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| E-ISSN 1808-2599 |

Jornalismo e democracia:
o papel do mediador
Francilaine Munhoz Moraes e Zélia Leal Adghirni

1 Introdução 1/15
Resumo
Pensar a mediação jornalística e o universo dos A explosão das tecnologias digitais transformou
sujeitos no processo democrático brasileiro a partir profundamente as práticas jornalísticas. Produzir e
das tecnologias digitais é a proposta deste artigo.

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.14, n.2, maio/ago. 2011.
Partimos do princípio de que a rede mundial de consumir informações não são mais pólos opostos
computadores alterou o modo de fazer jornalístico, da comunicação. Fazem parte da mesma “nuvem”
incorporando o cidadão como produtor e consumidor
de informação. A cobertura do episódio Ficha Limpa
que armazena, dissemina e multiplica a informação.
pelo site Congresso em Foco, produzido em Brasília,
foi o cenário do estudo de caso. Com base no campo Antes mesmo que o Supremo Tribunal Federal
metodológico da Hermenêutica de Profundidade, a (STF) decretasse o fim da obrigatoriedade
pesquisa revelou que as possibilidades de interação
entre sujeitos criam novos contornos à posição do diploma universitário para o exercício do
histórica do jornalista como mediador do debate jornalismo,1 diante da tela do computador,
público. O estudo percebeu uma comunicação baseada
qualquer pessoa já podia exercer o direito à
na intersubjetividade, em que uma situação comum e
coletiva pode conectar cidadãos e jornalistas. liberdade de expressão pelos sites e pelos blogs e,
Palavras-chave: recentemente, pelas redes sociais. As tecnologias
Jornalismo. Mediação. Democracia. Internet.
móveis e os tablets vieram potencializar a
capacidade de produzir informações de modo
não profissional. Segundo Gomes (2001), “a
rede permite uma circularidade de papéis em
que qualquer receptor pode tornar-se emissor
e provedor de informação, produzindo-a e
Francilaine Munhoz Moraes | moraesfranci@yahoo.com.br distribuindo-a por rede, ou simplesmente
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da
Universidade de Brasília (UnB).
repassando informações produzidas por outros.”

Zélia Leal Adghirni | zeliadghirni@gmail.com


Acreditamos que esse contexto não suprimiu a
Doutora em Ciências da Informação e da Comunicação pela Universidade
de Grenoble 3 (França). Professora do Programa de Pós-Graduação em histórica função mediadora jornalística, pelo
Comunicação da Universidade de Brasília (UnB).
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contrário, “o volume cada vez maior de informações para a interpretação de um novo modo de
reforça o papel do jornalista como mediador fazer jornalismo, baseado na rapidez e na
entre o mundo e os cidadãos” (WOLTON, 2004, p. interatividade, graças ao desenvolvimento das
311). Mediar talvez seja uma alternativa atual de tecnologias de comunicação digitais.
sobrevivência da profissão, resgatando o papel de
Os suportes são as teorias construcionistas da
costureiro das narrativas expostas pelos diferentes
notícia (TRAQUINA, 1999; SOUSA, 2002) que
atores sociais. A internet representa hoje talvez
percebem a notícia como construção social da
o espaço de mediações por excelência. Sem
realidade, o paradigma sociocêntrico (MOTTA,
contornos territoriais, a rede promove o encontro,
2005), que considera o jornalismo permeável às
na igualdade horizontal, entre jornalistas, cidadãos 2/15
contradições e às pressões da sociedade civil; os
e eleitos, estimulando a discussão dos temas da
construtos sobre internet que privilegiam o uso
atualidade no espaço público.
social da tecnologia (LANDOW, 1997); e o campo

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O objetivo deste artigo é debater a mediação metodológico da Hermenêutica de Profundidade
jornalística frente às possibilidades de (THOMPSON, 1995), que analisa fenômenos
participação do cidadão no processo de sociais como construções simbólicas significativas
construção do noticiário na web.2 O recorte mediadas pelos meios de comunicação.
deste trabalho situa essas práticas no
O artigo apresenta o contexto do objeto em estudo
espaço de confluência entre o jornalismo e
ao relacionar o jornalismo à democracia brasileira
o desenvolvimento da democracia brasileira.
(item 2), bem como nosso entendimento sobre
Escolhemos como cenário para investigar esse
os atores sociais envolvidos (item 3) a fim de
fenômeno o site jornalístico Congresso em
pesquisar e debater esses elementos no cenário
Foco,3 devido à particularidade de sua cobertura
em questão (item 4) e trazer, por fim, nossas
jornalística e aos objetivos autoproclamados de
considerações sobre o tema (item 5).
sua equipe de redação: “auxiliar o (e)leitor a
acompanhar o desempenho dos representantes
2 Jornalismo e democracia
eleitos, contribuindo assim para melhorar a
A fim de expormos o prisma em que vemos as
qualidade da representação política no país”. A
imbricações entre jornalismo e democracia, é
análise atenta deste site revela-se emblemática

1 A declaração de inconstitucionalidade do Decreto-lei n. 972 de 1969 pelo Supremo Tribunal Federal (STF) instituiu o fim da
obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo em 2010.
2 Esse viés integra o projeto de pesquisa sob o título Mudanças estruturais no jornalismo: identidades, práticas, rotinas, públicos
e mídias registrado no CNPq sob a coordenação de Zélia Leal Adghirni.
3 Disponível em: <http://congressoemfoco.uol.com.br/>
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fundamental pensarmos o jornalismo nas suas Charron e Bonville (2004) de jornalismo de


relações com a estrutura social e no processo comunicação, implica em maior importância do
histórico específico nos quais está inscrito. Desse elemento comunicação com o público. Segundo
modo, delimitamos este trabalho às duas últimas os autores canadenses, o contexto marcado
décadas de jornalismo praticado na internet.4 pela concorrência do mercado midiático e a
superabundância de mensagens, leva as mídias
O período é marcado pela liberalização e oscilação
e seus profissionais a se preocuparem com as
no mercado econômico; investimentos em
preferências do público. Como consequência,
tecnologia; popularização no acesso e uso da
afirmam, os jornalistas tentam estabelecer
internet; miniaturização, mobilidade e multiuso
com o público, cada vez mais, laços de 3/15
dos dispositivos; surgimento contínuo de
convivência e de intersubjetividade. No âmbito
interfaces midiáticas, bem como de novas formas
do discurso, em paralelo, estão em ascensão os
e modos de uso social da web.5 No jornalismo, tal
gêneros jornalísticos que dão amplo espaço ao

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contexto relaciona-se à presença crescente da
comentário, sendo que a notícia incorpora mais
tecnologia nas práticas diárias e consequentes
e mais julgamentos do público.
mudanças oriundas dessa realidade. O cenário
caracteriza-se pelo grande volume de informação; No Brasil, àquelas características globais
disputa intensa pelo mercado, hiperconcorrência somam-se algumas particularidades. Similar ao
entre as empresas jornalísticas, que cada vez mais que ocorre no restante do mundo, o país também
se fundem com empresas de tecnologia, formando está exposto ao crescente uso e popularização
conglomerados de comunicação; novas exigências da tecnologia nas duas últimas décadas. No
com relação ao profissional, que passa a ter que entanto, aqui essa realidade encontra um
lidar diariamente com o uso dessa tecnologia; momento histórico marcado pela ascensão
produção simultânea da notícia para distintas de um novo público que emergiu do processo
interfaces em um ambiente de convergência; de democratização brasileira, conjuntura que
possibilidades de intervenção do público no significa para o jornalismo, segundo Porto (2010,
processo jornalístico, entre outros elementos. p. 107), além de um novo mercado consumidor
de informação, o desafio de produzir um
Esse conjunto de referenciais do jornalismo
conteúdo pluralista e equilibrado.
contemporâneo, cuja fase é denominada por Brin,

4 O período em análise compreende os anos 1990, quando começaram as primeiras experiências no Brasil com jornalismo na
internet até os dias atuais.
5 Citamos como exemplo a rápida migração dos computadores de mesa – personal computer (PC) – para os notebooks e mais
recentemente para os smarthphones e tablets. Esses aparelhos representam a crescente miniaturização, mobilidade e interfaces
dos dispositivos tecnológicos usados nesse período, os quais, de certo modo, permitiram a popularização das mídias sociais.
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É nesse contexto que localizamos as relações ele, não deveríamos jogar fora as conquistas da

entre jornalismo e democracia. Quanto a esse democracia liberal, porque ela é a base a partir da

aspecto, os cientistas políticos Miguel e Biroli qual negociamos as demandas de aprofundamento

(2010, p. 9, 17) consideram que “[...] a mídia se da democracia contemporânea, também no seu

tornou o principal instrumento de contato entre a formato digital. “Visibilidade, prestação de contas

elite política e os cidadãos comuns”, substituindo, e participação eleitoral são requisitos e remédios

em alguns casos, os próprios partidos políticos, liberais que podem ganhar enorme reforço na

tradicionalmente os mediadores dessa relação. configuração digital”, acredita. Nesse raciocínio,

Sobre a prática social jornalística, os autores a ênfase na participação é mais razoável numa

avaliam que “[...] a interação da imprensa com perspectiva cumulativa do que alternativa. 4/15

as instituições políticas democráticas pode


A receita do autor é
ser considerada um dos aspectos centrais da
atividade do jornalismo”. incorporar ao cardápio liberal clássico (que

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contém informação que promova transpa-
Entre as várias dimensões de estudo dessa rência, abertura e prestação de contas dos
agentes políticos), doses importantes de outras
relação, estamos interessados no viés que percebe especiarias (oportunidade de participação
o fenômeno no ambiente web. Ao expor sobre pública e de engajamento cívico - canais de
comunicação entre os cidadãos e instituições
democracia digital, Gomes (2010, p. 246) defende intermediárias) (GOMES, 2010, p. 254).
uma percepção menos idealista. Nesse sentido, o
autor pondera: Pelas ponderações expostas, entendemos a
pertinência do estudo sobre a mediação, tanto no
Acreditava-se que os intermediários e guar-
aspecto da mídia como instituição intermediária
dadores de portões, que tradicionalmente se
põe entre a sociedade civil e o Estado (partidos entre arena política e cidadania, como no que
políticos, burocracia, corporações, indústria da
tange aos próprios atores sociais partícipes
informação) e entre os diversos componentes
da sociedade civil mesma (a comunicação de dessa relação, os jornalistas e os cidadãos, temas
massa), podiam então ser finalmente evitados tratados a seguir.
na era da comunicação em rede. O cidadão
poderia se relacionar diretamente ao Estado ou
ao sistema político, sem a mediação dos meios 3 Atores Sociais
de comunicação ou das instituições interme-
diárias [...]. No início deste século, contudo, a Os atores sociais envolvidos na relação são os
perspectiva democrata participacionista mudou jornalistas mediadores e os cidadãos participantes.
no que tange à internet.

3.1 Mediadores
Atualmente, segundo o autor, não existem
democracias digitais, mas iniciativas digitais pró- Ao mesmo tempo em que oferece incontáveis
democracias em estados democráticos reais. Para possibilidades no campo do jornalismo e das redes
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sociais, a internet também criou o caos no mundo textuais e gráficas, em áudio e em vídeo. As
das comunicações. O excesso de informação traz rotinas jornalísticas, nesse sentido, imitam
a dispersão cognitiva, a credibilidade ambígua, a as redes sociais, trazendo configurações de
insegurança das fontes, a manipulação dos dados. subjetividade e engenharia estética aos padrões
Coloca em xeque um dos princípios sagrados do convencionais da rede.
jornalismo: a busca da verdade dos fatos.
A internet é uma das invenções mais significativas
Em meio à profusão de notícias que chegam do atual momento histórico, em que o verbo
por todos os tipos de tela e de textos recém- “estar” se conjuga no presente. É um lugar de
lançados no mercado das tecnologias digitais encontro e de debate. A realização da cidadania
5/15
(sujeitos a novas invenções que tornarão obsoleta tem a ver com a constituição de lugares de
amanhã a maior novidade de hoje) o cidadão encontro e de comunicação para construir com
está perdido. Precisa de alguém para ordenar o o outro os sentidos da cidadania. Segundo Warat

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caos. Neste aspecto, alguns pesquisadores da (2001, p. 156), cidadania quer dizer ter opinião
área (NEVEU, 2006; RINGOOT; UTARD, 2005; e ter direito a expressá-la. E poder decidir por
MACHADO; PALACIOS, 2003) consideram que o si mesmo. O objeto e o objetivo dessa decisão,
jornalista pode exercer o papel de organizador desse poder decidir, foram mudando com o
do tráfego de afluência na rede. E ele é quem vai correr dos tempos e da história. Desse modo, o
selecionar (uma nova forma de gatekeeper?), futuro da cidadania e dos direitos humanos é a
filtrar, hierarquizar as informações despejadas mediação, como cultura e como prática, para sua
em fluxo contínuo. Adghirni (2008) salienta o realização na experiência cotidiana das pessoas.
recorde brasileiro de jornalismo em tempo real que Para o autor, “o grande desafio da Idade Digital
se realizava no início da década. A notícia mais é a de poder transformar a fusão da cidadania
importante era aquela que acabava de acontecer, e dos direitos fundamentais em experiências
aquela que era acionada por um impulso existenciais, passando dos acordos mafiosos aos
mecânico de um digitador sobre uma tecla. Hoje, processos de mediação”. (WARAT, 2001, p. 157)
dez anos depois da “febre do tempo real”, as
Entendemos que a produção e a distribuição
notícias voltaram a ser definidas em função dos
da notícia em rede têm forte impacto no espaço
tradicionais critérios de noticiabilidade.
público revisitado por Wolton (2004) que salienta
O formato das notícias também mudou e hoje o triunfo da comunicação no “triângulo infernal”:
não se trata mais de se ater ao texto breve, mídia, política, cidadão. A web seria um exemplo
em pirâmide invertida, mas de contemplar as particular desse triunfo na medida em que
informações em todos as suas representações representa um espaço de disputa social e política
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ampliado, sem fronteiras determinadas, ou seja, promulgada a constituição de 1988, denominada,


um universo em expansão permanente. Aqueles que inclusive, de constituição cidadã. Considerando
souberem se apropriar desse espaço conquistam um que o fenômeno é complexo e historicamente
novo território de poder. definido, o autor o analisa desdobrando a
cidadania em direitos6 e percebendo suas ligações
Na democracia, segundo Silva (2005, p. 9),
com as instituições democráticas brasileiras.
o jornalismo é um campo de mediação, que
Nesse aspecto, Carvalho entende que o direito
proporciona a circulação entre os diferentes espaços
de participação nunca foi tão difundido em
que compõem o espaço público, este definido
nosso país, no entanto, o enfrentamento dos
por Wolton como: o espaço comum (espaço de
problemas sociais, como a violência urbana, a 6/15
circulação e expressão); o espaço público (espaço
má qualidade da educação, a oferta inadequada
de discussão, do debate) e o espaço político (da
dos serviços de saúde, entre outros, avançam em
decisão, do poder estabelecido, governo e Estado),
ritmo lento. Em consequência, “[...] os próprios

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que é o menor dos espaços, mas que tem o poder de
mecanismos e agentes do sistema democrático,
decisão que os demais não têm.
como as eleições, os partidos, o Congresso, os
Nesse contexto, o jornalista é aquele que circula políticos, se desgastam e perdem a confiança
entre os três espaços, daí seu poder de influenciar dos cidadãos” (CARVALHO, 2002, p. 8). Portanto,
a sociedade e de interferir na agenda-setting. pelo descompasso entre a conquista de certos
Para Wolton (2004, p. 197), não existe democracia direitos e a negligência de outros, segundo este
sem comunicação e, por comunicação, deve-se autor, temos a “sensação desconfortável de
entender as mídias e sondagens, mas também incompletude” (2002, p. 219) e o modo como a
o modelo cultural favorável à troca entre elites, enfrentamos molda o perfil do cidadão brasileiro.
dirigentes e cidadãos.
Gárcia Canclini (2008, p. 217, 224) nos alerta
que “precisamos repensar ao mesmo tempo
3.2 Cidadãos
as políticas e as formas de participação, o
A concepção de cidadania no Brasil está ligada ao
que significa ser cidadãos e consumidores”.
esforço de construção da democracia, segundo
Nesse aspecto, o autor considera que as
Carvalho (2002), que narra o “longo caminho” desse
sociedades civis aparecem cada vez menos como
processo histórico.
comunidades nacionais e “[...] manifestam-se
Ele lembra que havia certa ingenuidade no principalmente como comunidades hermenêuticas
modo como percebíamos a questão tão logo foi de consumidores”, que se configuram como

6 “Os direitos civis garantem a vida em sociedade, os direitos políticos garantem a participação no governo da sociedade e os
direitos sociais garantem a participação na riqueza coletiva.” (CARVALHO, 2002, p. 10)
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conjuntos de indivíduos que compartilham gostos Technology (MIT), Henry Jenkins (2009, p. 30),
e pactos de leitura em relação a bens simbólicos ao tratar sobre a cultura da convergência, afirma:
por meio dos quais adquirem identidades
A convergência não ocorre por meio de apare-
comuns. Ainda que não seja possível, segundo lhos, por mais sofisticados que venham a ser.
ele, generalizar as consequências sobre a A convergência ocorre dentro dos cérebros de
consumidores individuais e em suas intera-
cidadania resultantes desta participação
ções com outros. Cada um de nós constrói a
crescente mediante consumo, vale observar que própria mitologia pessoal, a partir de pedaços
e fragmentos de informações extraídos do
se, por um lado, a organização individualista
fluxo midiático e transformados em recursos
dos consumos tende a nos fazer desconectar, através dos quais compreendemos nossas
vidas cotidianas.
como cidadãos, das condições comuns e da 7/15

solidariedade, por outro lado, a expansão das


Ele acredita que as próximas transformações
comunicações e do consumo também pode
na notícia e no entretenimento virão do
propiciar lutas sociais melhor informadas sobre

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reconhecimento da importância do papel que
as condições nacionais.
os consumidores podem assumir não apenas

Entendemos, neste trabalho, que o direito aceitando a convergência, mas na verdade

de participar, um dos elementos centrais da conduzindo o processo. Nesse ambiente, uma

cidadania, ganha novos espaços à medida que das tendências é “[...] permitir aos consumidores

a internet se incorpora avidamente ao nosso arquivar e comentar conteúdos, apropriar-se deles

cotidiano. Os seus usos sociais imprimem novos e colocá-los de volta em circulação de novas e

contornos à noção de cidadania, de público e de poderosas formas”. (JENKINS, 2009, p. 46).

consumidores, interligando essas três noções.


A partir dessas ideias, o sentido de cidadão neste
Essas acepções são aqui examinadas no atual
trabalho está ligado ao universo dos sujeitos
ambiente de convergência midiática.
que têm o direito de participar do processo

Para o jornalismo, a complementaridade histórico-político, o qual integram e constituem. O

entre a mídia digital e as tradicionais leva o mecanismo usado para investigá-los são os modos

termo público a significar, simultaneamente, como esses sujeitos participam, consomem e se

leitor, telespectador, ouvinte e usuário. Essa apropriam das mídias em suas vidas cotidianas no

noção aparentemente simples nos leva a atual contexto de convergência. Tratamos, pois,

questionamentos mais complexos como, por do público consumidor específico que interage

exemplo, de que forma esse público deve ser porque é ciente do seu direito de participação.

entendido. O diretor do programa de Estudos de


Por extensão, adotamos o conceito de cidadania
Mídia Comparada do Massachusetts Institute of
como “atividade que consiste na autoconstrução
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do sujeito social enquanto partícipe e copartícipe desde 2004, o site superou um milhão de visitas8 de
da vida pública, entendida como inserção civil janeiro a maio de 2011, 42% a mais em relação ao
do indivíduo na polêmica do que é melhor para registrado no mesmo período do ano anterior.
todos” (SILVA, 2011, p. 99). Essas construções
Sob o lema “jornalismo para mudar”, o site tem
serão discutidas em estudo de caso analisado no
a peculiaridade, como o próprio nome revela,
próximo item.
de cobrir exclusivamente o Congresso. Outra
especificidade é seu ambiente midiático: originou-
4 Análise e discussão
se e consolidou-se na web. A inclusão no portal
A partir das ideias trazidas a esse debate, o
da UOL ocorreu em maio de 2010, quando o site
8/15
objetivo desta análise qualitativa é interpretar, com
já havia ganhado o reconhecimento do mercado
base na metodologia desenvolvida por Thompson
como produtor de conteúdo especializado, como
(1995), as práticas sociodiscursivas de mediação
atesta o Prêmio Esso de Melhor Contribuição à
situadas no contexto e nos pressupostos até então

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Imprensa em 2009. Tendo por base o jornalismo
delineados neste artigo.
investigativo, a credibilidade profissional veio,

O site jornalístico Congresso em Foco é o cenário em grande parte, pelo trabalho de levantamentos

eleito para nossas observações. Constituem o accountability.9 Este viés continua sendo a tônica

corpus empírico deste trabalho entrevistas com atual como, por exemplo, as matérias que figuram

profissionais7 e material jornalístico publicado entre as mais acessadas no primeiro quadrimestre

pelo site, com ênfase na série de reportagens de 2011: “Veja quanto cada parlamentar tem de

Sinal Amarelo. patrimônio” e “21 senadores tiveram mais de um


ano de faltas”.10
4.1 Cenário
O conteúdo do site prioriza coberturas especiais
A poucos quilômetros de distância do Congresso
com essa mesma proposta, como aquelas que
Nacional, o Congresso em Foco pode ser
integram o “Mapa da Mina”, a exemplo de “Farra
considerado um observador privilegiado do que
das Passagens”, “Políticos Processados”, “Doações
acontece no poder legislativo brasileiro. Na internet
de Campanha” e “Concessões de Rádio e TV”. No

7 Para esta pesquisa, foram entrevistados o diretor-geral Sylvio Costa e os editores Gustavo Lago e Edson Sardinha, no dia 6 de
maio de 2011, na sede da redação do site.
8 De acordo com os dados do Google Analytics (http://www.google.com/analytics/), o Congresso em Foco acumulava 1.011.204
visitas entre 1º de janeiro e 5 de maio de 2011 (COSTA, 2011).
9 Embora não haja tradução exata do conceito em português, trata-se da ideia de responsabilização e prestação de contas.
Refere-se à obrigação de membros de órgãos administrativos ou representativos de prestar contas a entidades controladoras
ou a seu público. É usado em circunstâncias que denotam responsabilidade social, imputabilidade e cumprimento de obrigações
(PAULINO, 2008, p. 91).
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“Espaço do leitor”, o apelo à participação é claro posições dos sujeitos.11 O principal objetivo
em “A palavra é sua” e “Faça a sua parte”, além de anunciado pelo próprio site é “auxiliar o (e)leitor
“Mande uma notícia” e “Envie sua imagem”. a acompanhar o desempenho dos representantes”
políticos. Entendemos que, na posição de sujeito
O perfil da audiência revela a especificidade
da enunciação, o site assume uma intenção e uma
de seu público. Dentre os 27 mil usuários
promessa cívica para com seu leitor. Por outro lado,
cadastrados, a maioria tem graduação (44%),
delimita seu público almejado no leitor-eleitor, ou
sendo que 25% têm pós e o restante (31%) concluiu
seja, não é qualquer leitor, o conteúdo se dirige
o ensino médio. Percebemos a alta escolaridade
àquele cujo perfil não é apenas o de detentor
dos leitores se a compararmos com o universo dos
do direito político do voto, mas principalmente 9/15
eleitores brasileiros, no qual, segundo dados do
àquele que está interessado em acompanhar
Tribunal Superior Eleitoral, apenas 14% tem nível
seus representantes no parlamento e, portanto,
superior completo ou incompleto. Cerca de 60%
comprometido em exercer esse direito ao longo

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têm entre 40 e 69 anos de idade e a maioria reside
do mandato. Esta característica o qualifica como
em Brasília (16%) e em São Paulo (15%). Nas redes
leitor-cidadão. Desse modo, a responsabilidade
sociais (Facebook e Twitter), o perfil é semelhante,
autoproclamada do site de “melhorar a qualidade
com mais de 13 mil seguidores.
da representação política de nosso país” é
Integram a equipe de trabalho oito profissionais, dividida com o leitor-cidadão. A estratégia é
a maioria é jornalista experiente em cobertura cumprir a promessa de produtor da informação
política. Durante entrevista, o diretor-geral Sylvio “independente” desde que o leitor cumpra a dele
Costa resume o que é o Congresso em Foco: de “acompanhar” o conteúdo publicado. Trata-se,
“Estamos na internet voltados para transparência pois, de uma responsabilidade compartilhada.
de dados governamentais e públicos”.
Interessa-nos perceber, no discurso, até que ponto
os cidadãos compartilham suas visões do mundo
4.2 Práticas sociodiscursivas
político com os jornalistas. Para tanto, elegemos
Entre as formas de analisar a mediação entre
a série Sinal Amarelo sobre o episódio Ficha
jornalistas e cidadãos, optamos pelo enfoque
Limpa,12 que simboliza, segundo os profissionais,
nas práticas sociodiscursivas do fenômeno.
“a adesão do Congresso em Foco a causas
Em primeiro lugar, é interessante perceber as

10 Disponível em http://congressoemfoco.uol.com.br/noticia.asp?cod_publicacao=36694&cod_canal=21 e http://


congressoemfoco.uol.com.br/noticia.asp?cod_canal=21&cod_publicacao=35895, respectivamente.
11 A Hermenêutica de Profundidade (THOMPSON, 1995), metodologia adotada neste trabalho, prevê em seu modelo interpretativo,
para a análise discursiva, o uso de ferramentas e métodos oriundos da Análise do Discurso, como a desenvolvida por Porto (2010).
A intenção é buscar as posições dos sujeitos da enunciação.
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que melhorarão o desempenho da democracia telefone e comentário postado na própria matéria,


brasileira” e, a nosso ver, exemplifica uma recebemos diversas sugestões para a inclusão de
experiência de interação com os cidadãos. novos nomes”, narra. A contribuição dos leitores
resultou na inclusão de oito nomes na lista do
O nome Sinal Amarelo resulta de uma mudança
Sinal Amarelo e também na adoção de um novo
gráfica no site que coloriu suas páginas de
critério: a dos parlamentares que tinham sido alvos
amarelo entre os dias 24 de setembro e 3 de
de parecer pela cassação no Conselho de Ética
outubro de 2010 em sinal de alerta ao passado
da Câmara ou do Senado. Notamos aqui que as
de candidatos ao pleito eleitoral daquele ano.
intervenções dos leitores não apenas ampliaram
Segundo o editor Edson Sardinha, a intenção era
o conteúdo da reportagem, como também 10/15
ampliar o foco às vésperas das eleições, uma vez
modificaram os critérios estabelecidos previamente
que “o acompanhamento da ficha criminal dos
na pauta original. Para o editor, foi “uma
parlamentares está no DNA do site”.
experiência rica, em interatividade e cidadania, e

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A série começou no dia 13 de setembro, com que será aperfeiçoada numa próxima edição”.
a publicação da lista dos candidatos que
Por outro lado, notamos que a mediação
respondiam a processo no Supremo Tribunal
jornalística se fez também pela decisão de
Federal. Duas semanas depois, no dia 24, eles
recusar as sugestões dadas pelos leitores, ora por
pintaram o site “para alertar o eleitor de que era
não se encaixarem em critérios de objetividade
preciso prestar muita atenção no passado dos
adotados pelo site, ora para evitar incorreções.
candidatos antes de ir às urnas”, resume. Um
Consideramos que, nesse episódio, o site foi
painel foi montado no dia 27 com os candidatos
um espaço onde os leitores puderam influir no
que foram barrados pela Lei da Ficha Limpa ou
desenvolvimento da notícia e, por extensão, no
réus em ações penais no STF ou presos em ações
desenrolar do conflito e na defesa de suas opiniões
das polícias civil e federal.
e ideias sobre as eleições.
Na apresentação da lista, os leitores do site foram
Esse entendimento aproxima-se da concepção de
convidados a aperfeiçoá-la13 mediante informações
esfera pública habermasiana, esfera esta em que a
sobre os candidatos. De acordo com Sardinha, a
mídia, de acordo com Silva (2011, p. 104), é “lócus
resposta do leitor foi imediata. “Por email, twitter,

12 Oriunda de um projeto de lei de iniciativa popular, coordenado pelo Movimento de Combate à Corrupção, a Lei da Ficha Limpa
impede a candidatura de políticos condenados por um colegiado.
13 Íntegra do chamado publicado pelo site no dia 27/09/2010:“Lista esta que, sabemos bem, pode ser aprimorada. Agradecemos
a quem puder contribuir com informações ou sugestões nesse sentido, e desde já nos colocamos à disposição para recebê-las.
Basta escrever para redacao@congressoemfoco.com.br. O mesmo endereço vale para os candidatos que tenham quaisquer
esclarecimentos a dar.”
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| E-ISSN 1808-2599 |

de debate”. Segundo o autor, em uma sociedade às vésperas das eleições de 2010, um espaço em
democrática e plural, “a verdadeira esfera pública que leitores influenciaram no desenvolvimento da
seria o próprio exercício institucionalizado da notícia e, de certo modo, na própria arena política,
polêmica”. Acreditamos que é justamente na por meio da defesa de suas ideias sobre o episódio
polêmica e no debate que a intersubjetividade14 Ficha Limpa.
no jornalismo contemporâneo mencionada por
Na prática sociodiscursiva, notamos que os laços
Brin, Charron e Bonville (2004) − ver item 2
de intersubjetividade entre jornalistas e cidadãos
deste texto − pode ocorrer. A situação comum ou
ocorrem no lócus do debate. O estudo de caso
coletiva conecta cidadãos e jornalistas em uma
revela que uma comunicação de reconhecimento
interação comunicativa, cuja base pode ser a 11/15
mútuo entre os atores sociais pode estar em
relação interpessoal. Nesse aspecto, é interessante
andamento no atual cenário midiático.
trazer o comentário do editor Rudolfo Lago em
sua experiência interativa com os leitores do site, Acreditamos que essas possibilidades de

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.14, n.2, maio/ago. 2011.
na qual, segundo ele, tanto ocorre a “catarse” interação criam novos contornos à posição
quanto a “conversa”. Esses elementos devem ser histórica do jornalista como mediador do debate
explorados, em estudos futuros, à luz das teorias público. É nessa perspectiva que localizamos a
da Argumentação e da Retórica. contribuição do jornalismo no desenvolvimento
da democracia. A ideia é reforçar, por meio
Percebemos, na análise do site Congresso em
das práticas sociodiscursivas de interação, as
Foco, o jornalista como mediador no processo de
conquistas da democracia, sendo o direito de
interatividade, uma das principais características
participação dos leitores cidadãos a principal
do jornalismo digital. Vemos a iniciativa desse
delas observada neste trabalho.
grupo de jornalistas como uma forma de uso da
rede para fortalecer o debate no espaço público. Para prosseguir nesse estudo, sugerimos a
análise da objetividade jornalística, frente à
5 Considerações finais subjetividade dos sujeitos e a intersubjetividade

O estudo empírico percebeu que as práticas dessa relação.

jornalísticas podem migrar do conceito de “notícia


para o público” rumo à “notícia com o público”.
Referências

A mediação exercida pelo Congresso em Foco, na ADGHIRNI, Zélia Leal. Jornalismo on-line e
articulação da narrativa jornalística, não apenas identidade profissional do jornalista. In: Encontro
incorporou a sugestão dos leitores à série de Nacional da Compós, 10., 2001. Brasília. Anais...
reportagens, como também modificou critérios Brasília, 2001.
estabelecidos na pauta original. O site tornou-se,
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Jornalism and Democracy: Periodismo y Democracia:


the mediator’s role el papel del mediador
Abstract: Resumen:
The purpose of this article is to think the journalistic Pensar la mediación periodística y el universo
mediation and the subject’s universe in the Brazilian de sujetos en el proceso democrático brasileño
democratic process using digital technologies is. We desde las tecnologías digitales es el propósito
start from the principle that the World Wide Web has de este artículo. Suponemos que la World Wide
changed the way of doing journalism, incorporating Web ha cambiado la forma de hacer periodismo,
the citizen as producer and consumer of information. incorporando los ciudadanos como productores
The coverage of the episode “Ficha Limpa”’ in the y consumidores de información. La cobertura del
site Congresso em Foco, produced in Brasilia, was the episodio “Ficha Limpa” por el sitio Congresso
scene of the case study. Based on the methodological em Foco, producido en Brasilia, fue el escenario 14/15
field of Depth Hermeneutics, the study showed that del estudio de caso. Con base en el campo
the possibilities of interaction between individuals metodológico de la Hermenéutica de Profundidad,
create new outlines to historical position of the el estudio demostró que las posibilidades de
journalist as mediator of public debate. The study interacción entre los individuos crean nuevas

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.14, n.2, maio/ago. 2011.
noted an communication based in intersubjectivity, formas en la posición histórica del periodista como
in which an ordinary and collective situation can mediador del debate público. El estudio señaló
connect citizens and journalists. una comunicación basada en la intersubjetividad,

Keywords: en que una situación común y colectiva puede

Journalism. Mediation. Democracy. Internet. conectar ciudadanos y periodistas.

Palabras clave:
Periodismo. Mediación. Democracia. Internet.

Recebido em: Aceito em:


29 de junho de 2011 08 de novembro de 2011
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

Expediente E-COMPÓS | www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599

A revista E-Compós é a publicação científica em formato eletrônico da Revista da Associação Nacional dos Programas
Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação de Pós-Graduação em Comunicação.
(Compós). Lançada em 2004, tem como principal finalidade difundir a Brasília, v.14, n.2, maio/ago. 2011.
produção acadêmica de pesquisadores da área de Comunicação, inseridos A identificação das edições, a partir de 2008,
em instituições do Brasil e do exterior. passa a ser volume anual com três números.

CONSELHO EDITORIAL John DH Downing, University of Texas at Austin, Estados Unidos

Afonso Albuquerque, Universidade Federal Fluminense, Brasil José Afonso da Silva Junior, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil

Alberto Carlos Augusto Klein, Universidade Estadual de Londrina, Brasil José Carlos Rodrigues, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil

Alex Fernando Teixeira Primo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil José Luiz Aidar Prado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil

Ana Carolina Damboriarena Escosteguy, Pontifícia Universidade Católica do José Luiz Warren Jardim Gomes Braga, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil

Rio Grande do Sul, Brasil Juremir Machado da Silva, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil

Ana Gruszynski, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil Laan Mendes Barros, Universidade Metodista de São Paulo, Brasil

Ana Silvia Lopes Davi Médola, Universidade Estadual Paulista, Brasil Lance Strate, Fordham University, USA, Estados Unidos

André Luiz Martins Lemos, Universidade Federal da Bahia, Brasil Lorraine Leu, University of Bristol, Grã-Bretanha

Ângela Freire Prysthon, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil Lucia Leão, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil
Luciana Panke, Universidade Federal do Paraná, Brasil 15/15
Angela Cristina Salgueiro Marques, Faculdade Cásper Líbero (São Paulo), Brasil
Antônio Fausto Neto, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil Luiz Claudio Martino, Universidade de Brasília, Brasil

Antonio Carlos Hohlfeldt, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil Malena Segura Contrera, Universidade Paulista, Brasil

Antonio Roberto Chiachiri Filho, Faculdade Cásper Líbero, Brasil Márcio de Vasconcellos Serelle, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Brasil

Arlindo Ribeiro Machado, Universidade de São Paulo, Brasil Maria Aparecida Baccega, Universidade de São Paulo e Escola Superior de

Arthur Autran Franco de Sá Neto, Universidade Federal de São Carlos, Brasil Propaganda e Marketing, Brasil

Benjamim Picado, Universidade Federal Fluminense, Brasil Maria das Graças Pinto Coelho, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.14, n.2, maio/ago. 2011.
César Geraldo Guimarães, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil Maria Immacolata Vassallo de Lopes, Universidade de São Paulo, Brasil

Cristiane Freitas Gutfreind, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil Maria Luiza Martins de Mendonça, Universidade Federal de Goiás, Brasil

Denilson Lopes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Mauro de Souza Ventura, Universidade Estadual Paulista, Brasil

Denize Correa Araujo, Universidade Tuiuti do Paraná, Brasil Mauro Pereira Porto, Tulane University, Estados Unidos

Edilson Cazeloto, Universidade Paulista , Brasil Nilda Aparecida Jacks, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

Eduardo Peñuela Cañizal, Universidade Paulista, Brasil Paulo Roberto Gibaldi Vaz, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

Eduardo Vicente, Universidade de São Paulo, Brasil Potiguara Mendes Silveira Jr, Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil

Eneus Trindade, Universidade de São Paulo, Brasil Renato Cordeiro Gomes, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil

Erick Felinto de Oliveira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil Robert K Logan, University of Toronto, Canadá

Florence Dravet, Universidade Católica de Brasília, Brasil Ronaldo George Helal, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil

Francisco Eduardo Menezes Martins, Universidade Tuiuti do Paraná, Brasil Rosana de Lima Soares, Universidade de São Paulo, Brasil

Gelson Santana, Universidade Anhembi/Morumbi, Brasil Rose Melo Rocha, Escola Superior de Propaganda e Marketing, Brasil

Gilson Vieira Monteiro, Universidade Federal do Amazonas, Brasil Rossana Reguillo, Instituto de Estudos Superiores do Ocidente, Mexico

Gislene da Silva, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil Rousiley Celi Moreira Maia, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil

Guillermo Orozco Gómez, Universidad de Guadalajara Sebastião Carlos de Morais Squirra, Universidade Metodista de São Paulo, Brasil

Gustavo Daudt Fischer, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil Sebastião Guilherme Albano da Costa, Universidade Federal do Rio Grande

Hector Ospina, Universidad de Manizales, Colômbia do Norte, Brasil

Herom Vargas, Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Brasil Simone Maria Andrade Pereira de Sá, Universidade Federal Fluminense, Brasil

Ieda Tucherman, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Tiago Quiroga Fausto Neto, Universidade de Brasília, Brasil

Inês Vitorino, Universidade Federal do Ceará, Brasil Suzete Venturelli, Universidade de Brasília, Brasil

Janice Caiafa, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Valério Cruz Brittos, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil

Jay David Bolter, Georgia Institute of Technology Valerio Fuenzalida Fernández, Puc-Chile, Chile

Jeder Silveira Janotti Junior, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil Veneza Mayora Ronsini, Universidade Federal de Santa Maria, Brasil

João Freire Filho, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Vera Regina Veiga França, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil

COMISSÃO EDITORIAL COMPÓS | www.compos.org.br


Adriana Braga | Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação
Felipe Costa Trotta | Universidade Federal de Pernambuco, Brasil
Presidente
CONSULTORES AD HOC Julio Pinto
Bárbara Heller, Universidade Paulista, Brasil Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Brasil
juliopinto@pucminas.br
Luciana Mielniczuk, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Vice-presidente
Micael Herschmann, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil Itania Maria Mota Gomes
Universidade Federal da Bahia, Brasil
EDIÇÃO DE TEXTO E RESUMOS | Susane Barros
itania@ufba.br
SECRETÁRIA EXECUTIVA | Juliana Depiné Secretária-Geral
EDITORAÇÃO ELETRÔNICA | Roka Estúdio Inês Vitorino
Universidade Federal do Ceará, Brasil
TRADUÇÃO | Sabrina Gledhill, Sieni Campos, Robert Finnegan inesvict@gmail.com

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