ocorre em determinado local e o resultado em outro,


devendo prevalecer à regra contida no artigo 70 do CPP, ou seja, a competência será
sempre do juiz que tem competência no local onde o crime se consumou.

Exemplo: Se um motorista, na cidade de Araraquara, por imprudência, negligência ou imperícia, vem


a produzir lesões corporais em alguém, o crime de lesão corporal consumou-se naquela cidade e,
portanto, o juiz de Araraquara será competente para a ação penal. Entretanto, no mesmo exemplo, se
a vítima é levada a cidade de São Paulo em busca de melhores recursos médicos e nesta cidade vem a
falecer, a consumação do crime de homicídio culposo ocorreu em São Paulo, e, portanto, da
competência do juiz de São Paulo, porque o evento necessário indispensável a configuração do
homicídio culposo, verificou-se em São Paulo

V - Competência por distribuição

Havendo mais de um juiz competente no foro do processo, a competência será


determinada pelo critério da distribuição. Nesse caso, existem dois ou mais juízes
igualmente competentes, por qualquer dos critérios, para o julgamento da causa. A
distribuição do inquérito policial e a decretação de prisão preventiva, a concessão de
fiança ou a determinação de qualquer diligência (por exemplo: busca e apreensão),
antes mesmo da distribuição do inquérito, torna o juízo competente para a futura ação
penal.

VI - Competência por conexão

Conexão é o nexo, a dependência recíproca que os fatos guardam entre si. A conexão
existe quando duas ou mais infrações estiverem entrelaçadas por um vínculo, um
nexo, um liame que aconselha a junção dos processos, propiciando, assim, ao julgador
perfeita visão do quadro probatório.
São efeitos da conexão: a reunião das ações penais em um mesmo processo e a
prorrogação de competência.

Exemplos: falso e estelionato


falso e homicídio

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roubo e receptação

As hipóteses de conexão estão previstas no art. 76, I, II e III, do CPP. Prevalecerá


sempre a competência do crime mais grave, ou seja, haverá prorrogação de
competência (art. 79, CPP).

VII - Competência por continência

Na continência deve haver também um só processo, mesmo porque a causa de pedir é


a mesma. Há continência em duas hipóteses:

a) No concurso de pessoas: quando duas ou mais pessoas forem acusadas pela


mesma infração (art. 77, I); é a hipótese do concurso de agentes.

b) Nos casos de concurso formal (CP, art. 70), aberratio ictus - erro de execução
- o sujeito ativo, além de atingir a pessoa que visou, fere um terceiro e
aberratio delicti, quando uma pessoa lança uma pedra contra uma vitrina e vai
alcançar também um transeunte, praticando com ação única lesões a
objetividades jurídicas diversas.

Exemplos: 1) Se B e C furtam A, haverá um só processo contra ambos.

2) Se B atira em C e, além de atingi-lo, também fere A, instaura-se um só processo.

VIII - Competência por prevenção

Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que houver dois ou mais juízes
igualmente competentes, em todos os critérios, para o julgamento da causa. Neste
caso, a prevenção surge como uma solução para determinar qual o juízo competente.
Trata-se de uma pré-fixação da competência, que ocorre quando o juíz toma
conhecimento da prática de uma infração penal antes de qualquer outro igualmente
competente, sendo necessário que determine alguma medida ou pratique algum ato no
processo ou inquérito.
Exemplos de prevenção: decretação da prisão preventiva, concessão da fiança, pedido
de explicações em juízo, diligência de busca e apreensão no processo dos crimes
contra a propriedade imaterial, distribuição de inquérito policial para concessão ou
denegação de pedido de liberdade provisória etc...
Casos em que não ocorre a prevenção : pedido de habeas corpus, remessa de cópia
de auto de prisão em flagrante, decisão do tribunal que anula processo etc...

60
IX - Regras para se fixar o foro de atração (art. 78).

1ª regra - No concurso entre a competência do júri e a de outro órgão de jurisdição


comum, prevalecerá a competência do júri;

2ª regra - No concurso de jurisdição da mesma categoria, observar-se-á o seguinte:

a) prevalecerá a do lugar da infração à qual for cominada a pena mais


grave (exemplo: furto e artigo 16, da Lei n. 6.368/76);

b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de


infrações, se as respectivas penas forem de igual gravidade (exemplo:
crime continuado);

c) Firmar-se-á a competência por prevenção nos demais casos;

3ª regra - No concurso de jurisdição de diversas categorias predominará a de maior


graduação;

A jurisdição do Tribunal de Justiça é superior à do juiz de direito. Desse


modo, se um Promotor de Justiça e um advogado, na comarca, forem
acusados pela prática de estelionato (co-autores), será evidente a
continência, devendo haver um só processo perante um único órgão
jurisdicional, ou seja, Tribunal de Justiça (art. 78, III).

4ª regra - No concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.

Exemplo: crime eleitoral (compra de votos (corrupção) e bando ou quadrilha (art. 28))

X – Exceções às regras

1ª exceção - Concurso entre a jurisdição comum e a militar. Se houver uma infração


de competência da Justiça Comum e outra da competência da Justiça
Militar, interligadas pela conexão em continência, haverá separação
dos processos.

2ª exceção - Concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. Separação


dos processos, até porque o menor de 18 anos é penalmente
inimputável, estando assim, sujeitos às providências de que trata o
ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

3ª exceção - Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a


algum co-réu, sobrevier o caso previsto no art.152.

61
Exemplo: A praticou um crime em concurso com B. A, em decorrência da prisão, tornou-se doente
mental. Neste caso, separam-se os processos, até porque o processo em relação ao insano ficará
paralisado até que ele recupere sua saúde mental.

4ª exceção - A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu


foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer à hipótese do
461.

Exemplos :
 Se um dos acusados não for encontrado para ser citado, ou não responder a citação por edital,
haverá separação.

 No júri, quando tiver mais de um réu com defensores diferentes, ou seja, um escolhe a testemunha
A e o outro a recusa.

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XI. EXERCÍCIOS PRÁTICOS

I - REPRESENTAÇÃO

1)Problema;
2)Modelo e Representação.

1) PROBLEMA

Rafael, funcionário público, exercendo a função de tesoureiro, teve sua honra aviltada
por um cliente, pois o mesmo gritava para que toda a repartição pudesse ouvir que
Rafael só atendia seus “amiguinhos”, deixando de exercer sua profissão com afinco e
honestidade, causando morosidade no atendimento.
Diante dos fatos ocorridos, Gabriel contrata-lhe como advogado(a), para que sejam tomadas
as medidas cabíveis contra este cliente, de nome Thiago.

Questão: Elaborar a medida cabível.

2) MODELO DE REPRESENTAÇÃO

ILUSTRÍSSIMO SENHOR DOUTOR DELEGADO DE POLÍCIA TITULAR


DO...DISTRITO POLICIAL DE SÃO PAULO.

(10 linhas)

..., nacionalidade, estado civil, profissão, residente na


Rua................................n. ........, nesta Capital, por seu(a) advogado(a) que esta subscreve,
conforme procuração anexa (doc. 1), vem, respeitosamente, com fundamento no artigo 39, do
Código de Processo Penal,
(2 linhas)
REPRESENTAR
(2 linhas)

Contra..., nacionalidade, estado civil, profissão, portador(a) da cédula de identidade RG


n....................., residente na Rua ........................., n. ......., nesta Capital, pelos motivos que
passa a expor:
(2 linhas)

63
(resumir o problema dado, denominando as partes de
representante e representado).
(2 linhas)
Diante do exposto, praticou o representado o crime
de..., previsto no artigo ......... do Código Penal, que é de ação penal pública condicionada,
razão pela qual é oferecida a presente representação, requerendo seja instaurado o competente
inquérito policial, para que, posteriormente, seja o mesmo remetido ao Digno Representante
do Ministério Público, a fim de que este possa oferecer a denúncia e dar continuidade a
persecução penal.
(2 linhas)

Termos em que,
Pede deferimento.
(2 linhas)

São Paulo,.........de ......................de ...............


(2 linhas)
Nome e assinatura do advogado.
OAB/SP n...................
Rol de testemunhas:
1) Nome..............., endereço.................
(até 8 testemunhas)

64
II - QUEIXA – CRIME

1. Problema;
2. Modelo de Queixa-Crime;
3. Modelo de Procuração.

1) Problema

Osmar Motta, presidente do Sindicato dos Desempregados Deprimidos desta Capital,


teve a sua honra aviltada por opositores políticos. Os senhores Tibúcio, Astrogildo e
Catalino, que costumeiramente fazem a gestão, enviaram uma circular aos associados,
no mês passado, na qual fizeram sérias acusações à pessoa do Sr. Osmar Motta. Entre
outras coisas, escreveram que o presidente não prestava contas adequadamente e,
ainda, que havia se apropriado de todo o dinheiro da categoria.

Questão: Como advogado (a) do Sr. Omar Motta, adote a medida cabível.

2) Modelo de Queixa – Crime

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA... VARA


CRIMINAL DO FORO.......... DE.................................

(10 linhas)

Fulano de Tal (nome completo), nacionalidade,


estado civil, profissão, portador(a) da cédula de identidade RG n...............................,
residente e domiciliado(a) na Rua ........................... n. ........., nesta Capital, por seu(a)
advogado(a) que esta subscreve, conforme procuração com poderes especiais anexa (doc. 1),
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, oferecer:

(2 linhas)

QUEIXA-CRIME

(2 linhas)

com fundamento nos artigos 41 e 44 do Código de Processo Penal, contra Beltrano (nome
completo), nacionalidade, estado civil, profissão, portador(a) da cédula de identidade RG

65
n. ......................., residente na Rua .......................... n. ........, nesta Capital, pelas razões a
seguir aduzidas:
(2 linhas)

(resumir o problema dado, nomeando as partes de


querelante e querelado).
(2 linhas)

Assim procedendo, incidiu o querelado no delito


de.........., previsto no artigo .......... do Código Penal Brasileiro, razão pela qual é oferecida a
presente Queixa-Crime, a fim de que contra ele seja instaurada a competente ação penal,
devendo ser julgada procedente ao final, requerendo, desde já, a sua citação e que sejam ainda
notificadas e posteriormente inquiridas as testemunhas do rol abaixo descrito.
( 2 linhas)

Termos em que,
p.deferimento.

(2 linhas)

São Paulo,.......... de ................... de .............

(2 linhas)

Nome e assinatura do advogado (a).


OAB/SP n...............

(2 linhas)

Rol de testemunhas:
1) Nome, endereço e identificação (RG): dados completos.
(até 08 (oito) testemunhas)

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3) Modelo de Procuração

PROCURAÇÃO

(4 linhas)

Ciclano (nome completo), maior, nacionalidade, estado civil, profissão, portador (a)
da cédula de identidade RG n..................... e inscrito no CPF-MF n..........................,
residente e domiciliado(a) na Rua ................................n......., bairro........................., na
cidade de ..............................., por este instrumento particular de mandato, nomeia e
constitui seu bastante procurador o Dr.(a). ..................................., nacionalidade,
estado civil, Advogado(a), inscrito(a) na OAB/SP, sob o n. ............., com escritório
nesta Capital, na Rua ........................, n. ......, bairro, para o especial fim de intentar
QUEIXA-CRIME e continuar à frente dos demais termos do processo contra
Beltrano (nome completo), nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula
de identidade RG n.......................... e inscrito no CPF-MF sob n. ........................,
residente e domiciliado nesta Capital, na Rua ................................ n..........,
bairro................, porque este, (resumir os fatos relativos a conduta criminosa). Para
intentar e instruir a ação penal, poderá o mandatário praticar todos os atos reclamados
e necessários à persecução penal, como arrolar testemunhas, requer documentos,
diligências e tudo quanto for necessário para o fiel desempenho do presente mandato,
inclusive substabelecer a quem convier, com ou sem reservas de iguais poderes, o que
tudo dará por muito bem, firme e valioso.

(3 linhas)

São Paulo,....... de ....................... de ...........


(2 linhas)
Nome e assinatura do outorgante
(firma reconhecida).

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BIBLIOGRAFIA

. CAPEZ, FERNANDO. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2015.

. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. Dec.Lei nº 3.689 de 03-10-1941, São Paulo:


Saraiva, 1998.

. DELMANTO, ROBERTO. Código Penal. Rio de Janeiro: Renovar, 1991.

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. FRANCO, ALBERTO SILVA, e outros. Leis Penais Especiais. São Paulo:


Revista dos Tribunais, 1995.

. GRECO Fº, VICENTE. Manual de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 1997.

. MARQUES, JOSÉ FREDERICO. Elementos de Direito Processual Penal. V.4,


São Paulo: Bookseller, 1997

. NORONHA, E.MAGALHÃES. Curso de Direito Processual Penal. São Paulo:


Saraiva, 2014.

. TOURINHO Fº, FERNANDO DA COSTA, Prática de Processo Penal. São Paulo:


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. XAVIER DE AQUINO, JOSE CARLOS & NALINI, JOSÉ RENATO. Manual de


Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 1997.

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